Professor Herbert Galeno
Michel Foucalt (1926-
1984)
Paul-Michel Foucalt nasceu
na França em 1926; foi
influenciado pelos estudos
linguísticos de Fernand de
Saussure, pelos trabalhos de
Nietzche, Martin Heidegger,
Sigmund Freud e Karl Marx.
O Arqueólogo do saber
Foucalt foi um severo crítico da
tradição moderna, pretendendo
fundar um conhecimento calcado
em reflexões sobre a ética e a
política à luz de estudos
históricos.
Admitia que seu trabalho estava
mais ligado à história da cultura
do que da filosofia tradicional.
Foucalt tinha especial interesse pela investigação histórico-filosófica acerca da
objetivação dos indivíduos no Ocidente. Como principal foco de seus estudos,
dividiu em três modos de objetivação do ser humano.
Primeiro modo de objetivação
 Diz respeito a pesquisa humana que tenta atingir
um patamar de ciência, como é o caso da filosofia
(linguística), na construção de um discurso de
“verdade”. A esse modo Foucalt denominou de
“arqueologia do saber”.
Segundo modo de objetivação
 Concerne às chamadas “práticas
divisórias” no interior da sociedade que,
baseadas no discurso de “verdade”, visam
estabelecer, por exemplo, o normal e o
anormal. A esse modo de objetivação o
filósofo denominou de “genealogia do
poder”.
Terceiro modo de objetivação
 Este está relacionado ao indivíduo como
sujeito, mais precisamente como se
reconhecem como sujeitos de desejos e atuam,
assumem comportamentos sob as linhas de
força constituídas na sociedade, ao qual
denominou de “analítica-interpretativa” da
ética.
Os três domínios se articulam na definição da vida. O
primeiro corresponde ao saber, o segundo ao poder e o
terceiro à posição do indivíduo objetivado socialmente.
De acordo com o filósofo, há uma perpétua articulação do poder
com o saber e do saber com o poder; o exercício do poder cria
necessariamente novos tipos de saber e o saber, por sua vez,
reconduz os efeitos de poder.
Trata-se de uma relação de poder que não fica restrita ao estado, mas está
disseminada na sociedade. Foucalt recusa-se a acreditar no conceito clássico, ou
seja, o Estado como o centralizador do poder. O poder é visto como uma prática
social, ocorrendo em qualquer nível de relação como forma de manutenção de
certa organização.
O poder e a “multiplicidade de
correlações de força”
 O poder não é uma instituição nem uma estrutura, tampouco uma
potência de que alguns sejam dotados.
 É, de fato, uma situação estratégica complexa em uma determinada sociedade.
O que o poder não é
Primeiro
 Não se pode conceber o poder como
um conjunto de instituições e aparelhos
garantidores da sujeição dos indivíduos
em um Estado determinado.
Segundo
 O poder não deve ser concebido como
um modo de sujeição que, por oposição
à violência, tenha a forma da regra.
Terceiro: o poder não deve ser entendido como “um sistema
geral de dominação exercida por um elemento ou grupo sobre o
outro e cujos efeitos, por derivações sucessivas, atravessem o
corpo social inteiro”.
Então o que vem a
ser a Microfísica
do poder???
Nas palavras do próprio
Foucalt ...
Ora, o estudo desta microfísica supõe que o poder nela exercido não seja
concebido como uma propriedade, mas como uma estratégia, que seus
efeitos de dominação não sejam atribuídos a uma apropriação, mas a
disposições, a manobras, a táticas, a técnicas, a funcionamentos que se
desvende nele antes uma rede de relações sempre tensas, sempre em
atividade, do que um privilégio que se pudesse deter; ...
FOUCALT, Michel. Vigiar e Punir. História da violência nas prisões. Petrópolis: Vozes, 1975. p 29.
