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artigode revisão
Revista de Atenção à Saúde, v. 13, no
43, jan./mar. 2015, p.61-66
RAS
doi: 10.13037/rbcs.vol13n43.2655   ISSN 2359-4330
Rev. de Atenção à Saúde, v. 13, no
43, jan./mar. 2015, p. 61-6
EFEITOS DA PRÁTICA DE ALONGAMENTO ESTÁTICO E FACILITAÇÃO
NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NA FLEXIBILIDADE:
REVISÃO NARRATIVA
EFFECTS OF STATIC STRETCHING AND PROPRIOCEPTIVE
NEUROMUSCULAR FACILITATION ON FLEXIBILITY: A NARRATIVE REVIEW
Cassiele Janina Felappia*
, Cláudia Silveira Limab*
a
cassi_66@hotmail.com, b
claudia.lima@ufrgs.br
*Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) – Porto Alegre (RS), Brasil
Data de entrada do artigo: 11/02/2014
Data de aceite do artigo: 15/08/2014
resumo
Introdução: O alongamento é um método frequentemente executado para aumentar a amplitude de
movimento de determinadas articulações. Entre as técnicas de alongamento, as mais utilizadas são a
facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) e o alongamento estático. Objetivos: Determinar, por
meio do levantamento dos resultados de estudos realizados com as técnicas de alongamento estático e
FNP, aquela que apresenta maiores benefícios para ganhos de flexibilidade. Materiais e Métodos: Foi
realizada uma revisão de literatura com busca nas plataformas Lilacs, PubMed e Google Scholar utilizando
as palavras-chave “alongamento FNP e estático”, “static stretching” e “proprioceptive neuromuscular
facilitation stretching”. O número inicial de artigos encontrados foi de 847; após seleção por título e
resumo e por leitura completa, 23 estudos foram incluídos na revisão. Resultados: A partir da leitura dos
artigos que compararam os dois protocolos de alongamento, foi observado que 28% deles apresentaram
como resultado um melhor efeito do método FNP; 7% encontraram maiores benefícios no alongamento
estático; e 64% dos artigos indicaram que não há diferença significativa entre alongamento estático e
FNP. Conclusões: Por meio da leitura dos diversos estudos que compararam e analisaram os efeitos das
técnicas de alongamento estático e facilitação neuromuscular proprioceptiva, a maior evidência é que
não há diferenças significativas entre as técnicas para ganhos de amplitude de movimento e flexibilidade,
portanto, ambos são altamente recomendados para esses fins.
Palavras-chave: exercícios de alongamento muscular; músculo esquelético; amplitude de movimento
articular.
abstract
61
Introduction: Stretching is a method commonly performed to increase the range of motion of certain
joints. Among the techniques of stretching, the most frequently used are the Proprioceptive Neuromuscular
Facilitation (PNF) and static stretching. Objectives: To determine which method provides greater
benefits to increase flexibility through a survey of studies conducted with PNF stretching techniques and
static. Materials and Method: We performed a literature search on platforms with Lilacs, PubMed and
Google Scholar using the keywords “static and PNF stretching”, “static stretching” and “proprioceptive
neuromuscular facilitation stretching”. The initial number of articles found was 847; after selection by
title and abstract and complete reading, 23 studies were included in the review. Results: From reading
the articles that compared the two stretching protocols, it was observed that 28 percent of them resulted
in a better effect of the method PNF; 7 percent reported greater benefits concerning static stretching;
and 64 percent of the articles indicated that there is no significant difference between static stretching
and PNF. Conclusions: Through the reading of various studies that compared and analyzed the effects of
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Leite M. S. R., Sousa S. C., Silva F. M., Bouzas J. C. M62
Revista de Atenção à Saúde, v. 13, no
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static stretching techniques and proprioceptive neuromuscular facilitation, the greatest evidence is that there are no significant
differences between the methods to gain range of motion and flexibility, therefore, both of them are highly recommended for
gain range of motion and flexibility and effective for these purposes.
Keywords: muscle stretching exercises; skeletal muscle; range of articular motion.
Introdução
O alongamento é um método frequentemente exe-
cutado para aumentar a amplitude de movimento (ou
a flexibilidade) de determinadas articulações. Embora
não haja evidências científicas que comprovem a sua efi-
cácia na diminuição do risco de lesões e na minimização
de dores musculares tardias, tradicionalmente faz parte
do aquecimento para atividades físicas1
.
Entre as técnicas de alongamento, as mais utilizadas
são a facilitação neuromuscular proprioceptiva e o alon-
gamento estático. A FNP é uma técnica de alongamen-
to que, por meio da estimulação de proprioceptores,
busca o aumento da amplitude de movimento (ADM)
e da flexibilidade2
. Segundo Rosa, Padilha, Carvalho e
Mossini, esta técnica pode ser dividida em três fases: na
primeira, ocorre a mobilidade do grupo muscular alvo
até a sua amplitude limite, acionando o fuso muscular;
na segunda fase, ocorre a contração voluntária isométri-
ca, resistida pelo profissional durante 6 segundos, de-
sencadeando um processo de inibição autogênica, cul-
minando na ativação do órgão tendinoso de Golgi e na
subsequente redução na tensão muscular; este processo
permite que, na terceira fase, o alongamento seja reali-
zado além da amplitude observada na primeira fase, di-
minuindo a resistência ao alongamento e aumentando a
amplitude de movimento3,4
.
