Este documento apresenta o conceito de intertextualidade na teoria literária e nos estudos bíblicos. Discute a definição do termo por Julia Kristeva, suas formas (interna e externa), graus (mínimo, médio e máximo) e manifestações (explícita e implícita). Também aborda teóricos que ampliaram as noções de intertextualidade, como Roland Barthes e Jacques Derrida.
Este documento descreve o movimento iluminista no século XVIII na Europa, que defendia a razão, educação e progresso. O Marquês de Pombal implementou reformas educacionais em Portugal inspiradas nos ideais iluministas, como a expulsão dos jesuítas e a reorganização da Universidade de Coimbra.
A Idade Média na Europa teve início com as invasões germânicas no século V e caracterizou-se pelo feudalismo, supremacia da Igreja Católica e sociedade hierarquizada. Neste período, predominaram as relações de vassalagem entre senhores feudais e camponeses, e a sociedade era estática com pouca mobilidade social.
O documento discute os mecanismos de coesão textual, definindo-a como a conexão entre as partes do texto através de vínculos sintáticos e semânticos. Apresenta os principais tipos de coesão, incluindo referencial, substituição, elipse, conjunção e lexical. Explica cada um destes mecanismos por meio de exemplos, destacando a importância da coesão para a compreensão do texto.
O documento discute o conceito de letramento visual, definindo-o como a habilidade de interpretar informações apresentadas visualmente através de imagens. Explica que o letramento visual envolve observação, identificação de detalhes e compreensão das relações visuais para análise crítica e criação com recursos imagéticos. Também aborda a gramática visual e como elementos visuais como ângulos, tamanho e cor podem transmitir significados.
Este documento fornece um resumo da história da pedagogia desde as suas origens até se tornar uma ciência da educação. Abrange os períodos primitivo, oriental, grego e romano, destacando as características da educação em cada época e o surgimento dos termos "pedagogia" e "educação" na Grécia antiga.
O documento descreve diferentes abordagens teóricas da Didática ao longo da história, incluindo a abordagem tradicional, escolanovista, tecnicista e a proposta de uma Didática fundamental. Ele também discute a importância da dimensão cultural na prática pedagógica.
O documento fornece dicas sobre como fazer um bom resumo crítico, incluindo: (1) ser breve e conciso, focando nas ideias principais e deixando detalhes secundários de lado; (2) ser pessoal com suas próprias palavras; (3) ter uma estrutura lógica com as ideias apresentadas em ordem; e (4) incluir uma crítica consistente e fundamentada.
Material dirigido para estudo - Auto da Compadecidajasonrplima
O documento resume a vida e obra do escritor Ariano Suassuna, criador do movimento Armorial. O texto descreve que Suassuna nasceu em 1927 na Paraíba e se tornou professor de literatura na Universidade Federal de Pernambuco. Sua peça mais famosa é o Auto da Compadecida, que mistura elementos populares nordestinos com a cultura medieval europeia. O documento também fornece detalhes sobre a estrutura e personagens centrais da obra, como João Grilo.
Este documento descreve o movimento iluminista no século XVIII na Europa, que defendia a razão, educação e progresso. O Marquês de Pombal implementou reformas educacionais em Portugal inspiradas nos ideais iluministas, como a expulsão dos jesuítas e a reorganização da Universidade de Coimbra.
A Idade Média na Europa teve início com as invasões germânicas no século V e caracterizou-se pelo feudalismo, supremacia da Igreja Católica e sociedade hierarquizada. Neste período, predominaram as relações de vassalagem entre senhores feudais e camponeses, e a sociedade era estática com pouca mobilidade social.
O documento discute os mecanismos de coesão textual, definindo-a como a conexão entre as partes do texto através de vínculos sintáticos e semânticos. Apresenta os principais tipos de coesão, incluindo referencial, substituição, elipse, conjunção e lexical. Explica cada um destes mecanismos por meio de exemplos, destacando a importância da coesão para a compreensão do texto.
O documento discute o conceito de letramento visual, definindo-o como a habilidade de interpretar informações apresentadas visualmente através de imagens. Explica que o letramento visual envolve observação, identificação de detalhes e compreensão das relações visuais para análise crítica e criação com recursos imagéticos. Também aborda a gramática visual e como elementos visuais como ângulos, tamanho e cor podem transmitir significados.
Este documento fornece um resumo da história da pedagogia desde as suas origens até se tornar uma ciência da educação. Abrange os períodos primitivo, oriental, grego e romano, destacando as características da educação em cada época e o surgimento dos termos "pedagogia" e "educação" na Grécia antiga.
O documento descreve diferentes abordagens teóricas da Didática ao longo da história, incluindo a abordagem tradicional, escolanovista, tecnicista e a proposta de uma Didática fundamental. Ele também discute a importância da dimensão cultural na prática pedagógica.
O documento fornece dicas sobre como fazer um bom resumo crítico, incluindo: (1) ser breve e conciso, focando nas ideias principais e deixando detalhes secundários de lado; (2) ser pessoal com suas próprias palavras; (3) ter uma estrutura lógica com as ideias apresentadas em ordem; e (4) incluir uma crítica consistente e fundamentada.
Material dirigido para estudo - Auto da Compadecidajasonrplima
O documento resume a vida e obra do escritor Ariano Suassuna, criador do movimento Armorial. O texto descreve que Suassuna nasceu em 1927 na Paraíba e se tornou professor de literatura na Universidade Federal de Pernambuco. Sua peça mais famosa é o Auto da Compadecida, que mistura elementos populares nordestinos com a cultura medieval europeia. O documento também fornece detalhes sobre a estrutura e personagens centrais da obra, como João Grilo.
Aula de "Teorias do uso da língua" ministrada pelos professores Sabine Reiter e Armando da Costa, na casa de estudos germânicos da UFPA, durante o 4º período letivo de 2013, do curso de Letras - Alemão.
Johann Pestalozzi nasceu na Suíça em 1746 e desenvolveu uma abordagem educacional baseada no amor, enfatizando o desenvolvimento das habilidades naturais das crianças e uma atmosfera de segurança e afeto semelhante a um lar. Ele acreditava que apenas o amor poderia levar as pessoas à realização moral e que o método educacional ideal deveria envolver as dimensões intelectual, física e moral da criança.
O autor observa uma família negra em um botequim celebrando o aniversário da filha de três anos. Ele descreve como o pai compra um pedaço de bolo e a mãe acende velinhas. A menina sopra as velas e comemora com os pais, que observam com ternura. Quando o pai nota que estão sendo observados, constrangido, ele sorri.
RESUMO - KOCH e ELIAS intertextualidadeÉrica Camargo
Este documento define e caracteriza a intertextualidade em três pontos:
1) A intertextualidade ocorre quando um texto incorpora outro texto anteriormente produzido que faz parte da memória social.
2) Pode ocorrer de forma explícita, através de citações, ou implícita, cabendo ao leitor identificar a referência.
3) A compreensão depende do reconhecimento dos textos-fonte e dos gêneros textuais envolvidos.
As contribuições da teoria sócio histórica de vygotsky para a educação inclusivaRute da Conceição Machado
Vygotsky contribuiu para a Educação Inclusiva ao defender que todas as crianças, independente de deficiência, devem ter acesso à educação. Sua teoria enfatiza que o desenvolvimento depende das interações sociais e culturais da criança. Além disso, defende que a escola deve se adaptar às necessidades de cada aluno, não o contrário.
O documento descreve o papel e o tratamento das mulheres durante a Idade Média na Europa. As mulheres eram vistas como inferiores e pecadoras, e estavam sob o completo controle dos homens. Apesar de alguns papéis sociais, como esposa e mãe, as mulheres sempre estavam sob a autoridade de um homem.
O documento descreve a educação durante o período do Renascimento na Europa, abordando seus principais aspectos, como o surgimento do humanismo e do racionalismo em resposta às transformações sociais, econômicas e políticas da época. Também apresenta os principais pensadores e reformas educacionais promovidas, tanto pelos movimentos protestante e católico.
O filme retrata a educação feminina nos anos 1950 em uma escola exclusiva para mulheres nos EUA. A escola promovia uma educação extremamente conservadora, preparando as alunas apenas para se casarem e cuidarem da família. Uma nova professora causa controvérsia ao quebrar os padrões rígidos de ensino e estimular o pensamento crítico das alunas.
Pestalozzi foi um pedagogo suíço do século XVIII considerado o pai da pedagogia moderna. Ele defendia que a educação deveria seguir o desenvolvimento natural da criança e que o aprender fazendo é essencial, com a criança aprendendo através da experiência. Ele também enfatizou a educação integral, abordando os aspectos intelectual, físico e moral da criança. Suas ideias revolucionárias influenciaram profundamente a educação posterior.
O documento resume o que é pedagogia, seu campo de atuação e o trabalho do pedagogo. A pedagogia estuda diversos temas relacionados à educação de forma teórica e prática, e o trabalho do pedagogo envolve planejar atividades educativas, participar de discussões sobre a proposta pedagógica da escola, auxiliar outros profissionais e atuar em diversas áreas da escola.
O documento descreve o Romantismo no Brasil, que teve início em 1836 com a publicação do livro "Suspiros Poéticos e Saudades" de Domingos José Gonçalves de Magalhães. Dividiu-se em três gerações: a geração indianista (1830-1847), a geração byroniana (1840-1860) e a geração hugoana (1850-1870). A prosa romântica caracterizou-se pelo sentimentalismo e amor impossível.
O documento descreve a história do teatro no Brasil desde a colonização portuguesa até os dias atuais, mencionando importantes autores, movimentos e gêneros teatrais em cada período. Destaca a chegada da família real portuguesa em 1808 e o início de peças de origem européia. Também cita o romantismo, realismo, modernismo e teatro contemporâneo, com ênfase em grupos como o Teatro de Arena e Teatro Oficina.
Nivelamento aula 2 (gêneros e tipologia textual)Éric Santos
1. O documento discute os conceitos de gêneros textuais e tipologias textuais segundo duas correntes principais e apresenta exemplos de cada tipologia textual. 2. As tipologias textuais incluem narração, descrição e dissertação, com exemplos e características de cada um. 3. Os gêneros textuais surgem de práticas sócio-históricas e novas tecnologias podem gerar novos gêneros híbridos.
Este documento define e discute conceitos fundamentais da criminologia como: definição de criminologia, objetos de estudo, funções, objetivos, impactos da criminalidade, violência, anomia, entre outros. Além disso, aborda desafios da sociedade brasileira como desigualdades e violência.
O documento descreve o sistema político e econômico do Antigo Regime nos séculos XVII e XVIII, caracterizado pelo absolutismo e mercantilismo. Aborda especificamente a situação em Portugal, onde a agricultura tradicional e o comércio colonial eram a base da economia, e as reformas implementadas pelo Marquês de Pombal após o terremoto de 1755 visavam centralizar o poder do Estado.
1) O funcionalismo em linguística estuda a linguagem como um instrumento de comunicação e interação social.
2) A análise funcional deve descrever a língua como um requisito pragmático para a interação verbal e levar em conta a função semântica, sintática e pragmática das unidades linguísticas.
3) A perspectiva funcional analisa a sentença dividindo-a em tema (informação dada) e rema (informação nova) de acordo com o contexto comunicacional.
O documento descreve o movimento naturalista no Brasil e na França no século XIX. O naturalismo surgiu na França como uma radicalização do realismo e retratava os instintos humanos de forma crua. No Brasil, o naturalismo chegou no final do século XIX e abordou temas como a vida nos cortiços e o preconceito social. Aluísio de Azevedo foi o pioneiro deste movimento no Brasil com obras como O Mulato e O Cortiço.
O documento discute as ideias do teórico da pedagogia Philippe Perrenoud. Ele aborda temas como aprendizagem por ciclos, avaliação por competências e integração da escola ao mundo do trabalho. O documento também lista algumas das obras de Perrenoud e como suas ideias podem ser relacionadas ao PNAIC e instituições de formação profissional.
Funções da Linguagem - Língua Portuguesa. Exemplos com músicas brasileirasDouglas Vieira
O documento discute as principais funções da linguagem e fornece exemplos de músicas que ilustram cada uma delas. São elas: função emotiva, apelativa, fática, poética, referencial e metalinguística. Cada função é explicada e exemplos de letras de músicas são dados para exemplificar o uso da respectiva função.
O documento explica o conceito de intertextualidade através de exemplos de paródias e paráfrases que fazem referência a outros textos. A intertextualidade ocorre quando um texto se relaciona ou faz alusão, explícita ou implicitamente, a outro texto, podendo confirmar ou contestar as ideias do texto original.
Este artigo analisa a presença de intertextualidade entre as obras "Boca de Chafariz", de Rui Mourão, e "Cidade do Sonho e da Melancolia", de Gilberto de Alencar. Ambas as obras descrevem a cidade de Ouro Preto e valorizam a Escola de Minas localizada nela. Trechos dos livros sobre a Escola de Minas e sobre a casa do poeta Tomaz Gonzaga em Ouro Preto demonstram exemplos de diálogo e influência entre as obras.
Aula de "Teorias do uso da língua" ministrada pelos professores Sabine Reiter e Armando da Costa, na casa de estudos germânicos da UFPA, durante o 4º período letivo de 2013, do curso de Letras - Alemão.
Johann Pestalozzi nasceu na Suíça em 1746 e desenvolveu uma abordagem educacional baseada no amor, enfatizando o desenvolvimento das habilidades naturais das crianças e uma atmosfera de segurança e afeto semelhante a um lar. Ele acreditava que apenas o amor poderia levar as pessoas à realização moral e que o método educacional ideal deveria envolver as dimensões intelectual, física e moral da criança.
O autor observa uma família negra em um botequim celebrando o aniversário da filha de três anos. Ele descreve como o pai compra um pedaço de bolo e a mãe acende velinhas. A menina sopra as velas e comemora com os pais, que observam com ternura. Quando o pai nota que estão sendo observados, constrangido, ele sorri.
RESUMO - KOCH e ELIAS intertextualidadeÉrica Camargo
Este documento define e caracteriza a intertextualidade em três pontos:
1) A intertextualidade ocorre quando um texto incorpora outro texto anteriormente produzido que faz parte da memória social.
2) Pode ocorrer de forma explícita, através de citações, ou implícita, cabendo ao leitor identificar a referência.
3) A compreensão depende do reconhecimento dos textos-fonte e dos gêneros textuais envolvidos.
As contribuições da teoria sócio histórica de vygotsky para a educação inclusivaRute da Conceição Machado
Vygotsky contribuiu para a Educação Inclusiva ao defender que todas as crianças, independente de deficiência, devem ter acesso à educação. Sua teoria enfatiza que o desenvolvimento depende das interações sociais e culturais da criança. Além disso, defende que a escola deve se adaptar às necessidades de cada aluno, não o contrário.
