Línguistica aplicada e o professor de língua inglesa
Seminário academico. O Ensino da Língua Portuguesa: Perspectivas e Contradições
1. SEMINÁRIO ACADEMICO
O ensino de Língua Portuguesa: perspectivas e contradições
1. O ensino da Língua Portuguesa
1.1. Dificuldade do ensino da Língua
Entre os parâmetros que compreendem as dificuldades do ensino da língua existem as
variações da língua falada e escrita, onde no falar podemos encontrar dialetos, gírias ou até
mesmo peculiaridades quanto à posição geográfica da cidade, culturas e outros fatores que
influenciam as variações linguísticas, e nesse sentido fica difícil padronizar a língua falada.
Por outro lado, com a língua escrita é diferente, já que para essa existe um padrão
normatizado para que todos que praticam a escrita sigam suas normas. Na dinâmica do
processo de ensino com certeza vão surgir variações linguísticas na fala, todavia na língua
escrita o padrão da norma culta deve ser mantido, e embora possam existir diferenças na fala
o professor por sua vez deve adequar as variedades linguísticas da fala em uma busca padrão
para a escrita desde que permita ao aluno adequar seu tipo de fala a escrita cotreta. Em sala de
aula, quando se fala no ensino da língua, esse ensino não está restrito apenas a gramática, mas
também na produção oral, da escrita, do ensino da leitura, buscando preparar o aluno para
utilizar esse conhecimento em sua vida fora do meio escolar.
Nesse sentido veja o que diz os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua
Portuguesa (PCN):
No ensino-aprendizagem nos diferentes padrões de fala e de escrita, o
que se almeja não é levar os alunos a falar certo, mas permiti-lhes a
forma de fala a utilizar, considerando as características e condições do
contexto de produção, ou seja, é saber adequar os recursos
expressivos, a variedade de língua e o estilo as diferentes situações
comunicativas [...] A questão não é de erro, mas de adequação às
circunstancias de uso, de utilização adequada da linguagem (BRASIL,
1998, P.31).
Percebe-se que mesmo com mudanças proativas nas normas educacionais no ensino de
língua portuguesa, ainda existem barreiras a serem quebradas quanto as normas no sentido da
língua, e principalmente em propiciar espaço para o aluno aprender de forma simples, objetiva
2. sem estar condicionado a regras pré-estabelecidas que ao invés de aproximar o aluno da
língua, acaba por afastar, sendo em muitos casos cansativo e maçante.
1.2. Variações linguísticas em sala de aula
Comumente, seja em sala de aula ou em outro lugar qualquer nos deparamos com
variações linguísticas, e nesse caso em especifico, isto é na sala de aula, é normal o professor
encontrar entre os alunos uma variedade linguística, mesmo que os referidos alunos residam
no mesmo bairro ou cidade. Cada aluno trás consigo uma carga de conhecimento, seja ele
formal ou informal, e nessa bagagem ele trás na sua linguagem maneiras de falar e expressar o
seu conhecimento de forma singular ou pluralizada, sendo que o professor como cooperador e
ajudador na busca do conhecimento pelo aluno, exerce um papel importante, pois o professor
com seus conhecimentos sejam do processo pedagógico ou o conhecimento das
particularidades de cada aluno acaba por compreender melhor o contexto da sala de aula e
assim direcionar sua proposta pedagógica. Para tal é fundamental que o professor saiba
identificar as variações linguísticas que fazem parte da sala de aula e assim poder direcionar a
sua forma de ensino da Língua portuguesa, bem como trabalhar essas variações linguísticas de
modo que os alunos respeitem a forma de falar do colega tendo em vista que a fala é um fato
individual. Assim, Bagno (2001) afirma que:
Simplesmente não existe erro em língua. Existem, sim, formas de uso
de línguas diferentes daquelas que são impostas pela tradição
gramatical. No entanto, essas formas diferentes, quando analisadas
com critérios, revelam-se perfeitamente lógicas e coerentes. (BAGNO,
2001, p.25-26).
Compreendemos então que o Brasil não possui vários idiomas, mas sim variações
linguísticas provenientes da cultura de cada região e suas particularidades, contudo essas
variações são normatizadas na língua escrita, e o professor em sala de aula deve exercer o
papel de ensinar a língua portuguesa na sua forma correta, porém sem esquecer ou anular a
diversidade linguística existente entre o grupo de alunos.
