Este artigo tem por objetivo apresentar os impactos da superinteligência artificial sobre a sociedade apontando seus benefícios e seus malefícios e o que fazer para que eliminar ou neutralizar suas consequências maléficas. A Superinteligência Artificial será a primeira tecnologia a superar potencialmente os humanos em todas as dimensões em meados do século XXI. Uma ampla gama de consequências poderá ocorrer, incluindo consequências extremamente boas ou benéficas e consequências tão ruins ou maléficas quanto a ameaça de extinção da espécie humana. São inúmeros os benefícios que são e serão proporcionados pela superinteligência artificial em gestão empresarial, em Engenharia, em Medicina e, também, na indústria espacial, entre outras. Na indústria espacial, missões robóticas da NASA e de outras agências espaciais já usam a Inteligência Artificial para tornar possível a vida humana em outros planetas. A Superinteligência Artificial poderá dotar a humanidade dos recursos necessários para enfrentar as ameaças à sua sobrevivência internas e as vindas do espaço sideral. Uma ampla gama de más consequências poderá ocorrer, entretanto, como o avanço do desemprego em massa com a automação em larga escala dos sistemas produtivos, com sua aplicação para fins militares, isto é, para a guerra cibernética na corrida armamentista no mundo, incluindo a extinção da espécie humana. Os riscos da Superinteligência Artificial impõe a necessidade de sua regulação para evitar sua maléficas consequências. Recentemente, a União Europeia deu um grande passo ao estabelecer regras – as primeiras do mundo – sobre como as empresas podem usar a Inteligência Artificial. É um movimento que abre caminho para padrões globais de uma tecnologia usada em tudo. Que regulamentação similar seja adotada em todo o mundo.
POUR LA DÉFENSE DE L’UTILISATION RATIONNELLE DE L’EAU, SOURCE DE VIE, À L’OCC...
SUPERINTELIGÊNCIA ARTIFICIAL, SEUS BENEFÍCIOS E MALES E O QUE FAZER PARA EVITAR SEUS MALÉFICOS IMPACTOS SOBRE A SOCIEDADE.pdf
1. 1
SUPERINTELIGÊNCIA ARTIFICIAL, SEUS BENEFÍCIOS E MALES E O QUE
FAZER PARA EVITAR SEUS MALÉFICOS IMPACTOS SOBRE A
SOCIEDADE
Fernando Alcoforado*
Este artigo tem por objetivo apresentar os impactos da superinteligência artificial sobre a
sociedade apontando seus benefícios e seus malefícios e o que fazer para que eliminar ou
neutralizar suas consequências maléficas. Este artigo complementa nosso artigo
publicado sob o título Como funcionam a inteligência artificial e seus softwares e
algoritmos inteligentes. O crescimento tecnológico desenfreado da super inteligência
artificial representa uma singularidade tecnológica. A singularidade tecnológica é
alcançada quando uma máquina ultra-inteligente pode superar todas as atividades
intelectuais de todo homem mais inteligente. Desde que uma máquina ultra-inteligente
possa projetar até mesmo máquinas melhores haveria, sem dúvida, uma "explosão de
inteligência", e a inteligência do homem seria deixada para trás. Assim, a primeira
máquina ultra-inteligente seria a última invenção que o homem precisaria fazer.
Especialistas acreditam que a inteligência das máquinas se equiparará à de humanos até
2050, graças a uma nova era na sua capacidade de aprendizado. Computadores já estão
começando a assimilar informações a partir de dados coletados. Isso significa que estamos
criando máquinas que podem ensinar a si mesmas e também a se comunicar simulando a
fala humana [1]. A Superinteligência Artificial será a primeira tecnologia a superar
potencialmente os humanos em todas as dimensões. Até agora, os seres humanos tiveram
o monopólio da tomada de decisões e, portanto, tinham controle sobre tudo. Com a
Superinteligência Artificial, isso pode acabar. Uma ampla gama de consequências poderá
ocorrer, incluindo consequências extremamente boas ou benéficas e consequências tão
ruins ou maléficas quanto a ameaça de extinção da espécie humana [1].
