2. Introdução
CONTEÚDO e FORMA são componentes O resultado final está na interação das
básicos e irredutíveis de todos os meios. polaridades:
1º as forças
Conteúdo é a mensagem,ou seja, o que é do conteúdo = mensagem e significado
direta ou indiretamente expresso, o caráter da forma = design, meio e ordenação
da informação.
Na comunicação visual o conteúdo nunca 2º o efeito recíproco
está dissociado da forma. Muda sutilmente do articulador = designer, artista ou
de um meio a outro e de um formato a artesão
outro, adaptando-se às circunstâncias de do receptor = público
cada um.
Uma mensagem é composta tendo em
vista um objetivo: contar, expressar,
explicar, dirigir, inspirar, afetar. Para
alcançar estes objetivos é necessário fazer
escolhas através das quais se pretende Em ambos os casos, um não pode se
reforçar e intensificar as intenções separar do outro. A forma é afetada pelo
expressivas, para que se possa deter o conteúdo; o conteúdo é afetado pela
controle máximo das respostas. forma. A mensagem é emitida pelo criador
e modificada pelo observador.
3. Introdução
símbolos e imagens "Faz-se um quadro distribuindo-se
representacionais = transmissores pigmentos sobre um pedaço de tela,
característicos de informação mas a imagem criada não é a
somatória do pigmento e da
estrutura da tela. A imagem que
design abstrato = forma revelada emerge do processo é uma estrutura
de espaço, e o próprio espaço é um
componentes da forma = todo emergente de formas, de
composição = aspectos volumes coloridos e visíveis."
convergentes ou paralelos de cada
imagem
"Artisticamente bom é tudo aquilo
que articula e apresenta um
A mensagem e o significado não se sentimento a nossa compreensão."
encontram na substância física, mas
sim na composição. Susanne Langer
4. Processo de comunicação
Emissor ou destinador é o que emite a Decodificação é o processo pelo qual o
mensagem. receptor traduz os símbolos emitidos pelo
Código é um conjunto de signos e regras de emissor. “Tradução” que vai depender do
combinação destes signos. nível econômico, social, cultural e de
escolaridade d receptor.
Codificação é o processo de transformar o
pensamento em forma simbólica; Receptor ou destinatário é o que recebe a
mensagem.
Linguagem é a dinâmica mediadora entre os
homens. Tipos: falada e escrita (comunicação Referente é constituído pelo contexto, pela
verbal), gestual, corporal, por símbolos, situação e pelos objetos reais aos quais a
ícones e sons (comunicação não verbal). mensagem remete.
A mensagem é o objeto da comunicação; ela Feedback é a resposta do receptor que chega
é constituída pelo conteúdo das informações ao emissor Em outras palavras emissor.
transmitidas. palavras, retorno da mensagem que foi
enviada pelo emissor.
Meio, veículo ou canal de comunicação é a
via de circulação das mensagens. Suporte Ruído é tudo o que dificulta a comunicação
material que possibilita veicular uma interfere a transmissão e perturba a
mensagem a um destinatário através do comunicação, recepção ou compreensão da
espaço e do tempo. mensagem; tudo o que possibilita a perda de
informação durante o transporte da
mensagem entre o emissor e o receptor.
6. Tipos de comunicação
Comunicação Social é uma ciência Comunicação de massa é a
social aplicada, cujo objeto tradicional disseminação de informações através de
de estudo são os Meios de Comunicação jornais, televisão, rádios, cinema e
de Massa (também chamados Mass também pela Internet, os quais se
Media ou simplesmente Média ou Mídia) reúnem em um sistema denominado
principalmente o Jornalismo ou mídia. A comunicação de massa tem a
Imprensa e a Comunicação característica de chegar a uma grande
Organizacional (Publicidade, quantidade de receptores ao mesmo
Propaganda, Relações Públicas, tempo, partindo de um único emissor.
Comunicação de Marketing) de
empresas e de organizações
governamentais ou não-
governamentais.
7. Tipos de comunicação
Comunicação interpessoal é um Comunicação intrapessoal é a
método de comunicação que promove a comunicação que uma pessoa tem
troca de informações entre duas ou mais consigo mesma - corresponde ao diálogo
pessoas que estão procurando o mesmo interior onde debatemos as nossas
objetivo num processo comportamental. dúvidas, perplexidades, dilemas,
Cada pessoa, que passamos a considerar orientações e escolhas. Está, de certa
como, interlocutor, troca informações forma, relacionada com a reflexão.Esta é
baseadas em seu repertório cultural, sua um tipo de comunicação em que o
formação educacional, vivências, emissor e o receptor são a mesma
emoções, toda a "bagagem" que traz pessoa, e pode ou não existir um meio
consigo. por onde a mensagem é transmitida. Um
exemplo do primeiro tipo é a criação de
diários.
