3. O PENSAMENTO
LIBERAL■ Bases do pensamento liberal surgiram com o
Iluminismo e foram lançadas pelos fisiocratas
franceses.
■ Formuladas por Adam Smith (1723-1790): defesa da
propriedade privada, do individualismo econômico, da
liberdade de comércio, de produção e de contratos de
trabalho (salário e jornada), sem controle do Estado ou
pressão dos sindicatos.
■ A riqueza das nações, obra que mostra a divisão do
trabalho como essencial para o crescimento da
produção e do mercado.
■ A livre concorrência força o empresário a ampliar a
produção, buscando novas técnicas, aumentando a
qualidade do produto e baixando ao máximo os custos
da produção.
Adam Smith
4. ■ O decréscimo do preço final favoreceria a lei natural
da oferta e da procura, viabilizando o sucesso
econômico geral.
■ O Estado deveria zelar pela propriedade e pela ordem,
não lhe cabendo intervir na economia. A
harmonização dos interesses individuais ocorreria por
uma “mão invisível”, levando ao bem-estar coletivo.
■ Continuadores do liberalismo clássico: David Ricardo
e Thomas Malthus.
■ Thomas Malthus (1766-1834), em Ensaio sobre o
princípio da população, afirma que a natureza impõe
limites ao progresso material, já que a população
cresce em progressão geométrica e a produção de
alimentos aumenta em progressão aritmética.
■ Para Malthus, a pobreza e o sofrimento são inerentes
à sociedade humana. As guerras e as epidemias
ajudam no equilíbrio entre produção e população.
Thomas Malthus
5. ■ Lei dos Pobres (1834), na Inglaterra,
inspirada nas ideais de Malthus. A lei
determinava a centralização da
assistência pública. Os desempregados
eram recolhidos às workhouses, onde
homens, mulheres e crianças ficavam
confinados à espera de trabalho.
■ A medida visava retirar os miseráveis das
ruas e os manter sob controle
(desestimulando o crescimento
populacional e a pobreza), ao mesmo
tempo em que fornecia mão de obra
barata para a indústria nascente.
Crianças na Crumpsall Workhouse (1895-97)
6. ■ Nenhuma legislação trabalhista ou
inspeção estatal nas fábricas. Locais
insalubres, com jornadas de trabalho
superiores a 14 horas.
■ Emprego de máquinas no processo
produtivo substituía os trabalhadores e os
obrigava a vender sua força de trabalho a
preços mais baixos.
■ Início do século XIX, trabalhadores da
indústria têxtil se organizaram para
denunciar a miséria que enfrentavam
devido à instalação das máquinas.
■ Liderados pelo trabalhador Ned Ludd, o
movimento luddita ou luddismo pretendia
resolver o problema da miséria destruindo
as máquinas. Foi reprimido.
■ Formaram-se as primeiras organizações
trabalhistas, as trade unions.
Ilustração mostra trabalhadores ingleses
e luditas destruindo uma máquina
durante motim do início do século XIX.
8. AS IDEIAS SOCIALISTAS
■ Em reação aos efeitos das crises sociais
relacionadas à Revolução Industrial surgiram
correntes de pensamento como o socialismo,
formulado por Karl Marx (1818-1883) e
Friedrich Engels (1820-1895), e o anarquismo,
que tem Proudhon (1809-1865) e Mikhail
Bakunin (1814-1876) como alguns de seus
representantes.
■ Em sua gênese, socialismo e anarquismo
propunham reformulações sociais e a
construção de um mundo mais justo.
■ No Manifesto Comunista (1848), Marx e
Engels esboçaram as posições do socialismo
científico, mais tarde definidas na obra O
Capital.
Marx e Engels
9. ■ Para o materialismo histórico, toda sociedade é
determinada por suas condições
socioeconômicas, a chamada estrutura.
Adaptadas a ela, as instituições, a política, a
ideologia e a cultura como um todo compõem a
superestrutura.
■ A luta de classes é o agente transformador da
sociedade, na análise marxista. O antagonismo
entre dominantes e dominados induz às lutas e
às transformações sociais. Esse antagonismo
está relacionado à existência da propriedade
privada.
