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UNIVERSIDADE LÚRIO
FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÚDE
CURSO DE LICENCIATURA EM MEDICINA
TRABALHO DAS JORNADAS
SEMESTRE: V NÍVEL: III
CONHECIMENTO DA EPIDEMIOLOGIA E MEDIDAS PREVENTIVAS DE HIV/SIDA NA
COMUNIDADE DE MUATALA, NAMPULA – 2019
Autores: Tutor
Alvido Bernardo Muaviraca1
Dr. Calima Muagerene 1,2
Felizardo Eusébio Cabrall
1- Universidade Lúrio, Faculdade de Ciências de Saúde
2 – Hospital Central de Nampula
NAMPULA, SETEMBRO DE 2019
Conhecimento da epidemiologia e medidas preventivas de HIV/SIDA na Comunidade de
Muatala, Nampula – 2019
Nampula, Setembro de 2019
Estudo epidemiológico, analítico, quantitativo, a
ser apresentado nas Jornadas da Universidade
Lúrio, Faculdade de Ciências de Saúde, campus de
Marrere, em Setembro do presente ano de 2019.
iii
Lista de Abreviaturas
HIV ou VIH – Vírus da Imunodeficiência Humana;
SIDA/AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida;
ITS – Infecção(ões) de Transmissão(ões) Sexual(ais);
CDC - Center for Disease Control and Prevention (Centro de Controle e Prevenção de Doenças)
PNC ITSHIV/SIDA – Programa Nacional de Combate as ITS e HIV/SIDA;
US –Unidade Sanitária;
DPS – Direcção Provincial de Saúde;
MISAU – Ministério de Saúde;
OMS – Organização Mundial de Saúde;
TARV – Tratamento Anti-retroviral;
ATS – Aconselhamento e Testagem em Saúde;
UATS - Unidade de ATS;
ONUSIDA/ONUAIDS- Programa Conjunto das Nações Unidas para o Combate ao HIV e SIDA;
SIS-MA - Sistema de Informação em Saúde para Monitoria e Avaliação;
INSIDA – Inquérito Nacional de Prevalência, Riscos Comportamentais e Informação sobre o
HIV e SIDA em Moçambique;
IMASIDA – Inquérito de Indicadores de Imunização, Malária e HIV/SIDA em Moçambique
1E1F - Programa um Estudante uma Família;
UniLúrio – Universidade Lúrio;
FCS – Faculdade de Ciências de Saúde.
HAART -.(Highly Active Antiretroviral Therapy – (Terapia Anti-retroviral Altamente Activa).
HSH – Homens que fazem Sexo com outros Homens;
PDI – Pessoas Drogadas por Injecção.
Lista de Quadros e Tabelas
Tabela 1. Prevalência de HIV por província (IMASIDA 2015)……………...………….............6
Tabela 2. Cobertura TARV (da população HIV+) por Província, 2017……...…………….……7
iv
Tabela 3. Cobertura TARV de Crianças HIV+ por Província, 2017…...……….……….…….....8
Tabele 4. Metas e Desempenho de ATS por Província, 2017…………………….………...….....9
Quadro 1: Prevalência de HIV/SIDA em Nampula, ano de 2017………………….…....……….9
Tabela 5: Conhecimento sobre VIH/SIDA………………………………………….…………..34
Tabela 6: Realização de teste de VIH…………………………………………………….……..36
Tabela 7: Conhecimento sobre as formas de transmissão de VIH/SIDA………………….……36
Tabela 8: Conhecimento sobre as formas de prevenção………………………………….……..37
Lista de Gráficos e Figuras
Gráfico 1: Nível de escolaridade dos inquiridos……………………………………….…..……32
Gráfico 2: Idades dos inquiridos………………………………………………….….…………33
Gráfico 3: Estado civil dos inquiridos…………………………………………….…………….33
Gráfico 4: Ocupação dos inquiridos……………………………………………….…………....34
Gráfico 5: Meio de obtenção de informação sobre VIH/SIDA…………………….…………...35
v
Resumo
Introdução: O HIV/SIDA é das principais causas de morbimortalidade na humanidade actual
desde o passado século XX. Moçambique é o oitavo país com maior número de infectados pelo
HIV no mundo afectando maior parte da população em quase todas as faixas etárias. A província
de Nampula contribui 55 678 (5,7%). Há anos o governo nacional vem tentando minimizar
reduzir a incidência e a prevalência deste mal sem sucessos tranquilizadores em plenitude,
devido em parte a possível falta de informação ou não aderência adequada a medidas de
prevenção contra este mal.
Objectivo: Conhecer as medidas de controle, prevenção e a epidemiologia do HIV/SIDA na
comunidade de Muatala.
Métodos: Trata-se de um estudo de natureza básica, descritivo, observacional e transversal, de
campo, retrospectivo e quantitativo, realizado na comunidade de Muatala, cuja amostra foi
composta de 87 indivíduos representantes das famílias abrangidas pelo programa um estudante
uma família (1E1F), dos estudantes da Faculdade de Ciências de Saúde, fazendo a cadeira de
saúde da comunidade V no ano de 2019, tendo sido usada uma técnica de amostragem Não-
Probabilística não intencional. Os dados foram colectados com auxílio de um questionário
estruturado de 2 páginas e 4 partes contendo perguntas fechadas.
Resultados e discussão: dos 87 inquiridos, 55% são solteiros, 5% viúvos e 40% casados, 72
(82.8%) tem pelo menos o nível escolar primário feito. 54.05% são desempregados, apenas 1
individuo desconhece a doença plenamente e 2 não foram circuncisados. 18 indivíduos (20.7%)
nunca fizeram o teste de HIV e somente 14 (16.1%) fizeram a testagem nos últimos 3 meses da
intervenção da pesquisa, 72 indivíduos (82.8%) conhecem as formas de transmissão e 70
(80.5%) as formas de prevenção do HIV/SIDA.
Conclusão: A comunidade de Muatala possui um nível de conhecimento da doença bastante
aceitável. As medidas de controlo, prevenção e a epidemiologia do HIV/SIDA presentes,
incluem o conhecimento da doença e suas formas de prevenção e transmissão, a circuncisão
masculina e o não uso de drogas endovenosas que, paradoxalmente tornam-se insuficientes pela
falta de não aderência aos serviços de aconselhamento e testagem em saúde a cada 3 meses.
Palavras-chave: Conhecimento, Epidemiologia, HIV/SIDA, Medidas preventivas.
vi
Abstract
Introduction: HIV/AIDS has been a major cause of morbidity and mortality in today's humanity
since the past twentieth century. Mozambique is the eighth country with the highest number of
HIV infected in the world affecting most of the population in almost all age groups. Nampula
province contributes 55,678 (5.7%). For years the national government has been trying to
minimize reducing the incidence and prevalence of this disease without reassuring successes in
full due in part to the possible lack of information or inadequate adherence to preventive
measures against this disease.
Objective: To know the control measures, prevention and the epidemiology of HIV / AIDS in
the community of Muatala.
Methods: This is a basic, descriptive, observational and cross-sectional field study, retrospective
and quantitative, conducted in the community of Muatala, whose sample consisted of 87
individuals representing the families covered by the 1 Student 1 family (1E1F) program, from
the Faculty of Health Sciences, making the community health chair V in 2019, using an
unintended Unprobabilistic sampling technique. Data were collected using a 2-page, 4-part
structured questionnaire containing closed questions.
Results and discussion: from the 87 respondents, 55% are single, 5% widowed and 40%
married, 72 (82.8%) have at least completed primary school. 54.05% are unemployed, only 1
individual is completely unaware of the disease and 2 have not been circumcised. male
circumcision. 18 individuals (20.7%) never tested for HIV and only 14 (16.1%) tested in the last
3 months of the research intervention, 72 individuals (82.8%) know the transmission forms and
70 (80.5%) the forms of HIV/AIDS prevention.
Conclusion: Muatala community has a very acceptable level of knowledge of the disease.
Present HIV/AIDS control, prevention and epidemiology measures include knowledge of the
disease and its forms of prevention and transmission, male circumcision and non-use of
intravenous drugs that paradoxically become insufficient due to lack of non-adherence. health
counseling and testing services every 3 months.
Keywords: Knowledge, Epidemiology, HIV / AIDS, Preventive measures.
vii
Índice
III. Lista de Abreviaturas ................................................................................................................ 2
IV. Lista de Gráficos e Figuras...................................................................................................... iv
V. Lista de Quadros e Tabelas .......................................................................................................iii
VI. Resumo ..................................................................................................................................... v
1. Introdução................................................................................................................................ 1
1.1. Problematização ............................................................................................................. 21
1.2. Justificativa e Relevância............................................................................................... 22
1.3. Revisão bibliográfica ........................................................................................................... 2
1.3.1. Definição ..................................................................... Erro! Marcador não definido.
1.3.2. Breve Historial sobre o HIV/SIDA .............................................................................. 2
1.3.3. Epidemiologia............................................................................................................... 3
1.3.3.1. No Mundo................................................................................................................. 3
1.3.3.2. Em África.................................................................................................................. 4
1.3.3.3. Em Moçambique....................................................................................................... 5
1.3.3.4. Em Nampula ............................................................................................................. 9
1.3.4. Etiologia...................................................................................................................... 10
1.3.5. Transmissão................................................................................................................ 11
1.3.6. Fisiopatologia ............................................................................................................. 12
1.3.7. Sindromografia e Estadiamento segundo OMS.......................................................... 15
1.3.8. Factores de Risco........................................................................................................ 17
1.3.9. Factores Protectores.................................................................................................... 19
1.3.10. Diagnóstico.................................................................. Erro! Marcador não definido.
1.3.11. Tratamento................................................................... Erro! Marcador não definido.
1.3.12. Prevenção.................................................................................................................... 20
viii
1.4. Objectivos....................................................................................................................... 23
2. Metódos ................................................................................................................................. 24
2.1. Unidade de Observação ..................................................................................................... 24
2.2. Tipo de estudo................................................................................................................ 24
2.3. Universo do estudo, Amostra e Amostragem................................................................. 25
2.4. Variáveis......................................................................................................................... 25
2.4.1. Independentes .......................................................... Erro! Marcador não definido.
2.4.2. Dependentes............................................................. Erro! Marcador não definido.
2.5. Critérios de participação................................................................................................. 32
2.5.1. Critérios de Inclusão ............................................................................................... 32
2.5.2. Critérios de Exclusão.............................................................................................. 32
2.6. Técnicas e instrumentos para a recolha de dados........................................................... 32
2.6.1. Técnicas .................................................................................................................. 32
2.6.2. Instrumentos............................................................................................................ 32
2.7. Processamento, Análise e Tratamento de Dados ........................................................... 32
2.8. Questões éticas ............................................................................................................... 32
2.9. Resultados esperados...................................................................................................... 32
2.10. Divulgação dos resultados.......................................................................................... 39
2.11. Cronograma de actividades ......................................... Erro! Marcador não definido.
3. Referências bibliográficas ..................................................................................................... 41
4. Apêndice................................................................................. Erro! Marcador não definido.
1
1. Introdução
SIDA - é a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida, que descreve o conjunto de sintomas e
sinais bem como as infecções associadas a imunodeficiência causada por HIV (Vírus da
Imunodeficiência Humana).1
O HIV é um retrovírus que infecta cronicamente e destrói células do sistema imunológico,
induzindo a imunodepressão generalizada. Uma vacina eficaz contra o vírus, permanece ainda
um grande desafio e ambição na saúde pública, pesa embora haja avanços significativos ao nível
do mundo, em pesquisas relacionadas neste âmbito. As respostas dos Linfócitos T CD4+
(auxiliares), são a peça-chave no controle do HIV, dado que actuam na destruição destas células
após a infecção das mesmas levando o individuo a debilidade imunológica e dispertando espaço
para outras patologias.2
O HIV/SIDA é das principais causas de morbimortalidade na humanidade actual desde o passado
século XX, o seu isolamento, em 1983 nos EUA, marcou uma série de estudos com vista a dar
resposta a esta enfermidade que, como maioria de doenças virais não possui cura definitiva.1,2
Moçambique é o oitavo país com maior número de infectados pelo HIV no mundo possui uma
das mais altas taxas de prevalência de HIV, estimada em 13,2% entre os adultos dos 15-49 anos
de idade e 10,1% entre os homens. As meninas adolescentes e mulheres jovens com idades
compreendidas entre os 15 e os 24 anos são a população mais afectada, contribuindo com cerca
de 50% de todas as novas infecções.1,3
O conhecimento do seroestado do HIV, é uma prioridade global por ser a porta de entrada para a
continuidade dos cuidados de saúde. Estudos demonstram que os indivíduos com seroestado
positivo, reduzem os seus comportamentos de riscos para a transmissão de HIV. O rápido
aumento do Tratamento Anti-retroviral (TARV) em Moçambique resultou em mais de 990.000
doentes a receber TARV, nas ùltimas 2 decadas, no entanto a retenção de doentes em tratamento,
continua sendo um desafio para alcançar as metas do UNAIDS/ONUSIDA (Programa Conjunto
das Nações Unidas para o Combate ao HIV e SIDA. Em Moçambique, a proporção de pacientes
vivos e em TARV 12 meses após o início permanece abaixo de 70%.1,3
Nampula, como pertencente desta pátria, não esta de fora no tangente a prevalência de casos de
HIV/SIDA assumindo a 10ª posição de prevalência de casos de HIV ao nível do Pais, pesa
embora os números não constituam motivo de ignorância desta epidemia.4
Desta feita, o presente
2
trabalho surge com intuito de conhecer as medidas de controlo, prevenção e a epidemiologia do
HIV/SIDA na comunidade de Muatala, sendo um dos bairros componentes da cidade de
Nampula e também abrangido pelo programa 1E1F (Um estudante, Uma Familìa) da UniLúrio-
FCS.
