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Apresentação
• "Quem

é Jesus de Nazaré?“

• As únicas fontes que temos para responder a esta
questão são os 4 evangelhos
– sobretudo os sinóticos – que apresentam uma
visão de conjunto acerca de Jesus.

2
Apresentação
– Mateus, Marcos e Lucas apresentam semelhanças
e diferenças.
– Os evangelhos apresentam-nos a pessoa de Jesus à

luz da história e da fé.
– Com um estudo científico podemos chegar ao

verdadeiro Jesus da história, mas o Jesus da
história, segundo os sinóticos, anda sempre de
mãos dadas com o Cristo da fé da Igreja.
3
Apresentação
Questões:
– O que significa a palavra Evangelho?
– Porque são os Sinóticos semelhantes e desiguais?
– Porquê cada evangelho?
– Houve mais evangelhos?
– Porquê aquelas tradições e não outras?
4
Apresentação
• Evangelho significa Boa-Nova, Boa-Notícia.
• Os sinópticos foram escritos depois do acontecimento
do mistério pascal, para responderem às
necessidades da fé das respectivas comunidades
cristãs primitivas.

• Os evangelhos são hoje definidos como catequeses
das comunidades cristãs respetivas – Lucas é o

único que tem um prólogo – dedicado a Teófilo.
5
Apresentação
• Os apóstolos começaram por anunciar a ressurreição
e passaram a anunciar o Reino.
• Não
são
aceitáveis
fundamentalismos
da
interpretação do significado dos textos bíblicos, como
algumas que encontramos nas interpretações cristãs e
não cristãs sobre a pessoa de Jesus:
– o Jesus de feição católica, protestante, evangélica
fundamentalista, gnóstica, materialista, romântica,
da New Age, etc.
• Há que ter em consideração as duas vertentes no
estudo dos evangelhos: o espiritual e o científico.
6
Métodos de estudo do N. T.
• Para estudar os evangelhos sinóticos os estudiosos
utilizam dois métodos:
– Sincrónico – Utiliza o evangelho como ele está. O
estudo é feito a partir da sintaxe (o que a palavra é
na frase) e da semântica (estudo do significado).
– Diacrónico – Estuda o facto descrito na
globalidade, desde o seu nascimento e ao longo
do tempo em que ocorre.
7
A questão sinótica
Quanto tempo demorou a vida pública de Jesus?
• Mateus, Marcos e Lucas referem apenas uma ida a
Jerusalém para comemorar a Páscoa.
• Todo o percurso da vida pública de Jesus daria, da
forma como está contado, para cerca de um ano.
• Só João fala em 3 anos de vida pública de Jesus e
coloca-O a deslocar-se muito de um local para outro
e a viver muito à volta de Jerusalém.
• Os outros evangelistas colocam-n’O mais na Galileia.
8
A questão sinótica
• Os autores
• Os autores, ao redigirem, colocam a sua opinião no
texto – inconscientemente – não são historiadores.
• Interpretavam Jesus como o alvo e o fim da história do
AT.
• Escrevem por causa da fé. Os evangelhos não são uma
biografia de Jesus.
• Jesus nunca disse o que pensava sobre o Reino de Deus.
Só o expôs e apresentou por parábolas. Nunca criou um
conjunto de verdades.
• Os evangelhos da infância são uma reflexão das
comunidades cristãs.
9
A questão sinótica
• Mateus era um publicano (cobrador de impostos).
• Ligou-se à pastoral, à catequese, à moral, à justiça e ao
perdão.
• Para ele não basta acreditar, é preciso praticar.

• Fala muito da escatologia, do juízo final e de sonhos.
• Para Mateus, José é importante porque é da casa de
David e Jesus tinha de estar ligado a David.
• Mateus trata Jesus em 5 grandes discursos de norma e
doutrina muito relacionados com a figura de Moisés e
em ligação com o Egipto.
10
A questão sinóptica
• Marcos era discípulo de Pedro.
• Para ele a Boa-nova é que importava, por isso há uma
grande mistura entre o Jesus da História e o Jesus da Fé.

• O Jesus de Marcos é muito humano.
• O Evangelho original segundo S. Marcos acabava no
versículo 8.
• Os versículos 9-20 foram acrescentados por outro autor
e têm a ver com a dificuldade que alguns batizados têm
para acreditarem na ressurreição.
11
A questão sinótica
• Lucas era discípulo de Paulo.
• Foi Lucas quem mais respeitou a História.
• É ele quem mais fala da misericórdia e da gratuidade de
Deus.
• No seu evangelho a figura central é Maria, mas fala
muito dos anjos.
• Lucas vê muito Jesus à imagem de David, ao ponto de
colocar a genealogia depois do baptismo e não no relato
da infância.
12
A questão sinótica
• Mateus e Lucas construíram um cenário histórico. São
textos Midrache (romance).
• A estrela, os magos, a ida para o Egito e o regresso são
Midrache, com personagens verdadeiras e como
concretização das promessas e propostas do A. T.
• Também Simeão e Ana têm a ver com os profetas e
profetizas que esperam a salvação.

• Tudo isto serve para explicar que Jesus é filho de Deus
desde a Sua conceção e não desde o Seu Batismo como
alguns pretendiam.
13
A questão sinótica
• Para Marcos a Boa-Nova é que importava – há uma
grande mistura entre o Jesus da História e o Cristo da fé.