O alongamento estático é uma técnica comum utili-
zada por especialistas e atletas a fim de aumentar o com-
primento muscular5
. O membro deve ser alongado até
alcançar sua amplitude máxima, permanecendo neste
ponto de forma estacionária por um período que pode
variar de 10 a 60 segundos6
. Diversos estudos busca-
ram comparar os efeitos das técnicas de alongamento
estático e FNP em ganhos de amplitude de movimento
e flexibilidade, encontrando diferentes resultados em
relação a qual técnica foi mais eficiente. Alguns auto-
res encontraram uma vantagem da técnica FNP sobre
o alongamento estático7,3,8
, enquanto Davis, Ashby,
McCale, McQuain e Wine apontaram maiores benefí-
cios na aplicação do alongamento estático em relação
à do FNP5
. Ainda há os autores que não encontraram
diferenças significativas entre as duas técnicas4,9-16
.
Diante da diversidade de resultados encontrados na
literatura, o objetivo desta revisão é, por meio do le-
vantamento dos resultados de estudos realizados com
as técnicas de alongamento FNP e estático, determinar
aquela que apresenta maiores benefícios para ganhos de
flexibilidade.
Materiais e Métodos
Para o levantamento bibliográfico que serviu de em-
basamento a esta revisão, foram consultadas as plata-
formas Lilacs, PubMed e Google Scholar, utilizando-se
as palavras-chave “alongamento FNP e estático”, “static
stretching” e “proprioceptive neuromuscular facilitation
stretching”.
Na busca realizada, foram encontrados 832 resulta-
dos; além desses, outros 15 artigos foram identificados
por busca manual, pela relevância com o tema. Dos
847 estudos identificados, apenas 51 foram seleciona-
dos para leitura na íntegra e 21 foram utilizados para
elaborar a presente revisão (Figura 1). Foram excluídos
os estudos que não contemplaram a comparação entre
técnicas de alongamento, incluindo o método FNP e o
estático, ou não avaliaram o desfecho flexibilidade.
Figura 1: Fluxograma da busca e seleção dos artigos para
revisão.
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EFEITOS DO ALONGAMENTO ESTÁTICO E FNP NA FLEXIBILIDADE 63
Revista de Atenção à Saúde, v. 13, no
43, jan./mar. 2015, p.61-66
Desenvolvimento
Fasen et al. buscaram determinar se as técnicas de
alongamento ativo (utilizando-se da técnica FNP)
são mais efetivas que as de alongamento passivo (uti-
lizando-se de alongamento estático) em isquiotibiais7
.
Também foi verificado se, ao se adicionar a manobra
da neuromobilização aos alongamentos, ocorria um au-
mento da flexibilidade. Os resultados mostraram que
o alongamento ativo (FNP) foi mais eficiente que o
alongamento passivo (estático) e que a neuromobiliza-
ção parece beneficiar a flexão do quadril e a extensão
do joelho na amplitude de movimento para ambas as
técnicas. Além disso, pacientes relataram que a técnica
FNP é mais atraente e menos tediosa se comparada ao
alongamento estático.
Em estudo realizado por Rosa, Padilha, Carvalho e
Mossini, em que foram observados os ganhos na fle-
xibilidade em isquiotibiais após a aplicação de alonga-
mentos ativo, passivo e FNP, a técnica FNP se mostrou
a mais eficiente, seguida pelo alongamento ativo e, por
último, pelo passivo (estático)3
.
O estudo de Diaz, Moro, Binotto e Fréz teve foco em
uma doença, hanseníase, que pode causar neurite em al-
guns nervos do corpo8
. A neurite provoca dores que são
fatores para a perda da flexibilidade, comprometendo
os movimentos do corpo. Os autores compararam os
resultados da aplicação de alongamento estático pas-
sivo e FNP na amplitude de movimento do punho e
do tornozelo e na qualidade de vida desses sujeitos. Foi
observada uma melhora significativa na ADM de fle-
xão dorsal e plantar para o grupo que executou a FNP,
obtendo também uma melhora em três domínios do
questionário SF-36 de qualidade de vida. O grupo que
realizou alongamento estático, apesar de não apresen-
tar ganhos significativos na ADM, apresentou aumento
em cinco domínios do questionário, sugerindo, dessa
forma, que, para pacientes com essa doença, o alonga-
mento estático contribui mais para a qualidade de vida,
enquanto a técnica FNP se mostra mais eficiente para o
ganho de ADM.
Os estudos de Rosa, Padilha, Carvalho e Mossini,
Fasen et al. e Diaz, Moro, Binotto e Fréz encontraram
maiores benefícios no ganho de ADM e flexibilidade
da técnica FNP em relação ao alongamento estático3,7,8
.
Uma explicação para a maior eficiência da técnica FNP,
segundo Mallman, Moesch, Tomé, Vieira, Ciqueleiro e
Bertolini, pode ser o fato de a técnica FNP combinar
alongamento estático, contração isométrica e relaxa-
mento, o que causa uma inibição autogênica do mús-
culo a ser alongado11
.
Outro aspecto que pode ser avaliado nos estudos ci-
tados é que Rosa, Padilha, Carvalho e Mossini e Fasen
et al. encontraram aumento de ADM tanto para FNP
quanto para estático, e o período de aplicação do alon-
gamento foi de 30 segundos em ambos os estudos3,7
.