Os benefícios proporcionados pela inteligência artificial
São inúmeros os benefícios que são e serão proporcionados pela superinteligência
artificial. Uma rede neural de um sistema de Inteligência Artificial é capaz de analisar
mais de um bilhão de dados em poucos segundos, sendo uma ferramenta incrível para
apoiar um tomador de decisões dentro de uma organização, garantindo, assim, a melhor
opção dentre as possíveis. Como os dados coletados são constantemente atualizados, os
sistemas de Inteligência Artificial sempre atualizam, também, seus resultados,
viabilizando que os gestores tenham acesso a informações recentes de variações ocorridas
no ambiente de uma organização. O aprendizado de máquina (machine learning) é um
campo de ciência da computação que dá aos computadores a capacidade de aprender sem
serem explicitamente programados. Na análise de dados, o aprendizado de máquina é um
método usado para conceber modelos e algoritmos complexos que se prestam à predição.
Em uso comercial, isso é conhecido como análise preditiva. Esses modelos analíticos
permitem que pesquisadores, cientistas de dados, engenheiros e analistas "produzam
decisões e resultados confiáveis e repetitíveis" e descobrem "insights ocultos" através da
aprendizagem de relacionamentos históricos e tendências nos dados [1].
Os computadores agora podem fazer cálculos complexos de engenharia, negociar ações
nas bolsas de valores na ordem de milissegundos, carros automatizados estão aparecendo
cada vez mais em nossas ruas e assistentes artificialmente inteligentes invadiram nossas
2. 2
casas. Os próximos anos vão nos apresentar ainda mais avanços, com a Superinteligência
Artificial através de máquinas que podem aprender com suas próprias experiências,
adaptar-se a situações novas e compreender abstrações e analogias. A inteligência de
máquina de nível humano tem boas chances de ser desenvolvida até a metade do século
XXI da qual pode resultar a Superinteligência Artificial [1]. Ainteligênciaartificial(IA)jáestá
sendo bastante utilizada em sistemas produtivos. A Inteligência Artificial pode substituir o ser
humano nas atividades de produção e, também, pode aumentar ao máximo a sua
produtividade. Os novos sistemas produtivos possibilitam fazer com que o processo de
trabalho seja auto adaptável que criam as condições para que se realize o trabalho
conjunto, trabalho em equpe, homem-máquina. Modernamente, para atender pedidos
personalizados e lidar com flutuações na demanda de um sistema produtivo, os
trabalhadores podem compartilhar com robôs a execução de novas tarefas sem ter que
manualmente fiscalizar qualquer processo de produção. As mudanças são processadas
automaticamente. Os avanços não estão ocorrendo apenas na produção industrial.
Sistemas de inteligência artificial estão presentes em inúmeros setores de atividades. O
potencial da inteligência artificial para transformar amplos setores econômicos é sem
precedentes na história da humanidade [5].
Segundo dados apresentados pela Accenture em uma de suas pesquisas, até 2035, a IA
contribuirá para um aumento de até 40% da produtividade do setor industrial, diminuindo
custos e aumentando a produção de manufaturas ao redor do globo. O panorama atual dos
sistemas de IA permite que eles entendam todo o processo produtivo e de negócios e
identifiquem, de forma automática, quais são os principais problemas que devem ser
resolvidos [5]. Os sistemas produtivos modernos exigem que os trabalhadores trabalhem
com máquinas inteligentes para explorar o que os dois fazem melhor. Os trabalhadores
são necessários para desenvolver, treinar e gerir várias aplicações de inteligência
artificial. Ao atuar desta forma, os trabalhadores estariam habilitando os sistemas
produtivos a operar como verdadeiros parceiros. Por sua vez, as máquinas inteligentes
ajudariam os trabalhadores a elevar sua capacidade produtiva, tais como a habilidade para
processar e analisar grande quantidade de dados de uma miriade de fontes em tempo real.
Máquinas inteligentes aumentam a capacidade humana. Máquinas inteligentes e
trabalhadores podem se constituir em parceiros que colaboram um com o outro para
elevar seus níveis de desempenho [5].
