6. Praticante de uma linguagem seca,
agressiva
Tendência para narrativas em 1.ª pessoa
Criou personagens em processo de
degradação –
reificação
(≈ “coisificação”)
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O meu fito na vida foi apossar-me das
terras de São Bernardo, construir esta
casa, plantar algodão, plantar
mamona, levantar a serraria e o
descaroçador, introduzir nestes
brenhas e pomicultura e a avicultura,
adquirir um rebanho bovino regular.
São Bernardo: propriedade rural em Viçosa-AL
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A princípio o capital se desviava de mim,
e persegui-o sem descanso, viajando pelo
sertão, negociando com redes, gado,
imagens, rosários, miudezas, ganhando
aqui, perdendo ali, marchando no fiado,
assinando letras, realizando operações
embrulhadíssimas. Sofri sede e fome,
dormi na areia dos rios secos, briguei
com gente que fala aos berros e efetuei
transações de armas engatilhadas.
10. Paulo Honório (orienta-se pela
“propriedade”)
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(...) levei Padilha para a cidade, vigie-o durante a
noite. No outro dia cedo, ele meteu o rabo na ratoeira
e assinou a escritura. Deduzi a dívida, os juros, o
preço da casa, e entreguei-lhe sete contos quinhentos
e cinquenta mil réis. Não tive remorsos.
Luís Padilha
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A velha Margarida mora aqui em São Bernardo,
numa casinha limpa, e ninguém a incomoda. Custa-
me dez mil-réis por semana, quantia suficiente para
compensar o bocado que me deu.
Amanheci um dia pensando em casar. Não
me ocupo com amores, devem ter notado, e
sempre me pareceu que mulher é um bicho
esquisito, difícil de governar (...) O que sentia
era desejo de preparar um herdeiro para as
terras de São Bernardo.
12. Paulo Honório (orienta-se pela
“propriedade”)
Madalena
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− Talvez daqui a um ano...
– Um ano? negócio com
prazo de ano não presta. Que é
que falta? Um vestido branco faz-
se em vinte e quatro horas.
13. rafabebum.blogspot.com
Conheci que Madalena era
boa em demasia, mas não
conheci tudo de uma vez. Ela
revelou pouco a pouco, e
nunca se revelou
inteiramente. A culpa foi
minha, ou antes a culpa foi
desta vida agreste, que me
deu uma alma agreste.
14. Paulo Honório (orienta-se pela
“propriedade”)
Madalena (orienta-se pela
“fraternidade”)
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(...) Sim, comunista! Eu construindo e ela
desmanchando.
(...) e comecei a sentir ciúme.
15. rafabebum.blogspot.com
Sou um homem arrasado (...) Nada disso me
traria satisfação (...) Quanto às vantagens
restantes — casas, terras, móveis, semoventes,
consideração de políticos, etc. — é preciso convir
em que tudo está fora de mim. Julgo que me
desnorteei numa errada (...) Estraguei minha vida
estupidamente (...) Madalena entrou aqui cheia
de bons sentimentos e bons propósitos. Os
sentimentos e os propósitos esbarraram com a
minha brutalidade e o meu egoísmo.
16. rafabebum.blogspot.com
Foi este modo de vida que me inutilizou. Sou
um aleijado. Devo ter um coração miúdo,
lacunas no cérebro, nervos diferentes dos
nervos dos outros homens. E um nariz enorme,
uma boca enorme, dedos enormes.
17. rafabebum.blogspot.com
E eu vou ficar aqui, às escuras, até não
sei que hora, até que, morto de fadiga, encoste
a cabeça à mesa e descanse uns minutos.
18. Praticante de uma linguagem seca,
agressiva
Tendência para narrativas em 1.ª pessoa
Criou personagens em processo de
degradação –
reificação
(≈ “coisificação”)
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20. rafabebum.blogspot.com
Na planície avermelhada, os
juazeiros alargavam duas manchas
verdes. Os infelizes tinham caminhado o
dia inteiro, estavam cansados e famintos.
Ordinariamente andavam pouco, mas
como haviam repousado bastante na
areia do rio seco, a viagem progredira
bem três léguas. Fazia horas que
procuravam uma sombra. A folhagem dos
juazeiros apareceu longe, através dos
galhos pelados da catinga rala.
24. Fabiano
Sinha Vitória
Menino mais
velho
Menino mais
novo
Cachorra Baleia
(papagaio)
Condições
climáticas
Patrão
X
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- Fabiano, você é um homem, exclamou
em voz alta.
(...) era apenas um cabra ocupado em
guardar coisas dos outros. Vermelho,
queimado, tinha os olhos azuis, a barba e
os cabelos ruivos (...) encolhia-se na
presença dos brancos (...).
- Você é um bicho, Fabiano.
Isto para ele era motivo de orgulho. Sim,
senhor, um bicho, capaz de vencer as
dificuldades.
28. Fabiano
Sinha Vitória
Menino mais
velho
Menino mais
novo
Cachorra Baleia
(papagaio)
Condições
climáticas
Patrão
Inácio da
bodega
Soldado
Amarelo
X
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Fabiano atentou na
farda com respeito e
gaguejou, procurando as
palavras de seu Tomás da
Bolandeira:
- Isto é. Vamos e não
vamos. Quer dizer.
Enfim, contanto, etc. É
conforme.
33. Fabiano
Sinha Vitória
Menino mais
velho
Menino mais
novo
Cachorra Baleia
(papagaio)
Condições
climáticas
Patrão
Inácio da
bodega
Soldado
Amarelo
Tomás da
bolandeira
Pessoas da festa
X
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35. Fabiano
Sinha Vitória
Menino mais
velho
Menino mais
novo
Cachorra Baleia
(papagaio)
Condições
climáticas
Patrão
Inácio da bodega
Soldado Amarelo
Tomás da
bolandeira
Pessoas da festa
Fiscal da
prefeitura
X
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37. 13 capítulos quase autônomos (≈
contos)
Obra cíclica (a família inicia e
termina a obra fugindo da seca)
Narrador onisciente – presença do
discurso indireto livre
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38. rafabebum.blogspot.com
Fabiano ouviu o falatório desconexo
do bêbado, caiu numa indecisão dolorosa.
Ele também dizia palavras sem sentido,
conversava à toa. Mas irou-se com a
comparação, deu marradas na parede.
Era bruto, sim senhor, nunca havia
aprendido, não sabia explicar-se. Estava
preso por isso? Como era? Então mete-se
um homem na cadeia porque ele não sabe
falar direito?