1.1.Revisão bibliográfica
1.1.1. Breve Historial sobre o HIV/SIDA
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) foi reconhecida pela primeira vez nos EUA
no verão de 1981, quando o Center for Disease Control and Prevention (CDC) descreveu a
ocorrência inexplicável de pneumonias causadas pelo Pneumocystis carinii em cinco
homossexuais masculinos de Los Angeles e do Sarcoma de Kaposi em 26 homossexuais de Nova
York e Los Angeles. Alguns meses depois, a doença foi detectada em usuários de drogas
injectáveis de ambos os sexos, receptores de transfusão de sangue e hemofílicos. 2
Em 1983, o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) foi isolado de um paciente com
Linfadenopatia e em 1984 demonstrou-se em definitivo que era o agente etiológico da SIDA. O
VIH pertence à família dos retrovírus e à subfamília dos Lentivírus. O subtipo mais comum de
HIV no mundo inteiro é o HIV-1. O HIV-2 foi identificado em 1986 em pacientes da África
Ocidental e estava confinado àquela região. Contudo, alguns casos de HIV-2 foram
diagnosticados na Europa e Américas do Norte e Sul.1,2
Inicialmente descrita como uma doença principalmente de homens homossexuais, rapidamente
foi identificada em muitos outros grupos de risco e tornou-se evidente que era causada por um
agente infeccioso transmitido por actividades sexuais, por via parenteral através de transfusões
de sangue e uso de droga injectáveis, e de forma perinatal de mãe para filho. 3
No ano de 1993 o CDC “Center for Dissesse Controlo and Prevention” (Centro de Control de
Enfermidades e prevenção) ampliou a definição de síndrome de imunodeficiência adquirida
(SIDA) para vigilância epidemiológica e se estabelece que todo adolescente e adulto infectado
por HIV que tenha evidencia clínica e laboratorial de uma imunodeficiência severa tem SIDA.
Ainda no referido encontro definiu-se a Imunodeficiência severa como uma contagem absoluta
de linfócitos CD4 menor de 200/mm3
ou uma percentagem de CD4 menor que 14 %. 1,2,3
3
1.1.2. Epidemiologia
1.1.2.1.No Mundo
De acordo com dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), em 2017 cerca 36,9 milhões
[31,1 milhões – 43,9 milhões] de pessoas em todo o mundo viviam com HIV/SIDA, destes, 21,7
milhões [19,1 milhões – 22,6 milhões] de pessoas tiveram acesso à terapia Anti-retroviral
(TARV), com um aumento substancial de 2,3 milhões em comparação com 2016 e de 8 milhões
[7,1 milhões–8,3 milhões] em comparação com 2010 e ocorreram cerca de 1,8 milhão [1,4
milhão–2,4 milhões] novas infecções pelo HIV no mesmo período. 1
940.000 [670.000–1,3 milhão] de pessoas morreram por causas relacionadas à SIDA, 77,3
milhões [59,9 milhões–100 milhões] de pessoas foram infectadas pelo HIV desde o início da
epidemia, destas 35,4 Milhões [25 milhões–49,9 milhões] perderam a vida desde este período.1,4
No mesmo ano, haviam 36,9 milhões [31,1 milhões–43,9 milhões] de pessoas vivendo com HIV,
das quais 35,1 milhões [29,6 milhões–41,7 milhões] eram adultos e 1,8 milhão [1,3 milhão–
2,4milhões] compunham as crianças (menores de 15 anos). 75% [55–92%] de todas as pessoas
vivendo com HIV conheciam seu estado serológico positivo (a partir do teste de HIV). Cerca de
9,4 milhões de pessoas não sabiam que vivem com HIV. 3
Em 2017, 59% [44%–73%] de todas as pessoas vivendo com HIV tiveram acesso ao tratamento.
59% [44%–73%] dos adultos com 15 ou mais anos vivendo com HIV tinham acesso ao
tratamento, assim como 52% [37%–70%] das crianças de 0 a 14 anos. 65% [49-80%] das
mulheres com idade igual ou superior a 15 anos tiveram acesso ao tratamento de HIV, mas
apenas 53% [38-66%] dos adultos do sexo masculino com 15 anos ou mais tiveram acesso ao
tratamento. Ainda em 2017, 80% [61%–>95%] das mulheres grávidas vivendo com HIV tinham
acesso a medicamentos anti-retrovirais para prevenir transmissão do HIV para seus bebés. 4
O número de novas infecções por HIV caiu 47% desde o pico em 1996. Em 2017, houve 1,8
milhão [1,4 milhão–2,4 milhões] de novas infecções por HIV, em comparação com 3,4 milhões
[2,6 milhões–4,4 milhões] em 1996. Desde 2010, as novas infecções por HIV entre adultos
caíram cerca de 16%, (de 1,9 milhão [1,5 milhão–2,5 milhões] para 1,6 milhão [1,3 milhão–2,1
milhões] em 2017). Também desde 2010, as novas infecções por HIV entre crianças diminuíram
35%, de 270.000 [170.000–400.000] em 2010 para 180.000 [110.000–260.000] em 2017. Mortes
relacionadas à SIDA.1
4
O risco de infecção pelo HIV é: 27 vezes maior entre homens que fazem sexo com homens;.23
vezes maior entre pessoas que usam drogas injetáveis;.13 vezes maior entre profissionais do
sexo;.13 vezes maior entre mulheres transsexuais. HIV/Tuberculose (TB). A tuberculose
continua a ser a principal causa de morte entre pessoas vivendo com HIV. A tuberculose é
responsável por cerca de uma a cada três mortes por causas relacionadas à HIV.1,2
1.1.2.2.Em África
Este e o sul da África (África Subsaariana) são as regiões mais afectadas pelo Vírus HIV ao nível
do mundo, constituem também o local de habitação de cerca de 6,2% de toda a população
mundial, mais da metade populacional vivendo com HIV no mundo, (mais de 19 bilhões de
pessoas). Em 2016 foram detectados cerca de 790 000 casos novos de HIV, correspondentes a
43% dos dados globais.4,6
A África Subsaariana contou com 1/3 (270,000) da região, com infecções por HIV em 2016.
Outros 50% foram preenchidos por: Moçambique, Quénia, Zâmbia, Tanzânia, Uganda,
Zimbabwe, Malawi, e Etiópia. Na mesma região, perto da metade de um milhão (420,000) de
pessoas perdeu a vida por doenças associadas ao SIDA em 2016, este número caiu
significativamente em relação aos óbitos ocorridos em 2010 pela mesma causa, cujo foi de
760,000.4
Na África Subsaariana, três a cada quatro novas infecções são entre meninas com idade entre 15
e 19 anos. Mulheres jovens entre 15 e 24 anos têm o dobro de probabilidade de estarem vivendo
com HIV do que homens. Mais de um terço (35%) das mulheres em todo o mundo sofreram
violência física e/ou sexual em algum momento de suas vidas. Em algumas regiões, as mulheres
que sofrem violência são 1,5 vez mais susceptíveis a se infectarem pelo HIV. Populações-chave.
Populações-chave e seus parceiros sexuais representam: 47% das novas infecções pelo HIV em
todo o mundo. 95% das novas infecções pelo HIV no Leste Europeu, Ásia Central, no Oriente
Médio e Norte da África.16% das novas infecções pelo HIV na África Oriental e Austral.
Tentativas de despiste da progressão da epidemia, têm sido feitos com apoio central da
UNISIDA/UNAIDS (Programa Conjunto das Nações Unidas para o Combate ao HIV e SIDA),
têm ajudado bastante mas não suficiente para minimizar de forma cabal este mal mundial.1
Entre 2010 e 2016, as novas infecções por HIV, reduziram para 56% em crianças de 0-14 anos
de idade, para 77,000. Novas infecções por HIV em Adultos, baixaram no mesmo intervalo de
5
tempo para 29%, com variações significativas em distintos países, com maior evidencia em
Moçambique, Uganda e Zimbabwe, no entanto, na Etiópia e Madagáscar, a media anual de
infecções tende a aumentar. 56% das mulheres adultas vivem com HIV, na África Austral, e 26%
de mulheres jovens (entre os 15–24 anos de idade) correspondem a percentagem de novas
infecções por HIV em 2016, e o despiste só beneficiou 10% da população local.6
No Médio Oriente e Sul de África, a epidemia de HIV é transmitida essencialmente por relações
sexuais não protegidas e é generalizado principalmente em populações pobres, em certos grupos
como trabalhadores de sexo e em Homens que tem relações sexuais com outros Homens (HSH),
sendo estes o marco de índice mantido de prevalência de HIV nesta região.1
Em 2014 a UNAIDS reportou que as mulheres jovens foram o grupo alvo de abuso sexual e
violência física, também sexual que outras faixas etárias das mulheres. Contudo, o Este e Sul da
África também possuem altos níveis de crianças menores de idade, de casamentos prematuros e
forçados. Em 2015, os casamentos na infância eram estimados em 37% nesta região, o que é
apontado também como um dos veículos para a aparição de indícios de casos novos de HIV. Na
Etiópia por exemplo, 14% das Mulheres casaram-se antes dos 15 anos e 40% casam-se antes dos
18 anos, portanto, são apenas alguns pontos focais que direccionam-se no sentido de explicar a
origem dos altos índices de HIV, que simultaneamente descrevem a 1ª experiência sexual como
forçada.1,5,6
1.1.2.3.Em Moçambique
Moçambique ocupa a 8ª posição de prevalência de HIV na África, depois de Malawi e Zambia e
consequemente a mesma posição ao nível do mundo. 1
A prevalência do VIH/SIDA em Moçambique subiu de 11,5% para 13,2%, entre 2009 e 2015,
como indica o Inquérito mais recente divulgado pelo Ministério da Saúde, no Relatório Anual de
2017 em Abril de 2018. Persistem no entanto, comportamentos de risco, como o não uso do
preservativo e a existência de relações múltiplas.3
De acordo com o IMASIDA (Inquérito de Indicadores de Imunização, Malária e HIV/SIDA em
Moçambique) esta epidemia incidiu sobre a população na faixa entre os 15 aos 49 anos, sendo
maior nas zonas urbanas, com 16,8%, comparativamente às zonas rurais com 11%. As mulheres
são o grupo mais atingido pelo VIH/SIDA, com uma taxa de prevalência de 28,0%, sendo 15,4%
6
entre as mulheres das zonas urbanas e 12,6% nas zonas rurais. Entre os homens, a prevalência é
de 12,3% no total, com 10,1% nas cidades, e 8,6% nas áreas rurais.3,4
Em termos de províncias, Gaza, sul de Moçambique, apresenta o nível de prevalência mais
elevado, com 24,4%, seguida da província de Maputo, sul, 22,9%, e da cidade de Maputo,
16,9%. A província de Tete, centro do país, apresenta a taxa mais baixa, com 5,2%, seguida da
província de Nampula, 5,7%, e da província Niassa, 7,8% como indica a Tabela 1 abaixo.4
Tabela 1. Prevalência de HIV por província (IMASIDA 2015).
