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O texto e suas tessituras


Texto = É uma unidade linguística comunicativa básica (unidade concreta da comunicação). Ele não é um
aglomerado de frases. Já que o que as pessoas têm a dizer umas às outras não são palavras nem frases
isoladas, são textos. Uma mesma frase pode ter significados distintos dependendo do contexto. As frases
têm que se encaixar no contexto para formarem um todo significativo.

Contexto = É uma unidade linguística maior onde se encaixa uma unidade linguística menor. Assim, a
frase encaixa-se no contexto do parágrafo, o parágrafo encaixa-se no contexto do capítulo, o capítulo
encaixa-se no contexto da obra toda.

Contexto discursivo = Dá-se através dos seguintes elementos: papéis sociais; intenção do locutor;
conhecimento de mundo do interlocutor; circunstâncias históricas e sociais. É a situação na qual é
produzido o texto.


 Não há sujeito sem discurso. Todo discurso que produzido abarca naturalmente um
 sujeito.


 Ao conjunto da atividade comunicativa, ou seja, ao texto e ao contexto discursivo
 reunidos, chamamos discurso.
              Discurso = texto + contexto discursivo


                                                 Textualidade


Conjunto de características que fazem com que um texto seja um texto, e não apenas uma sequência de
frases. Alguns fatores são responsáveis pela textualidade de um discurso qualquer, são eles: coesão e
coerência, intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade e intertextualidade.


       › Intencionalidade = concerne ao empenho do produtor em construir um discurso coerente, coeso e
capaz de satisfazer os objetivos que tem em mente numa determinada situação comunicativa. O produtor
do texto naturalmente expressa suas intenções são de várias ordens. Elas podem informar, impressionar,
alarmar, convencer, pedir, ofender...

       › Aceitabilidade = concerne à expectativa do recebedor de que o conjunto de ocorrências com que
se defronta seja um texto coerente, coeso, útil e relevante, capaz de levá-lo a adquirir conhecimentos ou a
cooperar com os objetivos do produtor.


     › Situacionalidade = diz respeito aos elementos responsáveis pela pertinência e relevância do texto
quanto ao contexto em que ocorre. É a adequação do texto à situação sociocomunicativa.
O contexto, pode, realmente, definir o sentido do discurso e, normalmente , orienta
tanto a produção quanto a recepção.


       › Intertextualidade ou Polifonia discursiva
      O intertexto faz parte de nosso cotidiano, pois não tiramos os nossos conhecimentos do nada. Nosso
discurso é sempre polifônico, ou seja, há nele outras vozes.
      Frequentemente, incorporamos em nosso discurso fragmentos do discurso alheio. Por essa razão,
dizemos que o discurso é geralmente polifônico (poli = vários; fono = som, voz), já que, além da voz de
seu autor, nele costumam ressoar outras vozes, provenientes de discursos alheios.
      Quando estamos produzindo um texto, nem sempre somos a única voz presente. Às vezes,
colocamos, explicitamente, uma outra voz, por intermédio de processos de citação. É o que se chama de
polifonia. Isso acontece, quando o autor de um texto, além de manifestar sua própria voz, introduz também
a voz de outra pessoa. Eis um exemplo típico:

                                         Conheci um professor de educação física que defendia
                                   a tese de que atletismo faz mal à saúde. E argumentava:
                                   "Você conhece algum atleta longevo? Quem vive muito são
                                   aquelas velhinhas sedentárias que tomam chá com bolo no
                                   fim da tarde..." Quando ele me disse isso pela primeira vez
                                   lembrei-me logo da minha mãe. Antigamente a medicina
                                   tinha ideias científicas diferentes.

 Atenção!

       Para introduzir a voz de uma outra pessoa, é comum o uso de verbos como dizer, falar, afirmar,
 como ocorre no texto anterior. Muitas vezes, o autor do texto lança mão ainda de outros verbos menos
 neutros, como enfatizar, advertir, ponderar, confidenciar.
         É preciso ter cuidado com o emprego desses verbos introdutores de vozes, pois é bastante comum
 o autor de um texto utilizá-los (sobretudo os da segunda lista) de modo a manipular a voz que apresenta.


        Vejam-se as diferenças que podem existir nos textos abaixo, apenas trocando o verbo introdutor da
voz:
        a)   O presidente disse que a inflação vai diminuir.
        b)   O presidente advertiu que a inflação vai diminuir.
        c)   O presidente ponderou que a inflação vai diminuir.
        d)   O presidente confidenciou que a inflação vai diminuir.

       Na posição de leitor, é sempre interessante, para fugir de uma provável manipulação, trocar todos os
verbos não neutros por verbos neutros como dizer.