As principais aplicações da inteligência artificial em gestão, no momento atual, são as
seguintes: 1) Chatbots que utilizam a linguagem para conversar com as pessoas de
maneira natural e pré-programada, reconhecem nomes e números de telefones e
reproduzem o comportamento humano; 2) Aplicações de gestão que são úteis para
identificar quais colaboradores estão desempenhando as tarefas com mais eficiência e,
com esse tipo de ferramenta, auxiliar a tomada de decisão de gestores; 3) Assistente
pessoal que é utilizada para marcar reuniões, horários na agenda e atividades do cotidiano
sendo uma das mais conhecidas a Siri presente nos produtos da Apple; 4) Mecanismos
de segurança tanto em ataques digitais quanto em situações do cotidiano, como eventos.
Na parte digital, o exemplo mais comum é o internet banking; 5) Predições com máquinas
equipadas com inteligência artificial que pode ser utilizada em campanhas de marketing,
por exemplo, para prever diferentes cenários e possíveis resultados. A partir dos dados
captados, o gestor terá mais informação à sua disposição para determinar os caminhos
que a empresa deve seguir de acordo com o resultado esperado da estratégia; 6) Vendas
e marketing para proporcionar um atendimento de melhor qualidade ao cliente. A
personalização do atendimento ao consumidor disponibiliza praticidade e conforto. O
3. 3
machine learning é uma aplicação em que o sistema aprende a agir por sua conta sem ter
que ser programado para a nova função; 7) Ensino em que é utilizada a tecnologia de
computação como “professor” que fica disponível para os alunos 24 horas por dia [6].
Em Engenharia, as principais aplicações são as seguintes: 1) Tarefas rotineiras com o
uso de robô capaz de reproduzir diversas tarefas humanas em um canteiro de obras como
na manipulação de materiais de construção e montagem das estruturas sistematicamente
com uma precisão milimétrica com uma taxa de erro próxima de zero; 2) Big Data que é
uma tecnologia que pode ser aplicada para analisar a situação da obra nos mais diversos
canteiros de obras; 3) Impressão 3D para montar estruturas pré-moldadas e pré-
fabricadas; 4) Prédios inteligentes com Inteligência Artificial que, além do projeto de
estrutura física faz o planejamento de uma infraestrutura inteligente, capaz de facilitar a
vida dos usuários.; 5) Gestão mais eficiente com o uso do Robot Process
Automation (RPA), que é um robô criado para manipular sistemas digitais, realizar o
cruzamento de dados e eliminar os erros que aconteceriam caso uma pessoa assumisse
essa tarefa; e, 6) Atendimento ao cliente para programar robôs de atendimento de
clientes [6].
Em Medicina, as principais aplicações da inteligência artificial no momento são as
seguintes: 1) Cirurgia Robótica Assistida por IA através da qual robôs podem analisar
dados de prontuários pré-operatórios para guiar o instrumento de um cirurgião durante a
cirurgia que é considerada “minimamente invasiva” para os pacientes; 2) Auxiliares
Virtuais de Enfermagem em que enfermeiros virtuais estarão disponíveis podendo
responder perguntas, monitorar pacientes e fornecer respostas rápidas; 3) Auxílio ao
Julgamento ou Diagnóstico Clínico em que algoritmos examinam registros médicos,
hábitos e informações genéticas de pacientes; 4) Fluxo de Trabalho e Tarefas
Administrativas com o uso de tecnologias que podem ajudar a solicitar exames,
prescrever medicamentos e escrever anotações em gráficos; e, 5) Análise de Imagens
Médicas com o uso de um algoritmo que pode analisar digitalizações em 3D até 1.000
vezes mais rápido do que é possível hoje [6].
A Inteligência Artificial (IA) está sendo amplamente utilizada pela indústria espacial
cujas aplicações estão descritas a seguir [4]:
1) Operações de satélite: IA é utilizada em particular para auxiliar a operação de grandes
constelações de satélites e minimizar o erro humano e custos de operação com pessoal.
Agências espaciais como a norte-americana NASA e a europeia ESA têm desenvolvido
novos procedimentos de automatização baseados em IA para reduzir a carga de trabalho
dos operadores. A automação dos segmentos terrestre e espacial reduzirá a necessidade
de intervenção humana, especialmente para grandes constelações e viagens
interplanetárias como, por exemplo, os sistemas de manobras automatizadas para prevenir
colisões.
