GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO E DA CULTURA
3ª DIRED – NOVA CRUZ/RN
ESCOLA ESTADUAL DOUTOR PEDRO VELHO
TEATRO NA ESCOLA
O PROBLEMA DOS OITO PÃES
(adaptação do conto A divisão simples,a divisão correta e a divisão justa de Malba Tahan)
ELENCO: Alunos da 3ª série do Ensino Médio do turno vespertino.
Jaciara – Empresária
Rita Almeida – Secretária
Yasmin – Advogada
Jeane – Esposa
Rafael – Esposo
Escrito por: Professor Jonas
Pedro Velho/RN/BR
Novembro de 2015
APRESENTAÇÃO:
Esta comédia é uma adaptação do conto “A divisão simples, a divisão correta e a divisão justa”
de Júlio César de Mello e Souza, que faz parte do famoso livro "O Homem Que Calculava",
traduzido em doze idiomas e com quase quatro dezenas de edições em português. Com o
pseudônimo de Malba Tahan escreveu esta e outras catorze obras. Nasceu em Queluz, interior
de São Paulo, mas viveu no Rio de Janeiro onde morreu em 1974. Entre as obras que assinou
como Mello e Souza e as que atribuiu ao escritor árabe Malba Tahan, contam-se cerca de 120
títulos.
Esta peça foi escrita pelo professor Jonas e apresentada pelos alunos do 3º ano vespertino
Rafael e Jeane – interpretando o casal Paulo e Vânia; Jaciara – como Dra Ana (a empresária),
Rita Almeida como Cláudia (a secretária) e Yasmim como a Dra Sônia (a advogada).
Com vocês ...
O PROBLEMA DOS OITO PÃES
ATO 1:
Cena: Escritório com dois birôs, cadeiras, telefone, 2 notebooks. Empresária e sua secretária.
Dra Ana:
- Há muito tempo Cláudia, quando me retirava do interior em busca de melhores condições e
estudo, sofri um assalto e por pouco não fui violentada. A estrada era deserta e o local muito
distante de alguma localidade. Fui salva por um casal que dividiu o pouco que tinham comigo,
apenas alguns pães duros igual a pau, e ainda cuidaram de mim até chegarmos à próxima
cidade. Hoje, após muito estudo e trabalho, posso dizer que estou muito bem
financeiramente, mas a consciência me pesa por não poder retribuir ao casal minha
sobrevivência. Talvez eles estejam passando necessidades e gostaria muito de poder ajudá-los,
mas como?
Cláudia:
- Dra Ana por que não solicita os serviços da Dra Sônia? Além de excelente advogada, como já
mostrou aqui na sua empresa resolvendo problemas, ela também é uma investigadora de
primeira.
Dra Ana:
- É uma boa sugestão Cláudia, fez por merecer um aumento no salário, mas só depois de
resolver o meu problema e deixar de usar a internet da empresa e horário de trabalho para
comprar coisas sem ter dinheiro né? Já tive que solicitar a Dra Sônia para tirar você de várias
enrascadas devido a essas compras malucas feitas pela internet. Diacho de mulher que não
pode ver um produto piscando na tela que corre para comprar? Vai terminar endoidando!
Cláudia:
- Por falar nisso, acabou de piscar aqui na tela aquele brinco que tinha te falado. Aquele que a
mulher do governador usa!
Dra Ana:
- Deixa eu ver! Deixa eu ver!
FIM DO ATO 1.
Fecha a cortina.
ATO 2:
Cena: Mesmo escritório agora com a advogada.
Dra Ana:
- E então Doutora Sônia descobriu?
Dra Sônia:
- O que você pede é uma ordem, principalmente quando vem acompanhado de uns
trocadinhos né? Por falar nisso vamos ter que conversar sobre um aumento nos honorários
heim?!
Dra Ana:
- Não senhora! Se eu der esse aumento você vai poder viajar mais para a Europa e aí corro o
risco de perder minha amiga para algum francês. (risos)
Dra Sônia:
- Isso pode ser tratado como trabalho escravo e preconceito com os franceses, logo passível de
indenização milionária, mas vou relevar pela amizade antiga e porque a empresa paga bem.
(risos)
- Bem, o casal foi encontrado e já deve ter chegado por aqui. O rapaz é agricultor e tem um
pequeno sítio em um município próximo do local do assalto, já a mulher é professora de
matemática na escola municipal. A situação deles não é excelente, mas sobrevivem na medida
do possível.
Dra Ana:
- Eu imaginei isso e me preparei para a situação.
