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Ilustrações Andrea Costa Gomes




36 DOM
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                          Criando As
                      Condições pArA
                              inovar
                                     por   Carlos arruda, anderson rossi
                                                         e Paulo savaget

     A necessidade de inovação na economia con-       os investimentos em inovação acabam postergados
temporânea já é consenso entre todos os atores        e o futuro fica apenas “no futuro”, pois são mais
envolvidos no processo: empresas, parceiros estra-    urgentes as soluções de curto prazo para garantir
tégicos, governo, clientes e universidades. o com-    o presente. Mas sem futuro não existe o presente.
portamento inovador tornou-se um dos principais       É importante pensar fora dos padrões impostos
diferenciais das economias, com impactos no seu       pela indústria e pelo mercado, tentar fazer melhor,
nível de desenvolvimento, índices de crescimento      reinventar e inovar. A busca pela geração de valor
e dinamicidade. destaca-se, assim, como um dos        deve ser alvo da estratégia de inovação da empresa
grandes responsáveis pelos ganhos de competiti-       e estar alinhada com os valores corporativos. Mais
vidade de países e empresas. estudos realizados       do que nunca, a sobrevivência e o futuro das orga-
pelo núcleo de Competitividade da Fundação            nizações dependem de sua capacidade inovativa.
dom Cabral reforçam que a única variável com-              A maioria das empresas brasileiras, entretanto,
petitiva capaz de explicar, de modo consistente, o    ainda não percebeu que acomodação é sinônimo
crescimento de uma economia é sua capacidade          de risco e que, não importa o tamanho da orga-
de promover a inovação, não apenas tecnológica,       nização, para ser competitiva ela terá de promo-
mas também de produtos, processos, modelos de         ver mudanças constantes. Alguns dos principais
gestão e negócios.                                    autores de marketing e estratégia (porter, Kotler,
     Mas, se inovar é opção estratégica fundamen-     drucker, patel, Hooley, prahalad) confirmam que
tal para sustentar a competitividade e o crescimen-   as empresas inovam mais, com maior possibilida-
to, por que as empresas não inovam? segundo pes-      de de crescimento contínuo e sustentável, quando
quisa realizada com a Comunidade Ampliar (fórum       diferenciam seus produtos e serviços para atender
de relacionamento da FdC com os ex-participantes      às necessidades dos consumidores em nichos
de seus programas), apesar de 97% dos executivos      e segmentos especiais de mercado. em outras
acreditarem que a inovação – ou seus correlatos,      palavras: não basta inovar – é preciso ter, como
criatividade e empreendedorismo – sejam estraté-      afirmam os pesquisadores da FdC Leonardo Araújo
gias essenciais, na prática apenas 7 a 9% confir-     e rogério Gava, uma estratégia de mercado proa-
mam ter sistemas e processos instalados em suas       tiva, que crie novas oportunidades e necessidades
empresas para tornar a inovação uma realidade.        nos mercados existentes. Muitas empresas ainda
     Competir, especialmente em tempos de crise       relutam em investir nesses processos com medo
global, exige das empresas habilidades e compe-       de fracassar, pois inovar pressupõe lidar com incer-
tências específicas, para focarem no curto prazo      tezas e riscos. dados da pintec, pesquisa de ino-
e na redução de custos e investimentos, garan-        vação tecnológica realizada pelo iBGe, confirmam
tindo um resultado aceitável pelos acionistas.        essa constatação: nossas empresas carecem de

                                                                                                              DOM 37
estruturas organizadas, voltadas para a inovação,        para desenvolver lideranças empreendedoras em
         visão de futuro e expectativas de longo prazo.           sua empresa, capazes de aprender o que eles não
              diante de necessidades tão urgentes, o núcleo       sabiam. Mas, ao ser indagado exatamente sobre o
         de inovação da FdC pesquisou as empresas ino-            que não sabiam, respondeu que não tinha a menor
         vadoras do país e desenvolveu um modelo de               idéia. Fazer bem feito o que já se sabe e aprender
         sistematização do processo inovativo, ferramenta         continuamente o que não se sabe é um dos gran-
         estratégica que colabora para a gestão integrada         des desafios empresariais do século XXi.
         das empresas.
                                                                  GESTÃO DE INOVAÇÃO Como a inovação está no
         PARADOXO NAS ORGANIZAÇÕES As empresas                    centro das vantagens competitivas, ela associa ele-
         são criadas e gerenciadas para minimizar riscos          mentos antagônicos, como oportunidades promis-
         e garantir retorno aos stakeholders. da mesma            soras e riscos de fracasso, dependendo dos resul-
         forma, o discurso da alta administração é pró-ino-       tados que é capaz de gerar ou da maneira como é
         vação, embora outros elementos da cultura orga-          desenvolvida. Com uma gestão eficaz da inovação
         nizacional – estrutura, critérios de compensação,        – processo multifuncional que relaciona oportuni-
         disponibilização de recursos, comprometimento,           dades e necessidades externas e internas, idéias,
         entre outros – não sigam essa orientação. essa           pesquisas, desenvolvimento, modelo de negócio
         incoerência entre discurso e prática, de alguns          e implementação – a empresa consegue reduzir
         dirigentes empresariais, impossibilita ou dificulta      incertezas, prazos e custos no desenvolvimento de
         a prática da inovação.                                   novos produtos, serviços, processos e negócios. É
              se a maioria dos Ceos considera a inovação          possível também potencializar os talentos criativos
         um elemento estratégico, por que é tão difícil           e melhorar a taxa de sucesso no lançamento dos
         implantá-la? A resposta pode estar nas barreiras         novos empreendimentos.
         culturais da organização, enraizadas na aversão              A maioria das empresas ainda atua com uma
         ao risco associado à inovação, ou simplesmente           visão míope, focada apenas na busca de melhorias
         no fato de que as empresas estão cada vez mais           e investimento em projetos de curto prazo, com
         mecanizadas – repetem o que já existe ou foi feito       baixo risco e resultados rápidos, maior controle das
         por outros, sem coragem de desafiar suas próprias        variáveis e menos incertezas. Trata-se, no entanto,
         rotinas e limites estruturais. Talvez por isso, seja     de uma prática obsoleta para os tempos atuais e
         comum ouvir executivos e gestores reclamando             conflitante com a gestão integrada da inovação
         que suas empresas perderam a capacidade empre-           que, entre outras coisas, requer uma postura dife-
         endedora e, seus colaboradores, a criatividade. por      renciada, com visão de longo prazo e investimento
         outro lado, funcionários de todos os níveis sentem-      permanente. A prática de algumas empresas mais
         se angustiados com a rotina – às vezes erroneamen-       inovadoras nos mostra que, além da pesquisa e
         te chamada de “burocracia” – que os impede de            do investimento contínuo em desenvolvimento, o
         criar e ter o prazer de realizar suas próprias idéias.   grande desafio para sobreviver no mercado está
         Um dos grandes desafios das lideranças é romper          centrado na capacidade de antecipar o futu-
         com esse ciclo. em entrevista, um presidente de          ro. Utilizando ferramentas gerenciais – cenários,
         multinacional do setor siderúrgico nos pediu ajuda       Método delphi, backcasting e road maps, dentre