2) Processamento de dados de Observação da Terra: os satélites de observação da
Terra, hoje em dia, têm a capacidade de capturar um volume alto de dados. No entanto,
este fator aumenta a demanda nos sistemas de gestão, armazenamento e processamento
de dados. O processo de downlinking (sinal de telecomunicações ou a informação que ele
transmite) de dados de satélite para as estações terrestres até certo ponto ainda enfrenta
limitações, que variam desde os limites fundamentais do número de vezes que um satélite
pode sobrevoar um local específico, a cobertura de estações terrestres e até limitações de
4. 4
interoperabilidade entre sistemas de segmentos terrestres e aplicativos de utilizador final.
O que tem sido muito comum hoje em dia, é o treinamento de modelos de IA para detectar
nuvens e corrigir imagens por elas cobertas. Além disso, esses modelos também são
treinados para facilmente analisar um número alto de dados e identificar objetos.
3) Viagens interplanetárias: Os rovers lançados mais recentemente para explorar Marte
têm os computadores de bordo equipados com IA que os possibilita serem autônomos
para navegar e conseguirem tomar decisões caso não tenham comunicação ou comandos
de humanos por algum tempo.
Missões robóticas da NASA e de outras agências espaciais já usam a Inteligência
Artificial para obter maior eficiência e resultados de melhor qualidade em suas pesquisas.
Como exemplo, podem ser citados os rovers (com capacidade de locomoção, para analisar
uma área maior de um planeta ou lua) e landers (que pousam sobre um planeta ou lua
para analisá-lo in loco) que examinam as crateras marcianas e as sondas e telescópios
espaciais que se dedicam à descoberta e análise de exoplanetas (mundos existentes em
outros sistemas estelares). As tecnologias empregadas no Programa Artemis também são
dotadas de algoritmos específicos de aprendizado de máquinas, desde os instrumentos
mais básicos até os trajes que serão usados pelos astronautas nas missões tripuladas à Lua,
especialmente no que diz respeito aos recursos de suporte à vida. O Programa Artemis
desenvolvido pela NASA visa levar o ser humano mais uma vez para a superfície da Lua.
O programa visa a aprofundar as pesquisas a respeito do nosso satélite natural e do
Sistema Solar, além de aumentar o tempo de permanência dos astronautas no espaço
como parte importante da preparação para uma próxima missão de grande porte que tem
como destino o planeta Marte.
Já presente em diversas missões de exploração espacial, a Inteligência Artificial poderá
tornar possível a vida humana em outros planetas. Para que os seres humanos consigam
viver e, principalmente, sobreviver em qualquer lugar fora da Terra, é preciso que o
mundo escolhido proporcione condições iguais ou, pelo menos, semelhantes às do nosso
planeta (como atmosfera, temperatura, topografia etc.). Marte nem nenhum outro planeta
do Sistema Solar é parecido com a Terra, motivo pelo qual, para tornar possível sua
colonização, é necessário “terraformá-lo”, ou seja, reproduzir naquele lugar um ambiente
que ofereça as premissas mínimas de sobrevivência da espécie humana. A terraformação
será um dos avanços da nova era da exploração espacial, com participação fundamental
da Inteligência Artificial. A terraformação (adaptação da atmosfera, da temperatura, da
topografia e da ecologia de um planeta ou um satélite natural para deixá-lo em condições
de sustentar um ecossistema com seres da Terra) é apenas um dos avanços esperados para
a nova era da exploração espacial, além do incremento de novos materiais e da produção
de complexos foguetes de propulsão de ponta. A Inteligência Artificial está presente em
todas as cadeias da indústria espacial. Sem ela é impossível avançar [4].
É preciso observar que a Inteligência Artificial na exploração espacial impulsiona a
evolução e o aproveitamento de diferentes tecnologias na Terra. A exploração espacial
está promovendo um acentuado avanço na ciência, particularmente na pesquisa de novos
materiais e processos. A Inteligência Artificial é utilizada em todas as cadeias da indústria
espacial. Sem ela é impossível seguir adiante. Por exemplo, a aplicação de um modelo
bioquímico no espaço é totalmente diferente de ser feito na Terra. Isso abre caminho para
a elaboração de novos medicamentos e tratamentos. Os desafios humanos de conquista
do espaço levam à resolução de problemas complexos, beneficiando a toda a humanidade.