• Enquanto Lucas segue a história mais de perto, Mateus
está mais preocupado com a pastoral e a catequese.
• Os diversos autores são originários de tradições
históricas, orais e litúrgicas diferentes.
• É preciso distinguir o que pertence ao Jesus histórico, à
tradição oral posterior e à redação final de cada autor.
14
A questão sinótica
• Nos 4 evangelhos notam-se factos que apontam terem
sido realizados por Jesus e outros que já são um
acrescente da Igreja dos primeiros tempos.
• O evangelho segundo S. João é muito diferente dos
outros três
– João é quem se preocupa menos com a descrição dos
factos e faz mais teologia, mais reflexão e extrai mais
consequências. Jo 20, diz que “isto foi escrito para
que acrediteis e, ao acreditar, tenhais a vida”.
15
Os três tempos da formação dos evangelhos
sinóticos
O Jesus da História
• A Sua vida faz um todo com a sua pregação.
• Jesus apenas anunciou o reino de Deus, mas nunca o
explicou.
• Só as parábolas, os milagres e os discursos nos
demonstram várias facetas deste reino.
• Não se sabe exactamente qual o número e o conteúdo
das parábolas de Jesus.
16
Os três tempos da formação dos evangelhos
sinóticos
• Nos evangelhos, o Jesus pregador e profeta distingue-se
de todos os profetas do A. T.
• Pelo mistério pascal, Jesus é depois acreditado também
como Messias, Filho de Deus, Salvador e Senhor.
• É preciso situar Jesus no contexto político, social e
religioso do seu tempo.

17
Os três tempos da formação dos evangelhos
sinóticos
Critérios de Estudo:
1 – Critério do embaraço.
– Baptismo de Jesus.
– Irmãos e irmãs de Jesus.
2 – Critério da descontinuidade (material próprio de Jesus
que não tem a ver com o judaísmo nem com as
comunidades pós-pascais).
– Proibição de jejuar.
– Proibição do divórcio mosaico.
18
Os três tempos da formação dos evangelhos
sinóticos
3 – Critério do duplo testemunho (textos que se
encontram em várias fontes)
– Proclamação do Reino de Deus
– Ceia Pascal
– Algumas parábolas, milagres, paixão e morte
4 – Critério de coerência (quando a doutrina ou a acção
está de acordo com os outros critérios)
– Catequese oral e não lógico-racional (reino que já
veio e ainda há-de vir).
19
Os três tempos da formação dos evangelhos
sinóticos
5 – Língua aramaica

6 – Critério da rejeição e execução
– Pregação pouco ortodoxa quando comparada com a
ortodoxia farisaica.

7 – Critério das origens cristãs (que só tem explicação se
aceitarmos o dado histórico da vida de Jesus).

20
Os três tempos da formação dos evangelhos
sinóticos
O Jesus da Tradição
• Porque acreditam que Ele ressuscitou, depressa
acreditam que Ele é mais do que um simples
pregador, rabi e profeta, mas o Messias, o Filho de Deus
e o Salvador.
• Concluem que o plano (a glória e a sabedoria) de Deus
sobre a humanidade atinge o seu objetivo em Jesus de
Nazaré e a cruz foi indispensável.
– Para tal vão reinterpretar as Esc. Sag. dos seus
antepassados e encontram em Jesus o cumprimento
das promessas aí feitas (Justo sofredor e Servo de
21
Javé).
Os três tempos da formação dos evangelhos
sinóticos
O Jesus da Tradição
• Logo a seguir ao mistério pascal, as primeiras cartas
pastorais fazem o anúncio cristão, centrado na morte e
ressurreição de Jesus. As cartas posteriores são
essencialmente pastorais.
• A salvação deixa de estar dependente do cumprimento
da Lei de Moisés para depender da fé em Cristo.
• Os principais problemas com este novo entendimento
da salvação surgiram com os judeus que se
converteram.
22
Os três tempos da formação dos evangelhos
sinóticos
O Jesus da Tradição
• Os evangelistas não foram testemunhas oculares de
Jesus e pregaram segundo o que ouviram dizer dos
feitos e das palavras de Jesus – tradição oral – colocaram
na boca de Jesus aquilo que eles mesmo pregavam.
• Tempo da Tradição = era apostólica = tempo dos
enviados pelo próprio Jesus ou pelos chefes das Igrejas
primitivas.
• Apóstolos, profetas e doutores anunciam Jesus
ressuscitado e a vida anterior à ressurreição passa a ser
vista retrospetivamente à luz da ressurreição.
23
Os três tempos da formação dos evangelhos
sinóticos
O Jesus da Tradição
• A mudança da utilização da língua aramaica para a grega
influenciou os evangelhos.
• São do período da pregação e tradição apostólica as
grandes condenações contra os fariseus.
– Depois do ano 70 todos os outros grupos tinham
desaparecido só restando aquele que expulsa os
judeo-cristãos das sinagogas.
• esta situação influenciou muito os evangelhos mais
tardios – Mateus e João.
24
Os três tempos da formação dos evangelhos
sinóticos
O Jesus da redação
• Os evangelhos foram compostos com uma ordem lógica
e não com uma ordem cronológica.
• Os evangelistas foram verdadeiros autores e não simples
compiladores de narrativas porque deram forma e
sentido à sua investigação.

• A redação final tem a ver com uma organização interna
bem ordenada das tradições escritas e orais que os
respetivos autores possuíam.