Percentagem de mulheres e homens de 15-59 anos de idade HIV positivo
PROVÍNCIA INSIDA-2009 IMASIDA-2015
Niassa 3.7 7.8
Cabo delgado 9.4 13.8
Nampula 4.6 5.7
Zambézia 12.6 15.1
Tete 7 5.2
Manica 15.3 13.5
Sofala 15.5 16.3
Inhambane 8.6 14.1
Gaza 25.1 24.4
Maputo provincia 19.8 22.9
Maputo cidade 16.8 16.9
Fonte: IMASIDA/Relatório Anual 2017 - Ministério de Saúde -República de Moçambique.3
A prevalência tem uma relação directa com a idade, sendo que atingiu o pico na faixa etária entre
35 e 39 anos de idade, com uma taxa entre 17,5% e 23,4%, respectivamente, e uma redução nos
homens e mulheres de 15 a 19 anos de idade, com taxas de 1,5% e 6,5%, respectivamente. A
faixa etária entre 50 e os 59 anos regista uma taxa de prevalência entre 11,2% e12,6%,
respectivamente. De acordo com o IMASIDA, a maioria dos casais moçambicanos são
concordantes seronegativos, 83,3%, uma redução de 3% em comparação com os resultados do
inquérito realizado em 2009.O inquérito baseou-se em entrevistas a 5.283 homens e 7.749
mulheres, em 7.169 agregados familiares, de Junho a Dezembro de 2015.3,4,6
7
Em relação a cobertura de TARV, no ano de 2017, há que referir que foram registados 328.071
novos inícios em TARV, sendo um total de 23.594 novos inícios em TARV pediátrico e 304.477
novos inícios em TARV para adulto. A cobertura de TARV actual em relação aos PVHIV
(prevalentes em HIV) está em 54% (1.156.101), com 51% das crianças HIV+ em TARV
(86.508) e 55% dos adultos HIV+ em TARV (1.069.593). A Taxa de retenção aos 12 meses de
TARV é calculada em 70% em 2017. As tabelas 2 e 3 ilustram a relação de cobertura TARV em
adultos e crianças:
Tabela 2. Cobertura TARV (da população HIV+) por Província, 2017
Fonte: IMASIDA/Relatório Anual 2017, - Ministério de Saúde -República
de Moçambique.3
8
Tabela 3. Cobertura TARV de Crianças HIV+ por Província, 2017
Fonte: IMASIDA/Relatório Anual 2017, - Ministério de Saúde -República de Moçambique.3
No sector de Aconselhamento e Testagem em saúde (ATS), os testes feitos aumentaram de
4.674.739 (2013) para 7.866.465 (2017), o correspondente a um incremento de 68% de testes
feitos ao nível de todo o país neste intervalo, como ilustra o gráfico 1 abaixo exposto, mas
também denotou-se aumento nas metas traçadas entre 2016 e 2017, devido ao aumento das metas
de novos inícios em TARV, mas que não chegaram de serem alcançadas na sua totalidade por
razões diversas.3,4
Para o ano 2017 a meta prevista para testagem em HIV, foi de 9.429.296 mas em todo o País
foram feitos 7.866.465 testes de HIV, corresponde a 83% de cumprimento da meta anual, o que
leva a concluir que a testagem em saúde no país, pesa embora tende a assumir afluência,
continua sendo problema no controle epidemiológico do HIV/SIDA em todo o país.3
A província de Maputo Cidade (38%) mostra o desempenho mais baixo no cumprimento da meta
anual, sendo o melhor desempenho é conferido às províncias Cabo Delgado (126%), Manica
(116%), Gaza (120%) e Maputo Província (103%) para o cumprimento da meta anual de 2017. 3,4
9
Tabele 4. Metas e Desempenho de ATS por Província, 2017
Fonte: Relatório Anual 2017, - Ministério de Saúde -República de Moçambique3
1.1.2.4.Em Nampula
A província de Nampula para o HIV/SIDA tem dados comparados de Total de 55 678 casos,
correspondentes a 5,7% distribuídos em 7 749 casos em menores de 15 anos e 47 929 em
maiores de 15 anos.5
Quadro 1: Prevalência de HIV/SIDA em Nampula, ano de 2017
Distrito <15 Anos >15 Anos Total
Distrito de Nampula 2 417 29 553 31 970 (57,4%)
HCN* 298 124 422
Angoche 303 3 187 3 490
Erati 624 8 498 9 122 (16,4%)
Ilha de Moçambique 151 1 533 1 684
Lalaua 55 482 537
Larde 45 544 589
Liupo 35 70 377
Malema 177 2 415 2 592
*HCN-Hospital Central de Nampula. Os dados referentes a esta instituição estão inclusos nos dados epidemiológicos do
distrito de Nampula, sendo apenas repetidos, devido a importância desta instituição de referência como um Hospital do nível
quaternário e abrangente a toda a região norte do país.
10
Meconta 417 5073 5 490 (9,9%)
Mecuburi 171 2 225 2 396
Memba 143 2 047 2 190
Mogincual 35 316 351
Mogovolas 251 3 336 3 587
Moma 621 5 461 6 082 (10,9%)
Monapo 330 3 731 4 061
Mossuril 99 1 524 1 623
Muecate 269 2 835 3 104
Murrupula 209 2 502 2 711
Nacala-porto 715 4259 4 974 (8,9%)
Nacala-à-Velha 146 1 579 1 725
Nacaroa 204 779 983
Rapale 175 1 933 2 108
Ribaue 157 2 098 2 255
Total 7 749 47 929 55 678
Fonte: SIS-MA, 2017/ a partir da DPS (Direcção Provincial de Saúde) de Nampula.5
Os distritos destacados possuem maior índice de casos de HIV sendo o Distrito de Nampula a
liderar o índice de prevalência com 31 970 casos de HIV, correspondentes a 57,4% seguido de,
Erati com 9 122 casos (16,4%), o 3ª posição é ocupada por Moma com 6 082 casos (10,9%) ,
depois vem Meconta com 5 490 casos (9,9%) e, de seguida vem a cidade de Nacala-Porto com
um total de 4 974 casos, equivalente a 8,9% de todos os casos.
1.1.3. Etiologia
Agente etiológico da SIDA - É um vírus RNA, da família Retroviridae (Retrovírus), denominado
Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), Vírus envelopados, com duas copias de genoma de
RNA fita simples de polaridade positive, nucleocapsideo icosaedrico, com 80-120nm de
diâmetro. A sua proteina principal encontra-se no Nucleocapsídeo e é designada por p24; possue
também enzimas: a Transcriptase reversa (DNA-polimerase RNAdependente), a Integrase e a
Protease.7,8
11
Tem 2 tipos conhecidos: o HIV-1 e o HIV-2. Tanto o HIV-1 como o HIV-2 causam AIDS;
entretanto, HIV-1 é encontrado em escala mundial, enquanto HIV-2 é encontrado principalmente
na África Ocidental. O Vírus da Imunodeficiência Humana tipo 2 (HIV-2) foi isolado de
pacientes com AIDS na África Ocidental em 1986. As proteínas de HIV-2 são apenas cerca de
40% idênticas àquelas dos isolados originais de HIV. O HIV-2 permanece restrito
principalmente à África Ocidental, sendo menos transmissível que o HIV-1.2,8
Existe também o Vírus da Imunodeficiência de Símios (SIV) foi isolado de macacos com uma
doença similar a AIDS. Anticorpos de algumas mulheres africanas reagem de forma cruzada com
o SIV. As proteínas que SIV exibem são mais semelhantes às de HIV-2 que àquelas dos isolados
originais de HIV-1.8
Reservatório - O Homem.
1.1.4. Transmissão
 Transmissão Sexual:
 Heterossexual - modo mais comum de infecção no mundo (sobretudo nos
países em desenvolvimento);
 Homossexual (sobretudo nos países desenvolvidos e nas prisões).
 Transmissão por sangue e Hemoderivados:
 Hemotransfusões (Hemofílicos: menos de 1% dos casos);
 Hemoderivados (+/- 1% dos casos);
 Transplantes;
 Compartilhar utensílios de injecção - Toxicodependentes (+/- 25% dos casos).
 Transmissão Materno - Fetal/Infantil ou Vertical:
 In utero - via transplacentária;
 Durante o parto;
 Ingestão de leite materno contaminado.2,8
Período de Incubação - É o período compreendido entre a infecção pelo HIV e a fase aguda ou
aparecimento de anticorpos circulantes, podendo variar de poucas semanas até 3 meses.
Período de Latência - É o período compreendido entre a infecção pelo HIV e os sintomas e
sinais que caracterizam a doença causada pelo HIV (AIDS). As medianas desse período estão
entre 3 a 10 anos, dependendo da via de infecção.2
12
1.1.5. Fisiopatologia
O HIV é um de dois importantes retrovírus linfotrópicos de células T humanas (o outro é o vírus
da leucemia de células T humanas). O HIV infecta e mata linfócitos T (CD4) auxiliares
preferencialmente, resultando em perda da imunidade mediada por células e em uma alta
probabilidade de o hospedeiro desenvolver infecções oportunistas. Outras células (p.ex.,
macrófagos e monócitos) que apresentam proteínas CD4 em sua superfície podem também ser
infectadas.2
O HIV pertence ao subgrupo de lentivírus dos retrovírus, responsáveis por infecções “lentas”
com longos períodos de incubação. O HIV possui um cerne em forma de barra (tipo D) envolto
por um envelope contendo glicoproteínas vírus-específicas (gp120 e gp41). O genoma do HIV
consiste em duas moléculas idênticas de RNA de fita simples de polaridade positiva, sendo
referido como diploide. O genoma do HIV é o mais complexo dentre os retrovírus conhecidos.
Além dos três genes retrovirais típicos, gag, pol e env, que codificam as proteínas estruturais, o
RNA genômico possui seis genes regulatórios. Dois desses genes regulatórios, tat e rev, são
necessários à replicação, enquanto os outros quatro, nef, vif, vpr e vpu, não são requeridos para a
replicação, sendo denominados genes “acessórios”.2,7,8
O gene gag codifica as proteínas internas do “cerne”, das quais a mais importante é p24, um
antígeno utilizado em testes sorológicos. O gene pol codifica diversas proteínas, incluindo a
“transcriptase reversa” do vírion, que sintetiza DNA utilizando o RNA genômico como molde;
uma integrase, que integra o DNA viral ao DNA celular; e uma protease que cliva as diversas
proteínas precursoras virais. O gene env codifica a gp160, uma glicoproteína precursora que é
clivada para formar as duas glicoproteínas do envelope (superfície): gp120 e gp41.8
Com base nas diferenças da sequência de bases do gene que codifica a gp120, o HIV foi
classificado em subtipos (clados) de A a I. O clado B é o subtipo mais comum na América do
Norte. O subtipo “B” infecta preferencialmente células mononucleares e parece ser transmitido
prontamente durante o sexo anal, enquanto o subtipo “E” infecta preferencialmente células do
trato genital feminino e parece ser transmitido durante o sexo vaginal.2,8
Três enzimas estão localizadas no interior do Nucleocapsídeo do vírion: transcriptase reversa,
integrase e protease. A transcriptase reversa é a DNA polimerase RNA-dependente que originou
a denominação da família dos retrovírus.7
13
Essa enzima transcreve o genoma de RNA no DNA proviral. A transcriptase reversa é uma
enzima bifuncional e também apresenta actividade de ribonuclease H. A ribonuclease H degrada
o RNA quando o RNA se encontra na forma de uma molécula híbrida de RNA-DNA. A
degradação do genoma de RNA viral é uma etapa essencial da síntese do DNA proviral de fita
dupla. A integrase, outra importante enzima do vírion, medeia a integração do DNA proviral ao
DNA da célula hospedeira. A protéase viral cliva as poliproteínas precursoras, originando
polipeptídeos virais funcionais.2,7,8
Um dos genes regulatórios essenciais é o gene tat (transativação da transcrição) que codifica uma
proteína que intensifica a transcrição de genes virais (e talvez celulares). A proteína Tat e outra
proteína regulatória codificada pelo HIV, denominada Nef, reprimem a síntese de proteínas MHC
de classe I, reduzindo, assim, a capacidade das células T citotóxicas matarem as células
infectadas pelo HIV. O outro gene regulatório essencial, rev, controla a passagem do mRNA
tardio do núcleo para o citoplasma.7
A proteína acessória Vif (do inglês, viralinfectivity, infectividade viral) intensifica a
infectividade do HIV ao inibir a ação de APOBEC3G, enzima que causa hipermutações no DNA
retroviral. APOBEC3G é a “enzima apolipoproteína B de edição do RNA” que desamina
citosinas do mRNA e do DNA retroviral, inativando, assim, essas moléculas e reduzindo a
infectividade. APOBEC3G é considerada um importante membro das defesas inatas do
hospedeiro contra a infecção retroviral. O HIV defende-se contra essa defesa inata do hospedeiro
produzindo Vif, que se contrapõe à APOBEC3G, impedindo, desse modo, a hipermutação.2
Existem vários antígenos importantes de HIV. são as glicoproteínas tipo-específicas do envelope.
gp120 projeta-se a partir da superfície e interage com o receptor CD4 (e uma segunda proteína,
um receptor de quimiocina) da superfície da célula. gp41 encontra-se embebida no envelope e
medeia a fusão do envelope viral com a membrana celular no momento da infecção. O gene que
codifica gp120 sofre mutação rapidamente, resultando em diversos variantes antigênicos. A
região mais imunogênica de gp120 é denominada alça V3; essa região é um dos sítios que exibe
grau significativo de variação antigénica. Anticorpos contra gp120 neutralizam a infectividade
do HIV, mas o rápido surgimento de variantes de gp120 dificulta a produção de uma vacina
efectiva. A elevada taxa de mutações pode ser decorrente da ausência de uma função de edição
da transcriptase reversa. O antígeno grupo-específico, p24, está localizado no cerne, sendo
14
desconhecido se sofre variação ou não. Anticorpos contra p24 não neutralizam a infectividade de
HIV, mas atuam como importantes marcadores sorológicos de infecção.8
A gama de hospedeiros naturais de HIV limita-se aos humanos, embora certos primatas possam
ser infectados em laboratório. O HIV não é um vírus endógeno de humanos isto é, não são
encontradas sequências de HIV no DNA da célula humana normal. A origem do HIV e o
mecanismo pelo qual esse vírus foi introduzido na população humana permanecem incertos.
