O documento discute a estruturação urbana e como as cidades se organizam internamente. Aborda a Escola de Chicago e suas teorias sobre o crescimento urbano, além de fatores como uso do solo, transporte, planejamento urbano e agentes envolvidos na produção do espaço urbano, como proprietários, construtoras e poder público.
3. Modo como se organiza o espaço interno das cidades O termo estrutura urbana surge na década de 1920 na Escola de Chicago, mas não é uma exclusividade da Geografia e sim de diferentes formações acadêmicas. Estruturação é a lógica dinâmica – mostra que a estrutura está sempre em processo de redefinição.
4. O próprio termo estrutura vem das ciências naturais – aquilo que é sólido. Desenvolvimento dos estudos de Ecologia Urbana. Estrutura para o ecologista é o arranjo ordenado das peças que compõem um todo. O lócus no âmbito das funções ou atividades que são realizadas.
5. (A Escola de Chicago é uma sociologia urbana, que realizou uma série impressionante de estudos sobre os problemas que enfrentava a cidade de Chicago; mas, sobretudo, consagrou parte dos seus trabalhos a um problema político e social mais importante, que à época preocupava todas as grandes cidades americanas e ultrapassava os limites de uma sociologia da cidade: o da imigração e da assimilação de milhões de imigrantes à sociedade americana COULON, Alain, 1995)
6. A escola de Chicago preocupava-se principalmente com o modelo. construção de uma teoria para os espaços urbanos com caráter eminentemente empírico. (produção de inventários) ascensão das ciências naturais – apogeu do positivismo. caráter descritivo e concepção da cidade como uma ideia de organismo.
7. Fundaram três teorias: Teoria concêntrica – zonas que se expandem a partir do centro (mancha de óleo). Teoria dos Setores – Homer HoytPropôs que ao invés de anéis de crescimento, este ocorre em pizza (em setores) de forma homogênea e se estendem radialmente do centro para a periferia da cidade.
8. Teoria dos núcleos múltiplos (multinuclear) - rejeita a teoria do crescimento espacial homogêneo a partir de um único centro. De acordo com essa teoria de crescimento espacial, a cidade cresce e desenvolve outros centros distintos de atividade.
9. Estruturação urbana – resultado da articulação entre os diferentes usos do solo que se combinam com fixos e fluxos e definem sua essência. também compreendida como aquilo que se localiza e aquilo que se movimenta. A territorialização expande-se a partir de eixos muito mais do que na forma de mancha de óleo (teoria concêntrica)
10. Expansão Urbana Processo de expansão em descontínuo explode em espaços novos e se unem aquele corpo. A cidade cresce sem consideração ao quadro natural, por vezes áreas que deveriam ser de preservação ambiental tornam-se densamente ocupadas. Área core – coração do centro (parte fundamental do centro)
11. Ocupação horizontal Ocupação vertical A dinâmica da estruturação também expressa o inusitado – aparece comércio em áreas de uso cuja previsão era residencial – uma soma de decisões contingenciais não estruturais determinam o processo que, portanto, combina previsibilidade e imprevisibilidade.
12. Elementos determinantes do processo de estruturação propriedade privada da terra (estância jurídica também legitimada e reproduzida socialmente). As localizações são comercializadas, ou seja, elas possuem um preço e o acesso a elas só se dá através do mercado. - presença de instituições (sociedade contemporânea possui alto grau de complexidade social, política, cultural e espacial). As decisões são resultado de instituições. Somos também seres institucionalizados e uma condição contrária gera exclusão.
13. -Interesses e colapsos de ordem econômica e política que ocorrem no plano global interferem na estruturação urbana. -sociedade organizacional – não é uma sociedade do compromisso e sim do contrato. (Quem não cumpre essa normativa não tem condição de estar inserido)
14. -organização da sociedade ( lobbs, partidos, sindicatos etc. são também determinantes da estruturação urbana) Muitos movimentos usam o espaço urbano porque na cidade ela ganha visibilidade. -divisão territorial e técnica do trabalho (várias determinações combinam entre si) -sociedade de consumo dirigido
15. ESTRUTURAÇÃO = Dinâmica que vai definindo os usos do solo urbano Cidade vista sob a ótica da divisão técnica e territorial do trabalho – especialização Usos do solo Comercial/Financeiro Residencial Industrial Serviços Circulação Lazer
16. Lei do zoneamento – define os usos do solo – normativa que expressa a aceitação social da compartimentação, ou seja, a mobilização para cada necessidade que passa a exigir um deslocamento. Quais as máquinas e instrumentos técnicos que possibilitaram a lógica moderna de estruturação urbana?