38 DOM
outras –, a empresa pode captar no presente os         O MODELO FDC DE INOVAÇÃO o modelo de ino-
sinais do futuro que podem garantir sua vantagem       vação como ferramenta estratégica, desenvolvido
competitiva, sobrevivência e superação das expec-      pelos pesquisadores do núcleo de inovação da
tativas dos clientes.                                  FdC, surgiu da observação de melhores práticas e
     são práticas que fazem toda a diferença e         do relacionamento com empresas inovadoras que
colaboram para o sucesso da gestão da inovação         operam no Brasil. inspirado em alguns autores
e minimização dos riscos. Mas é bom ressaltar          importantes (Tidd, patel, Chan e Mauborgne, doz,
que a inovação pressupõe ousadia e inclinação          pavitt), o modelo apresenta um processo integrado
para o risco – empresas contrárias a essa prática      de gestão da inovação, baseado nas decisões
oferecem o óbvio aos consumidores e, assim, não        estratégicas da organização. incorpora, ainda,
só deixam de criar diferenciação em relação aos        uma visão sistêmica, promovendo a integração das
concorrentes, como tendem a desaparecer do mer-        diversas áreas da empresa e dos níveis estratégi-
cado. definitivamente, a inovação nas empresas         cos, tático e operacional.
não é obra solitária, fruto do trabalho de um gênio,       nessa proposta, os elementos essenciais para
e nem acontece por acaso. na maioria dos casos,        o processo de inovação são: estratégia e decisão da
é fruto do trabalho em equipe, sistematizado, orga-    organização; cultura de inovação; processos de cur-
nizado, árduo, compartilhado e em sintonia com a       to, médio e longo prazo; e indicadores de desempe-
estratégia corporativa.                                nho, que são inter-relacionados (Figura 1).
     A empresa tem conhecimentos limitados, mas
existe sempre alguém no mundo que sabe o que
precisamos saber – a questão é encontrar esse          FIgura 1 | ModeLo FdC de inovAção
parceiro em potencial. Também é preciso interagir
com universidades, parceiros tecnológicos, clien-
tes, concorrentes, dentre outros públicos. A dilui-
ção dos riscos, otimização de prazos, melhoria dos                       Inovação como opção estratégica
investimentos, busca de conhecimento e ganhos                                  Cultura de inovação
de competitividade estão entre as principais vanta-
gens dessa interação. o modelo de inovação aber-                          Estrutura e sistema de gestão
ta, preconizado por Henry Chesbrough, pesquisa-
dor da Universidade de Berkeley (eUA), recomenda                                    Processos
que a geração e utilização do conhecimento não se
limitem às fronteiras da empresa. É praticamente
impossível para uma organização inovar de forma                                                   Longo Prazo
                                                                      Curto Prazo
isolada, sem a colaboração de parceiros e arcando                                    Médio Prazo
com todos os custos. o que vemos com frequên-
cia é um modelo de atuação com características
mistas, algo entre os modelos de inovação fechada
e aberta, confirmando a tese de que não existe
modelo único ou padrão a ser seguido.                                               Indicadores


