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Maria risolange tavares de oliveira
FUnDAMenTOS e MÉTODOS De
enSInO DA ARTe
são lUís
2013
Oliveira, Maria Risolange Tavares de.
Fundamentos e métodos do ensino da arte / Maria Risolange
Tavares de Oliveira. - São Luís: UemaNet, 2013.
148 p.
1. Arte. 2. Ensino. I. Título.
CDU: 37.016:7
Edição
Universidade Estadual do Maranhão - UEMA
Núcleo de Tecnologias para Educação - UemaNet
Coordenadora do UemaNet
Profª. Ilka Márcia Ribeiro de Sousa Serra
Coordenadora de Designer Educacional
Profª. Maria de Fátima Serra Rios
Coordenadora do Curso de Pedagogia, a distância
Profª. Heloísa Cardoso Varão Santos
Responsável pela Produção de Material Didático UemaNet
Cristiane Costa Peixoto
Professora Conteudista
Maria Risolange Tavares de Oliveira
Revisão
Ane Beatriz Duailibe
Lucirene Ferreira Lopes
Diagramação
Josimar de Jesus Costa Almeida
Luis Macartney Serejo dos Santos
Tonho Lemos Martins
Designer Gráfico
Aerton Oliveira
Annik Azevedo
Helayny Farias
Rômulo Santos Coelho
Governadora do Estado do Maranhão
Roseana Sarney Murad
Reitor da uema
Prof. José Augusto Silva Oliveira
Vice-reitor da Uema
Prof. Gustavo Pereira da Costa
Pró-reitor de Administração
Prof. José Belo Salgado Neto
Pró-reitora de Extensão e Assuntos Estudantis
Profª. Vânia Lourdes Martins Ferreira
Pró-reitor de Graduação
Prof. Porfírio Candanedo Guerra
Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação
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Pró-reitor de Planejamento
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Diretora do Centro de Educação, Ciências Exatas e Naturais - CECEN
Profª. Andréa de Araújo
Universidade Estadual do Maranhão
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Campus Universitário Paulo VI - São Luís - MA
Fone-fax: (98) 2106-8970
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Proibida a reprodução desta publicação, no todo ou em parte, sem
a prévia autorização desta instituição.
UNIDADE 1
A ARTE E SEUS CONCEITOS ..................................................... 15
PERCURSO HISTÓRICO DAS LINGUAGENS ARTÍSTICAS ....... 17
Os caminhos das Artes Visuais ...................................................... 18
Os caminhos da Música ................................................................ 49
Os caminhos do Teatro ................................................................. 55
UNIDADE 2
ENSINO DA ARTE NO BRASIL ................................................... 67
O positivismo e a escola tradicional .............................................. 71
O Romantismo e a Escola Nova ................................................... 74
O Liberalismo e a Escola Tecnicista .............................................. 80
Abordagem Triangular: lendo e relendo ........................................ 84
UNIDADE 3
O ENSINO DA ARTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL E SUAS
LINGUAGENS ARTÍSTICAS ....................................................... 95
Artes visuais ................................................................................. 95
Teatro .......................................................................................... 110
Música ......................................................................................... 120
Dança .......................................................................................... 127
SUMÁRIO
UNIDADE 4
Prática docente no ensino da arte ............................. 135
Processo avaliativo nas aulas de arte ........................................... 139
REFERÊNCIAS ........................................................................... 145
ícones
Orientação para estudo
Ao longo desta apostila serão encontrados alguns ícones utilizados
para facilitar a comunicação com você.
Saiba o que cada um significa.
PENSE
SUGESTÃO DE FILMES
ATIVIDADES
SAIBA MAIS
ATENÇÃO
APRESENTAÇÃO
Nesse fascículo propomos analisar os caminhos percorridos pela
História da Arte, de como e quando a Arte passou a fazer parte do
contexto da sala de aula, observando e discutindo os benefícios que
este tipo de ensino proporciona ao aluno, além de avaliar novas
metodologias para trabalharmos com essa disciplina na escola.
Quando falamos de Arte no Brasil, o que primeiramente nos vem à
mente é a nossa formação, iniciada pelos Jesuítas que, quando aqui
chegaram para catequizar os índios, já utilizavam a Arte através das
músicas, representações teatrais e imagens para encantar os nativos
com quem viam e ouviam.
Imaginamos a Arte como algo peculiar a nossa formação, mas, no
entanto, somente a partir do ano de 1971, pela Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional, a arte é incluída no currículo escolar
como “atividade educativa” e não como disciplina capaz de ser
ensinada e aprendida.
Depois de muito se discutir sobre a importância da Arte na formação
escolar da criança, em 1996, com a Lei nº 9.394/96, a Arte é
considerada componente curricular obrigatório na Educação Básica,
dando um salto qualitativo, para que fosse revisto tudo o que acontecia
até então como arte na escola.
A elaboração dos PCN’S Arte tem como objetivo principal orientar os
professores a desenvolver a Arte no ambiente escolar. As universidades
incluíram no Curso de Licenciatura em Pedagogia a Metodologia
do ensino da Arte, para que os centros acadêmicos debatessem
possibilidades de melhorias desse ensino no espaço escolar.
No ensino da Arte não existe receita pronta ou uma única maneira
de ser trabalhada, mas existe a proposta da apreciação/leitura,
contextualização e do fazer artístico da obra estudada, que deve ocorrer
dentro das quatro linguagens artísticas: Teatro, Música, Dança e Artes
Visuais, como possibilidade de “alfabetizar” o aluno também em Arte.
Na primeira unidade deste fascículo, resolvemos fazer um passeio pelos
caminhos históricos da arte desfrutando das suas belezas e riquezas,
analisando e conhecendo sobre os movimentos artísticos que muito
auxiliaram para o desenvolvimento da arte nas quatro linguagens
artísticas, não nos apegamos a dados cronológicos, mas, viajamos
pelos principais movimentos que fazem parte da história mundial e
brasileira.
Na segunda unidade, estudaremos a História do Ensino da Arte,
por considerar que este olhar à história possibilita ao professor,
especialmente, da Educação Infantil e Fundamental, a oportunidade
de refletir sobre sua formação em muitos casos incipientes na área de
Arte, para que o docente possa, a partir desses dados, reinventar suas
práticas nesta área de conhecimento.
Na terceira unidade, apresentaremos as metodologias utilizadas em
cada uma das linguagens, apresentando algumas ideias com o intuito
de incentivar a modificação do ensino da Arte na escola, para que o
professor possa elaborar melhor sua proposta pedagógica, incluindo a
Arte como conhecimento científico no espaço escolar.
Na quarta unidade, abordaremos a prática docente, fazendo referência
ao professor que tem necessidades concretas de reconstruir seu
repertório de conhecimento em Arte e dialogar, junto a esse educador
a melhor forma de avaliar o aluno. Posteriormente, indicaremos
algumas sugestões de atividades teóricas e práticas, como forma de
avaliar o conhecimento adquirido pelos alunos ao longo das aulas.
Finalmente, deixaremos sugestões de leituras e alguns filmes, para
orientar os alunos a novas possibilidades de estudos.
Profª. Esp. Maria Risolange T. de Oliveira
INTRODUÇÃO
ARTE/EDUCAÇÃO: contribuição da arte para a educação
Certa vez, eu, Chuang Tzu, sonhei que era
uma borboleta voando alegremente aqui e ali,
gozando a vida sem saber quem era. De repente,
acordei e então eu era visivelmente
Chuang Tzu. Estaria Chuang Tzu sonhando
que era uma borboleta, ou estaria a
borboleta sonhando que era Chuang Tzu?
(Chung Tzu)
Nesse poema, Chuang Tzu nos apresenta a existência da
homogeneidade entre o homem e a natureza e entre o sonho e a
realidade. Quando não conseguimos distinguir entre o sujeito e o
objeto, entre o observador e a coisa observada, entre o autor e a
obra, é porque tudo se integra na mesma unidade.
Assim, ocorre com a Arte e a Educação, pois, em todos os meios
artísticos existentes, a educação está inserida, ou seja, conseguimos
aprender através da Dança, da Música, da Xilogravura, do Cinema,
das Telas, dos Espetáculos teatrais... não havendo restrição para esse
aprendizado.
Segundo Andrés (2000, p. 145):
Uma educação que visa apenas o acúmulo de
conhecimento ou a repetição de conceitos do passado
seria uma educação fragmentada. Não atingiria o
desenvolvimento da criança sob todos os seus múltiplos
aspectos. O acúmulo de conhecimentos teóricos, não
vivenciados, permite apenas uma visão parcial do
problema. Para haver compreensão total, é necessário
viver o aprendizado e percebê-lo de forma global.
Já que estamos falando da necessidade do educando
vivenciar o aprendizado, leia atentamente o texto abaixo e
analise com qual desses tipos de professores você teve que
conviver e “aprender”.
O Menininho
Era uma vez um Menininho. Ele era bastante pequeno. E ela era uma
grande escola. Mas, quando o Menininho descobriu que podia ir à sua
sala, caminhando através da porta da rua, ele ficou feliz. E a escola
não parecia mais tão grande quanto antes.
Uma manhã, quando o menininho estava na escola, a professora
disse: – Hoje nós iremos fazer um desenho.
Que bom! – pensou o menino. Ele gostava de fazer desenhos. Ele
podia fazê-lo de todos os tipos: tigres, leões, galinhas, vacas, trens e
barcos; ele pegou sua caixa de lápis e começou a desenhar. Mas a
professora disse:
– Esperem! Ainda não é hora de começar! E ela esperou que todos
estivessem prontos.
– Agora! Disse a professora. – nós iremos desenhar flores.
Que bom! – Pensou o menininho. Ele gostava de desenhar flores e
começou a desenhar flores com seu lápis rosa, laranja e azul. Mas a
professora disse:
- Eu vou mostrar como fazer!
E a flor era vermelha, com caule verde.
– Assim, disse a professora. – Agora podem começar.
Então ele olhou para a sua flor. Ele gostava mais da sua flor, mas não
podia dizer isto. Ele virou o papel e desenhou uma flor igual a da
professora. Era vermelha com o caule verde.
Num outro dia, quando o menininho estava em aula ao ar livre, a
professora disse:
– Hoje iremos fazer alguma coisa com o barro.
Que bom! – Pensou o menininho. Ele gostava de barro.
Ele podia fazer todos os tipos de coisas com o barro: elefantes,
camundongos, carros e caminhões. E ele começou a juntar e a amassar
a sua bola de barro. Mas a professora disse:
– Esperem, não é hora de começar. E ela esperou até que todos
estivessem prontos.
– Agora! Disse a professora, nós iremos fazer um prato.
Que bom! – Pensou o menininho. Ele gostava de fazer pratos de todas
as formas e tamanhos.
A professora disse:
– Esperem! Vou mostrar como se faz. E ela mostrou como fazer um
prato fundo. – Assim! Disse a professora, agora vocês podem começar.
O menino olhou para o prato da professora. Então olhou para o
seu próprio prato. Ele gostava mais do seu prato de que do prato da
professora. Mas ele não podia dizer isso.
Ele amassou o seu barro numa grande bola, novamente, e fez um
prato igual ao da professora. Era um prato fundo. E muito cedo o
menininho aprendeu a esperar e a olhar e fazer as coisas exatamente
como a professora. E, muito cedo, ele não fazia coisas por si próprio.
Então, aconteceu que o menininho e sua família se mudaram para
outra casa, em outra cidade, e o menininho tinha que ir para outra
escola.
Esta escola era ainda maior que a primeira. E não havia porta da rua
para a escola. Ele tinha que subir grandes degraus, até a sua sala.
E no primeiro dia, ele estava lá, a professora disse:
– Hoje nós vamos fazer um desenho!
– Que bom! – Pensou o menino, e ele esperou que a professora dissesse
o que fazer. Mas a professora não disse nada. Ela apenas andava na
sala. Veio até o menininho e disse:
–Você não quer desenhar?
– Sim, disse o menino, o que é que vamos fazer?
– Eu não sei até que você o faça, disse a professora.
– Como eu posso fazê-lo? Perguntou o menininho.
– Da maneira que você gostar! Disse a professora.
– E que cor? – Perguntou o menino.
– Se todo mundo fizer o mesmo desenho e usar as mesmas cores,
como eu posso saber quem fez o quê? E qual o desenho de cada um?
– Eu não sei, disse o menininho.
E ele começou a desenhar uma flor vermelha com caule verde.
(Autor desconhecido)
Será que você teve uma aula de arte ministrada dessa forma? Onde
a primeira professora levada pela Pedagogia Tradicional exige que os
alunos façam sempre o que ela quer, sem valorizar os conhecimentos
prévios dos estudantes? Ou como a segunda professora, que deixa o
aluno livre para fazer da forma que quiser, sem dar subsídios artísticos
e teóricos para que ele produza arte?
Qual seu ponto de vista sobre as duas professoras? Elas estão
contribuindo para o crescimento artístico e estético dos alunos? Será
que a arte feita dessa forma auxilia na educação dos educandos?
A Arte/Educação deve ser pensada dentro da escola como grande
colaboradoraefacilitadoraparaummelhoraprendizadodosconteúdos.
Para Barbosa (2005, p. 98): “Arte/Educação é a mediação entre arte e
público e, ensino da Arte é compromisso com continuidade e/ou com
currículo quer seja formal ou informal”.
A arte capacita um homem ou uma mulher a não ser estranho em seu
meio ambiente, um estrangeiro em seu próprio país; mas, para que
o sujeito supere seu estado de despersonalização, sendo inserido no
lugar ao qual pertence, é preciso que o conhecimento produzido na
escola não seja artificial ou autoritário, deve considerar os sistemas de
crenças, avaliação, crítica do mundo, o fazer e o pensar das diversas
culturas minoritárias dos alunos.
O saber não pode partir de um sistema hegemônico (dominante),
enquanto que o conhecimento construído no grupo, na esquina (fora
da escola) seja deixado em segundo plano como pano de fundo da
educação.
Nesse sentido, o ensino da Arte não pode apenas referendar o acesso
a arte instituída socialmente como “consagrada” em seus espaços
especialmente reservados, ao que há de melhor nos museus, teatros e
nas salas de cinemas etc. A visão multicultural em arte deve buscar o
acesso do aluno ao conhecimento da arte também considerada fora
dos limites desses espaços sagrados.
Dessa forma, podemos encontrar nas obras dos artistas, histórias de
lutas sociais e batalhas individuais em busca de sua afirmação como
ser participante de uma sociedade.
Como a criança o Desenho, o Teatro, a Dança e a Música funcionam
como jogo simbólico, ou seja, o faz de conta que tanto ajuda no
desenvolvimento infantil. Pupo (1991, p. 2-3) descreve como ocorre
esse jogo:
Por volta de dois anos de idade, a criança começa a
ser capaz de agir ‘como se’, ou seja, ela assume o pa-
pel de um ser animado ou inanimado, existente na re-
alidade ou fictício, diferente dela. Da mesma maneira,
pode fazer de conta que seu avião está levantando
voo, ao fazer correr um cinzeiro pelo chão.
Jean Piaget estuda o faz de conta, que ele denomina
de jogo simbólico, na tentativa de apreender como
se desenvolve a inteligência infantil. Sua leitura é de
grande valia para educadores que procuram entender
o significado do jogo nos primeiros anos de vida.
Outro autor importante, o psicanalista Winnicott, sa-
lienta que a dança, a música, o teatro, a pintura, a
brincadeira e o jogo constituem um espaço dentro da
atividade humana. Por um lado, eles não se traduzem
enquanto fuga do imaginário, como é o caso do sonho;
por outro, eles não se configuram tampouco enquanto
ação efetiva, visando a transformação realmente do
mundo exterior. O ato de fazer Arte e brincar se situa
exatamente no espaço intermediário entre essas duas
esferas, e, nessa medida, acaba tecendo vínculos entre
a subjetividade e a objetividade.
Quem não já visualizou, nos desenhos infantis, os personagens
principais da sua vida – pai, mãe e irmãos – retratados de forma simples,
muitas vezes usando apenas traços, linhas, os quais identificamos a
figura paterna sendo o traço maior, a mãe o traço mediano e assim
sucessivamente, formando a escala familiar da criança, que para ela
aquela imagem está carregada de sentido?
É bem possível que você quando criança, brincando de ser outra
pessoa, já tenha usado os saltos altos de sua mãe, ou aquele vestido ou
camisa, e saído pela casa imitando-a, brincadeiras próprias da idade,
mas que auxiliam no crescimento cognitivo.
No Maranhão, as crianças já “nascem sabendo” dançar e cantar as
toadas do Bumba meu boi, assim como em alguns estados do país:
Pernambuco - o frevo; Ceará - forró; Pará - o carimbó etc., mostrando
que a arte do povo também contribui para o desenvolvimento
individual e coletivo dos educandos.
A educação em Arte propicia a evolução do pensamento artístico e
estético; através da Arte, o aluno apropria-se de um mundo imaginário,
busca compreender/aproximar a realidade, contribuindo para um
maior entendimento histórico e social.
Nessa relação entre a Arte e a Educação, todas as linguagens artísticas:
Teatro, Música, Dança e Artes visuais devem caminhar juntas para
que a criança possa se desenvolver com plenitude, sendo o palco da
escola o local propício, mas não único, para educar com arte, e os
educadores, os personagens principais dessa ação, que é também
coletiva, compreendendo que o processo de avaliação no ensino da
Arte faz parte do contexto das atividades escolares, e que Arte é um
conhecimento capaz de ser ensinado e apreendido.
1
unidade
OBJETIVOS DESTA UNIDADE
Contextualizar as
transformações ocorridas
nas linguagens artísticas
– Artes Visuais, Teatro e
Música;
Analisar os movimentos
de maior impacto no
desenvolvimento artístico
humano;
Explicar as evoluções
ocorridas em cada
movimento artístico.
A ARTE E SEUS CONCEITOS
Para melhor compreensão sobre a arte e sua história é necessário
que, primeiramente, tenhamos um conceito formado. Observe as
imagens abaixo e responda: Em sua opinião qual delas é Arte? Ou
qual delas você colocaria para decorar sua casa?
Fonte: http://peregrinacultural.files.
wordpress.com/2010/01/mona-lisa.jpg
Fonte: http://dusinfernus.files.wordpress.
com/2008/11/marcel-duchamp.jpg
Figura 1 - Mona Lisa Figura 2 - Mictório
PEDAGOGIA1616
A primeira é a Obra de Leonardo da Vinci – Mona Lisa. Produzida
entre 1503 e 1506, sobre ela existe muito mistério em relação às
técnicas utilizadas na sua elaboração e principalmente referente a seu
olhar enigmático e seu sorriso.
A segunda é a escultura de um mictório do francês Marcel Duchamp,
exibida num salão artístico em 1917, chamada de Fonte. A reação
do público ao ver um sanitário masculino em um lugar reservado
especificamente à arte foi de muito espanto. Certamente, você teve a
mesma reação. Entretanto, a intenção do artista era realmente chocar os
visitantes do museu ao depararem com um objeto tão comum, sendo
apresentado como arte, deixando todos intrigados, pois, nessa época,
as pessoas só reconheciam como arte telas produzidas nos moldes do
Academicismo, com traços perfeitos e linhas bem definidas. Duchamp
buscou através de sua exposição dar um sentido simbólico aos objetos
do uso cotidiano, até então desprovidos de qualquer conotação estética.
Mas, o que é Arte?
Dar um significado preciso a essa pergunta é algo difícil e, muitas
vezes, impossível. Sabemos que a Arte existe desde os primórdios da
vida com os homens primitivos, quando os mesmos não possuíam
a linguagem verbal desenvolvida, mas já se comunicavam através
de desenhos gravados nas paredes das cavernas, como forma de
comunicação e do fazer artístico.
Várias são as definições em busca de um significado. No dicionário
Aurélio encontramos formas diferenciadas de se explicar a verdadeira
natureza da arte: “A arte é a capacidade criadora do artista de expressar
ou transmitir tais sensações ou sentimentos”.
Segundo Coll (200, p. 16), a Arte é uma:
Arte, atividade que requer aprendizagem. Pode lim-
itar-se à simples habilidade técnica ou ampliar ao
pondo de englobar a expressão de uma determinada
visão do mundo. O termo arte deriva do latim ars, que
significa habilidade na realização de ações especiali-
zadas, como a arte da jardinagem ou de jogar xadrez.
Entretanto, em sentido amplo, o conceito faz referên-
cia tanto a habilidade técnica como ao talento criativo.
A arte proporciona experiências, estéticas, emocionais
e intelectuais.
FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 1717
Ernest Fischer dizia que a
Arte é necessária para que
o homem se torne capaz de
conhecer e mudar o mundo.
“Mas, a arte também é
necessária em virtude da
magia que lhe é inerente”.
O Francês Etienne Gilson, em seu livro Introdução das Artes Belas, diz:
“Não se pode ler uma história da filosofia da arte sem sentir um desejo
irresistível de ir fazer outra coisa”, justamente por serem tantas e tão
distintas as concepções em relação às artes.
Sobre Arte, Coli (1998, p. 8) esclarece que: “o importante é termos
em mente que o estatuto da arte não parte de uma definição abstrata,
lógica ou teórica do conceito, mas de atribuições feitas por instrumentos
de nossa cultura, dignificando os objetos sobre os quais ela recai.”
É evidente que a Arte não está apenas nas telas de Picasso, Magritte ou
Tarsila do Amaral, mas que ela existe além das Artes visuais e plásticas,
na música, na dança, no teatro, na televisão, no cinema, entre tantas
outras manifestações artísticas e culturais, as quais estamos em contato
cotidianamente.
O Estado do Maranhão durante as festas juninas transforma-se num
grande palco a céu aberto, apresentando sua diversidade artística e
cultural, como por exemplo: nas apresentações do Bumba meu boi;
na dança do cacuriá; na dança portuguesa etc., demonstrando o
que Mário de Andrade dizia: “arte não é um elemento vital, mas um
elemento da vida”. Percebe-se então, que a arte não é necessária como
a comida, que estimula o corpo a funcionar, mas ajuda a dar subsídios
para que a mente funcione.
A partir dessas definições e observações em relação à arte e suas
diversas formas de se manifestar, será que você já consegue ter seu
próprio conceito?
Percurso Histórico das Linguagens Artísticas
A Arte na Educação é vista como conhecimento e linguagem.
Linguagem, porque a língua se organiza por meio de um sistema
simbólico de representação. Os signos da linguagem oral/escrita são,
por exemplo: a, b, c..., vírgula, interrogação, ponto final etc. Com eles
formamos palavras, versos, textos plenos de significados, de maneira
que qualquer pessoa alfabetizada é capaz de compreender.
PEDAGOGIA18
Já nas artes visuais os signos se modificam e tornam-se linhas,
pontos, texturas, planos, volumes, luzes, sombras..., que, organizados
pelo artista, também se transformarão em “textos” visuais plenos de
significados.
Quando alguém se emociona e pensa sobre o mundo e transforma
poeticamente esse pensar em pintura, escultura, música, fotografia,
dança... ele está fazendo arte.
Por meio das artes, temos acesso ao pensamento e aos sentimentos
de toda a humanidade, pois, em todas as civilizações, povos, países
e culturas, o ser humano produziu e vem produzindo obras de
arte: desenhos, esculturas, fotografias, entre outros. Por isso, a arte
é conhecimento porque é capaz de ser ensinada e aprendida. Para
Andrés (2000, p. 15):
A arte do passado, guardada em museus ou preser-
vada nos monumentos públicos, mostra-nos a história
do mundo em suas buscas e inquietações. A luta do
homem para sobreviver, transformar-se e ao evoluir é
revelada em suas obras de arte.
Nosso percurso pela História da Arte não se prenderá a datas e fatos
históricos, mas observaremos alguns movimentos artísticos de grande
importância para melhor entendermos as evoluções ocorridas durante
os séculos na história da arte.
Os caminhos das Artes Visuais
Acima de tudo, precisamos ter presente que se não
conseguimos, de vez, dar o pulo do gato – bem, que
se continue andando ainda um pouco, pois não é pec-
ado caminhar. (Maria Helena Martins)
Ao caminharmos pelos movimentos artísticos das artes visuais,
conheceremos obras de arte de grandes artistas e que fazem parte
da história da Arte, pois, para que se trabalhe bem o ensino da arte
na escola é necessário que o professor seja um conhecedor desse
“mundo”, que tenha prazer em passear pelos destinos artísticos de
FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 19
Fonte: http://usuarios.multimania.es/
clasesvirtuales/image-cavernas.jpg
cada tela, somente assim será capaz de despertar no aluno o gosto
pela arte.