        Muitas vezes o próprio leitor é colocado como voz no texto, em sequências como:
        a)   Imagine o leitor que...
        b)   Imaginemos que temos à frente...
c)    É preciso conseguir, antes de tudo...

       Em (a), o leitor é colocado explicitamente. Em (b), ele é colocado juntamente com o autor do texto.
Em (c), ele é colocado como se fizesse parte de um conjunto abstrato de pessoas.
       De fato, o uso de expressões como é preciso, é urgente sugere as perguntas: Preciso para quem?
Urgente para quem? Esse quem, na verdade, é uma espécie de vox populi a que se somam, com
cumplicidade, o autor e o leitor. O autor, por adesão explícita; o leitor, por indução do autor. Outras vezes,
o autor coloca explícita ou implicitamente uma outra voz no texto, cujo entendimento depende de o leitor
ter, em seu repertório, conhecimento de um outro texto. É o que se costuma chamar de intertextualidade.
Suponhamos que alguém escreva o seguinte texto:

                                           Na questão da inflação anual e das taxas de juro,
                                    pouca gente pode dizer que se encontra em berço esplêndido,
                                    nesse país.

        Qualquer brasileiro perceberá que o texto em questão traz dentro de si um pedacinho de um outro
texto: o do Hino Nacional Brasileiro.
        A compreensão da intertextualidade, entretanto, sobretudo aquela colocada de forma implícita, está
sempre condicionada ao repertório do leitor. Quando eu coloco um trecho de um outro texto, no meu
próprio texto, estou tentando "pescar", na memória do meu leitor, o texto original, de onde foi extraído o tal
trecho.
        A intertextualidade é essa reutilização de um texto, esse jogo entre textos. Essa utilização de um
discurso alheio na produção e um outro discurso.

São exemplos de intertextualidade:

       -       Paráfrase = um autor “caminha de mãos dadas” com o outro, não há praticamente desvio
            nenhum. Como exemplo temos as citações e transcrições nos textos científicos, para que estes
            tenham credibilidade.

       -       Paródia = quando um texto cita outro invertendo seu sentido. A paródia é uma recriação de
            caráter contestador, já que mantém algo da significação do texto original, mas constrói todo um
            percurso de desvio em relação a ele, numa espécie de insubordinação crítica que incomoda.

        O recurso da polifonia ou intertextualidade pode ter várias motivações. A principal delas, num texto
científico, é fazer uso do argumento da autoridade, para a hipótese que estamos defendendo, ou explicitar a
paternidade de outras hipóteses que estamos atacando.

