As violações das leis do Criador (material em pdf)
A verdadeira reflexão sobre a Quaresma
1.
2. É chegado o tempo da Quaresma, período de quarenta dias que antecede a
data mais importante para o catolicismo, “A morte e a ressurreição de
Cristo”. Esta prática data desde o século IV. De início, os cristãos
começaram a preparar a festa da Páscoa com três dias de oração, meditação
e jejum. Por volta do ano 350 d.C., a Igreja aumentou o tempo de
preparação para quarenta dias. Assim surgiu a Quaresma, que é o tempo
litúrgico, ou seja, um conjunto de cerimônias eclesiásticas, de conversão,
que a Igreja Católica, a Igreja Anglicana e algumas Igrejas Protestantes
marcam para que seus seguidores possam se preparar para a Páscoa.
3. Durante este espaço de tempo, os seus fiéis são convidados a um período de
penitência e meditação, por meio da prática do jejum e da oração. Ao longo
desse tempo, sobretudo na liturgia do Domingo de Ramos, é feito um
esforço para recuperar o ritmo e estilo de verdadeiros fiéis que pretendem
viver como “pretensos” filhos de Deus. No período quaresmal é muito
comum nos depararmos com pessoas cumprindo promessas, jejuando e
fazendo penitências. Os fiéis mais tradicionais se abstêm do consumo da
carne vermelha, outros passam os quarenta dias sem cortar o cabelo e a
barba, enfim, não raro são aqueles que realizam algum tipo de sacrifício
nesse período.
4. A duração da Quaresma está baseada no símbolo do número quatro na
Bíblia, que simboliza o universo material. Os zeros que o seguem
significam o tempo de vida na Terra; suas provações e dificuldades. Nesta,
é falado dos quarenta dias do dilúvio, dos quarenta anos de peregrinação do
povo judeu pelo deserto, dos quarenta dias de Moisés e de Elias na
montanha, dos quarenta dias que Jesus passou no deserto, antes de começar
sua vida pública, e dos quatrocentos anos dos judeus no Egito. Esses
períodos vêm sempre antes de fatos importantes e se relacionam com a
necessidade de ir criando um clima adequado e dirigindo o coração para
algo que vai acontecer. Antes de iniciar sua vida pública, logo após ter sido
batizado por João Batista no rio Jordão, Jesus passou quarenta dias no
deserto.
5. Esse retiro de Jesus mostra a necessidade que ele teve em se preparar para a
missão que o esperava. Contam os Evangelhos que no deserto Jesus era
conduzido pelo espírito, o que quer significar que ele vivia em oração e
recolhimento, discernindo a vontade de Deus para sua vida e como atuaria a
partir de então. No tempo em que passou no deserto Jesus teve uma
profunda experiência de encontro com o Pai. Quando começa e quando
termina a Quaresma? De acordo com a Carta Apostólica do Papa Paulo VI
aprovando o Novo Calendário Romano Geral, pág. 28, o tempo da
Quaresma começa na Quarta-feira de Cinzas e termina na Quinta-feira
Santa, até a Missa da Ceia do Senhor, exclusive. A cor litúrgica deste tempo
é o roxo, que significa penitência.
6. O roxo nessa época não significa luto e sim simboliza que a Igreja está se
preparando espiritualmente para a grande festa da Páscoa, a ressurreição de
Jesus Cristo. Por isso, a Quaresma é tempo do perdão e da reconciliação
fraterna. Houve um tempo que, quando se falava em Quaresma,
geralmente, algumas pessoas tinham uma ideia de uma coisa negativa. Era
o tempo do medo, do cachorro louco, da mula sem cabeça e outras coisas
mais. Para outros a quaresma parece superada pelo modernismo e é hoje
apenas uma recordação negativa do passado ou um retrato na parede,
simplesmente. A Quarta-feira de Cinzas, quando começa a Quaresma, é um
dia consagrado para lembrar o fim própria mortalidade.
7. A cinza, por sua leveza, é figura das coisas que se acabam e desaparecem. É
usada como um sinal de penitência. É costume serem realizadas missas
onde os fiéis são marcados na testa com cinzas. Essa marca normalmente
permanece na testa até o pôr do sol. Esse simbolismo faz parte da tradição
demonstrada na Bíblia, onde vários personagens jogavam cinzas nas suas
cabeças como prova de arrependimento. De um modo geral, as penitências
são caracterizadas por privações voluntárias que, segundo a Igreja,
aproximam os homens a Deus, isentando-os de seus pecados.