Vamos, então, começar nossa caminhada, prepare-se e um excelente
passeio.
Arte Rupestre
As primeiras manifestações artísticas que se tem conhecimento,
ocorreram na pré-história e são chamadas de Arte Rupestre, por terem
se desenvolvido, exclusivamente, nas paredes de pedras no interior
das cavernas, cerca de 15.000 anos atrás.
Aprender a desenhar, por exemplo, exige que se domine técnicas,
formas de manipular os materiais e instrumentos, modos de representar
a realidade.
Você deve estar se perguntando como os homens das cavernas
produziam seus desenhos, já que para isso requer tanta técnica.
Tudo surge da necessidade. Já que eles não possuíam a linguagem
verbal desenvolvida, precisaram criar uma maneira de se comunicar,
e o faziam através dos desenhos gravados nas paredes das cavernas.
Mas, será que você está se perguntando como faziam as tintas?
Segundo Strickland (1999, p. 4):
Na criação dessas imagens, os artistas das cavernas
usavam carvão para delinear as irregularidades na
rocha que se assemelhavam a formas encontradas na
natureza. O volume era dado pelas saliências, enquan-
to as tonalidades terrosas emprestavam contorno e
perspectiva. As ‘tintas’ utilizadas eram torrões de ocra
vermelha e amarela esfarelada, até virar pó e aplicada
à superfície com pincel ou soprada através de osso
oco. Os desenhos eram superpostos aleatoriamente,
talvez atendendo a necessidade de novas imagens an-
tes de cada caçada. Essas imagens – sempre figuras de
animais – são representadas de perfil bidimensional
e parecem flutuar no espaço, sem qualquer represen-
tação do ambiente.
Figura 3 - Pintura na caverna
de Lascaux, França - Cavalo
PEDAGOGIA20
A Arte Rupestre é realista, naturalista, e possui um sentido místico-
religioso, pois os homens das cavernas, segundo o que os arqueólogos
especulam, criavam figuras de animais e em seguida atiravam flechas
nas imagens, como forma de facilitar e obter uma boa caça, como
podemos observar na imagem anterior.
No Brasil, a Arte Rupestre localiza-se em extensas áreas de nosso
território, sendo que os achados mais antigos têm cerca de 20000
anos. As regiões Norte e Nordeste possuem um grande número de
inscrições, embora nas demais regiões também apareçam algum tipo
de manifestações. Os principais locais são: São Raimundo Nonato, no
Piauí, Pedra Lavrada do Ingá na Paraíba, entre outras.
Observa e a seguir uma dessas imagens rupestres existentes em São
Raimundo Nonato.
Talvez, tenhamos herdado dos homens primitivos a mania de desenhar,
ou escrever nas paredes das nossas casas. Vejamos o texto a seguir:
Meu avô
“Todo acontecimento da cidade, da casa, da casa dos vizinhos, meu
avô escrevia nas paredes. Quem casou, morreu, fugiu, caiu, matou,
traiu, comprou, juntou, chegou, partiu. Coisas simples, como a agulha
perdida no buraco do assoalho, ele escrevia. Ele também desenhava
tesouras desaparecidas, serrotes sem dentes, facas perdidas. E a casa,
de corredor comprido, ia ficando bordada, estampada de cima a baixo.
As paredes eram o caderno do meu avô. Cada quarto, cada sala, cada
cômodo, uma página.” (BARTOLOMEU, 1995, p.?).
Você já observou que a criança quando começa a rabiscar, o que local
onde ela primeiro faz seus desenhos é nas paredes de sua casa? Mesmo
assim, vimos no texto Meu avô que, possivelmente, esse desejo tenha
sido adquirido advindo dos nossos ancestrais.
Outra técnica utilizada era a mão em negativo. Veja a imagem.
Os artistas dessa época utilizavam essa técnica. Após retirar das rochas
um pó colorido, eles o sopravam através de um canudo, ao redor de
sua mão, que estava pousada na parede da caverna. A região em
Figura 5 - Mão em
negativo: SRICKLAND,
Carol.
Fonte: http://www.suapesquisa.
com/artesliteratura/arterupestre/
arte_rupestre2.jpg
Figura 4 - Arte rupestre
Pintura Rupestre: Esta figura
foi localizada Parque Nacional
da Serra da Capivara em São
Raimundo Nonato - Piauí
(Toca do Boqueirão da Pedra
Furada)
Fonte: http://dc274.4shared.com/
doc/usFNS3Dx/preview.html
FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 21
volta da mão ficava colorida e a parte coberta pela mão não ficava
pintada. Obtinha-se dessa forma o desenho da mão, como um filme
em negativo.
Arte Egípcia: uma Arte dedicada à morte
O Egito é o país das tumbas e dos templos. Os antigos egípcios
desejavam de qualquer maneira ressuscitar depois da morte, em
um Além que não é mais do que um reflexo da vida na Terra. Por
isso, deram tanta atenção ao culto de seus defuntos como ao de seus
deuses. De fato, os faraós possuíram magníficos palácios. E os grandes
dignitários habitaram em esplendidas mansões. Mas seu maior afã,
ao que dedicaram quase todos os seus recursos, foi elevar custosas
e monumentais tumbas proporcionais às suas numerosas divindades
uma suntuosa moradia, proporcionais com sua linhagem. Além
disso, suas ideias religiosas marcaram de forma tão definitiva a sua
concepção da vida, que grande parte de suas manifestações artísticas
se encaminham a obter o triunfo sobre a morte.
Além de crer em deuses que poderiam interferir na
história da humanidade, os egípcios acreditavam tam-
bém numa vida após a morte e achavam que essa
vida era mais importante do que a que viviam no
presente. Inevitavelmente, a arte criada por esse povo
refletiu suas crenças fundamentais. É por isso também
que a arquitetura egípcia se realizou, sobretudo, nas
construções mortuárias. (SANTOS, 2004, p.17).
As pirâmides eram gigantescas tumbas, cujo sepulcro era colocado
dentro ou embaixo da construção e que proclamava a fusão do faraó
com o símbolo místico do sol.
Cada uma das pirâmides forma parte de um conjunto de edifícios. Em
primeiro lugar, dentro da própria pirâmide, havia um templo funerário
que servia de sede do culto real e lugar de oferendas ao espírito (ka)
do faraó. Uma calçada coberta unia o templo funerário com o templo
do vale, o lugar no qual eram realizados os processos de mumificação
do cadáver.
PEDAGOGIA22
De acordo com Strickland (1999, p. 10), o processo de mumificação
era feito da seguinte forma:
Os egípcios acreditavam que o ka, ou força vital, era
imortal. Com o objetivo de fornecer um receptáculo
durável para o espírito, aperfeiçoaram o processo de
embalsamamento. A preservação do corpo começava
com a extração do cérebro do falecido através das na-
rinas com um gancho de metal. As vísceras – fígado,
pulmões, estômago e intestinos - eram removidas e
preservadas em urnas separadas. O que restava fica-
va imerso em salmoura durante um mês, e depois o
cadáver em conserva era literalmente estendido para
secar. O cadáver, enrugado, era então recheado – os
seios das mulheres eram estofados -, envolto em vári-
as camadas de ataduras, e finalmente confinado num
caixão e num sarcófago de pedra. Na verdade, o clima
seco do Egito e a ausência de bactérias nas areias e no
ar, provavelmente, contribuíram para a preservação
do corpo.
Os egípcios acreditavam, firmemente, na imortalidade e num universo
regido e ordenado pelos deuses e faraós. Para que o morto pudesse
viver no outro mundo, era imprescindível que seu corpo, morada de
seu ka ou espírito, se conservasse incorrupto, por isso a mumificação,
ou em sua falta, encontrar-lhe um substituto. Além disso, o defunto
necessitava de alimento, bebida, roupa, ferramentas, adornos,
perfumes. Por outro lado, era necessário manter a ordem e o equilíbrio
do cosmo com a ajuda dos deuses, que graças à intercessão do faraó
também outorgavam paz e abundância neste mundo.
Ou seja, a morada do faraó após a morte, eram as pirâmides que eram
ornadas com muito ouro, pedras preciosas, esculturas, pinturas, para
que o mesmo tivesse uma vida farta.
Figura 6 - Pirâmide de Gizé
Fonte: http://hypescience.com/tumba-de-4-500-
anos-e-descoberta-no-egito/
FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 23
A mais importante entre o grupo de 60 pirâmides existente no Egito,
são as três pirâmides de Gizé na qual, apresentam características
monumentais:
1	 Foram construídas há aproximadamente 4500 anos, que serviram
de tumbas para os faraós Quéops, Quéfren e Miquerinos;
2	 A maior pirâmide é a do faraó Quéops com 147 metros de altura,
sendo conhecida como a grande pirâmide;
3	 Toda sua extensão é feita com pedra calcária;
4	 Acredita-se que mais de 100 mil homens, na maioria escravos,
foram utilizados para a construção da pirâmide de Quéops, na
qual, levou aproximadamente 30 anos para ser concluída;
5	 No interior das pirâmides, eram colocados o sarcófago do faraó,
com suas riquezas;
6	 Para evitar que os pertences do faraó fossem saqueados, eram
instaladas várias armadilhas;
7	 É uma das sete maravilhas do mundo antigo e considerado
Patrimônio Mundial da Unesco.
Figura 7 - Máscara em ouro maciço do faraó Tutancâmon
Fonte: http://desportoviajar.files.wordpress.com/2013/04/tuthankhamun_egyptian_
museum.jpg
PEDAGOGIA24
Toda a história da arte egípcia é envolvida em muitos mistérios e
segredos, na descoberta da tumba do faraó Tutancâmon, tumba esta
que foi encontrada em condições próximas às originais. Em 1922, o
arqueólogo Howard Carter, literalmente bateu os olhos na tumba, ao
acender um fósforo enxergou o brilho do ouro em toda parte. Nessa
descoberta mais de vinte pessoas envolvidas na abertura da tumba
morreram em circunstâncias misteriosas, dando margem a histórias
sinistras sobre a “maldição do faraó”.
Arte Gótica
Como Gótico, denominamos a arte surgida segundo determinados sistemas
construtivos e de representações, entre os séculos XII ao XVI na França.
Obviamente, tudo o que foi produzido durante este período não forma um
todo homogêneo e unitário. Ao longo desses quatro séculos, foram muitas
as tendências desenvolvidas na arquitetura e nas artes figurativas.
A arte gótica é filha de uma nova sociedade na qual a cidade começa
a desenvolver um papel principal, a economia experimenta uma nova
fase que senta as bases da falência do feudalismo, o poder real que entra
em luta com a nobreza assume um novo papel nas empresas
artística dos reis, a religiosidade adquire outros papeis e a obra
de arte cumpre novas funções.
O gótico mostra um novo interesse pela realidade, pela
natureza, que, porém, não chega a romper a ligação entre estas
e o religioso, chegando assim a um equilíbrio entre o sagrado e
o profano.
No estilo gótico eram retratados nas obras a fé, o amor e o
entusiasmo. O rei Luís IX estabeleceu a ordem política e houve
um período de paz, que se refletiu na arte.
Os templos foram erguidos com bastante rapidez, ocorreu
nesse período à construção da catedral de Notre-Dame (Nossa
Senhora) em Paris, sendo um dos mais belos exemplos desse
momento. O prédio mede 150 metros de comprimento e suas
abóbadas principais medem 32 metros e meio.
Fonte: http://upload.wikimedia.org/
wikipedia/commons/6/66/Facade_de_la_
Cath%C3%A9drale_de_Reims_-_Parvis.jpg
Figura 8 - Catedral de Notre-Dame
FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 25
A arquitetura gótica foi fruto de uma nova sensibilidade que encontrou
linguagem expressiva na verticalidade e no naturalismo. Todos esses
elementos eram voltados ao simbolismo teológico. A intenção das
construções góticas era dar ao visitante a ideia de estar num espaço
que subia próximo de Deus, chegando ao céu.
Será que você conhece alguma construção no estilo gótico? Será
que no seu Estado encontra-se alguma obra arquitetônica com as
características góticas?
Observe a imagem a seguir.
Figura 9 - Igreja Nossa Senhora dos Remédios
Fonte: http://www.panoramio.com/photo/14291339
O estilo gótico também está presente na Capital São Luís, Maranhão,
na Igreja Nossa Senhora dos Remédios, construída no ano de 1719.
Conta a história que, no início, era apenas uma pequena capela,
mas pouco tempo depois, 1775, a igreja foi melhorada. Destruída
pelo tempo, sua reedificação foi feita pelo ermitão Francisco Xavier,
por volta do ano de 1798. Os comerciantes da época eram quem
mantinham a igreja conservada devido à fé que tinham na protetora,
Senhora dos Remédios. Até hoje a igreja se mantém como uma das
mais bonitas e conservadas de nossa capital, acolhendo em seu altar,
a imagem de Nossa Senhora dos Remédios. A igreja está localizada na
Praça Gonçalves Dias no centro da cidade.
PEDAGOGIA26
O mundo da arte é sempre assim, costumamos imaginar que as grandes
produções artísticas não se encontram próximas do nosso cotidiano,
mas como vimos na capital do nosso estado encontramos uma obra
arquitetônica tão sinuosa quanto às produzidas na França. Mas, é
preciso conhecer mais sobre a arte para que possamos identificar as
obras que nos rodeiam e que nem mesmo sabemos.
Outro ponto marcante da arte gótica são os vitrais, pois fazem parte do
universo de metáforas estabelecidas, do brilho e da luz existente nas
igrejas góticas.
As paredes se afinam e dão lugar a amplas janelas, com vidros pintados,
em sua maioria. Os vitrais eram construídos por artesões especiais
que, seguindo um desenho preparatório, cortavam e coloriam como
se fosse um mosaico.
Figura 10 - Vitral gótico
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6d/Cathedral-
chartres-2006_stained-glass-window_detail_01.jpeg
Assim, o interior das igrejas era ornamentado por cores vivas nos vitrais
que valorizavam a estrutura arquitetônica. De acordo com Santos
(2004, p. 68) observa-se que:
Um vitral era feito em várias etapas. A primeira era
colorir o vidro. Isto era feito adicionando-se diversos
produtos químicos ao vidro derretido e ainda na for-
nalha. Assim, ele ficava colorido e translúcido. De-
pois, tratava-se de fazer as placas de vidro. Para isso,
o método mais utilizado era o que produzia um tipo
FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 27
de vidro chamado antique. O artesão acumulava uma
pequena quantidade de vidro fundido na extremidade
de um tubo e imediatamente começava a soprar,
até formar uma bolha de vidro de forma cilíndrica.
A seguir, cortava suas duas extremidades, como se
tirasse uma tampa de cada lado, obtendo assim um
cilindro oco. Depois cortava esse cilindro ainda quente
em sentido longitudinal e o achatava, até conseguir
uma placa. Cada placa, depois de resfriada, era re-
cortada com uma ponta de diamante, segundo o de-
senho previamente determinado para o vital. Depois,
todas essas pequenas placas eram encaixadas umas
às outras por uma moldura metálica que juntas for-
mavam grandes composições, que eram colocadas na
abertura das paredes das catedrais.
Figura 11 - Vitral da igreja do Caraça
Fonte: http://www.panoramio.com/photo/24960056
Os vitrais são um dos mais marcantes elementos decorativos que
aparecem nas igrejas góticas, que formavam imensas e coloridas
janelas que, muitas vezes, apresentavam desenhos geométricos ou
representavam um santo ou uma passagem do texto bíblico. Sobre
esse aspecto, ainda vale ressaltar que os vitrais permitiam a elaboração
de um vibrante jogo de luzes constituído a partir da combinação de
peças de vidro das mais variadas cores.
O requinte, a complexidade e os vários materiais que envolviam a
fabricação de um vitral nos mostram a consolidação de um novo ideal
estético marcado pela luminosidade e a variação de tons presentes na
arte gótica.
PEDAGOGIA28
Arte Renascentista
No século XV o conceito realista que dominou a Europa tomou em
Florença uma forma concreta e diferente. A natureza, sendo obra de
Deus, deve ser estudada pela mente humana, que é capaz de descobrir
e dominar suas leis ocultas.
O homem desse período torna-se o centro do universo e o mundo
mede-se por sua escala. A inteligência é a primeira de suas qualidades
e em muitos casos substitui a fé. Colocado nesta conjuntura, o homem
focaliza o estudo do que o rodeia com sua inteligência e reduz o
Universo a uma série de fenômenos que pode explicar e classificar.
Esse período fértil foi onde os extraordinários Leonardo Da Vinci,
Michelangelo e Rafael criaram pinturas, afrescos, esculturas, com
absoluto domínio das técnicas, descobrindo as proporções ideais e a
perspectiva.
Leonardo Da Vinci, arquiteto, pintor e engenheiro, representa a
personalidade perfeita do humanista de vasta e profunda capacidade
científica. Com a inquietude própria do investigador, preocupa-se com
a busca de novas técnicas, como na sua magnífica obra “A Última
Ceia” na qual obtém a sensação do imaterial.
Fonte:http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2012/03/santa-ceia.jpg
Figura 12 – A Última Ceia
FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 29
Se a “Mona Lisa” é o retrato mais famoso, seu afresco
“A Última Ceia” é a pintura religiosa mais venerada
há cinco séculos. Leonardo dizia que o artista tinha
dois objetivos: pintar o homem e a intenção de sua
alma. Aqui ele revolucionou a arte ao captar am-
bos, principalmente o que ia na alma de cada figura.
Leonardo imortalizou o momento dramático em que
Cristo anunciou que um de seus discípulos iria trai-
lo e a reação emocional de cada um ao perguntar:
“Senhor, serei eu?” Através de uma gama de gestos e
expressões Leonardo revelou pela primeira vez na arte
o caráter fundamental e o estado psicológico de cada
apóstolo (STRICKLAND, 1999, p. 35).
O termo “homem da renascença” veio a significar um indivíduo de
talentos múltiplos, que irradiava saber. Da Vinci foi universalmente
admirado por sua bela aparência, seu intelecto e seu charme. Como se
não bastasse, ele cantava divinamente e sua encantadora conversação
conquistava todos os corações.
Menos de vinte trabalhos de Leonardo da Vinci sobreviveram. Morreu
aos 75 anos, na França, aonde foi chamado para conversar com o
rei Francisco I. Em seu leito de morte, Leonardo admitiu que “tinha
ofendido a Deus e a humanidade por não desenvolver sua arte como
devia”.
Na escultura renascentista, desempenham um papel decisivo o estudo das
proporções antigas e a inclusão da perspectiva geométrica. As figuras, até
então relegadas ao plano de meros elementos decorativos da arquitetura,
vão adquirindo pouco a pouco total independência. Já desvinculadas
da parede, são colocadas em um nicho, para finalmente
mostrarem-se livres, apoiadas numa base que permite sua
observação de todos os ângulos possíveis.
O estudo das posturas corporais traz como resultado
esculturas que se sustentam sobre as próprias pernas,
num equilíbrio perfeito, graças à posição do compasso
(ambas abertas) ou do contraposto (uma perna na frente
e a outra, ligeiramente para trás). As vestes reduzem-
se à expressão mínima, e suas pregas são utilizadas
apenas para acentuar o dinamismo, revelando uma
figura humana de músculos levemente torneados e de
proporções perfeitas.
Fonte: http://cartasdapalavra.blogspot.
com.br/2010_06_01_archive.html
Figura 13 - “Davi” - Michelangelo
PEDAGOGIA30
Arte Colonial: Barroco
O termo Barroco designa as manifestações artísticas da Europa durante
o século XVII e a primeira metade do século XVIII. Porém não é só
um movimento artístico. O Barroco é todo um sistema ideológico e
cultural, coerente, que faz uso de diferentes soluções estéticas e formais
com um claro predomínio das sensações e do movimento.
Foi na Itália, sob a dominação espanhola que surgiu o barroco, do
espanhol barrueco.
A arte barroca exprime uma tendência geral de linha curva e quebrada,
de abundância de detalhes e de visões cenográficas de grande efeito.
Em sentido figurado, diz-se de todas as formas muito extravagantes e
excessivamente trabalhadas.
No barroco, é básica a representação realista do homem e da natureza,
a afirmação das emoções, a fusão das artes.
Todo o rebuscamento presente na arte barroca é reflexo dos conflitos
dualistas entre o terreno e o celestial, o homem (antropocentrismo) e
Deus (teocentrismo), o pecado e o perdão, a religiosidade medieval e
o paganismo presente no período renascentista.
Dotado de uma extraordinária riqueza de símbolos, conforma uma
cultura cujas chaves devemos conhecer para poder entendê-la. Embora
seja considerada a arte a serviço da igreja católica, o certo é que é a
arte de uma época, tanto de protestantes como de católicos.
O barroco teve muita força na arquitetura e na escultura, mas ganhou
força também na pintura e em outros setores artísticos, como na
literatura.
O estilo barroco desenvolveu-se em vários países e em cada
localidade grandes artistas vão surgindo e enriquecendo em detalhes e
grandiosidade esse movimento.
Na Itália, podemos destacar grandes pintores como: Cavaggio,
Tintoretto e Andrea Del Pozzo.
FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 31
Na Bélgica, surgem grandes nomes da pintura tais como: Peter Paul
Rubens e Antton Van Dyck.
Na Holanda, predonimam as obras feitas em cavalete, de pequeno
formato, pelos quais os ricos burgueses pagavam altos preços. Nesse
período surgem nomes como Rembrandt e Jan Vermeer.
Dentre os pintores espanhóis destacamos: Diego Velázques e Murillo.
Sendo Velázques o mais célebre pintor da corte. Sua pintura era
essencialmente espontânea e dela brotava uma essência de realismo
mágico. Soube trabalhar muito bem as luzes. Com suas técnicas
cromáticas, ele deu início também ao impressionismo.
Sua principal obra foi “As meninas”, que destacamos a seguir:
Figura 14 – As meninas
Fonte: http://galeriadefotos.universia.com.
br/uploads/2012_01_20_15_44_431.jpg
Essa obra foi eleita “o maior quadro do mundo”, por uma considerável
margem de votos. O quadro representa um retrato da princesa Margarita
aos cinco anos de idade, atendida pelas damas de honra e duas anãs,
mas, reunindo diversos retratos adicionais, e com um grupo apontando
para o tema: “Visitantes no estúdio do artista”. No plano central, há um
reflexo em miniatura do rei e da rainha no espelho e, nos degraus ao
fundo, um retrato de corpo inteiro de um membro da corte.
Nas obras barrocas, tanto na escultura, na arquitetura quanto na pintura,
à riqueza de detalhes é o que mais chama a atenção do espectador,
demonstrando o quanto os artistas desse movimento trabalhavam
para chegar a um nível tal de perfeição, a ponto de tornar as obras em
verdadeiras obras de arte.
PEDAGOGIA32
Barroco brasileiro
O descobrimento de importantes caminhos de ouro no sul do Brasil
nos finais do século XVII trouxe consigo uma eclosão arquitetônica de
características barrocas; a partir da descoberta do ouro, a região de
Minas Gerais converteu-se na mais rica da colônia.
De 1550 a 1700, o estilo de arte predominante na Europa era o
Barroco.
Os artistas barrocos pretendiam despertar emoções do observador e
envolvê-lo com o trabalho de arte. Para isso utilizavam ornatos e curvas
que davam a sensação de movimento e empregavam fortes contrastes
de claro e escuro nas representações dos sentimentos dramáticos das
figuras. Por exemplo, estátuas de Cristo tinham as faces contorcidas
e feridas abertas para figurar a dor; os interiores das igrejas eram
recobertos de detalhes dourados.
Figuara 15 – Cristo carregando a Cruz – Aleijadinho
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/95/Aleijadinho_01.jpg
O barroco no Brasil atingiu seu apogeu entre 1763 e 1822. Nessa
época, a Europa já tinha abandonado o barroco e cultivava novos
estilos.
FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 33
No entanto, o barroco brasileiro apresenta-se menos rebuscado
e mais sóbrio. Desenvolvido desde cedo por mão de obra negra e,
principalmente, mulata, ficou mais próxima do povo.
Observando atentamente as várias vertentes em que se disseminou
o barroco pelo país, ver-se-á que a rigor podem ser resumidamente,
duas apenas. O Barroco litorâneo, de Pernambuco, Bahia e Rio de
Janeiro e os barroco interiorano, que é, principalmente, o de minas
Gerais, protegido por suas montanhas.
Nolitoral,oBarrocotrazidodaEuropamanteve-semenosindependente,
mais atado à metrópole. No interior, o estilo viu-se obrigado pelas
circunstâncias a adotar soluções próprias, tornando-se mais originais.