Existem evidências de chimpanzés da África Ocidental serem a fonte de HIV-1.7
Em geral, a replicação de HIV segue o típico ciclo retroviral. A etapa inicial durante a entrada de
HIV na célula consiste na ligação de gp120, a proteína do envelope do vírion, à proteína CD4 da
superfície celular. A proteína gp120 do vírion então interage com uma segunda proteína da
superfície celular, um dos receptores de quimiocinas. Em seguida, a proteína gp41 do vírion
medeia a fusão do envelope viral com a membrana celular e o vírion penetra na célula.2
Receptores de quimiocinas, como as proteínas CXCR4 e CCR5, são requeridos para a entrada do
HIV em células CD4-positivas. As linhagens de HIV com tropismo por células T ligam-se a
CXCR4, enquanto as linhagens com tropismo por macrófagos ligam-se a CCR5. Mutações no
gene que codifica CCR5 conferem ao indivíduo protecção contra a infecção por HIV. Indivíduos
homozigotos são totalmente resistentes à infecção, e indivíduos heterozigotos progridem para a
doença mais lentamente. Aproximadamente 1% dos indivíduos com ascendência da Europa
Ocidental apresenta mutações homozigóticas nesse gene, e cerca de 10-15% são heterozigotos.
Uma das mutações mais bem caracterizada é a mutação delta-32, em que 32 pares de bases
foram deletados do gene CCR5.8
Após a desencapsidação, a DNA polimerase RNA-dependente do vírion transcreve o RNA
genômico em um DNA de fita dupla, o qual é integrado ao DNA da célula hospedeira. O DNA
viral pode integrar-se em diferentes sítios do DNA da célula hospedeira, bem como múltiplas
cópias do DNA viral podem ser integradas. A integração é mediada por uma endonuclease
(integrase) codificada pelo vírus. O mRNA viral é transcrito a partir do DNA proviral pela RNA
polimerase celular, sendo traduzido em várias poliproteínas grandes. As poliproteínas Gag e Pol
são clivadas pela protease codificada pelo vírus, enquanto a poliproteína Env é clivada por uma
protease celular. A poliproteína Gag é clivada e origina a principal proteína do cerne (p24), a
proteína de matriz (p17) e várias proteínas menores. A poliproteína Pol é clivada e origina a
transcriptase reversa, a integrase e a protease. O vírion imaturo contendo as poliproteínas
15
precursoras é formado no citoplasma, e a clivagem pela protease viral ocorre à medida que o
vírion imaturo brota através da membrana celular. Esse processo de clivagem resulta no vírion
maduro e infeccioso.7,8
1.1.6. Sindromografia e Estadiamento segundo OMS
Segundo a OMS a sindromografia (manifestações clinicas) referentes ao HIV é categorizada em
estádios em função do grau de acometimento da doença ao paciente:
 Estadio Ι
 Assintomático ou Linfadenopatia generalizada persistente;
 Estadio II
 Perda de peso moderada e sem motivo aparente ( <10% do peso corporal).
 Infecções recorrentes do trato respiratório (sinusite, bronquite, faringite, otite
média, etc.).
 Herpes zóster;
 Queilite angular;
 Ulcerações orais recorrentes;
 Manifestações cutâneas pápulo-pruriginosas;
 Dermatite seborreica;
 Onicomicoses;
 Leucoplasia oral venosa.2,8
 Estadio Ι Ι Ι
Condição em que o diagnóstico presuntivo pode ser feito com base em sinais clínicos ou
investigações simples, neste estadio ocorre:
 Perda de peso grave ( >10% do peso corporal ).
 Diarreia crónica sem causa aparente há mais de um mês.
 Febre sem causa aparente há mais de um mês.
 Candidíase oral.
 TB diagnosticada nos últimos 2 anos.
 Infecções bacterianas graves (pneumonias, empiemas, infecções ósseas ou
articulares, meningites, bacteremias, etc.).
16
 Leucoplasia pilosa oral.
 Gengivite, periodontite ou estomatite necrotizante aguda.
 Anemia (<8g/dL) e/ou neutropenia (<500/mm³) e/ou trombocitopenia
(50.000/mm³) sem causa aparente há mais de um mês.2,7
 Estadio Ι V
Condições em que o diagnóstico presuntivo pode ser feito com base em sinais clínicos ou
investigações simples, nesta fase ocorrem eventos definidores da SIDA:
 Caquexia;
 Pneumocistose pulmonar;
 Pneumonia bacteriana grave recorrente;
 Herpes simplex ( orolabial, genital ou anorrectal ) há mais de 1 mês;
 Candidíase esofágica;
 Tuberculose extra pulmonar;
 Sarcoma de Kaposi;
 Toxoplasmose cerebral;
 Encefalopatia pelo HIV;
 Criptococcose extra pulmonar incluindo meningite;
 Micobacteriose não tuberculosa disseminada;
 Leucoencefalopatia multifocal progressiva;
 Candidíase da traqueia, bronquios ou pulmões;
 Criptosporidíase;
 Isosporíase;
 Infecção visceral por herpes simplex;
 Citomegalovirose (retinite ou outro órgão como fígado, baço ou linfonodo);
 Qualquer micose disseminada (p.ex.: histoplasmose, coccidioidomicose,
peniciliose);
 Septicemia recorrente por salmonela não typhi;
 Linfoma (cerebral ou Células B não Hodgkin);
 Carcinoma cervical invasivo;
 Leishmaniose visceral.2
17
1.1.7. Factores de Risco
 Parceiros sexuais múltiplos (concomitantes):
Em Moçambique, diversos estudos e relatórios visavam os parceiros múltiplos, e por vezes
concomitantes (tendo dois ou mais parceiros sexuais simultaneamente). A frequência
reportada foi de 2-26% nas mulheres sexualmente activas e 17-55% nos homens sexualmente
activos. 1,2,3
 Fraca utilização do preservativo:
O uso consistente do preservativo é mais elevado nos parceiros não-regulares do que nos
parceiros regulares. Os indicadores de actos sexuais não protegidos são mais altos entre os
jovens. A situação da fraca disponibilidade do preservativo feminino coloca a mulher em
maior desvantagem.3,4
 Mobilidade e o trabalho migratório
O emigrante, prevalentemente homem, normalmente não tem condições para levar consigo a sua
família e, criar outras relações nos locais de passagem e ou trabalho. Entretanto, e por razões
similares, a mulher do emigrante também tende a desenvolver novas relações.2
A prevalência mais elevada do HIV em mulheres grávidas foi encontrada nos corredores de alta
mobilidade, nomeadamente Lichinga-Pemba, Corredor de Nacala, Quelimane-Milange, Corredor
da Beira, Chokwe-Chicualacuala, Chokwe-Xai-Xai-Maputo e corredor de Maputo. Os níveis da
prevalência do HIV nas diferentes regiões de Moçambique reflectem os níveis da epidemia nos
países vizinhos. Um condutor importante são os parceiros múltiplos associados com a migração
de longo e curto prazos.5
 Factores sócio-culturais
Factores sócio-culturais influenciam de formas diferentes o risco e a vulnerabilidade à infecção
pelo HIV, em particular, para as mulheres: A forma como a sociedade constrói a identidade e
sexualidade feminina e masculina, bem como o estatuto social da mulher contribuem para
vulnerabilidade ao HIV/SIDA. Por exemplo:
 Os rituais de purificação sexual da viúva,
 Tratamentos nos curandeiros que envolvem o sexo desprotegido, entre outros.6
18
 Relações sexuais entre pessoas de gerações diferentes e relações transaccionais:
O sexo transaccional é a transferência de dinheiro, presentes ou favores por sexo. O relatório
denominado “Milking the Cow” afirma que as jovens no centro de Maputo têm sexo
transaccional com o seu amante muitas vezes mais velho, sendo também frequente a prática de
sexo comercial sem uso do preservativo.4
 Níveis baixos de circuncisão masculina
No que concerne aos hábitos culturais, religiosos e a prática da circuncisão masculina, apesar dos
elevados níveis de comportamentos de risco, a prevalência do HIV nas mulheres grávidas
permanece mais baixa nas zonas com elevada circuncisão. Nas três províncias da região Norte:
Cabo Delgado, Nampula e Niassa assim como na província de Inhambane no Sul do país, a
proporção de pessoas submetidas à circuncisão está acima de três em cada quatro homens e
nestas quatro províncias as taxas de seroprevalência são também mais baixas. 3,4,6
Por outro lado, as províncias de Gaza, Manica, Sofala, Tete e Zambézia têm baixos níveis de
circuncisão (<50%) e todas, têm registado elevadas taxas de seroprevalência do HIV.
Esta constatação corrobora com a e vidência internacional que sustenta que homens submetidos à
circuncisão têm menos risco de contrair o HIV numa proporção de 60% quando comparados aos
homens não submetidos a circuncisão.
 Pobreza e desenvolvimento social
Os jovens constituem parte considerável da população mais exposta ao risco de infecção, sendo a
taxa de prevalência do HIV mais alta na faixa etária entre 20 e 24 anos (18.3%). Cerca de metade
dos jovens moçambicanos são sexualmente activos antes de atingirem os 16 anos de idade. As
mulheres em Moçambique constituem cerca de 52% da população total, 72.2% das quais vivem
em zonas rurais, com indicadores de desenvolvimento humano extremamente baixos (tais como
a taxa de analfabetismo de cerca de 68%).3
 Insegurança alimentar
A insegurança alimentar tem contribuído para o risco e vulnerabilidade dos indivíduos,
especialmente crianças, adolescentes, em particular as do sexo feminino. A insegurança
alimentar pode surgir da incapacidade dos indivíduos e agregados familiares (AFs) em produzir
alimentos em quantidade suficiente, e da incapacidade dos mesmos em comprar alimentos. Na
19
falta deste e a procura de meios de sobrevivência implica comportamentos de risco como o
envolvimento em sexo transaccional, aumento do sexo intergeracional ligados ao uso
inconsistente de preservativos.3,4
 Discriminação e estigma
A marginalização e estigmatização das populações em maior risco. As populações que estão em
maior risco de infecção incluem homens e mulheres reclusos, crianças de rua, trabalhadores de
sexo, seus clientes e parceiros, usuários de drogas injectáveis e seus parceiros, parceiros de
pessoas que vivem com o HIV (PVH) e homens que fazem sexo com homens. Alguns destes
grupos populacionais têm dificuldades de ter acesso aos cuidados de saúde e a prevenção do
HIV, que sejam orientados para responder às suas necessidades específicas, geralmente devido à
negação e ao estigma.1
 Disparidade de género
A disparidade de género é um dos maiores desafios e uma barreira crítica para o acesso e
utilização dos serviços de cuidados e tratamento, em contextos com normas sócio-culturais que
reduzem o poder das mulheres para negociar o sexo seguro. Um recente inquérito indica que
55% dos homens e 52% das mulheres não reconhecem o direito das mulheres de recusar sexo aos
seus maridos ou namorados.1,6
 Acesso aos serviços
Em Moçambique o acesso aos serviços públicos tem vindo a melhorar apesar de permanecerem
importantes disparidades entre os grupos sociais baseadas nos níveis de rendimento, entre
diferentes regiões, entre a área rural e urbana.3
 Outros Factores de risco:
Idade, Sexo, Grupo de risco, Estilo de vida, Tipo de prática sexual, Transfusões de sangue nos
últimos cinco anos e Ser preso por mais de um mês em ambiente promíscuo ou se é profissional
de saúde.7
1.1.8. Factores Protectores
 Uso consistente do preservativo nas relações sexuais;
20
 Biossegurança, principalmente para os profissionais de saúde e cuidados adequados na
prática clínica;
 Circuncisão Masculina.1,2,5,7,8
1.1.9. Prevenção
A prevenção consiste na adopção de medidas para evitar a exposição ao vírus, por exemplo, uso
de preservativos, não compartilhamento de agulhas e descarte do sangue doado contaminado por
HIV. A profilaxia pós-exposição, como aquela administrada após um ferimento com agulha,
consiste em Zidovudina, Lamivudina e um inibidor de Protease, como Indinavir. Dois
procedimentos podem ser adoptados para reduzir o número de casos de infecção por HIV em
crianças: ZDV ou Nevirapina devem ser administradas perinatalmente às mães infectadas por
HIV e aos neonatos, e mães infectadas por HIV não devem amamentar. Além disso, o risco de
infecção neonatal por HIV é reduzido quando o parto é realizado por cesariana, ao invés de parto
vaginal. 2,8
A circuncisão reduz a infecção por HIV. Vários fármacos são habitualmente administrados a
pacientes nos estágios avançados da AIDS para prevenir certas infecções oportunistas. Alguns
exemplos são Trimetoprim-Sulfametoxazol para prevenir a pneumonia por Pneumocystis,
Fluconazol para prevenir recorrências de meningite criptocóccica, Ganciclovir para prevenir
recorrências de retinite causada por Citomegalovírus, e preparações orais de fármacos
antifúngicos, como Clotrimazol, para prevenir aftas causadas por Cândida albicans.7
 Abstinência;
 Usar preservativos;
 Higiene adequada após a prática sexual (lavagem com água e sabão …).