Já no estudo de Diaz, Moro, Binotto e Fréz, somen-
te a FNP teve aumento de ADM, porém o período de
aplicação do alongamento foi de 16 segundos, fato que
pode explicar a ausência de ganho significativo de ADM
para o alongamento estático, podendo 16 segundos não
ser tempo suficiente para provocar mudanças nesse
tipo de alongamento8
. Segundo estudo realizado por
Rosario, Marques e Maluf para um aumento de ADM
após alongamento, o tempo de permanência ideal é de
30 segundos17
.
O único estudo encontrado que favorece o alonga-
mento estático se comparado ao método FNP foi o de
Davis, Ashby, McCale, McQuain e Wine5
. Nele, foram
comparadas as técnicas de alongamento estático, FNP
e autoalongamento. Em 4 semanas, todas as técnicas
de alongamento empregadas no estudo produziram
aumento na flexibilidade dos isquiotibiais, porém, so-
mente o alongamento estático produziu um resultado
significativamente melhor que o do grupo controle.
Os resultados desse estudo, portanto, sugerem que o
alongamento estático tenha sido o mais benéfico para
os ganhos de flexibilidade nos isquiotibiais, quando uti-
lizados 30 segundos de alongamento durante 3 dias, no
período de 4 semanas. A explicação encontrada para o
melhor desempenho do alongamento estático em rela-
ção aos demais é que, segundo os autores, o alongamen-
to estático, quando aplicado de forma lenta, estimula o
OTG e provoca a inibição do músculo que está sendo
alongado, processo semelhante ao que ocorre no méto-
do FNP.
Contrariando os estudos que mostraram a superio-
ridade de uma técnica sobre a outra, diversos estudos
observaram diferenças que não foram consideradas sig-
nificativas entre os dois tipos de alongamento4, 9-16
.
Yuktasir & Kaya investigaram os efeitos crônicos de
24 sessões de alongamento estático passivo e FNP na am-
plitude de movimento de drop jump em homens jovens,
que realizaram 4 séries de alongamentos com duração de
30 segundos4
. O drop jump é caracterizado por um salto
precedido pelo amortecimento de uma queda de altura
específica; o amortecimento ocorre pela ação excêntrica
muscular que precede a concêntrica para realização do
salto, envolvendo o ciclo alongamento-encurtamento.
Não foram observadas alterações no desempenho do
drop jump após a aplicação dos protocolos, porém ga-
nhos de ADM foram observados para ambas as técnicas
de alongamento, indicando um aumento significativo
quando em comparação ao grupo controle. Segundo os
autores, 30 segundos de FNP ou alongamento estático
são suficientes para indivíduos que desejam ou precisam
de ganhos na flexibilidade. Porém, apesar de ambas as
técnicas contribuírem para a amplitude de movimento,
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Revista de Atenção à Saúde, v. 13, no
43, jan./mar. 2015, p.61-66
eles recomendam o alongamento estático, por ser con-
siderado mais prático, fácil e não necessitar da presença
de um terapeuta para aplicá-lo.
Rubini, Souza, Mello, Bacurau, Cabral e Farinatti
investigaram os efeitos agudos do alongamento estático
e da FNP na flexibilidade dos adutores do quadril em
dançarinas de balé e mostraram que, apesar de terem
encontrado diferença entre os valores de ADM pré e
pós intervenção, não houve diferença significativa entre
as duas técnicas9
.
Maddigan, Peach e Behm compararam os efeitos na
ADM, no tempo de movimento e no tempo de reação
na articulação do quadril entre três tipos de alongamen-
tos: alongamento utilizando elástico (FNP sem auxílio do
profissional), alongamento FNP aplicado com o profissio-
nal e alongamento estático ativo10
. O resultado do estudo
mostrou que não houve diferença significativa entre as téc-
nicas de alongamento aplicadas no aumento da flexão do
quadril, tanto para homens quanto para mulheres. Além
disso, houve um prejuízo no tempo de movimento e na
velocidade angular dinâmica tanto para o alongamento
FNP quanto para o alongamento estático. Uma possível
razão para os resultados similares para FNP e alongamen-
to estático pode ser a técnica empregada no alongamento
estático. Em decúbito dorsal, os sujeitos realizaram
ativamente flexão do quadril até o máximo da ADM
ativa (definida como aquela alcançada com a contração
da flexão do quadril) e então utilizaram os braços para
alongar a perna até o ponto máximo da ADM passiva.
O estudo realizado por Mallman, Moesch, Tomé,
Vieira, Ciqueleiro e Bertolini foi dividido em três eta-
pas: na primeira, foi medida a extensibilidade de is-
quiotibiais, por meio da prancha de goniometria, e a
flexibilidade da cadeia posterior, pelo Banco de Wells;
na segunda, foram aplicados os alongamentos e, ime-
diatamente após, foi realizada uma reavaliação dessas
medidas; o terceiro momento ocorreu no segundo dia
de coleta, e a amostra foi novamente avaliada no mesmo
horário do dia anterior11
. Os resultados mostraram que
nenhuma técnica de alongamento foi mais efetiva que a
outra quanto aos efeitos a curto prazo. Observou-se que
FNP e alongamento estático produziram ganhos signifi-
cativos nos dois tipos de avaliação, porém, depois de 24
horas, o ganho de flexibilidade e extensibilidade foram
perdidos. Segundo alguns autores, quando um músculo
é exposto a uma força passiva de alongamento, ocorre
uma deformação devido às suas propriedades mecâni-
cas18-20
. Depois de retirada a tensão, o tecido volta ao
seu comprimento original, o que explicaria o aumento
transitório do comprimento muscular.
Em pesquisa realizada por Schwinden e Marcz, jo-
vens de idade média de 17 anos foram divididos em
grupos que realizaram alongamento estático e FNP12
.
