O documento resume o livro "Homo Ludens" de Johan Huizinga. O livro discute como o jogo está presente em todas as culturas e como diferentes aspectos da vida humana como competição, conhecimento, arte, guerra e direito possuem elementos lúdicos. A conclusão é que embora a ciência moderna se afaste do elemento do jogo, outros aspectos da cultura contemporânea como esporte continuam fortemente influenciados pelo jogo.
2. Prefácio: Filosofia
Paralelo entre Homo Sapiens
Homo Faber
Homo Ludens
Sumário do livro
1. Natureza e Significado do Jogo como Fenômeno Cultural
2. A Noção de Jogo e sua Expressão na Linguagem
3. O Jogo e a Competição como Funções Culturais
4. O Jogo e o Direito
5. O Jogo e a Guerra
6. O Jogo e o Conhecimento
7. O Jogo e a Poesia
8. A Função da Forma Poética
9. Formas Lúdicas da Filosofia
10. Formas Lúdicas da Arte
11. Culturas e Períodos sub specie lude
12. O Elemento Lúdico da Cultura Contemporânea
3. Natureza e Significado do Jogo como Fenômeno Cultural
Jogo> mais antigo que a cultura
Jogo> sempre foi existente também entre os animais, a civilização humana não acrescentou características
essenciais à ideia geral do jogo
Jogo> mais que fenômeno fisiológico ou reflexo psicológico. É função significante, encerra um determinado
sentido.
o jogo confere sentido à ação
Há divergências entre as tentativas de definição da função biológica do jogo:
- descarga de energia vital
- necessidade de distensão
- preparação para a vida
- escape para impulsos prejudiciais, etc...
Todas partem do pressuposto de que o jogo se acha ligado a alguma coisa que não
seja o próprio jogo, que nele deve haver alguma espécie de finalidade biológica.
Todas se interrogam sobre o porquê e objetivos do jogo
As várias respostam tendem a se complementar, mas todas de forma parcial
como solução à questão.
4. Natureza e Significado do Jogo como Fenômeno Cultural
Questão: o que há de realmente divertido no jogo?
A intensidade do jogo e seu poder de fascinação não podem ser explicados por análises biológicas. E,
contudo, é nessa intensidade, nessa fascinação, nessa capacidade de excitar que reside a própria essência e
a característica primordial do jogo.
O divertimento do jogo resiste a toda análise e interpretação lógicas.
(análises da raiz semântica da palavra em diferentes idiomas)
Como a realidade do jogo ultrapassa a esfera da vida humana, é impossível que tenha seu fundamento em
qualquer elemento racional, pois nesse caso, limitar-se-ia à humanidade. A existência do jogo não está
ligada a qualquer grau determinado de civilização, ou a qualquer concepção do universo. Todo ser pensante
é capaz de entender à primeira vista que o jogo possui uma realidade autônoma, mesmo que sua língua não
possua um termo geral capaz de defini-lo. A existência do jogo é inegável.
Se os animais são capazes de brincar, é porque são alguma coisa mais do que simples seres mecânicos.
Se brincamos e jogamos, e temos consciência disso, é porque somos mais do que simples seres racionais,
pois o jogo é irracional.
5. “O jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e
determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas,
mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de
um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da
‘vida cotidiana’.”
- Algumas línguas conseguiram sintetizar melhor do que outras os diversos aspectos do jogo
em uma só palavra (...).
- Competição como função cultural: complexo “jogo-festa-ritual”.
(explicações histórico- semânticas)
Noção de Jogo e sua Expressão na Linguagem
6. O Jogo e a Competição como Funções Culturais
A concepção que se apresenta é que a cultura surge sob a forma de jogo (...). Mesmo as atividades
que visam a satisfação imediata das necessidades vitais, como a caça por exemplo, tendem a
assumir nas sociedades primitivas uma forma lúdica.
Características destacadas: tensão e incerteza
Jogamos ou competimos ‘por’ alguma coisa. Antes de mais nada, pela vitória, o triunfo.
(“Prêmio”, originário do latim “pretium”).
Ex.: contexto Edda (manuscrito Islandês), disputas de Thor, Odin, Loki (...).
7. O Jogo e o Direito
A possibilidade de haver um parentesco entre o Direito e o
jogo aparece claramente logo que compreendemos em que
medida a atual prática do direito o processo é
extremamente semelhante à uma competição.
Referências à possibilidade de uma relação entre a
competição e o surgimento dos sistemas jurídicos na
descrição do potlatch, que é analisado como sistema
primitivo de contrato e obrigação.
O caráter lúdico da prática judicial foi fielmente observado
por Goethe em sua descrição de uma sessão do Tribunal de
Veneza (...)
