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INDEPENDÊNCIA POLÍTICA DO BRASIL SEGUNDO CAIO PRADO JR
“Os meses que medeiam da partida de D. João à proclamação da Independência, período finam em que os acontecimentos se
precipitaram, resultou num ambiente de manobras de bastidores, em que a luta se desenrolava exclusivamente em torno do
príncipe regente, num trabalho intenso de o afastar da influência das cortes portuguesas (...). Resulta daí que a Independência
se fez por uma simples transferência política de poderes da metrópole para o novo governo brasileiro. E na falta de
movimentos populares, na falta de participação direta das massas neste processo, o poder é todo absorvido pelas classes
superiores da ex-colônia, naturalmente as únicas em contato direto com o regente e sua política. Fez-se a Independência
praticamente à revelia do povo; e se isto lhe poupou sacrifícios, também afastou por completo sua participação na nova ordem
política. A Independência brasileira é fruto mais de uma classe que da nação tomada em conjunto .” (PRADO JR, Caio. Evolução política
do Brasil: Colônia e Império. São Paulo: Brasiliense. pp. 52-53.)
        Na interpretação de Caio Prado Jr. Como se fez a Independência do Brasil?

                                           INDEPENDÊNCIA POLÍTICA DO BRASIL
“Os setores mercantis radicados no Rio de Janeiro só fizeram crescer em importância com o correr dos anos entre 1808 e
1822, combinando seus interesses com outros setores tradicionais, ligados à propriedade de terra, e com a burocracia político-
administrativa do Rio de Janeiro. Em tais condições, esses poderosos indivíduos nada tinham a lucrar com a retomada da
hegemonia pela antiga metrópole no império, como buscavam as cortes, preferindo polarizar as forças políticas em torno do
príncipe regente, desde que mantidas a ordem e as estruturas vigentes e, sobretudo, o sistema escravista. As tensões sociais
entre brancos europeus, brancos brasileiros, pretos e mulatos, uns forros, outros escravos e o pavor de insurreição dos
cativos, nos moldes da rebelião do Haiti de 1791, com a qual as facções portuguesas ameaçavam o Brasil se viesse a romper
os laços com Portugal, contribuíram, também, para situar D. Pedro numa posição privilegiada, como fiador de uma ordem
ameaçada.Na realidade, quando o príncipe regente proclamou – se é que o fez – o célebre Grito do Ipiranga, em 7 de
setembro, que hoje se comemora como data nacional do Brasil, para a maioria dos contemporâneos a separação, ainda que
parcial, já estava consumada. Esse episódio, aliás, não teve significado especial, não sendo sequer noticiado pela imprensa
da época, exceto por breve comentário no jornal fluminense O Espelho, datado de 20 de setembro. Tornava-se necessário
oficializá-la, com a aclamação de D. Pedro como imperador constitucional do Brasil, ocorrida em 12 de outubro, e a coroação,
de 1º de dezembro – eventos que iriam buscar estabelecer, sem sentidos diferentes, os fundamentos do novo império”.
(NEVES, Lúcia Bastos. Estado e política na independência. In: GRINBERG, Keila; SALLES, Ricardo. (org.). O Brasil Imperial. Vol. 1 – 1808-1831. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2009, p.128).
        Analisando o texto, responda:
        a) Quais grupos sociais brasileiros nada tinham a lucrar com a retomada da hegemonia metropolitana?
        a) Segundo o texto, o que contribuiu para situar D. Pedro numa posição privilegiada?
        c) Por qual motivo, o episódio da independência não teve significado especial?

                           INDEPENDÊNCIA POLÍTICA DO BRASIL SEGUNDO CAIO PRADO JR
“Os meses que medeiam da partida de D. João à proclamação da Independência, período finam em que os acontecimentos se
precipitaram, resultou num ambiente de manobras de bastidores, em que a luta se desenrolava exclusivamente em torno do
príncipe regente, num trabalho intenso de o afastar da influência das cortes portuguesas (...). Resulta daí que a Independência
se fez por uma simples transferência política de poderes da metrópole para o novo governo brasileiro. E na falta de
movimentos populares, na falta de participação direta das massas neste processo, o poder é todo absorvido pelas classes
superiores da ex-colônia, naturalmente as únicas em contato direto com o regente e sua política. Fez-se a Independência
praticamente à revelia do povo; e se isto lhe poupou sacrifícios, também afastou por completo sua participação na nova ordem
política. A Independência brasileira é fruto mais de uma classe que da nação tomada em conjunto.” (PRADO JR, Caio. Evolução política do
Brasil: Colônia e Império. São Paulo: Brasiliense. pp. 52-53.)