                                                                                                                DOM 39
INOVAÇÃO COMO OPÇÃO ESTRATÉGICA Como a                 quer outra, pois reflete as características de cada
         empresa é um sistema de aprendizado dinâmico,          membro da organização e os valores impregnados
         a gestão da inovação exige uma atuação integrada,      pelo time gerencial. para inovar, os colaboradores
         estruturada com base no conhecimento e compro-         devem ter tendência a criar e transmitir conhe-
         metida com a inovação sustentável. para alcançar       cimento, em vez de uma aversão ao risco. não
         os objetivos previstos, é preciso um planejamento      se trata, necessariamente, de uma característica
         estratégico da inovação, com a definição clara de      intrínseca à personalidade, já que pode ser estimu-
         metas, planos, objetivos, investimentos e indica-      lada com um clima interno favorável à inovação,
         dores de desempenho. numa visão ampliada, a            em que as pessoas se sintam confortáveis para
         inovação é fruto de um trabalho multifuncional e       criar. A cultura pró-inovação deve ser um objetivo
         multidisciplinar, que envolve as áreas de marke-       estratégico da empresa e condizente com essa
         ting, produção, finanças, p&d, clientes, parceiros     orientação. o corpo gerencial é responsável pela
         e fornecedores. por isso, deve estar totalmente        manutenção de um ambiente propício à criação de
         alinhada com a visão estratégica da empresa.           idéias, minimizando o que pode impedir ou inibir a
               nesse processo, destaca-se o papel funda-        criatividade individual e combinando as diferentes
         mental da liderança na criação de um ambiente          perspectivas e experiências.
         favorável e integrador. Cabe ainda à alta direção           A cultura organizacional pode, portanto, inibir
         promover a inovação com base na disseminação           ou estimular a tendência à inovação. Mas, seria um
         dos valores estratégicos, patrocínio das idéias e      erro identificar isoladamente uma cultura e atribuir
         construção e alinhamento da estratégia de inova-       a ela a receita do sucesso ou fracasso, sem levar
         ção aos processos corporativos. Também é neces-        em conta as peculiaridades de cada organização.
         sário envolver os colaboradores, de forma proativa     independentemente das características peculiares,
         e entre áreas, sendo muito bem orquestrados na         a cultura pró-inovação deve ser orientada para a
         busca por sinais do mercado, que ajudam a anteci-      estratégia da empresa, assumir os riscos intrínse-
         par problemas e encontrar soluções criativas.          cos à promoção da inovação, e eliminar ou reduzir
                                                                as barreiras à manifestação criativa – garantindo
         CULTURA DE INOVAÇÃO para estimular a inovação, não     um ambiente em que todos se sintam instigados
         basta definir sua importância na posição estratégica   e livres para explorar e gerar conhecimento, sem
         da empresa, ou alocar capital e esforços à produção    medo de punições. Assim, é fundamental o papel
         do conhecimento. É fundamental que a cultura e o       dos gerentes para moldar a cultura e transformá-la
         clima organizacional sejam favoráveis à busca da       em força motriz à inovação. eles devem guiar o
         inovação e à manifestação criativa. Trata-se de um     processo, distribuindo corretamente as atribuições
         sistema em que a rotina da empresa se inspira na       dos funcionários aos valores e diretrizes empresa-
         cultura e, ao mesmo tempo, estabelece suas carac-      riais e definindo, gradualmente, as mudanças que
         terísticas e diretrizes. É importante destacar que     levam a estabelecer uma cultura de inovação.
         uma cultura é enraizada apenas quando há consenso
         e intensidade nas práticas organizacionais.            PROCESSOS Apesar de chamar muita atenção, a
              Cada empresa possui sua própria cultura, com      geração de ideias é apenas uma das etapas básicas
         características peculiares e diferentes de qual-       do processo de inovação, e talvez a mais fácil, pois

40 DOM
a empresa precisa escutar e conhecer melhor seu       sabemos que os processos de inovação espontânea
mercado, presente e futuro. o gargalo da inovação     têm efeito multiplicador na criação de uma cultura
está em processar essas ideias que, muitas vezes,     favorável ao ambiente inovador – em alguns casos
são apenas fragmentos de ideias brilhantes que        de sucesso, eles foram conduzidos pela área de
precisam ser lapidadas, agrupadas e transforma-       recursos Humanos e não necessariamente na área
das em resultado. Há diferenças básicas entre         funcional em que o criador da ideia trabalhava.
inovação, invenção e criatividade. A invenção é a         outro processo bastante comum em empresas
criação de novas tecnologias, processos e produ-      brasileiras são as plataformas de inovação – a
tos, que tem o conhecimento como base de ava-         organização agrega conhecimento e competências,
liação da novidade, e não sua aplicação comercial     internas e externas, na busca de soluções inte-
ou geração de resultado. A criatividade, por sua      gradas que resultem em produtos, processos,
vez, tem sido definida pelos especialistas como a     serviços, e até mesmo outras empresas (spin-off)
emergência de algo único e original, muitas vezes     correlacionadas. As plataformas de inovação são
associada a habilidades cognitivas, processos         processos com impactos de médio prazo, mas que
psicológicos envolvidos com o conhecimento, com-      permitem avanços em novos negócios e mercados.
preensão, percepção e aprendizagem. Apesar de a       o fundamental é a causa – fator indutor do pro-
maioria dos estudos sobre criatividade estar asso-    cesso. observamos que, nos casos de sucesso, o
ciada à teoria psicanalítica, comportamental, da      executivo principal tinha um sonho ou percebia
gestalt e da psicologia humanista, alguns autores     oportunidades de mercado. isso gerou uma siner-
atribuem às organizações a capacidade criativa, ou    gia na empresa, agrupando em torno da plataforma
às vezes, os bloqueios criativos. Como a inovação é   não apenas suas competências e recursos, mas
um processo, pode ser implementado na empresa         também as de seus parceiros.
em diferentes níveis e situações.                         os processos de inovação de longo prazo
     em nossos estudos, observamos processos de       envolvem grande complexidade tecnológica e/ou
inovação com impactos distintos e resultados de       mercadológica. Casos extremos de inovação com
curto prazo, associados à melhoria contínua ou à      alta incerteza tecnológica e mercadológica, em
revisão de sistemas operacionais. Há sistemas de      que não se sabe como fazer (know-how), nem qual
geração espontânea de idéias em que os colabo-        será o mercado-alvo (know-who), são tratados no
radores, clientes e associados são convidados a       nível mais alto da empresa, na forma de venturing.
contribuir, de forma continua, para a melhoria das    empresas de alta mobilidade tecnológica (como de
rotinas, simplificações de processos administrati-    telecomunicações) ou alto nível de comoditização
vos ou novas soluções tecnológicas e de produtos,     (como de metais e cimento) estão investindo em
baseadas em conhecimentos não aplicados com           soluções de alta incerteza/alto risco, para sair à
frequência nas empresas.                              frente dos concorrentes no futuro.
     Tradicionalmente, os processos de inovação           outro processo de inovação de longo prazo,
espontânea tendem a gerar um número significati-      mas com níveis de incerteza significativamente
vo de idéias, ou fragmentos de idéias, que acumu-     menores que os processos de venturing, é o cha-
lam o pipeline, permitindo à empresa processá-lo e    mado “metanacional”. esse conceito, difundido
dar feedback a quem contribuiu com as sugestões.      por professores do inseAd (Yves doz, 2001), se

