Esta palestra tem como principal objetivo apresentar o que e como fazer para promover uma revolução no sistema de educação do Brasil que se tornou necessária porque a educação brasileira apresenta grandes fragilidades nos ensinos fundamental, médio e superior. Este livro é o resultado de mais de 10 anos de pesquisas que realizamos sobre os problemas que afetam a educação brasileira, sobre a prática da educação pelos melhores sistemas de educação do mundo (Finlândia, França, China, Estados Unidos, Cuba, Coreia do Sul e Japão e, também, sobre o projeto Bolonha de ensino superior da União Europeia), sobre a obra de Anísio Teixeira e Paulo Freire a respeito da educação no Brasil e a de Edgar Morin sobre a educação mundial, bem como é resultado de minha experiência docente de mais de 50 anos no ensino superior (graduação e pós-graduação) nas áreas de Engenharia, Administração e Economia em várias instituições de ensino do Brasil.
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PALESTRA SOBRE A REVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO NECESSÁRIA AO BRASIL NA ERA CONTEMPORÂNEA.pdf
1. 1
A REVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO NECESSÁRIA AO BRASIL NA
ERA CONTEMPORÂNEA
Palestra proferida pelo engenheiro, escritor e professor Fernando
Alcoforado para o Grupo Lives Maçônicas no dia 18/02/2024
Fernando Alcoforado*
Nosso propósito é apresentar as principais conclusões extraídas do livro de nossa autoria
A revolução da educação necessária ao Brasil na era contemporânea que tem como
subtítulo Como revolucionar o sistema de educação do Brasil e da Bahia e o ensino da
Engenharia no Brasil, publicado pela Editora CRV de Curitiba, Paraná. Este livro é o
resultado de mais de 10 anos de pesquisas que realizamos sobre os problemas que afetam
a educação brasileira, sobre a prática da educação pelos melhores sistemas de educação
do mundo (Finlândia, França, China, Estados Unidos, Cuba, Coreia do Sul e Japão e,
também, sobre o projeto Bolonha de ensino superior da União Europeia), sobre a obra de
Anísio Teixeira e Paulo Freire a respeito da educação no Brasil e a de Edgar Morin sobre
a educação mundial, bem como é resultado de minha experiência docente de mais de 50
anos no ensino superior (graduação e pós-graduação) nas áreas de Engenharia,
Administração e Economia em várias instituições de ensino do Brasil. Este livro é
destinado aos gestores da área de educação, aos órgãos governamentais dedicados à
educação, aos professores e para todos que desejarem adquirir amplos conhecimentos
sobre a prática da educação no Brasil e no mundo.
O livro A revolução da educação necessária ao Brasil na era contemporânea apresenta
os capítulos seguintes:
Capítulo 1- Apresentação
Capítulo 2- O desempenho do sistema de educação do Brasil
Capítulo 3- Os principais sistemas de educação do mundo
Capítulo 4- Os requisitos para a educação do futuro no Brasil
Capítulo 5- Como promover a revolução da educação no Brasil
Anexos
1- Discurso de posse do Professor Fernando Alcoforado como acadêmico da Academia
Baiana de Educação em 16/04/2014
2- Como revolucionar o sistema de educação da Bahia
3- Como revolucionar o ensino da Engenharia no Brasil
Este livro tem como principal objetivo apresentar o que e como fazer para promover uma
revolução no sistema de educação do Brasil que se tornou necessária porque a educação
brasileira apresenta grandes fragilidades nos ensinos fundamental, médio e superior, o
Plano de Educação do governo Dilma Rousseff se transformou em mera carta de intenção
com 90% das metas não cumpridas e a reforma do ensino médio do governo Michel
Temer apresenta inúmeros retrocessos.
As fragilidades no ensino fundamental e médio do Brasil estão descritas a seguir:
Brasil tem 10 milhões de analfabetos.
A Avaliação de Alunos do PISA de 2022, que busca medir o conhecimento e a
habilidade em leitura, matemática e ciências de estudantes com 15 anos de idade dos
2. 2
países da OCDE, mostra que o Brasil continua abaixo da média dos países
pesquisados nas três disciplinas avaliadas: matemática, leitura e ciências.
O Brasil ocupa uma das piores posições dentre os 81 países avaliados pelo PISA.