Os resultados não mostraram diferença significativa
entre os grupos na flexibilidade. Nesta pesquisa, as me-
ninas apresentaram uma melhor resposta para FNP, e os
meninos, para alongamento estático. Como a pesquisa
foi aplicada em jovens, pode-se explicar essa diferença
entre meninos e meninas pelo fato de que, nas meninas,
o desenvolvimento motor e o processo de crescimento
encerram aos 15 anos, enquanto, nos meninos, esse fe-
chamento ocorre aos 18 anos21
. Dessa forma, em grupos
de jovens com idades cronológicas iguais, teremos ida-
des esqueléticas diferentes. Outra questão levantada por
Schwinden e Marcz é o fato de que a técnica FNP ne-
cessita ser feita em duplas, e isso pode ter influenciado
no resultado dos meninos, pois houve maior dispersão
nesse grupo na hora de executar, fazendo que o alonga-
mento estático tenha sido mais eficiente neste gênero12
.
Em um estudo realizado com sujeitos de 55 anos ou
mais, Feland, Myrer e Merrill observaram as mudanças
na flexibilidade dos isquiotibiais aplicando alongamen-
to estático e FNP13
. A técnica FNP se mostrou mais
eficiente no grupo com os participantes mais novos (55
a 64 anos), enquanto, no grupo mais velho (64 anos ou
mais), não foi observada diferença significativa entre as
técnicas de alongamento FNP e estático.
Ao comparar os estudos, os resultados mostram que
a idade pode ser um fator que influencia os ganhos de
flexibilidade, conforme afirmam Schwinden e Marcz e
Feland, Myrer e Merrill12,13
.
O estudo realizado por Caplan, Rogers, Parr e Hayes
comparou a influência das técnicas FNP e alongamento
estático na flexão do quadril e na extensão do joelho
e na mecânica de funcionamento durante uma corrida
de alta velocidade, medindo o comprimento e o ritmo
do passo14
. Para a flexão de quadril, foram observados
ganhos significativos tanto para FNP quanto para alon-
gamento estático, porém, se comparadas as duas técni-
cas, não houve diferença significativa. Esse ganho na
flexão do quadril pode estar associado a um aumento
observado do comprimento do passo e a uma redução
do ritmo do passo após a aplicação dos alongamentos.
Para a extensão do joelho, os resultados mostraram
uma pequena mas significante redução na amplitude
de movimento para ambos os tipos de alongamento.
Os ganhos na ADM devidos ao treino de alongamento
provavelmente estão relacionados com o aumento dos
elementos das séries elásticas dos tendões dos músculos,
que influencia na performance muscular, como recente-
mente mostrado. Os resultados que apontaram redução
na ADM de extensão de joelho foram explicados por
erros de medição.
Lucas e Koslow analisaram os efeitos dos alonga-
mentos estático, dinâmico e FNP na flexibilidade dos is-
quiotibiais e gastrocnêmios em estudantes do sexo femi-
nino praticantes de aulas de dança aeróbica15
. Todas as
técnicas aplicadas mostraram aumento na flexibilidade,
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EFEITOS DO ALONGAMENTO ESTÁTICO E FNP NA FLEXIBILIDADE 65
Revista de Atenção à Saúde, v. 13, no
43, jan./mar. 2015, p.61-66
sendo que não foram encontradas diferenças significati-
vas entre os grupos.
Os resultados do estudo de Puentedura et al. mostra-
ram que não houve diferença significativa que favoreces-
se o alongamento estático ou a FNP no que diz respeito
ao aumento imediato pós-intervenção na flexibilidade
de isquiotibiais16
. Porém, ambas as técnicas produziram
aumentos estatisticamente significativos na flexibilidade
de isquiotibiais. Este estudo, porém, possui algumas li-
mitações, como, por exemplo, o fato de que os alonga-
mentos foram aplicados em uma das pernas dos sujeitos,
enquanto a perna contralateral serviu como “controle”.
Alguns fatores foram utilizados como justificativas
pelos autores para explicar os resultados semelhantes en-
tre o alongamento FNP e estático: o mesmo tempo de
permanência para ambos os protocolos de alongamen-
to4
, sendo, dessa forma, a mesma duração do estímulo
produzido; a faixa etária, já que, com o avanço da ida-
de, ocorre perda de elasticidade do músculo,22
levando
a um mesmo efeito das duas técnicas de alongamento;
o mesmo nível de flexibilidade da amostra9
; e a duração
do tratamento15
, sendo que tratamentos mais longos
tendem a mostrar resultados semelhantes entre os pro-
tocolos, diferentemente dos de duração curta.
Conclusão
Por meio da leitura dos diversos estudos que compa-
raram e analisaram os efeitos das técnicas de alongamen-
to estático e facilitação neuromuscular proprioceptiva, a
maior evidência é que não há diferenças significativas
entre os métodos para ganhos de amplitude de movi-
mento e flexibilidade.
A idade, o gênero, o nível de flexibilidade inicial dos
indivíduos e o tempo de aplicação do alongamento pa-
recem influenciar os resultados.
Independentemente de qual técnica é mais efetiva,
estático ou FNP, ambas são altamente recomendadas
para ganhos de amplitude de movimento e flexibilida-
de, sendo eficientes para esses fins.
