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XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006 
1 
Guia para implementar a gestão do conhecimento 
Beranice Maria de Lima Torquato (ITE) beranice@terra.com.br 
José Celso Contador (UNIP) celconta@iconet.com.br 
Resumo: Neste trabalho foram realizados estudos de gestão do conhecimento, atributo do 
sistema organizacional como um todo e produto das interações entre as pessoas. As 
estratégias nas empresas canalizam os esforços das pessoas, para romper as fronteiras 
intelectuais e tecnológicas. A economia baseada no conhecimento inseriu a learning 
organization como modelo de empresa do século XXI, cuja fonte de vantagem competitiva é a 
capacidade de aprender e de continuar aprendendo, promovendo a absorção de 
conhecimento como um processo contínuo de gerenciar o negócio. Para que a empresa 
mantenha-se competitiva, perante novos concorrentes que surgem, deve se aperfeiçoar, 
promovendo a educação contínua de seus subordinados. O administrador precisa definir, 
localizar, medir e estimular o crescimento do conhecimento e transformar esse fenômeno 
abstrato em produtos vencedores. A gestão do capital intelectual não se resume aos registros 
de patentes, direitos autorais ou royalties gerados. Tudo que a empresa criar e levar ao 
sucesso não valerá por muito tempo e provavelmente gerenciará o “conhecimento” de forma 
menos eficaz do que esperava. Portanto, enfoca uma compreensão dos fundamentos teóricos 
e desenvolve os procedimentos, na forma de guia, que permitem criar, implementar e manter 
no contexto do trabalho as atividades para a gestão do conhecimento. 
Palavras-chave: Conhecimento; Estratégia; Gestão do Conhecimento; Learning 
organization. 
1. Introdução 
A segunda metade do século XX apresentou um processo de transformação acelerada, 
com explosões das comunicações, da economia e da tecnologia, devido à globalização, à vida 
mais curta dos produtos, à natureza mutável do trabalho e às participações múltiplas dos 
indivíduos em diferentes grupos e empresas, ampliando a necessidade de conhecimento. Esse 
cenário exigiu que as empresas passassem a perceber e se adaptar a novos estímulos externos, 
transformar-se dentro de seus limites, para sobreviver ou manter sua estabilidade interna. 
Novas práticas gerenciais foram adotadas. Beckhard enfatizou a necessidade de 
estratégias coordenadas e de longo prazo com o objetivo de solucionar problemas da empresa, 
desenvolver climas, maneiras de trabalhar, relações, sistemas de comunicação e de 
informações, congruentes com as exigências prognosticáveis e não-prognosticáveis do futuro 
(BECKHARD, 1972 : 9). 
Tornou-se necessário buscar idéias e internalizar conhecimentos adequados nessa nova 
realidade. Percebeu-se que as pessoas detinham conhecimentos e habilidades que não estavam 
disponíveis nos manuais, exigindo formas de comunicar e registrar essas informações para 
transmitir aos demais participantes da empresa. A mudança organizacional significa a 
absorção de uma nova idéia por uma empresa. 
Para Bauer (1999), os homens temem a mudança e os conflitos dela decorrentes. Os 
detentores do poder procuram preservar o status quo. Todavia, a ordem e a desordem 
produzem-se continuamente. Algum novo padrão de ordem surge após a desordem. Weick 
ressalta que “A ineficiência é também desordem e é, portanto, também um potencial para a
XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006 
adaptabilidade: empresas menos eficientes em atingir seus objetivos têm mais espaço de 
aprendizado para recombinar suas atividades (desde que de fato o façam, é claro, senão serão 
apenas ineficientes)” (WEICK, 1977 : 44). 
Na empresa, segundo Thurbin (1995), cabe ao líder encorajar a aceitação do caos 
como característica de mudança e crescimento, opondo-se a considerá-lo como ameaça. 
Estabelecerá limites temporários para esse caos, gerando a aprendizagem a ser utilizada em 
futura ação. Os sistemas sociais assumem novos modos, produzindo a necessária estabilidade 
à condução eficiente de atividades de rotina e instabilidade à emergência da mudança. Esse é 
um ambiente propício ao aprendizado organizacional, devido à ambigüidade e ao conflito. 
Tomasko (1997) frisa que a mudança radical não começa com um processo de 
aprendizado, mas com esforços de “desaprendizado”. Quando Marvin Runyon, ex-executivo 
da Nissan, tornou-se diretor-geral dos correios dos Estados Unidos, observou que “perder uma 
parte da memória institucional não faria mal algum” (MARVIN R., APUD TOMASKO, 1997 : 282). 
Para desempenhar as atividades e desenvolver novos conhecimentos, as empresas devem 
incrementar a gestão do conhecimento e garantir vantagem competitiva em relação aos seus 
concorrentes. 
É preciso absorver o que antes era tido como ser para passar a fazer: o conhecimento. 
Esse artigo é apresentado após elaboração de pesquisa para avaliar as atividades 
correlacionadas à gestão do conhecimento, para garantir às empresas competitividade e 
sobrevivência. A empresa ágil e flexível deve mudar ante as alterações externas ou internas, 
redistribuir recursos para realizar sua tarefa e atingir seus objetivos em longo prazo. A 
mudança deve ser implementada de maneira planejada, gradual (Fleury & Fleury, 1995), com 
o comprometimento de todo o grupo. 
Certamente, ocorrerão as resistências, consideradas normais quando se explora 
atitudes, valores e comportamentos sedimentados nas relações entre os participantes. A 
mudança passará pelo desenvolvimento de equipes, reuniões de confrontação, laboratório de 
sensitividade etc., para introduzir a competência interpessoal com base em um relacionamento 
humano isento de bloqueios e preconceitos. A liderança organizacional, após o diagnóstico e 
planejamento das decisões, deve prevalecer pela autoridade do conhecimento sobre a 
autoridade da posição. 
Se efetuar mudanças, a empresa poderá sobreviver. Bauer (1999) afirma que “quanto 
menos um sistema for capaz de realizar mudanças internas desencadeadas pelas mudanças 
externas, mais próximo da morte ele estará”. Para Gates (1999), o administrador deve 
desenvolver habilidades, como troca de informações e compartilhamento nas decisões, e 
considerar produtividade, qualidade e serviço ao cliente como necessidades competitivas e 
não mais vantagens competitivas. 
A empresa, atenta aos problemas e oportunidades, deve adotar para detectar mudanças 
graduais, internas e externas, sistemas sensitivos de monitoração, e, assim, perceber a 
necessidade de iniciar ações que criam um novo produto ou tecnologia. É o chamado 
diagnóstico da mudança. Moraes (2000) identifica aspectos significativos das forças para a 
mudança, com as quais os administradores se defrontam quando executam esse diagnóstico: 
- Mão-de-obra: as empresas contam com pessoas de diferentes origens, níveis 
sociais e culturais e devem investir em programas educacionais, para atualizar 
habilidades e difundir valores organizacionais necessários a um funcionamento 
integrado. 
- Tecnologia: novos processos mudam as atribuições e a estrutura organizacional. A 
tecnologia da informação socializa o conhecimento, possibilita que as empresas se 
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tornem mais flexíveis e descentraliza o processo decisório. As inovações 
tecnológicas agilizam a produção. 
- Economia: a economia interna dos países é dependente da economia mundial. 
Taxas de juros flutuantes, capital especulativo, altas e baixas no mercado de 
valores, liberalização das taxas de câmbio são fatos econômicos que impõem 
mudanças às empresas. 
- Concorrência: empresas bem-sucedidas serão aquelas com resposta rápida à 
concorrência, localizada na loja da esquina, no outro bairro, no outro lado do 
oceano ou em outro continente. Pode ser a grande empresa capaz de absorver parte 
da clientela, ou pequenas empresas, ágeis e criativas, empreendedoras e com 
potencial para a inovação. 
- Nova organização social: a sociedade, com casamentos tardios e crescimento do 
número de divórcios, gera famílias com menor número de filhos. Cresceu a 
freqüência universitária pela inclusão nos cursos superiores de pessoas mais 
velhas, às vezes graduadas, que retornam à universidade para novos cursos. 