5. 5
Com o avanço da computação quântica (que utiliza a mecânica quântica para resolver
problemas complexos mais rapidamente do que em computadores tradicionais)
indispensável para viagens espaciais mais complexas, a humanidade vivenciará muito
provavelmente o advento da 5ª revolução industrial que ocorrerá no espaço [4].
A Inteligência artificial poderá contribuir decisivamente para o avanço científico e
tecnológico visando dotar a humanidade dos recursos necessários para enfrentar seus
problemas de sobrevivência [2]. A Superinteligência Artificial poderá contribuir
decisivamente para o avanço científico e tecnológico visando dotar a humanidade dos
recursos necessários para enfrentar as ameaças internas à sua sobrevivência provocadas
pelas forças da natureza oriundas do planeta Terra (esfriamento do núcleo do planeta que
pode levar à perda do campo magnético terrestre, erupção de super-vulcões, reversão dos
polos magnéticos da Terra durante a qual haverá a perda do campo magnético terrestre,
mudanças climáticas e pandemias), as ameaças à sobrevivência da humanidade vindas
do espaço sideral (impacto de asteroides e cometas sobre o planeta Terra, emissão sobre
a Terra de raios cósmicos especialmente os raios gamas oriundos da explosão de estrelas
supernovas, colisão sobre o planeta Terra de planetas órfãos, afastamento da Lua em
relação à Terra, colisão entre as galáxias Andrômeda e Via Láctea, morte do Sol e fim do
Universo em que vivemos), bem como possibilitar a colonização humana de novos
habitats no sistema solar e fora dele em busca de sua sobrevivência. Com máquinas mais
inteligentes do que os humanos, com a Superinteligência Artificial, a humanidade poderá
se utilizar delas para solucionar problemas científicos e tecnológicos que assegurem a
sobrevivência da espécie humana até mesmo com o fim do Universo em que vivemos ao
abrir caminho para universos paralelos.
A evolução humana tem que contar com a ciência e a tecnologia. À medida que as
tecnologias da computação avançam ao lado da biotecnologia, há uma crescente
convergência entre as duas na forma de interfaces neurais que no futuro podem abrir a
porta para conectar a mente humana diretamente a uma Inteligência Artificial, a fim de
facilitar maior aprendizado, transferência mental e superar condições neurológicas. Isso
significa dizer que a ciência e a tecnologia contribuiriam para a própria evolução humana
e tornar uma evolução dirigida e planejada. Esta evolução seria não somente biológica,
mas também tecnológica. A ciência e a tecnologia possibilitariam, também, a
manipulação genética da espécie humana com a possível criação em laboratório de novos
genes que modificariam o código genético para serem capazes de bloquear a replicação
de vírus, tornando nossas células imunes a ataques. Esta seria uma das formas de proteger
os seres humanos de futuras pandemias. A modificação do genoma humano aumentaria
gradualmente até finalmente transformar o ser humano em uma nova espécie biológica.
A superinteligência artificial teria um grande papel nisso [2]. A Superinteligência
Artificial poderá contribuir, portanto, para realizar avanços científicos e tecnológicos
(biotecnologia, nanotecnologia e neurotecnologia) para aumentar a capacidade cognitiva
e superar limitações físicas e psicológicas dos seres humanos.