8. Tipos de comunicação
Comunicação ciberespacial apresenta a O espaço cibernético, mudou o modo da
capacidade de grande escala da comunicação social nos diversos campos
comunicação de massa, ou seja, pode da atividade humana, é o que pode-se
atingir diversos receptores chamar de sociedade em rede. Um
simultaneamente, mas o público não é exemplo disto são as empresas virtuais
mais anônimo, o que permite a que tem como base a internet. Com o
personalização do conteúdo a cada ciberespaço constituiu-se um novo
receptor e suas necessidades. espaço de sociabilidade que é não-
Na comunicação ciberespacial, o retorno presencial e que possui impactos
do receptor é maior e ganha uma nova importantes na produção de valor, nos
denominação: interatividade. A conceitos éticos e morais e nas relações
comunicação ciberespacial se apresenta humanas.
como comunicação de massa ao atingir
um grande público e como comunicação
interpessoal ao se apresentar como uma
via de duas mãos.
9. CIBERESPAÇO
A invenção do termo cyberspace é
atribuído ao escritor de ficção-científica
"O ciberespaço vem crescendo
norte-americano William Gibson, em sua através de grandes
obra "Neuromancer", de 1982. Gibson movimentos internacionais de
utilizou o termo para definir uma rede de
computadores futurista, utilizada jovens que estão ávidos a
conectando-se a mente diretamente a ela. explorar novas formas de
Um mundo virtual, não tangível, comunicação, pois estamos
paradoxal; algo como um céu onde cada
estrela representa um foco de atividade. O vivendo cada vez mais novos
ciberespaço é um ambiente "contido" na espaços de comunicação [...]
Internet, e não sinônimo desta.
cabe apenas a nós explorar as
Para Pierre Lévy, a cibercultura expressa o
surgimento de um novo universal, potencialidades mais positivas
diferente das formas culturais que vieram deste espaço nos planos
antes dele no sentido de que ele se econômico, político, cultural e
constrói sobre a indeterminação de um
sentido global qualquer. Precisamos, de humano"
fato, colocá-la dentro da perspectiva das
mutações anteriores da comunicação. (LÉVY, 2001)
10. A mensagem e o método
A mensagem e o método de expressá- "A técnica é, às vezes, a
la dependem grandemente da
compreensão e da capacidade de usar força fundamental da
as técnicas visuais, os instrumentos da abstração, a redução e a
composição visual. simplificação de detalhes
complexos e cambiáveis a
Dominadas pelo contraste, as técnicas relações gráficas que
de expressão visual são os meios
essenciais de que dispõe o designer podem ser apreendidas - à
para testar as opções disponíveis para forma da arte."
a expressão de uma ideia em termos
compositivos. Trata-se de um processo Donald Anderson
de experimentação e opção selectiva
que tem por objectivo encontrar a
melhor solução possível para expressar
o conteúdo.
11. A mensagem e o método
A expressão visual é determinada: "Para levar à plenitude seu
poder de organização, o
pela informação visual observada; pintor tem de buscar suas
pela interpretação e percepção de percepções no limbo em
dados e pistas visuais;
que elas se encontram, e
pela totalidade da manifestação
visual. fazer com que elas
participem do projeto que
Pensar, observar, entender, e tantas tem em mente."
outras qualidades da inteligência estão Leo Steinberg
associadas à compreensão visual.
"Você vê aquilo que
consegue ver."
Flip Wilson
12. Inteligência visual aplicada
Nas questões visuais, a apreensão imediata A inteligência visual não é diferente da
de significado faz com que tudo pareça inteligência geral, e o controle dos elementos
muito fácil para ser levado a sério dos meios visuais apresenta os mesmos
intelectualmente. E comete-se com o problemas que o domínio de outra habilidade
artista a injustiça de privá-lo de seu gênio qualquer. Esse domínio pressupõe que se
especial. saiba com que se trabalha, e de que modo se
deve proceder.
A inspiração súbita e irracional não é uma
A composição visual parte dos elementos
força aceitável no design. O planejamento
básicos: ponto, linha, forma, direção,
cuidadoso, a indagação intelectual e o
textura, dimensão, escala e movimento.
conhecimento técnico são necessários no
Na composição, o primeiro passo tem por
design e no pró-planejamento visual.
base uma escolha dos elementos
Através de suas estratégias compositivas,
apropriados ao veículo de comunicação
o artista deve procurar soluções para os
com que se vai trabalhar.
problemas de beleza e funcionalidade, de
equilíbrio e do reforço mútuo entre forma e
conteúdo. A forma segue a função ou o conteúdo.