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  • 1. artigode revisão Revista de Atenção à Saúde, v. 13, no 43, jan./mar. 2015, p.61-66 RAS doi: 10.13037/rbcs.vol13n43.2655   ISSN 2359-4330 Rev. de Atenção à Saúde, v. 13, no 43, jan./mar. 2015, p. 61-6 EFEITOS DA PRÁTICA DE ALONGAMENTO ESTÁTICO E FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NA FLEXIBILIDADE: REVISÃO NARRATIVA EFFECTS OF STATIC STRETCHING AND PROPRIOCEPTIVE NEUROMUSCULAR FACILITATION ON FLEXIBILITY: A NARRATIVE REVIEW Cassiele Janina Felappia* , Cláudia Silveira Limab* a cassi_66@hotmail.com, b claudia.lima@ufrgs.br *Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) – Porto Alegre (RS), Brasil Data de entrada do artigo: 11/02/2014 Data de aceite do artigo: 15/08/2014 resumo Introdução: O alongamento é um método frequentemente executado para aumentar a amplitude de movimento de determinadas articulações. Entre as técnicas de alongamento, as mais utilizadas são a facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) e o alongamento estático. Objetivos: Determinar, por meio do levantamento dos resultados de estudos realizados com as técnicas de alongamento estático e FNP, aquela que apresenta maiores benefícios para ganhos de flexibilidade. Materiais e Métodos: Foi realizada uma revisão de literatura com busca nas plataformas Lilacs, PubMed e Google Scholar utilizando as palavras-chave “alongamento FNP e estático”, “static stretching” e “proprioceptive neuromuscular facilitation stretching”. O número inicial de artigos encontrados foi de 847; após seleção por título e resumo e por leitura completa, 23 estudos foram incluídos na revisão. Resultados: A partir da leitura dos artigos que compararam os dois protocolos de alongamento, foi observado que 28% deles apresentaram como resultado um melhor efeito do método FNP; 7% encontraram maiores benefícios no alongamento estático; e 64% dos artigos indicaram que não há diferença significativa entre alongamento estático e FNP. Conclusões: Por meio da leitura dos diversos estudos que compararam e analisaram os efeitos das técnicas de alongamento estático e facilitação neuromuscular proprioceptiva, a maior evidência é que não há diferenças significativas entre as técnicas para ganhos de amplitude de movimento e flexibilidade, portanto, ambos são altamente recomendados para esses fins. Palavras-chave: exercícios de alongamento muscular; músculo esquelético; amplitude de movimento articular. abstract 61 Introduction: Stretching is a method commonly performed to increase the range of motion of certain joints. Among the techniques of stretching, the most frequently used are the Proprioceptive Neuromuscular Facilitation (PNF) and static stretching. Objectives: To determine which method provides greater benefits to increase flexibility through a survey of studies conducted with PNF stretching techniques and static. Materials and Method: We performed a literature search on platforms with Lilacs, PubMed and Google Scholar using the keywords “static and PNF stretching”, “static stretching” and “proprioceptive neuromuscular facilitation stretching”. The initial number of articles found was 847; after selection by title and abstract and complete reading, 23 studies were included in the review. Results: From reading the articles that compared the two stretching protocols, it was observed that 28 percent of them resulted in a better effect of the method PNF; 7 percent reported greater benefits concerning static stretching; and 64 percent of the articles indicated that there is no significant difference between static stretching and PNF. Conclusions: Through the reading of various studies that compared and analyzed the effects of 09_2655-9007-1-ED_prep-1.indd 1 14/04/2015 19:18:02
  • 2. Leite M. S. R., Sousa S. C., Silva F. M., Bouzas J. C. M62 Revista de Atenção à Saúde, v. 13, no 43, jan./mar. 2015, p.61-66 static stretching techniques and proprioceptive neuromuscular facilitation, the greatest evidence is that there are no significant differences between the methods to gain range of motion and flexibility, therefore, both of them are highly recommended for gain range of motion and flexibility and effective for these purposes. Keywords: muscle stretching exercises; skeletal muscle; range of articular motion. Introdução O alongamento é um método frequentemente exe- cutado para aumentar a amplitude de movimento (ou a flexibilidade) de determinadas articulações. Embora não haja evidências científicas que comprovem a sua efi- cácia na diminuição do risco de lesões e na minimização de dores musculares tardias, tradicionalmente faz parte do aquecimento para atividades físicas1 . Entre as técnicas de alongamento, as mais utilizadas são a facilitação neuromuscular proprioceptiva e o alon- gamento estático. A FNP é uma técnica de alongamen- to que, por meio da estimulação de proprioceptores, busca o aumento da amplitude de movimento (ADM) e da flexibilidade2 . Segundo Rosa, Padilha, Carvalho e Mossini, esta técnica pode ser dividida em três fases: na primeira, ocorre a mobilidade do grupo muscular alvo até a sua amplitude limite, acionando o fuso muscular; na segunda fase, ocorre a contração voluntária isométri- ca, resistida pelo profissional durante 6 segundos, de- sencadeando um processo de inibição autogênica, cul- minando na ativação do órgão tendinoso de Golgi e na subsequente redução na tensão muscular; este processo