Por isso, muitos estudiosos costumam ver na arte mineira a expressão
mais brasileira do Barroco no Brasil, enquanto a arte da Bahia, por
exemplo, conserva-se bem mais portuguesa. Há ainda, outra distinção
fundamental entre o Barroco mineiro e o baiano: este último reflete o
gosto de uma sociedade rural aristocrática, sendo, por conseguinte,
mais requisitado; enquanto aquele nasce numa sociedade urbana e
ideologicamente burguesa, enriquecida a dura penas na mineração e
avessa a ostentações.
Aleijadinho – o escultor Barroco brasileiro
Além de extraordinário arquiteto e decorador de igrejas, Aleijadinho
foi também incomparável escultor. Existem inúmeras esculturas suas
nos museus e igrejas, principalmente, em Ouro Preto. Mas é a cidade
de Congonhas do Campo que abriga o mais importante conjunto
escultórico do artista. O santuário Bom Jesus de Matosinhos, é
constituído por uma igreja e cujo adro está às esculturas em pedra-
sabão de doze profetas: Isaías, Jeremias, Joel, Jonas, Daniel, entre
outros, na qual, cada um desses personagens está numa posição
diferente e executam gestos que se coordenam; Aleijadinho conseguiu
um resultado onde o observador acredita que as figuras estão se
movimentando.
PEDAGOGIA34
Figura 16 - Santuário Bom Jesus de Matosinhos
Fonte: http://files.f5place.webnode.com/200000282-0319e050dc/Profetas-do-
Mestre-Aleijadinho-Congonhas.jpg
Da esquerda para direita:
Amós, Abdias, Jonas, Baruc,
Isaias, Daniel, Jeremias,
Oséias, Ezequiel, Joel,
Habacuc e Naum
Figura 17 - Profeta Daniel (Adro da Basílica de Congonhas), 1800 - 1805
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Daniel_(profeta)
Figura 18 - Profeta Baruc (Adro da Basílica de Congonhas), 1800 - 1805
Fonte: http://www.panoramio.com/photo/45436164
FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 35
Na cidade de São José de Ribamar, na região metropolitana de São
Luís - MA, encontramos algo muito próximo ao que foi produzido por
Aleijadinho, não se trata de uma obra Barroca, mas são representações
da religiosidade de um povo.
Figura 19 - Profeta Oséias (Adro da Basílica de Congonhas), 1800 - 1805
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Santu%C3%A1rio_do_Bom_Jesus_de_Matosinhos
Figura 20 - Estátua de São José, Nossa Senhora e Menino Jesus
Fonte: http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20110428145420.jpg
Essas esculturas gigantes encontram-se na praça da igreja Matriz da
cidade e representam as imagens de São José, Nossa Senhora e o
Menino Jesus. Vale a pena conhecer.
PEDAGOGIA36
Arte Impressionista
[...] Ah, se domingo você estivesse conosco! Vimos
uma plantação de uvas – vermelhas como vinho tinto.
Ao longe, a plantação se tornava amarela – e a seguir,
havia um céu verde e o sol. No terreno, após a chuva,
violetas e amarelos cintilavam aqui e ali, onde se refle-
tia o por do sol (VAN GOGH – Cartas a Theo).
O Movimento Impressionista representou o último esforço renovador
da pintura antes da arte moderna; teve por base a interpretação, não
dos objetos da natureza, mas da luz que os envolve.
Figura 21 - Dança de Renoir em Bougival
Fonte: http://fulanasebeltranas.zip.net/
FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 37
Os impressionistas levaram a arte ao contato com a
vivência do momento. A arte passou a ser o diálogo
do artista consigo mesmo, com seu universo interior,
povoado de sombras e luz, agressividade e lirismo, vi-
olência e paz. A natureza servia-lhe de pretexto para
este encontro com a realidade interna. Por meio de
cores puras e formas espontâneas, o artista buscava
comunicar aquilo que a palavra não podia exprimir,
a vida que ocultava por detrás das aparências (AN-
DRÉS, 2000, p. 32).
Experimente fechar os olhos por um instante. O que você
consegue identificar? No escuro tudo desaparece, tudo se
dissolve. Sem luz, não há sombras nem cores, não há formas
nem volume.
O pintor Van Gogh era apaixonado pela luz. No trecho da carta acima,
ao irmão Theo, ele mostra como as luzes fazem cores e criam imagens
cheias de significações que falam ao sentimento e ao pensamento
humano.
Todas as imagens só existem porque existe a luz; os impressionistas
estudaram a luz como fenômeno físico e chegaram à conclusão de
que, conforme a recebem, variam os objetos percebidos pelos olhos
humanos. Observe o que Andrés (2000, p. 18) esclarece:
Os impressionistas queriam trabalhar com autenti-
cidade, protestando contra as imposições estéticas
do Academicismo. Voltaram-se para a natureza,
trabalhando em plena luz solar. Buscavam captar o
instantâneo. Não se preocupavam em criar quadros
agradáveis à vista, mas obras sinceras. Libertaram
cor, forma, composição, espaços tradicionais, pro-
curando comunicar vivências momentâneas da reali-
dade exterior.
Para demonstrar as mudanças ocorridas nas obras dos impressionistas
a partir das modificações da luz existente no espaço, apresentamos a
obra de Monet, na qual ele retrata o mesmo cenário variando apenas
o momento do dia e a estação do ano em que foi pintado.
Como pensar, sonhar,
expressar-se, comunicar-se
sem imagens? Isso seria
possível? Imagine como seria.
PEDAGOGIA38
Os artistas impressionistas tinham como principal preocupação os
efeitos da luz e a constante variação dos resultados causados por ela nos
objetos e paisagens representados em suas pinturas. Essa preocupação
levou-os a analisar a cor no próprio local de origem, isto é, foram pintar
ao ar livre, fora dos locais reservados para o trabalho do artista (ateliês).
Destacamos o que Strickland (1999, p.96) esclarece sobre a luz:
Para cumprir o desfio de retratar essas qualidades vo-
láteis (inconstantes) da luz, os impressionistas criaram
uma pincelada distinta, curta, cortada. Aqueles pon-
tos, visivelmente, coloridos formavam um mosaico de
borrões irregulares que vibravam de energia como o
pulso da vida no brilho da luz sobre a água. De per-
to, os borrões de cor pura dos impressionistas, lada
a lada, tinham aparência inteligível, provocando nos
críticos a acusação de que disparavam tinta na tela
com uma pistola. A distância, porém, o olho fundia
listas separada de azul e amarelo, por exemplo, em
verde, fazendo com que cada matiz parecesse mais
intenso do que se estivesse sido misturado na paleta,
além mesmo, as sombras que pintavam não eram cin-
zas ou pretas (a ausência de cor que detestavam), mas
composta de muitas cores.
Fonte: CUMMING, Robert, 1996
Fonte: CUMMING, Robert, 1996
Figura 22 - Montes de feno: fim do dia, outono
Figura 23 - Montes de feno: fim do verão, tarde
FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 39
Arte Pós-Impressionista
O Movimento pós-impressionista foi um fenômeno francês, no qual
desenvolveu características ainda mais marcante que o Impressionismo.
Vincent Van Gogh, com suas pinceladas agitadas em espiral, utilizando
cores vibrantes, foi um pintor incompreendido na sua época, visto até
mesmo como louco, em cuja obra não se reflete sua loucura, contudo,
a sua visão de mundo fixada em seu íntimo transborda em suas telas
como luminosas cores. A luz que faltou a sua mente desabrocha em
contraste em seus quadros.
Fonte: http://www.lk.cs.ucla.edu/LK/Presentations/
facultylecture/img/gogh.room.gif
Figura 24 - O Quadro - Van Gogh Figura 25 - Os Girassóis
Fonte: http://danbrazil.files.wordpress.
com/2012/05/girassc3b3is-van_gogh.jpg
O movimento pós-impressionismo teve como seus principais adeptos
os artistas franceses Seurat, Cézanne, e o holandês Vincent Van Gogh,
que criou a maior parte de sua obra na França.
No pós-impressionismo, em vez do “molho marrom” da pintura
histórica feita em ateliês fracamente iluminados, as telas brilhavam
com manchas de cores vivas como o arco-íris. Os pós-impressionistas
queriam que a arte fosse mais substancial, não inteiramente dedicada
a capturar um momento passageiro, o que, frequentemente, resultava
em pinturas que pareciam descuidadas e sem planejamento. Apesar
de Van Gogh ter adotado a pincelada interrompida e as fortes cores
complementares do Impressionismo, a arte de Van Gogh sempre foi
PEDAGOGIA40
original. Tinha horror à técnica acadêmica e afirmava que queria
“pintar incorretamente, para minha falsidade se tornar mais verdadeira
que a verdade literal.”
Dentro do movimento pós-impressionista, surge a técnica do
Pontilhismo, que consiste na decomposição das formas e de suas cores,
através de pequenas e arredondadas pinceladas, ou seja, de pontos.
Figura 26 - “O circo”, obra técnica pontilhismo, de Georges Seurat
Fonte: http://www.tattootatuagem.com.br/significados/8203/pontilhismo/
Veja que, na obra, o artista Seurat utiliza apenas pontos para representar
toda a cena, tela que o artista passou dois anos para concluir.
Mas, você já se perguntou o que é o ponto? Tão usado por nós na
língua portuguesa, o ponto é um pequeno elemento, se compararmos
com o restante da imagem, é o menor de todos os elementos da
linguagem visual e, no entanto, com ele construímos uma imagem.
“O ponto é o resultado do primeiro contado do instrumento com a
superfície” (KANDINSKY, 1990, p.?).
FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 41
Você concorda com a forma como o artista Kandinsky
descreveu o ponto? Vamos tentar? Encoste o seu lápis no
papel e responda: o que você obteve a partir desse contato?
Observe outra obra do artista Seurat e o “Port St. Tropez” de Signac
que também trabalhou com o pontilhismo.
Figura 27 - Modelo - George Seurat Figura 28 - Port St. Tropez - Signac
Fonte: http://es.wikipedia.org/wiki/Las_
modelos
Fonte: http://www.artcyclopedia.com/images/
feature-200409-barnes-seurat-models.jpg
Signac foi influenciado por Georges Seurat na construção de um novo
estilo, que, para muitos, era algo difícil de definir, mas fascinava o
público e a crítica. As figuras contidas nas obras são rígidas, inanimadas.
Os protagonistas são as cores e linhas.
Para os adeptos do pontilhismo, os minúsculos pontos são confundidos
a distância, mas tornam-se evidentes à medida que o apreciador se
aproxima. Às vezes, esses pontos se transformam em linhas que servem
de contorno. Por ser um estilo muito preciso, onde as obras levavam
muito tempo para serem concluídas, poucos foram os adeptos do
pontilhismo, sendo os principais Seurat e Signac.
Arte Moderna
A pintura, a partir de 1900, passou por um período convulsionado,
causado pelo nascimento e morte de tendências artísticas opostas,
PEDAGOGIA42
orientadas todas no sentido de preencher o vácuo produzido pelo
desaparecimento da pintura tradicional.
A libertação da arte de representar coisa que o observador identificasse
como imagens reais, tidas e vistas em seu cotidiano, refere-se à ideia
tradicional da arte. Com o surgimento do modernismo, a arte percorre
caminhos opostos, dando uma nova roupagem à arte do século XX.
O início do século foi marcado pelas pinturas modernistas de Pablo
Picasso, nas quais o artista cria uma nova forma de retratar sua
imaginação, fazendo surgir o Cubismo.
Arte Cubista
O Movimento Cubista baseia-se no mundo das aparências, ou seja,
mostra uma visão multifacetada da realidade, segundo Picasso: “Não
é uma realidade que se possa pegar com as mãos. É mais um perfume.
O aroma está em todo o lugar, mas não se sabe bem de onde vem.”
Picasso retratou sua vida na pintura e, sob o impacto
da destruição de uma cidade na Espanha, criou a
sua obra-prima “Guernica”, hoje mundialmente
conhecida.
Observe uma obra cubista do artista Pablo Picasso
e analise as formas que vê.
A obra ao lado terá sido produzida com o pintor
utilizando apenas formato de cubos, já que é uma
imagem cubista?
Os artistas cubistas produziram obras em que não
havia perspectiva e seus objetos apresentavam uma
representação simultânea de todas as suas formas.
No Brasil, esse movimento aconteceu depois da
Semana de Arte Moderna em 1922, e pode ser
notado, por exemplo, em certos quadros de Tarsila do Amaral, Di
Cavalcanti, Lasar Segall e Anita Malfatti.
Figura 29 - Mulher sentada (Marie-Therese) –
Pablo Picasso
Fonte: http://www.reidaverdade.net/wp-content/
uploads/2011/03/cubismo_picasso-400x500.jpg
FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 43
Arte Moderna no Brasil
A pintura moderna brasileira percorreu um longo caminho até a sua
consolidação, desde a década de 10 até os anos 40. Esse processo
foi marcado pelo confronto constante com o academicismo, estilo
dominante no Brasil desde o século XIX.
No século passado, a pintura brasileira seguiu o estilo neoclássico,
ensinado na Academia Imperial de Belas-Artes. Para os acadêmicos,
o mais importante em uma obra era a organização da composição:
as regras da academia procuravam garantir que o quadro imitasse
realmente o mundo.
Opondo-se a todas essas convenções, alguns artistas desse século
lutaram pelo seu direito à liberdade estética e propuseram um
movimento revolucionário – o Modernismo.
Para esses pintores a arte tinha que acompanhar o desenvolvimento
urbano e industrial. Diferentemente e bem depois da Europa, o Brasil,
ainda, se opunha a revolucionar a sua arte, pois os artistas estavam
acostumados com o academicismo. “A arte consiste em inventar e não
em copiar.” (LÉGER).
O que estava ocorrendo com nossa arte é que havia mudanças de
cenário, mas as características da pintura eram as mesmas.
Figura 30 - O homem amarelo – Anita Malfatti
Fonte: http://coletaneartesanal.files.wordpress.com/2008/01/anita2.jpg
PEDAGOGIA44
O primeiro contato do Brasil com a arte moderna ocorreu em uma
exposição de Lasar Segall em 1913, escandalizando o pequeno público
com suas telas. Mas, o que revolucionou a arte brasileira foi o que
aconteceu alguns anos depois, em 1917, com a exposição de Anita
Malfatti, causando polêmica em torno de suas obras expressionistas,
sendo duramente criticada por Monteiro Lobato. Entretanto, Anita
conseguiu com esse movimento reunir vários artistas que compuseram
o núcleo modernista brasileiro.
Fonte: http://www.estrategiaeanalise.com.br/admin/texto/imagem/tarsila.jpg
Figura 31 - Operários – Tarsila do Amaral
Em 1922, aconteceu em São Paulo a Semana de Arte Moderna,
com obras de Lasar Segall, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Oswaldo
de Andrade, Mário de Andrade, Heitor Villa-Lobos e vários outros. A
Semana foi o marco da transição do academicismo para o modernismo
no Brasil, onde os artistas deixaram o público enlouquecido com a
nova arte, pois não mais se retratava os momentos históricos, mas sim,
colocava-se em primeiro plano a imaginação do artista e sua forma de
ver o mundo, tendo neste período grande destaque os trabalhos de
Tarsila do Amaral.
Acompanhando as transformações da sociedade brasileira, a arte luta
por seu espaço. No ano de 1932 foi fundada a SPAM (Sociedade Pró-
Arte Moderna), tendo por objetivo aproximar a arte do público, através
de exposições, concertos, conseguindo alguns adeptos elitistas, porém,
a SPAM perdeu espaço, pois alguns artistas não aceitavam que a elite
FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 45
participasse, imaginando que em pouco tempo, de alguma forma, eles
conseguiriam acabar com o movimento modernista.
Em mais uma tentativa de expandir a arte, os artistas criaram o CAM
(Clube dos Artistas Modernos), expondo várias telas e apresentando
a peça teatral “Bailado do Deus morto”, censurada em sua terceira
apresentação, e o clube fechado pela polícia.
No caminho tortuoso e gradativo do Movimento Moderno, outro artista
de destaque foi Cândido Portinari, com sua obra “Café”. Preocupado
com as questões sociais, ele retratava em seus quadros a fome, a seca
e a pobreza, dando sua colaboração para que finalmente houvesse a
consolidação do Modernismo no Brasil.
Fonte: http://www.saber.cultural.nom.br/template/ArteBrasilEspeciais/fotos/
PortinariCandidoFoto03.jpg
Figura 32 - Café - Portinari
No final da década de 30, surgiram novos artistas
modernistas, vindos da classe trabalhadora, e
imigrantes que se reuniram e formaram no Rio
de Janeiro o Grupo Bernadelli e em São Paulo
o grupo Santa Helena, dos quais vários artistas
faziam parte, como: Clóvis Graciano, Alfredo
Volpi, Rebolo Gonzáles, Mário Zanini e Fúlvio
Pennacchi.
Figura 33 - Casa com bandeirinhas - Volpi
Fonte: www. vooz.com.br
PEDAGOGIA46
Esses artistas se reuniam para pintar e discutir sobre a arte, buscando o
aprimoramento técnico, levados pela paixão do fazer artístico, porém,
eram menos ousados do que seus antecessores, pintando paisagens e
naturezas-mortas, a partir da paisagem natural, opondo-se às regras
acadêmicas.
Vários artistas desses Grupos tiveram o reconhecimento de suas obras,
contudo o artista Volpi encontrou sua marca registrada com o motivo
bandeiras, mantendo a preocupação com as cores. Em 1953, Volpi e
Di Cavalcanti dividiram o Prêmio de Melhor Pintor Nacional da Bienal
em São Paulo.
Assim como em São Paulo e Rio de Janeiro, em outras regiões do país
a arte moderna demorou várias décadas para ser aceita pelo público,
conseguindo adesão de alguns artistas como: Aldemir Martins no
Ceará, Carlos Sciliar no Rio Grande do Sul, Carybé na Bahia e vários
outros, que colaboraram para a aceitação do modernismo no Brasil.
Depois de anos de pressão, a arte moderna conquistou no Rio de
Janeiro o espaço mais tradicional na pintura - o Salão da Escola de
Belas-Artes. Com isso, houve o reconhecimento de duas artes opostas
ocupando o mesmo espaço – o Modernismo e o Academicismo –
havendo com essa exposição o passo decisivo para a implantação e
aceitação da arte moderna no Brasil.
Surrealismo
Foi um movimento francês criado em 1924, que prega a ausência de
controles racionais e liberta os artistas da imposição dos movimentos
anteriores. Utiliza muitas imagens vindas da mente, do psíquico, dos
sonhos, a partir do subconsciente, em vez de olhar o mundo real.
O movimento surrealista foi baseado na teoria da psicanálise de
Sigmund Freud, e no consequente estudo científico do subconsciente.
Sobre o Surrealismo André (2000, p. 38) cita:
O surrealismo descobre formas que o consciente não
conhece. Tudo que o homem capta desde o princípio
de sua vida, inclusive no período pré-natal, está guar-
dado no seu inconsciente e contribui para a formação
de sua personalidade. Nada ficaria esquecido nesse
enriquecimento de vivências íntimas, muitas vezes
revelada na criação artística e acentuada de maneira
incisiva pelo surrealismo.
FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 47
Figuras como Salvador Dalí, René Magritte e Max Ernest tiveram
grande destaque nesse movimento, principalmente Dalí, artista que
tinha um estoque de fobias para representar em suas Obras.
Fonte: http://www.colegioweb.com.br/trabalhos-
escolares/biografias/salvador-dali/salvador-dali.html
Figura 34 - ESFINGE - Dalí Figura 35 - O Engano coletivo - Magritte
Fonte: Amanda. O livro de arte para criança
Segundo Strickland (1999, p.150), Salvador Dalí tinha:
Uma carga de medos irracionais alimentando a sua
arte, ele deixava uma tela ao lado da cama, olhava
bem para ela antes de dormir e, ao acordar, registrava
o que ele chamava de fotografias de sonhos pintado
à mão. Ele afirmava que cultivava intencionalmente
ilusões paranóicas a fim de ser um médium para o
irracional, mas que recuperava o controle conforme
sua vontade.
O surrealismo proporcionou aos estudiosos uma pesquisa mais
profunda das imagens do inconsciente, trazendo luz para a linguagem
não verbal do ser humano. Nessa tendência da arte moderna sentimos
sua aproximação com a arte das crianças e dos loucos.
As Artes visuais permitem uma comunicação eficaz entre a obra de arte
e o observador, pois ela o atinge sem a necessidade de uma explicação
dos fatos. Para criar, é necessário conhecer. O conhecimento das obras
e sua relação com diferentes contextos históricos mostram que ela é
flexível, passível de mudanças a cada momento, por isso é capaz de
transformar continuamente a existência.
PEDAGOGIA48
Arte Contemporânea – Pop Arte
Como reação a uma abstração radical cada vez mais alheia ao
espectador, nos anos de 1960 alguns artistas voltam à figuração com
imagens de objetos bem cotidianos e aplicando métodos do cinema,
da publicidade, televisão, jornais e revistas. A Pop Arte pretendia, desta
forma, refletir a vida urbana e converter em arte esta mesma vida.
A pintura de Andy Warhol era repleta de coisas super-reais que
bombardeiam nossa visão a cada dia. Embora sua intenção de
derrubar as fronteiras entre a vida e a arte não tenha tido sucesso,
grande parte da escultura e pintura posteriores é credora da Pop Arte.
Andy Warhol, é o representante mais conhecido da Pop Arte,
movimento que se originou na Inglaterra e floresceu nos Estados
Unidos. Essa arte busca explorar elementos da cultura de massa e
da sociedade de consumo, onde também expressava uma crítica ao
consumismo e ao capitalismo.
A técnica preferida de Warhol foi a serigrafia.
Figura 36 - 100 latas de sopa Campbell
Fonte: http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRaZRNS4XL
ogjuNOZZk3cYeZyai_LMF4aBobZyPuvLAvXgHykDNrjSABQ
FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 49
A obra mais conhecida e famosa de Warhol foram às latas de sopa
Campbell, garrafas de Coca-Cola, retratos de celebridades. “Se a arte
reflete a alma da sociedade, o legado de Warhol é nos levar a ver a
vida americana como repetitiva e despersonalizada”. (STRICKLAND,
1999, p.175).
Os caminhos da Música
Antes de tudo, música é a arte dos sons. O vento que assovia, o som
de gotas de chuva caindo sobre o telhado de zinco, o trovão que
amedronta, o barulho do escapamento do carro... Tudo isso são sons.
Para que essa matéria prima se transforme em música, é preciso que
a inteligência e sensibilidades humanas a reinventem. O ser humano
organiza os sons dando-lhes um ritmo, regulando sua duração e
intensidade, combinando-os em infinitas variações e, assim, faz arte,
cria música.
A origem da música se perde no tempo, escavações arqueológicas
mostram que, desde a pré-história, homens e mulheres já faziam
música. Fragmentos de instrumentos musicais e pinturas em cavernas,
contam-nos um pouco da música desde o período paleolítico. Nossos
antepassados produziam e organizavam sons, batendo as mãos e os
pés, usando pedras e lascas de madeiras, tronco de árvores, conchas,
chifres de animais e furando osso para fazer flautas.
Pelo estudo dos povos antigos ou das sociedades tribais, sabe-se
que nas culturas pré-históricas e também na cultura antiga a música
era considerada de origem divina e estritamente ligada à vida da
comunidade. Pelo estudo das sociedades tribais, que ainda hoje
existem, sabe-se que a música era e é considerada de origem divina,
fazendo parte integrante dos rituais de nascimento e morte, casamento,
cerimônias de plantio e colheita. A música era usada para fazer magia
e nas sessões de cura.
PEDAGOGIA50
Hoje, embora a música esteja presente o tempo todo
em nosso cotidiano a relação que temos com ela
mudou.Emgeral,aescutamospassivamenteenquanto
realizamos outras coisas. Não há envolvimento ou
escuta profunda. Poucos conservam o hábito de se
reunir para fazer música juntos.
A palavra música vem do grego mousike, em
homenagem ao deus Dionísio e a tantos outros, sendo
essas homenagens feitas sempre com acompanhamento
musical. Os gregos pintavam cenas de música nos seus
vasos, os principais instrumentos desenhados eram harpa ou lira, a qual
chamavam de cítana.
De acordo com a mitologia grega, a lenda de Orfeu é associado a uma das
mais belas artes de todos os tempos, isto é, a música. Vamos conhecê-la!