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O texto e suas tessituras

  • 1. O texto e suas tessituras Texto = É uma unidade linguística comunicativa básica (unidade concreta da comunicação). Ele não é um aglomerado de frases. Já que o que as pessoas têm a dizer umas às outras não são palavras nem frases isoladas, são textos. Uma mesma frase pode ter significados distintos dependendo do contexto. As frases têm que se encaixar no contexto para formarem um todo significativo. Contexto = É uma unidade linguística maior onde se encaixa uma unidade linguística menor. Assim, a frase encaixa-se no contexto do parágrafo, o parágrafo encaixa-se no contexto do capítulo, o capítulo encaixa-se no contexto da obra toda. Contexto discursivo = Dá-se através dos seguintes elementos: papéis sociais; intenção do locutor; conhecimento de mundo do interlocutor; circunstâncias históricas e sociais. É a situação na qual é produzido o texto. Não há sujeito sem discurso. Todo discurso que produzido abarca naturalmente um sujeito. Ao conjunto da atividade comunicativa, ou seja, ao texto e ao contexto discursivo reunidos, chamamos discurso. Discurso = texto + contexto discursivo Textualidade Conjunto de características que fazem com que um texto seja um texto, e não apenas uma sequência de frases. Alguns fatores são responsáveis pela textualidade de um discurso qualquer, são eles: coesão e coerência, intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade e intertextualidade. › Intencionalidade = concerne ao empenho do produtor em construir um discurso coerente, coeso e capaz de satisfazer os objetivos que tem em mente numa determinada situação comunicativa. O produtor do texto naturalmente expressa suas intenções são de várias ordens. Elas podem informar, impressionar, alarmar, convencer, pedir, ofender... › Aceitabilidade = concerne à expectativa do recebedor de que o conjunto de ocorrências com que se defronta seja um texto coerente, coeso, útil e relevante, capaz de levá-lo a adquirir conhecimentos ou a cooperar com os objetivos do produtor. › Situacionalidade = diz respeito aos elementos responsáveis pela pertinência e relevância do texto quanto ao contexto em que ocorre. É a adequação do texto à situação sociocomunicativa.
  • 2. O contexto, pode, realmente, definir o sentido do discurso e, normalmente , orienta tanto a produção quanto a recepção. › Intertextualidade ou Polifonia discursiva O intertexto faz parte de nosso cotidiano, pois não tiramos os nossos conhecimentos do nada. Nosso discurso é sempre polifônico, ou seja, há nele outras vozes. Frequentemente, incorporamos em nosso discurso fragmentos do discurso alheio. Por essa razão, dizemos que o discurso é geralmente polifônico (poli = vários; fono = som, voz), já que, além da voz de seu autor, nele costumam ressoar outras vozes, provenientes de discursos alheios. Quando estamos produzindo um texto, nem sempre somos a única voz presente. Às vezes, colocamos, explicitamente, uma outra voz, por intermédio de processos de citação. É o que se chama de polifonia. Isso acontece, quando o autor de um texto, além de manifestar sua própria voz, introduz também a voz de outra pessoa. Eis um exemplo típico: Conheci um professor de educação física que defendia a tese de que atletismo faz mal à saúde. E argumentava: "Você conhece algum atleta longevo? Quem vive muito são aquelas velhinhas sedentárias que tomam chá com bolo no fim da tarde..." Quando ele me disse isso pela primeira vez lembrei-me logo da minha mãe. Antigamente a medicina tinha ideias científicas diferentes. Atenção! Para introduzir a voz de uma outra pessoa, é comum o uso de verbos como dizer, falar, afirmar, como ocorre no texto anterior. Muitas vezes, o autor do texto lança mão ainda de outros verbos menos neutros, como enfatizar, advertir, ponderar, confidenciar. É preciso ter cuidado com o emprego desses verbos introdutores de vozes, pois é bastante comum o autor de um texto utilizá-los (sobretudo os da segunda lista) de modo a manipular a voz que apresenta. Vejam-se as diferenças que podem existir nos textos abaixo, apenas trocando o verbo introdutor da voz: a) O presidente disse que a inflação vai diminuir. b) O presidente advertiu que a inflação vai diminuir. c) O presidente ponderou que a inflação vai diminuir. d) O presidente confidenciou que a inflação vai diminuir. Na posição de leitor, é sempre interessante, para fugir de uma provável manipulação, trocar todos os verbos não neutros por verbos neutros como dizer. Muitas vezes o próprio leitor é colocado como voz no texto, em sequências como: a) Imagine o leitor que... b) Imaginemos que temos à frente...
  • 3. c) É preciso conseguir, antes de tudo... Em (a), o leitor é colocado explicitamente. Em (b), ele é colocado juntamente com o autor do texto. Em (c), ele é colocado como se fizesse parte de um conjunto abstrato de pessoas. De fato, o uso de expressões como é preciso, é urgente sugere as perguntas: Preciso para quem? Urgente para quem? Esse quem, na verdade, é uma espécie de vox populi a que se somam, com cumplicidade, o autor e o leitor. O autor, por adesão explícita; o leitor, por indução do autor. Outras vezes, o autor coloca explícita ou implicitamente uma outra voz no texto, cujo entendimento depende de o leitor ter, em seu repertório, conhecimento de um outro texto. É o que se costuma chamar de intertextualidade. Suponhamos que alguém escreva o seguinte texto: Na questão da inflação anual e das taxas de juro, pouca gente pode dizer que se encontra em berço esplêndido, nesse país. Qualquer brasileiro perceberá que o texto em questão traz dentro de si um pedacinho de um outro texto: o do Hino Nacional Brasileiro. A compreensão da intertextualidade, entretanto, sobretudo aquela colocada de forma implícita, está sempre condicionada ao repertório do leitor. Quando eu coloco um trecho de um outro texto, no meu próprio texto, estou tentando "pescar", na memória do meu leitor, o texto original, de onde foi extraído o tal trecho. A intertextualidade é essa reutilização de um texto, esse jogo entre textos. Essa utilização de um discurso alheio na produção e um outro discurso. São exemplos de intertextualidade: - Paráfrase = um autor “caminha de mãos dadas” com o outro, não há praticamente desvio nenhum. Como exemplo temos as citações e transcrições nos textos científicos, para que estes tenham credibilidade. - Paródia = quando um texto cita outro invertendo seu sentido. A paródia é uma recriação de caráter contestador, já que mantém algo da significação do texto original, mas constrói todo um percurso de desvio em relação a ele, numa espécie de insubordinação crítica que incomoda. O recurso da polifonia ou intertextualidade pode ter várias motivações. A principal delas, num texto científico, é fazer uso do argumento da autoridade, para a hipótese que estamos defendendo, ou explicitar a paternidade de outras hipóteses que estamos atacando.