13. Técnicas de Comunicação Visual
Existe uma multiplicidade de Isto não quer dizer que se devam
técnicas de comunicação visual, que usar extremos na aplicação das
são combináveis e interativas entre estratégias de comunicação, mas
si. Estas técnicas ajudam a construir sim que o caminho a seguir deve ser
a mensagem que pretende ser bem planejado e executado. Evita-
transmitida, apelando ao sentido de se, deste modo, a ambiguidade e a
descodificação do receptor. ineficácia da informação.
No entanto, apesar destas técnicas, No campo das estratégias de
algumas vezes sutis e quase comunicação visual a interpretação
passando despercebidas, não devem pessoal é muito importante, por
nunca arriscar a clareza da tanto é necessário definir opostos.
mensagem. Define-se, assim, cada técnica e o
seu pólo contrário.
14. Equilíbrio / Instabilidade
A importância do equilíbrio baseia-
se na necessidade da sua presença
devido ao funcionamento da
percepção humana. O seu oposto é a
instabilidade, a ausência de
equilíbrio e uma expressão visual
inquietante e provocadora.
15. Simetria / Assimetria
Simetria é equilíbrio axial (referente a
eixo), em que não existe margem para
desequilíbrios. Cada unidade é
rigorosamente trabalhada e repetida
se utilizada no outro lado. Caracteriza-
se pela lógica e simplicidade, mas que
corre o perigo de se tornar estática e
enfadonha.
A assimetria é considerada um
“equilíbrio precário”, e pode ser obtido
através da variação de elementos e
posições. Equivale a um equilíbrio de
compensação. Este equilíbrio é
complicado e requer ajuste de várias
forças, embora seja interessante e
fecundo em sua variedade.
16. Regularidade / Irregularidade
A regularidade no design constitui o
favorecimento da uniformidade dos
elementos, e o desenvolvimento de
uma ordem baseada em algum
princípio ou método constante e
invariável.
A irregularidade, enquanto
estratégia de design, enfatiza o
inesperado e o insólito, sem ajustar-
se a nenhuma regra pré-definida.
17. Simplicidade / Complexidade
A simplicidade baseia-se numa
técnica que compreende a
uniformidade das formas
elementares, sem complicações ou
elaborações exageradas.
Por outro lado, a complexidade é
construída com base em inúmeras
unidades elementares, resultando
num difícil processo de organização
do significado no âmbito de um
determinado padrão.
18. Unidade / Fragmentação
As técnicas de unidade e
fragmentação são parecidas com as
de simplicidade e complexidade.
A unidade é um equilíbrio de
elementos diversos numa totalidade
que se deve entender visualmente.
Quando ocorre a união de vários
elementos esta deve ser feita de
forma que, desta união, resulte
visualmente um único elemento.
A fragmentação é a dissolução dos
elementos e unidades em partes
separadas, que apesar de se
relacionarem entre si não deixam de
possuir características particulares.
19. Economia / Profusão
A economia é uma organização
visual moderada e sensata na
utilização dos elementos.
A profusão é caracterizada por
diversos acréscimos que além de
atenuar, enfeitam usando a
ornamentação.
A profusão é uma técnica de
enriquecimento visual associada ao
poder e à riqueza, enquanto a
economia é visualmente
fundamental e enfatiza o
conservadorismo e o abrandamento
do pobre e do puro.
20. Minimização/ Exagero
A minimização e o exagero são
equivalentes intelectuais da
polaridade economia e profusão,
pois prestam-se a fins parecidos,
mesmo que em contexto diferente.
A minimização procura obter do
observador a máxima resposta a
partir de elementos mínimos.
O exagero procura construir uma
composição excessiva e
extravagante, com o objetivo de
intensificar e ampliar a
expressividade presente na
mensagem.
21. Previsibilidade / Espontaneidade
A previsibilidade sugere alguma
ordem ou plano extremamente
convencional, para que se seja capaz
de prever, com recurso ao mínimo
de informação possível, como vai ser
a mensagem visual.
A espontaneidade caracteriza-se por
uma falta aparente de
planejamento, por ser emotiva,
impulsiva e livre.
22. Atividade / Passividade (ou Estase)
A atividade deve refletir o
movimento através da
representação ou da insinuação.