                                                                                                           DOM 41
refere às empresas que buscam novas vantagens          INDICADORES Tão importante quanto o investimento
         competitivas a partir da descoberta, acesso, mobi-     em inovação é a avaliação do retorno obtido com
         lização e alavancagem de conhecimentos espalha-        os processos inovadores. os indicadores permi-
         dos pelo mundo. essas organizações perceberam          tem estabelecer metas quantitativas para medir e
         que as perguntas diferentes e soluções inovadoras,     analisar o desempenho na inovação e, a qualquer
         desenvolvidas em diferentes partes do mundo, não       momento, a empresa pode dinamizar o processo,
         poderiam ser visualizadas numa única empresa           redefinindo ações e metas para melhoria contínua.
         ou país. empresas com processos metanacionais               pesquisa realizada pelo núcleo de inovação,
         encontram soluções de ruptura com o padrão do          identificando os indicadores de inovação mais
         setor, simplesmente porque agregam diferentes          utilizados pelos Balanced Scorecards das 500
         olhares e cabeças.                                     maiores empresas brasileiras, revelou que a maio-
              Muitos outros processos de curto, médio e lon-    ria das empresas controlava apenas o resultado da
         go prazo têm sido observados com diferente grau        inovação, deixando de lado os processos e fatores
         de sucesso. Aqui estão, em síntese, alguns dos         críticos que podem impactar esses resultados.
         processos recorrentes:                                 outras conclusões do estudo: 36% das empresas




          Processo de Inovação                  Exemplos

                                                Caixas de idéias, sites de relacionamento com clientes e
          inovação espontânea                   fornecedores, exercícios de brainstorming

                                                Kaizen, quality control circles, pi&M, six sigma, business process
          revisão de processos                  reengineering

          inovação induzida                     plataforma de inovação, innovation Jam (iBM);

          sistemas integrados de inovação       radar de inovação

          novos produtos                        inovação para a base da pirâmide

          novos serviços                        inovação para a base da pirâmide

          Aquisições para inovação (spin in)

          pesquisa e desenvolvimento            inovação sustentável

          novos negócios (spin-off)

          novos modelos de negócios             inovação para a base da pirâmide

          redes de inovação                     Metanacionais

          inovação de valor                     estratégia do oceano azul, proatividade de mercado

          venturing                             novos negócios, incubadoras tecnológicas e mercadológicas


42 DOM
pesquisadas consideravam o percentual da receita    sas – premiar o sucesso. nenhuma organização
com produtos e serviços, desenvolvidos nos últi-    destinava prêmio ao erro ou à tentativa, o que de
mos anos (três a cinco), como o indicador mais      alguma forma contribuía para a cultura da certeza,
importante para a inovação (98% de importância);    ao invés da cultura da inovação.
para 16% delas eram os indicadores de processo
                                                    Carlos arruda é professor e coordenador do núcleo de inovação
(como o tempo médio dos projetos de inovação)       e assessor de relações internacionais da Fundação dom Cabral
e apenas 9% acompanhavam um indicador de
                                                    anderson rossi é professor convidado da Fundação dom Cabral e pesqui-
intensidade (número de ideias trabalhadas). os      sador do núcleo de inovação

indicadores de resultados estavam diretamente       Paulo savaget é auxiliar de pesquisa da Fundação dom Cabral
associados ao critério mais usado pelas empre-


   ConClusão

        As inovações promovem efeitos micro ou macroeconômicos duradouros. nas empresas, uma
   inovação pode provocar redução de custos, ganhos de produtividade, aumento na qualidade dos
   produtos ou serviços, assimetria competitiva e, frequentemente, monopolização temporária de uma
   oportunidade de mercado, gerando maior lucro. no âmbito macroeconômico, a inovação modifica
   diversos parâmetros do sistema, dentre eles o nível de renda, emprego e taxa de crescimento.
       A geração de novas soluções não é um sistema baseado no laissez-faire, ou laissez-innover,
   mas um processo sistemático de estímulo à inovação. daí a importância de um sistema integrado
   de gestão da inovação como ferramenta básica para buscar competitividade. o Modelo FdC de
   inovação vem atender a essa necessidade – através dele, os elementos essenciais (estratégia
   e decisão da organização, cultura de inovação, processos de curto, médio e longo prazo, e
   indicadores de desempenho) são concebidos e inter-relacionados, permitindo uma gestão da
   inovação eficiente e bem sucedida.



                                                        PARA SE APROFUNDAR NO TEMA

                                                        CHrisTensen, Clayton M. o crescimen-
                                                        to pela inovação: como crescer de forma
                                                        sustentada e reinventar o sucesso. rio de
                                                        Janeiro. elsevier, 2003.