Orfeu era filho do deus Apolo e da ninfa Calíope; da figura
paterna ele herda uma lira que, uma vez tocada por suas
mãos, revela um canto tão primoroso que nada nem ninguém
consegue se manter imune a sua magia. Até as feras mais
selvagens amenizavam sua ira diante das notas extraídas
deste instrumento, que praticamente as hipnotizava. Mesmo
os arbustos cediam aos seus encantos.
O deus dos matrimônios, Himeneu, consagrou o amor
de Orfeu e Eurídice, mas não foi capaz de trazer boa sorte a
este relacionamento. Uma atmosfera de presságios inundou
esta união desde o início, o que se concretizou quando a
jovem, pouco depois, foi assediada por Aristeu, por sua
intensa beleza. Ao escapar de sua perseguição, ela esbarrou
em uma serpente e foi picada pelo réptil, o que provocou
sua morte.
Incapaz de aceitar este fato, Orfeu declara sua tristeza a
mortais e imortais, mas, nada obtendo, vai atrás de sua
amada no Inferno. Aí o amante, tocando sua lira, leva
Caronte a guiá-lo pelo mundo sombrio dos mortos, ao longo
do Rio Estige; entorpece Cérbero, o guardião das portas
infernais; seu doce lamento ameniza as torturas das almas
aí exiladas; e, diante de Hades, arranca lágrimas do próprio
soberano dos desprovidos de vida, o qual, diante dos apelos
Fonte: http://www.historiadaarte.com.br/imagens/CERAMICA.JPG
Figura 37 - Detalhe de um vaso grego
FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 51
da esposa Perséfone, permite que Orfeu atravesse os umbrais
desta região para buscar Eurídice, mas impõe uma cláusula
ao seu contrato verbal.
A jovem retornaria com Orfeu ao universo dos vivos,
desde que o amante não olhasse para sua amada até estar
novamente sob o Sol. Ele consegue resistir através de túneis
sombrios e difíceis de atravessar e, já estava quase chegando
à esfera iluminada quando, para ter certeza de que a esposa
estava logo atrás, espia por um instante a parte final do
caminho. Neste momento, Eurídice se transforma novamente
em um espectro, lança um último grito e parte para a esfera
dos mortos.
Orfeu é impedido de acompanhar a esposa e se desespera,
permanecendo sete dias ao lado do lago, em jejum. Ele
se converte em um ser devorado pela angústia e rejeita as
outras jovens; tenta sem sucesso esquecer sua grande perda.
Cansadas de serem menosprezadas, as Mênades, mulheres
furiosas, cortam seu corpo em pedaços e lançam sua cabeça
no Rio Hebrus.
As nove musas se compadecem de Orfeu e juntam seus
fragmentos, sepultando-os no Monte Olimpo. Agora no reino
dos mortos, o amante se reúne a Eurídice. No local em que
jaz seu corpo, afirmam que os rouxinóis entoam seu canto
de uma forma mais suave. As assassinas são punidas pelos
deuses, transformando-se em sólidos carvalhos.
http://www.infoescola.com/mitologia-grega/orfeu-e-euridice/
A mitologia grega é riquíssima, com deuses que são capazes de tudo
pelo amor.
Porém, sendo a música umas das mais antigas formas de expressão,
é importante relembrar que, por mais de dez séculos, durante um
período que compreende quase mil anos da história europeia e que
denominamos de Idade Média, a música, bem como outras linguagens
da arte, esteve submetida à religião, sedo utilizada na propagação da
fé e da doutrina cristã.
A música tem seu ponto alto com o canto gregoriano. Essa forma de
canto, chamada, corretamente, de cantochão ainda hoje é ouvida em
PEDAGOGIA52
igrejas ortodoxas católica. Canto simples em um único som, de textos
sagrados, possui melodia intensa, porém devota e serena.
Outros gêneros surgem no campo musical durante a Idade Moderna,
que se inicia por volta do Século XIII. Dentre eles, a sonata, a sinfonia,
corais, cantatas, óperas, além de danças nos salões aristocráticos e
gêneros populares tocados e dançados em praça pública.
O fazer musical, a partir do século XVIII, começa a definir seu caminho
rumo a autonomia, abrindo um campo privilegiado de possibilidades
inéditas como veremos na música brasileira.
A música saiu do plano principal e passou a ser música de fundo.
Com isso, muito do prazer que ela pode nos proporcionar se perde. A
qualidade estética, isto é, a capacidade de conhecer, fruir, imaginar e
participar, fica prejudicada.
Música brasileira
A cada época a música se transforma e assume uma forma peculiar,
diferente da praticada no período anterior, espelhando características
da sociedade e determinada maneira de ver o mundo.
Hoje, temos acesso a músicas de todas as épocas e muitos lugares.
Podemos escutar música do Japão, da Índia, da Islândia. Podemos
apreciar música que era apreciada na Idade Média durante o
Renascimento e a Idade Moderna. Compositores da chamada música
erudita, como os Alemães Beethoven, Bach ou o austríaco Mozart,
graças a facilidade da tecnologia continuam a encantar multidões.
No Brasil, costuma-se afirmar que a prática musical teve início logo
após o descobrimento, no entanto, que música faziam os índios que
habitavam o Brasil antes de ser descoberto? Cantavam e dançavam
em grupo, músicas próprias, como membros de uma sociedade tribal.
Essa música, porém, nem chegou a ser considerada pelos colonizadores
que deram início a catequese dos meninos índios, ensinando músicas
europeias e fazendo com que esquecessem a própria tradição.
FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 53
Mas, em outros espaços mais distantes dos colégios jesuítas, durante
os dois primeiros séculos de colonização, as práticas dos cantos dos
rituais indígenas permanece. Tornam-se também comuns os batuques
dos negros, que se somam à música dos europeus. O período colonial
mostra grande riqueza na produção de música religiosa, destacando-se
nomes como o do Padre José Maurício e André da Silva Gomes.
Por volta de 1870, na cidade do Rio de Janeiro havia reuniões de
músicos (saraus). Eles começaram a moldar uma forma diferente
de tocar e compor, originando a música popular brasileira. Aqueles
músicos tiveram uma grande influência das valsas, xotes, modinhas,
ritmos mais acelerados de inspiração africana, resultando no samba.
Ao longo dos anos foram criados outros ritmos regionais como o frevo,
o maracatu, o baião, o fandango etc.
Na época do império, com a chegada da família real ao Brasil, em
1908, a música torna-se, predominantemente urbana, nas duas
principais cidades coloniais - Rio de Janeiro e Salvador. Ferraz e Fusari
(2010, p. 133) afirmam:
A facilidade e a disposição do negro para a música
eram incontestáveis, demonstrando quase sempre
grande aptidão para manejar instrumentos musicais e
entoar os cantos dos brancos. É preciso que se entenda
a situação cultural da época para compreender como
a alguns negros foi permitido participar das atividades
musicais dos brancos: afastada como estava a corte
portuguesa de sua terra e deslocada, de repente, para
o Brasil provinciano sem vida cultural e atrasado,
era necessário formar-se um ambiente parecido com
o que tinha, para tanto, aproveita o negro também
como músico.
Com a fusão de elementos indígenas, negros e portugueses, torna-se
manifestação de caráter popular. As obras europeias são tão tocadas
quanto as modinhas e lundus. É o início de uma expressão musical
brasileira que se caracteriza como nossa por ser mestiça. No final do
século, desponta a primeira mulher brasileira compositora: Chiquinha
Gonzaga.
No início do século XX, destacam-se Mário de Andrade, estudioso do
nosso folclore que além de músico era escritor, e Heitor Villa – Lobos, que
trouxe para a música clássica a força e originalidade dos temas populares.
Figura 38 - Chiquinha
Gonzaga aos dezoito
anos
Fonte: jpg - upload.wikimedia.
org/.../8/80/Chiquinha_6a.jpg jpg
PEDAGOGIA54
Ambos têm grande papel na difusão da cultura e da música brasileira,
o que, naquele momento, representa a afirmação da identidade da
Nação. Com essa preocupação pesquisadores e compositores percorrem
o Brasil, buscando resgatar sua música e suas tradições.
Em 1922, organiza-se em São Paulo a Semana de Arte Moderna,
liderada por artistas que querem colocar o Brasil entre os mais
avançados países do mundo em matéria de música contemporânea.
Na música os maiores nomes do modernismo são Mário de Andrade
e Villa-Lobos.
Na mesma época o choro se populariza, sendo tocado em bailes ou
conjuntos constituídos por flautas, clarineta, violão e cavaquinho,
junto com polcas, maxixes e lundus, de características cada vez mais
brasileiras.
Entre os compositores populares dessa época, destacam-se Ernesto
Nazareth e Pixinguinha.
No final dos anos 20, surge o grande marco da história da música
popular - o rádio, primeiro veículo de comunicação de massa, em
muitos aspectos, responsável pela expansão da música popular.
Em 1930 inicia-se a chamada época de ouro da MPB, que se prolonga até
1945, com o aparecimento de Noel Rosa, Ari Barroso, Dorival Caymmi e
de intérpretes que, graças ao rádio, tornaram-se conhecidos e aclamados
por todo o país: Carmen Miranda, Orlando Silva e Silvio Caldas.
Nos anos 40, na música popular surge o Baião, verdadeira febre
nacional, graças ao sanfoneiro e compositor Luis Gonzaga, o maior
divulgador do gênero, e ampla difusão permitida pelo rádio. Na década
de 50, assume o primeiro lugar no gosto popular o samba-canção com
os cantores Dick Farney, Lúcio Alves e Maisa.
Outro marco da música brasileira é a bossa nova, no final da década de
50 e início da de 60, sendo importante movimento musical e divisor de
águas entre o velho e o novo estilo popular. Destacam-se Tom Jobim,
João Gilberto e o poeta Vinicius de Moraes, que inovam na harmonia,
no ritmo, na melodia e nas letras criadas pelo poeta (muito despojadas
e diretas) num estilo aderido ao jazz norte americano e diferente do
FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 55
samba-canção dos anos anteriores. Na mesma época, o movimento
musical de vanguarda brasileiro alia-se aos poetas concretistas, criando
músicas de padrões diferentes dos encontrados tanto na música erudita
quanto na popular. O importante é a busca de novas sonoridades e a
palavra de ordem é quebrar tradições, desmanchar o velho e inovar.
Surge, então, a televisão, importante veículo de comunicação de
massa, que irá, ao longo do tempo, firmar-se cada vez mais, invadindo
a sala da família brasileira de modo irreversível. Inaugura-se a era
dos festivais, amplamente divulgados pelo novo veículo, mostrando
a nova geração de compositores e intérpretes: Chico Buarque, Edu
Lobo e Elis Regina.
Caetano Veloso, Gilberto Gil e Tom Zé criaram, no final dos anos 60,
um movimento de nome Tropicália, que introduziu na música popular
o uso da guitarra elétrica e, mais tarde, deu origem ao rock e ao pop
nacionais, que têm sua grande fase nos anos 80, com o aparecimento
dos grupos Barão Vermelho, Titãs e dos intérpretes Cazuza e Lobão.
Rita Lee, embora já estivesse cantando há tempos, adere ao novo
modelo. Outro fenômeno importante é a adesão ao grupo tropicalista
dos artistas radicais de vanguarda da década anterior; entre eles o
compositor e arranjador Rogério Duprat.
Hoje, ocorre uma visível tendência à uniformização, em que as
diferenças e peculiaridades de cada localidade, estado ou grupo social
mostram-se atenuadas ou mesmo desaparecem. No entanto, o Brasil
continua a mostrar rica tradição musical que, em cada região, assume
aspectos diferentes e originais, demonstrando a boa fase criativa da
música brasileira.
Os caminhos do Teatro
O teatro vem se modificando durante os séculos, mas sempre esteve
presente em representações religiosas das mais antigas civilizações
ocidentais e orientais. Na Índia, por exemplo, desde o século XVI a.C.,
o teatro religioso já existia. No Egito, se faziam representações, cujos
PEDAGOGIA56
temas centrais eram a ressurreição de Osíris. Além disso, o ato de viver
papéis e representar falas não é uma exclusividade do grego, mas
espontâneo do ser humano.
Será que você, durante as brincadeiras infantis, já fingiu
ser a Branca de Neve ou a Emília do Sítio do Pica-
pau Amarelo? Ou mesmo, depois de adulto, quantas
vezes não representamos sentimentos e expressões que
não estamos sentindo? Reflita: Durante o dia de hoje,
quantas vezes já representou, atuou?
O teatro grego era feito por um coro de pessoas que representavam o
texto. Téspis, o primeiro ator, que fazia parte de um coro de teatro, por
volta de 545 a.C., teve a ideia que mudaria os rumos do teatro: ele se
colocou como personagem no texto, que era representado inicialmente
apenas na 3ª pessoa, criando o papel de hypókrites (respondedor)
e mais tarde ator. A mulher era proibida de atuar, pois nenhum
homem admitia ver sua esposa ou suas filhas sendo “observadas” por
outros homens, ou seja, os atores também representavam os papéis
femininos, para isso eles usavam as máscaras, podendo ser qualquer
coisa, independentemente do sexo ou da classe social.
Surgem os textos de tragédia e comédia grega. Na tragédia, que era um
modo, um estilo de escrever histórias, no final, o herói quase sempre
morria e os temas eram geralmente ligados a questões de lei e justiça.
Servia como memória, pois resgatava a história do seu povo.
A comédia grega se diferencia da tragédia por três aspectos. Seus
personagens, geralmente, são pessoas comuns, do povo e até mesmo
bichos, os finais sempre são felizes e sua finalidade é provocar o riso
no espectador.
Qual será o gênero teatral que você mais gosta?
Os gregos do século IV a.C. tinham verdadeira paixão por seu país,
mas adoravam guerrear, assim, o império grego foi se desfazendo
lentamente, dando espaço para o crescimento do império romano,
que herdou muitas características do teatro grego.
FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 57
O teatro em Roma foi se desenvolvendo a ponto de sentirem a
necessidade de um espaço permanente para as apresentações. Durante
os jogos e as festas religiosas os teatros eram montados e desmontados
e feitos de madeira. Isso mudou com a construção de um teatro feito
por um oficial chamado Pompeu. Esse tornou-se o primeiro teatro
feito em pedra, abrindo caminho para a construção de outros teatros.
O anfiteatro Coliseu, que hoje é uma das principais atrações turísticas
de Roma, ficou conhecido inicialmente como Anfiteatro Flaviano; o
nome Coliseu só surgiu mais tarde. Tinha capacidade para receber 50
mil pessoas, e a construção durou oito anos.
Durante quase mil anos não se falou em teatro, tornando-se nessa
época uma arte profana, quer dizer, fazer teatro era considerado um
pecado. Segundo Feist (1996, p. 52):
A igreja cristã, na época da Roma Antiga, ainda não
existia de fato. Eram poucos os cristãos que se revela-
vam, e os que o faziam eram perseguidos e mortos. So-
mente em 324 anos depois da morte de Cristo, quando
o imperador Constantino se converte ao cristianismo,
a religião cristã é oficializada em Roma. A partir daí,
se começa a criar uma oposição enérgica ao teatro por
diversas razões. Podemos destacar algumas: por mais
300 anos, os atores cômicos, em seus espetáculos, rid-
icularizavam os cristãos. Além disso, durante o reinado
do imperador Flávio Domiciano, ele ordenou, para tor-
nar mais real a representação de uma peça, que o ator
que fazia o papel de um bandido fosse substituído por
um cristão, e este fosse despedaçado de verdade por
animais selvagens, começando assim uma terrível ma-
tança que os cristãos jamais esqueceriam: a pressão da
igreja, tão grande contra qualquer tipo de teatro.
Aos poucos, as representações vão retornando aos palcos teatrais.
A partir do momento em que as apresentações sacras foram para as
ruas, seu caráter religioso foi sumindo, principalmente porque foram
sendo introduzidos, de maneira gradual, elementos da vida cotidiana.
O “diabo” que nas primeiras representações da igreja aparecia com
uma figura terrível, ao fim da Idade Média se transformou num
personagem engraçado. Esse processo de humanização do diabo
marcou a decadência do teatro medieval, ao fim do século XVI. O
teatro moderno, que iria nascer então, desenvolveria exatamente
temas que eram proibidos pela Igreja da Idade Média: o amor e as
paixões humanas.
Fonte: http://www.destinosdevia gem.
com/wp-content/gallery/roma/coliseu-
de-roma.jpg
Figura 39 - Coliseu
PEDAGOGIA58
Willian Shakespeare viveu plenamente a vida do seu tempo. É
considerado o autor teatral mais importante do Ocidente. Além de
retratar em suas peças a vida humana, resgatou, em seus textos,
histórias da própria Inglaterra. São tantas as suas peças importantes,
que se transformaram em filmes, tais como: Hamlet, Romeu e Julieta,
Otelo, A megera domada, O mercador de Veneza etc.
Bertold Brech entendia o teatro como uma forma de denunciar
os problemas sociais, por isso, transforma os temas meramente
dramáticos, profanos ou religiosos em momentos de reflexão sobre os
acontecimentos da época.
Brech era totalmente contra o sistema capitalista e deixava visível
em suas apresentações, onde o espectador deixa de ser meramente
o receptor e passa a problematizar os temas, por isso, acredita- se
que, nesse período, nasce a Pedagogia do Teatro, com a intenção de
esclarecer a sociedade para os fatos, de forma didática.
Teatro Brasileiro
A arte de representar, de contar histórias, não faz parte só do “mundo
civilizado”, os índios também tinham seus rituais religiosos em que
cantavam, dançavam e até faziam espetáculos de marionetes. Os jesuítas,
principalmente Anchieta, perceberam através dessas demonstrações de
teatralidade dos indígenas, que o teatro poderia ser utilizado das mais
diversas formas para catequizar os nativos dessa terra.
Os primeiros teatros do Brasil foram os pátios das escolas, das
praças públicas e o interior das igrejas. Diferentemente do teatro na
Idade Média, aqui as representações podiam ser feitas por mulheres,
geralmente índias e mestiças, só que em 1787, a rainha Dona Maria I
(a louca), cria uma lei que proíbe as mulheres de representar, mas a lei
só durou três anos.
O teatro, até então era feito apenas pelo povo, até que a família real
chega ao Brasil e, imediatamente, o rei D. João VI incrementa as artes
para que pudesse ter diversão.
FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 59
A partir daí, o teatro no Brasil vem se tornando conhecido
mundialmente, principalmente nos anos 40, com o escritor Nelson
Rodrigues, considerado o maior autor teatral brasileiro de todos os
tempos. Suas peças são montadas regularmente e quase todas já
viraram filmes de cinema e série de televisão. Seus principais textos
são: Anjo negro, Beijo no asfalto, Toda nudez será castigada e Vestido
de noiva.
Hoje, temos o teatro brasileiro respeitado em todo o mundo. Nossos
atores são premiados no exterior e os textos teatrais montados por
outros países. Mas, será que você conhece o teatro do seu estado, ou
da sua cidade? É preciso que se incentive essa produção, assistindo a
espetáculos, lendo e procurando cada vez mais se inteirar da cultura
do país.
Já em 64, com o Golpe Militar, as dificuldades aumentam para diretores
e atores de teatro. A censura chega avassaladora, fazendo com que
muitos artistas tenham de abandonar os palcos e exilar-se em outros
países.
Restava às futuras gerações manterem vivas as raízes já fixadas, e dar
um novo rumo ao mais novo estilo de teatro que estaria pôr surgir.
Observe o que esclarece Peixoto (1997, p. 45):
[...] São infindáveis as tendências do teatro contem-
porâneo. Há uma permanência do realismo e parale-
lamente uma contestação do mesmo. As tendências
muitas vezes são opostas, mas frequentemente se in-
corporam umas as outras [...]
O teatro do oprimido ou T.Op
Principal mentor da técnica do teatro do oprimido, Augusto Boal,
teatrólogo carioca, tinha em mente a popularização do teatro, onde
podia ser praticado por pessoas desprovidas de formação teatral, uma
vez que encerra o potencial de aproximar as pessoas de sua realidade
cotidiana.
PEDAGOGIA60
Boal procura uma poética da conscientização e da libertação, um
teatro “que já não delegue poderes aos personagens, nem para que
pensem, nem para que atuem no seu lugar. O espectador se libera:
pensa e age por si mesmo!” (Ibid,1991, p.169).
As técnicas do Teatro do Oprimido se sustentam no aporte teórico
da pedagogia libertária de Paulo Freire, que coloca como ponto de
partida a problematização do diálogo. Para Freire (1977, p. 25):
O conhecimento deve ‘percorrer os caminhos da práti-
ca, e nesse percurso‘se dá’ a reflexão através do corpo
humano que está resistindo e lutando, e [portanto]
aprendendo e tendo esperança’. Segundo Freire a
práxis da educação popular reavalia as categorias dos
processos de ensino-aprendizagem, favorecendo uma
reorganização espaço-temporal centrado no corpo hu-
mano.
Para conhecer melhor a trajetória do teatro, leia, a seguir, os versos de
Crispiniano Neto.
O teatro passou por muito plano
Desde os dramas primeiros das cavernas,
E da Grécia, que as obras são eternas;
Pão e circo do Império Romano
Renascença e o Elisabetano
O Teatro do sonho em romantismo
A dureza feliz do realismo
E o Teatro de Brecht, do oprimido,
E o Teatro de Rua, esquecido,
Mas lutando com grande idealismo!
Sem palco, sem luz e sem cortina
Sem poltrona, sem camarote e frisa
O teatro de rua realiza
Este sonho que o povo descortina
Ter na arte da alma nordestina
FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 61
Expressões da verdade que se dia
Alegria, Alegria, palma e bis
Da beleza e da graça em mil matizes
Retornando o teatro às raízes
Do projeto do povo ser feliz
Quero ver par o povo, voz e vez
A farinha, o poema e o feijão,
O saber, o sabor e a emoção
A semente, o terreno e o boi-de-reis
O salário e a películas trinta e seis
Mão na maquina com o pé, depois sambando
É o teatro de rua penetrando
Nos umbrais da parede da memória
Rejuntando os tijolos da história
Recompondo a canção e caminhando!
E o teatro folclórico do Brasil
Das Cheganças, Fandangos e Reisados.
Os cordões dos azuis e encarnados
As disputas do nosso Pastoril,
O Cangaço do rifle e do fuzil
É lembrado nos palcos do Sertão
Jesus Cristo na cruz, que é “A Paixão”,
João ou José que se chama miolo de boi
As estórias de Grilo e Pedro Quengo
E casamento Matuto no São João!
PEDAGOGIA62
Amadeus (1984)
Sinopse: Após tentar se suicidar, Salieri (F. Murray Abraham) confessa
a um padre que foi o responsável pela morte de Mozart (Tom Hulce)
e relata como conheceu, conviveu e passou a odiar Mozart, que era
um jovem irreverente mas compunha como se sua música tivesse sido
abençoada por deus (http://www.adorocinema.com/filmes/amadeus/).
Direção: Milos Forman
Gênero: Drama
Elenco: F. Murray Abraham, Tom Hulce, Elizabeth Berridge, Simon
Callow, Roy Dotrice, Christine Ebersole, Jeffrey Jones, Charles Kay,
Kenny Baker, Lisabeth Bartlett, Barbara Bryne, Martin Cavina,
Roderick Cook, Milan Demjanenko, Peter Digesu.
Pollock (2000)
Sinopse: Em agosto de 1949, a revista life publicou em sua capa
uma manchete dizendo: “Jackson Pollock: será ele o maior artista
vivo dos estados unidos?”. Já conhecido no mundo da arte de Nova
York, Pollock agora passava a ser conhecido nacionalmente como a
primeira celebridade americana no mundo das artes plásticas e seu
estilo corajoso e radical de pintura ditava os rumos da arte moderna.
Mas os tormentos que atingiam Pollock em toda sua vida e que o
ajudaram no início de carreira a criar sua arte original começaram a
afligi-lo cada vez mais. Lutando contra si mesmo, Pollock entrou então
numa espiral decadente que fez com que destruísse seu casamento,
sua promissora carreira e sua própria vida. (http://www.adorocinema.
com/filmes/pollock/).
Direção: Ed Harris
Gênero: Drama
Elenco: Ed Harris, Marcia Gay Harden, Amy Madigan, Jennifer
Connelly, Jeffrey Tambor, Bud Cort, John Heard, Val Kilmer, Tom
Bower, Robert Knott, David Leary, Julie Anna Rose.
FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 63
Camille claudel (1998)
Sinopse: Em Paris, em 1885, a jovem escultora Camille Claudel entra
em conflito com sua família burguesa ao tornar-se aprendiz e, depois,
assistente do famoso Auguste Rodin. Quando ela se transforma
em amante do mestre (que já era casado), cai em desgraça junto à
sociedade parisiense, embora tenha amigos do porte do compositor
Claude Debussy. Depois de quinze anos de tortuoso relacionamento
com Rodin, Camille rompe o romance e mergulha cada vez mais
na solidão e na loucura. Por iniciativa de seu irmão mais novo, o
escritor Paul Claudel, é internada em 1912 num manicômio (http://
www.interfilmes.com/filme_17725_camille. Claudel-%28camille.
claudel%29.html).
Direção: Bruno Nuytten
Gênero: Drama
Elenco: Isabelle Adjani, Gérard Depardieu, Laurent Grévill, Alain
Cuny, Madeleine Robinson, Katrine Boorman, Danièle Lebrun, Aurelle
Doazan, Madeleine Marie, Maxime Leroux, Philippe Clévenot, Roger
Planchon, Flaminio Corcos, Roch Leibovici, Gérard Darier.
O Corcunda de Notre-dame (1997)
Idade Média, Paris. O corcunda Quasímodo (Mandy Patinkin) mora
em uma das torres da catedral Notre Dame. Isolado e incompreendido
pelo povo da época, ele se esconde do mundo, vivendo como um
pária. Durante um passeio pelo mundo exterior, ele se apaixona
pela cigana Esmeralda (Salma Hayek), uma jovem perseguida pelo
sacerdote Dom Frollo (Richard Harris).
http://www.adorocinema.com/
busca/?q=corcunda+de+notre+dame+-+filme
Direção: Peter Medak
Elenco: Salma Hayek, Mandy Patinkin, Richard Harris mais
Gênero: Drama, Terror, Romance
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  • 1. Maria risolange tavares de oliveira FUnDAMenTOS e MÉTODOS De enSInO DA ARTe são lUís 2013
  • 2. Oliveira, Maria Risolange Tavares de. Fundamentos e métodos do ensino da arte / Maria Risolange Tavares de Oliveira. - São Luís: UemaNet, 2013. 148 p. 1. Arte. 2. Ensino. I. Título. CDU: 37.016:7 Edição Universidade Estadual do Maranhão - UEMA Núcleo de Tecnologias para Educação - UemaNet Coordenadora do UemaNet Profª. Ilka Márcia Ribeiro de Sousa Serra Coordenadora de Designer Educacional Profª. Maria de Fátima Serra Rios Coordenadora do Curso de Pedagogia, a distância Profª. Heloísa Cardoso Varão Santos Responsável pela Produção de Material Didático UemaNet Cristiane Costa Peixoto Professora Conteudista Maria Risolange Tavares de Oliveira Revisão Ane Beatriz Duailibe Lucirene Ferreira Lopes Diagramação Josimar de Jesus Costa Almeida Luis Macartney Serejo dos Santos Tonho Lemos Martins Designer Gráfico Aerton Oliveira Annik Azevedo Helayny Farias Rômulo Santos Coelho Governadora do Estado do Maranhão Roseana Sarney Murad Reitor da uema Prof. José Augusto Silva Oliveira Vice-reitor da Uema Prof. Gustavo Pereira da Costa Pró-reitor de Administração Prof. José Belo Salgado Neto Pró-reitora de Extensão e Assuntos Estudantis Profª. Vânia Lourdes Martins Ferreira Pró-reitor de Graduação Prof. Porfírio Candanedo Guerra Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação Prof. Walter Canales Sant’ana Pró-reitor de Planejamento Prof. José Gomes Pereira Diretora do Centro de Educação, Ciências Exatas e Naturais - CECEN Profª. Andréa de Araújo Universidade Estadual do Maranhão Núcleo de Tecnologias para Educação - UemaNet Campus Universitário Paulo VI - São Luís - MA Fone-fax: (98) 2106-8970 http://www.uema.br http://www.uemanet.uema.br Central de Atendimento http://ava.uemanet.uema.br e-mail: comunicacao@uemanet.uema.br Proibida a reprodução desta publicação, no todo ou em parte, sem a prévia autorização desta instituição.
  • 3. UNIDADE 1 A ARTE E SEUS CONCEITOS ..................................................... 15 PERCURSO HISTÓRICO DAS LINGUAGENS ARTÍSTICAS ....... 17 Os caminhos das Artes Visuais ...................................................... 18 Os caminhos da Música ................................................................ 49 Os caminhos do Teatro ................................................................. 55 UNIDADE 2 ENSINO DA ARTE NO BRASIL ................................................... 67 O positivismo e a escola tradicional .............................................. 71 O Romantismo e a Escola Nova ................................................... 74 O Liberalismo e a Escola Tecnicista .............................................. 80 Abordagem Triangular: lendo e relendo ........................................ 84 UNIDADE 3 O ENSINO DA ARTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL E SUAS LINGUAGENS ARTÍSTICAS ....................................................... 95 Artes visuais ................................................................................. 95 Teatro .......................................................................................... 110 Música ......................................................................................... 120 Dança .......................................................................................... 127 SUMÁRIO
  • 4. UNIDADE 4 Prática docente no ensino da arte ............................. 135 Processo avaliativo nas aulas de arte ........................................... 139 REFERÊNCIAS ........................................................................... 145
  • 5. ícones Orientação para estudo Ao longo desta apostila serão encontrados alguns ícones utilizados para facilitar a comunicação com você. Saiba o que cada um significa. PENSE SUGESTÃO DE FILMES ATIVIDADES SAIBA MAIS ATENÇÃO
  • 6.
  • 7. APRESENTAÇÃO Nesse fascículo propomos analisar os caminhos percorridos pela História da Arte, de como e quando a Arte passou a fazer parte do contexto da sala de aula, observando e discutindo os benefícios que este tipo de ensino proporciona ao aluno, além de avaliar novas metodologias para trabalharmos com essa disciplina na escola. Quando falamos de Arte no Brasil, o que primeiramente nos vem à mente é a nossa formação, iniciada pelos Jesuítas que, quando aqui chegaram para catequizar os índios, já utilizavam a Arte através das músicas, representações teatrais e imagens para encantar os nativos com quem viam e ouviam. Imaginamos a Arte como algo peculiar a nossa formação, mas, no entanto, somente a partir do ano de 1971, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a arte é incluída no currículo escolar como “atividade educativa” e não como disciplina capaz de ser ensinada e aprendida. Depois de muito se discutir sobre a importância da Arte na formação escolar da criança, em 1996, com a Lei nº 9.394/96, a Arte é considerada componente curricular obrigatório na Educação Básica, dando um salto qualitativo, para que fosse revisto tudo o que acontecia até então como arte na escola. A elaboração dos PCN’S Arte tem como objetivo principal orientar os professores a desenvolver a Arte no ambiente escolar. As universidades incluíram no Curso de Licenciatura em Pedagogia a Metodologia do ensino da Arte, para que os centros acadêmicos debatessem possibilidades de melhorias desse ensino no espaço escolar.
  • 8. No ensino da Arte não existe receita pronta ou uma única maneira de ser trabalhada, mas existe a proposta da apreciação/leitura, contextualização e do fazer artístico da obra estudada, que deve ocorrer dentro das quatro linguagens artísticas: Teatro, Música, Dança e Artes Visuais, como possibilidade de “alfabetizar” o aluno também em Arte. Na primeira unidade deste fascículo, resolvemos fazer um passeio pelos caminhos históricos da arte desfrutando das suas belezas e riquezas, analisando e conhecendo sobre os movimentos artísticos que muito auxiliaram para o desenvolvimento da arte nas quatro linguagens artísticas, não nos apegamos a dados cronológicos, mas, viajamos pelos principais movimentos que fazem parte da história mundial e brasileira. Na segunda unidade, estudaremos a História do Ensino da Arte, por considerar que este olhar à história possibilita ao professor, especialmente, da Educação Infantil e Fundamental, a oportunidade de refletir sobre sua formação em muitos casos incipientes na área de Arte, para que o docente possa, a partir desses dados, reinventar suas práticas nesta área de conhecimento. Na terceira unidade, apresentaremos as metodologias utilizadas em cada uma das linguagens, apresentando algumas ideias com o intuito de incentivar a modificação do ensino da Arte na escola, para que o professor possa elaborar melhor sua proposta pedagógica, incluindo a Arte como conhecimento científico no espaço escolar. Na quarta unidade, abordaremos a prática docente, fazendo referência ao professor que tem necessidades concretas de reconstruir seu repertório de conhecimento em Arte e dialogar, junto a esse educador a melhor forma de avaliar o aluno. Posteriormente, indicaremos algumas sugestões de atividades teóricas e práticas, como forma de avaliar o conhecimento adquirido pelos alunos ao longo das aulas. Finalmente, deixaremos sugestões de leituras e alguns filmes, para orientar os alunos a novas possibilidades de estudos. Profª. Esp. Maria Risolange T. de Oliveira
  • 9. INTRODUÇÃO ARTE/EDUCAÇÃO: contribuição da arte para a educação Certa vez, eu, Chuang Tzu, sonhei que era uma borboleta voando alegremente aqui e ali, gozando a vida sem saber quem era. De repente, acordei e então eu era visivelmente Chuang Tzu. Estaria Chuang Tzu sonhando que era uma borboleta, ou estaria a borboleta sonhando que era Chuang Tzu? (Chung Tzu) Nesse poema, Chuang Tzu nos apresenta a existência da homogeneidade entre o homem e a natureza e entre o sonho e a realidade. Quando não conseguimos distinguir entre o sujeito e o objeto, entre o observador e a coisa observada, entre o autor e a obra, é porque tudo se integra na mesma unidade. Assim, ocorre com a Arte e a Educação, pois, em todos os meios artísticos existentes, a educação está inserida, ou seja, conseguimos aprender através da Dança, da Música, da Xilogravura, do Cinema, das Telas, dos Espetáculos teatrais... não havendo restrição para esse aprendizado.
  • 10. Segundo Andrés (2000, p. 145): Uma educação que visa apenas o acúmulo de conhecimento ou a repetição de conceitos do passado seria uma educação fragmentada. Não atingiria o desenvolvimento da criança sob todos os seus múltiplos aspectos. O acúmulo de conhecimentos teóricos, não vivenciados, permite apenas uma visão parcial do problema. Para haver compreensão total, é necessário viver o aprendizado e percebê-lo de forma global. Já que estamos falando da necessidade do educando vivenciar o aprendizado, leia atentamente o texto abaixo e analise com qual desses tipos de professores você teve que conviver e “aprender”. O Menininho Era uma vez um Menininho. Ele era bastante pequeno. E ela era uma grande escola. Mas, quando o Menininho descobriu que podia ir à sua sala, caminhando através da porta da rua, ele ficou feliz. E a escola não parecia mais tão grande quanto antes. Uma manhã, quando o menininho estava na escola, a professora disse: – Hoje nós iremos fazer um desenho. Que bom! – pensou o menino. Ele gostava de fazer desenhos. Ele podia fazê-lo de todos os tipos: tigres, leões, galinhas, vacas, trens e barcos; ele pegou sua caixa de lápis e começou a desenhar. Mas a professora disse: – Esperem! Ainda não é hora de começar! E ela esperou que todos estivessem prontos. – Agora! Disse a professora. – nós iremos desenhar flores. Que bom! – Pensou o menininho. Ele gostava de desenhar flores e começou a desenhar flores com seu lápis rosa, laranja e azul. Mas a professora disse: - Eu vou mostrar como fazer!
  • 11. E a flor era vermelha, com caule verde. – Assim, disse a professora. – Agora podem começar. Então ele olhou para a sua flor. Ele gostava mais da sua flor, mas não podia dizer isto. Ele virou o papel e desenhou uma flor igual a da professora. Era vermelha com o caule verde. Num outro dia, quando o menininho estava em aula ao ar livre, a professora disse: – Hoje iremos fazer alguma coisa com o barro. Que bom! – Pensou o menininho. Ele gostava de barro. Ele podia fazer todos os tipos de coisas com o barro: elefantes, camundongos, carros e caminhões. E ele começou a juntar e a amassar a sua bola de barro. Mas a professora disse: – Esperem, não é hora de começar. E ela esperou até que todos estivessem prontos. – Agora! Disse a professora, nós iremos fazer um prato. Que bom! – Pensou o menininho. Ele gostava de fazer pratos de todas as formas e tamanhos. A professora disse: – Esperem! Vou mostrar como se faz. E ela mostrou como fazer um prato fundo. – Assim! Disse a professora, agora vocês podem começar. O menino olhou para o prato da professora. Então olhou para o seu próprio prato. Ele gostava mais do seu prato de que do prato da professora. Mas ele não podia dizer isso. Ele amassou o seu barro numa grande bola, novamente, e fez um prato igual ao da professora. Era um prato fundo. E muito cedo o menininho aprendeu a esperar e a olhar e fazer as coisas exatamente como a professora. E, muito cedo, ele não fazia coisas por si próprio. Então, aconteceu que o menininho e sua família se mudaram para outra casa, em outra cidade, e o menininho tinha que ir para outra escola. Esta escola era ainda maior que a primeira. E não havia porta da rua para a escola. Ele tinha que subir grandes degraus, até a sua sala. E no primeiro dia, ele estava lá, a professora disse:
  • 12. – Hoje nós vamos fazer um desenho! – Que bom! – Pensou o menino, e ele esperou que a professora dissesse o que fazer. Mas a professora não disse nada. Ela apenas andava na sala. Veio até o menininho e disse: –Você não quer desenhar? – Sim, disse o menino, o que é que vamos fazer? – Eu não sei até que você o faça, disse a professora. – Como eu posso fazê-lo? Perguntou o menininho. – Da maneira que você gostar! Disse a professora. – E que cor? – Perguntou o menino. – Se todo mundo fizer o mesmo desenho e usar as mesmas cores, como eu posso saber quem fez o quê? E qual o desenho de cada um? – Eu não sei, disse o menininho. E ele começou a desenhar uma flor vermelha com caule verde. (Autor desconhecido) Será que você teve uma aula de arte ministrada dessa forma? Onde a primeira professora levada pela Pedagogia Tradicional exige que os alunos façam sempre o que ela quer, sem valorizar os conhecimentos prévios dos estudantes? Ou como a segunda professora, que deixa o aluno livre para fazer da forma que quiser, sem dar subsídios artísticos e teóricos para que ele produza arte? Qual seu ponto de vista sobre as duas professoras? Elas estão contribuindo para o crescimento artístico e estético dos alunos? Será que a arte feita dessa forma auxilia na educação dos educandos? A Arte/Educação deve ser pensada dentro da escola como grande colaboradoraefacilitadoraparaummelhoraprendizadodosconteúdos. Para Barbosa (2005, p. 98): “Arte/Educação é a mediação entre arte e público e, ensino da Arte é compromisso com continuidade e/ou com currículo quer seja formal ou informal”. A arte capacita um homem ou uma mulher a não ser estranho em seu meio ambiente, um estrangeiro em seu próprio país; mas, para que o sujeito supere seu estado de despersonalização, sendo inserido no
  • 13. lugar ao qual pertence, é preciso que o conhecimento produzido na escola não seja artificial ou autoritário, deve considerar os sistemas de crenças, avaliação, crítica do mundo, o fazer e o pensar das diversas culturas minoritárias dos alunos. O saber não pode partir de um sistema hegemônico (dominante), enquanto que o conhecimento construído no grupo, na esquina (fora da escola) seja deixado em segundo plano como pano de fundo da educação. Nesse sentido, o ensino da Arte não pode apenas referendar o acesso a arte instituída socialmente como “consagrada” em seus espaços especialmente reservados, ao que há de melhor nos museus, teatros e nas salas de cinemas etc. A visão multicultural em arte deve buscar o acesso do aluno ao conhecimento da arte também considerada fora dos limites desses espaços sagrados. Dessa forma, podemos encontrar nas obras dos artistas, histórias de lutas sociais e batalhas individuais em busca de sua afirmação como ser participante de uma sociedade. Como a criança o Desenho, o Teatro, a Dança e a Música funcionam como jogo simbólico, ou seja, o faz de conta que tanto ajuda no desenvolvimento infantil. Pupo (1991, p. 2-3) descreve como ocorre esse jogo: Por volta de dois anos de idade, a criança começa a ser capaz de agir ‘como se’, ou seja, ela assume o pa- pel de um ser animado ou inanimado, existente na re- alidade ou fictício, diferente dela. Da mesma maneira, pode fazer de conta que seu avião está levantando voo, ao fazer correr um cinzeiro pelo chão. Jean Piaget estuda o faz de conta, que ele denomina de jogo simbólico, na tentativa de apreender como se desenvolve a inteligência infantil. Sua leitura é de grande valia para educadores que procuram entender o significado do jogo nos primeiros anos de vida. Outro autor importante, o psicanalista Winnicott, sa- lienta que a dança, a música, o teatro, a pintura, a brincadeira e o jogo constituem um espaço dentro da atividade humana. Por um lado, eles não se traduzem enquanto fuga do imaginário, como é o caso do sonho; por outro, eles não se configuram tampouco enquanto ação efetiva, visando a transformação realmente do mundo exterior. O ato de fazer Arte e brincar se situa exatamente no espaço intermediário entre essas duas esferas, e, nessa medida, acaba tecendo vínculos entre a subjetividade e a objetividade.
  • 14. Quem não já visualizou, nos desenhos infantis, os personagens principais da sua vida – pai, mãe e irmãos – retratados de forma simples, muitas vezes usando apenas traços, linhas, os quais identificamos a figura paterna sendo o traço maior, a mãe o traço mediano e assim sucessivamente, formando a escala familiar da criança, que para ela aquela imagem está carregada de sentido? É bem possível que você quando criança, brincando de ser outra pessoa, já tenha usado os saltos altos de sua mãe, ou aquele vestido ou camisa, e saído pela casa imitando-a, brincadeiras próprias da idade, mas que auxiliam no crescimento cognitivo. No Maranhão, as crianças já “nascem sabendo” dançar e cantar as toadas do Bumba meu boi, assim como em alguns estados do país: Pernambuco - o frevo; Ceará - forró; Pará - o carimbó etc., mostrando que a arte do povo também contribui para o desenvolvimento individual e coletivo dos educandos. A educação em Arte propicia a evolução do pensamento artístico e estético; através da Arte, o aluno apropria-se de um mundo imaginário, busca compreender/aproximar a realidade, contribuindo para um maior entendimento histórico e social. Nessa relação entre a Arte e a Educação, todas as linguagens artísticas: Teatro, Música, Dança e Artes visuais devem caminhar juntas para que a criança possa se desenvolver com plenitude, sendo o palco da escola o local propício, mas não único, para educar com arte, e os educadores, os personagens principais dessa ação, que é também coletiva, compreendendo que o processo de avaliação no ensino da Arte faz parte do contexto das atividades escolares, e que Arte é um conhecimento capaz de ser ensinado e apreendido.
  • 15. 1 unidade OBJETIVOS DESTA UNIDADE Contextualizar as transformações ocorridas nas linguagens artísticas – Artes Visuais, Teatro e Música; Analisar os movimentos de maior impacto no desenvolvimento artístico humano; Explicar as evoluções ocorridas em cada movimento artístico. A ARTE E SEUS CONCEITOS Para melhor compreensão sobre a arte e sua história é necessário que, primeiramente, tenhamos um conceito formado. Observe as imagens abaixo e responda: Em sua opinião qual delas é Arte? Ou qual delas você colocaria para decorar sua casa? Fonte: http://peregrinacultural.files. wordpress.com/2010/01/mona-lisa.jpg Fonte: http://dusinfernus.files.wordpress. com/2008/11/marcel-duchamp.jpg Figura 1 - Mona Lisa Figura 2 - Mictório
  • 16. PEDAGOGIA1616 A primeira é a Obra de Leonardo da Vinci – Mona Lisa. Produzida entre 1503 e 1506, sobre ela existe muito mistério em relação às técnicas utilizadas na sua elaboração e principalmente referente a seu olhar enigmático e seu sorriso. A segunda é a escultura de um mictório do francês Marcel Duchamp, exibida num salão artístico em 1917, chamada de Fonte. A reação do público ao ver um sanitário masculino em um lugar reservado especificamente à arte foi de muito espanto. Certamente, você teve a mesma reação. Entretanto, a intenção do artista era realmente chocar os visitantes do museu ao depararem com um objeto tão comum, sendo apresentado como arte, deixando todos intrigados, pois, nessa época, as pessoas só reconheciam como arte telas produzidas nos moldes do Academicismo, com traços perfeitos e linhas bem definidas. Duchamp buscou através de sua exposição dar um sentido simbólico aos objetos do uso cotidiano, até então desprovidos de qualquer conotação estética. Mas, o que é Arte? Dar um significado preciso a essa pergunta é algo difícil e, muitas vezes, impossível. Sabemos que a Arte existe desde os primórdios da vida com os homens primitivos, quando os mesmos não possuíam a linguagem verbal desenvolvida, mas já se comunicavam através de desenhos gravados nas paredes das cavernas, como forma de comunicação e do fazer artístico. Várias são as definições em busca de um significado. No dicionário Aurélio encontramos formas diferenciadas de se explicar a verdadeira natureza da arte: “A arte é a capacidade criadora do artista de expressar ou transmitir tais sensações ou sentimentos”. Segundo Coll (200, p. 16), a Arte é uma: Arte, atividade que requer aprendizagem. Pode lim- itar-se à simples habilidade técnica ou ampliar ao pondo de englobar a expressão de uma determinada visão do mundo. O termo arte deriva do latim ars, que significa habilidade na realização de ações especiali- zadas, como a arte da jardinagem ou de jogar xadrez. Entretanto, em sentido amplo, o conceito faz referên- cia tanto a habilidade técnica como ao talento criativo. A arte proporciona experiências, estéticas, emocionais e intelectuais.
  • 17. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 1717 Ernest Fischer dizia que a Arte é necessária para que o homem se torne capaz de conhecer e mudar o mundo. “Mas, a arte também é necessária em virtude da magia que lhe é inerente”. O Francês Etienne Gilson, em seu livro Introdução das Artes Belas, diz: “Não se pode ler uma história da filosofia da arte sem sentir um desejo irresistível de ir fazer outra coisa”, justamente por serem tantas e tão distintas as concepções em relação às artes. Sobre Arte, Coli (1998, p. 8) esclarece que: “o importante é termos em mente que o estatuto da arte não parte de uma definição abstrata, lógica ou teórica do conceito, mas de atribuições feitas por instrumentos de nossa cultura, dignificando os objetos sobre os quais ela recai.” É evidente que a Arte não está apenas nas telas de Picasso, Magritte ou Tarsila do Amaral, mas que ela existe além das Artes visuais e plásticas, na música, na dança, no teatro, na televisão, no cinema, entre tantas outras manifestações artísticas e culturais, as quais estamos em contato cotidianamente. O Estado do Maranhão durante as festas juninas transforma-se num grande palco a céu aberto, apresentando sua diversidade artística e cultural, como por exemplo: nas apresentações do Bumba meu boi; na dança do cacuriá; na dança portuguesa etc., demonstrando o que Mário de Andrade dizia: “arte não é um elemento vital, mas um elemento da vida”. Percebe-se então, que a arte não é necessária como a comida, que estimula o corpo a funcionar, mas ajuda a dar subsídios para que a mente funcione. A partir dessas definições e observações em relação à arte e suas diversas formas de se manifestar, será que você já consegue ter seu próprio conceito? Percurso Histórico das Linguagens Artísticas A Arte na Educação é vista como conhecimento e linguagem. Linguagem, porque a língua se organiza por meio de um sistema simbólico de representação. Os signos da linguagem oral/escrita são, por exemplo: a, b, c..., vírgula, interrogação, ponto final etc. Com eles formamos palavras, versos, textos plenos de significados, de maneira que qualquer pessoa alfabetizada é capaz de compreender.