25
Os três tempos da formação dos evangelhos
sinóticos
O Jesus da redação
• Cada autor é também um teólogo quando direciona a
sua tradição ou quando aplica o seu material próprio às
mesmas tradições com fins ou objetivos específicos.
• Cada autor apresenta material próprio e exclusivo, que
nos dá a sua tónica catequética própria.
• Lucas é o único que começa o seu evangelho com um
prólogo – dedicado a Teófilo. Não é um historiador, mas
apresenta a verdade da fé fundamentada em factos.
26
Os três tempos da formação dos evangelhos
sinóticos
O Jesus da redação
• Muita coisa foi escrita antes de Lucas, mas só nos
chegou às mãos o Ev de Marcos e a Quelle.
• Dava-se mais valor à tradição oral do que à palavra
escrita. A catequese passava pela oralidade e não pela
escrita.
• Os cabeçalhos dos Ev só aparecem no principio do séc.
III, por isso foi a Igreja que lhes atribuiu o autor.
• A Igreja depende da tradição, mas a tradição
fundamenta-se na apostolicidade dos autores.
• Mateus e João têm uma forte carga anti-judaica.
27
Os três tempos da formação dos evangelhos
sinóticos
As duas fontes
• É a solução mais defendida, mesmo considerada como a
única válida por alguns exegetas, mas não resolve todos
os problemas.
• 1ª Fonte – Ev de Marcos – o 1º a ser escrito e o que Lc e
Mt tinham à mão e utilizaram como fonte (talvez seja
anterior à Quelle).
• 2ª Fonte – Quelle – constitui fonte para o material
comum a Mt e Lc, mas não aparece em Mc.
28
Os três tempos da formação dos evangelhos
sinóticos
As duas fontes
• Tripla Tradição – Quando o mesmo material aparece nos

3 sinóticos.
• Dupla Tradição – Quando o mesmo material aparece em
Lc e Mt, mas não aparece em Mc.
• Material redaccional do autor – Quando é exclusivo de
cada um dos autores.
29
Os três tempos da formação dos evangelhos
sinóticos
Prioridade de Marcos
• Sempre que Mt e Lc estão de acordo com Mc, também
concordam entre si, embora Mc possa concordar com
um ou com outro ou com ambos em simultâneo.
• Marcos nunca se refere em forma de profecia a
acontecimentos que se terão passado posteriormente à
ressurreição de Jesus, Lc usa muito este processo (ex.:
destruição de Jerusalém).

30
Os três tempos da formação dos evangelhos
sinóticos
Prioridade de Marcos
• Lucas parece distinguir 2 gerações – a dos testemunhas
oculares e a sua própria.
• Mc não tem Ev da infância nem das aparições – Mt e Lc
representam um desenvolvimento posterior duma
cristologia ainda incipiente de Marcos.

31
Os três tempos da formação dos evangelhos
sinóticos
Prioridade de Marcos
• Mt é o Ev que contém mais discursos doutrinais e uma
eclesiologia mais desenvolvida, sobretudo porque no
cap. 16 há a promessa de Jesus a Pedro: Tu és Pedro, e
sobre esta pedra edificarei a minha Igreja.
– Na época havia problemas com a sucessão de Pedro e
o critério eclesial consistia na sucessão episcopal, na
forma de realizar a liturgia, nas sentenças da fé e na
explicação da mesma fé.

32
Os três tempos da formação dos evangelhos
sinóticos
Prioridade de Marcos
• Até meados do século XX Mateus foi o evangelho mais
estudado e comentado.
• Supunha-se que Marcos, por razões catequéticas, era
uma versão mais simples do evangelho de Mateus.
– Isto porque Mateus e Lucas estavam de acordo entre
si e em desacordo com Marcos (acordos menores).

33
Os três tempos da formação dos evangelhos
sinóticos
A fonte Quelle
• Admite-se a existência desta fonte devido à quantidade
e ao tipo de material nos evangelhos de Mt e Lc e
também pelo critério dos duplicados – as mesmas
palavras de Jesus aparecerem em dois lugares distintos.
• Era uma fonte escrita em grego e não uma fonte
oral, essencialmente doutrinal, com apenas três
pequenas narrativas, mas foi trabalhada diferentemente
pelos dois autores, ou foram utilizadas duas cópias
diferentes.
34
Os três tempos da formação dos evangelhos
sinóticos
A fonte Quelle
• Deve ter nascido depois do ano 70 por causa dos
apóstolos itinerantes, para os ajudar na evangelização,.
• Mateus e Lucas usam-na como complemento do
anúncio pascal da pregação de Paulo e do evangelho de
Marcos.

35
Os três tempos da formação dos evangelhos
sinóticos
A fonte Quelle
• A sua formação final pode pertencer a uma comunidade
particular, a um escritor cristão individual ou a um
grupo.
• Refere-se muito ao juízo de Deus e insiste em avisos
relativos a uma vinda iminente do Filho do Homem.

• O A. T. é interpretado profeticamente. Mas apesar da
forte ligação à última vinda, também tem textos contra
essa paranóia.
36
Género literário “evangelho”
• Marcos foi o primeiro a escrever um evangelho, terá
sido ele o autor deste género literário.
• Evangelho é o anúncio da Boa-Nova descrito em
narrativa histórica que tem por personagem principal
Jesus de Nazaré.
• Em Marcos, evangelho e Jesus já são sinónimos e
acreditar no Evangelho é o mesmo que acreditar em
Jesus.
• Esta literatura é fruto das necessidades pastorais das
diversas Igrejas cristãs formadas após a Páscoa cristã
entre 33 e 100 d.C. – é o resultado de uma vivência.
37
Género literário “evangelho”
• É uma literatura funcional – existe em função das
comunidades e arranca da vida dessas mesmas
comunidades – são as Igrejas que dão origem aos
escritos.
• Os
Evangelhos
nascem
em
ambientes
de
internacionalismo cultural e por isso reproduzem as
formas culturais de então.
• Nunca pretenderam ser crónicas ou biografias.