17. O automóvel, a geladeira, o elevador? Países Europeus, distintos dos Americanos com mais peso da história, da memória repensam a lógica de estruturação urbana – sem essa preocupação com a lógica capitalista e estruturação- evitando assim o deslocamento.
18. Nos EUA o automóvel tem um valor subjetivo Espaços públicos X espaços privados. Elementos que geram uma situação caótica: espaços públicos que excluem o homem. Necessidade da cidade recuperar, ainda que em parte, o espaço público . Obs atividades que se sobrepõem e privatizam o espaço.
19. Há alguns espaços privados que são públicos, ex. cinema que se paga para entrar. Há também espaços públicos que se paga para entrar, como alguns parques por exemplo. Não se pode confundir público com o que não é pago. O planejamento deve considerar essas dimensões: público, privado, individual e coletivo. Nem sempre o público é do coletivo quando o acesso a esse público não é facilitado a todos
20. Elementos da Estrutura e da Estruturação Urbana Centro principal ou tradicional – sítio histórico. (Todavia o centro pode migrar degradando a área, nem sempre coincidindo com o sítio histórico com o centro principal) O comércio e o serviço tende num primeiro momento a se concentrar numa área única. Centro principal é o nó – local de amarração de toda estruturação urbana – alimenta e é alimentado por todas as áreas da cidade.
21. Concentra o sistema financeiro, espaços de produção e troca – considera fluxos intra-urbanos. Os caminhos da cidade Sistema de transporte radial ou diametral – da periferia para o centro -subdesenvolvida (monolítica – único nó) Sistema radial ou diametral, mas também transversal – da periferia para periferia – complexifica a cidade pois não possui um único nó.
22. Elementos fundamentais para a geração de um sub centro: Alta densidade habitacional marcada por dificuldade de acesso ao centro principal Características: Reproduz de maneira menor o comércio e serviços do centro principal, Marcado pela diversidade e não pela espacialização Sub centro é escala territorial reduzida – é o centro para uma parte da cidade e não como centro que é o centro para a cidade toda.
23. A cidade se setoriza em sub centro – a lógica de concentração ao longo dos eixos, distinguem da lógica do sub centro. No centro tem tudo e nos eixos de desdobramento tende a certa especialização.
24. Espacialização e segmentação social A expansão em eixos (rodoviários) atende o fluxo – o automóvel após a déc de 1970 redimensiona a estruturação urbana e desfaz a necessidade de um nó único- eixos não são elementos para atender a proximidade. A cidade se estrutura por duas lógicas – a do transporte coletivo e do transporte individual, e ora se sobrepõem, ora se misturam. A natureza funcional da localização é o embrião de uma segregação sócio-econômica.
25. O bom sistema de transporte para o conjunto da cidade permite equidade. Determinantes de um padrão de organização: -toda localização tem que considerar as potencialidades de fluxos -tentativa de superação da divisão entre espaço e tempo -A cidade é sempre síntese de vários tempos como afirma Milton Santos
26. Processos que ocorrem no urbano: redefinição, remodelamento, permanência. -Capital imobilizado constitui na cidade herança que resiste a mudança. ( No campo é mais fácil a substituição porque o capital imobilizado é menor, o espaço é menos resistente a mudança e também porque este espaço é marcado pela dispersão ao passo que a cidade pela densidade)
27. Uso do solo é a âncora, nó, ponto de apoio para todas as outras atividades. A residência permite compreender toda trama de fluxos, linhas e relações. A função residencial é no espaço urbano definidora do ponto de referência dos fluxos cotidianos. Embora existam fluxos esporádicos toda lógica é definida por fluxos cotidianos.
28. - as disparidades se refletem no uso do solo -segregação=separação voluntária e não como diferenciação apenas. -condomínio fechado – uma parte da sociedade diz que não quer conviver com a outra – separação físico-territorial e valorativa
29. Ex: Rio de janeiro relativa integração social entre a favela com área mais elitizada, tal convivência gera maior valorização do espaço público, porém a proximidade de classes antagônicas gera também violência. A exigüidade territorial obrigou essa convivência. Em São Paulo ocorre porém não de forma acentuada.
30. Distinção entre sítio urbano e situação urbana – ponto em que uma área ocupa em relação a outras. Uso do solo volátil, desterritorialização. Lógica do mercado imobiliário que gera o acesso, gera também o não acesso. Apartamentos, mais elevado preço devido ao valor simbólico. O vazio é o não uso, porém interfere no uso.