Os malefícios gerados pela inteligência artificial
A Superinteligência Artificial será a primeira tecnologia a superar potencialmente os
humanos em todas as dimensões. Até agora, os seres humanos tiveram o monopólio da
tomada de decisões e, portanto, tinham controle sobre tudo. Com a Superinteligência
Artificial, isso pode acabar. Uma ampla gama de consequências poderá ocorrer, incluindo
consequências extremamente boas como as descritas nos parágrafos anteriores e
consequências tão ruins quanto a extinção da espécie humana [1]. Mesmo que a
6. 6
Superinteligência Artificial produza benefícios para a humanidade, há o risco de que ela
seja utilizada para o mal e não apenas para o bem da humanidade. A imediata
consequência do progresso da inteligência artificial é o avanço do desemprego. Este efeito
social negativo já está acontecendo e é inevitável porque resulta de forças econômicas
que estão fora de controle. A inteligência artificial é positiva para o capitalista que fará
uso dela para enfrentar seus concorrentes de forma mais competitiva haja vista que
proporcionaria, entre outras vantagens, o aumento de sua produtividade e a redução de
seus custos. No entanto, seria, também, extremamente negativa para o sistema capitalista
porque tende a reduzir a renda à disposição da massa dos trabalhadores excluídos da
produção contribuindo, desta forma, para a queda na demanda de produtos e serviços e,
consequentemente, dos lucros auferidos [3]. O impacto da inteligência artificial sobre a
sociedade seria devastador com o desemprego em massa resultante de sua utilização em
larga escala [1]. Não será certamente no capitalismo que o mundo poderá conciliar as
maravilhas da ciência e da tecnologia com o fim do emprego. Outro sistema econômico
terá que ser inventado para substituir o capitalismo no qual a ciência e a tecnologia atuarão
como libertadoras da humanidade dos fardos do trabalho e de fomento ao progresso
econômico e social [2].
Existem cenários extremamente negativos com o uso da inteligência artificial. A
Superinteligência Artificial pode representar a extinção da raça humana, segundo o
cientista Stephen Hawking que publicou artigo abordando esta questão em 1º de maio de
2014 no jornal The Independent. Hawking afirmou que as tecnologias se desenvolvem
em um ritmo tão vertiginoso que elas se tornarão incontroláveis ao ponto de colocar a
humanidade em perigo. Hawking conclui: hoje, haveria tempo de parar; amanhã seria
tarde demais. O desenvolvimento indiscriminado de uma inteligência artificial poderia
indicar o fim da humanidade [1]. Durante muito tempo relegado aos registros da ficção
científica, o medo da inteligência artificial está enraizado há alguns anos no debate
público, associado tanto à automatização maciça das ocupações e ao desemprego em
massa quanto à perspectiva não menos aterrorizante dos robôs assassinos [1]. Além do
filósofo e pesquisador Nick Bostrom e Elon Musk, fundador das empresas Tesla e
SpaceX, diversas personalidades multiplicam os alertas sobre o risco existencial que
as máquinas “superinteligentes” e potencialmente incontroláveis fariam recair na
humanidade. Para o dono da Tesla, seu perigo seria até maior que o da bomba atômica
[1]. Nick Bostrom afirma em seu livro Superintelligence que a Superinteligência
Artificial representa um risco que ameaça a extinção prematura de vida inteligente na
Terra, ou a destruição permanente e drástica de seu potencial para um desenvolvimento
futuro desejável [1].
O avanço tecnológico em curso baseado na inteligência artificial impactará
negativamente sobre o mundo do trabalho porque poderá levar ao fim do emprego e a
consequente queda na demanda de bens e serviços colocando, também, em xeque o
capitalismo como sistema mundial. Isto significa dizer que o avanço científico e
tecnológico poderá levar o sistema capitalista mundial ao colapso apontando a
necessidade da invenção de um novo sistema econômico. Além do malefício do
desemprego proporcionado pelo avanço da inteligência artificial, existem cenários
extremamente negativos como o das próprias máquinas superinteligentes decidirem
destruir os seres humanos, por exemplo, acabando com nossa civilização e infraestrutura
[2].
7. 7
É provável que os cérebros artificiais superarão a inteligência dos cérebros humanos em
2050 com o advento da Superinteligência Artificial. Esta nova superinteligência pode se
tornar muito poderosa. O destino da humanidade se tornaria, portanto, dependente das
ações destas máquinas superinteligentes. Mesmo que a Superinteligência Artificial
produza benefícios para a humanidade, há o risco de que ela seja mais utilizada para o
mal e não para o bem da humanidade com a tendência de sua maior aplicação para fins
militares, isto é, para a guerra cibernética na corrida armamentista no mundo. Com a
Superinteligência Artificial, uma ampla gama de consequências poderá ocorrer, incluindo
consequências extremamente boas e consequências tão ruins quanto a extinção da espécie
humana se ela se voltar contra os seres humanos [4].