  • 18. PEDAGOGIA18 Já nas artes visuais os signos se modificam e tornam-se linhas, pontos, texturas, planos, volumes, luzes, sombras..., que, organizados pelo artista, também se transformarão em “textos” visuais plenos de significados. Quando alguém se emociona e pensa sobre o mundo e transforma poeticamente esse pensar em pintura, escultura, música, fotografia, dança... ele está fazendo arte. Por meio das artes, temos acesso ao pensamento e aos sentimentos de toda a humanidade, pois, em todas as civilizações, povos, países e culturas, o ser humano produziu e vem produzindo obras de arte: desenhos, esculturas, fotografias, entre outros. Por isso, a arte é conhecimento porque é capaz de ser ensinada e aprendida. Para Andrés (2000, p. 15): A arte do passado, guardada em museus ou preser- vada nos monumentos públicos, mostra-nos a história do mundo em suas buscas e inquietações. A luta do homem para sobreviver, transformar-se e ao evoluir é revelada em suas obras de arte. Nosso percurso pela História da Arte não se prenderá a datas e fatos históricos, mas observaremos alguns movimentos artísticos de grande importância para melhor entendermos as evoluções ocorridas durante os séculos na história da arte. Os caminhos das Artes Visuais Acima de tudo, precisamos ter presente que se não conseguimos, de vez, dar o pulo do gato – bem, que se continue andando ainda um pouco, pois não é pec- ado caminhar. (Maria Helena Martins) Ao caminharmos pelos movimentos artísticos das artes visuais, conheceremos obras de arte de grandes artistas e que fazem parte da história da Arte, pois, para que se trabalhe bem o ensino da arte na escola é necessário que o professor seja um conhecedor desse “mundo”, que tenha prazer em passear pelos destinos artísticos de
  • 19. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 19 Fonte: http://usuarios.multimania.es/ clasesvirtuales/image-cavernas.jpg cada tela, somente assim será capaz de despertar no aluno o gosto pela arte. Vamos, então, começar nossa caminhada, prepare-se e um excelente passeio. Arte Rupestre As primeiras manifestações artísticas que se tem conhecimento, ocorreram na pré-história e são chamadas de Arte Rupestre, por terem se desenvolvido, exclusivamente, nas paredes de pedras no interior das cavernas, cerca de 15.000 anos atrás. Aprender a desenhar, por exemplo, exige que se domine técnicas, formas de manipular os materiais e instrumentos, modos de representar a realidade. Você deve estar se perguntando como os homens das cavernas produziam seus desenhos, já que para isso requer tanta técnica. Tudo surge da necessidade. Já que eles não possuíam a linguagem verbal desenvolvida, precisaram criar uma maneira de se comunicar, e o faziam através dos desenhos gravados nas paredes das cavernas. Mas, será que você está se perguntando como faziam as tintas? Segundo Strickland (1999, p. 4): Na criação dessas imagens, os artistas das cavernas usavam carvão para delinear as irregularidades na rocha que se assemelhavam a formas encontradas na natureza. O volume era dado pelas saliências, enquan- to as tonalidades terrosas emprestavam contorno e perspectiva. As ‘tintas’ utilizadas eram torrões de ocra vermelha e amarela esfarelada, até virar pó e aplicada à superfície com pincel ou soprada através de osso oco. Os desenhos eram superpostos aleatoriamente, talvez atendendo a necessidade de novas imagens an- tes de cada caçada. Essas imagens – sempre figuras de animais – são representadas de perfil bidimensional e parecem flutuar no espaço, sem qualquer represen- tação do ambiente. Figura 3 - Pintura na caverna de Lascaux, França - Cavalo
  • 20. PEDAGOGIA20 A Arte Rupestre é realista, naturalista, e possui um sentido místico- religioso, pois os homens das cavernas, segundo o que os arqueólogos especulam, criavam figuras de animais e em seguida atiravam flechas nas imagens, como forma de facilitar e obter uma boa caça, como podemos observar na imagem anterior. No Brasil, a Arte Rupestre localiza-se em extensas áreas de nosso território, sendo que os achados mais antigos têm cerca de 20000 anos. As regiões Norte e Nordeste possuem um grande número de inscrições, embora nas demais regiões também apareçam algum tipo de manifestações. Os principais locais são: São Raimundo Nonato, no Piauí, Pedra Lavrada do Ingá na Paraíba, entre outras. Observa e a seguir uma dessas imagens rupestres existentes em São Raimundo Nonato. Talvez, tenhamos herdado dos homens primitivos a mania de desenhar, ou escrever nas paredes das nossas casas. Vejamos o texto a seguir: Meu avô “Todo acontecimento da cidade, da casa, da casa dos vizinhos, meu avô escrevia nas paredes. Quem casou, morreu, fugiu, caiu, matou, traiu, comprou, juntou, chegou, partiu. Coisas simples, como a agulha perdida no buraco do assoalho, ele escrevia. Ele também desenhava tesouras desaparecidas, serrotes sem dentes, facas perdidas. E a casa, de corredor comprido, ia ficando bordada, estampada de cima a baixo. As paredes eram o caderno do meu avô. Cada quarto, cada sala, cada cômodo, uma página.” (BARTOLOMEU, 1995, p.?). Você já observou que a criança quando começa a rabiscar, o que local onde ela primeiro faz seus desenhos é nas paredes de sua casa? Mesmo assim, vimos no texto Meu avô que, possivelmente, esse desejo tenha sido adquirido advindo dos nossos ancestrais. Outra técnica utilizada era a mão em negativo. Veja a imagem. Os artistas dessa época utilizavam essa técnica. Após retirar das rochas um pó colorido, eles o sopravam através de um canudo, ao redor de sua mão, que estava pousada na parede da caverna. A região em Figura 5 - Mão em negativo: SRICKLAND, Carol. Fonte: http://www.suapesquisa. com/artesliteratura/arterupestre/ arte_rupestre2.jpg Figura 4 - Arte rupestre Pintura Rupestre: Esta figura foi localizada Parque Nacional da Serra da Capivara em São Raimundo Nonato - Piauí (Toca do Boqueirão da Pedra Furada) Fonte: http://dc274.4shared.com/ doc/usFNS3Dx/preview.html
  • 21. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 21 volta da mão ficava colorida e a parte coberta pela mão não ficava pintada. Obtinha-se dessa forma o desenho da mão, como um filme em negativo. Arte Egípcia: uma Arte dedicada à morte O Egito é o país das tumbas e dos templos. Os antigos egípcios desejavam de qualquer maneira ressuscitar depois da morte, em um Além que não é mais do que um reflexo da vida na Terra. Por isso, deram tanta atenção ao culto de seus defuntos como ao de seus deuses. De fato, os faraós possuíram magníficos palácios. E os grandes dignitários habitaram em esplendidas mansões. Mas seu maior afã, ao que dedicaram quase todos os seus recursos, foi elevar custosas e monumentais tumbas proporcionais às suas numerosas divindades uma suntuosa moradia, proporcionais com sua linhagem. Além disso, suas ideias religiosas marcaram de forma tão definitiva a sua concepção da vida, que grande parte de suas manifestações artísticas se encaminham a obter o triunfo sobre a morte. Além de crer em deuses que poderiam interferir na história da humanidade, os egípcios acreditavam tam- bém numa vida após a morte e achavam que essa vida era mais importante do que a que viviam no presente. Inevitavelmente, a arte criada por esse povo refletiu suas crenças fundamentais. É por isso também que a arquitetura egípcia se realizou, sobretudo, nas construções mortuárias. (SANTOS, 2004, p.17). As pirâmides eram gigantescas tumbas, cujo sepulcro era colocado dentro ou embaixo da construção e que proclamava a fusão do faraó com o símbolo místico do sol. Cada uma das pirâmides forma parte de um conjunto de edifícios. Em primeiro lugar, dentro da própria pirâmide, havia um templo funerário que servia de sede do culto real e lugar de oferendas ao espírito (ka) do faraó. Uma calçada coberta unia o templo funerário com o templo do vale, o lugar no qual eram realizados os processos de mumificação do cadáver.
  • 22. PEDAGOGIA22 De acordo com Strickland (1999, p. 10), o processo de mumificação era feito da seguinte forma: Os egípcios acreditavam que o ka, ou força vital, era imortal. Com o objetivo de fornecer um receptáculo durável para o espírito, aperfeiçoaram o processo de embalsamamento. A preservação do corpo começava com a extração do cérebro do falecido através das na- rinas com um gancho de metal. As vísceras – fígado, pulmões, estômago e intestinos - eram removidas e preservadas em urnas separadas. O que restava fica- va imerso em salmoura durante um mês, e depois o cadáver em conserva era literalmente estendido para secar. O cadáver, enrugado, era então recheado – os seios das mulheres eram estofados -, envolto em vári- as camadas de ataduras, e finalmente confinado num caixão e num sarcófago de pedra. Na verdade, o clima seco do Egito e a ausência de bactérias nas areias e no ar, provavelmente, contribuíram para a preservação do corpo. Os egípcios acreditavam, firmemente, na imortalidade e num universo regido e ordenado pelos deuses e faraós. Para que o morto pudesse viver no outro mundo, era imprescindível que seu corpo, morada de seu ka ou espírito, se conservasse incorrupto, por isso a mumificação, ou em sua falta, encontrar-lhe um substituto. Além disso, o defunto necessitava de alimento, bebida, roupa, ferramentas, adornos, perfumes. Por outro lado, era necessário manter a ordem e o equilíbrio do cosmo com a ajuda dos deuses, que graças à intercessão do faraó também outorgavam paz e abundância neste mundo. Ou seja, a morada do faraó após a morte, eram as pirâmides que eram ornadas com muito ouro, pedras preciosas, esculturas, pinturas, para que o mesmo tivesse uma vida farta. Figura 6 - Pirâmide de Gizé Fonte: http://hypescience.com/tumba-de-4-500- anos-e-descoberta-no-egito/
  • 23. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 23 A mais importante entre o grupo de 60 pirâmides existente no Egito, são as três pirâmides de Gizé na qual, apresentam características monumentais: 1 Foram construídas há aproximadamente 4500 anos, que serviram de tumbas para os faraós Quéops, Quéfren e Miquerinos; 2 A maior pirâmide é a do faraó Quéops com 147 metros de altura, sendo conhecida como a grande pirâmide; 3 Toda sua extensão é feita com pedra calcária; 4 Acredita-se que mais de 100 mil homens, na maioria escravos, foram utilizados para a construção da pirâmide de Quéops, na qual, levou aproximadamente 30 anos para ser concluída; 5 No interior das pirâmides, eram colocados o sarcófago do faraó, com suas riquezas; 6 Para evitar que os pertences do faraó fossem saqueados, eram instaladas várias armadilhas; 7 É uma das sete maravilhas do mundo antigo e considerado Patrimônio Mundial da Unesco. Figura 7 - Máscara em ouro maciço do faraó Tutancâmon Fonte: http://desportoviajar.files.wordpress.com/2013/04/tuthankhamun_egyptian_ museum.jpg
  • 24. PEDAGOGIA24 Toda a história da arte egípcia é envolvida em muitos mistérios e segredos, na descoberta da tumba do faraó Tutancâmon, tumba esta que foi encontrada em condições próximas às originais. Em 1922, o arqueólogo Howard Carter, literalmente bateu os olhos na tumba, ao acender um fósforo enxergou o brilho do ouro em toda parte. Nessa descoberta mais de vinte pessoas envolvidas na abertura da tumba morreram em circunstâncias misteriosas, dando margem a histórias sinistras sobre a “maldição do faraó”. Arte Gótica Como Gótico, denominamos a arte surgida segundo determinados sistemas construtivos e de representações, entre os séculos XII ao XVI na França. Obviamente, tudo o que foi produzido durante este período não forma um todo homogêneo e unitário. Ao longo desses quatro séculos, foram muitas as tendências desenvolvidas na arquitetura e nas artes figurativas. A arte gótica é filha de uma nova sociedade na qual a cidade começa a desenvolver um papel principal, a economia experimenta uma nova fase que senta as bases da falência do feudalismo, o poder real que entra em luta com a nobreza assume um novo papel nas empresas artística dos reis, a religiosidade adquire outros papeis e a obra de arte cumpre novas funções. O gótico mostra um novo interesse pela realidade, pela natureza, que, porém, não chega a romper a ligação entre estas e o religioso, chegando assim a um equilíbrio entre o sagrado e o profano. No estilo gótico eram retratados nas obras a fé, o amor e o entusiasmo. O rei Luís IX estabeleceu a ordem política e houve um período de paz, que se refletiu na arte. Os templos foram erguidos com bastante rapidez, ocorreu nesse período à construção da catedral de Notre-Dame (Nossa Senhora) em Paris, sendo um dos mais belos exemplos desse momento. O prédio mede 150 metros de comprimento e suas abóbadas principais medem 32 metros e meio. Fonte: http://upload.wikimedia.org/ wikipedia/commons/6/66/Facade_de_la_ Cath%C3%A9drale_de_Reims_-_Parvis.jpg Figura 8 - Catedral de Notre-Dame
  • 25. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 25 A arquitetura gótica foi fruto de uma nova sensibilidade que encontrou linguagem expressiva na verticalidade e no naturalismo. Todos esses elementos eram voltados ao simbolismo teológico. A intenção das construções góticas era dar ao visitante a ideia de estar num espaço que subia próximo de Deus, chegando ao céu. Será que você conhece alguma construção no estilo gótico? Será que no seu Estado encontra-se alguma obra arquitetônica com as características góticas? Observe a imagem a seguir. Figura 9 - Igreja Nossa Senhora dos Remédios Fonte: http://www.panoramio.com/photo/14291339 O estilo gótico também está presente na Capital São Luís, Maranhão, na Igreja Nossa Senhora dos Remédios, construída no ano de 1719. Conta a história que, no início, era apenas uma pequena capela, mas pouco tempo depois, 1775, a igreja foi melhorada. Destruída pelo tempo, sua reedificação foi feita pelo ermitão Francisco Xavier, por volta do ano de 1798. Os comerciantes da época eram quem mantinham a igreja conservada devido à fé que tinham na protetora, Senhora dos Remédios. Até hoje a igreja se mantém como uma das mais bonitas e conservadas de nossa capital, acolhendo em seu altar, a imagem de Nossa Senhora dos Remédios. A igreja está localizada na Praça Gonçalves Dias no centro da cidade.
  • 26. PEDAGOGIA26 O mundo da arte é sempre assim, costumamos imaginar que as grandes produções artísticas não se encontram próximas do nosso cotidiano, mas como vimos na capital do nosso estado encontramos uma obra arquitetônica tão sinuosa quanto às produzidas na França. Mas, é preciso conhecer mais sobre a arte para que possamos identificar as obras que nos rodeiam e que nem mesmo sabemos. Outro ponto marcante da arte gótica são os vitrais, pois fazem parte do universo de metáforas estabelecidas, do brilho e da luz existente nas igrejas góticas. As paredes se afinam e dão lugar a amplas janelas, com vidros pintados, em sua maioria. Os vitrais eram construídos por artesões especiais que, seguindo um desenho preparatório, cortavam e coloriam como se fosse um mosaico. Figura 10 - Vitral gótico Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6d/Cathedral- chartres-2006_stained-glass-window_detail_01.jpeg Assim, o interior das igrejas era ornamentado por cores vivas nos vitrais que valorizavam a estrutura arquitetônica. De acordo com Santos (2004, p. 68) observa-se que: Um vitral era feito em várias etapas. A primeira era colorir o vidro. Isto era feito adicionando-se diversos produtos químicos ao vidro derretido e ainda na for- nalha. Assim, ele ficava colorido e translúcido. De- pois, tratava-se de fazer as placas de vidro. Para isso, o método mais utilizado era o que produzia um tipo
  • 27. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 27 de vidro chamado antique. O artesão acumulava uma pequena quantidade de vidro fundido na extremidade de um tubo e imediatamente começava a soprar, até formar uma bolha de vidro de forma cilíndrica. A seguir, cortava suas duas extremidades, como se tirasse uma tampa de cada lado, obtendo assim um cilindro oco. Depois cortava esse cilindro ainda quente em sentido longitudinal e o achatava, até conseguir uma placa. Cada placa, depois de resfriada, era re- cortada com uma ponta de diamante, segundo o de- senho previamente determinado para o vital. Depois, todas essas pequenas placas eram encaixadas umas às outras por uma moldura metálica que juntas for- mavam grandes composições, que eram colocadas na abertura das paredes das catedrais. Figura 11 - Vitral da igreja do Caraça Fonte: http://www.panoramio.com/photo/24960056 Os vitrais são um dos mais marcantes elementos decorativos que aparecem nas igrejas góticas, que formavam imensas e coloridas janelas que, muitas vezes, apresentavam desenhos geométricos ou representavam um santo ou uma passagem do texto bíblico. Sobre esse aspecto, ainda vale ressaltar que os vitrais permitiam a elaboração de um vibrante jogo de luzes constituído a partir da combinação de peças de vidro das mais variadas cores. O requinte, a complexidade e os vários materiais que envolviam a fabricação de um vitral nos mostram a consolidação de um novo ideal estético marcado pela luminosidade e a variação de tons presentes na arte gótica.
  • 28. PEDAGOGIA28 Arte Renascentista No século XV o conceito realista que dominou a Europa tomou em Florença uma forma concreta e diferente. A natureza, sendo obra de Deus, deve ser estudada pela mente humana, que é capaz de descobrir e dominar suas leis ocultas. O homem desse período torna-se o centro do universo e o mundo mede-se por sua escala. A inteligência é a primeira de suas qualidades e em muitos casos substitui a fé. Colocado nesta conjuntura, o homem focaliza o estudo do que o rodeia com sua inteligência e reduz o Universo a uma série de fenômenos que pode explicar e classificar. Esse período fértil foi onde os extraordinários Leonardo Da Vinci, Michelangelo e Rafael criaram pinturas, afrescos, esculturas, com absoluto domínio das técnicas, descobrindo as proporções ideais e a perspectiva. Leonardo Da Vinci, arquiteto, pintor e engenheiro, representa a personalidade perfeita do humanista de vasta e profunda capacidade científica. Com a inquietude própria do investigador, preocupa-se com a busca de novas técnicas, como na sua magnífica obra “A Última Ceia” na qual obtém a sensação do imaterial. Fonte:http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2012/03/santa-ceia.jpg Figura 12 – A Última Ceia
  • 29. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 29 Se a “Mona Lisa” é o retrato mais famoso, seu afresco “A Última Ceia” é a pintura religiosa mais venerada há cinco séculos. Leonardo dizia que o artista tinha dois objetivos: pintar o homem e a intenção de sua alma. Aqui ele revolucionou a arte ao captar am- bos, principalmente o que ia na alma de cada figura. Leonardo imortalizou o momento dramático em que Cristo anunciou que um de seus discípulos iria trai- lo e a reação emocional de cada um ao perguntar: “Senhor, serei eu?” Através de uma gama de gestos e expressões Leonardo revelou pela primeira vez na arte o caráter fundamental e o estado psicológico de cada apóstolo (STRICKLAND, 1999, p. 35). O termo “homem da renascença” veio a significar um indivíduo de talentos múltiplos, que irradiava saber. Da Vinci foi universalmente admirado por sua bela aparência, seu intelecto e seu charme. Como se não bastasse, ele cantava divinamente e sua encantadora conversação conquistava todos os corações. Menos de vinte trabalhos de Leonardo da Vinci sobreviveram. Morreu aos 75 anos, na França, aonde foi chamado para conversar com o rei Francisco I. Em seu leito de morte, Leonardo admitiu que “tinha ofendido a Deus e a humanidade por não desenvolver sua arte como devia”. Na escultura renascentista, desempenham um papel decisivo o estudo das proporções antigas e a inclusão da perspectiva geométrica. As figuras, até então relegadas ao plano de meros elementos decorativos da arquitetura, vão adquirindo pouco a pouco total independência. Já desvinculadas da parede, são colocadas em um nicho, para finalmente mostrarem-se livres, apoiadas numa base que permite sua observação de todos os ângulos possíveis. O estudo das posturas corporais traz como resultado esculturas que se sustentam sobre as próprias pernas, num equilíbrio perfeito, graças à posição do compasso (ambas abertas) ou do contraposto (uma perna na frente e a outra, ligeiramente para trás). As vestes reduzem- se à expressão mínima, e suas pregas são utilizadas apenas para acentuar o dinamismo, revelando uma figura humana de músculos levemente torneados e de proporções perfeitas. Fonte: http://cartasdapalavra.blogspot. com.br/2010_06_01_archive.html Figura 13 - “Davi” - Michelangelo
  • 30. PEDAGOGIA30 Arte Colonial: Barroco O termo Barroco designa as manifestações artísticas da Europa durante o século XVII e a primeira metade do século XVIII. Porém não é só um movimento artístico. O Barroco é todo um sistema ideológico e cultural, coerente, que faz uso de diferentes soluções estéticas e formais com um claro predomínio das sensações e do movimento. Foi na Itália, sob a dominação espanhola que surgiu o barroco, do espanhol barrueco. A arte barroca exprime uma tendência geral de linha curva e quebrada, de abundância de detalhes e de visões cenográficas de grande efeito. Em sentido figurado, diz-se de todas as formas muito extravagantes e excessivamente trabalhadas. No barroco, é básica a representação realista do homem e da natureza, a afirmação das emoções, a fusão das artes. Todo o rebuscamento presente na arte barroca é reflexo dos conflitos dualistas entre o terreno e o celestial, o homem (antropocentrismo) e Deus (teocentrismo), o pecado e o perdão, a religiosidade medieval e o paganismo presente no período renascentista. Dotado de uma extraordinária riqueza de símbolos, conforma uma cultura cujas chaves devemos conhecer para poder entendê-la. Embora seja considerada a arte a serviço da igreja católica, o certo é que é a arte de uma época, tanto de protestantes como de católicos. O barroco teve muita força na arquitetura e na escultura, mas ganhou força também na pintura e em outros setores artísticos, como na literatura. O estilo barroco desenvolveu-se em vários países e em cada localidade grandes artistas vão surgindo e enriquecendo em detalhes e grandiosidade esse movimento. Na Itália, podemos destacar grandes pintores como: Cavaggio, Tintoretto e Andrea Del Pozzo.
  • 31. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 31 Na Bélgica, surgem grandes nomes da pintura tais como: Peter Paul Rubens e Antton Van Dyck. Na Holanda, predonimam as obras feitas em cavalete, de pequeno formato, pelos quais os ricos burgueses pagavam altos preços. Nesse período surgem nomes como Rembrandt e Jan Vermeer. Dentre os pintores espanhóis destacamos: Diego Velázques e Murillo. Sendo Velázques o mais célebre pintor da corte. Sua pintura era essencialmente espontânea e dela brotava uma essência de realismo mágico. Soube trabalhar muito bem as luzes. Com suas técnicas cromáticas, ele deu início também ao impressionismo. Sua principal obra foi “As meninas”, que destacamos a seguir: Figura 14 – As meninas Fonte: http://galeriadefotos.universia.com. br/uploads/2012_01_20_15_44_431.jpg Essa obra foi eleita “o maior quadro do mundo”, por uma considerável margem de votos. O quadro representa um retrato da princesa Margarita aos cinco anos de idade, atendida pelas damas de honra e duas anãs, mas, reunindo diversos retratos adicionais, e com um grupo apontando para o tema: “Visitantes no estúdio do artista”. No plano central, há um reflexo em miniatura do rei e da rainha no espelho e, nos degraus ao fundo, um retrato de corpo inteiro de um membro da corte. Nas obras barrocas, tanto na escultura, na arquitetura quanto na pintura, à riqueza de detalhes é o que mais chama a atenção do espectador, demonstrando o quanto os artistas desse movimento trabalhavam para chegar a um nível tal de perfeição, a ponto de tornar as obras em verdadeiras obras de arte.
  • 32. PEDAGOGIA32 Barroco brasileiro O descobrimento de importantes caminhos de ouro no sul do Brasil nos finais do século XVII trouxe consigo uma eclosão arquitetônica de características barrocas; a partir da descoberta do ouro, a região de Minas Gerais converteu-se na mais rica da colônia. De 1550 a 1700, o estilo de arte predominante na Europa era o Barroco. Os artistas barrocos pretendiam despertar emoções do observador e envolvê-lo com o trabalho de arte. Para isso utilizavam ornatos e curvas que davam a sensação de movimento e empregavam fortes contrastes de claro e escuro nas representações dos sentimentos dramáticos das figuras. Por exemplo, estátuas de Cristo tinham as faces contorcidas e feridas abertas para figurar a dor; os interiores das igrejas eram recobertos de detalhes dourados. Figuara 15 – Cristo carregando a Cruz – Aleijadinho Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/95/Aleijadinho_01.jpg O barroco no Brasil atingiu seu apogeu entre 1763 e 1822. Nessa época, a Europa já tinha abandonado o barroco e cultivava novos estilos.