O documento descreve o papel e o tratamento das mulheres durante a Idade Média na Europa. As mulheres eram vistas como inferiores e pecadoras, e estavam sob o completo controle dos homens. Apesar de alguns papéis sociais, como esposa e mãe, as mulheres sempre estavam sob a autoridade de um homem.
O documento descreve a educação durante o período do Renascimento na Europa, abordando seus principais aspectos, como o surgimento do humanismo e do racionalismo em resposta às transformações sociais, econômicas e políticas da época. Também apresenta os principais pensadores e reformas educacionais promovidas, tanto pelos movimentos protestante e católico.
O filme retrata a educação feminina nos anos 1950 em uma escola exclusiva para mulheres nos EUA. A escola promovia uma educação extremamente conservadora, preparando as alunas apenas para se casarem e cuidarem da família. Uma nova professora causa controvérsia ao quebrar os padrões rígidos de ensino e estimular o pensamento crítico das alunas.
Pestalozzi foi um pedagogo suíço do século XVIII considerado o pai da pedagogia moderna. Ele defendia que a educação deveria seguir o desenvolvimento natural da criança e que o aprender fazendo é essencial, com a criança aprendendo através da experiência. Ele também enfatizou a educação integral, abordando os aspectos intelectual, físico e moral da criança. Suas ideias revolucionárias influenciaram profundamente a educação posterior.
O documento resume o que é pedagogia, seu campo de atuação e o trabalho do pedagogo. A pedagogia estuda diversos temas relacionados à educação de forma teórica e prática, e o trabalho do pedagogo envolve planejar atividades educativas, participar de discussões sobre a proposta pedagógica da escola, auxiliar outros profissionais e atuar em diversas áreas da escola.
O documento descreve o Romantismo no Brasil, que teve início em 1836 com a publicação do livro "Suspiros Poéticos e Saudades" de Domingos José Gonçalves de Magalhães. Dividiu-se em três gerações: a geração indianista (1830-1847), a geração byroniana (1840-1860) e a geração hugoana (1850-1870). A prosa romântica caracterizou-se pelo sentimentalismo e amor impossível.
O documento descreve a história do teatro no Brasil desde a colonização portuguesa até os dias atuais, mencionando importantes autores, movimentos e gêneros teatrais em cada período. Destaca a chegada da família real portuguesa em 1808 e o início de peças de origem européia. Também cita o romantismo, realismo, modernismo e teatro contemporâneo, com ênfase em grupos como o Teatro de Arena e Teatro Oficina.
Nivelamento aula 2 (gêneros e tipologia textual)Éric Santos
1. O documento discute os conceitos de gêneros textuais e tipologias textuais segundo duas correntes principais e apresenta exemplos de cada tipologia textual. 2. As tipologias textuais incluem narração, descrição e dissertação, com exemplos e características de cada um. 3. Os gêneros textuais surgem de práticas sócio-históricas e novas tecnologias podem gerar novos gêneros híbridos.
Este documento define e discute conceitos fundamentais da criminologia como: definição de criminologia, objetos de estudo, funções, objetivos, impactos da criminalidade, violência, anomia, entre outros. Além disso, aborda desafios da sociedade brasileira como desigualdades e violência.
O documento descreve o sistema político e econômico do Antigo Regime nos séculos XVII e XVIII, caracterizado pelo absolutismo e mercantilismo. Aborda especificamente a situação em Portugal, onde a agricultura tradicional e o comércio colonial eram a base da economia, e as reformas implementadas pelo Marquês de Pombal após o terremoto de 1755 visavam centralizar o poder do Estado.
1) O funcionalismo em linguística estuda a linguagem como um instrumento de comunicação e interação social.
2) A análise funcional deve descrever a língua como um requisito pragmático para a interação verbal e levar em conta a função semântica, sintática e pragmática das unidades linguísticas.
3) A perspectiva funcional analisa a sentença dividindo-a em tema (informação dada) e rema (informação nova) de acordo com o contexto comunicacional.
O documento descreve o movimento naturalista no Brasil e na França no século XIX. O naturalismo surgiu na França como uma radicalização do realismo e retratava os instintos humanos de forma crua. No Brasil, o naturalismo chegou no final do século XIX e abordou temas como a vida nos cortiços e o preconceito social. Aluísio de Azevedo foi o pioneiro deste movimento no Brasil com obras como O Mulato e O Cortiço.
O documento discute as ideias do teórico da pedagogia Philippe Perrenoud. Ele aborda temas como aprendizagem por ciclos, avaliação por competências e integração da escola ao mundo do trabalho. O documento também lista algumas das obras de Perrenoud e como suas ideias podem ser relacionadas ao PNAIC e instituições de formação profissional.
Funções da Linguagem - Língua Portuguesa. Exemplos com músicas brasileirasDouglas Vieira
O documento discute as principais funções da linguagem e fornece exemplos de músicas que ilustram cada uma delas. São elas: função emotiva, apelativa, fática, poética, referencial e metalinguística. Cada função é explicada e exemplos de letras de músicas são dados para exemplificar o uso da respectiva função.
O documento explica o conceito de intertextualidade através de exemplos de paródias e paráfrases que fazem referência a outros textos. A intertextualidade ocorre quando um texto se relaciona ou faz alusão, explícita ou implicitamente, a outro texto, podendo confirmar ou contestar as ideias do texto original.
Este artigo analisa a presença de intertextualidade entre as obras "Boca de Chafariz", de Rui Mourão, e "Cidade do Sonho e da Melancolia", de Gilberto de Alencar. Ambas as obras descrevem a cidade de Ouro Preto e valorizam a Escola de Minas localizada nela. Trechos dos livros sobre a Escola de Minas e sobre a casa do poeta Tomaz Gonzaga em Ouro Preto demonstram exemplos de diálogo e influência entre as obras.
O documento discute o princípio da intertextualidade como fator de textualidade em textos orais e escritos. Apresenta as definições de interdiscursividade e intertextualidade e classifica as formas mais utilizadas da intertextualidade, como citação, alusão e estilização.
Intertextualidades - "Vou-me embora pra pasárgada"Edilson A. Souza
Este texto fala sobre a intertextualidade. Na verdade, é uma análise através do viés da intertextualidade. É ótimo para se aprender sobre como ocorre o intertexto dentro de um texto. É de leitura fácil.
O documento discute o conceito de intertextualidade, definindo-o como a relação entre textos onde ideias de um texto influenciam o outro, e fornece exemplos de como isso ocorre em músicas, filmes e literatura. Também apresenta exemplos textuais ilustrativos e conclui que reconhecer a intertextualidade amplia a compreensão dos textos.
A empresa de tecnologia anunciou um novo smartphone com câmera aprimorada, maior tela e melhor processador. O novo aparelho também possui bateria de maior duração e armazenamento expansível. O lançamento do novo modelo está previsto para o último trimestre do ano, com preço sugerido a partir de US$799.
O documento discute a intertextualidade em três frases:
A intertextualidade ocorre quando um texto absorve ou transforma outro texto, sendo impossível ler sem comparar textos. A noção de intertextualidade abre novos modos de análise literária e questiona a originalidade dos textos. Perceber a intertextualidade demonstra conhecimento cultural e como o senso comum influencia a leitura.
Leitura de imagens no ensino infantil por simone drumondSimoneHelenDrumond
O documento discute a importância da leitura de imagens no ensino infantil. A leitura de imagens ajuda a desenvolver a imaginação das crianças e amplia seu repertório argumentativo. As crianças relataram sobre suas famílias, aviões e desejos de Natal a partir de imagens. A leitura permite viajar e conhecer sem sair do lugar.
Este documento analisa a intertextualidade em anúncios publicitários impressos por meio da perspectiva bakhtiniana. Discute como a intertextualidade é uma ferramenta criativa na publicidade ao permitir a incorporação de significados de outros textos no processo de criação publicitária. Identifica diferentes formas de intertextualidade como citação, alusão e estilização em anúncios que fazem referência a contos de fadas e a histórias bíblicas.
Este documento analisa a intertextualidade em anúncios publicitários impressos a partir da perspectiva bakhtiniana. Discute como a intertextualidade se manifesta por meio da citação, alusão e estilização e serve como ferramenta criativa na publicidade. Apresenta exemplos de anúncios que incorporam outros textos como contos de fadas e a Bíblia, reinterpretando seus sentidos para fins persuasivos.
Este artigo discute três pontos principais: 1) A intertextualidade como um fator importante de textualidade que determina a influência de textos anteriores nos atuais; 2) As teorias de interdiscursividade e intertextualidade e como um discurso sempre se refere a outros discursos; 3) As diferentes formas de intertextualidade, incluindo citação, alusão e estilização.
O documento discute os conceitos de coesão e coerência em produção textual. Explica que a coesão dá estrutura ao texto por meio de recursos conectivos e referenciais, enquanto a coerência faz com que o texto faça sentido ao estabelecer relações entre seus elementos. Apresenta também exemplos que ilustram esses conceitos e a diferença entre eles.
O documento discute os conceitos de coesão e coerência em produção textual. A coesão refere-se aos mecanismos formais que dão estrutura ao texto através de recursos conectivos e referenciais. Os principais mecanismos de coesão são referência, substituição, elipse e conjunção. A coerência diz respeito à interpretabilidade e sentido do texto como um todo.
O documento discute a dificuldade de compreensão do texto bíblico devido à sua natureza intertextual e à variedade de gêneros literários presentes. Aponta que o conceito de intertextualidade é fundamental para entender como cada parte da Bíblia só faz sentido em relação aos demais textos, já que é constituída por diversos gêneros literários ao longo do Antigo e Novo Testamento. Argumenta que uma leitura que considere a intertextualidade é essencial para uma compreensão adequada do texto bíblico.
O documento discute os conceitos de coesão referencial e referenciação no processamento do discurso. A referenciação é uma atividade discursiva estratégica que envolve escolhas dos sujeitos para representar estados de coisas. Operações básicas de referenciação incluem construção e reconstrução para introduzir ou reintroduzir objetos textuais.
O documento discute a diferença entre gêneros textuais e tipos de texto. Apresenta a noção bakhtiniana de gênero, que inclui textos de comunicação cotidiana, e não apenas literários. Também explica que tipos de texto são categorias teóricas limitadas, enquanto gêneros textuais são realizações sociais ilimitadas. Finalmente, destaca que livros didáticos comumente confundem esses conceitos.
O documento discute a intertextualidade como um fenômeno de interação entre textos onde um texto incorpora elementos de outros textos. A intertextualidade ocorre nos níveis semântico, sintático e pragmático e depende da memória intertextual do leitor para compreender as referências. A intertextualidade confere densidade ao texto ao permitir múltiplos sentidos baseados nos textos referenciados de forma implícita ou explícita.
Este artigo discute como os gêneros discursivos podem contribuir para o ensino da língua portuguesa. A pesquisa é baseada nas teorias de Bakhtin, Halliday, Koch e outros que veem a linguagem como instrumento essencial para a transformação humana. Os gêneros discursivos são aprendidos socialmente e representam padrões comunicativos usados em situações específicas. Marcuschi defende que o ensino deve focar nos gêneros textuais orais e escritos para desenvolver a capacidade de expressão dos al
Intertextualidade e a importância da leitura valdiceEdilson A. Souza
O documento discute a intertextualidade e a importância da leitura polifônica, analisando o poema 'Para cantar com o saltério'. Apresenta conceitos como coerência textual, intertextualidade e leitura polissêmica. Analisa como o poema estabelece diálogos implícitos com textos bíblicos sobre espera, fé e o retorno de Jesus."
1) O documento discute a relação entre as definições de história em quadrinhos e tiras, considerando se ambos são gêneros ou se um é segmento do outro.
2) Apresenta o conceito de hipergênero para explicar como as tiras, embora apresentem gêneros distintos, compartilham características agregadas pelo hipergênero quadrinhos.
3) Discutem os conceitos de gênero de Bakhtin e Maingueneau, incluindo a noção de que os gêneros são dinâmicos e
Este documento discute como o discurso literário é transformado pela narrativa do leitor no contexto do hipertexto digital. Ele explora como os leitores podem reelaborar obras literárias usando recursos hipermidiáticos e como isso afeta a representação e percepção do discurso literário. O documento também analisa como as mudanças na sociedade afetam o discurso e a construção de gêneros textuais.
O documento discute as teorias de Bakhtin sobre interdiscursividade e intertextualidade. Resume que a interdiscursividade ocorre quando há relações dialógicas entre enunciados, enquanto a intertextualidade é um tipo particular de interdiscursividade que envolve duas materialidades textuais distintas dentro de um texto. Também diferencia texto de enunciado e explica como Bakhtin via a linguagem de forma dialógica.
Intertextualidades no processo de reconstrução de textos de escóliosEdilson A. Souza
1) O documento discute as relações intertextuais encontradas nos escólios, comentários sobre a obra de Hermógenes de Tarso.
2) Estes escólios citam, parafraseiam e debatem outros comentários e teorias de retóricos como Hermagoras de Temnos e Sópatro.
3) O autor propõe categorias para distinguir os diferentes tipos de intertextos encontrados nos escólios, como fontes teóricas e referências literárias usadas como exemplos.
1. O documento apresenta o sumário de um módulo de língua portuguesa com 5 unidades sobre diferentes aspectos da linguagem e produção de textos.
2. As unidades abordam tópicos como a relação entre textos, organização interna de textos, análise de artigos de opinião e produção de textos.
3. O módulo fornece conteúdos e atividades para aperfeiçoar habilidades de leitura, escrita, interpretação e produção de textos.
Este documento apresenta um resumo de três frases ou menos do documento fornecido:
O documento discute a diferença entre intertextualidade e interdiscursividade segundo Bakhtin e outros autores. Intertextualidade refere-se à incorporação de um texto em outro, enquanto interdiscursividade se refere à interação com um discurso ou memória discursiva que constitui o contexto da atividade linguística. A obra de Bakhtin mostra que o dialogismo, ou relação entre enunciados, é a forma de funcionamento real da linguagem.
A ordem do expor em géneros académicos...Marisa Paço
Este documento analisa a ordem de exposição em dois géneros académicos do português europeu contemporâneo: o artigo didático e o artigo científico. A análise mostra que o discurso teórico é predominante em ambos os casos, mas o discurso interativo tende a ocorrer em momentos-chave do plano de texto nos artigos científicos. O género parece regular onde e quando o discurso interativo emerge.