Segundo Tachizawa (2000), na era chamada por Handy como da desrazão, o 
diagnóstico da mudança tornou-se difícil, porém necessário. Peter Drucker chamou de “era 
de descontinuidade” e Tom Peters disse que “a era dos grandes números já passou; a era do 
efêmero acaba de começar”. O futuro baseado no passado, quando amanhã era extensão do 
ontem acabou. O ambiente inconstante das empresas torna passadas às situações de hoje e o 
conhecimento de amanhã pode estar ultrapassado. O grito de guerra entre os administradores 
é “Mude ou morra!”. 
De onde vem toda nova sabedoria, que induz ao crescimento? 
O executivo, ao lidar com a crise do tipo crescer ou morrer, é uma fonte. A mudança 
não acontece somente em épocas difíceis e para sobrevivência. Chuck Knight, da Emerson, 
agiu em tempo de lucros fortes, da mesma forma que Fred Smith, da Federal Express. A 
máxima de Maquiavel (1993), “Quem deseja o sucesso constante precisa mudar sua conduta 
de acordo com os tempos”, tornou-se mantra diário e Micklethwait e Wooldridge (1996) 
afirmaram que “Nesse mundo mais frenético, a única moeda que realmente importa é o 
conhecimento”. 
A empresa precisa acompanhar a evolução do ambiente para sobreviver, o que 
implica, muitas vezes, na utilização de recursos financeiros, tecnológicos e outros que, mesmo 
com dificuldades, podem ser substituídos, em igualdade de condições por todos os 
concorrentes. Nesse cenário, o diferencial da empresa reside na capacidade do ser humano de 
utilizar a vanguarda tecnológica, buscar novos produtos, sistemas e soluções. Essa parece ser 
a arma mais poderosa na batalha econômica e o ponto diferencial para o alcance do sucesso. 
A empresa precisa desenvolver inovadoras formas de gestão dos recursos humanos 
disponíveis, para criar uma vantagem competitiva sustentável. O diferencial parece 
concentrar-se na participação efetiva das pessoas, que devem dispor de conhecimento para 
implantar inovações gerenciais, metodológicas e tecnológicas, e, ainda, permanecer em estado 
de alerta para pressentir as novas idéias. Todavia, essas pessoas, por se constituir em sistemas 
vivos, estão sujeitas a um grau de mobilidade, que, muitas vezes, não lhes cabe determinar. 
Portanto, a empresa, que depende das pessoas para manutenção de suas vantagens 
competitivas, resultantes da capacitação acumulada ao longo do tempo e das estratégias 
adotadas em função da concorrência, preocupa-se em buscar novas idéias, internalizar o 
conhecimento para desenvolver estas idéias e identificar, manter e ampliar o conhecimento. 
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2. A gestão do conhecimento e a competitividade 
Em ambiente estável e previsível, as empresas podiam buscar a máxima eficiência e 
lucratividade, com rotinas e esquemas permanentes. Moraes (2000) destaca o embargo dos 
preços do petróleo da OPEP em 1972-1973 como o momento em que os Estados Unidos 
descobriram que tinham controle limitado sobre seu destino. No caótico e complexo mundo 
dos negócios, a estagnação e a visão voltada para o passado provocam a obsolescência e o 
envelhecimento precoce e podem ser fatais para qualquer empresa. 
A emergência do novo é atributo do sistema como um todo e é produto das interações 
criadas ao acaso entre os indivíduos - redes informais, que dependem de encontros fortuitos 
ou da proximidade social, propiciam circuitos de feedback e possibilitam o aprendizado, que 
retorna à emergência do novo. Formam-se em torno de questões em debate e variam conforme 
os indivíduos estimulados a participar. “Quanto mais rica e mais aleatória for a conectividade 
nessas redes, maior variedade de comportamento terá a organização” (BAUER, 1999 : 181). 
Tomasko (1997) acrescenta que as pessoas criam, cultivam e reprimem novas idéias; 
debatem sobre o futuro e inferem sobre o mercado; esforçam-se para atingir um objetivo de 
vendas ou produzir e expedir um pedido crítico. Se as pessoas mudam, a mudança ocorre. As 
estratégias nas empresas canalizam os esforços das pessoas, para romper as fronteiras 
intelectuais e tecnológicas. 
“Algumas empresas assumiram o desafio de reinventar a si mesmas” (DAFT, 1999 : 454), 
para enfrentar a mudança de paradigma da economia industrial para a economia baseada no 
conhecimento, impondo aos administradores transformar as empresas, adaptando-as à 
tendência crescente de instabilidade no ambiente empresarial e conseguindo operar com 
eficiência e lucratividade. 
A gerência deve fomentar a necessária instabilidade para o estímulo às potencialidades 
anárquicas latentes, a partir das interações espontâneas entre seus membros, para que possam 
surgir as condições propícias ao aprendizado e às trocas de informação pelas interações 
técnicas e políticas. Necessita-se de um permanente questionamento do status quo. Bauer 
(1999) sintetiza as atribuições para uma nova gerência nesse cenário: 
- estimular a desordem, introduzindo idéias e informações, mesmo que 
ambíguas; 
- estimular a autonomia, a iniciativa, a conectividade, a comunicação e a 
cooperação; 
- representar o papel de uma identidade organizacional atualizando-se 
continuamente; 
- manter a “consciência do momento” ou perceber a renovação das 
circunstâncias ambientais. 
Cabe à gerência estimular a alteração de perspectiva da empresa, iniciando pelo 
desenvolvimento do autoconhecimento, e identificar-se, tanto no campo individual como no 
campo organizacional, como ente em contínua atualização, procurando manter a “consciência 
do momento” ou perceber a renovação das circunstâncias ambientais. 
Peter Senge aborda em seu livro A quinta disciplina – Arte e prática da organização 
que aprende (1990) a mudança na Administração e denomina a empresa do século XXI de 
learning organization, cuja vantagem competitiva é a capacidade de aprender e de continuar
XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006 
aprendendo para melhorar seu desempenho. Segundo ele, nas empresas existem dois tipos de 
aprendizagem: 
- Aprendizagem adaptativa: decorrente do contato das pessoas com a mudança e 
com diferentes situações de trabalho. O ambiente de trabalho provoca a 
aprendizagem de novas idéias, produtos e relações. 
- Aprendizagem geradora: criatividade, que provém do esforço conjunto entre os 
membros da empresa. As pessoas aprendem trocando idéias e experiências 
entre si. As equipes provocam a aprendizagem de novas idéias, produtos e 
relações através da interação social. 
Efetuar o aprendizado organizacional é uma forma contínua de gerenciar o negócio, 
não algo acrescentado ou modificado; é um imperativo estratégico, não uma despesa 
administrativa. Está entranhado em cada empregado e gerente. As pessoas confiam umas nas 
outras, complementam suas forças e compensam suas limitações, para atingir um objetivo 
comum maior que os objetivos individuais e para produzir resultados extraordinários. 
“O que fazem as empresas que aprendem quando efetuam o aprendizado 
organizacional? Isso tem pouco a ver com enviar empregados para algum lugar para serem 
treinados. As práticas que dominam o estilo gerencial da empresa são outras” (GARVIN, 1993 : 
78). 
Tomasko (1997) afirma que ocorre o aprendizado organizacional quando: 
- é gerado ou adquirido novo conhecimento; 
- as idéias são disseminadas em toda a empresa; 
- as novas idéias mudam as ações dos empregados e gerentes; 
- e as mudanças são efetuadas com espírito de experimentação, sem certeza 
5 
absoluta. 
A empresa que aprende é “... aquela em que todos estão engajados na identificação e 
solução de problemas, permitindo à organização continuamente experimentar a mudança e 
melhorar, aumentando, assim, sua capacidade de crescer, aprender e atingir o seu propósito” 
(DAFT, 1999 : 457). 
Para implementar um sistema de gestão do conhecimento em uma empresa é preciso 
contar com uma ampla equipe de pessoal, com habilidades múltiplas, focalizadas nas áreas de 
sistema de informações, de treinamento, de estratégia comercial e de pessoas que entendam 
como mudar a maneira de realizar os negócios. Necessita, portanto, dos especialistas em 
recursos humanos e em gerenciamento de mudanças. 