 Evitar sexo anal, principalmente com grupos de risco.
 Para viciados em drogas injectáveis, usar seringa descartável.
 Nos bancos de sangue evitar o uso de sangues seropositivos para HIV/SIDA.
 Os profissionais de saúde (médicos, dentistas, enfermeiros, técnicos de laboratório)
devem adoptar medidas que evitem a contaminação.1,2,3,4,7,8
21
1.2.Problematização
No mundo, o HIV/SIDA continua sendo uma das causas de morbimortalidade, dados da OMS,
através da ONUSIDA, indicam que cerca de 940.000 pessoas morreram por causas relacionadas
à SIDA em 2017, e cerca de 77,3 milhões de pessoas foram infectadas pelo HIV desde o início
da epidemia e destas, 35,4 Milhões de pessoas obitaram por causas relacionadas à AIDS desde o
início da epidemia. Pesa embora a incidência de infecções por HIV tenha caído na ordem de 47%
desde o seu pico em 1996, no ano de 2017, houve 1,8 milhão de novas infecções por HIV, em
comparação com 3,4 milhões.1
Na África, concretamente na região do médio oriente e na África Subsaariana, questões relativas
ao género, pobreza entre outras continuam a perpetuar os índices mais elevados de HIV/SIDA, as
mulheres jovens de idade compreendida entre os 15-24 anos de idade, constituem o grupo mais
afecto pelo HIV desde 2016, cuja prevalência dobrou a dos jovens homens na região, sendo de
3.4% comparada à 1.6% dos jovens homens.1,4
Aqui, a epidemia de HIV é transmitida essencialmente por relações sexuais desprotegidas e é
generalizado principalmente em populações pobres, em certos grupos como trabalhadores de
sexo e em Homens que tem relações sexuais com outros Homens (HSH), sendo estes o marco de
índice mantido de prevalência de HIV nesta região e em utentes de Drogas injectáveis por
partilha de seringas e/ou agulhas.4
Em Moçambique, HIV/SIDA constitui a epidemia que afecta maior parte da população em quase
todas as faixas etárias. Segundo o IMASIDA (Inquérito de Indicadores de Imunização, Malária e
HIV/SIDA em Moçambique), através do Relatório Anual sobre o HIV em 2017 do MISAU
(Ministério de Saúde) em Moçambique, a prevalência actual de HIV em crianças menores de 15
anos é de 86 508 casos, 1 069 593 em indivíduos com idade superior a 15 anos, totalizando assim
1 156 101 casos prevalentes de VIH/SIDA.3,4
A província de Nampula contribui para este número, com um total de 55 678 casos,
correspondentes a 5,7% distribuídos em 7 749 casos em menores de 15 anos e 47 929 em
maiores de 15 anos. Destes casos, o distrito ou cidade de Nampula, contribui com maior
prevalência de 31 970 casos, equivalentes à 57,4%, sendo também inclusa a comunidade de
Muatala nesta urbe, segundo dados do SIS-MA (Sistema de Informação em Saúde para
Monitoria e Avaliação) através DPS (Direcção Provincial de Saúde) em Nampula, 2017/2018.5
22
Apesar dos dados acima exorbitantes, o governo no sentido de retardar o acometimento, desta
epidemia de que todo o Moçambique teme, intervê através do PNC ITSHIV/SIDA (Programa
Nacional de Combate as ITS e HIV/SIDA), na gestão dos serviços de saúde relacionados ao
HIV. A sua missão é de coordenar, regulamentar e prestar cuidados e tratamento às pessoas
vivendo com HIV para tal, entre outras acções, o PNC ITSHIV/SIDA tem agido ao nível das
seguintes componentes sendo: 1) ATS (Aconselhamento e Testagem em Saúde; 2) ITS
(Infecções de Transmissão Sexual); 3) Cuidados Clínicos e TARV Adulto; 4)
Cuidados Clínicos e TARV Pediátrico; 5) APSS/PP (Apoio Psicossocial); 6) Tuberculose/HIV e
outras infecções oportunistas; 7) Melhoria de Qualidade; 8) Monitoria e Avaliação; e 9)
População Chave, bem como no traçamento de políticas com vista a reduzir ao máximo os
indícios do HIV, através de diversos meios de comunicação.3,4
Contudo, a comunidade moçambicana, a de Nampula e a de Muatala em particular, tem de
alguma forma beneficiado das acções e informações veiculadas por este programa, bem como
por outros serviços do MISAU, no entanto, a prevalência dos casos de HIV/SIDA ao nível da
cidade de Nampula ainda é superior que a dos outros distritos (5 vezes superior ao 2º distrito
mais prevalente). Diante desta “desordem” toda coloca-se a seguinte pergunta de pesquisa.
De que forma a comunidade de Muatala adere ao controlo epidemiológico do HIV/SIDA?
1.3.Justificativa e Relevância
A SIDA é a maior causa de mortes na África subsaariana e é a quarta maior causa de morte no
mundo todo. A expectativa média de vida na África subsaariana até 2010 era de 47 anos; poderia
ser de 62 anos sem a SIDA. A expectativa de vida ao nascer Em Botsuana caiu para um nível
jamais visto nesse país desde a década de 1950. Mesmo no Haiti, a expectativa de vida é perto de
seis anos menor do que poderia na ausência da SIDA.1,2
Na Ásia, o Camboja apresentou uma redução de quatro anos na expectativa de vida. Os níveis
actuais de prevalência do HIV indicam a grande probabilidade de ser infectado pela SIDA
durante a vida. Em Lesoto, a estimativa é de que uma pessoa de 15 anos apresente 74% de
chance de ser infectada com HIV até o seu quinquagésimo aniversário. De acordo com um
relatório da OMS a quanto do HIV, espera-se que a AIDS seja responsável por um declínio na
expectativa de vida em 51 países no decorrer dos próximos 20 anos. 2
23
Sete nações na África subsaariana possuem uma expectativa de vida menor que 40 anos, e esse
número irá aumentar em 11 países no decorrer dos próximos sete anos. O declínio das
expectativas de vida logo alcançou níveis jamais vistos desde o século XIX. No Zimbabué e na
África do Sul, a taxa de mortalidade infantil é maior do que em 1990. Cinco nações africanas
tiveram mais mortes que nascimentos em 20l0, com o resultante decréscimo de suas populações.
A expectativa de vida poderá cair para apenas 27 anos em Botswana e Moçambique nos
próximos oito anos, e na Suazilândia a expectativa de vida será estimada em 33 anos. No
Zimbabué, Zâmbia e Namíbia a expectativa de vida será de 34 anos. Em contrapartida, a
expectativa de vida geral na África, na ausência da AIDS, seria de 70 anos até 2010.1,2,4
Em Moçambique, no sentido de combater as consequências desastrosas deste mal criou-se em
2001, pelo MISAU, o PNC ITSHIV/SIDA (Programa Nacional de Controle das ITS e
HIV/SIDA), que dentre os vários objectivos que o levaram a sua criação, destacam-se: a
prevenção da transmissão vertical de HIV, o Aconselhamento e Testagem de HIV, a Circuncisão
masculina, Aceleração da Resposta ao HIV SIDA, a redução da mortalidade em pacientes com
co-infecção HIV, o aumento a taxa de detecção de crianças infectadas pelo HIV, aumento do
acesso a serviços TARV para mulheres grávidas seropositivas entre outros objectivos, tendo sido
implementadas diversas estratégias para alcançar os tais objectivos traçados, mas desde lá até
então os indícios de seropositividade tendem a ainda a aumentar.3,4,5
Contudo, no sentido de aferir as possíveis razões que levam a esta não alteração dos factos,
apesar dos aparentes esforços no sector de saúde do país, principalmente, destaca-se a
importância da realização deste estudo de modo a averiguar até que ponto, as populações aderem
às medidas preventivas e terapêuticas contra a aparição e/ou evolução em complicações
concomitantes desta enfermidade, também designada de doença do Século, achegadas de
diversos meios pelo MISAU em coordenação com o PNC ITSHIV/SIDA, de modo concreto na
população da comunidade de Muatala abrangida pelo programa 1E1F.
1.4.Objectivos
Objectivo geral:
 Conhecer as medidas de controle, prevenção e a epidemiologia do HIV/SIDA na
comunidade de Muatala.
Objectivos específicos:
24
 Avaliar o nível de conhecimento e concepção da comunidade em relação a doença;
 Descrever os métodos preventivos adoptados pela comunidade no combate contra o HIV;
 Aferir o conhecimento das famílias em relação ao seu estado serológicos.
2. Metódos
2.1.Unidade de Observação
O estudo foi realizado nas famílias abrangidas pelo programa 1E1F dos estudantes que estevam
no Semestre V do curso de licenciatura em ciências de saúde ministradas pela FCS da
Universidade Lúrio no presente ano de 2019 fazendo a cadeira de Saúde da Comunidade V, na
Comunidade de Muatala, sita nas periferias da cidade de Nampula.
2.2.Tipo de estudo
a) Do ponto de vista da sua natureza
No que concerne a sua natureza, o estudo é de natureza Básica pois visa gerar novos
conhecimentos/factos relativos ao HIV/SIDA na comunidade em estudo, investigando os
fenómenos e os factos já conhecidos (universais), sobre o assunto de modo a apurar aspectos
científicos específicos consensuais e originais em relação a esta enfermidade na população que
será estudada.
b) Do ponto de vista de seus Objectivos.
No referente aos objectivos do estudo, há que enfatizar que este é do tipo Observacional,
Descritivo e Transversal.
c) Do ponto de vista dos procedimentos técnicos
O estudo é de campo, pois este envolveu a interrogação directa às famílias pertencentes ao
programa 1E1F cujo comportamento ou concepção relativo ao HIV/SIDA desejou-se conhecer
através de da aplicação dos meios e instrumentos de pesquisa diversificados de modo que
tenhamos uma resposta da hipótese, que queremos comprovar, ou, ainda, descobrir novos
fenómenos ou as relações a cerca do mesmo assunto. Em geral, aqui procedeu-se solicitação de
informações a um grupo significativo de pessoas da comunidade referida acerca do problema já
25
enfatizado, para, em seguida, mediante análise quantitativa, obtermos as conclusões
correspondentes aos dados colectados.
d) Do ponto de vista da forma de abordagem do problema
Será um estudo de abordagem mista quantitativa, pois os dados colectados foram mensurados e
quantificados a partir de análises estatísticas, o que significa que irão se traduzir em números, as
opiniões e informações dadas em relação ao HIV/SIDA para classificá-las e analisá-las, isso no
concernente a componente quantitativa.