... que seja dado como modelo antes da batalha perpétua do que o
contrato que faz uma cessão ou uma conquista que se apodera de um
domínio. Temos em suma que esse poder se exerce mais do que se
possui, que não é “privilégio” adquirido ou conservado da classe
dominante, mas o efeito de conjunto de suas posições estratégicas –
efeito manifestado e às vezes reconduzido pela posição dos que são
dominados.
FOUCALT, Michel. Vigiar e Punir. História da violência nas prisões. Petrópolis: Vozes, 1975. p 29.
Nesse sentido Foucalt tese uma crítica aos pensamento de
Karl Marx
Para Marx a noção de poder
somente pode ser exercida pelo
Estado.
O Estado é apenas uma das
pontas, talvez a mais visível por
onde se exerce o poder, mas sua
constituição é uma derivação das
relações dos micropoderes que
instituem a sociedade.
O caráter jurídico ou legal do poder
 Para o filósofo a lei tem uma tripla função:
1. Conceber o poder como algo homogêneo;
2. Instituir a ordem por negação (censura: “não
deves”);
3. Constituir o poder como um “ato de fala”, como
uma interdição;
 O que escapa disso e que deve ser compreendido é
que o poder se institui por consentimento, por
obediência e não apenas por imposição estatal ou
jurídica.
Professor: Herbert Galeno
O disciplinamento dos corpos
 Foucalt percebeu, ao apreciar a
microfísica do poder, a
disciplinarização dos corpos.
Afinal, toda estratégia de
organização social somente é
possível através do corpo.
 Essa estratégia ficou conhecida
como micropoder.
O Biopoder
 Se os micropoderes disciplinavam
os corpos individuais, o Estado
passaria a realizar políticas de
disciplinamento do corpo social
como um todo, nascendo assim o
biopoder.
Mas, como o estado faria isso?
 Por meio de discursos sobre a verdade, fundamentados na ciência e na
racionalidade operante.
 Assim, em nome da vida e de sua preservação instituíram-se políticas
de eliminação e erradicação de ameaças a esta ou aquela sociedade.
O discurso em defesa da vida, aceito como verdade, ceifou milhões de pessoas ou
excluiu-as da vida social.
O nazismo
Exemplo notório do biopoder
encontra-se na experiência do
extermínio em massa de judeus
nos campos de concentração
nazista. O discurso de limpeza
racial, de defesa do espaço vital
da “raça ariana” impunha a
eliminação de dos judeus,
considerados “inferiores”.
27/01/1945. Auschwitz foi o
maior e mais terrível campo
de extermínio do regime de
Hitler. Nas suas câmaras de
gás e crematórios foram
mortas pelo menos um
milhão de pessoas. No auge
do Holocausto, em 1944,
eram assassinadas seis mil
pessoas por dia. Auschwitz
tornou-se sinônimo do
genocídio de judeus e tantos
outros grupos perseguidos
pelos nazis.
Fonte: https://ocaisdamemoria.com
O Stailinismo
Stalin matou e perseguiu
milhões de pessoas que não
concordavam com o regime
soviético ou, que eram contra o
seu governo. É considerado
por muitos estudiosos como o
maior genocida da história.
Outros exemplos de biopoder
 O Fascismo italiano, a ditadura militar no Brasil, o racismo, entre
outros.
Para Foucalt, as experiências totalitárias do século XX eram as
formas mais acabadas do biopoder. Afinal, violências foram
praticadas em nome de discursos sobre a verdade contra
populações e a guerra se tornou a forma de afirmação da vida em
uma escala nunca antes vista. O Nazismo, o Fascismo e o
Stalinismo seriam as formas mais visíveis do Biopoder.
A adesão da população
O mais importante do biopoder é o que se
faz num contexto de adesão das
populações, pois há uma articulação entre
o poder e o saber.
O discurso do saber confere força à ação
de extermínio. Afinal, ninguém
questionará ações que são para a salvação,
para a preservação da vida.
O racismo, nesse sentido, foi a maior
expressão da violência do biopoder nos
séculos XIX e XX.
Agora, vamos às atividades.

Michel Foucalt e o biopoder

  • 1.
