1. Instituto Politécnico de Setúbal
Escola Superior de Saúde
15º Curso de Licenciatura em Enfermagem
Unidade Curricular: Enfermagem VII- Criança e Adolescente
3º Ano | 1º Semestre
2. Ficha técnica
Responsável de Unidade Curricular:
Patrícia Argüello
Discentes:
Adriana Guiomar nº 140528004
Ana Duarte nº 140528010
Guilherme Teixeira nº 140528002
Pedro Barata nº 140528050
Sara Brito nº 140528020
4. 4
Nota Introdutória
Os pais acompanham a criança durante muito mais tempo do
que os profissionais de saúde, sendo que convivem com ela no meio
onde a mesma se expressa de forma livre (Direção-Geral de Saúde,
2013). Deste modo, é essencial que os pais consigam identificar as
rotinas e as atividades lúdicas habituais dos seus filhos.
Neste manual iremos apresentar algumas sugestões de
brincadeiras apropriadas a certas idades sendo que os pais devem
estimular os seus filhos através das mesmas, estando assim a
proporcionar um desenvolvimento adequado e propício dos mesmos.
Os objetivos deste manual destinam-se ao fornecimento de
informação e ensino aos pais acerca de ações destinadas à criança,
para que esta possa atingir o máximo das suas potencialidades ao
longo do seu processo de desenvolvimento.
5. 5
Desenvolvimento por meio de atividades lúdicas
Brincar é o trabalho das crianças segundo os especialistas em
desenvolvimento e comportamento infantil, sendo uma forma natural
de aprendizagem e possibilitam a oportunidade ao latente de explorar
o seu ambiente, praticar novas habilidades e resolver problemas.
À medida que as crianças vão
crescendo, os brinquedos devem
ser escolhidos de acordo com as
habilidades motoras ou de
linguagem que estas estão a
desenvolver (Kyle, T., 2011).
As brincadeiras não devem
ser forçadas, nem proibidas, ou com
diferenciação de brinquedos exclusivos para menino ou menina.
(Ordem dos Enfermeiros, 2010).
“Os lactentes precisam que se brinque com eles, não
apenas que lhes seja permitido brincar” (Hockenberry &
Wilson, 2014, p.506).
6. 6
Os pais devem ter em conta a segurança, a durabilidade, o
ruído, o interesse e a adequação do mesmo à idade e ao
temperamento da criança, aquando a escolha dos brinquedos
(Ordem dos Enfermeiros, 2010).
No quadro abaixo apresentamos sugestões de brinquedos
tendo em conta as idades e a área a estimular.
Idade
(meses)
Estimulação
Visual
Estimulação
Auditiva
Estimulação
Tátil
Estimulação
Cinética
6-12
Blocos coloridos;
Caixas de encaixar;
Livros com imagens
coloridas;
Brinquedos
desmontáveis;
Bolas; Puzzles;
Caixas Surpresa
Chocalhos de
vários
tamanhos e
cores; Discos
com música
calma e
ritmada
Brinquedos
variados e com
diferentes texturas
(Ex: esponja,
flutuantes, para
apertar, para os
dentes, entre
outros)
Caixa de
atividades
para o berço;
Brinquedos
de empurrar e
puxar
(Hockenberry & Wilson, 2014).
7. 7
O quadro abaixo representa uma lista de atividades lúdicas
apropriadas para o estádio de desenvolvimento do lactente em
termos de aquisições motoras, linguísticas e pessoal-sociais.
Idade
(meses)
Estimulação
Visual
Estimulação
Auditiva
Estimulação
Tátil
Estimulação
Cinética
6-9
Oferecer ao
lactente
brinquedos
grandes com
cores vivas,
partes
movíveis e que
façam barulho;
Jogar ao cu-cu;
Chamar a criança
pelo seu nome;
dizer palavras
comuns como
“papá, mamã,
adeus”; Apontar
para partes
corporais,
pessoas e
alimentos;
Providenciar à
criança
brinquedos e
alimentos de
várias texturas,
cubos de
arestas
redondas
(Ordem dos
Enfermeiros,
2010);
Colocar a criança
em posição ereta,
de forma a
suportar o seu
peso e procurar
equilíbrio;Colocar
os brinquedos
fora do alcance,
encorajando o
lactente a
procura-los;
(Hockenberry & Wilson, 2014)
8. 8
(Hockenberry & Wilson, 2014)
Idade
(meses)
Estimulação
Visual
Estimulação
Auditiva
Estimulação
Tátil
Estimulação
Cinética
9-12
Mostrar
imagens de
grandes
dimensões em
livros;
Demonstrar
como construir
torres de 2
blocos.
Imitar sons
produzidos pelos
animais;
Ler rimas infantis.
Oferecer
alimentos de
diferentes
texturas para
comer com os
dedos, deixá-lo
misturar e
esmagar a
comida.
Providenciar ao
lactente
brinquedos de
grandes
dimensões de
empurrar e puxar.