                                                        doZ, ivez, sAnTos, Jose e WiLLiAMson,
                                                        peter. Metanacional. Harvard Business
                                                        publisher, 2001.

                                                        GoUssevsKAiA, A.; Arruda, Carlos ;
                                                        CHiCArino, G . adquirir ou desenvolver?
                                                        o desafio está no dia seguinte. Harvard
                                                        Business review (ed. em português), v. 86,
                                                        p. 38-46, 2008.

                                                        prAHALAd, C. K, KrisHMAn, M. s. a nova
                                                        era da inovação: impulsionando a co-criação
                                                        de valor ao longo das redes globais. rio de
                                                        Janeiro. elsevier, 2008.

                                                        Tidd, Joe, BessAnT, John, pAviTT, Keith.
                                                        Gestão da inovação. porto Alegre. Bookman,
                                                        2008.

                                                                                                                            DOM 43

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Inovação criando as condições pra inovar

  • 2. capa Criando As Condições pArA inovar por Carlos arruda, anderson rossi e Paulo savaget A necessidade de inovação na economia con- os investimentos em inovação acabam postergados temporânea já é consenso entre todos os atores e o futuro fica apenas “no futuro”, pois são mais envolvidos no processo: empresas, parceiros estra- urgentes as soluções de curto prazo para garantir tégicos, governo, clientes e universidades. o com- o presente. Mas sem futuro não existe o presente. portamento inovador tornou-se um dos principais É importante pensar fora dos padrões impostos diferenciais das economias, com impactos no seu pela indústria e pelo mercado, tentar fazer melhor, nível de desenvolvimento, índices de crescimento reinventar e inovar. A busca pela geração de valor e dinamicidade. destaca-se, assim, como um dos deve ser alvo da estratégia de inovação da empresa grandes responsáveis pelos ganhos de competiti- e estar alinhada com os valores corporativos. Mais vidade de países e empresas. estudos realizados do que nunca, a sobrevivência e o futuro das orga- pelo núcleo de Competitividade da Fundação nizações dependem de sua capacidade inovativa. dom Cabral reforçam que a única variável com- A maioria das empresas brasileiras, entretanto, petitiva capaz de explicar, de modo consistente, o ainda não percebeu que acomodação é sinônimo crescimento de uma economia é sua capacidade de risco e que, não importa o tamanho da orga- de promover a inovação, não apenas tecnológica, nização, para ser competitiva ela terá de promo- mas também de produtos, processos, modelos de ver mudanças constantes. Alguns dos principais gestão e negócios. autores de marketing e estratégia (porter, Kotler, Mas, se inovar é opção estratégica fundamen- drucker, patel, Hooley, prahalad) confirmam que tal para sustentar a competitividade e o crescimen- as empresas inovam mais, com maior possibilida- to, por que as empresas não inovam? segundo pes- de de crescimento contínuo e sustentável, quando quisa realizada com a Comunidade Ampliar (fórum diferenciam seus produtos e serviços para atender de relacionamento da FdC com os ex-participantes às necessidades dos consumidores em nichos de seus programas), apesar de 97% dos executivos e segmentos especiais de mercado. em outras acreditarem que a inovação – ou seus correlatos, palavras: não basta inovar – é preciso ter, como criatividade e empreendedorismo – sejam estraté- afirmam os pesquisadores da FdC Leonardo Araújo gias essenciais, na prática apenas 7 a 9% confir- e rogério Gava, uma estratégia de mercado proa- mam ter sistemas e processos instalados em suas tiva, que crie novas oportunidades e necessidades empresas para tornar a inovação uma realidade. nos mercados existentes. Muitas empresas ainda Competir, especialmente em tempos de crise relutam em investir nesses processos com medo global, exige das empresas habilidades e compe- de fracassar, pois inovar pressupõe lidar com incer- tências específicas, para focarem no curto prazo tezas e riscos. dados da pintec, pesquisa de ino- e na redução de custos e investimentos, garan- vação tecnológica realizada pelo iBGe, confirmam tindo um resultado aceitável pelos acionistas. essa constatação: nossas empresas carecem de DOM 37
  • 3. estruturas organizadas, voltadas para a inovação, para desenvolver lideranças empreendedoras em visão de futuro e expectativas de longo prazo. sua empresa, capazes de aprender o que eles não diante de necessidades tão urgentes, o núcleo sabiam. Mas, ao ser indagado exatamente sobre o de inovação da FdC pesquisou as empresas ino- que não sabiam, respondeu que não tinha a menor vadoras do país e desenvolveu um modelo de idéia. Fazer bem feito o que já se sabe e aprender sistematização do processo inovativo, ferramenta continuamente o que não se sabe é um dos gran- estratégica que colabora para a gestão integrada des desafios empresariais do século XXi. das empresas. GESTÃO DE INOVAÇÃO Como a inovação está no PARADOXO NAS ORGANIZAÇÕES As empresas centro das vantagens competitivas, ela associa ele- são criadas e gerenciadas para minimizar riscos mentos antagônicos, como oportunidades promis- e garantir retorno aos stakeholders. da mesma soras e riscos de fracasso, dependendo dos resul- forma, o discurso da alta administração