10,1 milhões de jovens, dentre os quais, 58,3% de homens e 41,7% de mulheres
abandonaram a escola antes do término da educação básica. Considerando-se cor ou
raça, 27,3% eram brancos e 71,7% pretos ou pardos.
PNAD Educação 2019 informa que mais da metade das pessoas de 25 anos ou mais não
completaramoensinomédio.
No Brasil, 38% da população concluem o ensino fundamental, contra 45% do México
e 56% da Argentina. Na Coréia do Sul, 83% da população concluem a educação
básica.
Levantamento do INEP mostra que 2 milhões de crianças e adolescentes estão fora da
escola.
48% dos que não frequentavam a escola, justificaram o abandono porque precisavam
trabalhar fora. Já 30% afirmaram não conseguir acompanhar as explicações ou
atividades da sala de aula e, por isso, deixaram os estudos.
83,5% das escolas na educação básica do Brasil são públicas (Figura 1).
Figura 1- Participação das matriculas nos setores público e privado na educação
básica do Brasil
Fonte: SlidePlayer
Na distribuição dos alunos por etapa de ensino na educação básica, a grande maioria
dos alunos estão na etapa fundamental, seguido dos alunos de educação infantil e do
ensino médio (Figura 2).
3. 3
Figura 2 – Distribuição dos alunos do Brasil por etapa de ensino
Fonte: https://mercadoeeducacao.com.br/mercado-educacao-e-o-ecossistema-educacional-basico-no-
brasil/
As fragilidades no ensino superior do Brasil estão descritas a seguir:
80% da oferta do Ensino Superior é realizado pela iniciativa privada (Figura 3) com
a oferta de ensino de baixa qualidade inferior ao das universidades públicas.
Figura 3- Evolução das matrículas do setor público e privado do Brasil desde 1999
Fonte: http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2447-41932020000100241
O percentual de participação de alunos do ensino superior privado é majoritário no
Brasil. Entretanto, isso não ocorre na maioria dos países do mundo, conforme ilustra
4. 4
a Figura 4, com os percentuais do ensino privado em países com mais de 200 mil
alunos no ensino superior em 2010.
Figura 4- Percentual de alunos no ensino privado para os 63 países com mais de
200 mil alunos em 2010
Fonte: http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2447-41932020000100241
No ranking das universidades em todo o mundo realizado pelo THE (Times Higher
Education) que avalia o desempenho dos estudantes universitários e a produção
acadêmica nas áreas de engenharia e tecnologia, artes e humanidades, ciências da vida,
saúde, física e ciências sociais e considera ainda pesquisa, transferência de conhecimento
e perspectiva internacional, além do ambiente de ensino, as universidades brasileiras têm
se classificado bem distante das melhores universidades do mundo.
No Brasil, sua melhor universidade, a USP, ocupou o 85º lugar e a Unicamp está entre
as 351-400 melhores universidades do mundo de acordo com o ranking 2024 da
Times Higher Education (THE) World University Rankings.
55,5% dos alunos desistem antes de completar ensino superior, aponta relatório do
Instituto Semesp.
5. 5
Como 80% da oferta do Ensino Superior é realizado pela iniciativa privada, os
alunos precisam pagar mensalidade. Como 90% dos jovens que ingressam nas
faculdades têm renda de até 3 salários-mínimos e 45%, entre eles, de até 1,5 salário-
mínimo, têm dificuldade de pagar mensalidades e se manter no ensino superior
contribuindo para a evasão.
Muitos alunos chegam no ensino superior com deficiência na educação básica
pública, principalmente nas áreas de exatas, razão pela qual não conseguem
acompanhar o curso e o abandonam.
A situação precária dos professores no Brasil está descrita a seguir:
O Brasil tem 2.212.018 professores dos quais 23,3% são professores de escolas
privadas e 76,7% são professores em escolas públicas.
Mais de 85% dos professores cursaram o ensino superior, entretanto, nos anos
finais do fundamental e médio apenas 56,8% e 63,3% respectivamente lecionam
em sua área de formação.
Os professores, de maneira geral, sofrem com baixos salários e dupla – quando
não tripla – jornada de trabalho com a intenção de somar remuneração. Isso
influencia na baixa qualidade do ensino, uma vez que não disponibilizam de
tempo para preparo da aula.