O documento discute as considerações sobre o ato de ler. Aprender a ler envolve a interação entre o texto e os conhecimentos do leitor, e é diferente de conversar onde há mais elementos como gestos e entonação. A leitura também envolve relações interpessoais e conhecimentos de diferentes áreas, e aprendemos a ler através da prática da leitura e da vivência.
1) A Lingüística Textual surgiu como uma reação à Lingüística Estrutural, que se limitava à análise da frase. 2) Os primeiros estudos se concentraram na análise transfrástica, observando fenômenos como a co-referenciação. 3) Posteriormente, surgiram propostas de gramáticas textuais para descrever a competência textual dos falantes.
(RE)ATUALIZAÇÃO MITOLÓGICA EM “COM SUA VOZ DE MULHER”, DE MARINA COLASANTI - ...Edilson A. Souza
Este documento analisa o conto "Com sua voz de mulher", de Marina Colasanti. O conto apresenta uma narrativa mítica na qual um deus assume a forma de uma mulher para entender porque os habitantes de sua cidade estavam tristes. Ao contar histórias, o deus-mulher transforma a realidade das pessoas. O documento discute como o conto retoma temas e elementos de mitologias como a grega e a judaico-cristã.
Livro - literatura infantil construção, recepção e descobertasEdilson A. Souza
Este capítulo discute como a literatura infantil é utilizada nos espaços da creche segundo a perspectiva de educadores. A autora realizou rodas de conversa em duas creches de Sergipe para compreender como os educadores aproximam as crianças da literatura infantil e quais são seus objetivos e práticas pedagógicas. A literatura infantil é essencial para o desenvolvimento do imaginário e da reflexão das crianças. Os educadores devem ter uma escuta sensível ao mediar a experiência literária para que ela se torne educativa e prazerosa
Discutindo raça/racismo na sala de aula de língua Inglesa - Revista SUPERUni,...Edilson A. Souza
Este trabalho tem objetivo de mostrar uma experiência
de Letramento Crítico na sala de aula de língua
inglesa, considerando-a como um espaço
questionador das relações de poder e das ideologias
disfarçadas sobre raça e racismo. Para tanto, foram
feitas análises dos resultados de discussões e de questionários aplicados no 8º Ano de uma escola municipal
de Senador Canedo-GO.
A teoria literária entre práticas e saberes novas estratégias, múltiplos ob...Edilson A. Souza
O documento discute o lugar da teoria nos programas de pós-graduação em literatura. A autora defende a importância da teoria literária para abordar novos objetos e interlocuções entre a literatura e outras áreas, mesmo em meio à crise dos paradigmas teóricos. A desconstrução crítica dos paradigmas não deve levar à renúncia da teoria, mas sim a um pensamento rigoroso capaz de se sustentar sobre os impasses críticos e qualificar a natureza construída do objeto literário.
Breve reflexão sobre o fenômeno da intertextualidade - nº 43 espéculo (ucm),...Edilson A. Souza
O documento discute os conceitos de intertextualidade, polifonia e citação de vozes. Apresenta as visões de Bakhtin e Ducrot sobre polifonia, onde várias vozes coexistem em um texto. Também explica as formas de citação de vozes segundo a gramática normativa: discurso direto, indireto e indireto livre.
A Intertextualidade nos processos de composição e interpretação da Seresta pa...Edilson A. Souza
O artigo discute a aplicação da teoria da intertextualidade na composição e interpretação musical, analisando a Seresta para Violão de José Alberto Kaplan. Kaplan incorporou elementos rítmicos, melódicos e formais de obras de Francisco Mignone e Aylton Escobar. A interpretação e audição de uma obra também são processos intertextuais, onde intérprete e ouvinte criam seus próprios textos musicais a partir da obra.
Intertextualidade um dialogo entre a ficcão e a históriaEdilson A. Souza
Este documento compara como Alexandre Herculano e Fernão Lopes abordam o episódio do Castelo de Faria em suas obras. Fernão Lopes relata o episódio de forma objetiva em sua crônica histórica, enquanto Herculano recria o episódio de forma subjetiva em seu conto, aliando ficção e história. Ambos os autores buscam retratar eventos do passado de Portugal de forma fiel, porém com estilos diferentes.
Este documento apresenta uma tese de doutorado sobre o fenômeno da intertextualidade em uma perspectiva cognitiva. A pesquisa analisa a intertextualidade como uma manifestação do princípio dialógico da linguagem e da cognição humana e como uma manifestação do processo cognitivo de integração conceptual. Os dados analisados consistem em textos de publicidade, literatura e jornalismo representativos da sociedade brasileira contemporânea. A pesquisa utiliza uma metodologia qualitativa baseada na análise introspectiva dos dados e sug
Este documento apresenta uma tese de doutorado sobre o fenômeno da intertextualidade em uma perspectiva cognitiva. A pesquisa analisa a intertextualidade como uma manifestação do princípio dialógico da linguagem e da cognição humana e como uma manifestação do processo cognitivo de integração conceptual. Os dados analisados consistem em textos de publicidade, literatura e jornalismo representativos da sociedade brasileira contemporânea. A pesquisa utiliza uma metodologia qualitativa baseada na análise introspectiva dos dados e sug
Este documento apresenta o conceito de intertextualidade na teoria literária e nos estudos bíblicos. Discute a definição do termo por Julia Kristeva, suas formas (interna e externa), graus (mínimo, médio e máximo) e manifestações (explícita e implícita). Também aborda autores que ampliaram as noções de intertextualidade.
Intertextualidade a construcao_de_sentido_na_stefaniaEdilson A. Souza
Este documento discute a intertextualidade na publicidade veiculada em outdoors. Apresenta conceitos de intertextualidade e seus tipos, como explícita e implícita. Também aborda o détournement e como a memória coletiva é importante para a construção de sentido na intertextualidade implícita. Por fim, define outdoor como suporte do gênero publicidade.
1. Este resumo descreve a origem do estudo da peça O plantador de naus a haver no curso "A literatura portuguesa em cena" da USP e o contato inicial com a autora Júlia Nery. Também apresenta os projetos brasileiro "Autor por Autor" e português "EXDRA", que compartilham os objetivos de analisar obras literárias sob a perspectiva da intertextualidade e do ensino da literatura.
2. A biobibliografia de Júlia Nery é apresentada, incluindo de
Intertextualidade interdiscursividade 121022125333-phpapp02Edilson A. Souza
O documento discute os conceitos de intertextualidade e interdiscursividade a partir da obra de Bakhtin e de outros autores. Segundo Fiorin, interdiscursividade refere-se a qualquer relação dialógica entre enunciados, enquanto intertextualidade é um tipo particular onde há incorporação de materialidade textual de um texto em outro. Kristeva define intertextualidade como a noção de que todo texto é construído a partir de citações de outros textos.
Intertextualidade e suas origens, de luciano corralesEdilson A. Souza
O documento discute a origem e evolução da intertextualidade e da literatura comparada. Apresenta exemplos de Aristóteles, Platão e outros que já discutiam influências entre textos na antiguidade. Também descreve o desenvolvimento da literatura comparada entre os séculos XVIII e XIX na França e como passou a analisar relações de forma mais crítica do que apenas identificar semelhanças.
Este documento discute se a intertextualidade faz parte da função metalinguística. Alguns argumentam que sim, pois a intertextualidade envolve referências a outros textos e isso seria uma forma de metalinguagem. Porém, outros apontam que a intertextualidade não necessariamente foca no código linguístico, enquanto a metalinguagem sim, portanto não devem ser confundidas. Permanece em aberto se há critérios precisos para definir os limites entre esses conceitos.
O documento discute a intertextualidade e interdiscursividade nas linguagens midiática e literária. Aborda como esses conceitos estão presentes em diferentes textos literários e midiáticos, citando exemplos de Chico Buarque, Manuel Bandeira e outros. Também distingue entre intertextualidade interna, entre um autor e seu próprio trabalho, e externa, entre autores diferentes.
Este artigo discute o conceito de intertextualidade e dialogismo, definindo-os como referências entre textos onde um autor constrói sua obra com referências a outras obras e autores. A intertextualidade surgiu nos estudos de Bakhtin e Kristeva e pode ocorrer por citação, alusão ou estilização entre diferentes mídias como literatura, artes plásticas e cinema. Exemplos de Rabelais e Cervantes ilustram como incorporaram elementos de outros textos em seus próprios trabalhos de forma dialógica.
Intertextualidade bìblic nas crnicas de nrnia raquel lima botelhoEdilson A. Souza
Este documento apresenta um resumo de uma dissertação de mestrado sobre a intertextualidade bíblica nas Crônicas de Nárnia de C.S. Lewis. A dissertação analisa como Lewis incorpora temas e figuras bíblicas em seus contos de forma a reforçar a ética e moral cristã. Alguns temas abordados incluem graça, redenção e a representação do bem e do mal.
Este documento discute as noções de texto e intertextualidade. Primeiramente, define texto como qualquer coisa capaz de gerar significado através da interação entre leitor e obra, em vez de ser limitado a um sistema semiótico específico. Segundo, critica a noção de signo como unidade básica de análise textual, argumentando que o signo é na verdade um texto truncado. Por fim, discute três premissas comuns na leitura de textos que limitam suas possibilidades de significado.
1. 2
A intertextualidade na teoria literária e nos estudos bíblicos
Nesta parte será apresentada a conceituação e as principais características da
intertextualidade tanto na teoria literária quanto nos estudos bíblicos.
2.1
O conceito de intertextualidade
A conceituação da intertextualidade compreenderá a definição do termo, suas
formas, seus graus e suas manifestações.
2.1.1
A definição de intertextualidade
O termo intertextualidade foi cunhado por Julia Kristeva, nos anos 60, quando
analisava os estudos da linguagem desenvolvidos pelo formalista russo Mikhail
Bakhtin.1
Repensando a teoria de Bakhtin sobre a dimensão da palavra nos espaços dos
textos e, principalmente, sobre o conceito de dialogismo2, Julia Kristeva, no quarto
1
Cf. ORR, Mary. Intertextuality: Debates and Contexts. Cambridge: Polity Press, 2003, p. 20;
ALLEN, Ghaham. Intertextuality (The New Critical Idiom). London: Routledge, 2000, p.39; VIGNER,
Gerard. Intertextualidade, norma e legibilidade. In: GALVES, Charlotte; ORLANDI, Eni P. &
OTONI, Paulo. O texto, leitura e escrita. Campinas: Pontes, 1997, p.32.
2
Para Bakhtin a linguagem é dialógica, pois se manifesta sempre entre um falante e um interlocutor
que, por sua vez, trazem nos seus enunciados ecos de outros enunciados. Para ele, todo discurso
humano é uma rede complexa de inter-relações dialógicas com outros enunciados. Esse elemento
dialógico é oposto à ideia de monólogo, no qual os enunciados são proferidos por uma única pessoa
ou entidade. A oposição está no fato do primeiro ser constituído de apenas uma voz e reconhecer
somente a si mesmo e o seu objeto, não considerando a palavra do outro; ao passo que o segundo, além
de ser composto por duas ou mais vozes, leva em conta a palavra do(s) interlocutor(es) e as condições
concretas da comunicação verbal. Através do conceito de dialogismo Bakhtin também defende que os
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2. 22
capítulo do seu ensaio de Introdução à Semanálise, “A Palavra, o Diálogo e o
Romance”,3
diz que “a palavra (o texto) é um cruzamento de palavras (de textos),
onde se lê, pelo menos, uma outra palavra (texto).4
É com essa frase que Kristeva cunha, elabora e fixa o conceito de
intertextualidade, dizendo que um texto é um conjunto de enunciados, tomados de
outros textos, que se cruzam e se relacionam ou que “todo texto se constrói como
mosaico de citações, todo texto é absorção e transformação de um em outro texto”.5
Essa concepção de texto como “mosaico de citações” acarreta a infinita
reinvenção e repetição de formas e conteúdos, uma rede interminável em que
diferentes sequências transformam-se em outras sequências, (re)utilizando de
incontáveis maneiras os materiais textuais existentes.6
Em outras palavras, um texto
só existe em relação a outros textos anteriormente produzidos, seja em conformidade
ou em oposição ao texto preexistente.7
falantes e os interlocutores, através do diálogo, constituem-se enquanto ser histórico e social, pois cada
enunciado exposto é realizado a partir de uma perspectiva de visão do mundo, que reflete a
procedência sócio-histórica e cultural do sujeito falante. No âmbito textual, para este formalista russo,
todo texto apresenta uma dupla relação dialógica: (1) entre os interlocutores e (2) entre outros textos.
Cf. conceito de dialogismo em: LIPTAK, Roman. Tides of Intertextuality. In: Coming to terms with
intertextuality: Metodology Behind Biblical Criticism Past and Present. Dissertation. Department of
Ancient Languages. University of Pretoria, 2003, pp. 10-20; JUNQUEIRA, Fernanda Gomes Coelho.
Dialogismo, Polifonia e Construção de conhecimento. In: Confronto de vozes discursivas no contexto
escolar: percepções sobre o ensino de gramática da língua portuguesa. Dissertação. Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Letras, 2003, pp. 23-32; LESIC-THOMAS,
Andrea. Behind Bakhtin: Russian Formalism and Kristeva's Intertextuality. Paragraph, vol. 28, n.3,
2005, pp.1-20; PAULINO, Graça; WALTY, Ivete e CURY, Maria Zilda. Intertextualidades: Teoria e
Prática. São Paulo: Formato/Saraiva, 2005, p. 21.
3
ALLEN , Ghaham. Intertextuality (The New Critical Idiom). London: Routledge, 2000, pp. 14-15 e
35-36; PROENÇA FILHO, Domício. A Linguagem Literária. 7ª ed. São Paulo: Ática, 2004, p. 70;
BAEL, Timothy. Ideology and Intertextuality: Susplus of Meaing ad Crontrolling the Means of
Production. In: FEWELL, Danna Nolan (ed). Reading Between Texts: Intertextuality and the Hebrew
Bible (Literary Currents in Biblical Interpretation). Louisville: Westminster/John Knox Press, 1992,
p.29; KRISTEVA, Julia. Introdução à semanálise. 2ª edição. Trad. Lúcia Helena França Ferraz. São
Paulo: Perspectiva, 2005, pp. 67-68.
4
KRISTEVA, Julia, op .cit., p. 68.
5
KRISTEVA, Julia, loc.cit.
6
PINEDA CACHERO, Antonio. Comunicación e intertextualidad en el cuarto de atrás, de Carmen
Martín Gaite (1ª. parte): literatura versus propaganda. Revista Especulo, n.16, nov. 2000/fev. 2001.