Cláudia:
- Dra Ana o casal Paulo e Vânia estão na sala ao lado.
Dra Ana:
- Peça para eles entrarem Cláudia.
O casal entra em cena:
Dra Ana:
Cumprimenta o casal com um aperto de mão.
- Paulo, Vânia sejam bem-vindos. Espero que a Dra Sônia tenha explicado o motivo deste
encontro.
Vânia:
- Sim, claro!, e estamos muito felizes de que você tenha conseguido dar a volta por cima.
Dra Ana:
- Mas se vocês não tivessem me salvado daqueles bandidos, cuidado dos meus ferimentos e
dividido o pouco da comida que tinham comigo, hoje eu não estaria aqui.
(abraça-os calorosamente)
- Obrigado, muito obrigado a vocês dois, mas hoje quero poder pagar com juros e correção
monetária por terem salvo a minha vida.
- Durante aqueles dias naquela estrada deserta e longe de tudo, vocês além de me salvar, me
alimentaram com o pouco que tinham. Lembro bem que você Vânia tirou seus cinco pães e ele
três, e os dividiram em três pedaços para que todos nós tivéssemos a mesma quantidade de
comida. Assim, hoje vou devolver seus cinco pães, cada um dividido em três pedaços e
também os três de seu marido, só que eles são de ouro puro valendo cada um nove mil reais e
cada pedaço, três mil reais.
(levanta a toalha sobre uma bandeja com os pães divididos)
O casal olha para a bandeja sem demonstrar alteração.
Vânia:
- Doutora fizemos o que qualquer ser humano faria, não nos precisa pagar por isso.
Dra Ana:
- Sim, sei que vocês são pessoas de grande coração, mas hoje posso retribuir a ação e, com
essa atitude estarei devolvendo o favor que me fizeram, não por obrigação ou dívida, mas por
agradecimento.
Vânia:
- Muito bem doutora, já que está nos dando de coração, então que também seja
matematicamente correta no pagamento. Como já foi falado pela senhora, meus cinco pães
foram divididos em três pedaços totalizando 15 pedaços. Os do meu marido, três, também
divididos em três pedaços, totalizaram 9 e assim ficamos com 24 pedaços que foram divididos
por nós três, cada um com 8 pedaços. Então, dos meus 15 pedaços, contribui com 7 para a
senhora e fiquei com os 8 restantes. Dos 9 pedaços do meu marido, 8 ficaram com ele e
apenas um foi lhe dado para completar seus 8 pedaços. Sendo assim, como pela sua divisão se
deve pagar um pão de ouro para cada pedaço recebido, então devo eu receber 7 pães e meu
marido apenas 1.
Dra Ana:
Após olhar surpresa para a advogada, secretária e por último para o marido.
- Por Deus, sua reclamação é correta. Realmente minha divisão não foi matematicamente
correta, como bem explicaste. Assim, que recebas os 7 pães e teu marido apenas 1.
Olhando para Paulo.
- Tens algo a reclamar da divisão de tua esposa Paulo?
Paulo:
- Minha esposa é justa em tudo que faz e diz doutora, por isso estou casado com ela.
Dra Ana:
- Então que assim seja.
Vânia:
- Bem doutora, como professora de matemática fiz a divisão correta, 7 para mim e 1 para meu
marido, mas para Deus a divisão deve ser justa, então será 4 para cada e, no nosso caso, os 8
serão dos dois, pois o que pertence a um pertence aos dois, respeitando o juramento que
fizemos ao nos casarmos.
Cláudia:
A secretária aplaude chorando.
- Lindo! Lindo!!
A advogada também aplaude enxugando algumas lágrimas com um lenço.
Dra Ana:
- Hoje tivemos uma aula de matemática e de família. Estou ainda sem ação pelo que presenciei
aqui juntamente com minhas advogada e secretária, assim, ainda comovida pelas tuas palavras
e pelo teu exemplo, me permitam completar então o pagamento com mais dois pães fechando
os 10, que é a nota que merecem pela aula e pelo exemplo. Parabéns!!
Abraça o casal no que é seguida pela advogada e secretária.
FIM DO ATO 2.
Fecha a cortina.
FINAL
Esta peça além de tratar de um problema matemático que pode ocorrer no nosso dia-a-dia,
também aborda um assunto muito importante que é o relacionamento entre marido e mulher.
São tantos casais se desfazendo por motivos banais que sempre é bom mostrar exemplos
positivos. Assim, que o exemplo mostrado na peça pelo casal Paulo e Vânia nos faça pensar
melhor a relação entre marido e mulher, pois neste caso a matemática muda e 1+1 deixa de
ser 2 e passa a valer 1.