  • 33. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 33 No entanto, o barroco brasileiro apresenta-se menos rebuscado e mais sóbrio. Desenvolvido desde cedo por mão de obra negra e, principalmente, mulata, ficou mais próxima do povo. Observando atentamente as várias vertentes em que se disseminou o barroco pelo país, ver-se-á que a rigor podem ser resumidamente, duas apenas. O Barroco litorâneo, de Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro e os barroco interiorano, que é, principalmente, o de minas Gerais, protegido por suas montanhas. Nolitoral,oBarrocotrazidodaEuropamanteve-semenosindependente, mais atado à metrópole. No interior, o estilo viu-se obrigado pelas circunstâncias a adotar soluções próprias, tornando-se mais originais. Por isso, muitos estudiosos costumam ver na arte mineira a expressão mais brasileira do Barroco no Brasil, enquanto a arte da Bahia, por exemplo, conserva-se bem mais portuguesa. Há ainda, outra distinção fundamental entre o Barroco mineiro e o baiano: este último reflete o gosto de uma sociedade rural aristocrática, sendo, por conseguinte, mais requisitado; enquanto aquele nasce numa sociedade urbana e ideologicamente burguesa, enriquecida a dura penas na mineração e avessa a ostentações. Aleijadinho – o escultor Barroco brasileiro Além de extraordinário arquiteto e decorador de igrejas, Aleijadinho foi também incomparável escultor. Existem inúmeras esculturas suas nos museus e igrejas, principalmente, em Ouro Preto. Mas é a cidade de Congonhas do Campo que abriga o mais importante conjunto escultórico do artista. O santuário Bom Jesus de Matosinhos, é constituído por uma igreja e cujo adro está às esculturas em pedra- sabão de doze profetas: Isaías, Jeremias, Joel, Jonas, Daniel, entre outros, na qual, cada um desses personagens está numa posição diferente e executam gestos que se coordenam; Aleijadinho conseguiu um resultado onde o observador acredita que as figuras estão se movimentando.
  • 34. PEDAGOGIA34 Figura 16 - Santuário Bom Jesus de Matosinhos Fonte: http://files.f5place.webnode.com/200000282-0319e050dc/Profetas-do- Mestre-Aleijadinho-Congonhas.jpg Da esquerda para direita: Amós, Abdias, Jonas, Baruc, Isaias, Daniel, Jeremias, Oséias, Ezequiel, Joel, Habacuc e Naum Figura 17 - Profeta Daniel (Adro da Basílica de Congonhas), 1800 - 1805 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Daniel_(profeta) Figura 18 - Profeta Baruc (Adro da Basílica de Congonhas), 1800 - 1805 Fonte: http://www.panoramio.com/photo/45436164
  • 35. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 35 Na cidade de São José de Ribamar, na região metropolitana de São Luís - MA, encontramos algo muito próximo ao que foi produzido por Aleijadinho, não se trata de uma obra Barroca, mas são representações da religiosidade de um povo. Figura 19 - Profeta Oséias (Adro da Basílica de Congonhas), 1800 - 1805 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Santu%C3%A1rio_do_Bom_Jesus_de_Matosinhos Figura 20 - Estátua de São José, Nossa Senhora e Menino Jesus Fonte: http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20110428145420.jpg Essas esculturas gigantes encontram-se na praça da igreja Matriz da cidade e representam as imagens de São José, Nossa Senhora e o Menino Jesus. Vale a pena conhecer.
  • 36. PEDAGOGIA36 Arte Impressionista [...] Ah, se domingo você estivesse conosco! Vimos uma plantação de uvas – vermelhas como vinho tinto. Ao longe, a plantação se tornava amarela – e a seguir, havia um céu verde e o sol. No terreno, após a chuva, violetas e amarelos cintilavam aqui e ali, onde se refle- tia o por do sol (VAN GOGH – Cartas a Theo). O Movimento Impressionista representou o último esforço renovador da pintura antes da arte moderna; teve por base a interpretação, não dos objetos da natureza, mas da luz que os envolve. Figura 21 - Dança de Renoir em Bougival Fonte: http://fulanasebeltranas.zip.net/
  • 37. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 37 Os impressionistas levaram a arte ao contato com a vivência do momento. A arte passou a ser o diálogo do artista consigo mesmo, com seu universo interior, povoado de sombras e luz, agressividade e lirismo, vi- olência e paz. A natureza servia-lhe de pretexto para este encontro com a realidade interna. Por meio de cores puras e formas espontâneas, o artista buscava comunicar aquilo que a palavra não podia exprimir, a vida que ocultava por detrás das aparências (AN- DRÉS, 2000, p. 32). Experimente fechar os olhos por um instante. O que você consegue identificar? No escuro tudo desaparece, tudo se dissolve. Sem luz, não há sombras nem cores, não há formas nem volume. O pintor Van Gogh era apaixonado pela luz. No trecho da carta acima, ao irmão Theo, ele mostra como as luzes fazem cores e criam imagens cheias de significações que falam ao sentimento e ao pensamento humano. Todas as imagens só existem porque existe a luz; os impressionistas estudaram a luz como fenômeno físico e chegaram à conclusão de que, conforme a recebem, variam os objetos percebidos pelos olhos humanos. Observe o que Andrés (2000, p. 18) esclarece: Os impressionistas queriam trabalhar com autenti- cidade, protestando contra as imposições estéticas do Academicismo. Voltaram-se para a natureza, trabalhando em plena luz solar. Buscavam captar o instantâneo. Não se preocupavam em criar quadros agradáveis à vista, mas obras sinceras. Libertaram cor, forma, composição, espaços tradicionais, pro- curando comunicar vivências momentâneas da reali- dade exterior. Para demonstrar as mudanças ocorridas nas obras dos impressionistas a partir das modificações da luz existente no espaço, apresentamos a obra de Monet, na qual ele retrata o mesmo cenário variando apenas o momento do dia e a estação do ano em que foi pintado. Como pensar, sonhar, expressar-se, comunicar-se sem imagens? Isso seria possível? Imagine como seria.
  • 38. PEDAGOGIA38 Os artistas impressionistas tinham como principal preocupação os efeitos da luz e a constante variação dos resultados causados por ela nos objetos e paisagens representados em suas pinturas. Essa preocupação levou-os a analisar a cor no próprio local de origem, isto é, foram pintar ao ar livre, fora dos locais reservados para o trabalho do artista (ateliês). Destacamos o que Strickland (1999, p.96) esclarece sobre a luz: Para cumprir o desfio de retratar essas qualidades vo- láteis (inconstantes) da luz, os impressionistas criaram uma pincelada distinta, curta, cortada. Aqueles pon- tos, visivelmente, coloridos formavam um mosaico de borrões irregulares que vibravam de energia como o pulso da vida no brilho da luz sobre a água. De per- to, os borrões de cor pura dos impressionistas, lada a lada, tinham aparência inteligível, provocando nos críticos a acusação de que disparavam tinta na tela com uma pistola. A distância, porém, o olho fundia listas separada de azul e amarelo, por exemplo, em verde, fazendo com que cada matiz parecesse mais intenso do que se estivesse sido misturado na paleta, além mesmo, as sombras que pintavam não eram cin- zas ou pretas (a ausência de cor que detestavam), mas composta de muitas cores. Fonte: CUMMING, Robert, 1996 Fonte: CUMMING, Robert, 1996 Figura 22 - Montes de feno: fim do dia, outono Figura 23 - Montes de feno: fim do verão, tarde
  • 39. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 39 Arte Pós-Impressionista O Movimento pós-impressionista foi um fenômeno francês, no qual desenvolveu características ainda mais marcante que o Impressionismo. Vincent Van Gogh, com suas pinceladas agitadas em espiral, utilizando cores vibrantes, foi um pintor incompreendido na sua época, visto até mesmo como louco, em cuja obra não se reflete sua loucura, contudo, a sua visão de mundo fixada em seu íntimo transborda em suas telas como luminosas cores. A luz que faltou a sua mente desabrocha em contraste em seus quadros. Fonte: http://www.lk.cs.ucla.edu/LK/Presentations/ facultylecture/img/gogh.room.gif Figura 24 - O Quadro - Van Gogh Figura 25 - Os Girassóis Fonte: http://danbrazil.files.wordpress. com/2012/05/girassc3b3is-van_gogh.jpg O movimento pós-impressionismo teve como seus principais adeptos os artistas franceses Seurat, Cézanne, e o holandês Vincent Van Gogh, que criou a maior parte de sua obra na França. No pós-impressionismo, em vez do “molho marrom” da pintura histórica feita em ateliês fracamente iluminados, as telas brilhavam com manchas de cores vivas como o arco-íris. Os pós-impressionistas queriam que a arte fosse mais substancial, não inteiramente dedicada a capturar um momento passageiro, o que, frequentemente, resultava em pinturas que pareciam descuidadas e sem planejamento. Apesar de Van Gogh ter adotado a pincelada interrompida e as fortes cores complementares do Impressionismo, a arte de Van Gogh sempre foi
  • 40. PEDAGOGIA40 original. Tinha horror à técnica acadêmica e afirmava que queria “pintar incorretamente, para minha falsidade se tornar mais verdadeira que a verdade literal.” Dentro do movimento pós-impressionista, surge a técnica do Pontilhismo, que consiste na decomposição das formas e de suas cores, através de pequenas e arredondadas pinceladas, ou seja, de pontos. Figura 26 - “O circo”, obra técnica pontilhismo, de Georges Seurat Fonte: http://www.tattootatuagem.com.br/significados/8203/pontilhismo/ Veja que, na obra, o artista Seurat utiliza apenas pontos para representar toda a cena, tela que o artista passou dois anos para concluir. Mas, você já se perguntou o que é o ponto? Tão usado por nós na língua portuguesa, o ponto é um pequeno elemento, se compararmos com o restante da imagem, é o menor de todos os elementos da linguagem visual e, no entanto, com ele construímos uma imagem. “O ponto é o resultado do primeiro contado do instrumento com a superfície” (KANDINSKY, 1990, p.?).
  • 41. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 41 Você concorda com a forma como o artista Kandinsky descreveu o ponto? Vamos tentar? Encoste o seu lápis no papel e responda: o que você obteve a partir desse contato? Observe outra obra do artista Seurat e o “Port St. Tropez” de Signac que também trabalhou com o pontilhismo. Figura 27 - Modelo - George Seurat Figura 28 - Port St. Tropez - Signac Fonte: http://es.wikipedia.org/wiki/Las_ modelos Fonte: http://www.artcyclopedia.com/images/ feature-200409-barnes-seurat-models.jpg Signac foi influenciado por Georges Seurat na construção de um novo estilo, que, para muitos, era algo difícil de definir, mas fascinava o público e a crítica. As figuras contidas nas obras são rígidas, inanimadas. Os protagonistas são as cores e linhas. Para os adeptos do pontilhismo, os minúsculos pontos são confundidos a distância, mas tornam-se evidentes à medida que o apreciador se aproxima. Às vezes, esses pontos se transformam em linhas que servem de contorno. Por ser um estilo muito preciso, onde as obras levavam muito tempo para serem concluídas, poucos foram os adeptos do pontilhismo, sendo os principais Seurat e Signac. Arte Moderna A pintura, a partir de 1900, passou por um período convulsionado, causado pelo nascimento e morte de tendências artísticas opostas,
  • 42. PEDAGOGIA42 orientadas todas no sentido de preencher o vácuo produzido pelo desaparecimento da pintura tradicional. A libertação da arte de representar coisa que o observador identificasse como imagens reais, tidas e vistas em seu cotidiano, refere-se à ideia tradicional da arte. Com o surgimento do modernismo, a arte percorre caminhos opostos, dando uma nova roupagem à arte do século XX. O início do século foi marcado pelas pinturas modernistas de Pablo Picasso, nas quais o artista cria uma nova forma de retratar sua imaginação, fazendo surgir o Cubismo. Arte Cubista O Movimento Cubista baseia-se no mundo das aparências, ou seja, mostra uma visão multifacetada da realidade, segundo Picasso: “Não é uma realidade que se possa pegar com as mãos. É mais um perfume. O aroma está em todo o lugar, mas não se sabe bem de onde vem.” Picasso retratou sua vida na pintura e, sob o impacto da destruição de uma cidade na Espanha, criou a sua obra-prima “Guernica”, hoje mundialmente conhecida. Observe uma obra cubista do artista Pablo Picasso e analise as formas que vê. A obra ao lado terá sido produzida com o pintor utilizando apenas formato de cubos, já que é uma imagem cubista? Os artistas cubistas produziram obras em que não havia perspectiva e seus objetos apresentavam uma representação simultânea de todas as suas formas. No Brasil, esse movimento aconteceu depois da Semana de Arte Moderna em 1922, e pode ser notado, por exemplo, em certos quadros de Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Lasar Segall e Anita Malfatti. Figura 29 - Mulher sentada (Marie-Therese) – Pablo Picasso Fonte: http://www.reidaverdade.net/wp-content/ uploads/2011/03/cubismo_picasso-400x500.jpg
  • 43. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 43 Arte Moderna no Brasil A pintura moderna brasileira percorreu um longo caminho até a sua consolidação, desde a década de 10 até os anos 40. Esse processo foi marcado pelo confronto constante com o academicismo, estilo dominante no Brasil desde o século XIX. No século passado, a pintura brasileira seguiu o estilo neoclássico, ensinado na Academia Imperial de Belas-Artes. Para os acadêmicos, o mais importante em uma obra era a organização da composição: as regras da academia procuravam garantir que o quadro imitasse realmente o mundo. Opondo-se a todas essas convenções, alguns artistas desse século lutaram pelo seu direito à liberdade estética e propuseram um movimento revolucionário – o Modernismo. Para esses pintores a arte tinha que acompanhar o desenvolvimento urbano e industrial. Diferentemente e bem depois da Europa, o Brasil, ainda, se opunha a revolucionar a sua arte, pois os artistas estavam acostumados com o academicismo. “A arte consiste em inventar e não em copiar.” (LÉGER). O que estava ocorrendo com nossa arte é que havia mudanças de cenário, mas as características da pintura eram as mesmas. Figura 30 - O homem amarelo – Anita Malfatti Fonte: http://coletaneartesanal.files.wordpress.com/2008/01/anita2.jpg
  • 44. PEDAGOGIA44 O primeiro contato do Brasil com a arte moderna ocorreu em uma exposição de Lasar Segall em 1913, escandalizando o pequeno público com suas telas. Mas, o que revolucionou a arte brasileira foi o que aconteceu alguns anos depois, em 1917, com a exposição de Anita Malfatti, causando polêmica em torno de suas obras expressionistas, sendo duramente criticada por Monteiro Lobato. Entretanto, Anita conseguiu com esse movimento reunir vários artistas que compuseram o núcleo modernista brasileiro. Fonte: http://www.estrategiaeanalise.com.br/admin/texto/imagem/tarsila.jpg Figura 31 - Operários – Tarsila do Amaral Em 1922, aconteceu em São Paulo a Semana de Arte Moderna, com obras de Lasar Segall, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Oswaldo de Andrade, Mário de Andrade, Heitor Villa-Lobos e vários outros. A Semana foi o marco da transição do academicismo para o modernismo no Brasil, onde os artistas deixaram o público enlouquecido com a nova arte, pois não mais se retratava os momentos históricos, mas sim, colocava-se em primeiro plano a imaginação do artista e sua forma de ver o mundo, tendo neste período grande destaque os trabalhos de Tarsila do Amaral. Acompanhando as transformações da sociedade brasileira, a arte luta por seu espaço. No ano de 1932 foi fundada a SPAM (Sociedade Pró- Arte Moderna), tendo por objetivo aproximar a arte do público, através de exposições, concertos, conseguindo alguns adeptos elitistas, porém, a SPAM perdeu espaço, pois alguns artistas não aceitavam que a elite
  • 45. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 45 participasse, imaginando que em pouco tempo, de alguma forma, eles conseguiriam acabar com o movimento modernista. Em mais uma tentativa de expandir a arte, os artistas criaram o CAM (Clube dos Artistas Modernos), expondo várias telas e apresentando a peça teatral “Bailado do Deus morto”, censurada em sua terceira apresentação, e o clube fechado pela polícia. No caminho tortuoso e gradativo do Movimento Moderno, outro artista de destaque foi Cândido Portinari, com sua obra “Café”. Preocupado com as questões sociais, ele retratava em seus quadros a fome, a seca e a pobreza, dando sua colaboração para que finalmente houvesse a consolidação do Modernismo no Brasil. Fonte: http://www.saber.cultural.nom.br/template/ArteBrasilEspeciais/fotos/ PortinariCandidoFoto03.jpg Figura 32 - Café - Portinari No final da década de 30, surgiram novos artistas modernistas, vindos da classe trabalhadora, e imigrantes que se reuniram e formaram no Rio de Janeiro o Grupo Bernadelli e em São Paulo o grupo Santa Helena, dos quais vários artistas faziam parte, como: Clóvis Graciano, Alfredo Volpi, Rebolo Gonzáles, Mário Zanini e Fúlvio Pennacchi. Figura 33 - Casa com bandeirinhas - Volpi Fonte: www. vooz.com.br
  • 46. PEDAGOGIA46 Esses artistas se reuniam para pintar e discutir sobre a arte, buscando o aprimoramento técnico, levados pela paixão do fazer artístico, porém, eram menos ousados do que seus antecessores, pintando paisagens e naturezas-mortas, a partir da paisagem natural, opondo-se às regras acadêmicas. Vários artistas desses Grupos tiveram o reconhecimento de suas obras, contudo o artista Volpi encontrou sua marca registrada com o motivo bandeiras, mantendo a preocupação com as cores. Em 1953, Volpi e Di Cavalcanti dividiram o Prêmio de Melhor Pintor Nacional da Bienal em São Paulo. Assim como em São Paulo e Rio de Janeiro, em outras regiões do país a arte moderna demorou várias décadas para ser aceita pelo público, conseguindo adesão de alguns artistas como: Aldemir Martins no Ceará, Carlos Sciliar no Rio Grande do Sul, Carybé na Bahia e vários outros, que colaboraram para a aceitação do modernismo no Brasil. Depois de anos de pressão, a arte moderna conquistou no Rio de Janeiro o espaço mais tradicional na pintura - o Salão da Escola de Belas-Artes. Com isso, houve o reconhecimento de duas artes opostas ocupando o mesmo espaço – o Modernismo e o Academicismo – havendo com essa exposição o passo decisivo para a implantação e aceitação da arte moderna no Brasil. Surrealismo Foi um movimento francês criado em 1924, que prega a ausência de controles racionais e liberta os artistas da imposição dos movimentos anteriores. Utiliza muitas imagens vindas da mente, do psíquico, dos sonhos, a partir do subconsciente, em vez de olhar o mundo real. O movimento surrealista foi baseado na teoria da psicanálise de Sigmund Freud, e no consequente estudo científico do subconsciente. Sobre o Surrealismo André (2000, p. 38) cita: O surrealismo descobre formas que o consciente não conhece. Tudo que o homem capta desde o princípio de sua vida, inclusive no período pré-natal, está guar- dado no seu inconsciente e contribui para a formação de sua personalidade. Nada ficaria esquecido nesse enriquecimento de vivências íntimas, muitas vezes revelada na criação artística e acentuada de maneira incisiva pelo surrealismo.
  • 47. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 47 Figuras como Salvador Dalí, René Magritte e Max Ernest tiveram grande destaque nesse movimento, principalmente Dalí, artista que tinha um estoque de fobias para representar em suas Obras. Fonte: http://www.colegioweb.com.br/trabalhos- escolares/biografias/salvador-dali/salvador-dali.html Figura 34 - ESFINGE - Dalí Figura 35 - O Engano coletivo - Magritte Fonte: Amanda. O livro de arte para criança Segundo Strickland (1999, p.150), Salvador Dalí tinha: Uma carga de medos irracionais alimentando a sua arte, ele deixava uma tela ao lado da cama, olhava bem para ela antes de dormir e, ao acordar, registrava o que ele chamava de fotografias de sonhos pintado à mão. Ele afirmava que cultivava intencionalmente ilusões paranóicas a fim de ser um médium para o irracional, mas que recuperava o controle conforme sua vontade. O surrealismo proporcionou aos estudiosos uma pesquisa mais profunda das imagens do inconsciente, trazendo luz para a linguagem não verbal do ser humano. Nessa tendência da arte moderna sentimos sua aproximação com a arte das crianças e dos loucos. As Artes visuais permitem uma comunicação eficaz entre a obra de arte e o observador, pois ela o atinge sem a necessidade de uma explicação dos fatos. Para criar, é necessário conhecer. O conhecimento das obras e sua relação com diferentes contextos históricos mostram que ela é flexível, passível de mudanças a cada momento, por isso é capaz de transformar continuamente a existência.
  • 48. PEDAGOGIA48 Arte Contemporânea – Pop Arte Como reação a uma abstração radical cada vez mais alheia ao espectador, nos anos de 1960 alguns artistas voltam à figuração com imagens de objetos bem cotidianos e aplicando métodos do cinema, da publicidade, televisão, jornais e revistas. A Pop Arte pretendia, desta forma, refletir a vida urbana e converter em arte esta mesma vida. A pintura de Andy Warhol era repleta de coisas super-reais que bombardeiam nossa visão a cada dia. Embora sua intenção de derrubar as fronteiras entre a vida e a arte não tenha tido sucesso, grande parte da escultura e pintura posteriores é credora da Pop Arte. Andy Warhol, é o representante mais conhecido da Pop Arte, movimento que se originou na Inglaterra e floresceu nos Estados Unidos. Essa arte busca explorar elementos da cultura de massa e da sociedade de consumo, onde também expressava uma crítica ao consumismo e ao capitalismo. A técnica preferida de Warhol foi a serigrafia. Figura 36 - 100 latas de sopa Campbell Fonte: http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRaZRNS4XL ogjuNOZZk3cYeZyai_LMF4aBobZyPuvLAvXgHykDNrjSABQ
  • 49. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 49 A obra mais conhecida e famosa de Warhol foram às latas de sopa Campbell, garrafas de Coca-Cola, retratos de celebridades. “Se a arte reflete a alma da sociedade, o legado de Warhol é nos levar a ver a vida americana como repetitiva e despersonalizada”. (STRICKLAND, 1999, p.175). Os caminhos da Música Antes de tudo, música é a arte dos sons. O vento que assovia, o som de gotas de chuva caindo sobre o telhado de zinco, o trovão que amedronta, o barulho do escapamento do carro... Tudo isso são sons. Para que essa matéria prima se transforme em música, é preciso que a inteligência e sensibilidades humanas a reinventem. O ser humano organiza os sons dando-lhes um ritmo, regulando sua duração e intensidade, combinando-os em infinitas variações e, assim, faz arte, cria música. A origem da música se perde no tempo, escavações arqueológicas mostram que, desde a pré-história, homens e mulheres já faziam música. Fragmentos de instrumentos musicais e pinturas em cavernas, contam-nos um pouco da música desde o período paleolítico. Nossos antepassados produziam e organizavam sons, batendo as mãos e os pés, usando pedras e lascas de madeiras, tronco de árvores, conchas, chifres de animais e furando osso para fazer flautas. Pelo estudo dos povos antigos ou das sociedades tribais, sabe-se que nas culturas pré-históricas e também na cultura antiga a música era considerada de origem divina e estritamente ligada à vida da comunidade. Pelo estudo das sociedades tribais, que ainda hoje existem, sabe-se que a música era e é considerada de origem divina, fazendo parte integrante dos rituais de nascimento e morte, casamento, cerimônias de plantio e colheita. A música era usada para fazer magia e nas sessões de cura.