Disponível em: <http://www.ucm.es/info/especulo/numero16/pineda1.html>. Acesso em 16 ago. 2006
ao referir-se à intertextualidade na obra El cuarto de atrás, de Carmen Martín Gaite, diz: “Textos sobre
textos, textos dentro de textos, textos que condicionan y configuran la lectura de otros textos, y que, en
última instancia, determinan el mundo de la protagonista.”
7
VIGNER, Gerard. Intertextualidade, norma e legibilidade, p. 32.
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3. 23
Para Kristeva, o texto literário é uma rede de conexões.8
Por isso, a inserção de
elementos dentro do texto constrói uma rede dialógica da escritura-leitura. Um texto
estranho entra na rede da escritura e esta o absorve. Assim, no programa de um texto,
funcionam todos os textos do espaço lido pelo escritor.9
Nesse sentido, ler é
reinterpretar e perceber o trabalho de reescritura.10
Segundo a crítica francesa, a intertextualidade é um fenômeno que se encontra
na base do próprio texto literário, imbricada com sua inserção num múltiplo conjunto
de práticas sociais relevantes. A partir de Kristeva, texto passa a ser entendido como o
evento situado na história e na sociedade, que não apenas reflete uma situação, mas é
a própria situação. Pelo seu modo de escrever, lendo o corpus literário anterior ou
sincrônico, o autor vive na história, e a sociedade se escreve no texto.11
Após Kristeva, vários estudiosos ampliaram as noções de intertextualidade
possibilitando o surgimento de novas teorias, conceitos e aplicações do termo, como
as desenvolvidas por Roland Barthes – que aliou o termo à “morte do autor” – e
Jacques Derrida.12
2.1.2
As formas e os graus de intertextualidade
A intertextualidade tem duas formas básicas: interna e externa. A
intertextualidade interna é compreendida como a relação feita entre dois textos do
mesmo campo discursivo ou corrente de conhecimento.13
Koch, que denomina essa
8
KRISTEVA, Julia. Introdução à semanálise, p. 99.
9
KRISTEVA, Julia., op.cit., pp. 67-68.
10
VIGNER, Gerard. Intertextualidade, norma e legibilidade, p. 34.
11
KRISTEVA, Julia., op.cit.., pp. 66-67.
12
ORR, Mary. Intertextuality, pp. 21-22.
13
MAINGUENEAU, Dominique. Novas Tendências em Análise do Discurso. Campinas: Pontos,
1989, p. 87; BRANDÃO, Maria Helena Nagamine. Introdução à análise do discurso. 2ª ed. São Paulo:
Unicamp, 1993, p. 76; CHARAUDEAU, Patrick e MAINGUENEAU, Dominique. Dicionário de
Análise do Discurso. São Paulo: Contexto, 2004, p. 289; KOCH, Ingedore Villaça. O Texto e a
Construção dos Sentidos. São Paulo: Contexto, 2005, p. 62. Diz-se que quando um advogado redige
uma petição e cita artigos da Constituição Federal, faz uma intertextualidade com textos de mesmo
campo discursivo – neste caso, do direito –, entre a sua petição (novo texto jurídico) e o texto do
Constituição (antigo texto jurídico).
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4. 24
forma de intertextualidade de conteúdo, acrescenta que os textos em diálogo, além de
serem do campo discursivo, se servem de conceitos e expressões comuns.14
A
intertextualidade externa é entendida como relação dum texto com outro texto e feita
entre um discurso e discursos de campos distintos.15
Além de ser interna e externa, a intertextualidade pode ser explícita e implícita.
A intertextualidade é explícita quando a fonte usada está explícita no novo texto
através de citações e referências16
e é implícita quando ocorre sem a citação expressa
da fonte, mas através da alusão, paródia, ironia e paráfrase, tornando perceptível ao
leitor com qual texto se está dialogando.17
A relação entre os textos também é mesurada em graus. Para Carlos Reis, a
intertextualidade tem três graus: (1) mínimo, (2) médio e (3) máximo. O grau mínimo
de intertextualidade é marcado pelas características formais, como o ritmo e as
estruturas narrativas e os tipos de personagem. O grau médio é marcado por reflexos
discretos de uns textos em outros que, por continuidade ou por rejeição, contribuem
para a configuração do espaço intertextual. O grau máximo, quando um texto altera
ou não o sentido de outro pela presença das epígrafes, citações e referências.18
14
KOCH, Ingedore Villaça. O Texto e a Construção dos Sentidos, p. 62.
15
MAINGUENEAU, Dominique. Novas Tendências em Análise do Discurso, p.87; BRANDÃO,
Maria Helena Nagamine. Introdução à análise do discurso, p. 76 e CHARAUDEAU, Patrick e
MAINGUENEAU, Dominique. Dicionário de Análise do Discurso, p. 289. A matéria da revista Veja
“Quanto o cérebro é o médico e o monstro” (São Paulo, 28 de junho de 2006, edição 1962, n.25) ao
relacionar literatura com medicina utilizou-se de uma intertextualidade externa. Ao abordar o impacto
das emoções e da psique na cura das doenças faz uma alusão ao clássico “O Médico e o Monstro”
(STEVENSON, R. L. O Médico e o Monstro. São Paulo: Martin Claret, 2002) e usa a dualidade do
personagem principal de R. L. Stevenson, que tinha dentro de si um lado bom e um lado mau, para
aludir a pessoas que tanto podem somatizar como ajudar no processo da cura das doenças.
16
KOCH, Ingedore Villaça. O Texto e a Construção dos Sentidos, p. 63.
17
KOCH, Ingedore Villaça, loc.cit. Como exemplo de intertextualidade implícita tem-se o quadro no
programa Fantástico, da Rede Globo, “Ser ou não Ser”, da filósofa e escritora Viviane Mosé, que faz
uma alusão à conhecida frase de Shakespeare em “Hamlet” e remete o telespectador à pergunta
existencial da filosofia.
18
REIS, Carlos. Técnicas de Análise Textual – Introdução à Leitura Crítica do Texto Literário.
Coimbra: Almedina, 1981, p.133. Como exemplo de grau mínimo tem-se o poema “O Amor Bate na
Aorta”, de Carlos Drummond, que faz referência a Carlitos, um famoso personagem cinematográfico:
“Meu bem, não chores, / hoje tem filme de Carlito!”. Exemplo de grau médio é a capa e a matéria
principal da revista Veja, “Apocalipse já”, onde se faz alusão ao livro do Apocalipse e as catástrofes
como indícios de final dos tempos. Como exemplo grau máximo tem-se a primeira estrofe do poema
“Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias: “Minha terra tem palmeiras, / Onde canta o sabiá; / As aves,
que aqui gorjeiam, / Não gorjeiam como lá”, que tem seu sentido alterado quando citado por Oswald
de Andrade: “Minha terra tem palmares / onde gorjeia o mar / os passarinhos daqui / não cantam como
os de lá”.
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5. 25
Ampliando essa classificação, Markl aponta cinco critérios para medir os graus
de intertextualidade: (1) Referência (considera-se a intensidade das referências entre
os textos e em que medida um texto espelha outro pela temática); (2) Comunicação
(se há ou não a clareza acerca da relação entre os textos; se há como determinar que
um texto queira referir-se com outro; se o autor deixa algum traço de que conhece o
outro texto, através de indicações como a utilização de termos, expressões,
construções); (3) Estrutura (a proporção em que os textos apresentam elementos que
mostram semelhanças de função dentro da estrutura do texto); (4) Seletividade (a
proporção do uso das palavras entre os textos e em relação aos restantes textos); e (5)
Diálogo (o espelhamento da tensão semântica e de pensamento entre os dois textos e
em que medida os contextos dos textos se relacionam nestes dois aspectos).19
Para o autor, dá-se o grau máximo de intertextualidade: (a) quanto menor for a
frequência dos elementos linguísticos comuns aos dois textos na Bíblia; (b) quanto
maior for o número dos elementos linguísticos entre os dois textos; e (c) quando há
termos e expressões que são utilizados exclusivamente entre dois textos.20
Enquanto presença de um texto em outro texto, a intertextualidade é
manifestada na estrutura do texto, nas personagens e suas ações, na trama dos fatos,
em referências a determinados objetos, enfim, em tudo que estabelece um diálogo
entre os textos. Esse diálogo manifesta-se pela presença de epígrafe, citação,
referência, alusão, eco, traço, paráfrase, paródia, ironia e pastiche.21
19
MARKL, D. Hab 3 in intertextueller und kontextueller Sicht, Bib, n.85, 2004, p.100.
20
Segundo Markl, o critério (c) seria o que Fischer chamou de “exklusive Verbindungen”. Cf. G.
Fischer, Das Trostbüchlein. Text, Komposition und Theologie von Jer 30–31 (SBB 26). Stuttgart:
1993, pp. 186-224.
21
Vários autores sinalizam sobre as manifestações da intertextualidade, conf. em MISCALL, Peter.
Isaiah: New Heavens, New Earth, New Book. In: FEWELL, Danna Nolan (ed). Reading Between
Texts: Intertextuality and the Hebrew Bible (Literary Currents in Biblical Interpretation). Louisville:
Westminster/John Knox Press, 1992, p. 44 diz que a intertextualidade pode ser baseada em citações,
referências diretas, alusões, semelhanças de palavras, etc.; RASHKOW, Ilona N. Intertextuality,
Transference and the Reader in/of Genesis 12 and 20. In: FEWELL, Danna Nolan (ed). Reading
Between Texts: Intertextuality and the Hebrew Bible (Literary Currents in Biblical Interpretation).
Louisville: Westminster/John Knox Press, 1992, pp. 57-58 diz que a tipologia é uma das manifestações
de intertextualidade encontrada nos textos bíblicos, haja vista prefigurarem simbolicamente
características e cenas de eventos futuros; AICHELE, George & Phillips, Gary. Introduction: Exegesis,
Eisegesis, Intergesis. Semeia – Intertextuality and The Bible, n.69/70, 1995, p. 11 diz que a
intertextualidade se manifesta na alusão, citação e alegoria; MOYISE, Steve. Intertextuality and
Biblical Studies: A Review. VetE, n. 23, 2002, p. 428 diz que a intertextualidade através das citações,
alusões e ecos permite uma nova compreensão dos textos bíblicos; GROHMANN, Marianne. The
Word is Very Near to You! (Deuteronomy 30:14). Reader-Oriented Intertextuality in Jewish and
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6. 26
2.1.3
As manifestações da intertextualidade
A manifestação de um texto em outro pode ocorrer de forma explícita, na
superfície do texto, através da epígrafe, citação e referência, ou implícita, dentro do
discurso, através da alusão, eco, traço, paráfrase, paródia, ironia e pastiche.22
2.1.3.1
As manifestações explícitas da intertextualidade
A primeira manifestação explícita de intertextualidade é a epígrafe, uma escrita
introdutória a outra que deixa sua marca quando a menção de um texto ou parte dele
na introdução de outro dá novo valor e sentido ao primeiro.23
Considerada o modo mais evidente de intertextualidade,24
a segunda
manifestação explícita de um texto em outro é a citação, a retomada de um fragmento
de texto no corpo de outro texto25
ou, como define Glenna Jackson, “a reprodução de
Christian Hermeneutics. Old Testament Essays: Festschrift James Alfred Loader: Special Issue, vol.
18, n.2, 2005, p. 240 defende que a intertextualidade se manifesta através da citação, referência e
alusão; SHARON, Diane M. Some Results of a Structural Semiotic Analysis of The Story of Judah
and Tamar. JSOT, n.29, 2005, pp. 292-230 diz, citando V. M. Colapietro, que “as relações intertextuais
incluem anagrama, alusão, adaptação, tradução, paródia, pastiche, imitação e outros tipos de
transformações”; KOCH, Ingedore Villaça. O Texto e a Construção dos Sentidos, pp. 62-63;
PAULINO, Graça; WALTY, Ivete e CURY, Maria Zilda. Intertextualidades: Teoria e Prática, pp. 28-
42 e OLIVEIRA, Wellington de; SANTOS, Raida Barbosa dos; SILVA, Denise Gallo da; SANTOS,
Rosângela Aparecida dos. A escritura intertextual - Um estudo comparado entre os textos de Clarice
Lispector e Lewis Carroll. Disponível em <http://www.brazcubas.br/professores
/sdamy/mubc11.html> . Acesso em: março de 2006.
22
A proposição de classificar as manifestações da intertextualidade entre explícitas e implícitas deu-se
pela necessidade de clarear a opinião de estudiosos quando estes afirmavam, por exemplo, que a
citação é uma manifestação forte de diálogo entre textos enquanto que a alusão, o eco e o traço são
manifestações fracas. KEESMAAT, Sylvia C. no seu artigo Exodus and the Intertextual
Transformation of Tradition in Romans 8.14-30. JSNT, vol.16, 1994, p. 32, cita Morgan dizendo “as
relações entre textos podem ocorre em numerosos caminhos: elas podem ser explícitas ou implícitas,
intencionais ou não intencionais. A mais explícita relação intertextual é a citação e a mais implícita é a
alusão ou eco”. Cf. também em: PAULINO, Graça; WALTY, Ivete e CURY, Maria Zilda.
Intertextualidades: Teoria e Prática, p.25-26; MOYISE, Steve Intertextuality and Biblical Studies: A
Review. VetE, n. 23, 2002, pp. 421-422.
23
PAULINO, Graça; WALTY, Ivete e CURY, Maria Zilda, op. cit., pp. 25-26.
24
MAINGUENEAU, Dominique. Novas Tendências em Análise do Discurso, p. 87 e PAULINO,
Graça; WALTY, Ivete e CURY, Maria Zilda, op.cit., p. 28.
25
PAULINO, Graça; WALTY, Ivete e CURY, Maria Zilda, op. cit., p. 28.
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7. 27
várias palavras consecutivas de um texto em outro texto”.26
Segundo Júnia Lessa
França, as citações “são trechos transcritos ou informações retiradas das publicações
consultadas para a realização de um trabalho, sendo mencionadas no texto com a
finalidade de esclarecer ou completar as ideias do autor, ilustrando e sustentando
afirmações”.27
Já Moiyse diz que a citação “envolve uma quebra consciente no estilo
do autor para introduzir palavras de outro contexto”.28
Enquanto manifestação da intertextualidade, a citação deixa claro para o leitor
que houve o empréstimo de um texto em outro texto, que houve uma relação
dialógica de textos. Essa explicitação dialógica tem por função reforçar para o leitor
uma espécie de repetição, estabelecendo uma espécie de conveniência e ancorando o
discurso recém-produzido no discurso já conhecido.29
A terceira manifestação explícita de intertextualidade é a referência, que Glenna
Jackson define como a “menção de um texto ou a direção individual para um texto
abrigado na livraria portátil do leitor”30
e Graça Paulino como algo explícito de um
texto em outro que possibilita o leitor a fazer uma associação.31
Já para Lowell, referência é um tipo de citação onde “um poeta não
simplesmente cita as palavras de outro poeta, mas alguém [no texto] está falando
essas palavras”.32
26
JACKSON, Glenna S. Enemies of Israel: Ruth and the Canaanite Woman. HTS, vol. 59, n.3, 2003,
pp. 782-783.
