1. Palestra: A identidade de um cristão reformado
Com Fabricio Ferreira
Em Antioquia, os discípulos foram pela primeira vez chamados cristãos. (Atos 11:26)
Conteúdo
1. Definição de identidade
1.1 Conceito de cosmovisão
2. Contexto histórico da reforma protestante
2.1 Pré-reformadores
2.2 Martinho Lutero
2.3 João Calvino
3. Os pilares da reforma e suas aplicações para hoje
3.1 SOLA FIDE – Somente a Fé
3.2 SOLA SCRIPTURA – Somente a Escritura
3.3 SOLUS CHRISTUS – Somente Cristo
3.4 SOLA GRATIA – Somente a Graça
3.5 SOLI DEO GLORIA – Somente a Deus a Glória
4. Uma vida apologética: Para preservar nossa identidade em pleno século XXI
precisamos nos defender de que?
4.1 Marxismo cultural
4.2 Desconstrucionismo/Relativismo
4.3 Extremismos ideológicos
4.4 A cultura do politicamente correto
4.5 Feminismo
2. Introdução:
A identidade é o que define uma pessoa, quando alguém pergunta quem é você?
Geralmente falamos nosso nome, nossa profissão, algum parente, contudo, nossa
identidade vai muito, mais, muito além disso.
Nossa identidade tem a ver com o nosso estilo de vida, tipo de alimentação,
cultura, gostos pessoais, uma pessoa que nasceu no interior de Rondônia vai ter costumes
bem diferentes daquela que nasceu em Porto Alegre, ou na Inglaterra. Se a pessoa é
descendente de portugueses terá muitos costumes diferentes de quem é descende de
italianos.
Não se engane, sempre foi o propósito de Deus ter um povo separado para si, com
uma identidade própria, com costumes, gostos, músicas, alimentação e tantas outras
coisas que o distinguisse de outros povos.
Quando Deus chamou Abraão e o separou da sua parentela Ele estava o chamando
para forma sua identidade, quando Deus tirou Moisés do Egito e o fez esperar 40 anos no
deserto Ele estava formando sua identidade, para que depois ele liderasse o povo, quando
Deus fez o povo de Israel ficar andando em círculos por 40 anos Ele estava formando um
povo com uma identidade.
Contudo, nunca foi fácil construir uma identidade alinhada com os princípios da
palavra de Deus, e mais difícil ainda é preservar essa identidade, pois, para ter uma
identidade formada e sólida alinhada com a vontade de Deus é necessário obediência,
esforça, comprometimento, sacrifício E ACIMA DE TUDO FÉ. Hoje, se o Senhor
permitir vamos começar a entender o caminho para ter a identidade de um cristão
reformado. Para isso gostaria de apresentar um conceito de cosmovisão cristã:
3. Aqui temos uma pergunta que nos torna humildes, pois, só existe
uma forma de enxergar a Deus de forma correta, logo,
todas as outras formas são
erradas, só existe um caminho, Jesus Cristo, é Ele que vem até você,
Ele olha para você e escolhe te amar, e se revelar a você, qualquer
outro meio para enxergar a Deus é apenas mais uma religião.
Por conta do tempo limitado não irei desenvolver as outras três
áreas que formam a cosmovisão de um cristão reformado.
Para entendermos a identidade de um cristão reformado precisamos entender O que foi a
Reforma Protestante?
Foi um movimento religioso
que se voltou contra ações e
regras da Igreja Católica. O
principal agente
da Reforma foi o monge
alemão Martinho Lutero
(1483-1546), que, em 1517,
publicou 95 teses que
fundamentalmente criticavam
a venda de indulgências
(quando a Igreja “concedia” o
perdão divino a qualquer
pessoa que pagasse). O ato deu origem a um processo de ruptura que abalou seriamente
o domínio católico na Europa Ocidental e permitiu o surgimento de ramificações do
cristianismo, como o luteranismo, a primeira religião protestante.
Pré-reformadores:
A Reforma ocorreu no século 16, mas, antes disso, pensadores já condenavam as práticas
da Igreja, como o teólogo inglês John Wycliffe (1320-1384) e o filósofo tcheco Jan Huss
(1369-1415). Wycliffe quis que a Igreja se limitasse às questões espirituais, deixando a
política ao Estado. Já Huss iniciou um movimento baseado nas ideias de Wycliffe e se
opôs à venda de indulgências e à riqueza do clero.
4. Os pilares da fé reformada
Para você ter uma identidade de um cristão reformado você precisa acreditar nesses 05
pontos, que historicamente ficou conhecido com OS CINCO SOLAS DA REFORMA.
As proposições teológicas da Reforma Protestante são os Cinco Solas, que são frases
latinas que surgiram para enfatizar a diferença entre a teologia reformada e a teologia
romana. A palavra latina, sola, significa “somente” ou “apenas”, na língua portuguesa.
