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Plantas Tóxicas para Animais
HERBÁRIO VIRTUAL
Lantana camara
Alice Melo Cândido , Zootecnia - UFSC, 2015
Lantana
Nome científico: Lantana camara;
Nomes populares: Camará, cambará, camará-de-cheiro, camará de espinho, cambará de
cheiro, cambará-de-chumbo, cambará miúdo, cambará verdadeiro e cambará vermelho;
Clima: Equatorial, Subtropical, Tropical;
Origem: América Central, América do Sul;
Altura: 0.9 a 1.2 metros;
Luminosidade: Sol Pleno;
Ciclo de Vida: Perene.
História
“A Lantana é nativa da América tropical e subtropical,
com algumas espécies ocorrendo na Ásia e África. A
espécie Lantana câmara tem se espalhado pelo mundo,
causando problemas em diversos países onde ela foi
introduzida como planta ornamental.
Distribuição global da L. camara
Nesses países a Lantana se adaptou muito bem às condições climáticas, invadindo florestas, pastos e
outras áreas. Além do potencial tóxico para muitos animais, a Lantana camara tem um efeito
alopático na vegetação que circunda, interferindo em comunidades naturais e reduzindo a
diversidade local.“
- Passos et al., 2009
Características morfológicas
Lantana camara é um pequeno arbusto perene que pode crescer para cerca de 2 m de
altura e forma moitas densas em uma variedade de ambientes. Devido ao extenso cruzamentos
seletivos ao longo dos séculos 17 e 18 para uso como planta ornamental, existem agora muitos
diferente cultivares de L. camara.
Esta espécie tem pequenas flores tubulares de
forma que cada uma tem quatro pétalas e estão
dispostas em conjuntos nas áreas terminais das
hastes. Suas flores vêm em diversas cores, incluindo
vermelho, amarelo, branco, rosa e laranja que
diferem de acordo com o local de inflorescências,
idade e maturidade. Após a polinização ocorre a
mudança das cores das flores (normalmente de
amarelo a alaranjado, rosa, ou avermelhada), este
se acredita ser um sinal para os polinizadores,
aumentando assim a eficiência da polinização.
Os frutos de L. camara são do tipo drupa, que
mudam de verde para roxo escuro quando
maduros. Até 12.000 frutos podem ser produzidos
por cada planta, que são então consumidos por
aves e outros animais que podem espalhar as
sementes em grandes distâncias, o que facilita a
propagação de L. camara.
L
a
n
t
a
n
a
• É um arbusto que cresce com forte ramificação de 2-4 m de altura como
aglomerados compactos ou moitas densas. É capaz de subir para 15 m com o
apoio de outro vegetação.
• A Lantana tem arqueamento nas hastes que são quadrados em seção transversal,
com centros expressivas e curto, e espinhos em forma de gancho. Hastes mais
velhas podem ser de até 15 cm de diâmetro.
• As folhas são de 2-10 cm de comprimento com bordas dentadas, verde brilhante
na superfície superior e mais pálida, plumada e com veios fortes no lado inferior.
Elas crescem opostas uma à outra ao longo das hastes, e seu tamanho e forma
dependem do tipo de lantana e da disponibilidade de luz e humidade.
• A planta tem um sistema radicular superficial composta por uma curta raíz ereta
com as laterais ramificandas para formar um tapete.
• As inflorescências (grupos de 20-40 indivíduos de flores) têm cerca de 2,5 cm de
diâmetro. Bem embalados, os botões de flores angulares abertos começam a
partir do exterior para o centro da inflorescência enquanto amadurecem.
• Os frutos são em forma de esfera e duros, de cerca de 5-7 mm, crescem em
cachos e amadurecem a um preto brilhante ou roxo.
• Esmagando os caules e folhas, a planta produz um forte cheiro característico.