31. Planos Urbanos Carta de Atenas: -Aplicadas a cidade as ideias do racionalismo científico – zoneamento. -linguagem arquitetônica -Urbanismo moderno -Urbanismo modernista -Tendência a especialização -Distinta do urbanismo culturalista
32. Há cidades que tem planos que não são geométricos, ex. holandesas. Outras cidades são resultado do processo histórico. -Desde a antiguidade cidades existem não de um processo espontâneo -o desenho urbano que predomina é o ortogonal (forma ângulos retos)
33. Desenhos: Ortogonais Radiocêntricos Em jardim inglês A cidade de São Paulo traz a combinação de muitos planos Plano de Barcelona (ortogonal)
34. Agentes de produção territorial da cidade A – Esfera privada -proprietários fundiários Predomínio do valor de troca sobre o valor de uso Interferências decorrentes da estrutura fundiária rual Decisões a propósito do tipo de uso e momento de definição ou redefinição do uso.
35. - Incorporadores ou Incorporadoras São aqueles que realizam toda obra. Realizam a gestão. Baseiam sua atuação em parâmetros para garantir rentabilidade, preço da terra, correlacionando os seguintes aspectos: preço, status de localização, grau de acessibilidade, eficiência e segurança dos meios de transportes, amenidades naturais ou socialmente produzidas, disponibilidade de terrenos não utilizados. O incorporador tem sempre estoque, controle
36. -Construtores Realizam a construção tornando indispensável o valor de uso e o valor de troca entre o terreno e o imóvel Operam duas naturezas de ganho diferentes – renda e lucro. -Corretores Imobiliários Realizam a venda da mercadoria imóvel Estimulam a criação de novas demandas no mercado produzidas pelo marketing Orientam a construção pelos potenciais de venda
37. Agentes financeiros Definem e orientam a demanda Oferecem os recursos necessários ao funcionamento dos imóveis Orientam a demanda, pois definem faixas de preço, idade e tipos de imóveis quando aprovam os financiamentos. Decidem qual a faixa de preço, de ganho.
38. B – Esfera públicaLeis: (produção da legislação) Lei do plano diretor Lei do perímetro urbano Lei do parcelamento do solo Lei do zoneamento (uso e ocupação do solo urbano) Código de edificações e obras Objetivo de qualidade ambiental Código sanitário
39. Aplicação de tributação (IPTU, ISS – Imposto predial territorial urbano, Imposto sobre serviços) Infra-estrutura urbana – rede de água, esgoto, telefonia, consumo coletivo, rede de equipamentos O poder público tem por trás do financiamento escolhas que não são neutras (da clientela, tipo de localização, etc. que promovem justiça ou injustiça social.) Cotidiano- conjunto de práticas sociais – ordenamento.
40. C- Sociedade Civil - denominação questionável, pois a sociedade civil é composta de agentes da iniciativa privada e também habitantes, trabalhadores, usuários freqüentadores. A categoria habitantes não pode englobar todos os agentes de produção do espaço urbano. - O poder público não raramente tem uma atuação ambígua, atua em favor do “coletivo”, mas há coletivos e as soluções de consenso são inexistentes quando somos diferentes cultural e socialmente.
41. Sociedade Civil organizada Associações de bairros Movimentos sociais Organizações não-governamentais O que define uma associação de bairro é o compartilhamento de um território e consequentemente os mesmos tipos de problemas , a consciência de uma carência em comum leva organização. A vitória de uma luta desse caráter reverterá numa ação que modifica o espaço.
42. Outras agremiações e corporações - podem formar opinião que interfere diretamente no processo de produção do espaço urbano Grupos sociais excluídos (guetos)- também são atores de produção do espaço urbano A ação destes agentes não é uma ação harmônica
43. Lógicas de ocupação são superadas e surgem outras Característica da cidade industrial – a partir da déc. de 60 as área de indústria pós-revolução industrial passaram a acompanhar as rodovias. Marca dessa industrialização: áreas maiores e mais afastadas, no planejamento urbano é a definição de distrito industrial – progressivamente mais afastada das área urbanas.
44. -A localização de indústrias não atrai práticas especulativas ao contrário, os preços podem até cair, o oposto ocorre com áreas de troca ex. instalação de um Shoping Center.
45. -Resultado de várias lógicas de localização de diversos tempos: 1ª Revolução industrial – lógica da indústria dentro da cidade 2ª Revolução industrial – lógica da indústria fora da cidade 3ª Revolução industrial – dentro da cidade – o que não coloca em detrimento as outras de padrões diversos, lógicas diferentes convivem juntas.