Neste artigo apresenta-se um conjunto de ferramentas, denominado Guia para 
implementação da Gestão do Conhecimento, lembrando-se, porém que “a liderança é o único 
meio através do qual uma empresa pode se transformar em uma organização que aprende” 
(DAFT, 1999 : 457). Os líderes de uma empresa que aprende assumem três papéis distintos: 
- criar uma visão compartilhada, que represente os resultados desejados em 
longo prazo, é o papel fundamental para que as decisões não sejam 
fragmentadas, conduzindo as pessoas para diferentes direções; 
- elaborar o projeto estrutural da empresa, incluindo políticas, estratégias e fatos, 
utilizando-se de equipes com maiores responsabilidades do que os indivíduos 
isolados, relações horizontais próximas e sem competição, forças-tarefa etc. O 
líder deve ajudar na compreensão da característica de continuidade da empresa
XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006 
e as pessoas devem assumir novos papéis e desenvolver (aprender) novas 
habilidades; 
- e dedicar-se aos outros e à visão da empresa; dispensar poder, idéias, 
informações, reconhecimento e créditos por realizações; empenhar-se no 
desenvolvimento da empresa, e não em adquirir coisas para si mesmo. O 
primeiro passo é desenvolver líderes para assumir o novo papel da liderança. 
6 
3. Guia para implantar a gestão do conhecimento 
Esse guia serve como proposta para implantar o sistema de gestão do conhecimento, 
em empresa que tenha o objetivo de aumentar a competitividade, por meio do estabelecimento 
de uma vantagem competitiva sustentável, após o ajuste de acordo com o porte da mesma. 
A estrutura de poder deve tomar a decisão estratégica de promover a implantação da 
gestão do conhecimento, após analisar a visão da situação atual, das previsões, dos desafios e 
das prioridades que a empresa tem que enfrentar. A implantação da gestão de conhecimento é 
um processo longo e demorado, que deve ser iniciada pensando grande, mas começando 
pequeno. Inicia-se avaliando a estratégia maior no longo prazo. “Onde você quer estar? Qual 
é a sua visão?”. Dessa grande visão deve se concentrar melhor em uma pequena parte, que 
possa apresentar um alto impacto. 
Inicialmente, selecionam-se partes importantes do conhecimento a partir das quais o 
sistema de gestão do conhecimento poderá se desenvolver. A seguir, devem ser coordenados 
os contatos na empresa. A gestão do conhecimento deve ser vislumbrada em longo prazo. Não 
se deve obter muitos detalhes a respeito de cada área considerada crucial antes de prosseguir. 
Há problemas, dúvidas, dificuldades, condicionamentos e conservadorismos difíceis 
de serem suplantados. 
O plano piloto, para um horizonte mínimo de dois anos, deve estabelecer as diretrizes 
básicas a serem adotadas pela empresa e a definição clara dos objetivos quantificados, 
difíceis, relevantes e compatíveis com a organização, a ser alcançados. 
O plano estratégico deve estabelecer os estágios de preparação, implementação, 
monitoração e revisão, com o devido aprazamento de previsão e realização. 
3.1 Estágio de preparação 
O estágio de preparação inclui as etapas de formação de massa crítica, divulgação 
interna e treinamento inicial com a metodologia adotada. A realização de exercícios de 
atividades intelectuais e comportamentais ocorre por meio de eventos, seminários, visitas, 
reuniões e outros meios de divulgação, em paralelo as atividades diárias da empresa e sem 
interferir na rotina, para atingir um nível adequado de aprendizagem, referente ao conteúdo do 
planejamento, isto é, seus conceitos, definições, técnicas, prioridades, e desenvolver a 
confiança dos participantes que constituirão o grupo de condução do processo. 
O resultado deve ser um nível satisfatório de conhecimento e linguagem uniforme, 
para não comprometer o entendimento e o andamento do trabalho. 
3.2 Estágio de implementação 
O estágio de implementação inclui a etapa de implantação inicial, por meio de 
atividades práticas e concretas que interferem no estado das operações da empresa.
XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006 
Nesse estágio escolhe-se a atividade piloto, usualmente a de maior impacto, onde 
serão executadas as operações, pois é muito difícil iniciar por toda a empresa. As ferramentas 
usadas para essa definição passam pela Curva ABC ou Análise de Paretto, ou, ainda, pela 
análise do processo, sendo mais usados para levantamento de dados os diagramas de processo, 
ou do fluxo ou das atividades múltiplas. Definido o trabalho da implantação, desenrolam-se as 
atividades de todas as áreas da empresa. 
A área de recursos humanos deve promover um censo escolar para detectar o nível 
educacional do quadro de empregados, estabelecer o nível mínimo adequado de instrução para 
admissão e para o levantamento de necessidades de educação e treinamento, gerando um 
plano específico para alcançar metas em um tempo determinado. Com esse plano em mãos, 
podem ser definidos os recursos financeiros a serem utilizados. 
A elaboração das políticas de recursos humanos e da organização do processo de 
trabalho está vinculada ao planejamento estratégico da empresa, transformando os seus 
objetivos gerais em diretrizes, que, por sua vez, são traduzidas em práticas organizacionais 
concretas. Deve-se, também, lembrar da importância das políticas de gestão de recursos 
humanos, implementadas pela empresa, para o reconhecimento de seus funcionários como 
fatores decisivos na construção da sua vantagem competitiva sustentável. 
As experiências de sucesso de outras empresas devem ser apresentadas aos 
funcionários e os momentos de reconhecimento e exaltação dos bons trabalhos desenvolvidos 
na empresa devem ocorrer de maneira sistemática. 
Os objetivos da área de recursos humanos inserem-se nos objetivos gerais da empresa, 
visam a melhoria do nível de educação básica por meio da evolução das pessoas envolvidas e 
baseiam-se em um programa com foco nas necessidades de cada área específica. Dentro de 
suas atividades deve promover treinamento técnico, operacional, informal ou tácito, 
comportamental e da metodologia adotada na empresa. 
Caso tenha que alcançar a evolução da educação básica, a área de recursos humanos 
deve formalizar convênios com escolas locais, ou implantar salas de cursos em suas 
dependências para atender os grupos mais numerosos. Para os demais grupos, dentro de suas 
condições financeiras, deve estabelecer programa de concessão de bolsas de estudo, com 
participação da empresa e do funcionário. As concessões devem ser precedidas de análises 
por uma comissão designada para esse fim. 
Cabe a cada funcionário assumir a responsabilidade da sua formação, do seu 
crescimento profissional, sendo a empresa um ambiente facilitador para que isso ocorra, ao 
investir na conscientização e nos incentivos aos funcionários que desejam estudar. 
Os treinamentos de equipe devem aproveitar os períodos de baixa atividade da 
empresa para ministrar cursos e outras atividades consideradas como básicas para a formação 
das pessoas. 
A área de recursos humanos adota as seguintes ferramentas para desenvolver suas 
7 
atividades: 
- matriz de habilidades, após discussão pelos interessados dos conhecimentos 
necessários para o exercício da função; 
- treinamento no posto de trabalho, ministrado pelo operador, com base em 
exemplos de problemas, através de lições de um tema. O instrutor desenha a 
situação de forma simples e explicativa em uma folha de papel e repassa 
durante o expediente para os companheiros de trabalho de forma rápida e 
objetiva.
XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006 
- material didático desenvolvido pelos funcionários, para utilização na empresa. 
- avaliação teórica e prática dos treinamentos realizados. 
A empresa, com a participação de todos os níveis organizacionais, deve constituir as 
equipes multidisciplinares, para alcançar os objetivos de defeito zero, acidente zero e redução 
dos custos de manutenção. 
As equipes constituídas devem melhorar a capacitação e o conhecimento dos técnicos 
e dos operadores, para alcançar os objetivos de melhorias no sistema de manutenção, pela 
análise das causas das quebras dos equipamentos, com foco nas falhas repetitivas, o que 
possibilita aumentar o tempo médio entre as falhas, diminuir o tempo médio entre reparos e 
diminuir o percentual das horas paradas por manutenção. 
