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CORRUPÇÃO
Por que somos CORRUPTOS?
• A máxima “o poder corrompe” é a bandeira que
cobre o caixão no qual velamos a política. Ela é
primeiro desfraldada por aqueles que pretendem
evitar a partilha do poder que constitui a
democracia. Ela é aceita por todos aqueles que se
deixam levar pela noção de que o poder não presta
e, deste modo, doam o poder a outros como se dele
não fizessem parte. Esquecem-se que a falta de
poder também corrompe, mas esquecem sobretudo
de refletir sobre o que é o poder, ou seja, ação
conjunta.
• Democracia é partilha do poder. É o campo
da vida comum, a vida onde todos estamos
juntos como numa mesma embarcação em
mar aberto. Partilhamos o poder querendo
ou não, mas podemos fazê-lo de modo
submisso ou democrático, omisso ou
presente. Estamos dentro da democracia e
precisamos seguir suas conseqüências.
• Democracia é também responsabilização
pelo contexto em que vivemos: pelo
resultado das eleições, pela miséria, pelo
cenário inteiro que produzimos por ação ou
omissão. Mas não nos detivemos em escala
social para entender o que a democracia é e,
por isso, falta-nos a reflexão que é capaz de
orientar o seu sentido, bem como o sentido
do poder e da política.
• Acreditamos que o poder é mau. Que a
política é ação para espíritos corruptíveis.
Construímos a noção de que política não
combina com ética, com moral, com
princípios. Quem acredita nisso já contribui
para a manutenção do estado geral da
política, pois afirmamos uma essência em
lugar errado. Onde deveria estar a ação que
constitui a política, está a crença que
determina o preconceito e a inação. Neste
sentido, a compreensão disseminada no
senso comum, já é corrupta. Ela compactua
com a corrupção ao reafirmá-la no discurso
que sempre orienta a prática.
• É nosso dever hoje reavaliar a experiência
brasileira diante da política. A compreensão
da política como campo da profissão, por
definição, corrupta, é ela mesma corrompida
e corrupta. Ela destrói a política, cujo
significado, precisamos hoje, refazer.
Esta é a ação política mais urgente.
• Acostumamo-nos ao pré-conceito de que política é
apenas governabilidade e deixamos de lado a idéia
fundamental de que a política é projeto de sociedade da
qual participam todos os cidadãos. Reclusos em
nossas casas, acreditamos que a esfera da vida privada
está imune ao político. Esquecemos que o pessoal é
também político, não como espetáculo, mas como lugar
de relação e modelo da esfera macroscópica da
sociedade. Políticos somos porque falamos e estamos
com os outros. Política é relação “entre-nós” produzida
pela linguagem, pela nossa fala, por nossos discursos.
O que dizemos é sempre político. Pois falar é o primeiro
passo do fazer ou, mesmo, a primeira de nossas ações.
• Política é a relação estabelecida no enlace inevitável
entre indivíduos e sociedade. Na omissão praticamos a
anti-política. Toda anti-política que seja omissão e não
crítica é corrupção da política por ser corrupção da ação.
A mais urgente das ações políticas na atualidade, além
da punição dos que transformaram nossa
governabilidade em prostituição da ação, é refazermo-
nos como políticos no verdadeiro sentido.
* Artigo publicado em Zero Hora de 30 de abril de 2006.
Coluna Tema para Debate
Aspectos da sociedade brasileira, de uma forma geral, o senhor
considera mais influentes nos (ainda) altos níveis de corrupção
no Brasil?
• A cultura do “Jeitinho brasileiro” – esse comportamento
se manifesta em diversa escala hierárquica da
sociedade;
• A cultura individualista herdade da cultura ocidental;
• O sistema econômico que pressiona os indivíduos a
possuírem (é a valorização do TER sobre o SER),
somado à desvalorização do caráter (importante e
valorizado são os potenciais consumistas);
• O tipo de coerção (branda) adotada pelo Estado;
• A impunidade marcante em nosso país.
Aspectos culturais o senhor pensa que possam
influenciar os níveis de corrupção no Brasil?
• A cultura do “Jeitinho brasileiro” – esse
comportamento se manifesta em diversa escala
hierárquica da sociedade;
• A cultura individualista herdade da cultura
ocidental;
• O sistema econômico que pressiona os
indivíduos a possuírem (é a valorização do TER
sobre o SER), somado à desvalorização do
caráter (importante e valorizado são os
potenciais consumistas);
• A idéia vendida no Brasil, onde o Jeitinho é supra-estimado, dá margem para ações
imorais (a partir de meu julgamento) na prática cotidiana (como furar fila de banco,
pagar propina para se obter algum benefício, etc.) Essas práticas acabam sendo
naturalizadas. Eu, particularmente, prefiro chamar o tal “jeitinho brasileiro” de
corrupção. Levando isso para o plano macro, é comum se ouvir no país a seguinte
expressão: “rouba, mas faz”. Essa aceitação é, em parte, acarretada pela
cotidianidade das práticas imorais (ao meu ver) o que, de certa forma, as legitimam.