2.3.Universo do estudo, Amostra e Amostragem
A população-alvo do estudo foi composta por pouco mais de 170 famílias com
representatividade de um membro por família, pertencente ao programa 1E1F da FCS, dos 30
grupos de estudantes do semestre V da cadeira de Saúde da Comunidade V no ano de 2019, com
uma representatividade de um individuo por família estudada. Portanto, a Amostra é igual ao
universo/população em estudo, o que coere dizer que a técnica de amostragem aqui aplicada é
Não-probabilística, não intencional, pelo facto de a eleição dos elementos não depender da
probabilidade nem de fórmulas probabilísticas, se não das causas relacionadas com as
características escolhidas pelo investigador que, portanto, neste caso são a pertença às famílias
abrangidas pelo programa.
2.4.Variáveis
2.4.1. Qualitativas
 Sexo;
 Ocupação;
 Estado civil;
 Concepção subjectiva sobre o HIV;
 Testagem de HIV;
 Conhecimento sobre o próprio estado
serológico;
 Uso do Preservativo;
 Abstinência;
 Fidelidade;
 Circuncisão Masculina;
 Administração injectável de Drogas;
 Ser ou ter sido prisioneiro;
 Transfusão sanguínea.
32
2.4.2. Quantitativas
 Idade;
 Nível de escolaridade;
2.5.Critérios de participação
2.5.1. Critérios de Inclusão
Foram inclusos no presente estudo, indivíduos maiores de 18 anos que fazem parte das famílias
pertencentes ao programa, 1E1F da UniLúrio-FCS, dos estudantes do semestre V fazendo a
cadeira Saúde da Comunidade V.
2.5.2. Critérios de Exclusão
Foram excluídos do estudo, todos os indivíduos que não estiverem em condições de fornecer
informações durante a colecta de dados tais como: apresentarem-se em Estado de embriagues,
Dementes e os que manifestaram-se ausentes.
2.6.Técnicas e instrumentos para a recolha de dados
2.6.1. Técnicas
 Questionário estruturado com
perguntas fechadas.
2.6.2. Instrumentos
 Lápis;
 Caneta;
 Borracha;
 Bloco de Nota.
2.7.Processamento, Análise e Tratamento de Dados
O processamento primário dos dados foi feito com auxílio do Microsoft Excel 2010, de modo a
facilitar a introdução dos dados e respectiva elaboração de tabelas e gráficos de frequência, já a
análise estatística foi feita com ajuda do programa SPSS 20.0 que ajudou no co-relacionamento
dos dados em respectivas variáveis.
32
2.8.Questões éticas
Antes de qualquer intervenção por parte do corpo investigador (estudantes), realizou-se em cada
uma a todas as famílias-alvo do estudo, uma explicação sumária a quanto do intento do estudo e
a importância do mesmo, garantindo o posicionamento autónomo de disponibilidade e
confidencialidade dos dados que serão obtidos. Foram respeitadas todas as normas bioéticas
sugeridas pela declaração de Helsínquia para pesquisas envolvendo seres humanos.
3. Resultados
Factores de contexto: Em termos de constrangimentos que podem ter cursado com o possível
enviesamento do presente estudo, foi a perda e exclusão de 83 questionários devido a
insuficiência dos dados preenchidos.
Para o estudo em causa, foram inquiridos um total de 87 representantes das famílias abrangidas
pelo programa IEIF, destes, perfizeram um total de 57 homens correspondente a 66% e 30
mulheres (34%). Destes 87 indivíduos inquiridos, 10 tem o nível superior feito, 27, nível
secundário, 35 nível primário e 15 destes não tem grau de escolaridade algum, o que ilustra um
evidente factor de risco para o HIV. O gráfico 1 abaixo, ilustra a distribuição do Nível de
escolaridade
Gráfico 1: Nível de escolaridade dos inquiridos
Fonte: Estudantes de Medicina, 2019.
Dos nossos inquiridos, cerca de 54 indivíduos, estão na faixa de 24 a 50 anos de idade, 21 no
intervalo dos 18-25 anos e 12 com idade igual ou superior a 50 Anos de idade, o que vale
15
35
27
10
Nenhum
Primário
Secundário
Superior
NÍVEL DE
ESCOLARIDADE
33
interpretar a existência maioritária de indivíduos de idade média ao nível das famílias
pertencentes a este programa a este nível. Ilustra-se este facto, no gráfico 2.
Gráfico 2: Idades dos inqueridos
Fonte: Estudantes de Medicina, 2019.
A comunidade de Muatala, onde fez-se o presente estudo, constatou-se que 55% dos inquiridos
são solteiros, 5% são viúvos e 40% corresponde aos casados. O gráfico 3 abaixo destaca esta
verdade:
Gráfico 3: Estado civil dos inqueridos
Fonte: Estudantes de Medicina, 2019.
Em termos de ocupação diária dos inquiridos, 40 (correspondentes a 46%) referiram ser
domésticos, o que vale dizer que apenas ocupam-se de actividades diárias caseiras e monitoração
da família, na sua maioria mulheres, 10 (11,5%) são funcionários do sector público, 2 do sector
privado (2,3%), 21 (24,1%) de conta própria, 7 (8,05%) são estudantes, 7 (8,05%) são
desempregados.
21
54
12
0
10
20
30
40
50
60
[18;25[ ]25;50[ >=50
INQUERIDOS
INTERVALOS DE IDADES
IDADES DOS INQUERIDOS
Solteiro
55%
Casado
40%
Viúvo
5%
ESTADO CIVIL DOS INQUERIDOS
34
Gráfico 4: Ocupação dos inqueridos
Fonte: Estudantes de Medicina, 2019.
Destes inquiridos e entrevistados, 64 reconhecem HIV/SIDA como doença apenas sexualmente
transmitida, 13 afirmam ser uma doença causada por vírus, 6 afirmam ser doença infecciosa, 3
como uma doença mortífera e apenas 1 inquirido desconhece a doença na sua totalidade. A
Tabela 5 abaixo ilustra de forma detalhada o facto.1,2
Tabela 5: Conhecimento sobre VIH/SIDA
Se sim, o que é?
TOTAL
Doença
causado
por vírus
Doença
transmitida
por relações
sexuais
Doença
infeccios
a
Doenç
a que
mata
muito
Já ouviu falar
de
VIH/SIDA?
Sim 13 64 6 3 86
Não 0 0 0 0 1
TOTAL 13 64 6 3 87
Fonte: Estudantes de Medicina, 2019.
Do total de 87 inquiridos e entrevistados no presente estudo, demostrou uma maior abrangência
no tangente aos meios pelos quais estes tiveram a informação sobre o HIV/SIDA, a Rádio e
outros meios como Agentes comunitários; por meio de palestras nos centros de saúde; pela
internet, familiares e amigos, constituem maiores fontes de informação sobre esta doença na
comunidade em estudo, seguido da Televisão e depois ao Jornal. Houve muita miscelânea de
40
10 2 7 21 7
0
10
20
30
40
50
Ocupação dos inqueridos
35
fontes de informação, 20 indivíduos tiveram informação a partir de Jornal, TV, tanto a de outros
meios, 7 tiveram informação só a partir da Rádio, TV e Jornal, 23 (TV e Rádio), 25 (Rádio e
TV), 11 (Rádio e Jornal), 9 (Jornal e TV) e apenas 3 só ouviram a partir da Rádio.
O Gráfico 6 abaixo, ilustra a reunião de total de indivíduos em cada uma das fontes de
informação:
Gráfico 5: Meio de obtenção de informação sobre VIH/SIDA
Fonte: Estudantes de Medicina, 2019.
Das 87 famílias inquiridas, representadas por 1 indivíduo por família, 69 afirmaram ter feito o
teste de VIH em algum momento da vida e 18 afirmaram nunca terem feito. Ao grupo de
indivíduos com teste de VIH feito, houve maior divergência no concernente ao período de
realização do último teste, 14 indivíduos afirmaram ter feito o teste a menos de 3 meses, 16 no
período compreendido entre 3-6 meses e 37 a mais de um ano, o que revelou uma tendência fraca
da testagem em saúde no período compreendido entre 3 em 3 meses, como ilustra a Tabela 2
seguinte:
Tabela 6: Realização de teste de VIH
Se sim, há quanto tempo?
Menos de
3 meses
Entre 3 a 6
meses
Há 1 ano
ou mais.
TOTAL
Alguma vez
fez o teste de
VIH?
Sim 14 16 37 69
Não 0 0 0 18
49
41
23
62
0 10 20 30 40 50 60 70
Rádio
Televisão
Jornal
Outros
Meio de obtenção de informação
36
TOTAL 14 16 37 87
Fonte: Estudantes de Medicina, 2019.
No concernente ao Conhecimento sobre as formas de transmissão de VIH/SIDA, Baumann, et al,
2017., e UNAIDS, 2017 referem que o conhecimento das vias de transmissão do HIV, é o 1º
estágio para o controlo epidemiológico adequado do HIV/SIDA, não conhecendo, seria como
“ter uma morte a partir de um tiro perdido”. No presente estudo, denotou-se que do total de 87
inquiridos, 15 (17%) negaram conhecer alguma via ou forma de transmissão do HIV e os
restantes 72 (83%) afirmaram conhecer a via sexual como meio de transmissão do HIV, que
constitui a partir deste estudo, a forma de transmissão mais conhecida pois, todos os que
afirmaram conhecer forma alguma de transmissão, mencionaram o sexo desprotegido. Dos 72,
27 referiram conhecer também a transmissão por manuseio de objectos perfuro-cortantes somado
a 20 outros que referem este meio e outros ainda (fazendo um total de 47 inquiridos conhecendo
o manuseio de objectos cortantes como forma de transmissão de HIV), 16 refere a via materno-
infantil mas, destes 10 conhece também outras vias e um total de 43 inquiridos mencionou outras
vias de transmissão, como a transfusão sanguínea entre outras.1,2
A tabela 3 abaixo, ilustra esse
facto.
Tabela 7: Conhecimento sobre as formas de transmissão de VIH/SIDA
Se sim, quais são?
Via
sexual
Por manuseio
de objectos
perfuro-
cortantes
Via materno-
infantil
Outras
Conhece as
formas de
transmissão de
VIH/SIDA?
Sim 72 47 16 43
Não
15
Fonte: Estudantes de Medicina, 2019.
Dos 87, 17 inquiridos negam conhecer alguma forma de prevenção do vírus e os 70 restantes
distribuíram-se mensurando algumas das medidas de prevenção da infecção pelo HIV. Uma
forma de prevenção pode ser conhecida pela maioria ou todos que afirmaram conhecê-las, como
é o caso da Abstinência referida por todos os inquiridos, a tabela 4 ilustra o facto.
37
Tabela 8: Conhecimento sobre as formas de prevenção
Se sim, quais são?
Abstinência Fidelidade
Uso de
preservativo
Outrasa
Sabe como se
prevenir de
VIH/SIDA?
Sim 70 47 16 43
Não 17
Fonte: Estudantes de Medicina, 2019.
4. Análise e Discussão dos Resultados
O gráfico 1, ilustra o quão é baixa escolarização populacional naquela comunidade, o que de
igual modo traduz o baixo nível de conhecimento sobre a doença, consequentemente um factor
de risco para a prevenção da mesma, isto coere com UNAIDS, 20191
e Baumann, et al, 20172
sobre a influencia do nível de escolaridade no conhecimento de doenças como o HIV.
A partir do gráfico 2 é possível apurar a existência maioritária de indivíduos de idade média ao
nível das famílias pertencentes a este programa a este nível, o que é corroborativo com a
afirmação concludente do Relatório Anual das Actividades Relacionadas ao HIV/SIDA 2017 3
e
Relatório de Casos de HIV/SIDA 2017-2018. Nampula (2018) 5
, pois, ambos afirmam ser a idade
jovem média a mais populosa no Moçambique e consequentemente, é a que possui um maior
indice de HIV/SIDA em Moçambique.
No que tange ao estado civil dos inquiridos, Baumann, 20172
, dos Santos, 20157
, Levison,
20168
., concluem em trabalhos e obras diferentes que, o viver em estado solteiro é um factor de
risco para a contracção do vírus HIV, aumento de incidência de casos e de igual modo da
prevalência dos mesmos e curiosamente para a comunidade de Muatala, apresenta mais de
metade da população (concretamente as famílias abrangidas pelo programa 1E1F) em estado
civil solteiro. O que significa segundo os autores ora citados, a existência de risco elevado de
contrair o HIV, ou mesmo, serem HIV positivos e de forma denegridora estarem a contribuir
para a disseminação da doença em caso de positivos.