Os cinco solas são: Sola Fide, Sola Scriptura, Solus Christus, Sola Gratia e Soli Deo
Gloria. Esses são os pilares da Reforma Protestante. Vejamos em detalhes.
SOLA FIDE – Somente a Fé
Romanos 3.28: “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente
das obras da lei.” (Romanos 3.28)
O princípio “Sola Fide” é a afirmação de que o homem é justificado única e
exclusivamente pela fé, sem o acréscimo das obras do mérito humano. Segundo a tradição
reformada é o artigo pelo qual a igreja é sustentada. A justiça do Evangelho de que não
nos envergonhamos é o poder de Deus para salvação. É do princípio ao fim pela fé pois,
conforme a Carta de Paulo aos Romanos: O justo viverá pela fé.
A fé que justifica o homem é dom de Deus, é o meio pelo qual a justiça de Cristo é
imputada ao pecador. Não há glória humana nisso. Pela fé somente, os pecados do homem
são lançados sobre Cristo, o verdadeiro justo de Deus, que na Cruz cumpriu toda justiça
de Deus. Daí o homem, no tribunal de Deus, ser declarado, de uma vez por todas, justo
diante de Deus. A Igreja que quer se manter de pé tem de viver pela fé somente.
SOLA SCRIPTURA – Somente a Escritura
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a
correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e
perfeitamente habilitado para toda boa obra.” (2 Timóteo3.16-17)
5. A Escritura é a única regra de fé e prática da igreja. Acreditamos em sua Inspiração,
Autoridade, Inerrância, Clareza, e Suficiência. É somente na Escritura que encontramos
a história da salvação. É somente na Escritura que encontramos Jesus representado de
várias formas e prometido de várias maneiras no Antigo Testamento, visto e cumprido no
Novo Testamento.
É somente na Escritura que encontramos o fundamento da nossa Teologia, seja ela
sistemática, bíblica, apologética, hermenêutica, exegética ou pastoral. É somente na
Escritura que encontramos o que precisamos para conhecer o Pai, o Filho e o Espírito
Santo; e o Evangelho, para sustentar a fé e nortear a vida cristã.
SOLUS CHRISTUS – Somente Cristo
“Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai
senão por mim.” (João 14.6)
Somente Cristo foi a reação da Reforma contra a igreja secularizada e contra os sacerdotes
que afirmavam sua posição especial para mediar a graça e o perdão de Deus por meio dos
sacramentos. A reforma defendeu que a mediação entre o homem e Deus é feita somente
por Jesus Cristo.
A salvação do pecador é obra de Cristo. A vida de Jesus sem pecado expiou os homens
de seus pecados. Isto trouxe justificação e colocou o homem em uma nova posição com
o Pai. A posição de filho por meio da reconciliação. Jesus Cristo é o único salvador. Cristo
é central na reforma protestante.
SOLA GRATIA – Somente a Graça
“… sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em
Cristo Jesus.” (Romanos 3.24)
Além de a graça ser um dos atributos de Deus é, também, o próprio Cristo em Sua
encarnação. E é o Espírito Santo quem aplica a graça ao coração do pecador.
A teologia divide a graça em comum e especial. A graça comum é aquela que é
comunicada a todos os homens. É a que dá aos homens bênçãos sem medida. A chuva de
6. Deus cai sobre justos e injustos. A graça especial é soteriológica, pois é por meio dela
que o homem é salvo. É a comunicação da salvação de Deus ao pecador.
O termo “sola gratia”, refere-se a tudo que o homem possui, e, em especial, à salvação,
que é pela graça somente. É pela graça somente que o homem é eleito, regenerado,
justificado, santificado e glorificado. É pela graça somente que o homem recebe os dons
espirituais e talentos que são usados em favor do Reino. É pela graça somente que o
homem recebe as bênçãos de Deus.
SOLI DEO GLORIA – Somente a Deus a Glória
Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória
de Deus. (1 Coríntios 10:31)
Soli Deo Gloria é o pilar da Reforma Protestante que afirma que o homem foi criado para
a glória de Deus. Como o homem foi criado para dar glória a Deus tudo que ele faz deve
ser destinado à glória de Deus. Soli Deo Gloria é o princípio pelo qual toda glória é dada
a Deus no processo de salvação. A vida do cristão é vivida diante de Deus e sob sua
autoridade. Isso é para a glória de Deus. A ele seja a glória eternamente! O grito dos
reformadores foi para que a Igreja voltasse aos moldes do Cristianismo simples. Que a
Igreja retornasse à simplicidade do Evangelho. Que a Igreja vivesse apenas pela fé. Que
a igreja vivesse apenas na Escritura. Que a Igreja vivesse apenas em Cristo. Que a Igreja
vivesse apenas a Graça. Que a Igreja vivesse apenas para a glória de Deus.
Uma vida apologética: Para preservar nossa identidade em pleno século XXI precisamos
nos defender de que?