Parece que roubar pode, desde que não seja de forma exagerada (legitimada pelo
mito criado de que todo político é ladrão). O político e o juiz de alto escalão também
são brasileiros, que foram criados no Brasil, onde o jeitinho foi absorvido em sua
formação. Assim, tais indivíduos estarão suscetíveis a praticarem o jeitinho e outras
formas de corrupção em sua prática cotidiana.
•
Quanto a idéia de individualidade, não transcorrerei por ser apresentar de forma
clara. Apenas indico que o modelo de sociedade que temos, classificada como
“orgânica” (Durkheim), onde cada indivíduo faz sua parte e esta colabora para os
demais, é um modelo que induz a individualidade. Como somos racionais (invoco
aqui a Teoria da Escolha Racional), tendemos a buscar maximizar nossos ganhos.
Como não vivemos em uma sociedade “mecânica” (mais uma vez utilizando o
conceito durkheimiano) tenderemos a individualidade dos resultados (competição) e
como estes estão atrelados a ganhos financeiros em um ambiente de imoralidade,
tenderão os indivíduos à corrupção.
• A valorização do Ter sobre o SER, clássico na prática cotidiana das sociedades
capitalistas pressiona os indivíduos a terem cada vez mais. Somado as questões
anteriores, certamente teremos alguns indivíduos propícios à prática de corrupção
(gostaria de lembrar que não temos uma corrupção generalizada, uma vez que se
trata de um Fato Social Patológico).
Aspectos políticos o senhor pensa que possam
influenciar os níveis de corrupção no Brasil?
• A má escolha dos representantes;
• Criação de redes que se transformam em
“verdadeiras quadrilhas” – Fato, em parte,
gerado pela existência de cargos
comissionados;
• Falta de uma política judiciária rígida e
indiscriminatória;
Aspectos da legislação brasileira o senhor pensa que
possam influenciar os níveis de corrupção no Brasil?
A legislação brasileira é falha em diversos aspectos, tais como:
• Discriminação legal – Para cada tipo de criminoso há um tipo de lei
(uma mais branda, outra mais severa, tendendo ser mais severa
em casos não políticos, sobre indivíduos sem escolaridade ou
capital econômico); O que determina a pena sem sempre é o delito,
mas o delinqüente.
• As leis brasileiras são muitas e “não pegam”;
• Existe uma expectativa de impunidade, uma vez que a burocracia
brasileira é muito lenta;
Questões para reflexão:
• 1. Quais as conseqüências do
desinteresse da sociedade pela política?
• 2. É possível não nos envolvermos com
a política?
• 3. A corrupção existente hoje na política
brasileira é culpa apenas dos políticos
profissionais?

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DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
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Corrupção

  • 2. Por que somos CORRUPTOS? • A máxima “o poder corrompe” é a bandeira que cobre o caixão no qual velamos a política. Ela é primeiro desfraldada por aqueles que pretendem evitar a partilha do poder que constitui a democracia. Ela é aceita por todos aqueles que se deixam levar pela noção de que o poder não presta e, deste modo, doam o poder a outros como se dele não fizessem parte. Esquecem-se que a falta de poder também corrompe, mas esquecem sobretudo de refletir sobre o que é o poder, ou seja, ação conjunta.
  • 3. • Democracia é partilha do poder. É o campo da vida comum, a vida onde todos estamos juntos como numa mesma embarcação em mar aberto. Partilhamos o poder querendo ou não, mas podemos fazê-lo de modo submisso ou democrático, omisso ou presente. Estamos dentro da democracia e precisamos seguir suas conseqüências.
  • 4. • Democracia é também responsabilização pelo contexto em que vivemos: pelo resultado das eleições, pela miséria, pelo cenário inteiro que produzimos por ação ou omissão. Mas não nos detivemos em escala social para entender o que a democracia é e, por isso, falta-nos a reflexão que é capaz de orientar o seu sentido, bem como o sentido do poder e da política.
  • 5. • Acreditamos que o poder é mau. Que a política é ação para espíritos corruptíveis. Construímos a noção de que política não combina com ética, com moral, com princípios. Quem acredita nisso já contribui para a manutenção do estado geral da política, pois afirmamos uma essência em lugar errado. Onde deveria estar a ação que constitui a política, está a crença que determina o preconceito e a inação. Neste sentido, a compreensão disseminada no senso comum, já é corrupta. Ela compactua com a corrupção ao reafirmá-la no discurso que sempre orienta a prática.
  • 6. • É nosso dever hoje reavaliar a experiência brasileira diante da política. A compreensão da política como campo da profissão, por definição, corrupta, é ela mesma corrompida e corrupta. Ela destrói a política, cujo significado, precisamos hoje, refazer. Esta é a ação política mais urgente.
  • 7. • Acostumamo-nos ao pré-conceito de que política é apenas governabilidade e deixamos de lado a idéia fundamental de que a política é projeto de sociedade da qual participam todos os cidadãos. Reclusos em nossas casas, acreditamos que a esfera da vida privada está imune ao político. Esquecemos que o pessoal é também político, não como espetáculo, mas como lugar de relação e modelo da esfera macroscópica da sociedade. Políticos somos porque falamos e estamos com os outros. Política é relação “entre-nós” produzida pela linguagem, pela nossa fala, por nossos discursos. O que dizemos é sempre político. Pois falar é o primeiro passo do fazer ou, mesmo, a primeira de nossas ações.