Essas atividades práticas podem ser assim definidas: 
1 Limpeza inicial dos equipamentos para restabelecimento das condições 
originais básicas dos equipamentos. As inconveniências encontradas devem ser 
avaliadas, etiquetadas e estratificadas para resolução dos itens prioritários. 
Gradativamente as inconveniências são eliminadas e as condições básicas 
restauradas, para que o equipamento apresente o menor número de quebras 
possível. 
2 Eliminação de locais de difícil acesso para limpeza, lubrificação e inspeção, no 
8 
próprio local de trabalho. 
3 Estabelecimento de padrões provisórios de limpeza, inspeção e lubrificação, 
para manutenção das condições de limpeza e organização do ambiente de 
trabalho. 
4 Aprendizado de rotinas de inspeção geral nos pontos críticos dos 
equipamentos, em conjunto com os mecânicos. 
5 Realização pelos operadores de produção de inspeção independente dos 
técnicos de manutenção. 
6 Estabelecimento de padrões definitivos de limpeza, inspeção e lubrificação. 
7 Manutenção e conservação dos equipamentos como procedimento regular, 
dando ao grupo autonomia de ação. 
3.3 Estágio de monitoração 
O estágio de monitoração deve estabelecer as regras de controle, por intermédio de 
avaliações, a serem executadas em três momentos distintos: 
- auto-avaliação do grupo; 
- se tudo estiver em ordem, o grupo juntamente com seu superior hierárquico 
imediato realiza uma avaliação mais criteriosa; 
- se tudo estiver em boas condições, agenda-se a data da avaliação oficial, 
contando com a participação do Diretor, dos Gerentes de Fábrica e Manutenção 
e com os membros do Escritório de Qualidade, para averiguação minuciosa do 
cumprimento total dos itens abordados nas avaliações anteriores e para uma 
avaliação oral e prática dos integrantes da equipe, sobre os conhecimentos 
básicos das técnicas utilizadas.
XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006 
Todas as quebras devem ser registradas por meio de relatórios padronizados, que 
servem de base para análise das respectivas causas. As causas e as quebras devem alimentar 
um banco de dados, com geração de matriz específica para verificar o que ocasionou a falha e 
o número de quebras repetidas do mesmo tipo. Após essa análise os operadores devem utilizar 
esses eventos para desenvolver lições onde todos os pontos sejam analisados, visando o 
objetivo quebra zero. 
Os técnicos de manutenção devem estabelecer planos de inspeção dos equipamentos. 
As avaliações devem ser sistematizadas e realizadas dentro de calendários pré-estabelecidos. 
Em cada avaliação o grupo identifica as inconveniências por intermédio de afixação em local 
visível de etiquetas com cores previamente determinadas pela organização. 
As etiquetas que representem os maiores problemas dos equipamentos devem ser 
enviadas a grupos previamente estabelecidos para estudos de melhorias específicas, após 
análise sobre as quebras. 
9 
3.4 Estágio de revisão 
No estágio de revisão, as áreas administrativas devem ser eficientes, com incremento 
da velocidade e da qualidade nas informações geradas em seus processos. Cabe à área de 
Logística e Administração de Materiais desenvolver métodos, visando à falta zero de matéria-prima 
e demais materiais necessários a elaboração dos produtos. A área de Informática deve 
operar com o objetivo de interrupção zero, em hardware, em software e em processos. 
A área de qualidade deve normatizar e padronizar os procedimentos em conjunto com 
as demais áreas da empresa. 
A área de pesquisa e desenvolvimento deve acompanhar a evolução tecnológica e 
analisar os investimentos necessários para atualização do parque operacional. 
O aumento da eficiência geral dos processos promove a redução dos custos indiretos e 
a busca permanente de bom clima organizacional. Os desvios devem ser corrigidos. Novas 
metas devem ser sistematicamente perseguidas. As melhorias alcançadas devem ser mantidas 
e devem ser ampliados os ganhos com novas melhorias de produtos e processos 
organizacionais, em decorrência da sistemática ampliação de conhecimentos. 
3.5 Ferramentas 
As principais ferramentas dessa metodologia podem ser resumidas como: 
- reuniões realizadas semanalmente, onde são discutidos os assuntos que podem 
apresentar oportunidades de melhorias, com registro de síntese em atas 
simplificadas; 
- sistema de gestão visual, que adota o quadro de atividades, para que todos 
tomem conhecimento das decisões e situações da área de atuação; 
- circulação rápida pelos meios eletrônicos de correspondência da empresa das 
idéias que a mesma absorve do mundo exterior; 
- treinamento no próprio posto de trabalho para sanar todas as inconveniências 
geradas e exposição sobre as mesma para discussão e aprimoramento; 
- biblioteca de aplicações para registro do conhecimento desenvolvido na 
empresa e que nela deva permanecer;
XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006 
- processos de melhorias para as inconveniências identificadas; 
- estabelecidos de indicadores para acompanhar a produtividade, a qualidade, o 
custo, o prazo de entrega, a segurança e as sugestões de melhoria oferecidas 
pelos colaboradores. 
10 
4. Considerações Finais 
A empresa que aprende assenta-se em cultura organizacional, baseada nos valores: o 
conjunto é mais importante do que as partes; as pessoas têm consciência do sistema como 
todo e do inter-relacionamento das partes; a cultura é igualitária, criando um senso de 
comunidade, compaixão e carinho de uns com os outros; a cultura valoriza a melhoria e a 
adaptação, continuamente. 
Fleury (1995) considera que o desenvolvimento de um padrão cultural exige a 
introdução dos pressupostos básicos de uma cultura da aprendizagem. Em linhas gerais, uma 
organização de aprendizagem deve ser capaz de promover o diálogo, para articular alta 
capacidade de aprender a aprender, questionando continuamente os pressupostos básicos, que 
norteiam as ações individuais e coletivas; ter postura pró-ativa e orientada para o futuro. 
É difícil iniciar a mudança e muito mais difícil mantê-la. Para que aconteça, o 
empresário precisa saber que cada vez menos funciona o tradicional modelo de mudança, 
determinado pelo nível mais alto da empresa, pois o principal desafio, segundo Senge, é 
“deixar de enxergar instituições humanas como máquinas para passar a enxergá-las como 
organismos vivos” (SENGE, apud WEBER, 1999 : 85). 
Portanto, a empresa que aprende busca continuamente o conhecimento, para a 
manutenção das suas vantagens competitivas. Cria formas de disseminar o conhecimento 
tácito existente entre seus empregados. Por intermédio da liderança alavanca o processo, que 
uma vez implantado, passa a ser exigido pelos empregados, forçando a estrutura de baixo para 
cima. A aplicação e a produção de conhecimento na empresa formam o conhecimento 
organizacional e no conjunto de empresas a sociedade do conhecimento. Alcançando o 
tamanho de uma nação, apresenta como estratégia básica à implementação da educação, em 
âmbito geral. Não sendo desenvolvida pela nação, essa estratégia pode ser assumida pela 
empresa, que a reconhece como necessária para a ampliação da sua competitividade. 
A empresa assimila a gestão do conhecimento e introduz em seus pilares a educação 
corporativa, com suas ferramentas de ensino-aprendizagem. Os trabalhadores do 
conhecimento substituem a segurança no emprego pela condição de crescimento do 
conhecimento, entendendo que lhes assegura melhorias na empregabilidade, isto é, o 
desenvolvimento de habilidades, serviços e produtos que podem ser vendidos no mercado, 
podendo trabalhar sempre. 
3. Referências Bibliográficas 
BAUER, R. Gestão da mudança: caos e complexidade nas organizações. São Paulo: Atlas, 1999. 
BECKHARD, R. Desenvolvimento organizacional: estratégia e modelos. São Paulo: Edgard Blücher, 1972. 
DAFT, R. L. Administração. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999. 
FLEURY, A.; FLEURY, M. T. L. Aprendizagem e inovação organizacional: as experiências de Japão, 
Coréia e Brasil. São Paulo: Atlas, 1995. 
GARVIN, D. Building a Learning Organization. Harvard Business Review, jul-ago. 1993.
XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006 
GATES, B. A empresa na velocidade do pensamento: com um sistema nervoso digital. São Paulo: 
Companhia das Letras, 1999. 
MAQUIAVEL. O príncipe. Tradução Roberto Grassi. 16. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1993. 