Características morfológicas
L
a
n
t
a
n
a
L
a
n
t
a
n
a
Adaptado/traduzido por Alice M. Cândido de “The lantana profile”,
Queensland Primary Industries and Fisheries
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS
Frutos Flores
Arbustos
1 cm
5 mm
L
a
n
t
a
n
a
Adaptado/traduzido por Alice M. Cândido de “The lantana profile”, Queensland Primary Industries and Fisheries
Lantana
Toxicidade
A Lantana camara é conhecida por ser tóxica para os animais, como gado, ovelhas, cavalos,
cães e cabras. O principal fator para que a intoxicação ocorra está relacionado à baixa oferta
de alimentos associada à presença de alguma espécie de Lantana tóxica na pastagem.
Todas as partes da planta são tóxicas, principalmente os frutos. Os dois principais compostos
biologicamente ativos conhecidos da Lantana camara são os ácidos triterpenos pentacíclicos,
sendo os dois principais o lantadeno A e o lantadeno B (Jones et al., 1997), que resultam em
danos ao fígado e fotossensibilização. A fotossensibilização secundária é uma doença de
caráter sazonal, ocorrendo a maioria dos casos de intoxicação no inverno. Os princípios ativos
triperpenos (Lantadenos A e B) atuam diretamente no fígado causando lesões que dificultam
ou impedem a excreção biliar de agentes tóxicos resultantes do metabolismo animal.
Pode-se definir a intoxicação por Lantana spp como fotossensibilização hepatógena
(semelhante a que ocorre nos quadros de intoxicação por Brachiaria decumbens), levando a
degeneração hepática que se manifesta por icterícia (mucosas amareladas), urina de cor
marrom-escura, anorexia, diarréia, depressão, desidratação, edema pulmonar, estase e
compactação ruminal e fotossensibilização. Esta última se manifesta como uma dermatite
localizada no focinho, úbere e em áreas de pele branca (MÉNDEZ e RIET-CORREA, 2001) que
tendem a se espalhar pelo corpo do animal formando cascas e feridas profundas de difícil
cicatrização.
Lantana
Toxicidade
O exame histopatológico frequentemente revela vacuolização citoplasmática e necrose hepática,
além de lesões dos túbulos renais (OBWOLO e ODIAWO, 1991). O diagnóstico da intoxicação é
baseado na observação dos sinais clínicos associados a ocorrência da planta como contaminante
das pastagens.
Lantana camara também excreta substâncias
químicas (alelopaticas) que reduzem o
crescimento de plantas em torno dela, inibindo
a germinação e alongamento de suas raízes.
A toxicidade de L. camara para os seres
humanos é indeterminada, com vários estudos
que sugerem que a ingestão de frutos pode ser
tóxica para os seres humanos, tais como um
estudo realizado pelo OP Sharma, que afirma
que "frutos verdes da planta são tóxicos para
os seres humanos". No entanto outros estudos
não encontraram evidência que de que a
ingestão de dos frutos de L. camara
representam qualquer risco para os seres
humanos e são de fato comestíveis quando
maduros.
Lantana
Efeitos tóxicos da Lantana spp. em gado - Tallawalah, Queensland.
Adaptado/traduzido por Alice M. Cândido de “The lantana profile”,
Queensland Primary Industries and Fisheries
Prevenção e tratamento contra a intoxicação por Lantana spp.
L
a
n
t
a
n
a
“Embora não exista tratamento eficaz para a intoxicação por Lantana spp (COSTA,
2009), medidas como a lavagem gástrica ou ruminotomia dos animais acometidos
com a remoção do conteúdo gástrico contendo toxinas e substituição por líquido
ruminal proveniente de animais sadios, substâncias tampão e pasto verde picado
representam medidas adjuvantes no tratamento (MÉNDEZ e RIET-CORREA, 2001).
Segundo Riet-Correa e Medeiros (2001), a prevenção e o controle das intoxicações
por plantas deve-se basear no conhecimento dos fatores associados as plantas, aos
animais, ao ambiente ou ao manejo que determinam a ocorrência, frequência e
distribuição geográfica das intoxicações, incluindo:
1 - o manejo dos animais e das pastagens tais como evitar o pastoreio excessivo,
utilizar animais de espécies ou idades resistentes a determinadas plantas e evitar
colocar animais recentemente transportados com fome ou sede em pastagens
contaminadas por plantas tóxicas;
2 - a utilização de cercas para isolar áreas contaminadas por plantas tóxicas;
3 - a eliminação das espécies tóxicas, arrancando-as manualmente, utilizando
herbicidas, roçando, capinando, lavrando, queimando ou pelo pastoreio com
animais não-susceptíveis;
4 - a utilização de sementes controladas para evitar a difusão de espécies tóxicas;
5 - a confecção de fenos e silagem evitando a sua contaminação por espécies
potencialmente nocivas aos animais.”