O que fazer para evitar os maléficos impactos da inteligência artificial sobre a
sociedade
Graças aos avanços na inteligência artificial, o mundo se encontra diante de gigantescas
transformações. É uma nova era na qual as regras fundamentais que regulavam as
atividades das organizações estão sendo reescritas. Sistemas de inteligência artificial não
significam apenas a automação de muitos processos para fazê-los mais eficientes. Estes
sistemas de Inteligência Artificial estão fazendo o mundo passar por uma transição
fundamental com as máquinas se desenvolvendo além do seu histórico papel como
ferramenta ao se transformarem em “trabalhadores autônomos”. Em consequência, os
sistemas de Inteligência Artificial estão mudando, portanto, a verdadeira natureza do
trabalho que está a exigir que a gestão das operações com máquinas e trabalhadores seja
processada de forma bastante diferente em relação ao passado [1].
À medida que os sistemas produtivos utilizam máquinas inteligentes necessitam
trabalhadores com capacitação em softwares inteligentes para poderem treinar e utilizar
robôs colaboradores, bem como, engenharia de software (programas) e ciência da
computação. Isto significa dizer que a educação em todos os níveis deve ser estruturada
para preparar os estudantes para o mundo do trabalho que demanda trabalhadores com a
capacitação necessária para lidar com máquinas inteligentes. Tudo isto sugere que
vivenciamos uma transição que coloca enorme tensão sobre a economia e a sociedade. A
educação oferecida nos moldes atuais aos trabalhadores e estudantes que se preparam
para entrar no mercado de trabalho provavelmente será ineficaz. Em outras palavras os
sistemas de educação estão preparando trabalhadores para um mundo do trabalho que está
deixando de existir [5].
O futuro do trabalho em um mundo com Inteligência Artificial requer a adoção de novas
medidas voltadas para a qualificação da mão-de-obra que deverá saber utilizar esta
tecnologia como ferramenta, como complemento de suas habilidades. Algumas funções
são atribuídas a máquinas e sistemas inteligentes. Novas funções para os seres humanos
surgem diante desse novo cenário. Compete aos planejadores dos sistemas de educação
identificar o papel dos seres humanos no mundo do trabalho no futuro para realizar uma
ampla revolução no ensino em todos os níveis contemplando a qualificação dos
professores e a estruturação das unidades de ensino para prepararem seus alunos para um
mundo do trabalho em que as pessoas terão que lidar com máquinas inteligentes. Para
implantar uma nova educação, é imprescindível que se comece a identificar as
competências necessárias para o trabalho do século XXI e adequar o sistema educacional
que está obsoleto para formar cidadãos mais capacitados para a era da inteligência
artificial [5].
8. 8
Os riscos da Superinteligência Artificial impõe a necessidade de sua regulação para evitar
sua maléficas consequências [4]. A Superinteligência Artificial requer que sejam
desenvolvidos melhores mecanismos de controle. É preciso ter esses mecanismos de
controle antes de criar os sistemas inteligentes atraindo os maiores especialistas em
matemática e ciência da computação para esse campo. É preciso que haja uma forte
colaboração de pesquisa entre a comunidade de segurança e a de desenvolvimento da
Superinteligência Artificial, e para que todas as partes envolvidas incorporem o Princípio
do Bem Comum em todos os projetos de Inteligência Artificial de longo prazo. Esta é
uma tecnologia única que deve ser desenvolvida para o bem comum da humanidade [1].
Centenas dos principais cientistas e pesquisadores de inteligência artificial alertaram
que a tecnologia representa um risco de extinção para a humanidade, e várias figuras
proeminentes, incluindo o presidente da Microsoft, Brad Smith, e o CEO da OpenAI,
Sam Altman, pediram maior regulamentação [4].