A passividade representa a força
imóvel da técnica de representação
estática, permitindo transmitir uma
imagem de repouso e tranquilidade.
23. Subtileza / Audácia (ou Ousadia)
A subtileza é uma estratégia para
estabelecer uma distinção apurada,
fugindo a toda obviedade e firmeza
de propósito.
A audácia (ou ousadia) é uma técnica
visual óbvia que deve ser utilizada
para obter a maior visibilidade
possível. Deve-se caracterizar por
ser ousada, segura e confiante.
24. Neutralidade / Ênfase
A estratégia da neutralidade não
torna uma composição visual menos
atrativa, muito pelo contrário. A
existência de uma configuração
menos provocadora de uma
manifestação visual pode ser a
solução para enquadrar a mensagem
transmitida aos olhos do receptor.
A ênfase é o oposto desta técnica,
em que se realça apenas uma coisa
contra um fundo em que predomina
a uniformidade.
25. Transparência / Opacidade
A transparência envolve detalhes
visuais através dos quais se pode ver,
de tal modo que o que lhes fica atrás
também nos é revelado aos olhos.
A opacidade representa o bloqueio
dos elementos que são substituídos
por outros a nível visual.
26. Estabilidade/ Variação
A estabilidade reforça a mensagem
visual, com uma abordagem
uniforme e coerente, que expressa a
compatibilidade visual.
Por outro lado, se a estratégia da
mensagem exige mudanças e
elaborações, a variação oferece
diversidade e sortimento.
27. Exatidão/ Distorção
A técnica da exatidão procura a
reprodução da realidade, daquilo
que os olhos do ser humano veem e
interpretam do mundo.
A distorção falsifica o realismo,
procurando controlar seus efeitos
através do desvio da forma regular,
e, em alguns outros casos, até
mesmo da forma verdadeira. É uma
técnica que responde bem à
composição visual marcada por
objetivos intensos, e
proporcionando excelentes
respostas quando bem manipulada.
28. Planura / Profundidade
A planura e a profundidade são
caracterizadas pelo uso ou pela
ausência de perspectiva, e são
intensificadas pela reprodução da
informação ambiental através da
imitação dos efeitos de luz e
sombra, sugerindo ou eliminando a
aparência natural de dimensão.
29. Singularidade / Justaposição
A singularidade salienta um tema
isolado e independente, que não
conta com o apoio de quaisquer
outros estímulos visuais, tanto
particulares quanto gerais.
A justaposição exprime a interação
de estímulos visuais, usando para
isso duas sugestões lado a lado e
comparando as relações entre eles.
30. Sequencialidade / Aleatoriedade (Acaso)
A sequencialidade numa
composição responde a uma ordem
lógica, que envolve uma série de
coisas dispostas segundo um padrão
rítmico.
A aleatoriedade segue uma
desorganização premeditada ou a
apresentação acidental da
informação visual, sugerindo uma
falta de planejamento ou uma
desorganização intencional.
31. Agudeza / Difusão
A agudeza está estreitamente ligada
à clareza do estado físico e à clareza
de expressão, através da precisão e
do uso de contornos rígidos, cujo
efeito final é fácil de
interpretar/compreender.
A difusão, ao contrário, é suave e
preocupa-se menos com a precisão e
mais com a criação de uma
atmosfera de sentimento e calor.
32. Repetição/Episodicidade
A repetição corresponde a conexões
visuais ininterruptas e apresenta-se
como a força coesiva que mantém
unida uma composição de
elementos díspares, ou seja, a
conexão visual que faz com que uma
composição se apresente unificada.
Por outro lado, a episodicidade
indica desconexão, reforçando as
qualidades individuais de cada parte,
que em conjunto constitui um todo,
sem abandonar por completo o
significado maior.
33. Quase todas as estratégias visuais possuem um
oposto, todos eles ligados aos “elementos visuais
que resultam na configuração do conteúdo e na
elaboração da mensagem”. São as técnicas
contrárias que facilitam “uma grande oportunidade
de aguçar, graças à utilização do contraste, a obra
em que são aplicados”. As técnicas visuais são
responsáveis por reforçar o significado de uma
composição e “oferecem ao artista e ao leigo os
meios mais eficazes de criar e compreender a
comunicação visual expressiva, na busca de uma
linguagem visual universal”.
34. Exercícios
1. Encontre imagens que exemplifiquem um cada das
técnicas visuais opostas (ênfase-neutralidade,
exagero-minimização, profundidade-planura, etc..
2. Escolha qualquer tema visual e crie uma composição
utilizando qualquer uma das técnicas visuais.