A queda de matrículas em licenciatura no país gera temor de apagão na formação
de professores. O Brasil tem formado cada vez mais menos docentes.
Isto explica o fato de, hoje em dia, haver muitas escolas sem docentes com
formação adequada. De acordo com dados do Censo Escolar de 2013, chega a
67,2% o percentual de professores dos anos finais do ensino fundamental no Brasil
que não têm licenciatura na disciplina que ensinam. No ensino médio, a parcela
de docentes sem a formação adequada é de 51,7%.
O Plano Nacional de Educação do governo Dilma Rousseff se transformou em mera carta
de intenção porque 90% das metas não foram cumpridas e 13 das 20 metas estabelecidas
estão em retrocesso. Entre elas, a Meta 6, que acompanha a oferta de tempo integral nas
escolas públicas. Só agora no final da vigência do Plano em 2024, o governo federal
pretende investir na oferta de tempo integral nas escolas públicas.
A Reforma do Ensino Médio do governo Michel Temer apresenta as características e
fragilidades descritas a seguir:
A Reforma do Ensino Médio foi proposta para entrar em funcionamento no País a
partir de 2018. As principais medidas propostas pelo Ministério da Educação de
mudança no ensino médio do Brasil são as seguintes: 1) flexibilização do currículo
escolar; 2) ampliação da carga horária dos alunos de 800 para até 1.400 horas anuais;
3) inserção do ensino técnico no ensino médio; 4) o aluno de escola pública deixaria
de ter a obrigação de fazer cursos de Artes e Educação Física; 5) cai a obrigatoriedade
do ensino de Espanhol no currículo; 6) deixa de ser obrigatório o ensino de Sociologia
e Filosofia.
Foi estabelecido que a obrigação atual de estudar 13 disciplinas durante 3 anos cairia
para 1 ano e meio.
6. 6
Um dos pontos mais polêmicos é tirar a obrigatoriedade sobre certas matérias, como,
por exemplo, tirar Educação Física, Artes, Filosofia e Sociologia do currículo
obrigatório fazendo com que o ensino médio seja mais técnico.
A mudança proposta pelo governo de excluir Filosofia e Sociologia é lamentável
porque todos nós sabemos que um dos problemas cruciais da juventude brasileira é a
deficiência na sua formação de cidadão. Filosofia deve ser utilizada na discussão
sobre a ética na política. Sociologia é fundamental para os jovens adquirirem o
conhecimento de como se produzem pobreza e riqueza numa sociedade capitalista.
Junto com Artes e Educação Física, Filosofia e Sociologia são disciplinas que
importam para a vida das pessoas.
É questionável o fato de as mudanças propostas no ensino médio não considerarem a
valorização de professores ou emprego de tecnologia (computadores) em salas de aula
a exemplo das nações mais desenvolvidas.
O aumento da carga horária, entretanto, pode ser visto como uma proposta
merecedora de aplausos, mas o governo não deixa claro de onde tiraria recursos para
completar essa grade curricular.
É questionável pretender solucionar os problemas do ensino médio sem promover
mudanças, também, na educação básica como um todo (educação infantil, ensino
fundamental e ensino médio). A reforma deveria ser feita, também, nas etapas
anteriores do ensino médio que apresentam imensas fragilidades.
O Ensino Médio não é o gargalo da educação. O gargalo se situa em toda a estrutura
de ensino do Brasil do ensino infantil ao ensino superior.
A principal conclusão que obtivemos ao elaborar nosso livro A revolução da educação
necessária ao Brasil na era contemporânea é a de que o péssimo desempenho do sistema
de educação do Brasil resulta, entre outros fatores, sobretudo da insuficiência de
investimentos na educação brasileira quando comparado com os investimentos em
educação dos melhores sistemas de educação do mundo. A Figura 5 apresenta os gastos
em educação por aluno em vários países, inclusive no Brasil.