9. 9
Desenvolvimento Motor da Criança
É fundamental que os pais tenham o conhecimento das diversas
etapas do desenvolvimento motor de uma criança, dado que vão
acompanhar, estimular e detetar precocemente qualquer alteração
no mesmo. (De Carvalho, 2011).
Até aos seis meses a criança já possui:
Controlo total da cabeça.
Leva os braços na linha média do seu corpo, tocando os
joelhos e os pés.
Senta-se com apoio.
Vira a cabeça de um lado para o outro, olhando em redor,
vira a cabeça quando ouve barulho, procura os pais com o
olhar, perseguindo-os com o seu olhar enquanto estes se
movimentam.
Inclina o corpo para a frente apoiando-se nas mãos.
(Sharma & Frost, 2001).
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Recomendações aos pais:
• Quando a criança é pegada ao colo, deve ser estimulada a ficar com o
rosto voltado para o lado de fora, de forma a aumentar a estimulação visual
e objetos;
• Ao deitar a criança, devem ser utilizadas grades para a segurança da
mesma, sendo que a existência de um móbile colorido e brilhante a vai
cativar;
• Durante o banho, é essencial a participação da criança; Os melhores
brinquedos são aqueles que emitem diferentes sons, e que têm
consistências diferentes, sendo que também o seu próprio corpo é
bastante explorado, brincando com as mãos e com os pés com frequência;
• Por fim, é importante que a criança seja colocada no chão de forma a
permitir que esta explore o ambiente desenvolvendo assim a sua atividade
motora.
(De Carvalho, 2011).
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Dos sete aos novos meses a criança já possui:
Preensão palmar, o que faz com que agarre e largue
os objetos de forma incessante, sendo que reconhece
também o meio onde se encontra bem como as
pessoas que a cercam.
Vinculação materna, ou ao seu principal cuidador, o
que faz com que quando este se ausenta se sintam
inseguros e mostrem alguma angústia.
Passa da postura de bruços, para sentada, e de
sentada para de pé.
Começa o gatinhar, conseguindo ficar nessa posição
e exercer força.
Já se senta de forma autónoma, sendo que fica com
os braços livres para brincar.
Começa a ficar de pé, mas com apoio em algum
objeto, transferindo o peso do corpo para os pés
(De Carvalho, 2011).
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Recomendações para os pais
• Quando se senta pelas primeiras vezes, é necessário verificar se esta já
possui equilíbrio suficiente para tal, estimulando a que a criança encontre
o seu ponto de equilíbrio o que vai permitir que posteriormente fique
sentada sozinha;
• Quando a criança é vestida, devem ser selecionadas roupas que não
limitem o seu movimento;
• No banho, e visto que está já se consegue manter sentada, deve ser
estimulada a participação no lavar e no secar, começando a mostrar a
ensinar as diferentes partes do corpo para a mesma;
• Durante as refeições, reveste-se de extrema importância que esta tente
comer sozinha, mesmo que se suje, mas sempre com a supervisão dos
pais, sendo que estes devem ensinar a forma correta de o fazer;
• Em relação aos brinquedos, é adequado que haja uma grande
diversidade de texturas, tamanhos e cores
(De Carvalho, 2011).
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Do décimo ao décimo segundo mês, a criança:
Vontade de realizar tudo sozinha, sendo que começa
a demonstrar algum sentido de autonomia e de
experimentação motora.
Compreende tudo o que lhe é dito, sendo que
responde às ordens que lhe são dadas.
Já se levanta sozinha, com o auxilio de um objeto
onde se apoia, sendo que esta postura é aperfeiçoada
e começa também a caminhar e ao inicio anda com
os braços e pernas abertos para ter mais equilíbrio
(De Carvalho, 2011).
Pode gatinhar as escadas, andar agarrado ao
mobiliário, levantando um pé, caminha em frente e
para os lados com suma ou ambas as mãos seguras,
podendo permanecer sozinho por alguns minutos
(Sharma & Frost, 2001, P.17).
14. 14
Recomendações aos pais
• Observar a forma como a criança de move, se arrastando ou andando,
e neste último caso se esta apoia totalmente os pés no chão;
• Retirar do ambiente onde esta se encontra, objetos que possam causar
alguma lesão não intencional;
• Proporcionar que a criança experimente diversas texturas de chão,
como por exemplo, areia ou um tapete, de forma que sejam estimulados
os seus sentidos e a sua percepção, mas também o seu equilíbrio;
• Não utilizar andarilhos, pois é perigoso, tirando à criança a percepção
do meio ambiente, tirando o movimento natural da criança, no entanto
a utilização de brinquedos como carrinhos que podem ser empurrados,
estimula a criança a andar;
• Encorajar a que a criança ande sem ajuda, sendo que os pais devem
estar sempre por perto, incentivando-a e impedido que haja quedas.
(De Carvalho, 2011).
•
.