Marxismo cultural: O marxismo cultural é uma vertente da teoria marxista que
entende que a transformação da sociedade e da política é feita com base em
esforços académicos e intelectuais contínuos para subverter a cultura ocidental.
A revolução tomará o poder não pelas armas, mas pela destruição de valores
e crenças tradicionais que serão substituídos pelos valores revolucionários.
As modalidades de guerra
7. São três as modalidades de guerra que são desdobramentos da teoria revolucionária
marxista:
1. Guerra Cultural;
2. Guerra de Informação;
3. Guerra de Narrativas e da Desinformação.
Guerra Cultural: A revolução lenta e pacífica é feita por meio da guerra cultural. Sem
que seja derramado sangue ou sem que as pessoas sequer percebam, a revolução vai
tomando as instituições, símbolos da cultura e modificando ambos para consolidar seu
projeto de poder. A estratégia foi desenhada por Antônio Gramsci.
Guerra de Informação: A guerra de informação é uma estratégia adotada por vários
países no século XX, especialmente no contexto da Segunda Guerra Mundial e da Guerra
Fria. Ocupar espaço, controlar informações cruciais, são formas de deter vantagens
objetivas contra adversários.
Guerra de narrativas e desinformação : Da Guerra Cultural para a Guerra de
Informação houve um ponto de inflexão que é a Hegemonia. O ponto de inflexão da
Guerra de Informação para a Guerra de Narrativa se chama Indústria da Desinformação.
Saul Alinsky é quem percebeu que melhor do que tomar a informação do adversário para
ter uma vantagem competitiva, é lançar uma informação falsa sobre o adversário que o
coloca em xeque perante todos os demais. Plantar uma mentira proposital para
comprometer os planos de ação do adversário — para isso é usado a tática da
desinformação.
A estratégia das modalidades de guerra foi usada para propagar a teoria do Marxismo
Cultural. Este movimento começa com um pensador italiano.
Desconstrucionismo/ Relativismo
(ou às vezes apenas Desconstrução ) é uma teoria em Epistemologia e Filosofia
da Linguagem iniciada por Jacques Derrida na década de 1960. É uma teoria
da crítica literária que questiona as suposições tradicionais sobre certeza,
8. identidade e verdade. O desconstrucionismo é basicamente uma teoria ou
interpretação de crítica textual que nega a existência de um único significado ou
interpretação correta de uma passagem ou texto. No cerne da teoria
desconstrucionista de interpretação encontram-se duas ideias principais. A
primeira é a ideia de que nenhuma passagem ou texto pode transmitir uma única
mensagem confiável, consistente e coerente para todo mundo que a lê ou ouve. A
segunda é que o autor que escreveu o texto é menos responsável pelo conteúdo do
que as forças impessoais da cultura, como a linguagem e a sua ideologia
inconsciente.
Extremismo ideológico político:
Extrema esquerda: É destinado a derrubar o sistema capitalista e substituí-lo por
sociedade marxista-leninista ou socialista.
Extrema direita: A melhor definição funcional da extrema-direita contemporânea
pode ser a combinação de quatro elementos de nacionalismo, xenofobia, lei e
ordem, e chauvinismo do bem-estar social proposto para o ambiente da Europa
Ocidental.
A cultura do politicamente correto
O que é o politicamente correto, afinal? Especialistas afirmam que ele surgiu
como um movimento de esquerda em defesa da substituição de expressões,
atitudes e percepções socialmente aceitas, mas ofensivas ou ameaçadoras para
alguns grupos da sociedade, como mulheres, negros, indígenas, homossexuais e
pessoas com deficiência.
Só que pouco tempo depois do surgimento do "politicamente correto", nos anos
1970, a direita americana conseguiu associar um significado negativo à expressão:
ela passou a significar uma forma de censura, de ataque à liberdade de expressão
e de um suposto vitimismo.
Segundo ele, os defensores do politicamente correto são "especialistas em se
ofender, mesmo que não tenha havido ofensa" e atuam como juízes, promotores e
jurados do que chamam de crime. "Eles são a voz de uma justiça inquestionável.
Seu objetivo é intimidar seus oponentes, expondo-os à humilhação pública." O
filósofo inglês argumenta que o politicamente correto aproxima "acusação" e
"culpa" de um "crime de pensamento" e acaba com a presunção de inocência.
Crime de pensamento é uma expressão do livro 1984, no qual o Estado totalitário
que controla a linguagem também polícia e pune o pensamento das pessoas.
9. Em entrevista à BBC, Scruton afirmou que, à primeira vista, o politicamente
correto parecer ser uma maneira de ser levantar a favor das vítimas, sejam elas
mulheres, homossexuais, transgênero e outras minorias. "Mas na realidade se trata
de criar vítimas."
Scruton diz que a culpa da perseguição ao livre pensamento nos dias de hoje não
é apenas do politicamente correto, mas também de uma "característica da
condição humana mais profunda e duradoura que vem à tona em caças às bruxas:
a busca por bodes expiatórios".
Feminismo