38
Género literário “evangelho”
• Têm duas partes:
1. Jesus é pregador, profeta e rabi – é seguido por
muito povo.
2. Deixa de pregar e fazer milagres, entrega-se aos
discípulos, fala-lhes da servidão.
• É Paulo que apresenta o evangelho do anúncio cristão.

• Os evangelistas não foram testemunhas oculares de
Jesus, mas isso em nada prejudica a veracidade dos
factos. O que importa é saber de que tipo de veracidade
se trata.
39
Género literário “evangelho”
• Os evangelhos não devem ser lidos a partir das
origens, mas do fim – da Ressurreição para trás.
• A narrativa tem a ver com a vida de Jesus e não apenas
com o seu pensamento
– os evangelhos não são um conhecimento para
especialistas, mas um apelo à fé na pessoa de
Jesus, em tudo o que Ele disse e fez.
• A utilização do midrache (história romanceada com
pouca precisão) destina-se a acentuar a mensagem que
se pretende comunicar.
40
A mensagem fundamental de Jesus:
“O Reino de Deus”
• Os milagres de Jesus devem ser interpretados à luz da
sua mensagem sobre o Reino de Deus.
• Os milagres são sinais da vinda do reino – o Reino de
Deus vai chegar / o Reino já chegou.
• Os judeus esperavam outro tipo de reino, esperavam
uma acção concreta (a independência, a expulsão dos
romanos ) de Deus.
• Para que as pessoas percebessem as suas palavras e
ações, Jesus pedia-lhes que se convertessem – essa
conversão era acreditar na Boa-Nova.
41
A mensagem fundamental de Jesus:
“O Reino de Deus”
• Proclamar o reino de Deus e acreditar no evangelho é
acreditar em Cristo (na pessoa de Jesus, ao contrário dos
profetas que pediam que acreditassem na sua
mensagem e não neles).
• João Batista manda perguntar se é Ele O que há-de vir e
a resposta é para “verem que os coxos andam, os cegos
veem...” (quando vier o Messias todos os doentes serão
curados).
• Jesus pregou usando as parábolas, num ambiente
cultural dominado pela febre do fim do mundo, da qual
faz parte João Batista.
42
A mensagem fundamental de Jesus:
“O Reino de Deus”
• Jesus falou sempre de forma afirmativa ou então usou
uma linguagem simbólica: “semelhante à semente
deitada à terra”, “a um banquete”…
– Era entendido que no fim dos tempos é que viria o
Reino de Deus – tempo de tribulação para Israel.
– O Reino de Deus seria entendido como a idade final
da paz e bem-aventurança.

43
Os constituintes evangélicos do Reino
Parábolas e discursos
• É Jesus, a sua vida e ação marcam o ritmo de
compreensão das parábolas do Reino.
• As parábolas eram a forma de Jesus responder aos
judeus e aos samaritanos.

• As parábolas estão segundo o Espírito de Jesus, mas Ele
não as terá dito exatamente como estão transcritas
porque os parabolistas escreveram já influenciados pela
vida concreta da Igreja.
44
Os constituintes evangélicos do Reino
Parábolas e discursos
• Através das parábolas Jesus apresenta Deus como Pai e
a si próprio como filho:
– Parábola do Bom Samaritano; Parábola do publicano
e do fariseu.
• Os interlocutores ao ouvirem Jesus falar da vinda do
Reino, esperam que esse Reino se manifeste segundo as
suas mentalidades… mas nada acontece.
45
Os constituintes evangélicos do Reino

Parábolas e discursos
• Jesus foi o criador das parábolas. Elas foram a forma de
Ele responder aos fariseus e aos samaritanos.

– O Talmude e a Mischná também utilizam as
parábolas, mas depois de Jesus.
• As parábolas estão apenas nos sinóticos. Não existem
em João.
– A parábola do Bom Pastor, em João, é mais uma
comparação. Na parábola a semelhança resume-se ao
que é universalmente válido.
46
Os constituintes evangélicos do Reino

Parábolas e discursos
• A parábola refere-se a um acontecimento
isolado, enquanto a alegoria é composta por muitas
imagens. Cada frase é uma imagem.
• Em Mateus fala-se de servos (profetas), de um rei
(Deus). Maltratam os servos. Os agressores são Israel –
isto tem a ver com a ruína de Jerusalém no ano 70.
Mateus é mais alegórico, Lucas é mais parabólico.

47
Os constituintes evangélicos do Reino

Parábolas e discursos
• Mateus apresenta sempre a gratuidade de Deus.
• Para ele também os pobres são filhos de Deus e há até
uma predileção de Jesus por eles que pensavam que não
tinham acesso ao Reino.
• Jesus teria explicado particularmente as parábolas aos
seus discípulos ou terá sido a Igreja nascente a explicálas na fase de redação final do texto?

48
Os constituintes evangélicos do Reino

Parábolas e discursos
• Com a parábola do Bom Pastor parece haver uma
inversão dos valores.

