2. Com base no conto do mesmo nome, do livro Alvorada Cristã, pelo Espírito
Neio Lúcio. (Momentos de Paz Maria da Luz).
Conta-nos assim o autor:
Um homem, admirável pelas qualidades de trabalho e pelas formosas virtudes
do caráter, foi visto pelos inimigos da Humanidade que conhecemos por
Ignorância, Calúnia, Maldade, Discórdia, Vaidade, Preguiça e Desânimo, os
quais tramaram, entre si, agir contra ele, conduzindo-o à derrota.
A Ignorância começou a cogitar da perseguição, apresentando-o ao povo
como mau observador das obrigações religiosas. Não tinha fé, nem respeitava
os bons costumes.
(...) O homem recebeu as notícias, sorriu e falou com sinceridade: - a
Ignorância está desculpada.
3. Surgiu, então, a Calúnia e denunciou-o às autoridades por espião de interesses
estranhos.
(...) Ao término do inquérito, a vítima afirmou sem ódio: -a Calúnia estava
enganada.
Logo após, veio a Maldade, que o atacou de mais perto. Principiou a
ofensiva, incendiando-lhe o campo. Todavia, o operário incansável,
reconstruindo para o futuro, respondeu, sereno: -contra as sombras do mal,
tenho a luz do bem.
A Discórdia passou a assediá-lo dentro da própria casa. A breve tempo,
irmãos e amigos da véspera relegaram-no ao abandono.
4. O servo dessa vez sofreu bastante, mas ergueu os olhos para o céu e falou: -
meu Deus, estou só, no entanto, continuarei agindo e servindo em teu nome.
A Discórdia será por mim esquecida.
Apareceu, então, a Vaidade que o procurou, afirmando-lhe: -és um grande
herói... Venceste aflições e batalhas! Serás apontado à multidão na auréola
dos justos e dos santos.
O trabalhador sincero repeliu-a: -sou apenas um átomo que respira. Toda
glória pertence a Deus.
Então, entrou a Preguiça que afiançou: -teus sacrifícios são excessivos.
Vamos ao repouso! Já perdeste as melhores forças!
5. Vigilante, o interpelado replicou sem hesitar: -meu dever é o de servir em
benefício de todos, até ao fim da luta.
Afastando-se a Preguiça, vencida, o Desânimo compareceu. Não atacou de
longe, nem de perto. Entrou no coração do operoso lavrador e começou a
perguntar-lhe: -esforçar-se pra quê? Servir por quê? Não será melhor deixar
tudo por conta de Deus mesmo? Não se lembra de que a morte destruirá
tudo?
O homem forte e valoroso, que triunfara em muitos combates, começou a
ouvir as interrogações do Desânimo, deitou-se e passou cem anos sem
levantar-se.
6. REFLEXÃO:
A evolução do homem, em Espírito, o obriga a vencer muitas barreiras,
muitas provas. A fonte das vicissitudes que o visitam, quase sempre se
localiza dentro de si mesmo, mesmo que o incentivo possa vir de fora dele.
O caminho da virtude obriga-o a superar as paixões inferiores, provenientes
do seu estado de fraqueza espiritual. Enquanto os sentimentos e emoções
provenientes do ser animal o puxa para trás, estacionando-o em posições
ilusórias, os valores do Espírito impulsiona-o para frente, para seu destino
glorioso.
7. A fraqueza do homem aflora quando ele se deixa visitar por examinadores
que testam a sua constância de propósitos. São eles: egoísmo, orgulho, inveja,
ciúme, vaidade, maledicência, preguiça...
O homem, de uma forma geral, reage aos impulsos exteriores ou às tentações
conforme o seu estado evolutivo, deixando-se arrastar, muitas vezes, pela
invigilância de suas ações.
Muitas são as visitas que recebemos, e, para as quais ainda não nos
preparamos para lidarmos com elas. A Ignorância, a Calúnia, a Maldade, a
Discórdia, a Vaidade, o Desânimo, são visitadores constantes na vida do
homem. Constantemente pedem guarida.
8. As consequências dessas visitas serão sempre dores e vicissitudes, de maior
ou menor intensidade, em função da capacidade que desenvolvemos de
perceber e vigiar.
Quem de nós poderia afirmar que jamais se deixou abater pelo desânimo?
Quem de nós poderia dizer que jamais questionou os porquês de tudo que
fazemos ou sentimos? Quem de nós poderia garantir estar preparado para os
percalços da vida, sem se deixar abraçar pelo desânimo? Como lutar contra
esse inimigo das trevas que nos abate sem piedade, levando-nos à
autocompaixão, à inércia e à agonia?