Figura 5- Gastos em educação por aluno
7. 7
Fonte: https://achadoseconomicos.blogosfera.uol.com.br/2013/06/28/brasil-deveria-gastar-22-do-pib-em-
educacao-para-alcancar-paises-ricos/
O gasto em educação por aluno no Brasil (US$ 3.000/aluno) tem um valor ridiculamente
baixo comparado com o de países como Estados Unidos, Suíça, Dinamarca, Suécia, entre
outros, que investem maciçamente em educação até cerca de US$ 15.000/aluno. Se o
Brasil quisesse se igualar aos países desenvolvidos em termos de gastos por aluno, deveria
mais do que quintuplicar seus gastos por aluno com o setor educacional. O Brasil investe
0,76% do PIB em educação enquanto a Finlândia, que tem o seu sistema de educação
reconhecido mundialmente por ser o mais eficiente e qualificado desde a pré-escola até o
ensino superior, investe cerca de 7,1% do seu PIB em um sistema de ensino de altíssima
qualidade. O Brasil teria que, praticamente, aumentar de 9 vezes seus gastos em educação
para se igualar à Finlândia.
Além de os gastos com educação serem insuficientes no Brasil quando comparados com
os países mais desenvolvidos, os gastos com educação no Brasil têm sido declinantes
desde 2014 conforme comprovam as Figuras 6 e 8.
O orçamento do Ministério da Educação tem sido declinante de 2015 até 2020 conforme
demonstra a Figura 6.
Figura 6- Orçamento do Ministério da Educação (MEC) de 2011 a 2020
Fonte: https://g1.globo.com/educacao/noticia/2021/02/21/ministerio-da-educacao-nao-gasta-o-dinheiro-
que-tem-disponivel-e-sofre-reducao-de-recursos-em-2020-aponta-relatorio.ghtml
O orçamento do Ministério da Educação para a educação básica tem sido declinante de
2012 até 2020 conforme demonstra a Figura 7.
8. 8
Figura 7- Orçamento da Educação Básica do MEC de 2011 a 2020
Fonte: https://g1.globo.com/educacao/noticia/2021/02/21/ministerio-da-educacao-nao-gasta-o-dinheiro-
que-tem-disponivel-e-sofre-reducao-de-recursos-em-2020-aponta-relatorio.ghtml
A Figura 8 demonstra que os gastos do governo em educação em relação ao PIB está
apresentando declínio desde 2014 até 2019.
Figura 8- Gastos do governo com educação em relação ao PIB
Fonte: https://www.ocafezinho.com/2020/01/29/gastos-do-governo-com-educacao-sao-os-menores-desde-
2010/#google_vignette
9. 9
Cabe observar que o Governo Federal é um ente federado que participa pouco do
investimento na educação no Brasil. Segundo o INEP, em 2012, a cada R$ 1 investido
em educação, os municípios colocaram R$ 0,42, os Estados despenderam R$ 0,40 e a
União investiu apenas R$ 0,18. É preciso aumentar a participação do governo federal nos
investimentos em educação em todos os níveis. O ensino superior brasileiro recebe 3,4
vezes mais recursos do que os anos iniciais do ensino fundamental no Brasil. Na média
da OCDE, esse investimento é 1,8 vezes maior. As Figuras 6, 7 e 8 demonstram o descaso
dos diversos governos do Brasil com a educação e sua ênfase no ensino superior em
detrimento da educação básica (ensino fundamental + ensino médio) que representa um
grande erro porque o maior gasto deveria ser com a educação básica. Para promover a
revolução da educação no Brasil, é preciso que haja aumento dos investimentos com seu
sistema de educação em todos os níveis (fundamental, ensino médio e ensino superior).
Isto não está acontecendo porque, ao contrário, o gasto com educação no Brasil foi
declinante de 2014 até 2020 e o orçamento da educação básica tem sido declinante desde
2012 até 2020.
A queda do investimento na educação brasileira resulta do fato de ter ocorrido queda na
taxa de investimento na economia brasileira a partir de 1990 conforme demonstra a Figura
9 a seguir:
Figura 9- Taxa de investimento em porcentagem do PIB do Brasil
Fonte: https://blogdoibre.fgv.br/posts/taxa-de-investimentos-no-brasil-menor-nivel-dos-ultimos-50-anos
A queda nas taxas de investimento no Brasil resulta do fato de o Brasil estar
economicamente em acentuado declínio desde 1990, quando foi introduzido o modelo
neoliberal de abertura da economia brasileira, conforme mostra a Figura 10 e a Figura 11.