permite que, na terceira fase, o alongamento seja reali- zado além da amplitude observada na primeira fase, di- minuindo a resistência ao alongamento e aumentando a amplitude de movimento3,4 . O alongamento estático é uma técnica comum utili- zada por especialistas e atletas a fim de aumentar o com- primento muscular5 . O membro deve ser alongado até alcançar sua amplitude máxima, permanecendo neste ponto de forma estacionária por um período que pode variar de 10 a 60 segundos6 . Diversos estudos busca- ram comparar os efeitos das técnicas de alongamento estático e FNP em ganhos de amplitude de movimento e flexibilidade, encontrando diferentes resultados em relação a qual técnica foi mais eficiente. Alguns auto- res encontraram uma vantagem da técnica FNP sobre o alongamento estático7,3,8 , enquanto Davis, Ashby, McCale, McQuain e Wine apontaram maiores benefí- cios na aplicação do alongamento estático em relação à do FNP5 . Ainda há os autores que não encontraram diferenças significativas entre as duas técnicas4,9-16 . Diante da diversidade de resultados encontrados na literatura, o objetivo desta revisão é, por meio do le- vantamento dos resultados de estudos realizados com as técnicas de alongamento FNP e estático, determinar aquela que apresenta maiores benefícios para ganhos de flexibilidade. Materiais e Métodos Para o levantamento bibliográfico que serviu de em- basamento a esta revisão, foram consultadas as plata- formas Lilacs, PubMed e Google Scholar, utilizando-se as palavras-chave “alongamento FNP e estático”, “static stretching” e “proprioceptive neuromuscular facilitation stretching”. Na busca realizada, foram encontrados 832 resulta- dos; além desses, outros 15 artigos foram identificados por busca manual, pela relevância com o tema. Dos 847 estudos identificados, apenas 51 foram seleciona- dos para leitura na íntegra e 21 foram utilizados para elaborar a presente revisão (Figura 1). Foram excluídos os estudos que não contemplaram a comparação entre técnicas de alongamento, incluindo o método FNP e o estático, ou não avaliaram o desfecho flexibilidade. Figura 1: Fluxograma da busca e seleção dos artigos para revisão. 09_2655-9007-1-ED_prep-1.indd 2 14/04/2015 19:18:02
  • 3. EFEITOS DO ALONGAMENTO ESTÁTICO E FNP NA FLEXIBILIDADE 63 Revista de Atenção à Saúde, v. 13, no 43, jan./mar. 2015, p.61-66 Desenvolvimento Fasen et al. buscaram determinar se as técnicas de alongamento ativo (utilizando-se da técnica FNP) são mais efetivas que as de alongamento passivo (uti- lizando-se de alongamento estático) em isquiotibiais7 . Também foi verificado se, ao se adicionar a manobra da neuromobilização aos alongamentos, ocorria um au- mento da flexibilidade. Os resultados mostraram que o alongamento ativo (FNP) foi mais eficiente que o alongamento passivo (estático) e que a neuromobiliza- ção parece beneficiar a flexão do quadril e a extensão do joelho na amplitude de movimento para ambas as técnicas. Além disso, pacientes relataram que a técnica FNP é mais atraente e menos tediosa se comparada ao alongamento estático. Em estudo realizado por Rosa, Padilha, Carvalho e Mossini, em que foram observados os ganhos na fle- xibilidade em isquiotibiais após a aplicação de alonga- mentos ativo, passivo e FNP, a técnica FNP se mostrou a mais eficiente, seguida pelo alongamento ativo e, por último, pelo passivo (estático)3 . O estudo de Diaz, Moro, Binotto e Fréz teve foco em uma doença, hanseníase, que pode causar neurite em al- guns nervos do corpo8 . A neurite provoca dores que são fatores para a perda da flexibilidade, comprometendo os movimentos do corpo. Os autores compararam os resultados da aplicação de alongamento estático pas- sivo e FNP na amplitude de movimento do punho e do tornozelo e na qualidade de vida desses sujeitos. Foi observada uma melhora significativa na ADM de fle- xão dorsal e plantar para o grupo que executou a FNP, obtendo também uma melhora em três domínios do questionário SF-36 de qualidade de vida. O grupo que realizou alongamento estático, apesar de não apresen- tar ganhos significativos na ADM, apresentou aumento em cinco domínios do questionário, sugerindo, dessa forma, que, para pacientes com essa doença, o alonga- mento estático contribui mais para a qualidade de vida, enquanto a técnica FNP se mostra mais eficiente para o ganho de ADM. Os estudos de Rosa, Padilha, Carvalho e Mossini, Fasen et al. e Diaz, Moro, Binotto e Fréz encontraram maiores benefícios no ganho de ADM e flexibilidade da técnica FNP em relação ao alongamento estático3,7,8 . Uma explicação para a maior eficiência da técnica FNP, segundo Mallman, Moesch, Tomé, Vieira, Ciqueleiro e Bertolini, pode ser o fato de a técnica FNP combinar alongamento estático, contração isométrica e relaxa- mento, o que causa uma inibição autogênica do mús- culo a ser alongado11 . Outro aspecto que pode ser avaliado nos estudos ci- tados é que Rosa, Padilha, Carvalho e Mossini e Fasen et al. encontraram aumento de ADM tanto para FNP quanto para estático, e o período de aplicação do alon- gamento foi de 30 segundos em ambos os estudos3,7 . Já no estudo de Diaz, Moro, Binotto e Fréz, somen- te a FNP teve aumento de ADM, porém o período de aplicação do alongamento foi de 16 segundos, fato que pode explicar a ausência de ganho significativo de ADM para o alongamento estático, podendo 16 segundos não ser tempo suficiente para provocar mudanças nesse tipo de alongamento8 . Segundo estudo realizado por Rosario, Marques e Maluf para um aumento de ADM após alongamento, o tempo de permanência ideal é de 30 segundos17 . O único estudo encontrado que favorece o alonga- mento estático se comparado ao método FNP foi o de Davis, Ashby, McCale, McQuain e Wine5 . Nele, foram comparadas as técnicas de alongamento estático, FNP e autoalongamento. Em 4 semanas, todas as técnicas de alongamento empregadas no estudo produziram aumento na flexibilidade dos isquiotibiais, porém, so- mente o alongamento estático produziu um resultado significativamente melhor que o do grupo controle. Os resultados desse estudo, portanto, sugerem que o alongamento estático tenha sido o mais benéfico para os ganhos de flexibilidade nos isquiotibiais, quando uti- lizados 30 segundos de alongamento durante 3 dias, no período de 4 semanas. A explicação encontrada para o melhor desempenho do alongamento estático em rela- ção aos demais é que, segundo os autores, o alongamen- to estático, quando aplicado de forma lenta, estimula o OTG e provoca a inibição do músculo que está sendo alongado, processo semelhante ao que ocorre no méto- do FNP. Contrariando os estudos que mostraram a superio- ridade de uma técnica sobre a outra, diversos estudos observaram diferenças que não foram consideradas sig- nificativas entre os dois tipos de alongamento4, 9-16 . Yuktasir & Kaya investigaram os efeitos crônicos de 24 sessões de alongamento estático passivo e FNP na am- plitude de movimento de drop jump em homens jovens, que realizaram 4 séries de alongamentos com duração de 30 segundos4 . O drop jump é caracterizado por um salto precedido pelo amortecimento de uma queda de altura específica; o amortecimento ocorre pela ação excêntrica muscular que precede a concêntrica para realização do salto, envolvendo o ciclo alongamento-encurtamento. Não foram observadas alterações no desempenho do drop jump após a aplicação dos protocolos, porém ga- nhos de ADM foram observados para ambas as técnicas de alongamento, indicando um aumento significativo quando em comparação ao grupo controle. Segundo os autores, 30 segundos de FNP ou alongamento estático são suficientes para indivíduos que desejam ou precisam de ganhos na flexibilidade. Porém, apesar de ambas as técnicas contribuírem para a amplitude de movimento, 09_2655-9007-1-ED_prep-1.indd 3 14/04/2015 19:18:02
  • 4. Leite M. S. R., Sousa S. C., Silva F. M., Bouzas J. C. M64 Revista de Atenção à Saúde, v. 13, no 43, jan./mar. 2015, p.61-66 eles recomendam o alongamento estático, por ser con- siderado mais prático, fácil e não necessitar da presença de um terapeuta para aplicá-lo. Rubini, Souza, Mello, Bacurau, Cabral e Farinatti investigaram os efeitos agudos do alongamento estático e da FNP na flexibilidade dos adutores do quadril em dançarinas de balé e mostraram que, apesar de terem encontrado diferença entre os valores de ADM pré e pós intervenção, não houve diferença significativa entre as duas técnicas9 . Maddigan, Peach e Behm compararam os efeitos na ADM, no tempo de movimento e no tempo de reação na articulação do quadril entre três tipos de alongamen- tos: alongamento utilizando elástico (FNP sem auxílio do profissional), alongamento FNP aplicado com o profissio- nal e alongamento estático ativo10 . O resultado do estudo mostrou que não houve diferença significativa entre as téc- nicas de alongamento aplicadas no aumento da flexão do quadril, tanto para homens quanto para mulheres. Além disso, houve um prejuízo no tempo de movimento e na velocidade angular dinâmica tanto para o alongamento FNP quanto para o alongamento estático. Uma possível razão para os resultados similares para FNP e alongamen- to estático pode ser a técnica empregada no alongamento estático. Em decúbito dorsal, os sujeitos realizaram ativamente flexão do quadril até o máximo da ADM ativa (definida como aquela alcançada com a contração da flexão do quadril) e então utilizaram os braços para alongar a perna até o ponto máximo da ADM passiva. O estudo realizado por Mallman, Moesch, Tomé, Vieira, Ciqueleiro e Bertolini foi dividido em três eta- pas: na primeira, foi medida a extensibilidade de is- quiotibiais, por meio da prancha de goniometria, e a flexibilidade da cadeia posterior, pelo Banco de Wells; na segunda, foram aplicados os alongamentos e, ime- diatamente após, foi realizada uma reavaliação dessas medidas; o terceiro momento ocorreu no segundo dia de coleta, e a amostra foi novamente avaliada no mesmo horário do dia anterior11 . Os resultados mostraram que nenhuma técnica de alongamento foi mais efetiva que a outra quanto aos efeitos a curto prazo. Observou-se que FNP e alongamento estático produziram ganhos signifi- cativos nos dois tipos de avaliação, porém, depois de 24 horas, o ganho de flexibilidade e extensibilidade foram perdidos. Segundo alguns autores, quando um músculo é exposto a uma força passiva de alongamento, ocorre uma deformação devido às suas propriedades mecâni- cas18-20 . Depois de retirada a tensão, o tecido volta ao seu comprimento original, o que explicaria o aumento transitório do comprimento muscular. Em pesquisa realizada por Schwinden e Marcz, jo- vens de idade média de 17 anos foram divididos em grupos que realizaram alongamento estático e FNP12 . Os resultados não mostraram diferença significativa entre os grupos na flexibilidade. Nesta pesquisa, as me- ninas apresentaram uma melhor resposta para