1.3. As realidades do português ensinado em sala de aula e do português vivenciado no
cotidiano do aluno.
O objetivo do ensino de língua portuguesa nas instituições de ensino é ampliar as
possibilidades do uso da linguagem, e para tal são usados gêneros textuais para a efetivação
3. na comunicação verbal onde o individuo deve participar na construção do sentido do texto.
Não basta apenas deixar as crianças falarem, mas criar situações de reflexão sobre a língua
oral de maneira contextualizada, onde por outro lado, na sala de aula o português formal
aparece com sua codificação quase sempre incompreensível por parte dos seus interlocutores,
o que faz tornar difícil a concentração sobre o assunto e em muitos casos fictícia embora
verdadeira, sendo de difícil compreensão e entendimento pelos alunos. É como se a criança
aprendesse um português e praticasse outro fora dos bancos escolares, bem porque o que se
ensina em sala de aula não é o que se fala fora da escola e assim o é com a escrita, e este
aspecto do ensino da língua portuguesa faz com que o aluno fique subordinado aos dogmas do
ensino da língua e consequentemente preso a normas e formalismos. Vimos aqui duas formas
de linguagem à escrita com suas normas formais e a falada com sua linguagem coloquial e
informalidade.
Segundo BAKTHIN, os gêneros textuais podem ser divididos em dois grupos:
gêneros primários – são textos da linguagem cotidiana que, numa situação discursiva podem
ser controlados diretamente – e os gêneros secundários – trata-se geralmente de textos escritos
que exige uma linguagem mais oficializada, padrão.
(...) Não é absurdo dizer que os gêneros primários são instrumentos de
criação dos gêneros secundários. Daí, podem-se apontar as
características dos gêneros textuais: são formas -padrão de um
enunciado que possuem conteúdo, uma estruturação específica e
mutável a partir das relações estabelecidas entre os interlocutores; do
mesmo modo, um estilo ou certa configuração de unidades
linguísticas. (CARVALHO,p.2)
Ressalta-se que para a compreensão os gêneros textuais secundários é exigido do
individuo um conhecimento especifico da língua portuguesa padrão ou oficial, mas por outro
lado o entendimento e compreensão do gênero primário é aquilo que o indivíduo aprende do
seu dia a dia, é sua fala no meio em que vive.
O docente que possuir boa formação e que for conhecedor das necessidades do
processo de ensino aprendizagem na busca por uma educação de qualidade pautada em
metodologias proativas de ensino, conseguirá estabelecer a junção entre o português ensinado
em sala de aula e o português vivido no cotidiano do aluno, e para isso ele, o docente, deverá
deixar o aluno falar por si só, buscando ensinar a língua portuguesa de forma coerente,
concisa e correta, sem com isso perder os subsídios o meio pode lhe oferecer.
4. 1.4. A avaliação como forma de avaliar a aprendizagem do aluno
A avaliação praticada aos alunos por meio de testes ou provas tem sido uma maneira
de averiguar a assimilação dos conteúdos propostos e assim ordenar o grau de conhecimento
de cada aluno, e essa ação tem acompanhado as instituições de ensino ao longo dos tempos,
mas até que ponto isso é viável ou prova a realidade do conhecimento adquirido pelo aluno. O
ensino no Brasil tem sofrido mudanças significativas na busca por melhorias em sua
qualidade, e para que essas melhorias se deem de maneira satisfatória é preciso que haja
mudanças nas maneiras de avaliar o aluno. Atualmente com as novas perspectivas no
processo de ensino aprendizagem o modelo de avaliação que outrora era visto como um
instrumento para classificar o desempenho do aluno vem perdendo seu espaço para as novas
metodologias de ensino, e nesse quesito o professor tem encontrado caminhos para medir a
qualidade do aprendizado, onde o produto final pode ser obtido através da avaliação
mediadora na qual o aluno é o construtor do seu próprio conhecimento.