  • 8. • Política é a relação estabelecida no enlace inevitável entre indivíduos e sociedade. Na omissão praticamos a anti-política. Toda anti-política que seja omissão e não crítica é corrupção da política por ser corrupção da ação. A mais urgente das ações políticas na atualidade, além da punição dos que transformaram nossa governabilidade em prostituição da ação, é refazermo- nos como políticos no verdadeiro sentido. * Artigo publicado em Zero Hora de 30 de abril de 2006. Coluna Tema para Debate
  • 9. Aspectos da sociedade brasileira, de uma forma geral, o senhor considera mais influentes nos (ainda) altos níveis de corrupção no Brasil? • A cultura do “Jeitinho brasileiro” – esse comportamento se manifesta em diversa escala hierárquica da sociedade; • A cultura individualista herdade da cultura ocidental; • O sistema econômico que pressiona os indivíduos a possuírem (é a valorização do TER sobre o SER), somado à desvalorização do caráter (importante e valorizado são os potenciais consumistas); • O tipo de coerção (branda) adotada pelo Estado; • A impunidade marcante em nosso país.
  • 10. Aspectos culturais o senhor pensa que possam influenciar os níveis de corrupção no Brasil? • A cultura do “Jeitinho brasileiro” – esse comportamento se manifesta em diversa escala hierárquica da sociedade; • A cultura individualista herdade da cultura ocidental; • O sistema econômico que pressiona os indivíduos a possuírem (é a valorização do TER sobre o SER), somado à desvalorização do caráter (importante e valorizado são os potenciais consumistas);
  • 11. • A idéia vendida no Brasil, onde o Jeitinho é supra-estimado, dá margem para ações imorais (a partir de meu julgamento) na prática cotidiana (como furar fila de banco, pagar propina para se obter algum benefício, etc.) Essas práticas acabam sendo naturalizadas. Eu, particularmente, prefiro chamar o tal “jeitinho brasileiro” de corrupção. Levando isso para o plano macro, é comum se ouvir no país a seguinte expressão: “rouba, mas faz”. Essa aceitação é, em parte, acarretada pela cotidianidade das práticas imorais (ao meu ver) o que, de certa forma, as legitimam. Parece que roubar pode, desde que não seja de forma exagerada (legitimada pelo mito criado de que todo político é ladrão). O político e o juiz de alto escalão também são brasileiros, que foram criados no Brasil, onde o jeitinho foi absorvido em sua formação. Assim, tais indivíduos estarão suscetíveis a praticarem o jeitinho e outras formas de corrupção em sua prática cotidiana. • Quanto a idéia de individualidade, não transcorrerei por ser apresentar de forma clara. Apenas indico que o modelo de sociedade que temos, classificada como “orgânica” (Durkheim), onde cada indivíduo faz sua parte e esta colabora para os demais, é um modelo que induz a individualidade. Como somos racionais (invoco aqui a Teoria da Escolha Racional), tendemos a buscar maximizar nossos ganhos. Como não vivemos em uma sociedade “mecânica” (mais uma vez utilizando o conceito durkheimiano) tenderemos a individualidade dos resultados (competição) e como estes estão atrelados a ganhos financeiros em um ambiente de imoralidade, tenderão os indivíduos à corrupção. • A valorização do Ter sobre o SER, clássico na prática cotidiana das sociedades capitalistas pressiona os indivíduos a terem cada vez mais. Somado as questões anteriores, certamente teremos alguns indivíduos propícios à prática de corrupção (gostaria de lembrar que não temos uma corrupção generalizada, uma vez que se trata de um Fato Social Patológico).
  • 12. Aspectos políticos o senhor pensa que possam influenciar os níveis de corrupção no Brasil? • A má escolha dos representantes; • Criação de redes que se transformam em “verdadeiras quadrilhas” – Fato, em parte, gerado pela existência de cargos comissionados; • Falta de uma política judiciária rígida e indiscriminatória;
  • 13. Aspectos da legislação brasileira o senhor pensa que possam influenciar os níveis de corrupção no Brasil? A legislação brasileira é falha em diversos aspectos, tais como: • Discriminação legal – Para cada tipo de criminoso há um tipo de lei (uma mais branda, outra mais severa, tendendo ser mais severa em casos não políticos, sobre indivíduos sem escolaridade ou capital econômico); O que determina a pena sem sempre é o delito, mas o delinqüente. • As leis brasileiras são muitas e “não pegam”; • Existe uma expectativa de impunidade, uma vez que a burocracia brasileira é muito lenta;
  • 14. Questões para reflexão: • 1. Quais as conseqüências do desinteresse da sociedade pela política? • 2. É possível não nos envolvermos com a política? • 3. A corrupção existente hoje na política brasileira é culpa apenas dos políticos profissionais?