O documento discute a origem do termo "hipertexto", cunhado por Ted Nelson em 1965 para significar "escrita não-sequencial". Nelson se inspirou em sua experiência como escritor e em obras como As Mil e Uma Noites para conceber a ideia de sistemas não lineares de organização da informação. O documento também explora como teóricos como Barthes, Bakhtin e Foucault anteciparam certos conceitos-chave do hipertexto.
2. ORIGEM DO
TERMO
• Ted Nelson cunhou o termo
"hipertexto" , em 1965, para
significar “escrita não-
sequencial”
3. Cortazar Calvino Borges
INSPIRAÇÃO
Joyce
Em entrevista, concedida à Jim Whitehead
(1996), Nelson explica que ele se inspirou em
sua experiência de escritor. Segundo ele, o
escritor enfrenta dificuldades em colocar o
conteúdo das histórias em seqüências lineares,
que nem sempre retratam a complexidade de
sua história. Quando o leitor se depara com um
texto ficcional, ele tem a tarefa de, através da
seqüência linear, recompor o conteúdo e colocá-
lo, novamente, em sua estrutura não linear. A
idéia foi economizar tempo e esforço, tanto para
o autor, ao reunir, como para o leitor ao
compreender o que estava sendo apresentado
através de hipertextos.
Mil e uma noites I Ching
4. A CONCEPÇÃO
Nelson considerava seu invento um sistema
e usou, para conceber a idéia de hipertexto,
sua experiência como cineasta (editor de
filmes) com a concepção de efeitos filmicos
complexos, indo de uma cena para outra.
“O hipertexto exprime o sonho de
manter os pensamentos em sua
estrutura multidimensional e não-
seqüencial.” (Leão)
http://www.livinginternet.com/w/wi_nelson.htm
5. Diz Nelson:
“Um documento não é a simulação do
papel. Em um sentido mais geral, um
documento é um pacote de idéias
criado pela mente humana e dirigida a
mentes humanas, com o objetivo de
colocar em movimento aquelas idéias e
aquelas mentes. As idéias humanas se
manifestam como texto, conexões,
diagramas: assim como armazená-los e
apresentá-los é um assunto crucial para
a civilização”.
http://transliterature.org/
6. Diálogo com outras
teorias
Landow estabelece um paralelo entre a
emergência do hipertexto e vários
teoricos como antecipadores do
conceito como, por exemplo, Barthes,
Bakhtin, Foucault, dentre outros.
Eu acrescentaria Peirce e Fauconnier.
Landow, Hypertext 2.0: The Convergence of Contemporary
Critical Theory and Technology
7. Roland Barthes emS/Z
O texto ideal
“Nesse texto ideal, as redes são
múltiplas e jogam entre si sem que
nenhuma delas possa encobrir as
outras: esse texto é uma galáxia de
significantes e não uma estrutura de
significados; não há um começo: ele
é reversível, acedemos ao texto por
várias entradas sem que nenhuma
delas seja considerada principal; os
códigos que ele mobiliza perfilam-se
a perder de vista,” (...)
8. Roland Barthes: O
prazer do texto
O intertexto é “a impossibilidade
de viver fora do texto infinito –
quer esse texto seja Proust, ou o
jornal diário, ou a tela de
televisão: o livro faz o sentido, o
sentido faz a vida”.
Barthes, O prazer do texto, p.49
9. Bakhtin
“[T]odo enunciado é um elo na
cadeia da comunicação discursiva”
(p.289).
Cada enunciado é pleno de ecos e
ressonâncias de outros enunciados
com os quais está ligado pela
identidade da esfera da
comunicação discursiva. (p.297)
Estética da criação verbal, 2003.
10. Foulcault
O livro “está preso em um sistema
de remissões a outros livros, outros
textos, outras frases: nó em uma
rede. (...) A unidade, mesmo
entendida como feixe de relações,
não pode ser considerada como
idêntica.”