  • 50. PEDAGOGIA50 Hoje, embora a música esteja presente o tempo todo em nosso cotidiano a relação que temos com ela mudou.Emgeral,aescutamospassivamenteenquanto realizamos outras coisas. Não há envolvimento ou escuta profunda. Poucos conservam o hábito de se reunir para fazer música juntos. A palavra música vem do grego mousike, em homenagem ao deus Dionísio e a tantos outros, sendo essas homenagens feitas sempre com acompanhamento musical. Os gregos pintavam cenas de música nos seus vasos, os principais instrumentos desenhados eram harpa ou lira, a qual chamavam de cítana. De acordo com a mitologia grega, a lenda de Orfeu é associado a uma das mais belas artes de todos os tempos, isto é, a música. Vamos conhecê-la! Orfeu era filho do deus Apolo e da ninfa Calíope; da figura paterna ele herda uma lira que, uma vez tocada por suas mãos, revela um canto tão primoroso que nada nem ninguém consegue se manter imune a sua magia. Até as feras mais selvagens amenizavam sua ira diante das notas extraídas deste instrumento, que praticamente as hipnotizava. Mesmo os arbustos cediam aos seus encantos. O deus dos matrimônios, Himeneu, consagrou o amor de Orfeu e Eurídice, mas não foi capaz de trazer boa sorte a este relacionamento. Uma atmosfera de presságios inundou esta união desde o início, o que se concretizou quando a jovem, pouco depois, foi assediada por Aristeu, por sua intensa beleza. Ao escapar de sua perseguição, ela esbarrou em uma serpente e foi picada pelo réptil, o que provocou sua morte. Incapaz de aceitar este fato, Orfeu declara sua tristeza a mortais e imortais, mas, nada obtendo, vai atrás de sua amada no Inferno. Aí o amante, tocando sua lira, leva Caronte a guiá-lo pelo mundo sombrio dos mortos, ao longo do Rio Estige; entorpece Cérbero, o guardião das portas infernais; seu doce lamento ameniza as torturas das almas aí exiladas; e, diante de Hades, arranca lágrimas do próprio soberano dos desprovidos de vida, o qual, diante dos apelos Fonte: http://www.historiadaarte.com.br/imagens/CERAMICA.JPG Figura 37 - Detalhe de um vaso grego
  • 51. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 51 da esposa Perséfone, permite que Orfeu atravesse os umbrais desta região para buscar Eurídice, mas impõe uma cláusula ao seu contrato verbal. A jovem retornaria com Orfeu ao universo dos vivos, desde que o amante não olhasse para sua amada até estar novamente sob o Sol. Ele consegue resistir através de túneis sombrios e difíceis de atravessar e, já estava quase chegando à esfera iluminada quando, para ter certeza de que a esposa estava logo atrás, espia por um instante a parte final do caminho. Neste momento, Eurídice se transforma novamente em um espectro, lança um último grito e parte para a esfera dos mortos. Orfeu é impedido de acompanhar a esposa e se desespera, permanecendo sete dias ao lado do lago, em jejum. Ele se converte em um ser devorado pela angústia e rejeita as outras jovens; tenta sem sucesso esquecer sua grande perda. Cansadas de serem menosprezadas, as Mênades, mulheres furiosas, cortam seu corpo em pedaços e lançam sua cabeça no Rio Hebrus. As nove musas se compadecem de Orfeu e juntam seus fragmentos, sepultando-os no Monte Olimpo. Agora no reino dos mortos, o amante se reúne a Eurídice. No local em que jaz seu corpo, afirmam que os rouxinóis entoam seu canto de uma forma mais suave. As assassinas são punidas pelos deuses, transformando-se em sólidos carvalhos. http://www.infoescola.com/mitologia-grega/orfeu-e-euridice/ A mitologia grega é riquíssima, com deuses que são capazes de tudo pelo amor. Porém, sendo a música umas das mais antigas formas de expressão, é importante relembrar que, por mais de dez séculos, durante um período que compreende quase mil anos da história europeia e que denominamos de Idade Média, a música, bem como outras linguagens da arte, esteve submetida à religião, sedo utilizada na propagação da fé e da doutrina cristã. A música tem seu ponto alto com o canto gregoriano. Essa forma de canto, chamada, corretamente, de cantochão ainda hoje é ouvida em
  • 52. PEDAGOGIA52 igrejas ortodoxas católica. Canto simples em um único som, de textos sagrados, possui melodia intensa, porém devota e serena. Outros gêneros surgem no campo musical durante a Idade Moderna, que se inicia por volta do Século XIII. Dentre eles, a sonata, a sinfonia, corais, cantatas, óperas, além de danças nos salões aristocráticos e gêneros populares tocados e dançados em praça pública. O fazer musical, a partir do século XVIII, começa a definir seu caminho rumo a autonomia, abrindo um campo privilegiado de possibilidades inéditas como veremos na música brasileira. A música saiu do plano principal e passou a ser música de fundo. Com isso, muito do prazer que ela pode nos proporcionar se perde. A qualidade estética, isto é, a capacidade de conhecer, fruir, imaginar e participar, fica prejudicada. Música brasileira A cada época a música se transforma e assume uma forma peculiar, diferente da praticada no período anterior, espelhando características da sociedade e determinada maneira de ver o mundo. Hoje, temos acesso a músicas de todas as épocas e muitos lugares. Podemos escutar música do Japão, da Índia, da Islândia. Podemos apreciar música que era apreciada na Idade Média durante o Renascimento e a Idade Moderna. Compositores da chamada música erudita, como os Alemães Beethoven, Bach ou o austríaco Mozart, graças a facilidade da tecnologia continuam a encantar multidões. No Brasil, costuma-se afirmar que a prática musical teve início logo após o descobrimento, no entanto, que música faziam os índios que habitavam o Brasil antes de ser descoberto? Cantavam e dançavam em grupo, músicas próprias, como membros de uma sociedade tribal. Essa música, porém, nem chegou a ser considerada pelos colonizadores que deram início a catequese dos meninos índios, ensinando músicas europeias e fazendo com que esquecessem a própria tradição.
  • 53. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 53 Mas, em outros espaços mais distantes dos colégios jesuítas, durante os dois primeiros séculos de colonização, as práticas dos cantos dos rituais indígenas permanece. Tornam-se também comuns os batuques dos negros, que se somam à música dos europeus. O período colonial mostra grande riqueza na produção de música religiosa, destacando-se nomes como o do Padre José Maurício e André da Silva Gomes. Por volta de 1870, na cidade do Rio de Janeiro havia reuniões de músicos (saraus). Eles começaram a moldar uma forma diferente de tocar e compor, originando a música popular brasileira. Aqueles músicos tiveram uma grande influência das valsas, xotes, modinhas, ritmos mais acelerados de inspiração africana, resultando no samba. Ao longo dos anos foram criados outros ritmos regionais como o frevo, o maracatu, o baião, o fandango etc. Na época do império, com a chegada da família real ao Brasil, em 1908, a música torna-se, predominantemente urbana, nas duas principais cidades coloniais - Rio de Janeiro e Salvador. Ferraz e Fusari (2010, p. 133) afirmam: A facilidade e a disposição do negro para a música eram incontestáveis, demonstrando quase sempre grande aptidão para manejar instrumentos musicais e entoar os cantos dos brancos. É preciso que se entenda a situação cultural da época para compreender como a alguns negros foi permitido participar das atividades musicais dos brancos: afastada como estava a corte portuguesa de sua terra e deslocada, de repente, para o Brasil provinciano sem vida cultural e atrasado, era necessário formar-se um ambiente parecido com o que tinha, para tanto, aproveita o negro também como músico. Com a fusão de elementos indígenas, negros e portugueses, torna-se manifestação de caráter popular. As obras europeias são tão tocadas quanto as modinhas e lundus. É o início de uma expressão musical brasileira que se caracteriza como nossa por ser mestiça. No final do século, desponta a primeira mulher brasileira compositora: Chiquinha Gonzaga. No início do século XX, destacam-se Mário de Andrade, estudioso do nosso folclore que além de músico era escritor, e Heitor Villa – Lobos, que trouxe para a música clássica a força e originalidade dos temas populares. Figura 38 - Chiquinha Gonzaga aos dezoito anos Fonte: jpg - upload.wikimedia. org/.../8/80/Chiquinha_6a.jpg jpg
  • 54. PEDAGOGIA54 Ambos têm grande papel na difusão da cultura e da música brasileira, o que, naquele momento, representa a afirmação da identidade da Nação. Com essa preocupação pesquisadores e compositores percorrem o Brasil, buscando resgatar sua música e suas tradições. Em 1922, organiza-se em São Paulo a Semana de Arte Moderna, liderada por artistas que querem colocar o Brasil entre os mais avançados países do mundo em matéria de música contemporânea. Na música os maiores nomes do modernismo são Mário de Andrade e Villa-Lobos. Na mesma época o choro se populariza, sendo tocado em bailes ou conjuntos constituídos por flautas, clarineta, violão e cavaquinho, junto com polcas, maxixes e lundus, de características cada vez mais brasileiras. Entre os compositores populares dessa época, destacam-se Ernesto Nazareth e Pixinguinha. No final dos anos 20, surge o grande marco da história da música popular - o rádio, primeiro veículo de comunicação de massa, em muitos aspectos, responsável pela expansão da música popular. Em 1930 inicia-se a chamada época de ouro da MPB, que se prolonga até 1945, com o aparecimento de Noel Rosa, Ari Barroso, Dorival Caymmi e de intérpretes que, graças ao rádio, tornaram-se conhecidos e aclamados por todo o país: Carmen Miranda, Orlando Silva e Silvio Caldas. Nos anos 40, na música popular surge o Baião, verdadeira febre nacional, graças ao sanfoneiro e compositor Luis Gonzaga, o maior divulgador do gênero, e ampla difusão permitida pelo rádio. Na década de 50, assume o primeiro lugar no gosto popular o samba-canção com os cantores Dick Farney, Lúcio Alves e Maisa. Outro marco da música brasileira é a bossa nova, no final da década de 50 e início da de 60, sendo importante movimento musical e divisor de águas entre o velho e o novo estilo popular. Destacam-se Tom Jobim, João Gilberto e o poeta Vinicius de Moraes, que inovam na harmonia, no ritmo, na melodia e nas letras criadas pelo poeta (muito despojadas e diretas) num estilo aderido ao jazz norte americano e diferente do
  • 55. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 55 samba-canção dos anos anteriores. Na mesma época, o movimento musical de vanguarda brasileiro alia-se aos poetas concretistas, criando músicas de padrões diferentes dos encontrados tanto na música erudita quanto na popular. O importante é a busca de novas sonoridades e a palavra de ordem é quebrar tradições, desmanchar o velho e inovar. Surge, então, a televisão, importante veículo de comunicação de massa, que irá, ao longo do tempo, firmar-se cada vez mais, invadindo a sala da família brasileira de modo irreversível. Inaugura-se a era dos festivais, amplamente divulgados pelo novo veículo, mostrando a nova geração de compositores e intérpretes: Chico Buarque, Edu Lobo e Elis Regina. Caetano Veloso, Gilberto Gil e Tom Zé criaram, no final dos anos 60, um movimento de nome Tropicália, que introduziu na música popular o uso da guitarra elétrica e, mais tarde, deu origem ao rock e ao pop nacionais, que têm sua grande fase nos anos 80, com o aparecimento dos grupos Barão Vermelho, Titãs e dos intérpretes Cazuza e Lobão. Rita Lee, embora já estivesse cantando há tempos, adere ao novo modelo. Outro fenômeno importante é a adesão ao grupo tropicalista dos artistas radicais de vanguarda da década anterior; entre eles o compositor e arranjador Rogério Duprat. Hoje, ocorre uma visível tendência à uniformização, em que as diferenças e peculiaridades de cada localidade, estado ou grupo social mostram-se atenuadas ou mesmo desaparecem. No entanto, o Brasil continua a mostrar rica tradição musical que, em cada região, assume aspectos diferentes e originais, demonstrando a boa fase criativa da música brasileira. Os caminhos do Teatro O teatro vem se modificando durante os séculos, mas sempre esteve presente em representações religiosas das mais antigas civilizações ocidentais e orientais. Na Índia, por exemplo, desde o século XVI a.C., o teatro religioso já existia. No Egito, se faziam representações, cujos
  • 56. PEDAGOGIA56 temas centrais eram a ressurreição de Osíris. Além disso, o ato de viver papéis e representar falas não é uma exclusividade do grego, mas espontâneo do ser humano. Será que você, durante as brincadeiras infantis, já fingiu ser a Branca de Neve ou a Emília do Sítio do Pica- pau Amarelo? Ou mesmo, depois de adulto, quantas vezes não representamos sentimentos e expressões que não estamos sentindo? Reflita: Durante o dia de hoje, quantas vezes já representou, atuou? O teatro grego era feito por um coro de pessoas que representavam o texto. Téspis, o primeiro ator, que fazia parte de um coro de teatro, por volta de 545 a.C., teve a ideia que mudaria os rumos do teatro: ele se colocou como personagem no texto, que era representado inicialmente apenas na 3ª pessoa, criando o papel de hypókrites (respondedor) e mais tarde ator. A mulher era proibida de atuar, pois nenhum homem admitia ver sua esposa ou suas filhas sendo “observadas” por outros homens, ou seja, os atores também representavam os papéis femininos, para isso eles usavam as máscaras, podendo ser qualquer coisa, independentemente do sexo ou da classe social. Surgem os textos de tragédia e comédia grega. Na tragédia, que era um modo, um estilo de escrever histórias, no final, o herói quase sempre morria e os temas eram geralmente ligados a questões de lei e justiça. Servia como memória, pois resgatava a história do seu povo. A comédia grega se diferencia da tragédia por três aspectos. Seus personagens, geralmente, são pessoas comuns, do povo e até mesmo bichos, os finais sempre são felizes e sua finalidade é provocar o riso no espectador. Qual será o gênero teatral que você mais gosta? Os gregos do século IV a.C. tinham verdadeira paixão por seu país, mas adoravam guerrear, assim, o império grego foi se desfazendo lentamente, dando espaço para o crescimento do império romano, que herdou muitas características do teatro grego.
  • 57. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 57 O teatro em Roma foi se desenvolvendo a ponto de sentirem a necessidade de um espaço permanente para as apresentações. Durante os jogos e as festas religiosas os teatros eram montados e desmontados e feitos de madeira. Isso mudou com a construção de um teatro feito por um oficial chamado Pompeu. Esse tornou-se o primeiro teatro feito em pedra, abrindo caminho para a construção de outros teatros. O anfiteatro Coliseu, que hoje é uma das principais atrações turísticas de Roma, ficou conhecido inicialmente como Anfiteatro Flaviano; o nome Coliseu só surgiu mais tarde. Tinha capacidade para receber 50 mil pessoas, e a construção durou oito anos. Durante quase mil anos não se falou em teatro, tornando-se nessa época uma arte profana, quer dizer, fazer teatro era considerado um pecado. Segundo Feist (1996, p. 52): A igreja cristã, na época da Roma Antiga, ainda não existia de fato. Eram poucos os cristãos que se revela- vam, e os que o faziam eram perseguidos e mortos. So- mente em 324 anos depois da morte de Cristo, quando o imperador Constantino se converte ao cristianismo, a religião cristã é oficializada em Roma. A partir daí, se começa a criar uma oposição enérgica ao teatro por diversas razões. Podemos destacar algumas: por mais 300 anos, os atores cômicos, em seus espetáculos, rid- icularizavam os cristãos. Além disso, durante o reinado do imperador Flávio Domiciano, ele ordenou, para tor- nar mais real a representação de uma peça, que o ator que fazia o papel de um bandido fosse substituído por um cristão, e este fosse despedaçado de verdade por animais selvagens, começando assim uma terrível ma- tança que os cristãos jamais esqueceriam: a pressão da igreja, tão grande contra qualquer tipo de teatro. Aos poucos, as representações vão retornando aos palcos teatrais. A partir do momento em que as apresentações sacras foram para as ruas, seu caráter religioso foi sumindo, principalmente porque foram sendo introduzidos, de maneira gradual, elementos da vida cotidiana. O “diabo” que nas primeiras representações da igreja aparecia com uma figura terrível, ao fim da Idade Média se transformou num personagem engraçado. Esse processo de humanização do diabo marcou a decadência do teatro medieval, ao fim do século XVI. O teatro moderno, que iria nascer então, desenvolveria exatamente temas que eram proibidos pela Igreja da Idade Média: o amor e as paixões humanas. Fonte: http://www.destinosdevia gem. com/wp-content/gallery/roma/coliseu- de-roma.jpg Figura 39 - Coliseu
  • 58. PEDAGOGIA58 Willian Shakespeare viveu plenamente a vida do seu tempo. É considerado o autor teatral mais importante do Ocidente. Além de retratar em suas peças a vida humana, resgatou, em seus textos, histórias da própria Inglaterra. São tantas as suas peças importantes, que se transformaram em filmes, tais como: Hamlet, Romeu e Julieta, Otelo, A megera domada, O mercador de Veneza etc. Bertold Brech entendia o teatro como uma forma de denunciar os problemas sociais, por isso, transforma os temas meramente dramáticos, profanos ou religiosos em momentos de reflexão sobre os acontecimentos da época. Brech era totalmente contra o sistema capitalista e deixava visível em suas apresentações, onde o espectador deixa de ser meramente o receptor e passa a problematizar os temas, por isso, acredita- se que, nesse período, nasce a Pedagogia do Teatro, com a intenção de esclarecer a sociedade para os fatos, de forma didática. Teatro Brasileiro A arte de representar, de contar histórias, não faz parte só do “mundo civilizado”, os índios também tinham seus rituais religiosos em que cantavam, dançavam e até faziam espetáculos de marionetes. Os jesuítas, principalmente Anchieta, perceberam através dessas demonstrações de teatralidade dos indígenas, que o teatro poderia ser utilizado das mais diversas formas para catequizar os nativos dessa terra. Os primeiros teatros do Brasil foram os pátios das escolas, das praças públicas e o interior das igrejas. Diferentemente do teatro na Idade Média, aqui as representações podiam ser feitas por mulheres, geralmente índias e mestiças, só que em 1787, a rainha Dona Maria I (a louca), cria uma lei que proíbe as mulheres de representar, mas a lei só durou três anos. O teatro, até então era feito apenas pelo povo, até que a família real chega ao Brasil e, imediatamente, o rei D. João VI incrementa as artes para que pudesse ter diversão.
  • 59. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 59 A partir daí, o teatro no Brasil vem se tornando conhecido mundialmente, principalmente nos anos 40, com o escritor Nelson Rodrigues, considerado o maior autor teatral brasileiro de todos os tempos. Suas peças são montadas regularmente e quase todas já viraram filmes de cinema e série de televisão. Seus principais textos são: Anjo negro, Beijo no asfalto, Toda nudez será castigada e Vestido de noiva. Hoje, temos o teatro brasileiro respeitado em todo o mundo. Nossos atores são premiados no exterior e os textos teatrais montados por outros países. Mas, será que você conhece o teatro do seu estado, ou da sua cidade? É preciso que se incentive essa produção, assistindo a espetáculos, lendo e procurando cada vez mais se inteirar da cultura do país. Já em 64, com o Golpe Militar, as dificuldades aumentam para diretores e atores de teatro. A censura chega avassaladora, fazendo com que muitos artistas tenham de abandonar os palcos e exilar-se em outros países. Restava às futuras gerações manterem vivas as raízes já fixadas, e dar um novo rumo ao mais novo estilo de teatro que estaria pôr surgir. Observe o que esclarece Peixoto (1997, p. 45): [...] São infindáveis as tendências do teatro contem- porâneo. Há uma permanência do realismo e parale- lamente uma contestação do mesmo. As tendências muitas vezes são opostas, mas frequentemente se in- corporam umas as outras [...] O teatro do oprimido ou T.Op Principal mentor da técnica do teatro do oprimido, Augusto Boal, teatrólogo carioca, tinha em mente a popularização do teatro, onde podia ser praticado por pessoas desprovidas de formação teatral, uma vez que encerra o potencial de aproximar as pessoas de sua realidade cotidiana.
  • 60. PEDAGOGIA60 Boal procura uma poética da conscientização e da libertação, um teatro “que já não delegue poderes aos personagens, nem para que pensem, nem para que atuem no seu lugar. O espectador se libera: pensa e age por si mesmo!” (Ibid,1991, p.169). As técnicas do Teatro do Oprimido se sustentam no aporte teórico da pedagogia libertária de Paulo Freire, que coloca como ponto de partida a problematização do diálogo. Para Freire (1977, p. 25): O conhecimento deve ‘percorrer os caminhos da práti- ca, e nesse percurso‘se dá’ a reflexão através do corpo humano que está resistindo e lutando, e [portanto] aprendendo e tendo esperança’. Segundo Freire a práxis da educação popular reavalia as categorias dos processos de ensino-aprendizagem, favorecendo uma reorganização espaço-temporal centrado no corpo hu- mano. Para conhecer melhor a trajetória do teatro, leia, a seguir, os versos de Crispiniano Neto. O teatro passou por muito plano Desde os dramas primeiros das cavernas, E da Grécia, que as obras são eternas; Pão e circo do Império Romano Renascença e o Elisabetano O Teatro do sonho em romantismo A dureza feliz do realismo E o Teatro de Brecht, do oprimido, E o Teatro de Rua, esquecido, Mas lutando com grande idealismo! Sem palco, sem luz e sem cortina Sem poltrona, sem camarote e frisa O teatro de rua realiza Este sonho que o povo descortina Ter na arte da alma nordestina
  • 61. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 61 Expressões da verdade que se dia Alegria, Alegria, palma e bis Da beleza e da graça em mil matizes Retornando o teatro às raízes Do projeto do povo ser feliz Quero ver par o povo, voz e vez A farinha, o poema e o feijão, O saber, o sabor e a emoção A semente, o terreno e o boi-de-reis O salário e a películas trinta e seis Mão na maquina com o pé, depois sambando É o teatro de rua penetrando Nos umbrais da parede da memória Rejuntando os tijolos da história Recompondo a canção e caminhando! E o teatro folclórico do Brasil Das Cheganças, Fandangos e Reisados. Os cordões dos azuis e encarnados As disputas do nosso Pastoril, O Cangaço do rifle e do fuzil É lembrado nos palcos do Sertão Jesus Cristo na cruz, que é “A Paixão”, João ou José que se chama miolo de boi As estórias de Grilo e Pedro Quengo E casamento Matuto no São João!
  • 62. PEDAGOGIA62 Amadeus (1984) Sinopse: Após tentar se suicidar, Salieri (F. Murray Abraham) confessa a um padre que foi o responsável pela morte de Mozart (Tom Hulce) e relata como conheceu, conviveu e passou a odiar Mozart, que era um jovem irreverente mas compunha como se sua música tivesse sido abençoada por deus (http://www.adorocinema.com/filmes/amadeus/). Direção: Milos Forman Gênero: Drama Elenco: F. Murray Abraham, Tom Hulce, Elizabeth Berridge, Simon Callow, Roy Dotrice, Christine Ebersole, Jeffrey Jones, Charles Kay, Kenny Baker, Lisabeth Bartlett, Barbara Bryne, Martin Cavina, Roderick Cook, Milan Demjanenko, Peter Digesu. Pollock (2000) Sinopse: Em agosto de 1949, a revista life publicou em sua capa uma manchete dizendo: “Jackson Pollock: será ele o maior artista vivo dos estados unidos?”. Já conhecido no mundo da arte de Nova York, Pollock agora passava a ser conhecido nacionalmente como a primeira celebridade americana no mundo das artes plásticas e seu estilo corajoso e radical de pintura ditava os rumos da arte moderna. Mas os tormentos que atingiam Pollock em toda sua vida e que o ajudaram no início de carreira a criar sua arte original começaram a afligi-lo cada vez mais. Lutando contra si mesmo, Pollock entrou então numa espiral decadente que fez com que destruísse seu casamento, sua promissora carreira e sua própria vida. (http://www.adorocinema. com/filmes/pollock/). Direção: Ed Harris Gênero: Drama Elenco: Ed Harris, Marcia Gay Harden, Amy Madigan, Jennifer Connelly, Jeffrey Tambor, Bud Cort, John Heard, Val Kilmer, Tom Bower, Robert Knott, David Leary, Julie Anna Rose.
  • 63. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE ENSINO DA ARTE | unidade 1 63 Camille claudel (1998) Sinopse: Em Paris, em 1885, a jovem escultora Camille Claudel entra em conflito com sua família burguesa ao tornar-se aprendiz e, depois, assistente do famoso Auguste Rodin. Quando ela se transforma em amante do mestre (que já era casado), cai em desgraça junto à sociedade parisiense, embora tenha amigos do porte do compositor Claude Debussy. Depois de quinze anos de tortuoso relacionamento com Rodin, Camille rompe o romance e mergulha cada vez mais na solidão e na loucura. Por iniciativa de seu irmão mais novo, o escritor Paul Claudel, é internada em 1912 num manicômio (http:// www.interfilmes.com/filme_17725_camille. Claudel-%28camille. claudel%29.html). Direção: Bruno Nuytten Gênero: Drama Elenco: Isabelle Adjani, Gérard Depardieu, Laurent Grévill, Alain Cuny, Madeleine Robinson, Katrine Boorman, Danièle Lebrun, Aurelle Doazan, Madeleine Marie, Maxime Leroux, Philippe Clévenot, Roger Planchon, Flaminio Corcos, Roch Leibovici, Gérard Darier. O Corcunda de Notre-dame (1997) Idade Média, Paris. O corcunda Quasímodo (Mandy Patinkin) mora em uma das torres da catedral Notre Dame. Isolado e incompreendido pelo povo da época, ele se esconde do mundo, vivendo como um pária. Durante um passeio pelo mundo exterior, ele se apaixona pela cigana Esmeralda (Salma Hayek), uma jovem perseguida pelo sacerdote Dom Frollo (Richard Harris). http://www.adorocinema.com/ busca/?q=corcunda+de+notre+dame+-+filme Direção: Peter Medak Elenco: Salma Hayek, Mandy Patinkin, Richard Harris mais Gênero: Drama, Terror, Romance