FNP, e os meninos, para alongamento estático. Como a pesquisa foi aplicada em jovens, pode-se explicar essa diferença entre meninos e meninas pelo fato de que, nas meninas, o desenvolvimento motor e o processo de crescimento encerram aos 15 anos, enquanto, nos meninos, esse fe- chamento ocorre aos 18 anos21 . Dessa forma, em grupos de jovens com idades cronológicas iguais, teremos ida- des esqueléticas diferentes. Outra questão levantada por Schwinden e Marcz é o fato de que a técnica FNP ne- cessita ser feita em duplas, e isso pode ter influenciado no resultado dos meninos, pois houve maior dispersão nesse grupo na hora de executar, fazendo que o alonga- mento estático tenha sido mais eficiente neste gênero12 . Em um estudo realizado com sujeitos de 55 anos ou mais, Feland, Myrer e Merrill observaram as mudanças na flexibilidade dos isquiotibiais aplicando alongamen- to estático e FNP13 . A técnica FNP se mostrou mais eficiente no grupo com os participantes mais novos (55 a 64 anos), enquanto, no grupo mais velho (64 anos ou mais), não foi observada diferença significativa entre as técnicas de alongamento FNP e estático. Ao comparar os estudos, os resultados mostram que a idade pode ser um fator que influencia os ganhos de flexibilidade, conforme afirmam Schwinden e Marcz e Feland, Myrer e Merrill12,13 . O estudo realizado por Caplan, Rogers, Parr e Hayes comparou a influência das técnicas FNP e alongamento estático na flexão do quadril e na extensão do joelho e na mecânica de funcionamento durante uma corrida de alta velocidade, medindo o comprimento e o ritmo do passo14 . Para a flexão de quadril, foram observados ganhos significativos tanto para FNP quanto para alon- gamento estático, porém, se comparadas as duas técni- cas, não houve diferença significativa. Esse ganho na flexão do quadril pode estar associado a um aumento observado do comprimento do passo e a uma redução do ritmo do passo após a aplicação dos alongamentos. Para a extensão do joelho, os resultados mostraram uma pequena mas significante redução na amplitude de movimento para ambos os tipos de alongamento. Os ganhos na ADM devidos ao treino de alongamento provavelmente estão relacionados com o aumento dos elementos das séries elásticas dos tendões dos músculos, que influencia na performance muscular, como recente- mente mostrado. Os resultados que apontaram redução na ADM de extensão de joelho foram explicados por erros de medição. Lucas e Koslow analisaram os efeitos dos alonga- mentos estático, dinâmico e FNP na flexibilidade dos is- quiotibiais e gastrocnêmios em estudantes do sexo femi- nino praticantes de aulas de dança aeróbica15 . Todas as técnicas aplicadas mostraram aumento na flexibilidade, 09_2655-9007-1-ED_prep-1.indd 4 14/04/2015 19:18:02
  • 5. EFEITOS DO ALONGAMENTO ESTÁTICO E FNP NA FLEXIBILIDADE 65 Revista de Atenção à Saúde, v. 13, no 43, jan./mar. 2015, p.61-66 sendo que não foram encontradas diferenças significati- vas entre os grupos. Os resultados do estudo de Puentedura et al. mostra- ram que não houve diferença significativa que favoreces- se o alongamento estático ou a FNP no que diz respeito ao aumento imediato pós-intervenção na flexibilidade de isquiotibiais16 . Porém, ambas as técnicas produziram aumentos estatisticamente significativos na flexibilidade de isquiotibiais. Este estudo, porém, possui algumas li- mitações, como, por exemplo, o fato de que os alonga- mentos foram aplicados em uma das pernas dos sujeitos, enquanto a perna contralateral serviu como “controle”. Alguns fatores foram utilizados como justificativas pelos autores para explicar os resultados semelhantes en- tre o alongamento FNP e estático: o mesmo tempo de permanência para ambos os protocolos de alongamen- to4 , sendo, dessa forma, a mesma duração do estímulo produzido; a faixa etária, já que, com o avanço da ida- de, ocorre perda de elasticidade do músculo,22 levando a um mesmo efeito das duas técnicas de alongamento; o mesmo nível de flexibilidade da amostra9 ; e a duração do tratamento15 , sendo que tratamentos mais longos tendem a mostrar resultados semelhantes entre os pro- tocolos, diferentemente dos de duração curta. Conclusão Por meio da leitura dos diversos estudos que compa- raram e analisaram os efeitos das técnicas de alongamen- to estático e facilitação neuromuscular proprioceptiva, a maior evidência é que não há diferenças significativas entre os métodos para ganhos de amplitude de movi- mento e flexibilidade. A idade, o gênero, o nível de flexibilidade inicial dos indivíduos e o tempo de aplicação do alongamento pa- recem influenciar os resultados. Independentemente de qual técnica é mais efetiva, estático ou FNP, ambas são altamente recomendadas para ganhos de amplitude de movimento e flexibilida- de, sendo eficientes para esses fins. Referências 1. Gomes TM, Rubini EC, Junior HSN, Novaes JS, Trindade A. Efeito agudo dos alongamentos estático e FNP sobre o desempenho da força dinâmica máxima. Rev Bras Fisiol Exerc. 2005 Jan/Dez;4(1):13-6. 2. Burke DG, Culligan CJ, Holt LE. The theoretical basis of proprioceptive neuromuscular facilitation. J Strength Cond Res. 2000 Nov;14(4):496-500. 3. Rosa AS, Padilha RFF, Carvalho PTC, Mossini CC. Estudo comparativo entre três formas de alongamento: ativo, passivo e facilitação neuroproprioceptiva. Ter Man. 2006 Abr/Jun;4(16):97-101. 4. Yuktasir B, Kaya F. 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