8. O Jogo e o Direito
(...) Estamos perante um mundo espiritual em que a ideia da decisão
por oráculos, pelo juízo divino, pela sorte, por sortilégio – isto é, pelo
jogo – e a decisão por sentença judicial fundem-se num único
complexo de pensamento. E inda hoje reconhecemos o caráter
absoluto dessas decisões todas as vezes que, quando não conseguimos
ser nós próprios a decidir qualquer coisa, resolvemos “tirá-la à sorte”.
De maneira semelhante, em I Samuel 19:42, Saul ordena que seja
tirada a sorte entre ele e seu filho Jônatas. As relações entre o oráculo,
a sorte e o julgamento são ilustradas de maneira clara nesses
exemplos.
9. O Jogo e a Guerra
Chamar “jogo” à guerra é um hábito tão antigo como a própria existência dessas duas
palavras. E não há duvida que toda luta submetida a regras, devido precisamente a essa
limitação, apresenta características formais do jogo.
- Recorrer à guerra para provar força
- Aristeia (onde o herói se sacrifica pela batalha): aviadores durante a primeira guerra
mundial
- Guerra: abrange o destino, a justiça, a honra.
- Cavalaria: sua importância na civilização medieval e sua relação
Com o direito internacional, já que a cavalaria constituía uma das
defesas necessárias à comunidade.
- “O desejo inato de ser o primeiro continuará levando os grupos de poder a
entrar em competição, podendo até conduzi-los a inacreditáveis extremos de
megalomania (...).
10. O Jogo e o Conhecimento
Competição, oráculo, enigma – enquanto qualidade lúdica e função na cultura.
O concurso de enigmas está longe de constituir um simples divertimento, constitui
um elemento essencial da cerimônia do sacrifício. A resolução dos enigmas é tão
indispensável quanto o próprio sacrifício.
O enigma é uma coisa sagrada cheia de poder secreto, é uma coisa perigosa. No contexto
mitológico ou ritualístico, ele é quase sempre aquilo que se chama
de “enigma capital”, em que se arrisca a cabeça caso não se consiga
decifrá-lo.
Gregos: Aporia (caminho sem saída) como jogo de sociedade, perguntas
às quais era impossível dar uma resposta definitiva. Pode ser considerado
uma forma moderada do enigma fatal, o enigma da Esfinge.
Alexandre o grande com os gimnosofistas indianos; Salomão e a rainha de Sabá.
11. O Jogo e a Poesia
A função do poeta continua situada na esfera lúdica em que nasceu.
Forma de poesia descrita e compreendida em termos de jogo.
Ex.: Hai-kai japonês – poema de três versos, com 5, 7 e 5 sílabas, que evoca uma delicada
impressão da natureza. Em sua origem, possivelmente foi um jogo de rimas em cadeia,
iniciado por um jogador e continuado pelo seguinte.
A Função da Forma Poética
Metáforas > personificação.
Personificação surge a partir do momento em que alguém sente a necessidade de
comunicar aos outros suas percepções, que surgem enquanto atos da imaginação.
Jogo do espírito ou jogo mental? E sua função lúdica.
12. Sofista grego >> epideixis (exibições)
Gênio universal
Sacerdote solucionador de enigmas dos Brahmanas.
Formas Lúdicas da Filosofia
Formas Lúdicas da Arte
Culturas e Períodos “sub specie lude”
Música: ritmo e harmonia / Canto / Dança
Ritual autêntico, jogo.
Platão: Mimesis – descreve a atitude espiritual do artista. Jogo de imitação.
Presença ativa de fatores lúdicos em todos os processos culturais, como criador de muitas formas
Fundamentais da vida social.
(revisão de trechos históricos e a ludicidade relacionada).
13. O Elemento Lúdico da Cultura Contemporânea
Em que medida a cultura atual continua se manifestando através de formas lúdicas?
• Esporte e atletismo, enquanto funções sociais, têm vindo constantemente a aumentar sua
influência;
• Competições em força, habilidade e perseverança: sempre ocuparam um lugar dos mais
importantes em todas as culturas, quer em relação ao ritual ou simplesmente como
divertimento;
• Transição do divertimento ocasional para a existência dos clubes e da competição organizada;
• Jogos e a evolução do reconhecimento da humanidade: fator sorte > fator habilidade;
• Ciência: uma forma de jogo, limitada ao rigor de sua própria metodologia (!?)
• Conclusão provisória: poderíamos dizer que a ciência moderna se arrisca menos a cair no
domínio do jogo, ao contrário do que acontecia antigamente, até a época do Renascimento,
quando o pensamento e o método científicos mostravam inequívocas características lúdicas.
(...).
14. Bonus presentation :D
Razões para investir em gamificação
publicado pela Opusphere
www.opusphere.com/
(2016) (2013)