9. Jesus nos trouxe em seu evangelho a indicação, o caminho: “Orai e vigiai”.
A oração reforça a vontade interior, predispondo o espírito à ação. Mas, por si
só não basta para assegurar que não vamos cair. Mesmo com o auxílio da
espiritualidade superior nos encontramos caindo quando em vez, incapazes de
dominar o visitador das trevas que nos abate.
Oração sem vigilância não proporciona a eficácia no combate à inferioridade.
A vigilância talvez seja a ação mais importante a ser tomada por aquele que
ambiciona crescimento espiritual.
10. O conhecimento de si mesmo e o combate às fraquezas que habitam em nós,
frutos da vida instintiva que ainda trazemos, ajuda a vencê-las.
Reconhecer-se e caminhar para vencer a si próprio é o melhor guia para a
evolução.
Nossas fraquezas de hoje poderão ser nossas forças de amanhã. Bastando que
ajamos no sentido de identificá-las e vencê-las. Mas nossa força de hoje pode
ser nossa fraqueza de amanhã, se nos limitarmos a pensar que já somos
capazes de vencer as inferioridades.
11. As circunstâncias podem abater o ânimo do trabalhador do bem. Todos
conhecemos histórias de pessoas que perseveraram longo tempo no caminho
do trabalho edificante, exercitando tolerância, compreensão, amor e caridade,
e, que, repentinamente, abandonaram tudo para permanecerem inertes no
mundo em que vive.
A humildade requerida do homem frente à Criação não implica em postura de
inferioridade ou questionamento de que nada adianta fazer porque não
faremos diferença.
12. Existe certa história que bem reflete a necessidade de exercitar a fé e a ação.
Contam, que certo escritor um dia recolheu-se à casa de praia para meditar
sobre o significado da vida, na razão de ser de cada indivíduo. Pretendia
escrever a respeito.
Certa manhã, levantou-se cedo para caminhar na praia. Observou um vulto
que parecia dançar na areia. Indo e vindo na direção da arrebentação do mar.
13. Ao aproximar-se, verificou tratar-se de um rapaz que se abaixava, recolhia as
estrelas do mar na areia e as devolvia ao oceano.
O rapaz não se cansava de repetir aquele gesto. Chegando junto dele,
perguntou: -o que fazes? Ao que ele respondeu: -a maré está baixando, e se eu
não devolver as estrelas do mar que ficam na areia, elas morrerão.
O escritor achou um absurdo, e lhe disse: -não vês que existem quilômetros e
quilômetros de praia e milhões de estrelas do mar? Você não será capaz de
fazer diferença com esse seu gesto.
14. O rapaz, ao invés de desanimar, olhou para o escritor, abaixou-se, pegou
outra estrela do mar, correu para a arrebentação e lançou-a para o oceano.
Voltando para junto do escritor, disse-lhe: -fez diferença para aquela que
joguei.
O escritor ficou desconcertado, e recolheu-se à sua casa, não conseguindo
apagar aquela imagem do jovem lançando estrelas ao mar.
No dia seguinte, acordou cedo e, imbuindo-se de coragem, passou toda
manhã ajudando o rapaz a lançar as estrelas de volta ao mar.
15. Aquele que pensa que as ações humildes ou modestas do dia-a-dia não
servem para nada e abandona o serviço, movido pelo desânimo, deve pensar
nesta história.
Por mais singela que seja a ação no bem, ela sempre fará diferença neste
mundo de expiações e provas.
Não se deixe visitar pelo desânimo; não se deixe abater pela contestação de
suas ações.
Tudo que vem de Deus é útil para a criação.
16. Não acredite que você não faça diferença. Todos somos importantes, e todas
as coisas que fazemos tem uma razão de ser.
Assim, caros irmãos, façamos uma reflexão sobre o que o Desânimo pode
fazer na vida do homem. Vamos nos preparar para vencer esse visitador que
nos derruba quando em vez.
Saibamos, pois, que podemos ser os intermediários do Mestre Jesus, em
qualquer parte. Basta que compreendamos a obrigação fundamental no
trabalho do bem.
“Não desprezes o dom que há em ti”. (Paulo. I Timóteo, 4:14)
17. Muita Paz!
Meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.co.br
Com estudos comentados de O Livro dos Espíritos e de O Evangelho
Segundo o Espiritismo. Nova página: Espiritismo com humor.