Muito obrigado.
FIM

O PROBLEMA DOS OITO PÃES

  • 1.
    GOVERNO DO ESTADODO RIO GRANDE DO NORTE SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO E DA CULTURA 3ª DIRED – NOVA CRUZ/RN ESCOLA ESTADUAL DOUTOR PEDRO VELHO TEATRO NA ESCOLA O PROBLEMA DOS OITO PÃES (adaptação do conto A divisão simples,a divisão correta e a divisão justa de Malba Tahan) ELENCO: Alunos da 3ª série do Ensino Médio do turno vespertino. Jaciara – Empresária Rita Almeida – Secretária Yasmin – Advogada Jeane – Esposa Rafael – Esposo Escrito por: Professor Jonas Pedro Velho/RN/BR Novembro de 2015
  • 2.
    APRESENTAÇÃO: Esta comédia éuma adaptação do conto “A divisão simples, a divisão correta e a divisão justa” de Júlio César de Mello e Souza, que faz parte do famoso livro "O Homem Que Calculava", traduzido em doze idiomas e com quase quatro dezenas de edições em português. Com o pseudônimo de Malba Tahan escreveu esta e outras catorze obras. Nasceu em Queluz, interior de São Paulo, mas viveu no Rio de Janeiro onde morreu em 1974. Entre as obras que assinou como Mello e Souza e as que atribuiu ao escritor árabe Malba Tahan, contam-se cerca de 120 títulos. Esta peça foi escrita pelo professor Jonas e apresentada pelos alunos do 3º ano vespertino Rafael e Jeane – interpretando o casal Paulo e Vânia; Jaciara – como Dra Ana (a empresária), Rita Almeida como Cláudia (a secretária) e Yasmim como a Dra Sônia (a advogada). Com vocês ... O PROBLEMA DOS OITO PÃES ATO 1: Cena: Escritório com dois birôs, cadeiras, telefone, 2 notebooks. Empresária e sua secretária. Dra Ana: - Há muito tempo Cláudia, quando me retirava do interior em busca de melhores condições e estudo, sofri um assalto e por pouco não fui violentada. A estrada era deserta e o local muito distante de alguma localidade. Fui salva por um casal que dividiu o pouco que tinham comigo, apenas alguns pães duros igual a pau, e ainda cuidaram de mim até chegarmos à próxima cidade. Hoje, após muito estudo e trabalho, posso dizer que estou muito bem financeiramente, mas a consciência me pesa por não poder retribuir ao casal minha sobrevivência. Talvez eles estejam passando necessidades e gostaria muito de poder ajudá-los, mas como? Cláudia: - Dra Ana por que não solicita os serviços da Dra Sônia? Além de excelente advogada, como já mostrou aqui na sua empresa resolvendo problemas, ela também é uma investigadora de primeira. Dra Ana: - É uma boa sugestão Cláudia, fez por merecer um aumento no salário, mas só depois de resolver o meu problema e deixar de usar a internet da empresa e horário de trabalho para comprar coisas sem ter dinheiro né? Já tive que solicitar a Dra Sônia para tirar você de várias enrascadas devido a essas compras malucas feitas pela internet. Diacho de mulher que não pode ver um produto piscando na tela que corre para comprar? Vai terminar endoidando! Cláudia: - Por falar nisso, acabou de piscar aqui na tela aquele brinco que tinha te falado. Aquele que a mulher do governador usa! Dra Ana:
  • 3.
    - Deixa euver! Deixa eu ver! FIM DO ATO 1. Fecha a cortina. ATO 2: Cena: Mesmo escritório agora com a advogada. Dra Ana: - E então Doutora Sônia descobriu? Dra Sônia: - O que você pede é uma ordem, principalmente quando vem acompanhado de uns trocadinhos né? Por falar nisso vamos ter que conversar sobre um aumento nos honorários heim?! Dra Ana: - Não senhora! Se eu der esse aumento você vai poder viajar mais para a Europa e aí corro o risco de perder minha amiga para algum francês. (risos) Dra Sônia: - Isso pode ser tratado como trabalho escravo e preconceito com os franceses, logo passível de indenização milionária, mas vou relevar pela amizade antiga e porque a empresa paga bem. (risos) - Bem, o casal foi encontrado e já deve ter chegado por aqui. O rapaz é agricultor e tem um pequeno sítio em um município próximo do local do assalto, já a mulher é professora de matemática na escola municipal. A situação deles não é excelente, mas sobrevivem na medida do possível. Dra Ana: - Eu imaginei isso e me preparei para a situação. Cláudia: - Dra Ana o casal Paulo e Vânia estão na sala ao lado. Dra Ana: - Peça para eles entrarem Cláudia. O casal entra em cena: Dra Ana: Cumprimenta o casal com um aperto de mão. - Paulo, Vânia sejam bem-vindos. Espero que a Dra Sônia tenha explicado o motivo deste encontro. Vânia:
  • 4.