Durante muito tempo relegado aos registros da ficção científica, o medo da inteligência
artificial está enraizado há alguns anos no debate público, associado tanto à
automatização maciça do setor produtivo e ao desemprego em massa quanto à
perspectiva de contribuir para a produção de armas cada vez mais mortíferas e a não
menos aterrorizante produção de robôs assassinos. Esta situação impõe a necessidade
de que sejam desenvolvidos mecanismos de controle da Superinteligência Artificial e dos
sistemas inteligentes em geral. Recentemente, a União Europeia deu um grande passo
ao estabelecer regras – as primeiras do mundo – sobre como as empresas podem usar
a Inteligência Artificial. É um movimento que abre caminho para padrões globais de
uma tecnologia usada em tudo. Que regulamentação similar seja adotada em todo o
mundo [4].
Poder-se-ia adotar os dez passos de contenção dos riscos da superinteligência artificial
descritos a seguir [7]:
1. Segurança técnica- Adoção de medidas técnicas concretas para aliviar possíveis danos
e manter o controle.
2. Auditorias- Trata-se de uma maneira de assegurar a transparência e a
responsabilização da tecnologia.
3. Gargalos- Criação de alavancas para retardar o desenvolvimento e ganhar tempo para
a ação dos reguladores (governos) e o desenvolvimento de tecnologias defensivas.
4. Criadores- Obtenção de garantia de que os desenvolvedores de tecnologias inserem
controles apropriados desde o início.
5. Empresas- Alinhamento dos incentivos das organizações por trás da tecnologia com
sua contenção.
6. Governo- Ação efetiva na regulamentação da tecnologia e implementação de medidas
de mitigação.
7. Alianças- Criação de um sistema de cooperação internacional para harmonizar leis e
programas.
8. Cultura- Compartilhamento de aprendizados e falhas a fim de disseminar rapidamente
os meios de lidar com eles.
9. Movimentos- Exigência pública para que cada componente seja obrigado a prestar
contas.
10. Coerência- Ação harmônica de todos os envolvidos para que a contenção dos riscos
da superinteligência artificial seja um círculo virtuoso de medidas mutuamente
reforçadoras.
REFERÊNCIAS
9. 9
1. ALCOFORADO, Fernando. Mundo rumo à singularidade tecnológica. Disponível
no website <https://www.linkedin.com/pulse/mundo-rumo-%C3%A0-singularidade-
tecnol%C3%B3gica-fernando-alcoforado/?originalSubdomain=pt>,2020.
2. ALCOFORADO, Fernando. Os benefícios e os riscos da singularidade tecnológica
baseada na superinteligência artificial. Disponível no website
<https://pt.slideshare.net/slideshow/os-benefcios-e-os-riscos-da-singularidade-
tecnolgica-baseada-na-superinteligncia-artificial/239842651?from_search=0>, 2020.
3. ALCOFORADO, Fernando. O progresso da inteligência artificial e suas
consequências. Disponível no website <https://www.linkedin.com/pulse/o-
progresso-da-intelig%C3%AAncia-artificial-e-suas-fernando-
alcoforado/?originalSubdomain=pt>, 2018.
4. ALCOFORADO, Fernando. A inteligência artificial na conquista humana do
espaço, suas outras aplicações e seus riscos. Disponível no website
<https://www.linkedin.com/pulse/intelig%C3%AAncia-artificial-na-conquista-
humana-do-espa%C3%A7o-alcoforado/?originalSubdomain=pt>, 2023.
5. ALCOFORADO, Fernando. O trabalho na era da inteligência artificial. Disponível
no website <https://wordpress.com/post/blogdefalcoforado.com/1072>, 2019.
6. ALCOFORADO, Fernando. O advento da superinteligência artificial e seus
impactos. Disponível no website
<https://wordpress.com/post/blogdefalcoforado.com/1339>, 2020.
7. SULEYMAN, Mustafa e BHASKAR, Michael. A próxima onda. Rio de Janeiro/São
Paulo: Editora Record, 2023.
* Fernando Alcoforado, 84, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema
CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, da SBPC- Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência e do IPB- Instituto Politécnico da Bahia, engenheiro pela Escola Politécnica da UFBA
e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona,
professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento
estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi
Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution
company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e
Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de
Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e
a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel,
São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado.
Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e
Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX
e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of
the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller
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