- Canal MilkPoint, 29/06/2010
Lantana
Referências bibliográficas
BASTIANETTO et al. Intoxicação de bezerros búfalos por Lantana spp. em Minas Gerais: relato de casos.
Revista Brasileira de Reprodução Animal, Belo Horizonte, v.29, n.2, p.57-59, jan./mar. 2005.
BRITO M.F. & TOKARNIA C.H; 1995. Estudo comparativo da toxidez de Lantana camara var. aculeata em
bovinos e ovinos. Pesq. Vet. Bras. 15(2/3):79-84.
MELLO, F.B.; JACOBUS, D., CARVALHO, K. et al. Effects of Lantana camara (Verbenaceae) on general
reproductiveperformance and teratology in rats. Toxicon, v.45, p.459-466, 2005.
SCHILD, A.L.; Fotossensibilização Hepatógena. In:___ RIET-CORREA, F.; SHILD, A.L.; MÉNDEZ, M.C.; LEMOS, R.A.A.
Doenças de Ruminantes e Eqüinos. São Paulo: Varela, 2001. vol.2, p.177-180.
SEAWRIGHT, A.A.; 1965. Toxicity of Lantana spp in Queensland. Aust. Vet. J. 41:235- 238.
SHARMA, O. P., MAKKAR, H. P., DAWRA, R. K., NEGI, S. S.; A review of the toxicity of Lantana camara (Linn) in
animals. Clin. Toxicol., v. 18(9), p. 1077-1094, 1981.
ZENIMORI, S., PASIN, L.A.A.P.; Aspectos da biologia floral de Lantana (Lantana camara L.). Revista Univap,
(Anais do X Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e VI Encontro Latino Americano de Pós
Graduação), v.13, n.24, 2006.

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Lantana camara - Plantas Tóxicas para Animais

  • 1. Plantas Tóxicas para Animais HERBÁRIO VIRTUAL Lantana camara Alice Melo Cândido , Zootecnia - UFSC, 2015
  • 2. Lantana Nome científico: Lantana camara; Nomes populares: Camará, cambará, camará-de-cheiro, camará de espinho, cambará de cheiro, cambará-de-chumbo, cambará miúdo, cambará verdadeiro e cambará vermelho; Clima: Equatorial, Subtropical, Tropical; Origem: América Central, América do Sul; Altura: 0.9 a 1.2 metros; Luminosidade: Sol Pleno; Ciclo de Vida: Perene. História “A Lantana é nativa da América tropical e subtropical, com algumas espécies ocorrendo na Ásia e África. A espécie Lantana câmara tem se espalhado pelo mundo, causando problemas em diversos países onde ela foi introduzida como planta ornamental. Distribuição global da L. camara Nesses países a Lantana se adaptou muito bem às condições climáticas, invadindo florestas, pastos e outras áreas. Além do potencial tóxico para muitos animais, a Lantana camara tem um efeito alopático na vegetação que circunda, interferindo em comunidades naturais e reduzindo a diversidade local.“ - Passos et al., 2009
  • 3. Características morfológicas Lantana camara é um pequeno arbusto perene que pode crescer para cerca de 2 m de altura e forma moitas densas em uma variedade de ambientes. Devido ao extenso cruzamentos seletivos ao longo dos séculos 17 e 18 para uso como planta ornamental, existem agora muitos diferente cultivares de L. camara. Esta espécie tem pequenas flores tubulares de forma que cada uma tem quatro pétalas e estão dispostas em conjuntos nas áreas terminais das hastes. Suas flores vêm em diversas cores, incluindo vermelho, amarelo, branco, rosa e laranja que diferem de acordo com o local de inflorescências, idade e maturidade. Após a polinização ocorre a mudança das cores das flores (normalmente de amarelo a alaranjado, rosa, ou avermelhada), este se acredita ser um sinal para os polinizadores, aumentando assim a eficiência da polinização. Os frutos de L. camara são do tipo drupa, que mudam de verde para roxo escuro quando maduros. Até 12.000 frutos podem ser produzidos por cada planta, que são então consumidos por aves e outros animais que podem espalhar as sementes em grandes distâncias, o que facilita a propagação de L. camara. L a n t a n a