  • 2.
    Michel Foucalt (1926- 1984) Paul-MichelFoucalt nasceu na França em 1926; foi influenciado pelos estudos linguísticos de Fernand de Saussure, pelos trabalhos de Nietzche, Martin Heidegger, Sigmund Freud e Karl Marx.
  • 3.
    O Arqueólogo dosaber Foucalt foi um severo crítico da tradição moderna, pretendendo fundar um conhecimento calcado em reflexões sobre a ética e a política à luz de estudos históricos. Admitia que seu trabalho estava mais ligado à história da cultura do que da filosofia tradicional.
  • 4.
    Foucalt tinha especialinteresse pela investigação histórico-filosófica acerca da objetivação dos indivíduos no Ocidente. Como principal foco de seus estudos, dividiu em três modos de objetivação do ser humano.
  • 5.
    Primeiro modo deobjetivação  Diz respeito a pesquisa humana que tenta atingir um patamar de ciência, como é o caso da filosofia (linguística), na construção de um discurso de “verdade”. A esse modo Foucalt denominou de “arqueologia do saber”.
  • 6.
    Segundo modo deobjetivação  Concerne às chamadas “práticas divisórias” no interior da sociedade que, baseadas no discurso de “verdade”, visam estabelecer, por exemplo, o normal e o anormal. A esse modo de objetivação o filósofo denominou de “genealogia do poder”.
  • 7.
    Terceiro modo deobjetivação  Este está relacionado ao indivíduo como sujeito, mais precisamente como se reconhecem como sujeitos de desejos e atuam, assumem comportamentos sob as linhas de força constituídas na sociedade, ao qual denominou de “analítica-interpretativa” da ética.
  • 8.
    Os três domíniosse articulam na definição da vida. O primeiro corresponde ao saber, o segundo ao poder e o terceiro à posição do indivíduo objetivado socialmente. De acordo com o filósofo, há uma perpétua articulação do poder com o saber e do saber com o poder; o exercício do poder cria necessariamente novos tipos de saber e o saber, por sua vez, reconduz os efeitos de poder.
  • 9.
    Trata-se de umarelação de poder que não fica restrita ao estado, mas está disseminada na sociedade. Foucalt recusa-se a acreditar no conceito clássico, ou seja, o Estado como o centralizador do poder. O poder é visto como uma prática social, ocorrendo em qualquer nível de relação como forma de manutenção de certa organização.
  • 10.
    O poder ea “multiplicidade de correlações de força”  O poder não é uma instituição nem uma estrutura, tampouco uma potência de que alguns sejam dotados.  É, de fato, uma situação estratégica complexa em uma determinada sociedade.
  • 11.
    O que opoder não é Primeiro  Não se pode conceber o poder como um conjunto de instituições e aparelhos garantidores da sujeição dos indivíduos em um Estado determinado. Segundo  O poder não deve ser concebido como um modo de sujeição que, por oposição à violência, tenha a forma da regra. Terceiro: o poder não deve ser entendido como “um sistema geral de dominação exercida por um elemento ou grupo sobre o outro e cujos efeitos, por derivações sucessivas, atravessem o corpo social inteiro”.
  • 12.
    Então o quevem a ser a Microfísica do poder???
  • 13.
    Nas palavras dopróprio Foucalt ...
  • 14.
    Ora, o estudodesta microfísica supõe que o poder nela exercido não seja concebido como uma propriedade, mas como uma estratégia, que seus efeitos de dominação não sejam atribuídos a uma apropriação, mas a disposições, a manobras, a táticas, a técnicas, a funcionamentos que se desvende nele antes uma rede de relações sempre tensas, sempre em atividade, do que um privilégio que se pudesse deter; ... FOUCALT, Michel. Vigiar e Punir. História da violência nas prisões. Petrópolis: Vozes, 1975. p 29.
  • 15.