– O pai tem alegria por reencontrar a ovelha
perdida, mas não esqueceu as outras. Meter-se na
pele do Pai é perdoar como o Pai perdoa.
• Mc 4,10-12 – O porquê das parábolas – “A vós é dado
conhecer o mistério, mas aos que estão de fora…”.
– Os judeus não se convertiam – a maioria não
acreditou em Isaías e agora não acredita em Jesus.
49
Os constituintes evangélicos do Reino

Parábolas e discursos
• O fundamental da parábola é necessariamente Jesus e
encontra-se Jesus nas parábolas quando se vê a inversão
dos valores habitualmente aceites:
– Mc 4,1-9 / Lc 8 – Parábola do Semeador – Jesus
inventa histórias de acordo com o que as pessoas
conhecem e todos entendem.
• Houve algum fracasso por parte do semeador.
Jesus falava, mas poucos o entendiam e Ele fazlhes essa crítica. O tempo da ceifa tem a ver com o
julgamento de Deus – é o juízo final.
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  • 1.
  • 2. Apresentação • "Quem é Jesus de Nazaré?“ • As únicas fontes que temos para responder a esta questão são os 4 evangelhos – sobretudo os sinóticos – que apresentam uma visão de conjunto acerca de Jesus. 2
  • 3. Apresentação – Mateus, Marcos e Lucas apresentam semelhanças e diferenças. – Os evangelhos apresentam-nos a pessoa de Jesus à luz da história e da fé. – Com um estudo científico podemos chegar ao verdadeiro Jesus da história, mas o Jesus da história, segundo os sinóticos, anda sempre de mãos dadas com o Cristo da fé da Igreja. 3
  • 4. Apresentação Questões: – O que significa a palavra Evangelho? – Porque são os Sinóticos semelhantes e desiguais? – Porquê cada evangelho? – Houve mais evangelhos? – Porquê aquelas tradições e não outras? 4
  • 5. Apresentação • Evangelho significa Boa-Nova, Boa-Notícia. • Os sinópticos foram escritos depois do acontecimento do mistério pascal, para responderem às necessidades da fé das respectivas comunidades cristãs primitivas. • Os evangelhos são hoje definidos como catequeses das comunidades cristãs respetivas – Lucas é o único que tem um prólogo – dedicado a Teófilo. 5
  • 6. Apresentação • Os apóstolos começaram por anunciar a ressurreição e passaram a anunciar o Reino. • Não são aceitáveis fundamentalismos da interpretação do significado dos textos bíblicos, como algumas que encontramos nas interpretações cristãs e não cristãs sobre a pessoa de Jesus: – o Jesus de feição católica, protestante, evangélica fundamentalista, gnóstica, materialista, romântica, da New Age, etc. • Há que ter em consideração as duas vertentes no estudo dos evangelhos: o espiritual e o científico. 6
  • 7. Métodos de estudo do N. T. • Para estudar os evangelhos sinóticos os estudiosos utilizam dois métodos: – Sincrónico – Utiliza o evangelho como ele está. O estudo é feito a partir da sintaxe (o que a palavra é na frase) e da semântica (estudo do significado). – Diacrónico – Estuda o facto descrito na globalidade, desde o seu nascimento e ao longo do tempo em que ocorre. 7
  • 8. A questão sinótica Quanto tempo demorou a vida pública de Jesus? • Mateus, Marcos e Lucas referem apenas uma ida a Jerusalém para comemorar a Páscoa. • Todo o percurso da vida pública de Jesus daria, da forma como está contado, para cerca de um ano. • Só João fala em 3 anos de vida pública de Jesus e coloca-O a deslocar-se muito de um local para outro e a viver muito à volta de Jerusalém. • Os outros evangelistas colocam-n’O mais na Galileia. 8
  • 9. A questão sinótica • Os autores • Os autores, ao redigirem, colocam a sua opinião no texto – inconscientemente – não são historiadores. • Interpretavam Jesus como o alvo e o fim da história do AT. • Escrevem por causa da fé. Os evangelhos não são uma biografia de Jesus. • Jesus nunca disse o que pensava sobre o Reino de Deus. Só o expôs e apresentou por parábolas. Nunca criou um conjunto de verdades. • Os evangelhos da infância são uma reflexão das comunidades cristãs. 9
  • 10. A questão sinótica • Mateus era um publicano (cobrador de impostos). • Ligou-se à pastoral, à catequese, à moral, à justiça e ao perdão. • Para ele não basta acreditar, é preciso praticar. • Fala muito da escatologia, do juízo final e de sonhos. • Para Mateus, José é importante porque é da casa de David e Jesus tinha de estar ligado a David. • Mateus trata Jesus em 5 grandes discursos de norma e doutrina muito relacionados com a figura de Moisés e em ligação com o Egipto. 10
  • 11. A questão sinóptica • Marcos era discípulo de Pedro. • Para ele a Boa-nova é que importava, por isso há uma grande mistura entre o Jesus da História e o Jesus da Fé. • O Jesus de Marcos é muito humano. • O Evangelho original segundo S. Marcos acabava no versículo 8. • Os versículos 9-20 foram acrescentados por outro autor e têm a ver com a dificuldade que alguns batizados têm para acreditarem na ressurreição. 11
  • 12. A questão sinótica • Lucas era discípulo de Paulo. • Foi Lucas quem mais respeitou a História. • É ele quem mais fala da misericórdia e da gratuidade de Deus. • No seu evangelho a figura central é Maria, mas fala muito dos anjos. • Lucas vê muito Jesus à imagem de David, ao ponto de colocar a genealogia depois do baptismo e não no relato da infância. 12
  • 13. A questão sinótica • Mateus e Lucas construíram um cenário histórico. São textos Midrache (romance). • A estrela, os magos, a ida para o Egito e o regresso são Midrache, com personagens verdadeiras e como concretização das promessas e propostas do A. T. • Também Simeão e Ana têm a ver com os profetas e profetizas que esperam a salvação. • Tudo isto serve para explicar que Jesus é filho de Deus desde a Sua conceção e não desde o Seu Batismo como alguns pretendiam. 13