  • 4. • É um arbusto que cresce com forte ramificação de 2-4 m de altura como aglomerados compactos ou moitas densas. É capaz de subir para 15 m com o apoio de outro vegetação. • A Lantana tem arqueamento nas hastes que são quadrados em seção transversal, com centros expressivas e curto, e espinhos em forma de gancho. Hastes mais velhas podem ser de até 15 cm de diâmetro. • As folhas são de 2-10 cm de comprimento com bordas dentadas, verde brilhante na superfície superior e mais pálida, plumada e com veios fortes no lado inferior. Elas crescem opostas uma à outra ao longo das hastes, e seu tamanho e forma dependem do tipo de lantana e da disponibilidade de luz e humidade. • A planta tem um sistema radicular superficial composta por uma curta raíz ereta com as laterais ramificandas para formar um tapete. • As inflorescências (grupos de 20-40 indivíduos de flores) têm cerca de 2,5 cm de diâmetro. Bem embalados, os botões de flores angulares abertos começam a partir do exterior para o centro da inflorescência enquanto amadurecem. • Os frutos são em forma de esfera e duros, de cerca de 5-7 mm, crescem em cachos e amadurecem a um preto brilhante ou roxo. • Esmagando os caules e folhas, a planta produz um forte cheiro característico. Características morfológicas L a n t a n a
  • 5. L a n t a n a Adaptado/traduzido por Alice M. Cândido de “The lantana profile”, Queensland Primary Industries and Fisheries
  • 7. L a n t a n a Adaptado/traduzido por Alice M. Cândido de “The lantana profile”, Queensland Primary Industries and Fisheries
  • 8. Lantana Toxicidade A Lantana camara é conhecida por ser tóxica para os animais, como gado, ovelhas, cavalos, cães e cabras. O principal fator para que a intoxicação ocorra está relacionado à baixa oferta de alimentos associada à presença de alguma espécie de Lantana tóxica na pastagem. Todas as partes da planta são tóxicas, principalmente os frutos. Os dois principais compostos biologicamente ativos conhecidos da Lantana camara são os ácidos triterpenos pentacíclicos, sendo os dois principais o lantadeno A e o lantadeno B (Jones et al., 1997), que resultam em danos ao fígado e fotossensibilização. A fotossensibilização secundária é uma doença de caráter sazonal, ocorrendo a maioria dos casos de intoxicação no inverno. Os princípios ativos triperpenos (Lantadenos A e B) atuam diretamente no fígado causando lesões que dificultam ou impedem a excreção biliar de agentes tóxicos resultantes do metabolismo animal. Pode-se definir a intoxicação por Lantana spp como fotossensibilização hepatógena (semelhante a que ocorre nos quadros de intoxicação por Brachiaria decumbens), levando a degeneração hepática que se manifesta por icterícia (mucosas amareladas), urina de cor marrom-escura, anorexia, diarréia, depressão, desidratação, edema pulmonar, estase e compactação ruminal e fotossensibilização. Esta última se manifesta como uma dermatite localizada no focinho, úbere e em áreas de pele branca (MÉNDEZ e RIET-CORREA, 2001) que tendem a se espalhar pelo corpo do animal formando cascas e feridas profundas de difícil cicatrização.