MICKLETHWAIT, J. WOOLDRIGE, A. Os bruxos da administração. Rio de Janeiro: Campus, 1998. 
MORAES, A . M. P. Iniciação ao estudo da administração. São Paulo: Makron Books, 2000. 
SENGE, P. M. A quinta disciplina: arte, teoria e prática da organização de aprendizagem. Trad. Regina 
Amarante. São Paulo: Best Seller, 1990. 
TACHIZAWA, T. REZENDE, W. Estratégia Empresarial. São Paulo: Makron Books, 2000. 
TOMASKO, R. M. Crescer não destruir. Rio de Janeiro: Campus, 1997. 
THURBIN, P. Implementando a organização aprendiz. São Paulo: IMAM, 1995. 
WEBBER, A. Cuide do seu jardim. Exame. São Paulo, 82-87, 16 de junho de 1999. 
WEICK, K. E. Organizational design: organizations as self-designing systems. Organizational Dynamics, v. 
6, Autumm, 1977. 
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Gestão do conhecimento em empresas

  • 1. XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006 1 Guia para implementar a gestão do conhecimento Beranice Maria de Lima Torquato (ITE) beranice@terra.com.br José Celso Contador (UNIP) celconta@iconet.com.br Resumo: Neste trabalho foram realizados estudos de gestão do conhecimento, atributo do sistema organizacional como um todo e produto das interações entre as pessoas. As estratégias nas empresas canalizam os esforços das pessoas, para romper as fronteiras intelectuais e tecnológicas. A economia baseada no conhecimento inseriu a learning organization como modelo de empresa do século XXI, cuja fonte de vantagem competitiva é a capacidade de aprender e de continuar aprendendo, promovendo a absorção de conhecimento como um processo contínuo de gerenciar o negócio. Para que a empresa mantenha-se competitiva, perante novos concorrentes que surgem, deve se aperfeiçoar, promovendo a educação contínua de seus subordinados. O administrador precisa definir, localizar, medir e estimular o crescimento do conhecimento e transformar esse fenômeno abstrato em produtos vencedores. A gestão do capital intelectual não se resume aos registros de patentes, direitos autorais ou royalties gerados. Tudo que a empresa criar e levar ao sucesso não valerá por muito tempo e provavelmente gerenciará o “conhecimento” de forma menos eficaz do que esperava. Portanto, enfoca uma compreensão dos fundamentos teóricos e desenvolve os procedimentos, na forma de guia, que permitem criar, implementar e manter no contexto do trabalho as atividades para a gestão do conhecimento. Palavras-chave: Conhecimento; Estratégia; Gestão do Conhecimento; Learning organization. 1. Introdução A segunda metade do século XX apresentou um processo de transformação acelerada, com explosões das comunicações, da economia e da tecnologia, devido à globalização, à vida mais curta dos produtos, à natureza mutável do trabalho e às participações múltiplas dos indivíduos em diferentes grupos e empresas, ampliando a necessidade de conhecimento. Esse cenário exigiu que as empresas passassem a perceber e se adaptar a novos estímulos externos, transformar-se dentro de seus limites, para sobreviver ou manter sua estabilidade interna. Novas práticas gerenciais foram adotadas. Beckhard enfatizou a necessidade de estratégias coordenadas e de longo prazo com o objetivo de solucionar problemas da empresa, desenvolver climas, maneiras de trabalhar, relações, sistemas de comunicação e de informações, congruentes com as exigências prognosticáveis e não-prognosticáveis do futuro (BECKHARD, 1972 : 9). Tornou-se necessário buscar idéias e internalizar conhecimentos adequados nessa nova realidade. Percebeu-se que as pessoas detinham conhecimentos e habilidades que não estavam disponíveis nos manuais, exigindo formas de comunicar e registrar essas informações para transmitir aos demais participantes da empresa. A mudança organizacional significa a absorção de uma nova idéia por uma empresa. Para Bauer (1999), os homens temem a mudança e os conflitos dela decorrentes. Os detentores do poder procuram preservar o status quo. Todavia, a ordem e a desordem produzem-se continuamente. Algum novo padrão de ordem surge após a desordem. Weick ressalta que “A ineficiência é também desordem e é, portanto, também um potencial para a
  • 2. XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006 adaptabilidade: empresas menos eficientes em atingir seus objetivos têm mais espaço de aprendizado para recombinar suas atividades (desde que de fato o façam, é claro, senão serão apenas ineficientes)” (WEICK, 1977 : 44). Na empresa, segundo Thurbin (1995), cabe ao líder encorajar a aceitação do caos como característica de mudança e crescimento, opondo-se a considerá-lo como ameaça. Estabelecerá limites temporários para esse caos, gerando a aprendizagem a ser utilizada em futura ação. Os sistemas sociais assumem novos modos, produzindo a necessária estabilidade à condução eficiente de atividades de rotina e instabilidade à emergência da mudança. Esse é um ambiente propício ao aprendizado organizacional, devido à ambigüidade e ao conflito. Tomasko (1997) frisa que a mudança radical não começa com um processo de aprendizado, mas com esforços de “desaprendizado”. Quando Marvin Runyon, ex-executivo da Nissan, tornou-se diretor-geral dos correios dos Estados Unidos, observou que “perder uma parte da memória institucional não faria mal algum” (MARVIN R., APUD TOMASKO, 1997 : 282). Para desempenhar as atividades e desenvolver novos conhecimentos, as empresas devem incrementar a gestão do conhecimento e garantir vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes. É preciso absorver o que antes era tido como ser para passar a fazer: o conhecimento. Esse artigo é apresentado após elaboração de pesquisa para avaliar as atividades correlacionadas à gestão do conhecimento, para garantir às empresas competitividade e sobrevivência. A empresa ágil e flexível deve mudar ante as alterações externas ou internas, redistribuir recursos para realizar sua tarefa e atingir seus objetivos em longo prazo. A mudança deve ser implementada de maneira planejada, gradual (Fleury & Fleury, 1995), com o comprometimento de todo o grupo. Certamente, ocorrerão as resistências, consideradas normais quando se explora atitudes, valores e comportamentos sedimentados nas relações entre os participantes. A mudança passará pelo desenvolvimento de equipes, reuniões de confrontação, laboratório de sensitividade etc., para introduzir a competência interpessoal com base em um relacionamento humano isento de bloqueios e preconceitos. A liderança organizacional, após o diagnóstico e planejamento das decisões, deve prevalecer pela autoridade do conhecimento sobre a autoridade da posição. Se efetuar mudanças, a empresa poderá sobreviver. Bauer (1999) afirma que “quanto menos um sistema for capaz de realizar mudanças internas desencadeadas pelas mudanças externas, mais próximo da morte ele estará”. Para Gates (1999), o administrador deve desenvolver habilidades, como troca de informações e compartilhamento nas decisões, e considerar produtividade, qualidade e serviço ao cliente como necessidades competitivas e não mais vantagens competitivas. A empresa, atenta aos problemas e oportunidades, deve adotar para detectar mudanças graduais, internas e externas, sistemas sensitivos de monitoração, e, assim, perceber a necessidade de iniciar ações que criam um novo produto ou tecnologia. É o chamado diagnóstico da mudança. Moraes (2000) identifica aspectos significativos das forças para a mudança, com as quais os administradores se defrontam quando executam esse diagnóstico: - Mão-de-obra: as empresas contam com pessoas de diferentes origens, níveis sociais e culturais e devem investir em programas educacionais, para atualizar habilidades e difundir valores organizacionais necessários a um funcionamento integrado. - Tecnologia: novos processos mudam as atribuições e a estrutura organizacional. A tecnologia da informação socializa o conhecimento, possibilita que as empresas se 2
