2. Estudo de Caso 3 – Deficiência Auditiva /
Surdez
Estudante: José Pedro de 13 anos do 8º ano do ensino fundamental
Dificuldade do aluno: na escrita com produção de texto curtos e palavras soltas
3. SUJEITO SURDO E SEU PROCESSO DE
APREDIZAGEM
O surdo possui privação auditiva e por essa razão sofre um processo diferenciado na sua aquisição e
desenvolvimento da fala e linguagem oral.
A linguagem é um processo necessário para a comunicação e inerente a todo ser humano e é a
partir do uso da língua que se estabelecerá e solidificará os vínculos sociais entre o sujeito e o seu
meio.
O sujeito surdo entretanto tem considerações a serem feitas frente a essa abordagem uma vez que
tratando-se a língua de sinais (Libras), sua língua maternal, visual, gestual espacial, diferente da
língua portuguesa, oral auditiva, teremos então canais de recepção e de emissão diferentes da
pessoa ouvinte.
Sinais de aprendizado na leitura e escrita do surdos são diferentes do ouvinte, visto que a
aprendizagem da escrita se dá através da linguagem oral enquanto para o sujeito surdo na forma
visual e gestual.
4. L2 – Língua Portuguesa – Escrita- 2º Língua do
Surdo e suas dificuldades
Partindo do contexto que a 1º língua do sujeito surdo (língua maternal) é sua língua de sinais
(Libras), entendemos que a sua 2º língua passa a ser quando adquiri a escrita da língua
portuguesa.
O objeto é apontar a principal diferença e dificuldade do processo aprendizagem do sujeito
surdo na aquisição da escrita como sua 2º língua.
Identificar como esse aluno surdo falante da sua língua de sinais entende a 2º língua
(Português) através de suas produções textuais e assim poder aplicar metodologias de ensino
aprendizagem eficazes e eficientes.
5. Como então esse aluno surdo adquire esse processo de
aprendizagem na aquisição da escrita língua portuguesa?
Se a capacidade para linguagem é específica da espécie humana, a habilidade para aquisição da
língua independe por sua vez da inteligência, pois é uniforme e todas as crianças com
habilidades normais possuem o mesmo padrão na aquisição de uma língua, que acontece de
forma rápida, sem esforço e logicamente sem necessidade de um programa específico para a
aprendizagem de uma língua.
Ambas crianças ouvinte e surda, teriam as mesmas condições para a aquisição da língua desde
que para isso estejam inseridas em ambientes que as proporcionem situações significativas, isto
é, se para a criança ouvinte a língua oral está relacionada através de sons em palavras e frases
permitindo a comunicação, para a criança surda, filho de pais surdos, seria relativamente
imbuída às regras gramaticais de sua língua materna, língua esta de sinais, que trata-se de uma
língua visual, gestual espacial.
6. FACULDADE LINGUÍSTICA DO SUJEITO
Estudos apontam que para que ocorra a faculdade linguística do sujeito, há uma base
estrutural sentencial com princípios e regras, ou seja, o conhecimento linguístico do ser
humano denominado gramática universal.
Ora se o sujeito trás consigo o conhecimento linguístico desde o seu princípio inato, como no
caso do aluno Pedro a língua de sinais (Libras – Língua Brasileira de Sinais), para que haja a
aquisição da linguagem, da língua portuguesa para esse aluno, será necessário primeiramente
nos comunicarmos com esse aluno em sua própria língua de sinais (Libras) para a partir de
então aplicar abordagens que o aluno entenda a língua portuguesa escrita na sua estrutura e
regras do idioma.
Por essa razão é frequente encontrarmos na escrita dos surdos características próprias da sua
língua de sinais, como o exemplo do aluno Pedro nas criações textuais com palavras soltas,
pois os surdos ao escreverem fazem hipóteses sobre a língua escrita usando seus
conhecimentos de língua nata para formular sentenças gramaticais
7. CONSTRUÇÃO DA ESTRUTURA DA MODALIDADE DA FRASE
Elucidando melhor o exemplo de Pedro na construção de seus textos escritos, visualizaremos
como são empregadas as ordens de frase comparando-as entre a Libras e o português para o
aluno surdo visto que as sentenças se organizam em duas estruturas de modalidades
distintas com o seguinte parâmetro: o sujeito, verbo e objeto – SVO – estabelecidos tanto na
língua portuguesa como em Libras porém de formas diferentes.
Enquanto no português temos a ordem básica por sujeito – verbo – objeto (SVO)na
construção de uma frase, exemplo: Eu comprei a casa; em Libras teremos o inverso, isto é,
são permitidas as ordens objeto – sujeito – verbo (OSV) e sujeito – objeto – verbo (SOV),
exemplo: Eu casa comprei, ou seja, em Libras o verbo, a ação do sujeito, sempre vêm no final
da frase.
8. COMPLEXIDADE DO SURDO NA AQUISIÇÃO DA LÍNGUA
ESCRITA
Nesse cenário de complexidade na aquisição da segunda língua (língua portuguesa escrita)
para o aluno com surdez, encontramos também outros fatores importantes a considerar
nessa dificuldade para seu processo aprendizagem tais como: idade; gênero; interesse;
aptidão; elementos sócio psicológicos como motivação; personalidade; atitude; estilo
cognitivo e estratégias.
Vale ressaltar que é fundamental para o surdo aprender a língua escrita, português, ter o
domínio da estrutura de sua língua, Libras, que também é constituída por várias
propriedades estruturais como: gramática , palavras, sentenças, que por sua vez estão
situadas num contexto.
O aluno surdo para atingir sua competência e desempenho, precisará saber fazer escolhas
gramaticais adequadas para gerar sentenças claras, compreensíveis e que fazem sentido em
uma frase.
9. IMPORTÂNCIA DOS PROFESSORES USAREM LIBRAS
Conclui-se que para que o aluno surdo atinja o esperado em seu processo de ensino
aprendizagem na escrita de língua portuguesa, é essencial que os professores utilizem a
Libras como ferramenta metodológica para o ensino.
Não obstante, trabalhar com esse aluno surdo métodos a estimulá-lo em suas habilidades
de compreensão no que diz respeito à estrutura gramatical da língua de sinais às escolhas
linguísticas adequadas aos diferentes gêneros, para a leitura de sinais e consequentemente
à atenção aos sinais do outro e a necessidade de comportar-se adequadamente frente a
situações.
Com o aluno Pedro utilizaria a didática de conversar em Libras assuntos relacionados a
tema que ele mais aprecia, como carros (automóveis), artes marciais que é um de seus
esportes, estimulando-o através da fala na língua de sinais para posteriormente leva-lo à
escrita em sua própria língua de sinais e a partir deste apresentar a ele as regras
gramaticais da escrita língua portuguesa.