    - Sim, claro!,e estamos muito felizes de que você tenha conseguido dar a volta por cima. Dra Ana: - Mas se vocês não tivessem me salvado daqueles bandidos, cuidado dos meus ferimentos e dividido o pouco da comida que tinham comigo, hoje eu não estaria aqui. (abraça-os calorosamente) - Obrigado, muito obrigado a vocês dois, mas hoje quero poder pagar com juros e correção monetária por terem salvo a minha vida. - Durante aqueles dias naquela estrada deserta e longe de tudo, vocês além de me salvar, me alimentaram com o pouco que tinham. Lembro bem que você Vânia tirou seus cinco pães e ele três, e os dividiram em três pedaços para que todos nós tivéssemos a mesma quantidade de comida. Assim, hoje vou devolver seus cinco pães, cada um dividido em três pedaços e também os três de seu marido, só que eles são de ouro puro valendo cada um nove mil reais e cada pedaço, três mil reais. (levanta a toalha sobre uma bandeja com os pães divididos) O casal olha para a bandeja sem demonstrar alteração. Vânia: - Doutora fizemos o que qualquer ser humano faria, não nos precisa pagar por isso. Dra Ana: - Sim, sei que vocês são pessoas de grande coração, mas hoje posso retribuir a ação e, com essa atitude estarei devolvendo o favor que me fizeram, não por obrigação ou dívida, mas por agradecimento. Vânia: - Muito bem doutora, já que está nos dando de coração, então que também seja matematicamente correta no pagamento. Como já foi falado pela senhora, meus cinco pães foram divididos em três pedaços totalizando 15 pedaços. Os do meu marido, três, também divididos em três pedaços, totalizaram 9 e assim ficamos com 24 pedaços que foram divididos por nós três, cada um com 8 pedaços. Então, dos meus 15 pedaços, contribui com 7 para a senhora e fiquei com os 8 restantes. Dos 9 pedaços do meu marido, 8 ficaram com ele e apenas um foi lhe dado para completar seus 8 pedaços. Sendo assim, como pela sua divisão se deve pagar um pão de ouro para cada pedaço recebido, então devo eu receber 7 pães e meu marido apenas 1. Dra Ana: Após olhar surpresa para a advogada, secretária e por último para o marido. - Por Deus, sua reclamação é correta. Realmente minha divisão não foi matematicamente correta, como bem explicaste. Assim, que recebas os 7 pães e teu marido apenas 1. Olhando para Paulo. - Tens algo a reclamar da divisão de tua esposa Paulo?
  • 5.
    Paulo: - Minha esposaé justa em tudo que faz e diz doutora, por isso estou casado com ela. Dra Ana: - Então que assim seja. Vânia: - Bem doutora, como professora de matemática fiz a divisão correta, 7 para mim e 1 para meu marido, mas para Deus a divisão deve ser justa, então será 4 para cada e, no nosso caso, os 8 serão dos dois, pois o que pertence a um pertence aos dois, respeitando o juramento que fizemos ao nos casarmos. Cláudia: A secretária aplaude chorando. - Lindo! Lindo!! A advogada também aplaude enxugando algumas lágrimas com um lenço. Dra Ana: - Hoje tivemos uma aula de matemática e de família. Estou ainda sem ação pelo que presenciei aqui juntamente com minhas advogada e secretária, assim, ainda comovida pelas tuas palavras e pelo teu exemplo, me permitam completar então o pagamento com mais dois pães fechando os 10, que é a nota que merecem pela aula e pelo exemplo. Parabéns!! Abraça o casal no que é seguida pela advogada e secretária. FIM DO ATO 2. Fecha a cortina. FINAL Esta peça além de tratar de um problema matemático que pode ocorrer no nosso dia-a-dia, também aborda um assunto muito importante que é o relacionamento entre marido e mulher. São tantos casais se desfazendo por motivos banais que sempre é bom mostrar exemplos positivos. Assim, que o exemplo mostrado na peça pelo casal Paulo e Vânia nos faça pensar melhor a relação entre marido e mulher, pois neste caso a matemática muda e 1+1 deixa de ser 2 e passa a valer 1. Muito obrigado. FIM