  • 3. XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006 tornem mais flexíveis e descentraliza o processo decisório. As inovações tecnológicas agilizam a produção. - Economia: a economia interna dos países é dependente da economia mundial. Taxas de juros flutuantes, capital especulativo, altas e baixas no mercado de valores, liberalização das taxas de câmbio são fatos econômicos que impõem mudanças às empresas. - Concorrência: empresas bem-sucedidas serão aquelas com resposta rápida à concorrência, localizada na loja da esquina, no outro bairro, no outro lado do oceano ou em outro continente. Pode ser a grande empresa capaz de absorver parte da clientela, ou pequenas empresas, ágeis e criativas, empreendedoras e com potencial para a inovação. - Nova organização social: a sociedade, com casamentos tardios e crescimento do número de divórcios, gera famílias com menor número de filhos. Cresceu a freqüência universitária pela inclusão nos cursos superiores de pessoas mais velhas, às vezes graduadas, que retornam à universidade para novos cursos. Segundo Tachizawa (2000), na era chamada por Handy como da desrazão, o diagnóstico da mudança tornou-se difícil, porém necessário. Peter Drucker chamou de “era de descontinuidade” e Tom Peters disse que “a era dos grandes números já passou; a era do efêmero acaba de começar”. O futuro baseado no passado, quando amanhã era extensão do ontem acabou. O ambiente inconstante das empresas torna passadas às situações de hoje e o conhecimento de amanhã pode estar ultrapassado. O grito de guerra entre os administradores é “Mude ou morra!”. De onde vem toda nova sabedoria, que induz ao crescimento? O executivo, ao lidar com a crise do tipo crescer ou morrer, é uma fonte. A mudança não acontece somente em épocas difíceis e para sobrevivência. Chuck Knight, da Emerson, agiu em tempo de lucros fortes, da mesma forma que Fred Smith, da Federal Express. A máxima de Maquiavel (1993), “Quem deseja o sucesso constante precisa mudar sua conduta de acordo com os tempos”, tornou-se mantra diário e Micklethwait e Wooldridge (1996) afirmaram que “Nesse mundo mais frenético, a única moeda que realmente importa é o conhecimento”. A empresa precisa acompanhar a evolução do ambiente para sobreviver, o que implica, muitas vezes, na utilização de recursos financeiros, tecnológicos e outros que, mesmo com dificuldades, podem ser substituídos, em igualdade de condições por todos os concorrentes. Nesse cenário, o diferencial da empresa reside na capacidade do ser humano de utilizar a vanguarda tecnológica, buscar novos produtos, sistemas e soluções. Essa parece ser a arma mais poderosa na batalha econômica e o ponto diferencial para o alcance do sucesso. A empresa precisa desenvolver inovadoras formas de gestão dos recursos humanos disponíveis, para criar uma vantagem competitiva sustentável. O diferencial parece concentrar-se na participação efetiva das pessoas, que devem dispor de conhecimento para implantar inovações gerenciais, metodológicas e tecnológicas, e, ainda, permanecer em estado de alerta para pressentir as novas idéias. Todavia, essas pessoas, por se constituir em sistemas vivos, estão sujeitas a um grau de mobilidade, que, muitas vezes, não lhes cabe determinar. Portanto, a empresa, que depende das pessoas para manutenção de suas vantagens competitivas, resultantes da capacitação acumulada ao longo do tempo e das estratégias adotadas em função da concorrência, preocupa-se em buscar novas idéias, internalizar o conhecimento para desenvolver estas idéias e identificar, manter e ampliar o conhecimento. 3
  • 4. XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006 4 2. A gestão do conhecimento e a competitividade Em ambiente estável e previsível, as empresas podiam buscar a máxima eficiência e lucratividade, com rotinas e esquemas permanentes. Moraes (2000) destaca o embargo dos preços do petróleo da OPEP em 1972-1973 como o momento em que os Estados Unidos descobriram que tinham controle limitado sobre seu destino. No caótico e complexo mundo dos negócios, a estagnação e a visão voltada para o passado provocam a obsolescência e o envelhecimento precoce e podem ser fatais para qualquer empresa. A emergência do novo é atributo do sistema como um todo e é produto das interações criadas ao acaso entre os indivíduos - redes informais, que dependem de encontros fortuitos ou da proximidade social, propiciam circuitos de feedback e possibilitam o aprendizado, que retorna à emergência do novo. Formam-se em torno de questões em debate e variam conforme os indivíduos estimulados a participar. “Quanto mais rica e mais aleatória for a conectividade nessas redes, maior variedade de comportamento terá a organização” (BAUER, 1999 : 181). Tomasko (1997) acrescenta que as pessoas criam, cultivam e reprimem novas idéias; debatem sobre o futuro e inferem sobre o mercado; esforçam-se para atingir um objetivo de vendas ou produzir e expedir um pedido crítico. Se as pessoas mudam, a mudança ocorre. As estratégias nas empresas canalizam os esforços das pessoas, para romper as fronteiras intelectuais e tecnológicas. “Algumas empresas assumiram o desafio de reinventar a si mesmas” (DAFT, 1999 : 454), para enfrentar a mudança de paradigma da economia industrial para a economia baseada no conhecimento, impondo aos administradores transformar as empresas, adaptando-as à tendência crescente de instabilidade no ambiente empresarial e conseguindo operar com eficiência e lucratividade. A gerência deve fomentar a necessária instabilidade para o estímulo às potencialidades anárquicas latentes, a partir das interações espontâneas entre seus membros, para que possam surgir as condições propícias ao aprendizado e às trocas de informação pelas interações técnicas e políticas. Necessita-se de um permanente questionamento do status quo. Bauer (1999) sintetiza as atribuições para uma nova gerência nesse cenário: - estimular a desordem, introduzindo idéias e informações, mesmo que ambíguas; - estimular a autonomia, a iniciativa, a conectividade, a comunicação e a cooperação; - representar o papel de uma identidade organizacional atualizando-se continuamente; - manter a “consciência do momento” ou perceber a renovação das circunstâncias ambientais. Cabe à gerência estimular a alteração de perspectiva da empresa, iniciando pelo desenvolvimento do autoconhecimento, e identificar-se, tanto no campo individual como no campo organizacional, como ente em contínua atualização, procurando manter a “consciência do momento” ou perceber a renovação das circunstâncias ambientais. Peter Senge aborda em seu livro A quinta disciplina – Arte e prática da organização que aprende (1990) a mudança na Administração e denomina a empresa do século XXI de learning organization, cuja vantagem competitiva é a capacidade de aprender e de continuar
  • 5. XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006 aprendendo para melhorar seu desempenho. Segundo ele, nas empresas existem dois tipos de aprendizagem: - Aprendizagem adaptativa: decorrente do contato das pessoas com a mudança e com diferentes situações de trabalho. O ambiente de trabalho provoca a aprendizagem de novas idéias, produtos e relações. - Aprendizagem geradora: criatividade, que provém do esforço conjunto entre os membros da empresa. As pessoas aprendem trocando idéias e experiências entre si. As equipes provocam a aprendizagem de novas idéias, produtos e relações através da interação social. Efetuar o aprendizado organizacional é uma forma contínua de gerenciar o negócio, não algo acrescentado ou modificado; é um imperativo estratégico, não uma despesa administrativa. Está entranhado em cada empregado e gerente. As pessoas confiam umas nas outras, complementam suas forças e compensam suas limitações, para atingir um objetivo comum maior que os objetivos individuais e para produzir resultados extraordinários. “O que fazem as empresas que aprendem quando efetuam o aprendizado organizacional? Isso tem pouco a ver com enviar empregados para algum lugar para serem treinados. As práticas que dominam o estilo gerencial da empresa são outras” (GARVIN, 1993 : 78). Tomasko (1997) afirma que ocorre o aprendizado organizacional quando: - é gerado ou adquirido novo conhecimento; - as idéias são disseminadas em toda a empresa; - as novas idéias mudam as ações dos empregados e gerentes; - e as mudanças são efetuadas com espírito de experimentação, sem certeza 5 absoluta. A empresa que aprende é “... aquela em que todos estão engajados na identificação e solução de problemas, permitindo à organização continuamente experimentar a mudança e melhorar, aumentando, assim, sua capacidade de crescer, aprender e atingir o seu propósito” (DAFT, 1999 : 457). Para implementar um sistema de gestão do conhecimento em uma empresa é preciso contar com uma ampla equipe de pessoal, com habilidades múltiplas, focalizadas nas áreas de sistema de informações, de treinamento, de estratégia comercial e de pessoas que entendam como mudar a maneira de realizar os negócios. Necessita, portanto, dos especialistas em recursos humanos e em gerenciamento de mudanças. Neste artigo apresenta-se um conjunto de ferramentas, denominado Guia para implementação da Gestão do Conhecimento, lembrando-se, porém que “a liderança é o único meio através do qual uma empresa pode se transformar em uma organização que aprende” (DAFT, 1999 : 457). Os líderes de uma empresa que aprende assumem três papéis distintos: - criar uma visão compartilhada, que represente os resultados desejados em longo prazo, é o papel fundamental para que as decisões não sejam fragmentadas, conduzindo as pessoas para diferentes direções; - elaborar o projeto estrutural da empresa, incluindo políticas, estratégias e fatos, utilizando-se de equipes com maiores responsabilidades do que os indivíduos isolados, relações horizontais próximas e sem competição, forças-tarefa etc. O líder deve ajudar na compreensão da característica de continuidade da empresa