As formas tradicionais de avaliação (oral e escrita) tornam-se ineficientes quando seus
critérios buscam medir o desempenho do aluno, já que não buscam a construção do
conhecimento, mas a reprodução daquilo que foi ministrado em sala de aula. Assim a
avaliação mediadora oferece ao professor ferramentas de intervenção adequadas para que os
alunos agreguem conhecimentos significativos sem repeti-los ou reproduzi- los.
Segundo HOFMANN (2000) a avaliação mediadora se desenvolve em beneficio ao
educando e dá-se fundamentalmente pela proximidade entre quem educa e quem é educado.
Para PERRENOUD (1999) a avaliação deve ser analisada como componente de um
sistema de ação e como um momento de reflexão, ou seja, avaliar é preciso, porém não apenas
com o objetivo de promover ou reprovar um aluno, mas para mediar à aprendizagem, como
um agente de formação do aluno.
Avaliar é diferente de medir, portanto não se pode medir o aprendizado do aluno com
determinados tipos de instrumentos, bem porque não existe instrumento preciso para a
avaliação escolar, e o que se pode nesse sentido é orientar a pratica educacional buscando não
apenas avaliar o aluno ao final do conteúdo da disciplina, mas em todo o momento estar
5. usando o olhar perspicaz do professor na construção do saber do aluno. O professor deve estar
atento aos anseios dos alunos e deixar que o aluno compartilhe suas produções, seus textos, e
nesse momento o professor entra como um interventor mostrando ao aluno os possíveis erros
aponta adequações e dessa forma o processo avaliativo vai acontecendo sem que o aluno
perceba, contudo em todo o momento seu aprendizado está sendo colocada a prova.
2. A escola como construtora do conhecimento
2.1. A necessidade de novas perspectivas pedagógicas
Nas duas ultimas décadas muitas transformações tem ocorrido na sociedade de modo
geral, e tais transformações tem atingido os setores da sociedade, e nesse contexto a educação
também vem sofrendo suas transformações, onde as instituições de ensino têm sido obrigadas
a reavaliar sua postura frente ao mundo contemporâneo e de transformações, e para isso os
currículos escolares tem sido reorganizado na busca por ensino de qualidade e um processo de
ensino aprendizagem satisfatório frente às mudanças sociais. A escola como instituição de
ensino e formadora de cidadãos conscientes dos seus deveres em meio à sociedade em que
vivem também tem o propósito de desafiar os educando a produzirem seu conhecimento
usando ela como um espaço propício à pesquisa e descoberta de novos saberes.
Nesse sentido a língua portuguesa, ou o seu ensino, também foi alcançada por tais
mudanças e transformações, onde tanto a leitura quanto a escrita tiveram impactos
significativos, e nessas mudanças novas perspectivas pedagógicas surgiram, sendo que apenas
o ler e o escrever não bastam para vencer no mundo globalizado, contudo o aluno de hoje não
deve apenas aprender os conteúdos de língua portuguesa, mas também deve fazer uso da
língua como prática social, e nesse contexto os novos referenciais pedagógicos aproximam os
alunos da prática e realidade social, podendo ele colocar em prática na vida cotidiana os
ensinos que teve em sala de aula, sabendo que está inserido de forma contínua e eficaz no
meio social e acompanhando as transformações do meio. As novas perspectivas pedagógicas
da língua portuguesa permitem ao aluno aprender em sala de aula e praticar o que aprendeu
sem ser rotulado por possuir determinada variação linguística.
Um dos responsáveis pelas atuais e novas perspectivas pedagógicas no ensino de
língua portuguesa têm sido os gêneros textuais, pois estes se manifestam através da oralidade
e da escrita sendo transformado em situações vividas no cotidiano de cada um. São inúmeros
6. os gêneros textuais que estão presentes na vida das pessoas, e em cada um dos gêneros a
pessoa formula o seu conhecimento e interage com o meio. Dentre os tipos de gêneros
textuais podem-se citar os seguintes: e-mail, carta, bilhete, canção, bula de remédio, artigo e
etc. Em todos estes tipos textuais há uma interação linguística por meio da qual o leitor
mediante seus conhecimentos da língua portuguesa saberá interpretá-los e distingui-los um do
outro.