    ... que sejadado como modelo antes da batalha perpétua do que o contrato que faz uma cessão ou uma conquista que se apodera de um domínio. Temos em suma que esse poder se exerce mais do que se possui, que não é “privilégio” adquirido ou conservado da classe dominante, mas o efeito de conjunto de suas posições estratégicas – efeito manifestado e às vezes reconduzido pela posição dos que são dominados. FOUCALT, Michel. Vigiar e Punir. História da violência nas prisões. Petrópolis: Vozes, 1975. p 29.
  • 16.
    Nesse sentido Foucalttese uma crítica aos pensamento de Karl Marx Para Marx a noção de poder somente pode ser exercida pelo Estado. O Estado é apenas uma das pontas, talvez a mais visível por onde se exerce o poder, mas sua constituição é uma derivação das relações dos micropoderes que instituem a sociedade.
  • 17.
    O caráter jurídicoou legal do poder  Para o filósofo a lei tem uma tripla função: 1. Conceber o poder como algo homogêneo; 2. Instituir a ordem por negação (censura: “não deves”); 3. Constituir o poder como um “ato de fala”, como uma interdição;  O que escapa disso e que deve ser compreendido é que o poder se institui por consentimento, por obediência e não apenas por imposição estatal ou jurídica.
  • 18.
  • 19.
    O disciplinamento doscorpos  Foucalt percebeu, ao apreciar a microfísica do poder, a disciplinarização dos corpos. Afinal, toda estratégia de organização social somente é possível através do corpo.  Essa estratégia ficou conhecida como micropoder.
  • 20.
    O Biopoder  Seos micropoderes disciplinavam os corpos individuais, o Estado passaria a realizar políticas de disciplinamento do corpo social como um todo, nascendo assim o biopoder.
  • 21.
    Mas, como oestado faria isso?  Por meio de discursos sobre a verdade, fundamentados na ciência e na racionalidade operante.  Assim, em nome da vida e de sua preservação instituíram-se políticas de eliminação e erradicação de ameaças a esta ou aquela sociedade.
  • 22.
    O discurso emdefesa da vida, aceito como verdade, ceifou milhões de pessoas ou excluiu-as da vida social.
  • 23.
    O nazismo Exemplo notóriodo biopoder encontra-se na experiência do extermínio em massa de judeus nos campos de concentração nazista. O discurso de limpeza racial, de defesa do espaço vital da “raça ariana” impunha a eliminação de dos judeus, considerados “inferiores”.
  • 24.
    27/01/1945. Auschwitz foio maior e mais terrível campo de extermínio do regime de Hitler. Nas suas câmaras de gás e crematórios foram mortas pelo menos um milhão de pessoas. No auge do Holocausto, em 1944, eram assassinadas seis mil pessoas por dia. Auschwitz tornou-se sinônimo do genocídio de judeus e tantos outros grupos perseguidos pelos nazis. Fonte: https://ocaisdamemoria.com
  • 25.
    O Stailinismo Stalin matoue perseguiu milhões de pessoas que não concordavam com o regime soviético ou, que eram contra o seu governo. É considerado por muitos estudiosos como o maior genocida da história.
  • 26.
    Outros exemplos debiopoder  O Fascismo italiano, a ditadura militar no Brasil, o racismo, entre outros.
  • 27.
    Para Foucalt, asexperiências totalitárias do século XX eram as formas mais acabadas do biopoder. Afinal, violências foram praticadas em nome de discursos sobre a verdade contra populações e a guerra se tornou a forma de afirmação da vida em uma escala nunca antes vista. O Nazismo, o Fascismo e o Stalinismo seriam as formas mais visíveis do Biopoder.
  • 28.
    A adesão dapopulação O mais importante do biopoder é o que se faz num contexto de adesão das populações, pois há uma articulação entre o poder e o saber. O discurso do saber confere força à ação de extermínio. Afinal, ninguém questionará ações que são para a salvação, para a preservação da vida. O racismo, nesse sentido, foi a maior expressão da violência do biopoder nos séculos XIX e XX.
  • 29.
    Agora, vamos àsatividades.