  • 6. XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006 e as pessoas devem assumir novos papéis e desenvolver (aprender) novas habilidades; - e dedicar-se aos outros e à visão da empresa; dispensar poder, idéias, informações, reconhecimento e créditos por realizações; empenhar-se no desenvolvimento da empresa, e não em adquirir coisas para si mesmo. O primeiro passo é desenvolver líderes para assumir o novo papel da liderança. 6 3. Guia para implantar a gestão do conhecimento Esse guia serve como proposta para implantar o sistema de gestão do conhecimento, em empresa que tenha o objetivo de aumentar a competitividade, por meio do estabelecimento de uma vantagem competitiva sustentável, após o ajuste de acordo com o porte da mesma. A estrutura de poder deve tomar a decisão estratégica de promover a implantação da gestão do conhecimento, após analisar a visão da situação atual, das previsões, dos desafios e das prioridades que a empresa tem que enfrentar. A implantação da gestão de conhecimento é um processo longo e demorado, que deve ser iniciada pensando grande, mas começando pequeno. Inicia-se avaliando a estratégia maior no longo prazo. “Onde você quer estar? Qual é a sua visão?”. Dessa grande visão deve se concentrar melhor em uma pequena parte, que possa apresentar um alto impacto. Inicialmente, selecionam-se partes importantes do conhecimento a partir das quais o sistema de gestão do conhecimento poderá se desenvolver. A seguir, devem ser coordenados os contatos na empresa. A gestão do conhecimento deve ser vislumbrada em longo prazo. Não se deve obter muitos detalhes a respeito de cada área considerada crucial antes de prosseguir. Há problemas, dúvidas, dificuldades, condicionamentos e conservadorismos difíceis de serem suplantados. O plano piloto, para um horizonte mínimo de dois anos, deve estabelecer as diretrizes básicas a serem adotadas pela empresa e a definição clara dos objetivos quantificados, difíceis, relevantes e compatíveis com a organização, a ser alcançados. O plano estratégico deve estabelecer os estágios de preparação, implementação, monitoração e revisão, com o devido aprazamento de previsão e realização. 3.1 Estágio de preparação O estágio de preparação inclui as etapas de formação de massa crítica, divulgação interna e treinamento inicial com a metodologia adotada. A realização de exercícios de atividades intelectuais e comportamentais ocorre por meio de eventos, seminários, visitas, reuniões e outros meios de divulgação, em paralelo as atividades diárias da empresa e sem interferir na rotina, para atingir um nível adequado de aprendizagem, referente ao conteúdo do planejamento, isto é, seus conceitos, definições, técnicas, prioridades, e desenvolver a confiança dos participantes que constituirão o grupo de condução do processo. O resultado deve ser um nível satisfatório de conhecimento e linguagem uniforme, para não comprometer o entendimento e o andamento do trabalho. 3.2 Estágio de implementação O estágio de implementação inclui a etapa de implantação inicial, por meio de atividades práticas e concretas que interferem no estado das operações da empresa.
  • 7. XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006 Nesse estágio escolhe-se a atividade piloto, usualmente a de maior impacto, onde serão executadas as operações, pois é muito difícil iniciar por toda a empresa. As ferramentas usadas para essa definição passam pela Curva ABC ou Análise de Paretto, ou, ainda, pela análise do processo, sendo mais usados para levantamento de dados os diagramas de processo, ou do fluxo ou das atividades múltiplas. Definido o trabalho da implantação, desenrolam-se as atividades de todas as áreas da empresa. A área de recursos humanos deve promover um censo escolar para detectar o nível educacional do quadro de empregados, estabelecer o nível mínimo adequado de instrução para admissão e para o levantamento de necessidades de educação e treinamento, gerando um plano específico para alcançar metas em um tempo determinado. Com esse plano em mãos, podem ser definidos os recursos financeiros a serem utilizados. A elaboração das políticas de recursos humanos e da organização do processo de trabalho está vinculada ao planejamento estratégico da empresa, transformando os seus objetivos gerais em diretrizes, que, por sua vez, são traduzidas em práticas organizacionais concretas. Deve-se, também, lembrar da importância das políticas de gestão de recursos humanos, implementadas pela empresa, para o reconhecimento de seus funcionários como fatores decisivos na construção da sua vantagem competitiva sustentável. As experiências de sucesso de outras empresas devem ser apresentadas aos funcionários e os momentos de reconhecimento e exaltação dos bons trabalhos desenvolvidos na empresa devem ocorrer de maneira sistemática. Os objetivos da área de recursos humanos inserem-se nos objetivos gerais da empresa, visam a melhoria do nível de educação básica por meio da evolução das pessoas envolvidas e baseiam-se em um programa com foco nas necessidades de cada área específica. Dentro de suas atividades deve promover treinamento técnico, operacional, informal ou tácito, comportamental e da metodologia adotada na empresa. Caso tenha que alcançar a evolução da educação básica, a área de recursos humanos deve formalizar convênios com escolas locais, ou implantar salas de cursos em suas dependências para atender os grupos mais numerosos. Para os demais grupos, dentro de suas condições financeiras, deve estabelecer programa de concessão de bolsas de estudo, com participação da empresa e do funcionário. As concessões devem ser precedidas de análises por uma comissão designada para esse fim. Cabe a cada funcionário assumir a responsabilidade da sua formação, do seu crescimento profissional, sendo a empresa um ambiente facilitador para que isso ocorra, ao investir na conscientização e nos incentivos aos funcionários que desejam estudar. Os treinamentos de equipe devem aproveitar os períodos de baixa atividade da empresa para ministrar cursos e outras atividades consideradas como básicas para a formação das pessoas. A área de recursos humanos adota as seguintes ferramentas para desenvolver suas 7 atividades: - matriz de habilidades, após discussão pelos interessados dos conhecimentos necessários para o exercício da função; - treinamento no posto de trabalho, ministrado pelo operador, com base em exemplos de problemas, através de lições de um tema. O instrutor desenha a situação de forma simples e explicativa em uma folha de papel e repassa durante o expediente para os companheiros de trabalho de forma rápida e objetiva.
  • 8. XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006 - material didático desenvolvido pelos funcionários, para utilização na empresa. - avaliação teórica e prática dos treinamentos realizados. A empresa, com a participação de todos os níveis organizacionais, deve constituir as equipes multidisciplinares, para alcançar os objetivos de defeito zero, acidente zero e redução dos custos de manutenção. As equipes constituídas devem melhorar a capacitação e o conhecimento dos técnicos e dos operadores, para alcançar os objetivos de melhorias no sistema de manutenção, pela análise das causas das quebras dos equipamentos, com foco nas falhas repetitivas, o que possibilita aumentar o tempo médio entre as falhas, diminuir o tempo médio entre reparos e diminuir o percentual das horas paradas por manutenção. Essas atividades práticas podem ser assim definidas: 1 Limpeza inicial dos equipamentos para restabelecimento das condições originais básicas dos equipamentos. As inconveniências encontradas devem ser avaliadas, etiquetadas e estratificadas para resolução dos itens prioritários. Gradativamente as inconveniências são eliminadas e as condições básicas restauradas, para que o equipamento apresente o menor número de quebras possível. 2 Eliminação de locais de difícil acesso para limpeza, lubrificação e inspeção, no 8 próprio local de trabalho. 3 Estabelecimento de padrões provisórios de limpeza, inspeção e lubrificação, para manutenção das condições de limpeza e organização do ambiente de trabalho. 4 Aprendizado de rotinas de inspeção geral nos pontos críticos dos equipamentos, em conjunto com os mecânicos. 5 Realização pelos operadores de produção de inspeção independente dos técnicos de manutenção. 6 Estabelecimento de padrões definitivos de limpeza, inspeção e lubrificação. 7 Manutenção e conservação dos equipamentos como procedimento regular, dando ao grupo autonomia de ação. 3.3 Estágio de monitoração O estágio de monitoração deve estabelecer as regras de controle, por intermédio de avaliações, a serem executadas em três momentos distintos: - auto-avaliação do grupo; - se tudo estiver em ordem, o grupo juntamente com seu superior hierárquico imediato realiza uma avaliação mais criteriosa; - se tudo estiver em boas condições, agenda-se a data da avaliação oficial, contando com a participação do Diretor, dos Gerentes de Fábrica e Manutenção e com os membros do Escritório de Qualidade, para averiguação minuciosa do cumprimento total dos itens abordados nas avaliações anteriores e para uma avaliação oral e prática dos integrantes da equipe, sobre os conhecimentos básicos das técnicas utilizadas.