27
FRANÇA, Júnia Lessa et al. Normas para normalização de publicações técnico-científicas.
Belo Horizonte: UFMG, 1996, p. 128.
28
MOYISE, Steve. Intertextuality and Biblical Studies: A Review, VetE, p. 419.
29
VIGNER, Gerard. Intertextualidade, norma e legibilidade, p. 34. No romance machadiano
“Memórias póstumas de Brás Cubas”, no capítulo “O Emplasto”, há a citação “decifra-me ou devoro-
te”, frase com que a esfinge, híbrido da mitologia grega de leão e mulher, iniciava a proposição de
enigmas, devorando aqueles que não conseguissem responder-lhe: “Uma vez pendurada, entrou a
bracejar, a pernear, a fazer as mais arrojadas cabriolas de volatim, que é possível crer. Eu deixei-me
estar contemplá-la. Súbito, deu um grande salto, estendeu os braços e as pernas, até tomar a forma de
um X: decifra-me ou devoro-te.” Cf. ASSIS, Machado. Memórias Póstumas de Brás Cubas. 28ª
edição, São Paulo: Editora Scipione, 1994, p. 8.
30
JACKSON, Glenna S. Enemies of Israel: Ruth and the Canaanite Woman, loc.cit.
31
PAULINO, Graça; WALTY, Ivete e CURY, Maria Zilda. Intertextualidades: Teoria e Prática, p.
29.
32
LOWELL, Edmunds. Intertextuality and the Reading of Roman Poetry. Baltimore: The Johns
Hopkins University Press, 2001, p. 134. Exemplo de referência é o verso do Hino Nacional Brasileiro
(“nossos bosques têm mais vida / nossa vida, no teu seio, mais amores”) que faz referência ao poema
“Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias, reafirmando o sentido de exaltação à natureza do Brasil
(“Nossos bosques têm mais vida / nossa vida mais amores”). Apesar de ser um tipo de citação, a
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8. 28
2.1.3.2
As manifestações implícitas da intertextualidade
A primeira manifestação implícita de intertextualidade é a alusão ou “uma leve
menção a um texto ou a um de seus componentes em um segundo texto”33
ou, como
prefere Moyise, é “uma citação menos precisa de um texto em termos de palavras”34
.
Para Donna Fewell a alusão é “a mobilização de inominadas fontes e endereços”,
“uma referência implícita, indireta e escondida de um texto em outro” ou ainda,
citando Ziva Ben-Perat, é “um dispositivo de ligação entre textos que transpassa os
limites do texto no qual é achado”.35
Para Sylvia Keesmaat, alusão é uma menção
intencional e consciente de um texto em outro.36
Já B.D. Sommer define o termo
como “um identificável elemento ou modelo em um texto que pertence a outro texto
independente”.37
Segundo Glenna Jackson, a alusão ocorre quando “um texto partilha
algo com outro texto, sem, entretanto, reproduzir exatamente as palavras deste;
estabelece o último como um substrato para o leitor”.38
Ampliando um pouco esses
conceitos, Williamson, citando B.D. Sommer, diz que a alusão “pode ser reconhecida
a partir de um produtor, de um elemento identificável ou do modelo de um texto por
baixo de outro texto independente.”39
Para França, existem quatro tipos de alusão: (1) nominal, quando se refere a um
nome próprio do conhecimento geral; (2) pessoal, quando se refere a um indivíduo do
conhecimento particular do autor, podendo incluir-se nesta categoria as
autorreferências; (3) histórica, quando se refere a acontecimentos passados ou
referência é necessariamente curta – uma palavra, expressão ou pequena frase – ao passo que a citação
é longa – trechos ou partes maiores de textos.
33
PAULINO, Graça; WALTY, Ivete e CURY, Maria Zilda. Intertextualidades: Teoria e Prática, p.
29.
34
MOYISE, Steve. Intertextuality and Biblical Studies: A Review, VetE, p. 419.
35
FEWELL, Danna Nolan (ed). Reading Between Texts: Intertextuality and the Hebrew Bible
(Literary Currents in Biblical Interpretation). Louisville: Westminster/John Knox Press, 1992, p.21.
36
KEESMAAT, Sylvia C. Exodus and the Intertextual Transformation of Tradition in Romans 8.14-
30. JSNT, vol.16, 1994, p. 32.
37
WILLIAMSON, H.G.M. Isaiah 62:4 and the problem of inner biblical allusions. JBL, vol. 119, n.4,
2000, p. 734.
38
JACKSON, Glenna S. Enemies of Israel: Ruth and the Canaanite Woman, pp.782-783.
39
WILLIAMSON, H.G.M., op. cit., p. 734.
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9. 29
recentes; e (4) textual, quando remete a textos preexistentes na tradição literária
através referência, citação ou alusão.40
A segunda manifestação implícita de intertextualidade é o eco ou traço. Para
Sylvia Keesmaat eco é a “manifestação não intencional de um texto em outro”41
e
para Moyise, o eco é “o tênue traço de texto, provavelmente, quase inconsciente, mas
que emerge da mente impregnada na herança textual de Israel”.42
Danna Fewell diz
que o valor do eco está na possibilidade de “expressar caráter intertextual de cada
escrito ainda que mantendo, mesmo que através da metáfora, a estrutura textual”.43
Junto ao conceito de eco, tem-se o de traço, que Fewell define como algo que,
num determinado texto, foi excluído, reprimido ou que ficou totalmente ausente, mas
a partir do qual o leitor, via comparação, torna perceptível o significado do texto.44
A terceira manifestação implícita de intertextualidade é a paráfrase, que em
grego significa “continuação ou repetição de uma sentença”, e pode ser definida
como “o desenvolvimento de um texto mantendo as mesmas ideias do original, cujo
objetivo é reescrever e interpretar um texto”45
ou como “a reafirmação, em palavras
diferentes, do mesmo sentido de uma obra escrita, podendo ser uma afirmação geral
40
FRANÇA, Júnia Lessa et al. Normas para normalização de publicações técnico-científicas, p. 128.
Exemplo de alusão nominal são os versos de António Ferreira em “Carta a D. Simão Silveira”, em
Poemas Lusitanos: “Quantos antes de Homero mal cantaram! / Quanto tempo Sicília, quanto Atenas, /
Que depois tal som deram, se calaram!”. Nos versos, “Homero” representa o primeiro modelo de
poeta; “Sicília”, a escola de poetas e “Atenas” sintetiza a tradição literária pré-clássica e clássica, que
serviu de modelo a toda a cultura ocidental. Como exemplo de alusão é histórica tem-se a fala de
Boileau dizendo de Homero que “tudo quanto tocou se transformou em ouro”, aludindo à lenda do rei
Midas. Quanto à alusão textual, tem-se exemplo em “Homenagem a Tomás António de Gonzaga”,
onde Jorge de Sena escreve que “Gonzaga, podias não ter dito mais nada,/ (…) Mas uma vez disseste:
‘eu tenho um coração maior que o mundo’” (SENA. Jorge de. Poesia III. Lisboa: Edições 70, 1989, p.
95). A alusão textual mencionada por França é também uma citação.
41
KEESMAAT, Sylvia C. Exodus and the Intertextual Transformation of Tradition in Romans 8.14-
30, p. 32, afirma que a utilização de uma tradição pode ser não intencional (eco) ou intencional
(alusão). Em outras palavras, quando um autor, de maneira inconsciente, utiliza o texto de outro autor,
faz um “eco” intertextual. Em seu texto, exemplifica dizendo que Paulo, em Romanos, faz uso de
tradições do Antigo Testamento de forma não intencional, quase inconsciente (eco), mas, outras vezes,
faz intencionalmente, aludindo a textos veterotestamentários.
42 MOYISE, Steve. Intertextuality and Biblical Studies: A Review, VetE, p. 419.
43
FEWELL, Danna Nolan (ed.). Reading Between Texts: Intertextuality and the Hebrew Bible
(Literary Currents in Biblical Interpretation), p. 21.
44
FEWELL, Danna Nolan (ed.), op. cit., p. 24.
45
PAULINO, Graça; WALTY, Ivete e CURY, Maria Zilda. Intertextualidades: Teoria e Prática, p.
30; DUARTE, Paulo Mosânio Teixeira. Elementos para o estudo da paráfrase. Revista Letras,
Curitiba, n.59, jun./jul. 2003, p. 242.
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10. 30
da ideia de uma obra como esclarecimento de uma passagem difícil”.46
Diante dessas
definições, entende-se que a paráfrase, mais do que um efeito retórico e estilístico, é
um efeito ideológico de continuidade de um pensamento ou procedimento estético.47
Um reforço dos paradigmas já estabelecidos, a paráfrase é um desvio mínimo e
tolerável de um texto. Um desvio que conteria o máximo de inovação que o texto
poderia admitir sem que seja subvertido ou pervertido o seu sentido.48
A paródia, quarta manifestação implícita de intertextualidade, é um efeito
sintomático de linguagem nascido entre os séculos V-VI a.C. e que originalmente foi
definida para o âmbito musical como “uma ode que perverte o sentido de outra
ode”.49
Em livro dedicado ao estudo da paródia, Margaret A. Rose diz que,
originalmente, o termo nomeava a literatura clássica ou poética grega e era entendida
como um poema ou uma canção burlesca ou uma citação cômica, imitação ou
transformação.50
Trazida para a tradição ocidental, a paródia foi definida como o emprego da fala
de um autor por outro com uma intenção que se opõe diretamente à original, entrando
em antagonismo com a voz original que a recebeu, forçando-a a servir a fins
diretamente opostos.51
Reforçando essa definição, Maingueneau e Graça Paulino
concordam que a paródia se manifesta quando autor escreve um texto que foge às
intenções sérias do original e utiliza a caricatura e a intenção jocosa para com este.52
Ainda em termos de conceituação, Pippin diz que a paródia pode ser “algo a-histórico
e não-histórico (...) entretanto, por um duplo processo de instalação e ironização,
46
SANT'ANNA, Affonso Romano. Paródia, Paráfrase e Cia. 3ª ed. São Paulo: Ática, 1988, p.17.
47
SANT'ANNA, Affonso Romano, op. cit., p. 22.
48
SANT'ANNA, Affonso Romano, op. cit., pp. 27-28; 38-39. Exemplos dessas inovações estão os
versos de Carlos Drummond, nos quais há uma paráfrase do poema “Canção do Exílio”: “Como era
mesmo a ‘Canção do Exílio’? / Eu tão esquecido de minha terra.../ Ai terra que tem palmeiras/ onde
canta o sabiá”.
49
SANT'ANNA, Affonso Romano, op. cit., p. 7.
50
ROSE, Margaret A. Parody: Ancient, Modern and Post-modern. London: Cambridge University
Press, 1995, pp. 5-6 e 49. No primeiro capítulo do seu livro a autora dedica-se a fazer uma extensa
etimologia da palavra chegando à conclusão que, independente dos teóricos do termo, a paródia
sempre foi entendida como algo humorístico ou ridicularizante (pp. 5-53).
51
SANT'ANNA, Affonso Romano, op. cit., pp. 13-14.
52
MAINGUENEAU, Dominique. Elementos de Linguística Para o Texto Literário. São Paulo:
Martins Fontes, 1996, p. 100; PAULINO, Graça; WALTY, Ivete e CURY, Maria Zilda.
Intertextualidades: Teoria e Prática, pp. 34-36.
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11. 31
sinaliza como uma representação ganha novas ideologias”.53
Também analisando a
paródia pelo viés histórico, Lowell vai dizer que a paródia não é uma ridicularização
com intenção destrutiva, simplesmente. Para ele, “a paródia não destrói o passado; de
fato, parodiar é tanto iluminar o passado como questioná-lo”.54
Enquanto antagônica à voz original, a paródia faz uma disputa com o texto
original, inaugura um novo paradigma e constrói uma evolução do discurso e da
linguagem que resulta num choque de interpretação.55
Quanto aos tipos, a paródia pode ser: (1) verbal (com alteração de uma ou outra
palavra do texto); (2) formal (quando o estilo e os efeitos técnicos de um escritor são
usados como forma de zombaria); e (3) temática (quando se faz a caricatura de forma
e do espírito do autor).56
Quanto à função, é catártica, haja vista propor uma nova e
diferente maneira de ler o convencional. Nas palavras de Sant'Anna “é um processo
de libertação do discurso; é uma tomada de consciência crítica (...) é um ato de
insubordinação, (...) um gesto inaugural da autoria e da individualidade”.57
A quinta manifestação é a ironia, cuja definição é dizer o que é contrário ao
real; é, de forma paradoxal, anular o que se está dizendo sem diretamente negá-lo58
ou “dizer por uma derrisão, ou humorística ou séria, o contrário do que se pensa ou
do que se quer que se pense”59
ou ainda “dizer alguma coisa de forma a ativar, não
uma, mas uma infinidade de interpretações subversivas”.60
Sofrendo diversas modificações conceituais desde o século XVI, a ironia fora já
utilizada por Sócrates, significando uma forma de persuadir alguém, por Demóstenes,
para significar que alguém fugiu à sua responsabilidade como cidadão por fingir ser
inadequado e por Aristóteles, que refutou utilizar o vocábulo com a idéia de
53
PIPPIN, Tina. Jezebel Re-Vamped. Semeia - Intertextuality and The Bible, n. 69/70, 1995, p. 228.
54
LOWELL, Edmunds. Intertextuality and the Reading of Roman Poetry, p. 142.
55
SANT'ANNA, Affonso Romano. Paródia, Paráfrase e Cia, pp.27-30.
56
SANT'ANNA, Affonso Romano, op. cit., p.12.
57
SANT'ANNA, Affonso Romano, op. cit., pp.30-32. Alguns versos de Carlos Drummond de Andrade
parodiam e polemizam com “Canção do Exílio”: “Minha terra tem palmeiras? / Não. Minha terra tem
engenhocas de rapadura e cachaça / E açúcar marrom, tiquinho, para o gasto”.
58
MAINGUENEAU, Dominique. Novas Tendências em Análise do Discurso, pp. 98-102;
COLEBROOK, Claire. Irony. London: Routledge, 2004, p.5; ROSE, Margaret A. Parody: Ancient,
Modern and Post-modern, p. 87.