8. REFLEXÃO:
Pela visão espírita, questionamos:
Quarenta dias seriam suficientes para redimir os homens de seus erros? Até
que ponto as penitências são válidas? Será que necessitamos de um período
específico para refletir nossas atitudes e dar início a uma transformação
moral? Busquemos as respostas em O Livro dos Espíritos, nas Questões
720, 720-a, 722, e 726 no Capítulo V – Da Lei de Conservação.
720. São meritórias aos olhos de Deus as privações voluntárias, com o
objetivo de uma expiação igualmente voluntária?
Responderam os Espíritos: “Fazei o bem aos vossos semelhantes e mais
mérito tereis”.
9. 720-a. Haverá privações voluntárias que sejam meritórias?
Responderam os Espíritos: “Há; a privação dos gozos inúteis, porque
desprende da matéria o homem e lhe eleva a alma. Meritório é resistir à
tentação que arrasta ao excesso ou ao gozo das coisas inúteis; é o homem
tirar do que lhe é necessário para dar aos que carecem do bastante. Se a
privação não passar de simulacro, será uma irrisão”.
722. Será racional a abstenção de certos alimentos, prescrita a diversos
povos?
Responderam os Espíritos: “Permitido é ao homem alimentar-se de tudo o
que lhe não prejudique a saúde. Alguns legisladores, porém, com um fim
útil, entenderam de interdizer o uso de certos alimentos e, ...
10. para maior autoridade imprimirem às suas leis, apresentaram-nas como
emanadas de Deus”.
726. Visto que os sofrimentos deste mundo nos elevam, se os suportarmos
devidamente, dar-se-á que também nos elevam os que nós mesmos nos
criamos?
Responderam os Espíritos: “Os sofrimentos naturais são os únicos que
elevam, porque vêm de Deus. Os sofrimentos voluntários de nada servem,
quando não concorrem para o bem de outrem. Supões que se adiantam no
caminho do progresso os que abreviam a vida, mediante rigores sobre-
humanos, como o fazem os bonzos, os faquires e alguns fanáticos de muitas
seitas? Por que de preferência não trabalham pelo bem de seus
semelhantes?
11. Vistam o indigente; consolem o que chora; trabalhem pelo que está
enfermo; sofram privações para alívio dos infelizes e então suas vidas serão
úteis e, portanto, agradáveis a Deus. Sofrer alguém voluntariamente, apenas
por seu próprio bem, é egoísmo; sofrer pelos outros é caridade; tais os
preceitos do Cristo”.
Analisando as afirmativas contidas em O Livro dos Espíritos, observamos
que a visão do Espiritismo com relação às penitências, difere de outras
religiões. Para a Doutrina dos Espíritos, as privações somente são válidas
quando afastam o homem das futilidades materiais que nada acrescentam
na evolução do espírito, entretanto, deve ser um exercício contínuo na
busca pelo progresso moral, não limitando-se a quarenta dias cada ano.
12. Terá maior mérito perante Deus, aquele que aplica sua penitência em
benefício de outrem, ou seja, pratica a caridade que, aliás, para nós que
ainda somos espíritos imperfeitos, ser caridoso é uma grande penitência.
Com relação a abstinência de certos alimentos, segundo o Espiritismo, nos
é permitido consumir qualquer substância que não nos comprometa a
saúde, em qualquer época do ano, isso se aplica ao consumo de carne.
Devemos considerar que nossa matéria densa carece de proteína para
funcionar adequadamente, cuja principal fonte é a carne.
Nota:
A proibição do consumo de carne vermelha na quaresma surgiu na Idade
Antiga, consolidando-se na Idade Média, época em que os pobres ...
13. não tinham recursos para introduzir a carne em suas refeições. Desta forma
a carne vermelha era consumida apenas pelos ricos nos banquetes, onde se
tornou o símbolo da gula, um dos pecados capitais. Para evitar conflitos
com a nobreza, a Igreja orientava o consumo de carne à livre demanda, por
sete dias, antes do período quaresmal, essa tradição ficou conhecida como
“Carnevale” (o prazer da carne), daí a origem do carnaval. Após o
“Carnevale”, a população deveria abster-se da carne pelos quarenta dias
que antecediam a páscoa. O peixe não entrou nesta lista, por isso tinha o
consumo liberado.