Em termos de ocupação, ilustrada no gráfico 4, denota-se uma percentagem maioritária de
desempregados. O Conselho Nacional de Combate ao SIDA em Moçambique, no seu Relatório
38
do Progresso, de 2016, no âmbito da Resposta Global ao SIDA, conclui de forma similar ao
Inquérito do MISAU da Agência Lusa de 2017 e à UNAIDS, 2019 que, o desemprego e a
pobreza é um factor de risco motivador para a prática de acções contundentes ao aumento da taxa
de incidência, do HIV, e neste estudo, mais uma vez, denota-se uma margem de 47 inquiridos
(48,05%) (somadas as percentagens dos domésticos e desempregados) pertencentes ao grupo de
risco para a infecção do HIV como referem as epigrafadas fontes.1,4,6
Os inquiridos referiram-se de várias fontes de informação (gráfico 5) sobre a doença desde a
Televisão, Rádio, Jornal e outros meios em proporções extremamente consideráveis. Este
aspecto coere de forma inequívoca com o Conselho Nacional de Combate ao SIDA em
Moçambique, no seu Relatório do Progresso, de 2016, no âmbito da Resposta Global ao SIDA, a
quanto do impacto positivo que os diversos meios de comunicação em Saúde concretamente em
matéria de HIV/SIDA tem na difusão de informação que de certo modo contribui no controlo
epidemiológico da pandemia.6
No referente ao factor conhecimento da doença, o gráfico 6 somente ilustra a existência de
apenas 1 individuo que desconhece a doença na sua plenitude, isto contradiz, a afirmação da
UNAIDS, 20191
e Baumann, et al, 20172
sobre a influencia do nível de escolaridade no
conhecimento de doenças como o HIV, pois, denota-se assim, que apesar do nível de
escolaridade baixo na maioria populacional anteriormente referida, apenas 1 inquirido é
desconhece o HIV na sua totalidade, pois há fontes varias de disseminação da Informação.1,2
Em termos de testagem em saúde, o estudo revelou uma baixa afluência na população em estudo,
aos serviços de ATS em frequência e período, contrasta com o Relatório Anual das Actividades
Relacionadas ao HIV/SIDA 2017 do MISAU levado a cabo pelo IMASIDA, cujo referiu ser a
zona norte que maior aflui nos serviços de Aconselhamento e Testagem em Saúde e que
contribui com maior percentagem na concretização das metas anuais de testagem ao nível
nacional.3
Conhecendo as formas de transmissão é fácil prevenir-se do HIV, a tabela 4 acima ilustra a
distribuição sobre o conhecimento das formas de prevenção da infecção pelo HIV, onde mais de
60% dos inquiridos, mensurou os diversificados meios de prevenção do vírus. Este resultado
também contrasta com a UNAIDS, 2019 que afirmou já haver um aumento das medidas de
prevenção do HIV e consequente controlo epidemiológico ao nível da região subsaariana de
África1
.
39
2. Conclusão
As medidas de controle, prevenção e a epidemiologia do HIV/SIDA na comunidade de Muatala,
apesar de mínimas que sejam, centralizam-se primeiro, no conhecimento da doença em si, nas
formas de prevenção e transmissão, pois uma percentagem superior a 60% das famílias
inquiridas conhece a doença, e a comunidade tem ainda a vantagem de possuir meios de difusão
de informação bem como, fontes orais entre outras que contribuem para o controlo
epidemiológico das infecções por HIV. Portanto a comunidade possui um nível de conhecimento
da doença bastante aceitável, a comunidade adopta a circuncisão masculina, como um dos
métodos de prevenção essencialmente importante na prevenção do HIV e o não consumo de
drogas (dados relevantes, mas que não demostraram pertinência de serem apresentados
graficamente devido a absoluta positiva afirmação das famílias de Muatala neste âmbito).
No entanto, a contribuição para o conhecimento e controlo epidemiológico do VIH/SIDA nesta
comunidade, vê-se inabsoluta e comprometida pelo facto das famílias possuírem um fraco
afluente no tangente aos serviços de testagem em saúde, que constitui o ponto número 1 para
evitar uma maior incidência de casos e consequente mortalidade. Como referido nos dados,
apenas 12% (14 inquiridos) da amostra estudada fez o teste de HIV nos últimos 3 meses da
intervenção dos estudantes, como o é sob norma bibliográfica bem como da OMS, isto leva a
concluir que, 88% das famílias, (uma maior parte das famílias) não está exercendo o controlo
epidemiológico do VIH/SIDA adequadamente, devido a esta não aderência em matéria de
testagem em saúde voluntária, o que vale dizer que não conhecem o seu estado serológico actual,
associado a este facto está a condição de nível de escolaridade reduzido, e o desemprego assente
nestas famílias.
3. Divulgação dos resultados
Os resultados foram divulgados em forma de um relatório executado pelos estudantes do curso
Medicina e entregue ao corpo docente da cadeira de Saúde da comunidade V/2019 da UniLurio-
FCS, no mês de Maio passado. Serão ainda divulgados nas Jornadas Científicas da UniLúrio, em
Setembro do ano em curso, e será entregue a Coordenação do curso de Medicina e ao
departamento da Investigação da Faculdade de Ciências de Saúde da Universidade Lúrio, bem
40
como será publicado na Revista de Ciências de Saúde da Universidade Lúrio, enquanto as
condições forem criadas.
41
4. Referências bibliográficas
1. UNAIDS-Brasil : Estatísticas globais sobre HIV. São Paulo 2019. Acedido em
http://unaids.org.br/estatisticas/?_e_pi_=7%2CPAGE_ID10%2C8501080066 aos 1 de
Abril de 2019.
2. Baumann, G. p., et al. Manual de Medicina Interna de Harrison. 19ª ed. São Paulo, 2017
3. República de Moçambique, Ministério de Saúde. Relatório Anual das Actividades
Relacionadas ao HIV/SIDA 2017.Maputo: s.n., 2018.
4. Agência Lusa. Inquérito do Ministério de Saúde. Moçambique, Saúde e VIH/SIDA.
2017
5. Direção Provincial de Saúde-Nampula. Relatório de Casos de HIV/Sida 2017-2018.
Nampula : s.n., 2018.
6. Conselho Nacional de Combate ao SIDA . Resposta Global à SIDA. Relatório do
Progresso, 2016. MOÇAMBIQUE. Maputo: s.n., 2016.
7. Andréa Felice dos Santos. Manifestações Oral do paciente HIV positivo, Rio de Janeiro,
2015.
8. Levison, Warren. Microbiologia Médica e Imunologia. 13ª Ed. EUA.2016

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Conhecimento HIV/SIDA Comunidade Muatala

  • 1. UNIVERSIDADE LÚRIO FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÚDE CURSO DE LICENCIATURA EM MEDICINA TRABALHO DAS JORNADAS SEMESTRE: V NÍVEL: III CONHECIMENTO DA EPIDEMIOLOGIA E MEDIDAS PREVENTIVAS DE HIV/SIDA NA COMUNIDADE DE MUATALA, NAMPULA – 2019 Autores: Tutor Alvido Bernardo Muaviraca1 Dr. Calima Muagerene 1,2 Felizardo Eusébio Cabrall 1- Universidade Lúrio, Faculdade de Ciências de Saúde 2 – Hospital Central de Nampula NAMPULA, SETEMBRO DE 2019
  • 2. Conhecimento da epidemiologia e medidas preventivas de HIV/SIDA na Comunidade de Muatala, Nampula – 2019 Nampula, Setembro de 2019 Estudo epidemiológico, analítico, quantitativo, a ser apresentado nas Jornadas da Universidade Lúrio, Faculdade de Ciências de Saúde, campus de Marrere, em Setembro do presente ano de 2019.
  • 3. iii Lista de Abreviaturas HIV ou VIH – Vírus da Imunodeficiência Humana; SIDA/AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida; ITS – Infecção(ões) de Transmissão(ões) Sexual(ais); CDC - Center for Disease Control and Prevention (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) PNC ITSHIV/SIDA – Programa Nacional de Combate as ITS e HIV/SIDA; US –Unidade Sanitária; DPS – Direcção Provincial de Saúde; MISAU – Ministério de Saúde; OMS – Organização Mundial de Saúde; TARV – Tratamento Anti-retroviral; ATS – Aconselhamento e Testagem em Saúde; UATS - Unidade de ATS; ONUSIDA/ONUAIDS- Programa Conjunto das Nações Unidas para o Combate ao HIV e SIDA; SIS-MA - Sistema de Informação em Saúde para Monitoria e Avaliação; INSIDA – Inquérito Nacional de Prevalência, Riscos Comportamentais e Informação sobre o HIV e SIDA em Moçambique; IMASIDA – Inquérito de Indicadores de Imunização, Malária e HIV/SIDA em Moçambique 1E1F - Programa um Estudante uma Família; UniLúrio – Universidade Lúrio; FCS – Faculdade de Ciências de Saúde. HAART -.(Highly Active Antiretroviral Therapy – (Terapia Anti-retroviral Altamente Activa). HSH – Homens que fazem Sexo com outros Homens; PDI – Pessoas Drogadas por Injecção. Lista de Quadros e Tabelas Tabela 1. Prevalência de HIV por província (IMASIDA 2015)……………...………….............6 Tabela 2. Cobertura TARV (da população HIV+) por Província, 2017……...…………….……7
  • 4. iv Tabela 3. Cobertura TARV de Crianças HIV+ por Província, 2017…...……….……….…….....8 Tabele 4. Metas e Desempenho de ATS por Província, 2017…………………….………...….....9 Quadro 1: Prevalência de HIV/SIDA em Nampula, ano de 2017………………….…....……….9 Tabela 5: Conhecimento sobre VIH/SIDA………………………………………….…………..34 Tabela 6: Realização de teste de VIH…………………………………………………….……..36 Tabela 7: Conhecimento sobre as formas de transmissão de VIH/SIDA………………….……36 Tabela 8: Conhecimento sobre as formas de prevenção………………………………….……..37 Lista de Gráficos e Figuras Gráfico 1: Nível de escolaridade dos inquiridos……………………………………….…..……32 Gráfico 2: Idades dos inquiridos………………………………………………….….…………33 Gráfico 3: Estado civil dos inquiridos…………………………………………….…………….33 Gráfico 4: Ocupação dos inquiridos……………………………………………….…………....34 Gráfico 5: Meio de obtenção de informação sobre VIH/SIDA…………………….…………...35
  • 5. v Resumo Introdução: O HIV/SIDA é das principais causas de morbimortalidade na humanidade actual desde o passado século XX. Moçambique é o oitavo país com maior número de infectados pelo HIV no mundo afectando maior parte da população em quase todas as faixas etárias. A província de Nampula contribui 55 678 (5,7%). Há anos o governo nacional vem tentando minimizar reduzir a incidência e a prevalência deste mal sem sucessos tranquilizadores em plenitude, devido em parte a possível falta de informação ou não aderência adequada a medidas de prevenção contra este mal. Objectivo: Conhecer as medidas de controle, prevenção e a epidemiologia do HIV/SIDA na comunidade de Muatala. Métodos: Trata-se de um estudo de natureza básica, descritivo, observacional e transversal, de campo, retrospectivo e quantitativo, realizado na comunidade de Muatala, cuja amostra foi composta de 87 indivíduos representantes das famílias abrangidas pelo programa um estudante uma família (1E1F), dos estudantes da Faculdade de Ciências de Saúde, fazendo a cadeira de saúde da comunidade V no ano de 2019, tendo sido usada uma técnica de amostragem Não- Probabilística não intencional. Os dados foram colectados com auxílio de um questionário estruturado de 2 páginas e 4 partes contendo perguntas fechadas. Resultados e discussão: dos 87 inquiridos, 55% são solteiros, 5% viúvos e 40% casados, 72 (82.8%) tem pelo menos o nível escolar primário feito. 54.05% são desempregados, apenas 1 individuo desconhece a doença plenamente e 2 não foram circuncisados. 18 indivíduos (20.7%) nunca fizeram o teste de HIV e somente 14 (16.1%) fizeram a testagem nos últimos 3 meses da intervenção da pesquisa, 72 indivíduos (82.8%) conhecem as formas de transmissão e 70 (80.5%) as formas de prevenção do HIV/SIDA. Conclusão: A comunidade de Muatala possui um nível de conhecimento da doença bastante aceitável. As medidas de controlo, prevenção e a epidemiologia do HIV/SIDA presentes, incluem o conhecimento da doença e suas formas de prevenção e transmissão, a circuncisão masculina e o não uso de drogas endovenosas que, paradoxalmente tornam-se insuficientes pela falta de não aderência aos serviços de aconselhamento e testagem em saúde a cada 3 meses. Palavras-chave: Conhecimento, Epidemiologia, HIV/SIDA, Medidas preventivas.