  • 9. XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006 Todas as quebras devem ser registradas por meio de relatórios padronizados, que servem de base para análise das respectivas causas. As causas e as quebras devem alimentar um banco de dados, com geração de matriz específica para verificar o que ocasionou a falha e o número de quebras repetidas do mesmo tipo. Após essa análise os operadores devem utilizar esses eventos para desenvolver lições onde todos os pontos sejam analisados, visando o objetivo quebra zero. Os técnicos de manutenção devem estabelecer planos de inspeção dos equipamentos. As avaliações devem ser sistematizadas e realizadas dentro de calendários pré-estabelecidos. Em cada avaliação o grupo identifica as inconveniências por intermédio de afixação em local visível de etiquetas com cores previamente determinadas pela organização. As etiquetas que representem os maiores problemas dos equipamentos devem ser enviadas a grupos previamente estabelecidos para estudos de melhorias específicas, após análise sobre as quebras. 9 3.4 Estágio de revisão No estágio de revisão, as áreas administrativas devem ser eficientes, com incremento da velocidade e da qualidade nas informações geradas em seus processos. Cabe à área de Logística e Administração de Materiais desenvolver métodos, visando à falta zero de matéria-prima e demais materiais necessários a elaboração dos produtos. A área de Informática deve operar com o objetivo de interrupção zero, em hardware, em software e em processos. A área de qualidade deve normatizar e padronizar os procedimentos em conjunto com as demais áreas da empresa. A área de pesquisa e desenvolvimento deve acompanhar a evolução tecnológica e analisar os investimentos necessários para atualização do parque operacional. O aumento da eficiência geral dos processos promove a redução dos custos indiretos e a busca permanente de bom clima organizacional. Os desvios devem ser corrigidos. Novas metas devem ser sistematicamente perseguidas. As melhorias alcançadas devem ser mantidas e devem ser ampliados os ganhos com novas melhorias de produtos e processos organizacionais, em decorrência da sistemática ampliação de conhecimentos. 3.5 Ferramentas As principais ferramentas dessa metodologia podem ser resumidas como: - reuniões realizadas semanalmente, onde são discutidos os assuntos que podem apresentar oportunidades de melhorias, com registro de síntese em atas simplificadas; - sistema de gestão visual, que adota o quadro de atividades, para que todos tomem conhecimento das decisões e situações da área de atuação; - circulação rápida pelos meios eletrônicos de correspondência da empresa das idéias que a mesma absorve do mundo exterior; - treinamento no próprio posto de trabalho para sanar todas as inconveniências geradas e exposição sobre as mesma para discussão e aprimoramento; - biblioteca de aplicações para registro do conhecimento desenvolvido na empresa e que nela deva permanecer;
  • 10. XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006 - processos de melhorias para as inconveniências identificadas; - estabelecidos de indicadores para acompanhar a produtividade, a qualidade, o custo, o prazo de entrega, a segurança e as sugestões de melhoria oferecidas pelos colaboradores. 10 4. Considerações Finais A empresa que aprende assenta-se em cultura organizacional, baseada nos valores: o conjunto é mais importante do que as partes; as pessoas têm consciência do sistema como todo e do inter-relacionamento das partes; a cultura é igualitária, criando um senso de comunidade, compaixão e carinho de uns com os outros; a cultura valoriza a melhoria e a adaptação, continuamente. Fleury (1995) considera que o desenvolvimento de um padrão cultural exige a introdução dos pressupostos básicos de uma cultura da aprendizagem. Em linhas gerais, uma organização de aprendizagem deve ser capaz de promover o diálogo, para articular alta capacidade de aprender a aprender, questionando continuamente os pressupostos básicos, que norteiam as ações individuais e coletivas; ter postura pró-ativa e orientada para o futuro. É difícil iniciar a mudança e muito mais difícil mantê-la. Para que aconteça, o empresário precisa saber que cada vez menos funciona o tradicional modelo de mudança, determinado pelo nível mais alto da empresa, pois o principal desafio, segundo Senge, é “deixar de enxergar instituições humanas como máquinas para passar a enxergá-las como organismos vivos” (SENGE, apud WEBER, 1999 : 85). Portanto, a empresa que aprende busca continuamente o conhecimento, para a manutenção das suas vantagens competitivas. Cria formas de disseminar o conhecimento tácito existente entre seus empregados. Por intermédio da liderança alavanca o processo, que uma vez implantado, passa a ser exigido pelos empregados, forçando a estrutura de baixo para cima. A aplicação e a produção de conhecimento na empresa formam o conhecimento organizacional e no conjunto de empresas a sociedade do conhecimento. Alcançando o tamanho de uma nação, apresenta como estratégia básica à implementação da educação, em âmbito geral. Não sendo desenvolvida pela nação, essa estratégia pode ser assumida pela empresa, que a reconhece como necessária para a ampliação da sua competitividade. A empresa assimila a gestão do conhecimento e introduz em seus pilares a educação corporativa, com suas ferramentas de ensino-aprendizagem. Os trabalhadores do conhecimento substituem a segurança no emprego pela condição de crescimento do conhecimento, entendendo que lhes assegura melhorias na empregabilidade, isto é, o desenvolvimento de habilidades, serviços e produtos que podem ser vendidos no mercado, podendo trabalhar sempre. 3. Referências Bibliográficas BAUER, R. Gestão da mudança: caos e complexidade nas organizações. São Paulo: Atlas, 1999. BECKHARD, R. Desenvolvimento organizacional: estratégia e modelos. São Paulo: Edgard Blücher, 1972. DAFT, R. L. Administração. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999. FLEURY, A.; FLEURY, M. T. L. Aprendizagem e inovação organizacional: as experiências de Japão, Coréia e Brasil. São Paulo: Atlas, 1995. GARVIN, D. Building a Learning Organization. Harvard Business Review, jul-ago. 1993.
  • 11. XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006 GATES, B. A empresa na velocidade do pensamento: com um sistema nervoso digital. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. MAQUIAVEL. O príncipe. Tradução Roberto Grassi. 16. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1993. MICKLETHWAIT, J. WOOLDRIGE, A. Os bruxos da administração. Rio de Janeiro: Campus, 1998. MORAES, A . M. P. Iniciação ao estudo da administração. São Paulo: Makron Books, 2000. SENGE, P. M. A quinta disciplina: arte, teoria e prática da organização de aprendizagem. Trad. Regina Amarante. São Paulo: Best Seller, 1990. TACHIZAWA, T. REZENDE, W. Estratégia Empresarial. São Paulo: Makron Books, 2000. TOMASKO, R. M. Crescer não destruir. Rio de Janeiro: Campus, 1997. THURBIN, P. Implementando a organização aprendiz. São Paulo: IMAM, 1995. WEBBER, A. Cuide do seu jardim. Exame. São Paulo, 82-87, 16 de junho de 1999. WEICK, K. E. Organizational design: organizations as self-designing systems. Organizational Dynamics, v. 6, Autumm, 1977. 11