15. 15
Sinais de Alerta
É importante o conhecimento e a identificação de alguns sinais de alarme
pelos pais, sendo que deve existir uma posterior reavaliação mais cuidada em
conjunto com um profissional de saúde (Castelo & Fernandes, 2009).
Sexto mês
Postura e motricidade global:
Visão, motricidade fina e funções cognitivas:
Audição e Linguagem:
Comportamento e adaptação social:
(Castelo & Fernandes, 2009).
Ausência do
controlo da cabeça
Não se senta (com
apoio)
Os membros
inferiors rígidos.
Passa diretamente à
posição de pé
quando se tenta
sentar
O reflexo de
extrusão está
mantido
Não apoia os pés
no chão
Postura demasiado
rígida ou
demasiado mole.
Assimetrias
Não segue
objetos
Não agarra
objetos com as
duas mãos
Estrabismo
(manifesto e
constante)
Não responde à voz
Não responde ao
seu nome
Não vocaliza
Não gosta de estar
ao colo de ninguém
Irritabilidade
permanente
Inconsolável
Não sorri, não dá
gargalhadas, nem
tenta chamar a
atenção do adulto
Desinteresse pelo
ambiente que o
rodeia
16. 16
Nono mês
Postura e motricidade global:
Visão, motricidade fina e funções cognitivas:
Audição e Linguagem:
Comportamento e adaptação social:
(Castelo & Fernandes, 2009).
Não se senta sem
apoio
Não estende os
braços
Não levanta a
cabeça
Quando está
sentado não usa as
mãos para brincar
Não rola quando
posicionado de
barriga para baixo
Permanece imóvel
e não procura
mudar de posição
Não transfere
objetos de uma
mão para a outra
Não leva objetos à
boca
Não tem preensão
palmar
Engasga-se com
extrema facilidade
Estrabismo
Não reage aos sons
Vocaliza de forma monotona
ou não vocaliza
Apático
Não reconhece os
familiares
Não imita
17. 17
Décimo Segundo mês
Postura e motricidade global:
Visão, motricidade fina e funções cognitivas:
Audição e Linguagem:
Comportamento e adaptação social:
(Castelo & Fernandes, 2009).
Não se levanta
sozinho
Não gatinha (ou
outra forma de se
mover equivalente)
Não aguenta com o
seu peso nas
pernas
Permanece imóvel
não procurando
mudar de posição
Assimetrias
Ausência de uso de
gestos simples:
Apontar e abanar a
cabeça
Não bate dois
objetos um no outro
Não tem
permanência do
objeto
Não aponta para
objetos
Não pega nos
brinquedos, ou fá-lo
com uma só mão
Não mastiga
Sobressalto ao minimo
ruído
Não diz nenhuma
palavra
Não responde á voz
Não faz gestos
simples como dizer
adeus ou abanar a
cabeça
Não brinca, nem
estabelece contacto
Apática
18. 18
Referências
De Carvalho, M. V. P. (2011) O Desenvolvimento Motor Normal da Criança de
0 à 1 ano: Orientações para Pais e Cuidadores. (Dissertação de Mestrado).
Fundação Oswaldo Aranha: Centro Universitário de Volta Redonda, Ciências da
Saúde e do Meio Ambiente. Volta Redonda, Rio de Janeiro.
Castelo, T. M. & Fernandes, B. (2009). Sinais de alarme em de Saúde Infantil.
P. 12-17. Disponível em:
http://saudeinfantil.asic.pt/download.php?article_id=61
Direção-Geral de Saúde (2013). Programa Nacional Saúde Infantil e Juvenil.
Lisboa.
Acesso em Novembro 24, 2016. Disponível em:
http://www.spp.pt/UserFiles/file/EVIDENCIAS%20EM%20PEDIATRIA/DGS_01
0_2013-05.2013.pdf
Hockenberry, M. J. & Wilson, D. (2014). Wong, Enfermagem da Criança e do
Adolescente. 9ª Edição. Lusociência: Loures.
Kyle, T. (2011). Enfermagem Pediátrica. Guanabara Koogan: Rio de Janeiro.
Ordem dos Enfermeiros. (2010). Guia Orientador de Boa Prática em
Enfermagem de
Saúde Infantil e Pediátrica. Volume I. Ordem dos Enfermeiros.
Sharma, A. & Frost, M. (2001) Mary Sheridan’s From Birth to Five years:
Childrens developmental progress. Routledge: New York.
Imagens:
Banco de imagens ShutterStock. (2016). Instituto Politécnico de Setúbal:
Escola Superior de Saúde. Setúbal. Disponível em:
https://www.shutterstock.com/
20. 20
“Por vezes, os pais pensam que é preciso
dar-lhes o mundo, mas muitas vezes,
esquecem-se que para elas, o mundo são
eles mesmos. E isso é o que as crianças
verdadeiramente precisam.”
(Ordem dos Enfermeiros, 2010, p.91).