59
MAINGUENEAU, Dominique. Elementos de Lingüística Para o Texto Literário, p. 95.
60
LINAFELT, Todd. Taking Women in Samuel: Readers/Responses/Responsibility. In: FEWELL,
Danna Nolan (ed). Reading Between Texts: Intertextuality and the Hebrew Bible (Literary Currents in
Biblical Interpretation), p. 122.
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12. 32
“autodissimulação”. Abandonando seu berço grego e passando para o latino, a ironia
foi utilizada pela primeira vez em inglês em 1502, mas foi entre os séculos XVII e
XVIII que ela começou a ser empregada com freqüência, significando “escarnecer,
zombar de” ou como “dizer o contrário do que significa”, “dizer algo mas significar o
contrário”. Em 1748, ironia foi empregada como uma estratégia satírica. Em 1752, foi
usada em conexão com “contradição”, mas foi em 1800 que a palavra ganhou novos e
importantes significados: “trazer algo para oposição”, “algo que reside na atitude de
um observador irônico ou na situação observada”, “uma visão da vida que reconhece
que a experiência é aberta para múltiplas interpretações e que coexiste com
incongruências como parte da estrutura da existência”.61
Apesar de ter assumido diversos significados, atualmente o emprego da ironia
resume-se em fazer um contraste entre a realidade e a aparência; entre dizer uma
coisa, causando uma aparência que não corresponde à realidade.62
A sexta manifestação implícita de intertextualidade é o pastiche, definido
geralmente como uma imitação estilística.63
Para Margaret A. Rose o pastiche é a
falsificação de algo, mas nem sempre com a intenção de falsear ou enganar.64
Apesar
de entender o termo como uma imitação, Peter e Linda Murray o definem como uma
criação original feita pela primeira vez por um artista, cuja base é a recombinação de
motivos trazidos de outros trabalhos.65
Mantendo a ideia de que o pastiche é um
trabalho original e não simplesmente uma imitação, Edward Lucie-Smith diz que o
61
MUECKE, C.D. Irony. London: Methuen & Co., 1970, pp. 14-24. O autor apresenta em seu livro
um extenso status quaestionis sobre as ocorrências da palavra ironia ao longo dos séculos, apontando
os escritores famosos que a empregaram e como se processou a evolução de sua conceituação.
62
MUECKE, C.D., op.cit., p.30. Muecke dedica várias páginas (pp. 25-58) para expor sobre os
elementos da ironia, como: (a) a inocência e a inconsciência; (2) contraste entre realidade e aparência;
(3) elemento cômico; (4) elemento de indiferença ou neutralidade; (5) elemento de estética. De todos
os elementos expostos, o mais interessante para esta tese é o segundo, o qual converge para atual
emprego do termo entre os estudiosos bíblicos.
63
MAINGUENEAU, Dominique. Novas Tendências em Análise do Discurso, pp. 104-106;
MAINGUENEAU, Dominique. Elementos de lingüística para o texto literário, p. 101; PAULINO,
Graça; WALTY, Ivete e CURY, Maria Zilda. Intertextualidades: Teoria e Prática, p. 40; ROSE,
Margaret A. Parody: Ancient, modern and post-modern, p. 73 diz que no vol. 11 do Old English
Dictionary, p. 321 o pastiche é definido como a imitação do estilo de outro artista.
64
ROSE, Margaret A. Parody: Ancient, Modern and Post-modern, p. 72.
65
MURRAY, Peter & Linda. A Dictionary of Art and Artists. Harmondworth, 1960, p. 234.
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13. 33
pastiche é um trabalho de arte que toma emprestado o estilo e alguns elementos de
outros trabalhos, mas sem necessariamente produzir uma cópia.66
Com relação à sua função, alguns pensam que ele tem o intuito ridicularizante,67
mas outros pensam que o pastiche não apresenta necessariamente uma crítica ou algo
humorístico sobre determinado assunto, mas tem uma postura neutra.68
2.2
A Intertextualidade e o Antigo Testamento
A partir de 1960, com a difusão do conceito de intertextualidade, a
hermenêutica bíblica começou a ser reavaliada e, consequentemente, enriquecida com
os novos vocabulários e técnicas.69
Os dois primeiros livros publicados sobre os
estudos da intertextualidade aplicados à Bíblia foram lançados na década de 80,
respectivamente Echoes of Scripture in the Letters of Paul, de Richard Hays, e
Intertextuality in Biblical Writings: Essays in honour of Bas van Iersel, de Sipke
Draisma.70
Todavia, foi na década de 90 que os estudiosos conceituaram e aplicaram
a intertextualidade aos textos do Antigo Testamento.
2.2.1
O conceito de intertextualidade entre os estudiosos do AT
Os estudiosos do Antigo Testamento conceituaram o fenômeno da
intertextualidade de várias formas.71
Segundo Dana Nolan Fewell, o conceito de
66
LUCIE-SMITH, Edward. The Thames and Hudson Dictionary of Art Terms. London: 1984, p. 141.
67
MAINGUENEAU, Dominique. Novas Tendências em Análise do Discurso, pp. 104-106;
MAINGUENEAU, Dominique. Elementos de lingüística para o texto literário, p. 101; PAULINO,
Graça; WALTY, Ivete e CURY, Maria Zilda. Intertextualidades: Teoria e Prática, p. 40.
68
ROSE, Margaret A. Parody: Ancient, Modern and Post-modern, pp. 72-73.
69
LUZ, Ulrich. Intextexts in the Gospel of Matthew. HTR, vol. 97, n. 2, 2004, p.119.
70
Segundo MOYISE, Steve. Intertextuality and Biblical Studies: A Review, VetE, pp. 418-419 as duas
primeiras publicações foram: HAYS, Richard Echoes of Scripture in the Letters of Paul. New Haven:
Yale University Press, 1987 e DRAISMA, Sipke. Intertextuality in Biblical Writings: Essays in
Honour of Bas van Iersel. Kampen: J. H. Kok, 1989.
71
Em 1999, James A. Sanders lança o vídeo Biblical Intercontextuality the Bible is Full of Itself onde,
além de apresentar o conceito de intertextualidade, discute as formas como os estudiosos têm usado a
teoria intertextual em seus trabalhos, partindo do pressuposto de que as Escrituras estão cheias de
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14. 34
intertextualidade passa pela compreensão de que “textos falam uns com outros,
ecoam uns nos outros, empurram-se uns para outros; guerream uns com outros (...)
são vozes em coros, em conflito e em competição”. Dessa compreensão de texto,
Fewell diz que intertextualidade é o “diálogo de vozes no texto”.72
Concordando com esse conceito, Sylvia Keesmaat, Christine Mitchell, Glenna
S. Jackson e M. D. Terblanche dizem que intertextualidade é todo o potencial de
relacionamento entre textos73
e Deborah Krause acrescenta que a função desse
diálogo é produzir uma nova leitura que desloque o lugar da leitura dominante.74
Também concordando com Fewell, Jackson, Terblanche e Krause, Nikaido, além de
reforçar o conceito de Kristeva, diz que a intertextualidade deve olhar como os textos
cruzam-se uns com outros no nível literário ou na linguagem artística, considerando-
se o motivo, estrutura, técnicas verbais, etc. Nas palavras do estudioso,
intertextualidade é “uma investigação de como os textos inerentemente aderem-se e
modelam-se”.75
Também seguindo essa linha de definição, Aichele e Phillips dizem que a
intertextualidade é um conceito fértil que tem servido para ajudar a interpretar
tradições, escritores, leitores e contextos institucionais, mas que à luz dos textos
bíblicos, deve-se estudar os textos relacionando sociedade com história, ontem e hoje,
inter-referências cujos temas são comuns em múltiplos versos. Cf. SANDERS, James A. Biblical
Intercontextuality the Bible is Full of Itself. Washington: Biblical Archaeology Society, 1999.
72
FEWELL, Danna Nolan (ed). Introduction. In: Reading Between Texts: Intertextuality and the
Hebrew Bible (Literary Currents in Biblical Interpretation). Louisville: Westminster/John Knox Press,
1992, p.12.
73
KEESMAAT, Sylvia C. Exodus and the Intertextual Transformation of Tradition in Romans 8.14-
30, p. 31 diz que intertextualidade “é a relação estrutural entre dois ou mais textos”; MITCHELL,
Christine. Transformations in Meaning: Solomon's Accession in Chronicles. JHS, vol. 6, 2002.
Disponível em <http://www.arts.ualberta.ca/JHS>. Acesso em 04/10/2006, diz no §2.4-2.5 que
intertextualidade é o “inter relacionamento de textos, incluindo, mas não limitando, absorção,
reescritura, reutilização e diálogo de um texto com outro texto”; JACKSON, Glenna S. Enemies of
Israel: Ruth and the Canaanite Woman, p.782; TERBLANCHE, M.D. An Abundance of Living
Waters: The Intertextual Relationship Between Zechariah 14:8 and Ezekiel 47:1-12. Old Testament
Essays, vol.17, n.1, 2004, p.121. Neste artigo o autor define intertextualidade como “um potencial
transmissível de declarações (sentenças ou fragmentos textuais) além da margem do texto e sua
assimilação em novas estruturas”.
74
KRAUSE, Deborah. A Blessing Cursed: The Prophet’s Prayer for Barren Womb and Dry Breasts in
Hosea 9. In: FEWELL, Danna Nolan (ed.). Reading Between Texts: Intertextuality and the Hebrew
Bible (Literary Currents in Biblical Interpretation). Louisville: Westminster/John Knox Press, 1992, p.
91.
75
NIKAIDO, S. Hagar and Ishmael as Literary Figures: An Intertextual Study. VT, vol. LI, n. 2, 2001,
p. 220.
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15. 35
afinal, intertextualidade “não é simplesmente alusão ou dependência de fonte, mas
transformação”. Para os estudiosos, esse entendimento de intertextualidade provoca
no leitor uma leitura crítica da Bíblia e ajuda a clarear não apenas os mecanismos e
processos textuais, mas a transformar práticas culturais.76
Concordando com esses
autores, Schultz diz que a intertextualidade é uma “rica aventura de possibilidades
interpretativas”.77
Já Gail O'Day entende a intertextualidade como o caminho pelo qual um novo
texto é criado a partir de metáforas, imagens e mundo simbólico, advindos de um
antigo texto ou tradição. Para este autor, a interação entre o texto recebido e o novo
contexto social traz à luz um novo texto e o mundo simbólico no qual está inserido.78
O estudioso Timothy K. Beal define a intertextualidade como um “perpétuo e
indeterminado processo de acatamento de texto para texto”, tornando o escrito num
“campo de transposição”.79
Para Beal, todo texto tem uma intertextualidade inerente,
pois sementes de significação estão sempre sendo disseminadas de um texto para
outro, gerando novos relacionamentos entre textos.80
Entendendo que um “texto não é uma ilha”, Peter Miscall define
intertextualidade como empréstimos pessoais e influências que ocorrem de um texto
para outro, que fluem de um texto para outro. Nas suas próprias palavras,
“intertextualidade é um termo que cobre toda as possibilidades que podem ser
estabelecidas entre textos, (...) desde citações, referências diretas, alusões,
semelhanças de palavras, etc”.81
Em outro texto, escrito três anos depois, complementa seu pensamento dizendo
que a intertextualidade é mais rica do que o estabelecimento de simples paralelos e
76
AICHELE, George e PHILLIPS, Gary A. Introduction: Exegesis, Eisegesis, Intergesis. Semeia -
Intertextuality and The Bible, n. 69/70,1995, pp. 7-12.
77
SCHULTZ, Richard L. The Ties That Bind: Intertextuality, the Identification of Verbal Parallels,
and Reading Strategies in the Book of the Twelve. In: Paul L. Redditt and Aaron Schart (ed.).
Thematic Threads in the Book of the Twelve. Berlin: Walter Gruyter, 2003, p. 31.
78
O'DAY, GAIL R. Jeremiah 9:22-23 and I Corinthians 1 26-31 – A Study in Intertextuality. JBL,
vol. 109, n .2, 1990, pp. 259.
79
BAEL, Timothy. Ideology and Intertextuality: Susplus of Meaning ad Crontrolling the Means of
Production, pp. 27-30; LINAFELT, Todd & BEAL, Timothy. Sifting For Cinders: Leviticus 10:1-15.
Semeia – Intertextuality and The Bible, n .69/70, p. 19.
80
LINAFELT, Todd & BEAL, Timothy. Sifting For Cinders: Leviticus 10:1-15, pp.19-20.
81
MISCALL, Peter. Isaiah: New Heavens, New Earth, New Book, pp. 41-45.
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16. 36
analogias entre textos, mas um “cruzamento crítico de textos”. Esse cruzamento é,
entretanto, produto de um leitor que entende e faz a intertextualidade.82
Chamando-a de um termo alusivo, David Penchansky define intertextualidade
como “a congruência de elementos de vários textos”.83
Concordando com essa
definição, Jan James Granowshi diz que a intertextualidade é metafórica e só ocorre
de fato quando o leitor, o verdadeiro criador da intertextualidade, percebe que o texto
está incompleto, necessitando de um texto “suplementar”.84
Também consciente da
importância do leitor para a existência da intertextualidade, Voelz acrescenta que esta
é o “produto de vários discursos culturais” que ganham significação na leitura.85
Na opinião de Tina Linafelt, a intertextualidade acontece quando há
convergência entre um texto e um leitor, trazendo um novo trabalho literário à
existência.86
Concordando com Linafelt, Biddle diz que é o ato da leitura que gera a
relação entre textos e as dependências genéricas.87
Para Susan Graham, intertextualidade substitui o conceito de influência.
Citando Jay Claton e Eric Rothstein diz que esta é uma influência impessoal que
favorece o cruzamento de textos, lugares onde, através do leitor, o “conectador de
textos”, a interpretação começa.88
Steve Moyise, apesar de utilizar a definição de Kristeva para intertextualidade,
também defende a importância do leitor no processo intertextual e diz que a leitura
intertextual não pode ser confundida com Midrash, tipologia ou exegese.89
82
MISCALL, Peter. Texts, More Texts, a Textual Reader and a Textual Writer. Semeia –
Intertextuality and The Bible, n .69/70,1995, pp. 252-253.
83
PENHANSKY, David. Staying the Nigth: Intertextuality in Genesis and Judges. In: FEWELL,
Danna Nolan (ed). Reading Between Texts: Intertextuality and the Hebrew Bible (Literary Currents in
Biblical Interpretation). Louisville: Westminster/John Knox Press, 1992, pp. 77-78.