10. 10
Figura 10- Participação do PIB do Brasil no PIB mundial (1822-2022)
Fonte: https://www.ecodebate.com.br/2018/04/20/brasil-submergente-vive-o-pior-docenio-2011-2022-
dos-200-anos-da-independencia-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
Figura 11- Taxa de crescimento decenal do PIB do Brasil de 1901 a 2020
Fonte: https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/03/05/para-evitar-decada-perdida-pib-tem-de-crescer-
10percent-neste-ano-mostra-estudo.ghtml
Para o governo do Brasil realizar investimentos em educação, precisa reduzir seus
encargos com o pagamento de juros e amortização da dívida pública que comprometeu
11. 11
50,8% do orçamento da União 2021, enquanto destinou apenas 2,49% para a educação
(Figura 12).
Figura 12- Orçamento federal em 2021
Fonte: https://auditoriacidada.org.br/conteudo/gasto-com-divida-publica-sem-contrapartida-quase-dobrou-
de-2019-a-2021/
Para reduzir os encargos do governo federal com o pagamento de juros e amortização da
dívida pública, é preciso que ocorra a redução da dívida pública que alcançou 79,8% do
PIB em 2019 (Figura 13).
Figura 13- Evolução da Dívida Pública do Brasil
12. 12
Para reduzir a dívida pública, é preciso que o governo federal reduza o déficit público
promovendo a redução dos gastos e órgãos públicos desnecessários e aumentando a
arrecadação de impostos com a taxação dos super-ricos, com a promoção do crescimento
do PIB com o governo federal exercendo um papel proativo na realização de
investimentos, sobretudo em infraestrutura, entre as quais a educação, e o incentivo às
exportações, bem como renegocie com seus credores da dívida pública o alongamento do
pagamento dos juros para o Estado brasileiro dispor de recursos para investimento em
vários setores, inclusive em educação.
Resolvido o problema da insuficiência de recursos pelo governo federal com o
equacionamento e solução do problema da dívida pública, a revolução da educação no
Brasil poderá ser desencadeada com o planejamento de um sistema de educação voltado
para superar os problemas atuais e atender as necessidades do futuro tendo como objetivo
aumentar o número de unidades educacionais de qualidade e dispor de bons gestores,
docentes e infraestrutura. Para que isto aconteça, é preciso aumentar a participação do
setor público no ensino superior do País e restringir a participação do setor privado porque
apresenta baixa qualidade de ensino, altas taxas de evasão e alta relação aluno/professor,
entre outros problemas. Para superar as fragilidades existentes no ensino fundamental, no
ensino médio e no ensino superior do Brasil, é preciso elevar os investimentos públicos
em educação para fazer uma revolução na educação brasileira que contemple a adoção de
políticas similares às adotadas pelos países que possuem os melhores sistemas de
educação do mundo como os da Finlândia, da França, da China, dos Estados Unidos, de
Cuba, da Coreia do Sul e do Japão. O Brasil deveria adotar a prática dos melhores
sistemas de educação do mundo descritas a seguir:
1- O elevado patamar de qualidade em educação é atingido com a realização de maciço
investimento público principalmente na formação dos professores, em material de apoio
e na melhoria da estrutura e funcionamento das instituições de ensino.
2- O modelo de educação implantado combina os mais elevados investimentos
governamentais destinados à educação contando com o apoio dos pais dos alunos para
garantir um aprendizado de alto nível para suas crianças e adolescentes.
3- Os gestores responsáveis pela educação são educadores.
4- Os professores são vistos como fundamentais para o projeto nacional de
desenvolvimento.
5- O governo promove a seleção e formação de professores de ponta, com
reconhecimento profissional e boas condições de trabalho.
5- Os conhecimentos, aptidões e competências dos professores são frequentemente
atualizados.
6- O currículo ditado pelo Ministério da Educação é o mesmo em todo o país respeitadas
as diversidades regionais.
7- O governo prioriza primeiramente a educação básica e, só quando esta se torna
universal, destina recursos para o ensino superior.
13. 13
8- Os alunos têm horas de estudo em sala de aula e fora dela em nível adequado a seu
aprendizado.