■ A mais-valia corresponde ao valor da riqueza
produzida pelo operário que excede o valor
remunerado de sua força de trabalho e que é
apropriado pelos capitalistas. Caracteriza a
exploração do operário e é fator imprescindível
para a acumulação de capital pela burguesia.
10. ■ Contra a ordem capitalista e a sociedade
burguesa, Marx considerava inevitável a
ação política do operariado, a revolução
socialista, que inauguraria a construção
de uma nova sociedade.
■ No primeiro momento, o controle do
Estado seria instalado pela ditadura do
proletariado e ocorreria a socialização dos
meios de produção, eliminando a
propriedade privada.
■ Numa etapa posterior, a meta seria o
comunismo, que representaria o fim de
todas as desigualdades sociais e
econômicos, inclusive o fim do próprio
Estado.
11. ■ O anarquismo, também surgido no século
XIX, tem muitos teóricos como
representantes, muitas vezes divergentes
quanto às proposições.
■ Pierre-Joseph Proudhon, em sua obra O
que é propriedade?, critica a ordem
econômica e defende valores liberais,
atacando os abusos do capitalismo.
■ Essa linha de pensamento propunha a
supressão de toda e qualquer forma de
governo, defendendo a liberdade geral.
■ Para Proudhon, a sociedade deveria ser
sem classes, sem exploração, com
homens livres e iguais e com o Estado
destruído e substituído por uma “república
de pequenos proprietários”.
Pierre-Joseph Proudhon
12. ■ As propostas de Proudhon inspiraram o
russo Mikhail Bakunin, que se tornou o
líder do anarquismo terrorista. Para ele, a
violência era a única forma de alcançar
uma sociedade sem Estado e sem
desigualdades.
■ Anarquismo (também conhecido como
comunismo libertário) e socialismo
coincidem quanto ao objetivo final:
implantar o comunismo, estágio em que
não haveria mais divisões de classe,
exploração, nem mesmo o Estado. Para
os marxistas, antes dessa meta haveria
uma fase intermediária sob controle da
ditadura do proletariado.
Bakunin
14. O NACIONALISMO
■ O nacionalismo é mais um fenômeno que surgiu
em plena “era das revoluções”. Parte do princípio
de que um povo tem o direito de se autogovernar e
exercer sua soberania sobre um território, de forma
autônoma.
■ Esse princípio acabou servindo às colônias, desde
as americanas até, mais tarde, as africanas e
asiáticas, para reivindicar sua independência.
■ Dois exemplos de nacionalismo em ação foram os
processos de unificação da Itália e da Alemanha,
que até a metade do século XIX não existiam como
os países que hoje conhecemos.
15. A unificação italiana
■ Até o século XIX, a península Itálica estava
fragmentada em vários estados e ducados,
segundo determinações impostas no
Congresso de Viena (1815).
■ No século XIX, destacaram-se os carbonários,
precursores do movimento de unificação e
que reuniam monarquistas e republicanos.
■ Republicanos, liderados por Mazzini e
Garibaldi e os monarquista liderados pelo
Conde Cavour. Os monarquistas tomaram a
frente das lutas a partir do reino do Piemonte-
Sardenha, estado independente,
industrializado e progressista, governado por
Vítor Emanuel II.
Garibaldi
16. ■ Em 1860, os “camisas vermelhas” liderados
por Garibaldi, que reuniam forças populares
republicanas, libertaram o sul da Itália antes
governado pelo monarca absolutista Francisco
II. Os monarquistas liberais e burgueses,
instigados pelo jornal Risorgimento, lideravam
os movimentos de libertação do restante da
Itália.
■ Garibaldi, contrário a uma unidade
monarquista, abandonou o movimento para
não dividir as forças italianas de unificação.
■ Em janeiro de 1871, Vítor Emanuel II transferiu-
se para Roma completando o processo de
unificação.
■ Questão romana: não aceitação papal da perda
de seus territórios (Roma). Somente resolvida
em 1929, com o Tratado de Latrão e a criação
do estado do Vaticano, encravado na cidade de
Roma.