84
GRANOWSKI, Jan Jaynes. Jehoiachin at the King’s Table: A Reading of the Ending of the Second
Book of Kings. In: FEWELL, Danna Nolan (ed.). Reading Between Texts: Intertextuality and the
Hebrew Bible (Literary Currents in Biblical Interpretation). Louisville: Westminster/John Knox Press,
1992, pp. 181-182.
85
VOELZ, James. Multiple Signs, Aspects of Meaning and Self as Text: Elements of Intertextuality.
Semeia - Intertextuality and The Bible, n . 69/70, 1995, pp. 149-150.
86
LINAFELT, Todd. Taking Women in Samuel: Readers/Responses/Responsibility, p. 99.
87
BIDDLE, Mark E. Ancestral motifs in 1 Samuel 25: Intertextuality and characterization. JBL, vol. 4,
n. 121, 2002, p. 619.
88
GRAHAM, Susan. Intertextual Trekking: Visiting the Iniquity of the Fathers Upon the Next
Generation. Semeia – Intertextuality and The Bible, n. 69/70, 1995, pp. 196 e 199.
89
MOYISE, Steve. Intertextuality and Biblical Studies: A Review, VetE, pp. 418-419 e MOYISE,
Steve. Intertextuality and Historical Approaches to the Use of Scripture in the New Testament. VetE, n.
26, 2005, pp. 447-448.
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17. 37
Diante dessas conceituações, pode-se concluir que, para os estudiosos do
Antigo Testamento, a intertextualidade é o reflexo da relação dialógica entre textos,
que, a partir do leitor, produz uma nova leitura e interpretação.
2.2.2
A aplicação da intertextualidade entre os estudiosos do AT
Assim como apresentaram vários conceitos para intertextualidade, os estudiosos
do Antigo Testamento aplicaram de várias formas a teoria intertextual. Traçando um
panorama da aplicação da intertextualidade, Steve Moyise classificou cinco tipos
mais utilizados de intertextualidade: (1) eco intertextual; (2) intertextualidade
narrativa; (3) intertextualidade exegética; (4) intertextualidade dialógica e (5)
intertextualidade pós-moderna.90
O eco intertextual é a utilização, inconsciente, de uma citação ou alusão entre
dois ou mais textos.91
A intertextualidade narrativa é definida como “o contar uma
nova história (ou escrever um novo texto) usando seus próprios argumentos, mas, ao
mesmo tempo, recontar e recordar a tradição, incluindo elementos de transformação”.
A intertextualidade exegética é marcada por uma detalhada atividade exegética feita
entre textos a fim de provar determinado argumento. A intertextualidade dialógica é
uma mútua influência entre textos que acontece em dois caminhos: no novo texto
afetando o antigo e o antigo texto afetando o novo. E a intertextualidade pós-moderna
é percepção e a determinação do significado do texto através do complexo de
intenções e ideologias que o tornam possível.92
90
MOYISE, Steve. Intertextuality and Biblical Studies: A Review, pp. 418-431.
91
A falta de uma precisa definição para eco intertextual faz com que muitos estudiosos o confundam
com a alusão. Segundo Moyse o eco diferencia-se da alusão por ser algo feito inconscientemente pelo
escritor na hora de escrever seu texto. Para o estudioso, a alusão é algo colocado consciente e
intencionalmente pelo escritor. Nas palavras do autor: “(...) echos, faint traces of texts that are
probably quite unconscious but emerge from minds soaked in the scriptural heritage of Israel”. Cf. a
mesma citação publicada em dois textos: MOYISE, Steve Intertextuality and Biblical Studies: A
Review, p. 419 e MOYISE, Steve. The Old Testament in the New – Essays in Honour of J. L. North.
Sheffield Academic Press, 2000, pp. 18-19.
92
MOYISE, Steve, op.cit., pp. 421-428.
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18. 38
A classificação de Moyise não abrange todas as leituras intertextuais feitas
pelos estudiosos, que têm aplicado a teoria intertextual por cinco acessos: (1) a partir
de elementos inerentes a textualidade; (2) a partir do deslocamento, descentralização,
dispersão e disseminação; (3) a partir de cenas-tipo; (4) a partir da textualidade, da
cultura e da interpretação e (5) a partir das formas de manifestação da
intertextualidade.93
2.2.2.1
A partir de elementos inerentes à textualidade
A intertextualidade a partir de elementos inerentes a textualidade é uma leitura
comparativa de dois ou mais textos. Apontam-se semelhanças e diferenças entre os
textos através do elenco de paralelos léxicos, de personagens e de temas (enredos,
conceitos e motivos teológicos). Este grupo, que reúne a maioria das publicações
sobre a intertextualidade aplicada ao Antigo Testamento, pode ser subdivido em duas
linhas: (1) análise com suporte exegético; e (2) análise sem suporte exegético.
2.2.2.1.1 Análise com suporte exegético
Essa linha, onde a intertextualidade é feita com o suporte exegético a fim de
aprofundar os paralelos e salientar as diferenças e semelhanças entre os textos, pode
ser subdividida em: (a) Análise de paralelos léxicos; (b) Análise conjunta de paralelos
léxicos e de temas; (c) Análise conjunta de paralelos léxicos e personagens.
a) Análise de paralelos léxicos
Nesta categoria, os estudiosos, primeiramente, apresentam as passagens
pontuando algumas possíveis similaridades. Em seguida, fazem a exegese dos textos
93
A necessidade de propor uma nova classificação deu-se também porque, atualmente, na classificação
de Moyise os cinco tipos de intertextualidade pontuados podem ser enquadrados em um único grupo.
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19. 39
e, partir dos resultados exegéticos, focalizam-se na análise conjunta dos paralelos
léxicos – palavras, verbos e expressões – existentes entre as passagens.
A abordagem de Deborah Krause em “A Blessing Cursed: The Prophet’s Prayer
for Barren Womb end Dry Breasts in Hosea 9” ilustra a categoria. Em seu artigo
propôs uma relação intertextual a partir da comparação léxica entre a raiz verbal !tn
em várias passagens de Salmos e Oséias e do significado a expressão “ventre estéril e
seios secos” em Os 9,14 e Gn 49,25. Nos Sl 85,7; 27,12 e 74,19 a raiz verbal !tn
funciona ironicamente como uma interseção para o julgamento divino, e em Os 2,12;
11,8 e 13,10 a mesma raiz verbal demonstra que YHWH seria a fonte de toda dádiva.
Comparando essas conclusões, a autora diz que em Os 9,14 Efraim está sendo punido
porque negou que sua fonte de bênçãos é YHWH. E mais, através das palavras
“ventre” e “seios” ligados Efraim, Os 9,14 é uma reapropriação da benção formulada
em Gn 49,25. Assim, à luz de Gn 49,25, a profecia de Oséias reverte os elementos
traditivos da promessa e eleição contra Efraim/Israel, que agora não mais terão
fertilidade (cf. Gn 49,25), mas sim infertilidade (cf. Os 9,14).94
b) Análise conjunta de paralelos léxicos e de temas
Subgrupo que reúne a maioria dos estudiosos, a intertextualidade é demonstrada
a partir da exegese parcial ou total de cada um dos textos, seguida pela análise
conjunta dos paralelos léxicos – palavras, verbos e expressões – e dos temas das
passagens.
Lena-Sofia Tiemeyer, em “The Question of Indirect Touch: Lam 4,14; Ezek
44,19 and Hag 2,12-13”, por exemplo, analisa e compara as passagens, defendendo
que expressam a ideia de transferência do estado ritual através do toque indireto por
meio das roupas. Primeiro expõe as peculiaridades gramaticais de Ag 2,12-13 e a
compara com Ez 44,19, constatando que as passagens expressam diferenças entre o
santificar-se através do toque. Depois, analisa exegeticamente Lm 4,14 e diz que o
94
KRAUSE, Deborah. A Blessing Cursed: The Prophet’s Prayer for Barren Womb and Dry Breasts in
Hosea 9, pp. 191-203. Aqui estão também HAPNER, Gershon. Verbal Resonance in the Bible and
intertextuality. JSOT, n. 26, 2001, pp. 1-24; BERGEY, Ronald. The song of Moses (Dt 32,1-43) and
Isaianic Prophecies: A case of Esarly intertextuality?. JSOT, n. 28, 2003, pp. 33-54.
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20. 40
texto mostra que os profetas e os sacerdotes de Jerusalém estavam contaminados e
por isso não poderiam ser tocados pelo povo. Concluindo, analisa o sacerdócio em
Ag 2,10-14, Ez 44,19 e Lm 4,14: Ag 2,12-13 e Lm 4,14 concordam que a impureza
pode ser transferida via toque indireto e criticam a impureza do comportamento
sacerdotal; já Ez 44,19 afirma que a santidade pode ser transferida via toque indireto;
e em Ag 2,12-13 há uma confluência das duas tradições, afirmando que a impureza
pode ser transferida por toque indireto, mas não a santidade.95
c) Análise conjunta de paralelos léxicos e personagens
Nesta categoria, os estudiosos, após apresentarem a exegese das passagens em
estudo, analisam conjuntamente os paralelos léxicos e personagens das passagens
para as quais propõe a relação intertextual.
Mark E. Biddle, em “Ancestral motifs in 1 Samuel 25: Intertextuality and
characterization”, aponta, por exemplo, paralelos de personagens e semelhanças
verbais entre 1 Sm 25, Gn 24, Gn 32-33 e Gn 30-31. Entre as personagens paralelas
95
TIEMEYER, Lena-Sofia. The Question of Indirect Touch: Lam 4,14; Ezek 44,19 and Hag 2,12-13.
Bíblica, vol. 87, 2006, p.64-74. Nesta categoria também estão O’DAY, GAIL R. Jeremiah 9:22-23 and
I Corinthians 1,26-31 - A Study In Intertextuality, p.259-267; HAWK, L. Daniel. Strange Houseguests:
Rahab, Lot and the Diynamics of Deliverance. In: FEWELL, Danna Nolan (ed). Reading Between
Texts: Intertextuality and the Hebrew Bible (Literary Currents in Biblical Interpretation). Louisville:
Westminster/John Knox Press, 1992, p.89-98; SAVRAN, G. Beastly Speech: Intertextualy, Ballam’s
Ass end the Garden of Eden. JSOT, n. 64, 1994, p.38-41; KEESMAAT, Sylvia C. Exodus and the
Intertextual Transformation of Tradition in Romans 8.14-30, p.29-56; SOMMER, Benjamin D. A
Prophet Reads Scripture: Allusion in Isaiah 40-66 - Contraversions: Jews and Other Differences.
Stanford: Stanford University Press, 1998; POLASKI, Donald C. Reflections on a Mosaic Covenant:
The Eternal Covenant (Isaiah 24.5) and Intertextuality. JSOT, vol. 23, n.3, 1998, p. 55-73; SCHULTZ,
Richard L. The Ties That Bind: Intertextuality, the Identification of Verbal Parallels, and Reading
Strategies in the Book of the Twelve, p.27-45; MOYISE, Steve. The Language of the Psalms in the
Book of Revelation. Scriptura, 2003, p.246-261; FISCHER, Bettina. The Lord Has Remembered:
Dialogic Use of the Book of Zechariah in the Discourse of the Gospel of Luke. JNTSSF, vol.37, n.2,
2003, p.199-220; PYEON, Yohan. You Have Not Spoken What Is Right About Me: Intertextuality and
the Book of Job. New York: P. Lang, 2003; TERBLANCHE, M.D. An Abundance of Living Waters:
The Intertextual Relationship Between Zechariah 14:8 and Ezekiel 47:1-12, p.120-129; SHIELDS,
Mary E. Circumscribing the Prostitute: The Rhetorics of Intertextuality, Metaphor and Gender in
Jeremiah 3.1-4.4. London: T&T Clark, 2004; GROHMANN, Marianne. The Word is Very Near to
You! (Deuteronomy 30:14), p.240-252; HIBBARD, J. Todd. Isaiah xxvii 7 and Intertextual Discourse
About 'Striking' in the Book of Isaiah.. VT, vol. 55, n.4, 2005, p.461-476; BOTHA, Phil J.
Intertextuality and the interpretation of Psalm 1. OTE, vol.18, n.3, 2005, p.503-520; BERNSTEIN,
Marc Steven. Stories of Joseph: Narrative Migrations Between Judaism and Islam. Detroit: Wayne
State University Press, 2006; HIBBARD, J. Todd. Intertextuality in Isaiah 24-27: The Reuse and
Evocation of Earlier Texts. Tuebingen: Mohr Siebeck, 2006; VASSAR, John S. Recalling a Story
Once Told: An Intertextual Reading of the Psalter and the Pentateuch. Mercer University Press, 2007.
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21. 41
estão Nabal e Labão – ambos envolvem questões sobre a proteção dos pastores (Gn
31,6.31-32.36-42 e 1 Sm 25,7.15-16), de pagamento pelo cuidado (Gn 30,31 e 1 Sm
25,7.15.21), em ambos a inocência do “herói” é contrastada por uma ofensa (Gn
31,32-33.37 e 1 Sm 25,28), o conflito entre os personagens ocorre num contexto de
pastoreio de ovelhas (Gn 31,19 e 1 Sm 25,2.4.7.11); entre Saul e Labão –, ambas as
personagens foram objetos de protestos com relação à inocência de seus subalternos
(1 Sm 24,11-12 e Gn 31,36), em momentos de conflitos, ambos pedem um
julgamento de YHWH para suas questões (1 Sm 24,13 e Gn 31,53); e Saul e Nabal.96
2.2.2.1.2 Análise sem suporte exegético
A intertextualidade feita sem o suporte exegético apresenta uma análise da
superfície literária do texto final. Essa linha divide-se em: (a) Análise apenas de
paralelos de temáticos e (b) Análise de paralelos de personagens.
a) Análise de paralelos temáticos
Metodologicamente, faz-se uma análise literária dos textos, buscando
semelhanças e diferenças entre os seus enredos, sem preocupações de ordem
exegética.97
Representante dessa categoria é Nikado S., autor de “Hagar and Ishmael as
literary figures: an Intertextual Study”, onde analisa um tema frequente na Bíblia
Hebraica: a história de uma criança especial nascida de pais especiais. Nele faz-se
uma análise comparativa entre os enredos das histórias de Agar e Abraão, de Agar e
96
BIDDLE, Mark E. Ancestral Motifs in 1 Samuel 25: Intertextuality and Characterization, pp. 617-
63. Cf. DAVIES, Ellen F. Job and Jacob: The Integrity of Faith. In: FEWELL, Danna Nolan (ed.).
Reading Between Texts: Intertextuality and the Hebrew Bible (Literary Currents in Biblical
Interpretation). Louisville: Westminster/John Knox Press, 1992, pp .203-223. Nesta categoria estão
ainda HEARD, R. Christopher. Echoes of Genesis in 1 Chronicles 4:9-10: An Intertextual and
Contextual Reading of Jabez's Prayer JHS, vol. 6, 2002. Disponível em
<http://www.arts.ualberta.ca/JHS> acessado em 04/10/2006; MITCHELL, Christine. Transformations
in Meaning: Solomon's Accession in Chronicles. JHS, vol. 6, 2002. Disponível em
<http://www.arts.ualberta.ca/JHS>.