  • 14. A questão sinótica • Para Marcos a Boa-Nova é que importava – há uma grande mistura entre o Jesus da História e o Cristo da fé. • Enquanto Lucas segue a história mais de perto, Mateus está mais preocupado com a pastoral e a catequese. • Os diversos autores são originários de tradições históricas, orais e litúrgicas diferentes. • É preciso distinguir o que pertence ao Jesus histórico, à tradição oral posterior e à redação final de cada autor. 14
  • 15. A questão sinótica • Nos 4 evangelhos notam-se factos que apontam terem sido realizados por Jesus e outros que já são um acrescente da Igreja dos primeiros tempos. • O evangelho segundo S. João é muito diferente dos outros três – João é quem se preocupa menos com a descrição dos factos e faz mais teologia, mais reflexão e extrai mais consequências. Jo 20, diz que “isto foi escrito para que acrediteis e, ao acreditar, tenhais a vida”. 15
  • 16. Os três tempos da formação dos evangelhos sinóticos O Jesus da História • A Sua vida faz um todo com a sua pregação. • Jesus apenas anunciou o reino de Deus, mas nunca o explicou. • Só as parábolas, os milagres e os discursos nos demonstram várias facetas deste reino. • Não se sabe exactamente qual o número e o conteúdo das parábolas de Jesus. 16
  • 17. Os três tempos da formação dos evangelhos sinóticos • Nos evangelhos, o Jesus pregador e profeta distingue-se de todos os profetas do A. T. • Pelo mistério pascal, Jesus é depois acreditado também como Messias, Filho de Deus, Salvador e Senhor. • É preciso situar Jesus no contexto político, social e religioso do seu tempo. 17
  • 18. Os três tempos da formação dos evangelhos sinóticos Critérios de Estudo: 1 – Critério do embaraço. – Baptismo de Jesus. – Irmãos e irmãs de Jesus. 2 – Critério da descontinuidade (material próprio de Jesus que não tem a ver com o judaísmo nem com as comunidades pós-pascais). – Proibição de jejuar. – Proibição do divórcio mosaico. 18
  • 19. Os três tempos da formação dos evangelhos sinóticos 3 – Critério do duplo testemunho (textos que se encontram em várias fontes) – Proclamação do Reino de Deus – Ceia Pascal – Algumas parábolas, milagres, paixão e morte 4 – Critério de coerência (quando a doutrina ou a acção está de acordo com os outros critérios) – Catequese oral e não lógico-racional (reino que já veio e ainda há-de vir). 19
  • 20. Os três tempos da formação dos evangelhos sinóticos 5 – Língua aramaica 6 – Critério da rejeição e execução – Pregação pouco ortodoxa quando comparada com a ortodoxia farisaica. 7 – Critério das origens cristãs (que só tem explicação se aceitarmos o dado histórico da vida de Jesus). 20
  • 21. Os três tempos da formação dos evangelhos sinóticos O Jesus da Tradição • Porque acreditam que Ele ressuscitou, depressa acreditam que Ele é mais do que um simples pregador, rabi e profeta, mas o Messias, o Filho de Deus e o Salvador. • Concluem que o plano (a glória e a sabedoria) de Deus sobre a humanidade atinge o seu objetivo em Jesus de Nazaré e a cruz foi indispensável. – Para tal vão reinterpretar as Esc. Sag. dos seus antepassados e encontram em Jesus o cumprimento das promessas aí feitas (Justo sofredor e Servo de 21 Javé).
  • 22. Os três tempos da formação dos evangelhos sinóticos O Jesus da Tradição • Logo a seguir ao mistério pascal, as primeiras cartas pastorais fazem o anúncio cristão, centrado na morte e ressurreição de Jesus. As cartas posteriores são essencialmente pastorais. • A salvação deixa de estar dependente do cumprimento da Lei de Moisés para depender da fé em Cristo. • Os principais problemas com este novo entendimento da salvação surgiram com os judeus que se converteram. 22
  • 23. Os três tempos da formação dos evangelhos sinóticos O Jesus da Tradição • Os evangelistas não foram testemunhas oculares de Jesus e pregaram segundo o que ouviram dizer dos feitos e das palavras de Jesus – tradição oral – colocaram na boca de Jesus aquilo que eles mesmo pregavam. • Tempo da Tradição = era apostólica = tempo dos enviados pelo próprio Jesus ou pelos chefes das Igrejas primitivas. • Apóstolos, profetas e doutores anunciam Jesus ressuscitado e a vida anterior à ressurreição passa a ser vista retrospetivamente à luz da ressurreição. 23
  • 24. Os três tempos da formação dos evangelhos sinóticos O Jesus da Tradição • A mudança da utilização da língua aramaica para a grega influenciou os evangelhos. • São do período da pregação e tradição apostólica as grandes condenações contra os fariseus. – Depois do ano 70 todos os outros grupos tinham desaparecido só restando aquele que expulsa os judeo-cristãos das sinagogas. • esta situação influenciou muito os evangelhos mais tardios – Mateus e João. 24
  • 25. Os três tempos da formação dos evangelhos sinóticos O Jesus da redação • Os evangelhos foram compostos com uma ordem lógica e não com uma ordem cronológica. • Os evangelistas foram verdadeiros autores e não simples compiladores de narrativas porque deram forma e sentido à sua investigação. • A redação final tem a ver com uma organização interna bem ordenada das tradições escritas e orais que os respetivos autores possuíam. 25