3. Construindo conhecimento mediante o formalismo
3.1. Apenas o ensino formal de português em sala de aula é suficiente para a aquisição do
conhecimento
Atualmente o ensino da língua materna parece estar um tanto disperso, já que tem sido
reduzida a memorização de regras gramaticais como se o aprendizado destas fosse resolver as
necessidades da aprendizagem da língua como um todo, buscando sempre a língua escrita no
seu padrão oficial. O que se pode notar é que o estudo da gramática por si só e repetidamente
acaba inibindo o aluno a buscar seu próprio conhecimento, o que gera nesse individuo
frustrações e medos sobre a língua materna. Não se pode negar o valor e importância do
ensino formal, tendo em vista que a escola é um espaço formal construtora do conhecimento e
formadora de cidadãos conscientes, mas por outro lado o conhecimento não está único e
exclusivamente no ensino formal e regular como o temos, sendo que por meio do processo
educativo informal a pessoa pode aprender muitos valores e agrega-los aos conhecimentos
que teve em sala de aula. Nesse sentido NANCZHAO, (1998, p. 257) afirma que:
A educação é o vetor de transmissão da cultura enquanto que esta
define o quadro institucional da educação e ocupa um lugar essencial
em seus conteúdos. A educação, afirma-se, ocupa uma posição central
no sistema de valores e os valores são os pilares em que se apoia a
educação. Postas a serviço das necessidades de desenvolvimento do
ser humano, a educação e a cultura tornam-se, quer uma, quer outra,
meios e fins deste mesmo desenvolvimento.
A educação informal passa então a ser um plano de fundo da educação formal, onde
todo processo educativo só é possível por meio da linguagem, assim o norte do ensino da
língua portuguesa deve seguir no sentido da aquisição da linguagem oral, para que o sujeito
possa ser exposto a diferentes situações do emprego da língua sem preocupar-se tanto com o
emprego da língua escrita. O ensino da língua materna está muito longe de priorizar o uso
7. efetivo da língua, e o que se aprende em sala de aula é uma linguagem atemporal e fora do
contexto e realidade vivida pelos atores sociais.
O ensino formal é importante para o conhecimento, todavia ele por si só não garante
um conhecimento geral e abrangente, assim como o que se aprende em sala de aula não é o
bastante para sobreviver às novas e graduais transformações que vem ocorrendo no mundo
contemporâneo, e para isso o individuo deve estar atento às transformações e sempre
buscando novas formas e metodologias de adquirir conhecimento.
3.2. O formalismo no ensino da Língua portuguesa deve ser trabalhado
No ensino de língua portuguesa o formalismo é um modo de focalizar a descrição
gramatical cuja ênfase recai na forma ou estrutura da palavra, assim o formalismo também é
conhecido por gramática, o que lhe faculta uma importância muito grande, pois tem a
proposta de observar o uso da língua considerando-a fundamental para a compreensão da
linguagem, e analisando a frase. Pode-se compreender que o formalismo no ensino de língua
portuguesa deve ser trabalhado para o bom entendimento e conhecimento sobre as
condicionantes da língua materna, contudo para que este não seja um ensino gramatical
infrutífero o professor deve trabalhar os conteúdos de forma que os alunos possam sentir-se
seguros acerca do assunto e que as aulas não sejam uma obrigação, mas acima de tudo um
prazer em estudar a língua materna.
Nos últimos anos o ensino de língua portuguesa vem sendo alvo de preocupação por
parte dos especialistas e educadores de modo geral, já que o modo tradicional de ensinar a
gramática tem sido frágil mediante as variações linguísticas e as condições sociais dos alunos,
e o professor ao buscar ministrar uma aula nos moldes tradicionais obedecendo a grade
curricular e a metodologia existente se frustra por não conseguir alcançar os objetivos por ele
traçados. Contudo para Neves (1997, p.97) ´´ a partir do momento que um professor de língua
materna, entende a teoria formalista ele terá entendido um conjunto de pressupostos que
poderão orientá-lo na sua atividade em sala de aula ``.
8. REFERENCIAS
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BAGNO, Marcos. Português ou Brasileiro. São Paulo: Parábola editora, 2001
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http://www.filologia.org.br/vicnlf/anais/os%20generos.html > Acesso em 20/09/2014
DAGA, Aline Cassol. GOULART, Anderson Jair. ZARTH, Carolina, IRIGOITE, Josa
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Duas Lógicas. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.