  • 9. Lantana Toxicidade O exame histopatológico frequentemente revela vacuolização citoplasmática e necrose hepática, além de lesões dos túbulos renais (OBWOLO e ODIAWO, 1991). O diagnóstico da intoxicação é baseado na observação dos sinais clínicos associados a ocorrência da planta como contaminante das pastagens. Lantana camara também excreta substâncias químicas (alelopaticas) que reduzem o crescimento de plantas em torno dela, inibindo a germinação e alongamento de suas raízes. A toxicidade de L. camara para os seres humanos é indeterminada, com vários estudos que sugerem que a ingestão de frutos pode ser tóxica para os seres humanos, tais como um estudo realizado pelo OP Sharma, que afirma que "frutos verdes da planta são tóxicos para os seres humanos". No entanto outros estudos não encontraram evidência que de que a ingestão de dos frutos de L. camara representam qualquer risco para os seres humanos e são de fato comestíveis quando maduros.
  • 10. Lantana Efeitos tóxicos da Lantana spp. em gado - Tallawalah, Queensland. Adaptado/traduzido por Alice M. Cândido de “The lantana profile”, Queensland Primary Industries and Fisheries
  • 11. Prevenção e tratamento contra a intoxicação por Lantana spp. L a n t a n a “Embora não exista tratamento eficaz para a intoxicação por Lantana spp (COSTA, 2009), medidas como a lavagem gástrica ou ruminotomia dos animais acometidos com a remoção do conteúdo gástrico contendo toxinas e substituição por líquido ruminal proveniente de animais sadios, substâncias tampão e pasto verde picado representam medidas adjuvantes no tratamento (MÉNDEZ e RIET-CORREA, 2001). Segundo Riet-Correa e Medeiros (2001), a prevenção e o controle das intoxicações por plantas deve-se basear no conhecimento dos fatores associados as plantas, aos animais, ao ambiente ou ao manejo que determinam a ocorrência, frequência e distribuição geográfica das intoxicações, incluindo: 1 - o manejo dos animais e das pastagens tais como evitar o pastoreio excessivo, utilizar animais de espécies ou idades resistentes a determinadas plantas e evitar colocar animais recentemente transportados com fome ou sede em pastagens contaminadas por plantas tóxicas; 2 - a utilização de cercas para isolar áreas contaminadas por plantas tóxicas; 3 - a eliminação das espécies tóxicas, arrancando-as manualmente, utilizando herbicidas, roçando, capinando, lavrando, queimando ou pelo pastoreio com animais não-susceptíveis; 4 - a utilização de sementes controladas para evitar a difusão de espécies tóxicas; 5 - a confecção de fenos e silagem evitando a sua contaminação por espécies potencialmente nocivas aos animais.” - Canal MilkPoint, 29/06/2010
  • 12. Lantana Referências bibliográficas BASTIANETTO et al. Intoxicação de bezerros búfalos por Lantana spp. em Minas Gerais: relato de casos. Revista Brasileira de Reprodução Animal, Belo Horizonte, v.29, n.2, p.57-59, jan./mar. 2005. BRITO M.F. & TOKARNIA C.H; 1995. Estudo comparativo da toxidez de Lantana camara var. aculeata em bovinos e ovinos. Pesq. Vet. Bras. 15(2/3):79-84. MELLO, F.B.; JACOBUS, D., CARVALHO, K. et al. Effects of Lantana camara (Verbenaceae) on general reproductiveperformance and teratology in rats. Toxicon, v.45, p.459-466, 2005. SCHILD, A.L.; Fotossensibilização Hepatógena. In:___ RIET-CORREA, F.; SHILD, A.L.; MÉNDEZ, M.C.; LEMOS, R.A.A. Doenças de Ruminantes e Eqüinos. São Paulo: Varela, 2001. vol.2, p.177-180. SEAWRIGHT, A.A.; 1965. Toxicity of Lantana spp in Queensland. Aust. Vet. J. 41:235- 238. SHARMA, O. P., MAKKAR, H. P., DAWRA, R. K., NEGI, S. S.; A review of the toxicity of Lantana camara (Linn) in animals. Clin. Toxicol., v. 18(9), p. 1077-1094, 1981. ZENIMORI, S., PASIN, L.A.A.P.; Aspectos da biologia floral de Lantana (Lantana camara L.). Revista Univap, (Anais do X Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e VI Encontro Latino Americano de Pós Graduação), v.13, n.24, 2006.