A revolução da educação que precisa ser realizada no Brasil deveria preparar e atualizar
continuamente os brasileiros para o mercado de trabalho atual e futuro e para lidarem com
a complexidade do mundo em que vivemos e viveremos no futuro com os avanços
tecnológicos em curso relacionados com a inteligência artificial, a 4ª Revolução Industrial
e a Internet 5G no campo das comunicações, entre outras tecnologias, que revolucionam
a sociedade. O novo sistema de educação do Brasil deve preparar e atualizar os brasileiros
para o mercado de trabalho que está mudando em consequência das revoluções
tecnológicas em que todos terão que lidar em uma ambiente altamente complexo com
máquinas superinteligentes.
O sistema de educação do Brasil deve ser reestruturado desde o ensino infantil ao ensino
superior se inspirando nas políticas educacionais mais bem sucedidas praticadas pelos
melhores sistemas de educação do mundo, como os da Finlândia, da Coreia do Sul, do
Japão, entre outros. A revolução no ensino do Brasil deveria garantir a existência de plano
de carreira, formação e valorização de gestores educacionais e professores. O governo
federal deveria adotar políticas consistentes de formação de educadores, para atrair os
melhores professores, remunerá-los bem e qualificá-los melhor, com políticas inovadoras
de gestão que contribuam para o sucesso dos modelos de gestão a serem adotados na
educação básica e superior.
Para construir um sistema de educação no Brasil voltado para o futuro, é preciso preparar
o professor para cumprir um novo papel. O papel do professor é decisivo para que, através
da educação, seja criado um novo tipo de homem qualificado para o mundo do trabalho
e consciente e bem preparado para transformar o Brasil e o mundo em que vivemos para
melhor. Para ser revolucionário o sistema de educação do Brasil deveria planejar a
preparação e a reciclagem das pessoas para o mercado de trabalho, mas também,
disseminar entre os estudantes a cultura da não violência contra seus semelhantes e contra
a natureza e, também, a cultura da paz mundial que, juntamente com a superação da
alienação social atual deve adotar uma política de educação voltada para a construção da
cidadania entre os estudantes.
O grande desafio da educação no Brasil não é representado apenas pelas rápidas
mudanças que estão ocorrendo no mundo do trabalho graças ao avanço tecnológico, que
pode gerar o fim de algumas profissões com o consequente aumento do desemprego, e a
criação de novas profissões para lidar com os novos sistemas produtivos. É, também,
desafio do sistema de educação promover a formação do indivíduo crítico, reflexivo,
pensada como cultivo do espírito, como condição para o avanço da humanidade, sob os
ângulos ético e político, com o objetivo de integração social e de construção da cidadania.
A finalidade do sistema de Educação do Brasil deveria ser a de fazer com que o indivíduo
adquira competências, desenvolva senso crítico, se aposse do patrimônio científico e
cultural historicamente construído pela humanidade, mas, acima de tudo, deve ser
instrumento para promover a felicidade do indivíduo e a felicidade coletiva da sociedade
onde ele vive.
A finalidade mais nobre da Educação, talvez a mais importante, é a de oferecer às pessoas
oportunidades e meios para serem felizes. O Brasil está à espera de uma revolução na
Educação que tenha como principal objetivo proporcionar, não apenas a capacitação dos
indivíduos para o mercado de trabalho, mas sobretudo criar as condições para a conquista
da felicidade dos seres humanos, individual e coletivamente. Os desafios de mudanças
14. 14
na educação brasileira são de enfoque e, também, estruturais. É preciso aumentar o
número de escolas de qualidade, de escolas com bons gestores, docentes e infraestrutura,
que consigam motivar os alunos e que realmente promovam uma aprendizagem
significativa, complexa e abrangente.
Os principais aspectos a serem considerados na aprendizagem significativa, complexa e
abrangente a serem considerados na educação do futuro no Brasil são os seguintes:
1. Não deve ser adotado um único modelo, proposta, caminho para a educação haja vista
a diversidade econômica, social e cultural do Brasil. Deve-se ensinar por problemas e
projetos num modelo por disciplina e em modelos interdisciplinares.