        Na interpretação de Caio Prado Jr. Como se fez a Independência do Brasil?

                                           INDEPENDÊNCIA POLÍTICA DO BRASIL
“Os setores mercantis radicados no Rio de Janeiro só fizeram crescer em importância com o correr dos anos entre 1808 e
1822, combinando seus interesses com outros setores tradicionais, ligados à propriedade de terra, e com a burocracia político-
administrativa do Rio de Janeiro. Em tais condições, esses poderosos indivíduos nada tinham a lucrar com a retomada da
hegemonia pela antiga metrópole no império, como buscavam as cortes, preferindo polarizar as forças políticas em torno do
príncipe regente, desde que mantidas a ordem e as estruturas vigentes e, sobretudo, o sistema escravista. As tensões sociais
entre brancos europeus, brancos brasileiros, pretos e mulatos, uns forros, outros escravos e o pavor de insurreição dos
cativos, nos moldes da rebelião do Haiti de 1791, com a qual as facções portuguesas ameaçavam o Brasil se viesse a romper
os laços com Portugal, contribuíram, também, para situar D. Pedro numa posição privilegiada, como fiador de uma ordem
ameaçada.Na realidade, quando o príncipe regente proclamou – se é que o fez – o célebre Grito do Ipiranga, em 7 de
setembro, que hoje se comemora como data nacional do Brasil, para a maioria dos contemporâneos a separação, ainda que
parcial, já estava consumada. Esse episódio, aliás, não teve significado especial, não sendo sequer noticiado pela imprensa
da época, exceto por breve comentário no jornal fluminense O Espelho, datado de 20 de setembro. Tornava-se necessário
oficializá-la, com a aclamação de D. Pedro como imperador constitucional do Brasil, ocorrida em 12 de outubro, e a coroação,
de 1º de dezembro – eventos que iriam buscar estabelecer, sem sentidos diferentes, os fundamentos do novo império”.
(NEVES, Lúcia Bastos. Estado e política na independência. In: GRINBERG, Keila; SALLES, Ricardo. (org.). O Brasil Imperial. Vol. 1 – 1808-1831. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2009, p.128).
        Analisando o texto, responda:
        a) Quais grupos sociais brasileiros nada tinham a lucrar com a retomada da hegemonia metropolitana?
        a) Segundo o texto, o que contribuiu para situar D. Pedro numa posição privilegiada?
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  • 1. INDEPENDÊNCIA POLÍTICA DO BRASIL SEGUNDO CAIO PRADO JR “Os meses que medeiam da partida de D. João à proclamação da Independência, período finam em que os acontecimentos se precipitaram, resultou num ambiente de manobras de bastidores, em que a luta se desenrolava exclusivamente em torno do príncipe regente, num trabalho intenso de o afastar da influência das cortes portuguesas (...). Resulta daí que a Independência se fez por uma simples transferência política de poderes da metrópole para o novo governo brasileiro. E na falta de movimentos populares, na falta de participação direta das massas neste processo, o poder é todo absorvido pelas classes superiores da ex-colônia, naturalmente as únicas em contato direto com o regente e sua política. Fez-se a Independência praticamente à revelia do povo; e se isto lhe poupou sacrifícios, também afastou por completo sua participação na nova ordem política. A Independência brasileira é fruto mais de uma classe que da nação tomada em conjunto .” (PRADO JR, Caio. Evolução política do Brasil: Colônia e Império. São Paulo: Brasiliense. pp. 52-53.) Na interpretação de Caio Prado Jr. Como se fez a Independência do Brasil? INDEPENDÊNCIA POLÍTICA DO BRASIL “Os setores mercantis radicados no Rio de Janeiro só fizeram crescer em importância com o correr dos anos entre 1808 e 1822, combinando seus interesses com outros setores tradicionais, ligados à propriedade de terra, e com a burocracia político- administrativa do Rio de Janeiro. Em tais condições, esses poderosos indivíduos nada tinham a lucrar com a retomada da hegemonia pela antiga metrópole no império, como buscavam as cortes, preferindo polarizar as forças políticas em torno do príncipe regente, desde que mantidas a ordem e as estruturas vigentes e, sobretudo, o sistema escravista. As tensões sociais entre brancos europeus, brancos brasileiros, pretos e mulatos, uns forros, outros escravos e o pavor de insurreição dos cativos, nos moldes da rebelião do Haiti de 1791, com a qual as facções portuguesas ameaçavam o Brasil se viesse a romper os laços com Portugal, contribuíram, também, para situar D. Pedro numa posição privilegiada, como fiador de uma ordem ameaçada.Na realidade, quando o príncipe