17. A unificação
alemã
■ No Congresso de Viena (1815) formou-se a
Confederação Germânica, composta de 39
estados soberanos e liderada pelo Império
Austríaco – absolutista e de economia
agrária.
■ A Áustria contrapunha-se à Prússia, mais
desenvolvida comercial e industrialmente e
que pretendia edificar um estado
germânico que se projetasse no cenário
internacional.
■ O passo fundamental para a unidade foi
dado em 1834 com a criação do Zollverein
– união alfandegária que derrubou as
barreiras aduaneiras entre os estados
alemães, proporcionando uma efetiva
união econômica.
■ A Áustria reagiu ameaçando a Prússia de
guerra, obrigando-a a recuar.
18. ■ A Prússia iniciou, em 1860, um programa de modernização militar sustentado pela
aliança da alta burguesia com os grandes proprietários e aristocratas.
■ Tendo a frente o chanceler Otto von Bismark, reiniciaram-se as lutas pela unificação
alemã com uma estratégia que visava à exaltação do espírito nacionalista alemão por
meio de sua participação em guerras.
■ Em 1866 desfez-se a
Confederação Germânica e a
Prússia saiu vitoriosa,
organizando a Confederação
Germânica do Norte sob a
liderança do Kaiser Guilherme
I Hohenzollern, de quem
Bismark era ministro.
■ O processo de unificação de
toda a Alemanha encontrava
obstáculos nos estados do sul,
apegados às soberanias locais
ou sob influência austríaca.
19. ■ Em 1869 ocorreu um problema com a França,
governada por Napoleão III. O trono espanhol ficou
vago e a Coroa seria entregue a um primo do Kaiser
Guilherme I, Leopoldo Hohenzollern. Napoleão III
vetou a sucessão pois via tal ato como um cerco dos
Hohenzollern à França.
■ Os estados do sul da antiga Confederação Germânica
se uniram aos estados do norte na guerra contra a
França, vencendo-a na Batalha de Sedan e
completando a unificação germânica.
■ Em janeiro de 1871, Guilherme I foi coroado
imperador do Segundo Reich (Império) na Sala dos
Espelhos do Palácio de Versalhes, em Paris.
■ Tratado de Frankfurt: França teria que pagar uma
indenização na Alemanha e entregar os territórios da
Alsácia-Lorena.
■ Com a unificação, a Alemanha cresceu
vertiginosamente, superando a Inglaterra em
produção de aço em 1900.
Bismark
21. ■ O socialismo está inseparavelmente ligado aos
movimentos dos trabalhadores e seus projetos de
mudança social. O movimento operário europeu,
durante o século XIX, teve períodos de ascensão e
de refluxo.
■ Na Inglaterra, a ascensão trabalhista
desembocou no cartismo, movimento popular
que reivindicava reformas nas condições de
trabalho (limitação de jornada) e direitos políticos
(sufrágio universal).
■ Em 1864 foi fundada em Londres a Primeira
Internacional Operária, também chamada de
Associação Internacional dos Trabalhadores. Os
primeiros encontros foram marcados pelas
divergências entre marxistas, anarquistas e
sindicalistas. Em 1876 acabou dissolvida por
essas divergências.
Reunião da fundação da Associação
Internacional dos Trabalhadores em
28 de Setembro de 1864.
22. ■ Numa nova investida trabalhista foi fundada a
Segunda Internacional Operária em 1889, com um
sentido mais reformista e menos revolucionário. De
acordo com esses ideais, o socialismo seria
alcançado lentamente, pelas reformas, pelo voto,
pela via parlamentar. A oposição foi feita pelos
marxistas revolucionários.
■ As massas trabalhadoras dividiram-se ainda mais
durante a Primeira Guerra Mundial, colocando fim à
Segunda Internacional. Em 1919, em Moscou,
formou-se a Terceira Internacional, que assumiu o
nome de Internacional Comunista (Comintern),
embrião dos partidos comunistas de todo o mundo.
■ Os moderados da Segunda Internacional tentaram
se reorganizar em 1923, na Internacional Socialista.
A partir de então, socialistas e comunistas
separaram-se, com visões de mundo e propostas
diferentes.