2. Alguns componentes são fundamentais para o sucesso da aprendizagem: a criação de
desafios, atividades, projetos que realmente trazem as competências necessárias para cada
etapa, que solicitam informações pertinentes, que oferecem recompensas estimulantes,
que combinam percursos pessoais com participação significativa em grupos, que se
inserem em plataformas adaptativas, que reconhecem cada aluno e ao mesmo tempo
aprendem com a interação, tudo isso utilizando as tecnologias adequadas. O articulador
das etapas individuais e grupais é o docente, com sua capacidade de acompanhar, mediar,
de analisar os processos, resultados, lacunas e necessidades, a partir dos percursos
realizados pelos alunos individual e grupalmente. Esse novo papel do professor é mais
complexo do que o anterior de transmitir informações.
3. Ensinar e aprender podem ser feitos de forma muito mais flexível, ativa e focada no
ritmo de cada aluno. O modelo mais interessante e promissor de utilização de
tecnologias é o de concentrar no ambiente virtual o que é informação básica, isto é, a
teoria e na sala de aula a teoria conectada com as atividades práticas mais criativas e
supervisionadas. A combinação de aprendizagem por desafios, problemas reais é muito
importante para que os alunos aprendam fazendo, aprendam juntos e aprendam também
no seu próprio ritmo.
4. Os desafios de mudanças na educação são, também, estruturais. É preciso aumentar o
número de escolas de qualidade, de escolas com bons gestores, docentes e infraestrutura,
que consigam motivar os alunos e que realmente promovam uma aprendizagem
significativa, complexa e abrangente. Precisa haver plano de carreira, formação e
valorização de gestores educacionais e professores. É preciso políticas consistentes de
formação, para atrair os melhores professores, remunerá-los bem e qualificá-los melhor,
de políticas inovadoras de gestão que levem os modelos de sucesso de gestão para a
educação básica e superior.
5. Os educadores precisam aprender a realizar-se como pessoas e como profissionais, em
contextos precários e difíceis, aprender a evoluir sempre em todos os campos, a ser mais
afetivos e ao mesmo tempo saber gerenciar grupos. Devem se transformar em educadores
inspiradores e motivadores.
As 4 tendências do sistema de educação do futuro são as seguintes:
1. Salas de aula- Ao invés de serem destinadas à teoria, as salas terão como objetivo a
prática. O aluno aprende a teoria em casa e pratica nas salas de aula com auxílio de um
professor/mentor.
2. Aprendizado personalizado- Estudantes irão aprender com ferramentas que se
adaptam a suas próprias capacidades, podendo aprender em tempo e locais diferentes.
15. 15
Isso significa que alunos acima da média serão desafiados com exercícios mais difíceis e
os com mais dificuldade terão a oportunidade de praticar mais até que atinjam o nível
desejado. Esse processo fará com que os professores sejam mais capazes de ver
claramente qual tipo de ajuda cada estudante precisa.
3. Aplicabilidade prática- O conhecimento não ficará apenas na teoria, ele será posto
em prática através de projetos para que os alunos adquiram o domínio da técnica e
também pratiquem organização, trabalho em equipe e liderança.
4. O sistema de avaliações irá mudar- Muitos argumentam que a forma como o sistema
de perguntas e respostas das provas não é eficaz, pois muitos alunos apenas decoram os
conteúdos e os esquecem no dia seguinte após a avaliação. Ainda, esse sistema não avalia
adequadamente o que realmente o aluno é capaz de fazer com aquele conteúdo na prática.
Por isso, a tendência é que as avaliações passem a ocorrer na realização de projetos reais,
com os alunos colocando a mão na massa.
Ficha técnica do livro:
A REVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO NECESSÁRIA AO BRASIL NA ERA
CONTEMPORÂNEA
(Como revolucionar o sistema de educação do Brasil e da Bahia e o ensino da
Engenharia no Brasil)
Autor: Engenheiro e Professor Fernando Alcoforado
Editora: CRV de Curitiba/Paraná
Para adquirir este livro junto à Editora CRV acessar o website:
https://www.editoracrv.com.br/produtos/detalhes/37972-a-revolucao-da-educacao-
necessaria-ao-brasil-na-era-contemporanea
* Fernando Alcoforado, 84, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema
CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, da SBPC- Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência e do IPB- Instituto Politécnico da Bahia, engenheiro pela Escola Politécnica da UFBA
e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona,
professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento
estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi
Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution
company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e
Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de
Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e
a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel,
São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado.
Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e
Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX
e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of
the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller
Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária
(Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o
progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo,
São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV,
Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI
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