é pró-ino- tados que é capaz de gerar ou da maneira como é vação, embora outros elementos da cultura orga- desenvolvida. Com uma gestão eficaz da inovação nizacional – estrutura, critérios de compensação, – processo multifuncional que relaciona oportuni- disponibilização de recursos, comprometimento, dades e necessidades externas e internas, idéias, entre outros – não sigam essa orientação. essa pesquisas, desenvolvimento, modelo de negócio incoerência entre discurso e prática, de alguns e implementação – a empresa consegue reduzir dirigentes empresariais, impossibilita ou dificulta incertezas, prazos e custos no desenvolvimento de a prática da inovação. novos produtos, serviços, processos e negócios. É se a maioria dos Ceos considera a inovação possível também potencializar os talentos criativos um elemento estratégico, por que é tão difícil e melhorar a taxa de sucesso no lançamento dos implantá-la? A resposta pode estar nas barreiras novos empreendimentos. culturais da organização, enraizadas na aversão A maioria das empresas ainda atua com uma ao risco associado à inovação, ou simplesmente visão míope, focada apenas na busca de melhorias no fato de que as empresas estão cada vez mais e investimento em projetos de curto prazo, com mecanizadas – repetem o que já existe ou foi feito baixo risco e resultados rápidos, maior controle das por outros, sem coragem de desafiar suas próprias variáveis e menos incertezas. Trata-se, no entanto, rotinas e limites estruturais. Talvez por isso, seja de uma prática obsoleta para os tempos atuais e comum ouvir executivos e gestores reclamando conflitante com a gestão integrada da inovação que suas empresas perderam a capacidade empre- que, entre outras coisas, requer uma postura dife- endedora e, seus colaboradores, a criatividade. por renciada, com visão de longo prazo e investimento outro lado, funcionários de todos os níveis sentem- permanente. A prática de algumas empresas mais se angustiados com a rotina – às vezes erroneamen- inovadoras nos mostra que, além da pesquisa e te chamada de “burocracia” – que os impede de do investimento contínuo em desenvolvimento, o criar e ter o prazer de realizar suas próprias idéias. grande desafio para sobreviver no mercado está Um dos grandes desafios das lideranças é romper centrado na capacidade de antecipar o futu- com esse ciclo. em entrevista, um presidente de ro. Utilizando ferramentas gerenciais – cenários, multinacional do setor siderúrgico nos pediu ajuda Método delphi, backcasting e road maps, dentre 38 DOM
  • 4. outras –, a empresa pode captar no presente os O MODELO FDC DE INOVAÇÃO o modelo de ino- sinais do futuro que podem garantir sua vantagem vação como ferramenta estratégica, desenvolvido competitiva, sobrevivência e superação das expec- pelos pesquisadores do núcleo de inovação da tativas dos clientes. FdC, surgiu da observação de melhores práticas e são práticas que fazem toda a diferença e do relacionamento com empresas inovadoras que colaboram para o sucesso da gestão da inovação operam no Brasil. inspirado em alguns autores e minimização dos riscos. Mas é bom ressaltar importantes (Tidd, patel, Chan e Mauborgne, doz, que a inovação pressupõe ousadia e inclinação pavitt), o modelo apresenta um processo integrado para o risco – empresas contrárias a essa prática de gestão da inovação, baseado nas decisões oferecem o óbvio aos consumidores e, assim, não estratégicas da organização. incorpora, ainda, só deixam de criar diferenciação em relação aos uma visão sistêmica, promovendo a integração das concorrentes, como tendem a desaparecer do mer- diversas áreas da empresa e dos níveis estratégi- cado. definitivamente, a inovação nas empresas cos, tático e operacional. não é obra solitária, fruto do trabalho de um gênio, nessa proposta, os elementos essenciais para e nem acontece por acaso. na maioria dos casos, o processo de inovação são: estratégia e decisão da é fruto do trabalho em equipe, sistematizado, orga- organização; cultura de inovação; processos de cur- nizado, árduo, compartilhado e em sintonia com a to, médio e longo prazo; e indicadores de desempe- estratégia corporativa. nho, que são inter-relacionados (Figura 1). A empresa tem conhecimentos limitados, mas existe sempre alguém no mundo que sabe o que precisamos saber – a questão é encontrar esse FIgura 1 | ModeLo FdC de inovAção parceiro em potencial. Também é preciso interagir com universidades, parceiros tecnológicos, clien- tes, concorrentes, dentre outros públicos. A dilui- ção dos riscos, otimização de prazos, melhoria dos Inovação como opção estratégica investimentos, busca de conhecimento e ganhos Cultura de inovação de competitividade estão entre as principais vanta- gens dessa interação. o modelo de inovação aber- Estrutura e sistema de gestão ta, preconizado por Henry Chesbrough, pesquisa- dor da Universidade de Berkeley (eUA), recomenda Processos que a geração e utilização do conhecimento não se limitem às fronteiras da empresa. É praticamente impossível para uma organização inovar de forma Longo Prazo Curto Prazo isolada, sem a colaboração de parceiros e arcando Médio Prazo com todos os custos. o que vemos com frequên- cia é um modelo de atuação com características mistas, algo entre os modelos de inovação fechada e aberta, confirmando a tese de que não existe modelo único ou padrão a ser seguido. Indicadores DOM 39