97
Os autores não fazem uma investigação exegética, envolvendo crítica textual, análise da forma,
análise da redação, análise semântica, etc, mas uma análise dos elementos perceptíveis a partir da
superfície do texto final.
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22. 42
Ana e de Ismael e José.98
Três são as semelhanças entre histórias de Agar e Abraão:
ambas têm a presença de uma voz do céu que chama pelos personagens em
momentos críticos onde a vida de uma criança estava para ser tirada (cf. Gn 21,17 e
22,11-12); em ambas há uma jornada que desemboca num lugar desolado onde a vida
da criança é salva por uma intervenção divina (cf. Gn 21,14a e Gn 22,13-15) e em
ambas há uma mesma resposta para o avistamento da divindade: uma teofania com a
presença do verbo “ver” (cf. Gn 16 13-14 e 22,14).99
Com relação às semelhanças das narrativas de Agar e Ana, o autor diz que nas
duas narrativas uma mulher sofre na mão de uma esposa enciumada (Gn 16,6 e 1 Sm
1,6-7), a figura masculina (marido) é passiva (Gn 16,6 e 1 sm 1,8.23), as mulheres
atacadas resolvem buscar refúgio (Gn 16,6-8 e 1 Sm 1,9-10), as heroínas são
retratadas como “transtornos” (Gn 22,14-16 e 1 Sm 1,12-14), as heroínas falam com
mensageiros de YHWH (Gn 16,7-9 e 1 Sm 1,14-18), ambas têm um filho homem
cujo nome reflete a assistência dada por YHWH (Gn 16,20 e 1 Sm 1,17.20.28-29).100
Com relação às semelhanças das narrativas de Ismael e José, o Nikaido diz que
em ambas as crianças (Ismael e José) foram separadas dos seus pais contra suas
vontades (Gn 16,2. 21,10 e 39,3-6), há uma mulher que sente atração e repulsão pela
criança quando esta já está crescida (Gn 16,2 e 39,6-7), as crianças foram expulsas
por motivos fúteis (Gn 21,9-12 e 39,21), as crianças são resgatadas do deserto (Gn
21,15-19 e 37,20-28).101
Ainda enquadram-se aqui os artigos de Danna Nolan Fewell, Todd Linafelt,
Patricia K. Willey, Lasine Stuart, Jan Jaynes Granowski, G. Savran, Peter Miscall,
Dennis Ronald MacDonald, Sylvia C. Keesmaat, Beth LaNeel Tanner.102
98
NIKAIDO, S. Hagar and Ishmael as Literary Figures: an Intertextual Study, pp. 219-242.
99
NIKAIDO, S. , op. cit., pp. 221-229.
100
NIKAIDO, S. , op. cit., pp. 230-232.
101
NIKAIDO, S. , op. cit., pp. 232-242.
102
Cf. FEWELL, Danna Nolan (ed). Introduction., pp. 13-15; LINAFELT, Todd. Taking Women in
Samuel: Readers/Responses/Responsibility, p.99-113; WILLEY, Patricia K. The Important Woman of
Tekoa and How She Got Her Way. In: FEWELL, Danna Nolan (ed). Reading Between Texts:
Intertextuality and the Hebrew Bible (Literary Currents in Biblical Interpretation). Louisville:
Westminster/John Knox Press, 1992, pp. 115-131; LASINE, Stuart. Reading Jeroboam’s Intentions:
Intertextuality, Rhetoric and History in 1 King 12. In: FEWELL, Danna Nolan (ed.). Reading Between
Texts: Intertextuality and the Hebrew Bible (Literary Currents in Biblical Interpretation). Louisville:
Westminster/John Knox Press, 1992, pp. 133-151; GRANOWSKI, Jan Jaynes. Jehoiachin at the
King’s Table: A Reading of the Ending of the Second Book of Kings, pp. 173-190; GRAHAM, Susan.
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23. 43
b) Análise de paralelos de personagens
Nesta categoria a preocupação é apenas com as personagens, a partir das quais
são apresentadas semelhanças e diferenças entre os textos. David M. Gun, “Samson
of Sorrows: An Isaianic Gloss on Judges 13-16”, por exemplo, parte da história de
Sansão e traça paralelos entre este e Servo Sofredor (Is 40-55). Dentre as diversas
semelhanças, destacam-se: as duas personagens têm um nascimento incomum, vindo
ao mundo pela graça, pois são escolhidos de YHWH, separados desde o nascimento
(cf. Jz 13,2-5); ambas as personagens têm uma missão específica desde a sua
concepção (cf. Jz 13,5 e Is 42,1; 44,2-3); ambas são possuidoras do “espírito de
YHWH” para fazer coisas maravilhosas e que estavam em consonância com o
propósito de YHWH (cf. Jz 14,6 e Is 42,2-3); ambas demonstram a força destruidora
de YHWH (cf. Jz 14,19 e Is 42,13); ambas desejam uma reconciliação com suas
“escolhidas” (cf. Jz 15,1 e Is 54,6-8); ambas, ao verem frustrada a reconciliação, dão
uma “resposta furiosa” (cf. Jz 15,3 e Is 41,15-16); e ambas manifestam essa “resposta
furiosa” através do fogo (cf. Jz 15,1-8 e Is 50,11).103
2.2.2.2
A partir do deslocamento, descentralização, dispersão e disseminação
Leitura intertextual feita por Peter Miscall em “Isaiah: New Heavens, New
Earth, New Book”, pressupõe que em alguns textos existem quatro características –
deslocamento, descentralização, dispersão e disseminação – que combinadas dão uma
nova perspectiva à intertextualidade. 104
Intertextual Trekking: Visiting the Iniquity of the Fathers Upon the Next Generation, pp. 195-220;
MISCALL, Peter. Texts, More Texts, a Textual Reader and a Textual Writer, pp. 247-260;
MACDONALD, Dennis Ronald. Mimesis and intertextuality in antiquity and Christianity. Trinity
Press International, 2001; TANNER, Beth LaNeel. The book of Psalms through the lens of
intertextuality (Studies in Biblical Literature – vol. 26). New York: P. Lang, 2001.
103
GUN, David M. Samson of Sorrows: An Isaianic Gloss on Judges 13-16. In: FEWELL, Danna
Nolan (ed). Reading Between Texts: Intertextuality and the Hebrew Bible (Literary Currents in
Biblical Interpretation). Louisville: Westminster/John Knox Press, 1992, pp. 228-237. Outra análise de
paralelos de personagens foi feita por PIPPIN, Tina. Jezebel Re-Vamped. Semeia – Intertextuality and
The Bible, pp. 221-234.
104
MISCALL, Peter. Isaiah: New Heavens, New Earth, New Book, pp. 41-56.
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24. 44
Nessa nova perspectiva, os textos, através da alusão ou de ecos, deslocam e
descentralizam outros pela dispersão e disseminação de palavras, de sentenças, de
temas, de imagens e de tramas. Como exemplo tem-se João 8,56-58, onde Jesus diz
que “antes de Abrãao, eu Sou”, fazendo uma alusão a Ex 3,14 onde YHWH diz “Eu
sou aquele que sou”. Neste caso, além de fazer ecoar num texto novo (João) um texto
antigo (Ex 3,14), promovendo um deslocamento, o autor afirma que Jesus era antes
de Abraão e Moisés, indicando uma descentralização.105
Metodologicamente, para essa abordagem intertextual deve-se: (1) examinar as
palavras e frases dos textos e ver as correlações; (2) ver como um texto explora os
elementos do outro texto; e (3) apontar qual a nova leitura que o texto mais recente
faz dos mais antigos.106
2.2.2.3
A partir de cenas-tipo
Essa intertextualidade é caracterizada pela apresentação de semelhanças e
diferenças entre cenas-tipo ou sequência de ação entre duas ou mais passagens.
Um exemplo dessa modalidade intertextual é o artigo de Ilona N. Rashkow,
“Intertextuality, Transference and the Reader in/of Genesis 12 and 20”, no qual a
autora afirma que intertextualidade existe num nível micro, quando são apontadas
semelhanças entre palavras e frases, e macro, quando são apontadas semelhanças
entre cenas-tipo ou a sequência de ação.107
Dois elementos são destaques na intertextualidade a partir de cenas-tipo: o
leitor e a tipologia. O leitor tem um papel importante, pois é ele que, ao ler, vivenciar
e reencenar o texto a fim de entender seu significado, faz uma “intertextualidade de
transferência”. Já a tipologia serve como mecanismo para fazer esse tipo de
105
MISCALL, Peter , op. cit., pp. 45-46.
106
MISCALL, Peter , op. cit., pp. 47-55.
107
RASHKOW, Ilona N. Intertextuality, Transference and the Reader in/of Genesis 12 and 20, p. 57.
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25. 45
intertextualidade, pois características e cenas, simbolicamente, prefigurarem eventos
futuros.108
Exemplificando sua teoria em Gn 12 e 20, Rashkow afirma que as passagens,
quando comparadas por cenas-tipo, mostram um discurso de dominação do
masculino sobre o feminino. Nos textos, Abraão sacrifica sua mulher em prol da sua
segurança e bem-estar, somente Abraão fala e age (Sara está sempre calada e
passiva), Sara não é nomeada (é chamada de “mulher de Abrão” ou por pronomes
pessoais, demonstrativos ou de tratamento). Além desses elementos, há o ressaltar da
transferência, entre os relatos de Abraão-Faraó e Abraão-Abimalek, com relação à
entrega de Sara para a continuação da vida e aumento da fortuna de Abraão e o
ensino sobre imoralidade do adultério e o crime contra a figura feminina.109
2.2.2.4
A partir da textualidade, da cultura e da interpretação
A modalidade intertextual de David Penhansky em “Staying the Nigth:
Intertextuality in Genesis and Judges” é feita por três acessos: (1) através da
textualidade, quando dos textos faz-se uma referência cruzada, elaborando um elenco
de palavras repetidas, conceitos e motivos teológicos; (2) através da cultura do
escritor, faz-se uma intercessão entre a ideologia dos textos; e (3) quando o autor e o
leitor interagem com o texto num novo e criativo caminho, gerando um novo produto
ou novo texto.110
Exemplificando essa intertextualidade pelo viés da textualidade, o autor afirma
que Gn 19, Gn 24 e Jz 19 são três histórias que tratam do tema da hospitalidade, onde
uma festa de recepção é oferecida ao hóspede, a figura da mulher é apresentada como
uma força ordenadora e diretora de vidas e todos contêm a expressão “passar a noite”.
Analisando pelo viés da cultura, o autor, justapondo os três textos com a sociedade
israelita, afirma que eles refletem uma ideologia antifeminista de vitimação da mulher
108
RASHKOW, Ilona N., op. cit., pp. 58-60.
109
RASHKOW, Ilona N., op. cit.,pp. 62-68.
110
PENHANSKY, David. Staying the Nigth: Intertextuality in Genesis and Judges, p. 78.
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26. 46
(sendo colocada à margem da sociedade, servindo inclusive como objeto de troca) e
de fraternidade de homens para com outros homens. Através dessa interpretação, os
textos geram nos leitores atuais uma crítica às suas próprias ideologias ou às
ideologias modernas, como o problema da inferiorização e desvalorização da
mulher.111
2.2.2.5
A partir das formas de manifestação da intertextualidade
Essa abordagem intertextual feita por Glena S. Jackson em “Enemies of Israel:
Ruth and the Canaanite Woman”, parte da compreensão de que a intertextualidade se
manifesta através da citação, da referência e da alusão para dialogar e
inter(con)textualizar-se.112
Exemplificando sua proposta, analisa como Mt 15,21-28 faz referência, alusão,
dialoga e inter(con)textualiza-se com a história de Rute. Após expor cada uma das
histórias, Jackson aponta as relações intertextuais entre elas, tais como: Mt cita Tiro e
Sidon, alude à reputação da sua população e faz com que seus leitores dialoguem e
inter(con)textualizem mentalmente com o conhecimento que têm sobre as cidades;
Mt faz referência à mulher cananita (Mt 15,22) como aquela que está fora da
comunidade dos judeus e alude à história de Rute – assim como Naomi pede a Rute
para que siga seu caminho e esta não aceita, fazendo com que Naomi volte atrás no
seu requerimento, a mulher cananeia faz um pedido a Jesus e este, em princípio se
nega a atendê-lo, mas devido a insistência da mulher, volta atrás na sua decisão.113
111
PENHANSKY, David. , op. cit., pp. 78-86.
112
JACKSON, Glenna S. Enemies of Israel: Ruth and the Canaanite Woman, pp. 779-783.
113
JACKSON, Glenna S. Enemies of Israel: Ruth and the Canaanite Woman, pp. 784-788.
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27. 47
2.3
Síntese e Perspectivas
Na primeira parte apresentou-se, a partir da teoria literária, a definição de
intertextualidade – relação dialógica, intencional ou não, entre dois ou mais textos –,
bem como suas formas, graus e manifestações. Na segunda parte analisou-se o
fenômeno intertextual entre os estudiosos do Antigo Testamento.
Nela foram apresentadas as aplicações da teoria intertextual feita pelos
estudiosos veterotestamentários, que tem pontos positivos e negativos. Como pontos
positivos tem-se a preocupação em alicerçar a intertextualidade a partir da exegese,
mesmo que parcial, dos textos que se supõe estar em diálogo; o aprofundamento da
compreensão da semântica dos textos e sua ideologia a partir das semelhanças e
diferenças, da apresentação e compreensão das figuras de retóricas (epígrafe,
referência, citação, etc). Como pontos negativos tem-se a pouca importância, de
alguns, pela exegese, gerando uma intertextualidade que analisa apenas a superfície
dos textos e, modestamente, aponta, os elementos temáticos, culturais e ideológicos já
conhecidos.
Diante dessas constatações, a análise intertextual proposta para este trabalho
partirá de uma acurada exegese dos textos, seguindo-se pela apresentação de
semelhanças e diferenças de temas, personagens, palavras, expressões, sequência
narrativa, conceitos e motivos teológicos e a verificação da presença da epígrafe,
citação, alusão, referência, paráfrase, paródia, ironia e pastiche entre as passagens.
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