regente proclamou – se é que o fez – o célebre Grito do Ipiranga, em 7 de setembro, que hoje se comemora como data nacional do Brasil, para a maioria dos contemporâneos a separação, ainda que parcial, já estava consumada. Esse episódio, aliás, não teve significado especial, não sendo sequer noticiado pela imprensa da época, exceto por breve comentário no jornal fluminense O Espelho, datado de 20 de setembro. Tornava-se necessário oficializá-la, com a aclamação de D. Pedro como imperador constitucional do Brasil, ocorrida em 12 de outubro, e a coroação, de 1º de dezembro – eventos que iriam buscar estabelecer, sem sentidos diferentes, os fundamentos do novo império”. (NEVES, Lúcia Bastos. Estado e política na independência. In: GRINBERG, Keila; SALLES, Ricardo. (org.). O Brasil Imperial. Vol. 1 – 1808-1831. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009, p.128). Analisando o texto, responda: a) Quais grupos sociais brasileiros nada tinham a lucrar com a retomada da hegemonia metropolitana? a) Segundo o texto, o que contribuiu para situar D. Pedro numa posição privilegiada? c) Por qual motivo, o episódio da independência não teve significado especial? INDEPENDÊNCIA POLÍTICA DO BRASIL SEGUNDO CAIO PRADO JR “Os meses que medeiam da partida de D. João à proclamação da Independência, período finam em que os acontecimentos se precipitaram, resultou num ambiente de manobras de bastidores, em que a luta se desenrolava exclusivamente em torno do príncipe regente, num trabalho intenso de o afastar da influência das cortes portuguesas (...). Resulta daí que a Independência se fez por uma simples transferência política de poderes da metrópole para o novo governo brasileiro. E na falta de movimentos populares, na falta de participação direta das massas neste processo, o poder é todo absorvido pelas classes superiores da ex-colônia, naturalmente as únicas em contato direto com o regente e sua política. Fez-se a Independência praticamente à revelia do povo; e se isto lhe poupou sacrifícios, também afastou por completo sua participação na nova ordem política. A Independência brasileira é fruto mais de uma classe que da nação tomada em conjunto.” (PRADO JR, Caio. Evolução política do Brasil: Colônia e Império. São Paulo: Brasiliense. pp. 52-53.) Na interpretação de Caio Prado Jr. Como se fez a Independência do Brasil? INDEPENDÊNCIA POLÍTICA DO BRASIL “Os setores mercantis radicados no Rio de Janeiro só fizeram crescer em importância com o correr dos anos entre 1808 e 1822, combinando seus interesses com outros setores tradicionais, ligados à propriedade de terra, e com a burocracia político- administrativa do Rio de Janeiro. Em tais condições, esses poderosos indivíduos nada tinham a lucrar com a retomada da hegemonia pela antiga metrópole no império, como buscavam as cortes, preferindo polarizar as forças políticas em torno do príncipe regente, desde que mantidas a ordem e as estruturas vigentes e, sobretudo, o sistema escravista. As tensões sociais entre brancos europeus, brancos brasileiros, pretos e mulatos, uns forros, outros escravos e o pavor de insurreição dos cativos, nos moldes da rebelião do Haiti de 1791, com a qual as facções portuguesas ameaçavam o Brasil se viesse a romper os laços com Portugal, contribuíram, também, para situar D. Pedro numa posição privilegiada, como fiador de uma ordem ameaçada.Na realidade, quando o príncipe regente proclamou – se é que o fez – o célebre Grito do Ipiranga, em 7 de setembro, que hoje se comemora como data nacional do Brasil, para a maioria dos contemporâneos a separação, ainda que parcial, já estava consumada. Esse episódio, aliás, não teve significado especial, não sendo sequer noticiado pela imprensa da época, exceto por breve comentário no jornal fluminense O Espelho, datado de 20 de setembro. Tornava-se necessário oficializá-la, com a aclamação de D. Pedro como imperador constitucional do Brasil, ocorrida em 12 de outubro, e a coroação, de 1º de dezembro – eventos que iriam buscar estabelecer, sem sentidos diferentes, os fundamentos do novo império”. (NEVES, Lúcia Bastos. Estado e política na independência. In: GRINBERG, Keila; SALLES, Ricardo. (org.). O Brasil Imperial. Vol. 1 – 1808-1831. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009, p.128). Analisando o texto, responda: a) Quais grupos sociais brasileiros nada tinham a lucrar com a retomada da hegemonia metropolitana? a) Segundo o texto, o que contribuiu para situar D. Pedro numa posição privilegiada? c) Por qual motivo, o episódio da independência não teve significado especial?