Diante dessas considerações, podemos afirmar que as privações voluntárias
pouco contribuem para o progresso espiritual.
14. Há uma influência católica muito intensa sobre a mente popular, com
hábitos enraizados, a ponto de termos somente feriados católicos no Brasil,
advindos de uma época de dominação da Igreja sobre o país. Os espíritas,
afinados com outra proposta, a do Cristo Vivo, não têm porque apegar-se
ou preocupar-se com tais questões. Respeitemos nossos irmãos católicos,
mas deixemo-los como queiram, sem o stress de esgotar explicações. Nossa
Doutrina é livre e deve ser praticada livremente, sem qualquer tipo de
vinculação com outras práticas. Com isso, ninguém está a desrespeitar o
sacrifício do Mestre em prol da Humanidade. Preferimos sim ficar com
seus exemplos, inclusive o da imortalidade, do que ficar a reviver a tragédia
a que foi levado pela precipitação humana.
15. Inclusive temos o dever de transmitir às novas gerações a violência da
malhação do Judas, prática destoante do perdão recomendado pelo Mestre,
verdadeiro absurdo mantido por mera tradição, também incoerente com a
prática espírita. A mesma situação ocorre quando na chamada quaresma de
nossos irmãos católicos, espíritas ficam preocupados em comer ou não
comer carne, ou preocupados se isto pode ou não. Ora, ou somos espíritas
ou não somos! A Doutrina Espírita nada tem a ver com isso. São práticas de
outras religiões, que repetimos, respeitamos mas não adotamos. A
Quaresma que entendemos é época de mudança íntima e espiritual, que
deveria acontecer por um tempo infinito e não só por quarenta dias.
16. O Espiritismo encara a chamada Sexta-feira Santa como uma Sexta-feira
normal, como todas as outras. Também indica que não há procedimento
algum para os dias desses feriados. E não há porque preocupar-se com o
Senhor Morto, pois que Jesus vive e trabalha em prol da Humanidade.
“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (João, 8:32).
O objetivo da religião é conduzir o homem a Deus; ora, o homem não
chega a Deus senão quando está perfeito. Portanto, toda religião que não
torna o homem melhor, não atinge seu objetivo. O cristão deve buscar
alcançar o Reino de Deus. Porém, não aquele lugar específico.
17. Mas, aquele que está dentro dele. Devemos fazer da Quaresma um tempo
para “Jejuar” alegremente de certas coisas e também para “Fazer festa”
de outras.
Neste tempo devemos:
- Jejuar de julgar os outros e festejar porque também eles são filhos de
Deus;
- Jejuar do fixarmo-nos sempre nas diferenças e fazer festa por aquilo que
nos une na vida
- Jejuar das trevas da tristeza e celebrar a luz;
- Jejuar de pensamentos e palavras doentios e alegrarmo-nos com
palavras carinhosas e edificantes;
18. - Jejuar das desilusões e festejar a gratidão;
- Jejuar do ódio e festejar a paciência santificadora;
- Jejuar de pessimismos e viver a vida com otimismo, como uma festa
contínua;
- Jejuar de preocupações, queixas e egoísmo e festejar a esperança e a
Divina Providência;
- Jejuar de pressa e angústia e fazer festa em oração contínua à Verdade
Eterna.
Portanto, é tempo de encontro com o próximo. É a caridade que se faz em
nome do Criador.
19. São as obras meritórias, os ideais nobres. É tempo da doação de si mesmo;
do compartilhar; do perdão que se exercita; do bem que se faz. É o amor
em ação. Jesus está presente, e a Sua presença se evidencia, especialmente,
através de cada ser humano.
Jesus, vivendo o seu tempo, construiu valores universais únicos, que, pela
profundidade e extensão, modificaram os aspectos culturais, sociais,
políticos e econômicos da Humanidade. Esses valores são conceitos
fundamentais, sendo a moral cristã o eixo de sua visão de mundo e
interpretação da realidade.
20. Muita Paz!
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Espíritos, de O Livro dos Médiuns, e de O Evangelho Segundo o
Espiritismo.