  • 26. Os três tempos da formação dos evangelhos sinóticos O Jesus da redação • Cada autor é também um teólogo quando direciona a sua tradição ou quando aplica o seu material próprio às mesmas tradições com fins ou objetivos específicos. • Cada autor apresenta material próprio e exclusivo, que nos dá a sua tónica catequética própria. • Lucas é o único que começa o seu evangelho com um prólogo – dedicado a Teófilo. Não é um historiador, mas apresenta a verdade da fé fundamentada em factos. 26
  • 27. Os três tempos da formação dos evangelhos sinóticos O Jesus da redação • Muita coisa foi escrita antes de Lucas, mas só nos chegou às mãos o Ev de Marcos e a Quelle. • Dava-se mais valor à tradição oral do que à palavra escrita. A catequese passava pela oralidade e não pela escrita. • Os cabeçalhos dos Ev só aparecem no principio do séc. III, por isso foi a Igreja que lhes atribuiu o autor. • A Igreja depende da tradição, mas a tradição fundamenta-se na apostolicidade dos autores. • Mateus e João têm uma forte carga anti-judaica. 27
  • 28. Os três tempos da formação dos evangelhos sinóticos As duas fontes • É a solução mais defendida, mesmo considerada como a única válida por alguns exegetas, mas não resolve todos os problemas. • 1ª Fonte – Ev de Marcos – o 1º a ser escrito e o que Lc e Mt tinham à mão e utilizaram como fonte (talvez seja anterior à Quelle). • 2ª Fonte – Quelle – constitui fonte para o material comum a Mt e Lc, mas não aparece em Mc. 28
  • 29. Os três tempos da formação dos evangelhos sinóticos As duas fontes • Tripla Tradição – Quando o mesmo material aparece nos 3 sinóticos. • Dupla Tradição – Quando o mesmo material aparece em Lc e Mt, mas não aparece em Mc. • Material redaccional do autor – Quando é exclusivo de cada um dos autores. 29
  • 30. Os três tempos da formação dos evangelhos sinóticos Prioridade de Marcos • Sempre que Mt e Lc estão de acordo com Mc, também concordam entre si, embora Mc possa concordar com um ou com outro ou com ambos em simultâneo. • Marcos nunca se refere em forma de profecia a acontecimentos que se terão passado posteriormente à ressurreição de Jesus, Lc usa muito este processo (ex.: destruição de Jerusalém). 30
  • 31. Os três tempos da formação dos evangelhos sinóticos Prioridade de Marcos • Lucas parece distinguir 2 gerações – a dos testemunhas oculares e a sua própria. • Mc não tem Ev da infância nem das aparições – Mt e Lc representam um desenvolvimento posterior duma cristologia ainda incipiente de Marcos. 31
  • 32. Os três tempos da formação dos evangelhos sinóticos Prioridade de Marcos • Mt é o Ev que contém mais discursos doutrinais e uma eclesiologia mais desenvolvida, sobretudo porque no cap. 16 há a promessa de Jesus a Pedro: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja. – Na época havia problemas com a sucessão de Pedro e o critério eclesial consistia na sucessão episcopal, na forma de realizar a liturgia, nas sentenças da fé e na explicação da mesma fé. 32
  • 33. Os três tempos da formação dos evangelhos sinóticos Prioridade de Marcos • Até meados do século XX Mateus foi o evangelho mais estudado e comentado. • Supunha-se que Marcos, por razões catequéticas, era uma versão mais simples do evangelho de Mateus. – Isto porque Mateus e Lucas estavam de acordo entre si e em desacordo com Marcos (acordos menores). 33
  • 34. Os três tempos da formação dos evangelhos sinóticos A fonte Quelle • Admite-se a existência desta fonte devido à quantidade e ao tipo de material nos evangelhos de Mt e Lc e também pelo critério dos duplicados – as mesmas palavras de Jesus aparecerem em dois lugares distintos. • Era uma fonte escrita em grego e não uma fonte oral, essencialmente doutrinal, com apenas três pequenas narrativas, mas foi trabalhada diferentemente pelos dois autores, ou foram utilizadas duas cópias diferentes. 34
  • 35. Os três tempos da formação dos evangelhos sinóticos A fonte Quelle • Deve ter nascido depois do ano 70 por causa dos apóstolos itinerantes, para os ajudar na evangelização,. • Mateus e Lucas usam-na como complemento do anúncio pascal da pregação de Paulo e do evangelho de Marcos. 35
  • 36. Os três tempos da formação dos evangelhos sinóticos A fonte Quelle • A sua formação final pode pertencer a uma comunidade particular, a um escritor cristão individual ou a um grupo. • Refere-se muito ao juízo de Deus e insiste em avisos relativos a uma vinda iminente do Filho do Homem. • O A. T. é interpretado profeticamente. Mas apesar da forte ligação à última vinda, também tem textos contra essa paranóia. 36
  • 37. Género literário “evangelho” • Marcos foi o primeiro a escrever um evangelho, terá sido ele o autor deste género literário. • Evangelho é o anúncio da Boa-Nova descrito em narrativa histórica que tem por personagem principal Jesus de Nazaré. • Em Marcos, evangelho e Jesus já são sinónimos e acreditar no Evangelho é o mesmo que acreditar em Jesus. • Esta literatura é fruto das necessidades pastorais das diversas Igrejas cristãs formadas após a Páscoa cristã entre 33 e 100 d.C. – é o resultado de uma vivência. 37
  • 38. Género literário “evangelho” • É uma literatura funcional – existe em função das comunidades e arranca da vida dessas mesmas comunidades – são as Igrejas que dão origem aos escritos. • Os Evangelhos nascem em ambientes de internacionalismo cultural e por isso reproduzem as formas culturais de então. • Nunca pretenderam ser crónicas ou biografias. 38