  • 5. INOVAÇÃO COMO OPÇÃO ESTRATÉGICA Como a quer outra, pois reflete as características de cada empresa é um sistema de aprendizado dinâmico, membro da organização e os valores impregnados a gestão da inovação exige uma atuação integrada, pelo time gerencial. para inovar, os colaboradores estruturada com base no conhecimento e compro- devem ter tendência a criar e transmitir conhe- metida com a inovação sustentável. para alcançar cimento, em vez de uma aversão ao risco. não os objetivos previstos, é preciso um planejamento se trata, necessariamente, de uma característica estratégico da inovação, com a definição clara de intrínseca à personalidade, já que pode ser estimu- metas, planos, objetivos, investimentos e indica- lada com um clima interno favorável à inovação, dores de desempenho. numa visão ampliada, a em que as pessoas se sintam confortáveis para inovação é fruto de um trabalho multifuncional e criar. A cultura pró-inovação deve ser um objetivo multidisciplinar, que envolve as áreas de marke- estratégico da empresa e condizente com essa ting, produção, finanças, p&d, clientes, parceiros orientação. o corpo gerencial é responsável pela e fornecedores. por isso, deve estar totalmente manutenção de um ambiente propício à criação de alinhada com a visão estratégica da empresa. idéias, minimizando o que pode impedir ou inibir a nesse processo, destaca-se o papel funda- criatividade individual e combinando as diferentes mental da liderança na criação de um ambiente perspectivas e experiências. favorável e integrador. Cabe ainda à alta direção A cultura organizacional pode, portanto, inibir promover a inovação com base na disseminação ou estimular a tendência à inovação. Mas, seria um dos valores estratégicos, patrocínio das idéias e erro identificar isoladamente uma cultura e atribuir construção e alinhamento da estratégia de inova- a ela a receita do sucesso ou fracasso, sem levar ção aos processos corporativos. Também é neces- em conta as peculiaridades de cada organização. sário envolver os colaboradores, de forma proativa independentemente das características peculiares, e entre áreas, sendo muito bem orquestrados na a cultura pró-inovação deve ser orientada para a busca por sinais do mercado, que ajudam a anteci- estratégia da empresa, assumir os riscos intrínse- par problemas e encontrar soluções criativas. cos à promoção da inovação, e eliminar ou reduzir as barreiras à manifestação criativa – garantindo CULTURA DE INOVAÇÃO para estimular a inovação, não um ambiente em que todos se sintam instigados basta definir sua importância na posição estratégica e livres para explorar e gerar conhecimento, sem da empresa, ou alocar capital e esforços à produção medo de punições. Assim, é fundamental o papel do conhecimento. É fundamental que a cultura e o dos gerentes para moldar a cultura e transformá-la clima organizacional sejam favoráveis à busca da em força motriz à inovação. eles devem guiar o inovação e à manifestação criativa. Trata-se de um processo, distribuindo corretamente as atribuições sistema em que a rotina da empresa se inspira na dos funcionários aos valores e diretrizes empresa- cultura e, ao mesmo tempo, estabelece suas carac- riais e definindo, gradualmente, as mudanças que terísticas e diretrizes. É importante destacar que levam a estabelecer uma cultura de inovação. uma cultura é enraizada apenas quando há consenso e intensidade nas práticas organizacionais. PROCESSOS Apesar de chamar muita atenção, a Cada empresa possui sua própria cultura, com geração de ideias é apenas uma das etapas básicas características peculiares e diferentes de qual- do processo de inovação, e talvez a mais fácil, pois 40 DOM
  • 6. a empresa precisa escutar e conhecer melhor seu sabemos que os processos de inovação espontânea mercado, presente e futuro. o gargalo da inovação têm efeito multiplicador na criação de uma cultura está em processar essas ideias que, muitas vezes, favorável ao ambiente inovador – em alguns casos são apenas fragmentos de ideias brilhantes que de sucesso, eles foram conduzidos pela área de precisam ser lapidadas, agrupadas e transforma- recursos Humanos e não necessariamente na área das em resultado. Há diferenças básicas entre funcional em que o criador da ideia trabalhava. inovação, invenção e criatividade. A invenção é a outro processo bastante comum em empresas criação de novas tecnologias, processos e produ- brasileiras são as plataformas de inovação – a tos, que tem o conhecimento como base de ava- organização agrega conhecimento e competências, liação da novidade, e não sua aplicação comercial internas e externas, na busca de soluções inte- ou geração de resultado. A criatividade, por sua gradas que resultem em produtos, processos, vez, tem sido definida pelos especialistas como a serviços, e até mesmo outras empresas (spin-off) emergência de algo único e original, muitas vezes correlacionadas. As plataformas de inovação são associada a habilidades cognitivas, processos processos com impactos de médio prazo, mas que psicológicos envolvidos com o conhecimento, com- permitem avanços em novos negócios e mercados. preensão, percepção e aprendizagem. Apesar de a o fundamental é a causa – fator indutor do pro- maioria dos estudos sobre criatividade estar asso- cesso. observamos que, nos casos de sucesso, o ciada à teoria psicanalítica, comportamental, da executivo principal tinha um sonho ou percebia gestalt e da psicologia humanista, alguns autores oportunidades de mercado. isso gerou uma siner- atribuem às organizações a capacidade criativa, ou gia na empresa, agrupando em torno da plataforma às vezes, os bloqueios criativos. Como a inovação é não apenas suas competências e recursos, mas um processo, pode ser implementado na empresa também as de seus parceiros. em diferentes níveis e situações. os processos de inovação de longo prazo em nossos estudos, observamos processos de envolvem grande complexidade tecnológica e/ou inovação com impactos distintos e resultados de mercadológica. Casos extremos de inovação com curto prazo, associados à melhoria contínua ou à alta incerteza tecnológica e mercadológica, em revisão de sistemas operacionais. Há sistemas de que não se sabe como fazer (know-how), nem qual geração espontânea de idéias em que os colabo- será o mercado-alvo (know-who), são tratados no radores, clientes