A arqueologia do saber p. 26
11. Peirce
Signo é qualquer coisa que conduz alguma
outra coisa (seu interpretante) a referir-se
a um objeto ao qual ela mesma se refere
(seu objeto), de modo idêntico,
transformando-se o interpretante, por sua
vez, em signo, e assim sucessivamente ad
infinitum.
12. Fauconnier
Espaços mentais são pequenos
pacotes conceituais
construídos enquanto pensamos
e falamos com propósitos de
compreensão e ação local.
13. O que dizem os brasileiros
Marcuschi: organização cognitiva
• Uma forma de se entender os modos de
tessitura de sentidos e organização de
nosso dizer.
• O hipertexto é um feixe de ocultos
reunidos por nossa escuta com base em
uma condução fragmentária projetada por
uma superfície.
• conjunto de relações de sentido sempre
em produção e sempre em movimento
como o rio de Heráclito no qual não se
entra duas vezes porque ele flui e na
segunda entrada já é outro
14. O que dizem os brasileiros
Coscarelli: toda leitura é hipertextual
Nascimento:
hipertexto é
uma
propriedade da
15. Texto como Sistema
Complexo
O sistema de Ted Nelson guarda
semelhança com a definiçao de
texto como sistema complexo
que inclui tanto as dimensões
cognitivas como a materialidade
do texto.
16. Texto como sistema
complexo
Um sistema complexo dinâmico e
adaptativo onde interagem atores
sociais (produtor, leitor,
comunidade discursiva, cultura) e
sistema linguístico em suas
dimensões cognitivas, estruturais
e discursivas, fazendo emergir
sentidos.
17. Guerra dos Parafusos
Anônio Barreto
- “O que é isso companheiro! Tua
mulher é tudo o que tenho! Fui
convidado para a festa na casa do
girassol vermelho. Fiz exercícios
para o vôo, fiz guerrilhas d’amor, bati
os sinos da agonia e fui para a ilha
com Olga. Mas a areia, tornando em
pedra, turvou minhas impressões da
aurora...” (p. 185-6)
18. Guerra dos Parafusos
Anônio Barreto
- “O que é isso companheiro! Tua
mulher é tudo o que tenho! Fui
convidado para a festa na
casa do girassol vermelho. Fiz
exercícios para o vôo, fiz
guerrilhas d’amor, bati
os sinos da agonia e fui para a ilha
com Olga. Mas
a areia, tornando em pedra, turvou
19. Metonímia, hiperlink,
fractal
• A metonímia tem propriedade fractal
e como tal funciona como hiperlink
para a cena maior.
• A metonímia funciona como
compactação fractal onde o todo
está na parte que descompactada,
via processamento hipertextual, se
integra ao todo.
20. Metonímia, hiperlink,
fractal
• A propriedade fractal das
metonímias faz com que gestos,
palavras, imagens e sons funcionem
como hiperlinks que acionados nos
remetem a outros domínios
conceituais de onde são partes
integrantes.
21. A Universidade Federal
Fluminense (UFF) é uma
instituição pública de
Ensino Superior com sede em
Niterói, no
Estado do Rio de Janeiro. Foi
criada pela Lei nº 3.848, de
18 de dezembro de 1960, com o
nome de Universidade Federal do
Estado do Rio de Janeiro, com a
sigla UFERJ, a partir da
integração de faculdades no
município de Niterói. A Lei nº
4.831, de 5 de novembro de 1965,
29. Hipertexto como
sistema complexo
• A recursividade é uma
propriedade nuclear dos
SACs, responsável por
sua auto-organização em
padrões de redes.
30. Hipertexto como
sistema complexo
• Os sistemas complexos
constituem-se na dinâmica
(semiose), no fluxo contínuo do
desequilíbrio organização/
reorganização equilíbrio, etc.,
mudando sempre, mas mantendo
sua identidade em “estado de
equilíbrio”.