  • 39. Género literário “evangelho” • Têm duas partes: 1. Jesus é pregador, profeta e rabi – é seguido por muito povo. 2. Deixa de pregar e fazer milagres, entrega-se aos discípulos, fala-lhes da servidão. • É Paulo que apresenta o evangelho do anúncio cristão. • Os evangelistas não foram testemunhas oculares de Jesus, mas isso em nada prejudica a veracidade dos factos. O que importa é saber de que tipo de veracidade se trata. 39
  • 40. Género literário “evangelho” • Os evangelhos não devem ser lidos a partir das origens, mas do fim – da Ressurreição para trás. • A narrativa tem a ver com a vida de Jesus e não apenas com o seu pensamento – os evangelhos não são um conhecimento para especialistas, mas um apelo à fé na pessoa de Jesus, em tudo o que Ele disse e fez. • A utilização do midrache (história romanceada com pouca precisão) destina-se a acentuar a mensagem que se pretende comunicar. 40
  • 41. A mensagem fundamental de Jesus: “O Reino de Deus” • Os milagres de Jesus devem ser interpretados à luz da sua mensagem sobre o Reino de Deus. • Os milagres são sinais da vinda do reino – o Reino de Deus vai chegar / o Reino já chegou. • Os judeus esperavam outro tipo de reino, esperavam uma acção concreta (a independência, a expulsão dos romanos ) de Deus. • Para que as pessoas percebessem as suas palavras e ações, Jesus pedia-lhes que se convertessem – essa conversão era acreditar na Boa-Nova. 41
  • 42. A mensagem fundamental de Jesus: “O Reino de Deus” • Proclamar o reino de Deus e acreditar no evangelho é acreditar em Cristo (na pessoa de Jesus, ao contrário dos profetas que pediam que acreditassem na sua mensagem e não neles). • João Batista manda perguntar se é Ele O que há-de vir e a resposta é para “verem que os coxos andam, os cegos veem...” (quando vier o Messias todos os doentes serão curados). • Jesus pregou usando as parábolas, num ambiente cultural dominado pela febre do fim do mundo, da qual faz parte João Batista. 42
  • 43. A mensagem fundamental de Jesus: “O Reino de Deus” • Jesus falou sempre de forma afirmativa ou então usou uma linguagem simbólica: “semelhante à semente deitada à terra”, “a um banquete”… – Era entendido que no fim dos tempos é que viria o Reino de Deus – tempo de tribulação para Israel. – O Reino de Deus seria entendido como a idade final da paz e bem-aventurança. 43
  • 44. Os constituintes evangélicos do Reino Parábolas e discursos • É Jesus, a sua vida e ação marcam o ritmo de compreensão das parábolas do Reino. • As parábolas eram a forma de Jesus responder aos judeus e aos samaritanos. • As parábolas estão segundo o Espírito de Jesus, mas Ele não as terá dito exatamente como estão transcritas porque os parabolistas escreveram já influenciados pela vida concreta da Igreja. 44
  • 45. Os constituintes evangélicos do Reino Parábolas e discursos • Através das parábolas Jesus apresenta Deus como Pai e a si próprio como filho: – Parábola do Bom Samaritano; Parábola do publicano e do fariseu. • Os interlocutores ao ouvirem Jesus falar da vinda do Reino, esperam que esse Reino se manifeste segundo as suas mentalidades… mas nada acontece. 45
  • 46. Os constituintes evangélicos do Reino Parábolas e discursos • Jesus foi o criador das parábolas. Elas foram a forma de Ele responder aos fariseus e aos samaritanos. – O Talmude e a Mischná também utilizam as parábolas, mas depois de Jesus. • As parábolas estão apenas nos sinóticos. Não existem em João. – A parábola do Bom Pastor, em João, é mais uma comparação. Na parábola a semelhança resume-se ao que é universalmente válido. 46
  • 47. Os constituintes evangélicos do Reino Parábolas e discursos • A parábola refere-se a um acontecimento isolado, enquanto a alegoria é composta por muitas imagens. Cada frase é uma imagem. • Em Mateus fala-se de servos (profetas), de um rei (Deus). Maltratam os servos. Os agressores são Israel – isto tem a ver com a ruína de Jerusalém no ano 70. Mateus é mais alegórico, Lucas é mais parabólico. 47
  • 48. Os constituintes evangélicos do Reino Parábolas e discursos • Mateus apresenta sempre a gratuidade de Deus. • Para ele também os pobres são filhos de Deus e há até uma predileção de Jesus por eles que pensavam que não tinham acesso ao Reino. • Jesus teria explicado particularmente as parábolas aos seus discípulos ou terá sido a Igreja nascente a explicálas na fase de redação final do texto? 48
  • 49. Os constituintes evangélicos do Reino Parábolas e discursos • Com a parábola do Bom Pastor parece haver uma inversão dos valores. – O pai tem alegria por reencontrar a ovelha perdida, mas não esqueceu as outras. Meter-se na pele do Pai é perdoar como o Pai perdoa. • Mc 4,10-12 – O porquê das parábolas – “A vós é dado conhecer o mistério, mas aos que estão de fora…”. – Os judeus não se convertiam – a maioria não acreditou em Isaías e agora não acredita em Jesus. 49
  • 50. Os constituintes evangélicos do Reino Parábolas e discursos • O fundamental da parábola é necessariamente Jesus e encontra-se Jesus nas parábolas quando se vê a inversão dos valores habitualmente aceites: – Mc 4,1-9 / Lc 8 – Parábola do Semeador – Jesus inventa histórias de acordo com o que as pessoas conhecem e todos entendem. • Houve algum fracasso por parte do semeador. Jesus falava, mas poucos o entendiam e Ele fazlhes essa crítica. O tempo da ceifa tem a ver com o julgamento de Deus – é o juízo final. 50