e associados são convidados a nível mais alto da empresa, na forma de venturing. contribuir, de forma continua, para a melhoria das empresas de alta mobilidade tecnológica (como de rotinas, simplificações de processos administrati- telecomunicações) ou alto nível de comoditização vos ou novas soluções tecnológicas e de produtos, (como de metais e cimento) estão investindo em baseadas em conhecimentos não aplicados com soluções de alta incerteza/alto risco, para sair à frequência nas empresas. frente dos concorrentes no futuro. Tradicionalmente, os processos de inovação outro processo de inovação de longo prazo, espontânea tendem a gerar um número significati- mas com níveis de incerteza significativamente vo de idéias, ou fragmentos de idéias, que acumu- menores que os processos de venturing, é o cha- lam o pipeline, permitindo à empresa processá-lo e mado “metanacional”. esse conceito, difundido dar feedback a quem contribuiu com as sugestões. por professores do inseAd (Yves doz, 2001), se DOM 41
  • 7. refere às empresas que buscam novas vantagens INDICADORES Tão importante quanto o investimento competitivas a partir da descoberta, acesso, mobi- em inovação é a avaliação do retorno obtido com lização e alavancagem de conhecimentos espalha- os processos inovadores. os indicadores permi- dos pelo mundo. essas organizações perceberam tem estabelecer metas quantitativas para medir e que as perguntas diferentes e soluções inovadoras, analisar o desempenho na inovação e, a qualquer desenvolvidas em diferentes partes do mundo, não momento, a empresa pode dinamizar o processo, poderiam ser visualizadas numa única empresa redefinindo ações e metas para melhoria contínua. ou país. empresas com processos metanacionais pesquisa realizada pelo núcleo de inovação, encontram soluções de ruptura com o padrão do identificando os indicadores de inovação mais setor, simplesmente porque agregam diferentes utilizados pelos Balanced Scorecards das 500 olhares e cabeças. maiores empresas brasileiras, revelou que a maio- Muitos outros processos de curto, médio e lon- ria das empresas controlava apenas o resultado da go prazo têm sido observados com diferente grau inovação, deixando de lado os processos e fatores de sucesso. Aqui estão, em síntese, alguns dos críticos que podem impactar esses resultados. processos recorrentes: outras conclusões do estudo: 36% das empresas Processo de Inovação Exemplos Caixas de idéias, sites de relacionamento com clientes e inovação espontânea fornecedores, exercícios de brainstorming Kaizen, quality control circles, pi&M, six sigma, business process revisão de processos reengineering inovação induzida plataforma de inovação, innovation Jam (iBM); sistemas integrados de inovação radar de inovação novos produtos inovação para a base da pirâmide novos serviços inovação para a base da pirâmide Aquisições para inovação (spin in) pesquisa e desenvolvimento inovação sustentável novos negócios (spin-off) novos modelos de negócios inovação para a base da pirâmide redes de inovação Metanacionais inovação de valor estratégia do oceano azul, proatividade de mercado venturing novos negócios, incubadoras tecnológicas e mercadológicas 42 DOM
  • 8. pesquisadas consideravam o percentual da receita sas – premiar o sucesso. nenhuma organização com produtos e serviços, desenvolvidos nos últi- destinava prêmio ao erro ou à tentativa, o que de mos anos (três a cinco), como o indicador mais alguma forma contribuía para a cultura da certeza, importante para a inovação (98% de importância); ao invés da cultura da inovação. para 16% delas eram os indicadores de processo Carlos arruda é professor e coordenador do núcleo de inovação (como o tempo médio dos projetos de inovação) e assessor de relações internacionais da Fundação dom Cabral e apenas 9% acompanhavam um indicador de anderson rossi é professor convidado da Fundação dom Cabral e pesqui- intensidade (número de ideias trabalhadas). os sador do núcleo de inovação indicadores de resultados estavam diretamente Paulo savaget é auxiliar de pesquisa da Fundação dom Cabral associados ao critério mais usado pelas empre- ConClusão As inovações promovem efeitos micro ou macroeconômicos duradouros. nas empresas, uma inovação pode provocar redução de custos, ganhos de produtividade, aumento na qualidade dos produtos ou serviços, assimetria competitiva e, frequentemente, monopolização temporária de uma oportunidade de mercado, gerando maior lucro. no âmbito macroeconômico, a inovação modifica diversos parâmetros do sistema, dentre eles o nível de renda, emprego e taxa de crescimento. A geração de novas soluções não é um sistema baseado no laissez-faire, ou laissez-innover, mas um processo sistemático de estímulo à inovação. daí a importância de um sistema integrado de gestão da inovação como ferramenta básica para buscar competitividade. o Modelo FdC de inovação vem atender a essa necessidade – através dele, os elementos essenciais (estratégia e decisão da organização, cultura de inovação, processos de curto, médio e longo prazo, e indicadores de desempenho) são concebidos e inter-relacionados, permitindo uma gestão da inovação eficiente e bem sucedida. PARA SE APROFUNDAR NO TEMA CHrisTensen, Clayton M. o crescimen- to pela inovação: como crescer de forma sustentada e reinventar o sucesso. rio de Janeiro. elsevier, 2003. doZ, ivez, sAnTos, Jose e WiLLiAMson, peter. Metanacional. Harvard Business publisher, 2001. GoUssevsKAiA, A.; Arruda, Carlos ; CHiCArino, G . adquirir ou desenvolver? o desafio está no dia seguinte. Harvard Business review (ed. em português), v. 86, p. 38-46, 2008. prAHALAd, C. K, KrisHMAn, M. s. a nova era da inovação: impulsionando a co-criação de valor ao longo das redes globais. rio de Janeiro. elsevier, 2008. Tidd, Joe, BessAnT, John, pAviTT, Keith. Gestão da inovação. porto Alegre. Bookman, 2008. DOM 43