  • 6. vi Abstract Introduction: HIV/AIDS has been a major cause of morbidity and mortality in today's humanity since the past twentieth century. Mozambique is the eighth country with the highest number of HIV infected in the world affecting most of the population in almost all age groups. Nampula province contributes 55,678 (5.7%). For years the national government has been trying to minimize reducing the incidence and prevalence of this disease without reassuring successes in full due in part to the possible lack of information or inadequate adherence to preventive measures against this disease. Objective: To know the control measures, prevention and the epidemiology of HIV / AIDS in the community of Muatala. Methods: This is a basic, descriptive, observational and cross-sectional field study, retrospective and quantitative, conducted in the community of Muatala, whose sample consisted of 87 individuals representing the families covered by the 1 Student 1 family (1E1F) program, from the Faculty of Health Sciences, making the community health chair V in 2019, using an unintended Unprobabilistic sampling technique. Data were collected using a 2-page, 4-part structured questionnaire containing closed questions. Results and discussion: from the 87 respondents, 55% are single, 5% widowed and 40% married, 72 (82.8%) have at least completed primary school. 54.05% are unemployed, only 1 individual is completely unaware of the disease and 2 have not been circumcised. male circumcision. 18 individuals (20.7%) never tested for HIV and only 14 (16.1%) tested in the last 3 months of the research intervention, 72 individuals (82.8%) know the transmission forms and 70 (80.5%) the forms of HIV/AIDS prevention. Conclusion: Muatala community has a very acceptable level of knowledge of the disease. Present HIV/AIDS control, prevention and epidemiology measures include knowledge of the disease and its forms of prevention and transmission, male circumcision and non-use of intravenous drugs that paradoxically become insufficient due to lack of non-adherence. health counseling and testing services every 3 months. Keywords: Knowledge, Epidemiology, HIV / AIDS, Preventive measures.
  • 7. vii Índice III. Lista de Abreviaturas ................................................................................................................ 2 IV. Lista de Gráficos e Figuras...................................................................................................... iv V. Lista de Quadros e Tabelas .......................................................................................................iii VI. Resumo ..................................................................................................................................... v 1. Introdução................................................................................................................................ 1 1.1. Problematização ............................................................................................................. 21 1.2. Justificativa e Relevância............................................................................................... 22 1.3. Revisão bibliográfica ........................................................................................................... 2 1.3.1. Definição ..................................................................... Erro! Marcador não definido. 1.3.2. Breve Historial sobre o HIV/SIDA .............................................................................. 2 1.3.3. Epidemiologia............................................................................................................... 3 1.3.3.1. No Mundo................................................................................................................. 3 1.3.3.2. Em África.................................................................................................................. 4 1.3.3.3. Em Moçambique....................................................................................................... 5 1.3.3.4. Em Nampula ............................................................................................................. 9 1.3.4. Etiologia...................................................................................................................... 10 1.3.5. Transmissão................................................................................................................ 11 1.3.6. Fisiopatologia ............................................................................................................. 12 1.3.7. Sindromografia e Estadiamento segundo OMS.......................................................... 15 1.3.8. Factores de Risco........................................................................................................ 17 1.3.9. Factores Protectores.................................................................................................... 19 1.3.10. Diagnóstico.................................................................. Erro! Marcador não definido. 1.3.11. Tratamento................................................................... Erro! Marcador não definido. 1.3.12. Prevenção.................................................................................................................... 20
  • 8. viii 1.4. Objectivos....................................................................................................................... 23 2. Metódos ................................................................................................................................. 24 2.1. Unidade de Observação ..................................................................................................... 24 2.2. Tipo de estudo................................................................................................................ 24 2.3. Universo do estudo, Amostra e Amostragem................................................................. 25 2.4. Variáveis......................................................................................................................... 25 2.4.1. Independentes .......................................................... Erro! Marcador não definido. 2.4.2. Dependentes............................................................. Erro! Marcador não definido. 2.5. Critérios de participação................................................................................................. 32 2.5.1. Critérios de Inclusão ............................................................................................... 32 2.5.2. Critérios de Exclusão.............................................................................................. 32 2.6. Técnicas e instrumentos para a recolha de dados........................................................... 32 2.6.1. Técnicas .................................................................................................................. 32 2.6.2. Instrumentos............................................................................................................ 32 2.7. Processamento, Análise e Tratamento de Dados ........................................................... 32 2.8. Questões éticas ............................................................................................................... 32 2.9. Resultados esperados...................................................................................................... 32 2.10. Divulgação dos resultados.......................................................................................... 39 2.11. Cronograma de actividades ......................................... Erro! Marcador não definido. 3. Referências bibliográficas ..................................................................................................... 41 4. Apêndice................................................................................. Erro! Marcador não definido.
  • 9. 1 1. Introdução SIDA - é a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida, que descreve o conjunto de sintomas e sinais bem como as infecções associadas a imunodeficiência causada por HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana).1 O HIV é um retrovírus que infecta cronicamente e destrói células do sistema imunológico, induzindo a imunodepressão generalizada. Uma vacina eficaz contra o vírus, permanece ainda um grande desafio e ambição na saúde pública, pesa embora haja avanços significativos ao nível do mundo, em pesquisas relacionadas neste âmbito. As respostas dos Linfócitos T CD4+ (auxiliares), são a peça-chave no controle do HIV, dado que actuam na destruição destas células após a infecção das mesmas levando o individuo a debilidade imunológica e dispertando espaço para outras patologias.2 O HIV/SIDA é das principais causas de morbimortalidade na humanidade actual desde o passado século XX, o seu isolamento, em 1983 nos EUA, marcou uma série de estudos com vista a dar resposta a esta enfermidade que, como maioria de doenças virais não possui cura definitiva.1,2 Moçambique é o oitavo país com maior número de infectados pelo HIV no mundo possui uma das mais altas taxas de prevalência de HIV, estimada em 13,2% entre os adultos dos 15-49 anos de idade e 10,1% entre os homens. As meninas adolescentes e mulheres jovens com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos são a população mais afectada, contribuindo com cerca de 50% de todas as novas infecções.1,3 O conhecimento do seroestado do HIV, é uma prioridade global por ser a porta de entrada para a continuidade dos cuidados de saúde. Estudos demonstram que os indivíduos com seroestado positivo, reduzem os seus comportamentos de riscos para a transmissão de HIV. O rápido aumento do Tratamento Anti-retroviral (TARV) em Moçambique resultou em mais de 990.000 doentes a receber TARV, nas ùltimas 2 decadas, no entanto a retenção de doentes em tratamento, continua sendo um desafio para alcançar as metas do UNAIDS/ONUSIDA (Programa Conjunto das Nações Unidas para o Combate ao HIV e SIDA. Em Moçambique, a proporção de pacientes vivos e em TARV 12 meses após o início permanece abaixo de 70%.1,3 Nampula, como pertencente desta pátria, não esta de fora no tangente a prevalência de casos de HIV/SIDA assumindo a 10ª posição de prevalência de casos de HIV ao nível do Pais, pesa embora os números não constituam motivo de ignorância desta epidemia.4 Desta feita, o presente
  • 10. 2 trabalho surge com intuito de conhecer as medidas de controlo, prevenção e a epidemiologia do HIV/SIDA na comunidade de Muatala, sendo um dos bairros componentes da cidade de Nampula e também abrangido pelo programa 1E1F (Um estudante, Uma Familìa) da UniLúrio- FCS. 1.1.Revisão bibliográfica 1.1.1. Breve Historial sobre o HIV/SIDA A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) foi reconhecida pela primeira vez nos EUA no verão de 1981, quando o Center for Disease Control and Prevention (CDC) descreveu a ocorrência inexplicável de pneumonias causadas pelo Pneumocystis carinii em cinco homossexuais masculinos de Los Angeles e do Sarcoma de Kaposi em 26 homossexuais de Nova York e Los Angeles. Alguns meses depois, a doença foi detectada em usuários de drogas injectáveis de ambos os sexos, receptores de transfusão de sangue e hemofílicos. 2 Em 1983, o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) foi isolado de um paciente com Linfadenopatia e em 1984 demonstrou-se em definitivo que era o agente etiológico da SIDA. O VIH pertence à família dos retrovírus e à subfamília dos Lentivírus. O subtipo mais comum de HIV no mundo inteiro é o HIV-1. O HIV-2 foi identificado em 1986 em pacientes da África Ocidental e estava confinado àquela região. Contudo, alguns casos de HIV-2 foram diagnosticados na Europa e Américas do Norte e Sul.1,2 Inicialmente descrita como uma doença principalmente de homens homossexuais, rapidamente foi identificada em muitos outros grupos de risco e tornou-se evidente que era causada por um agente infeccioso transmitido por actividades sexuais, por via parenteral através de transfusões de sangue e uso de droga injectáveis, e de forma perinatal de mãe para filho. 3 No ano de 1993 o CDC “Center for Dissesse Controlo and Prevention” (Centro de Control de Enfermidades e prevenção) ampliou a definição de síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA) para vigilância epidemiológica e se estabelece que todo adolescente e adulto infectado por HIV que tenha evidencia clínica e laboratorial de uma imunodeficiência severa tem SIDA. Ainda no referido encontro definiu-se a Imunodeficiência severa como uma contagem absoluta de linfócitos CD4 menor de 200/mm3 ou uma percentagem de CD4 menor que 14 %. 1,2,3
  • 11. 3 1.1.2. Epidemiologia 1.1.2.1.No Mundo De acordo com dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), em 2017 cerca 36,9 milhões [31,1 milhões – 43,9 milhões] de pessoas em todo o mundo viviam com HIV/SIDA, destes, 21,7 milhões [19,1 milhões – 22,6 milhões] de pessoas tiveram acesso à terapia Anti-retroviral (TARV), com um aumento substancial de 2,3 milhões em comparação com 2016 e de 8 milhões [7,1 milhões–8,3 milhões] em comparação com 2010 e ocorreram cerca de 1,8 milhão [1,4 milhão–2,4 milhões] novas infecções pelo HIV no mesmo período. 1 940.000 [670.000–1,3 milhão] de pessoas morreram por causas relacionadas à SIDA, 77,3 milhões [59,9 milhões–100 milhões] de pessoas foram infectadas pelo HIV desde o início da epidemia, destas 35,4 Milhões [25 milhões–49,9 milhões] perderam a vida desde este período.1,4 No mesmo ano, haviam 36,9 milhões [31,1 milhões–43,9 milhões] de pessoas vivendo com HIV, das quais 35,1 milhões [29,6 milhões–41,7 milhões] eram adultos e 1,8 milhão [1,3 milhão– 2,4milhões] compunham as crianças (menores de 15 anos). 75% [55–92%] de todas as pessoas vivendo com HIV conheciam seu estado serológico positivo (a partir do teste de HIV). Cerca de 9,4 milhões de pessoas não sabiam que vivem com HIV. 3 Em 2017, 59% [44%–73%] de todas as pessoas vivendo com HIV tiveram acesso ao tratamento. 59% [44%–73%] dos adultos com 15 ou mais anos vivendo com HIV tinham acesso ao tratamento, assim como 52% [37%–70%] das crianças de 0 a 14 anos. 65% [49-80%] das mulheres com idade igual ou superior a 15 anos tiveram acesso ao tratamento de HIV, mas apenas 53% [38-66%] dos adultos do sexo masculino com 15 anos ou mais tiveram acesso ao tratamento. Ainda em 2017, 80% [61%–>95%] das mulheres grávidas vivendo com HIV tinham acesso a medicamentos anti-retrovirais para prevenir transmissão do HIV para seus bebés. 4 O número de novas infecções por HIV caiu 47% desde o pico em 1996. Em 2017, houve 1,8 milhão [1,4 milhão–2,4 milhões] de novas infecções por HIV, em comparação com 3,4 milhões [2,6 milhões–4,4 milhões] em 1996. Desde 2010, as novas infecções por HIV entre adultos caíram cerca de 16%, (de 1,9 milhão [1,5 milhão–2,5 milhões] para 1,6 milhão [1,3 milhão–2,1 milhões] em 2017). Também desde 2010, as novas infecções por HIV entre crianças diminuíram 35%, de 270.000 [170.000–400.000] em 2010 para 180.000 [110.000–260.000] em 2017. Mortes relacionadas à SIDA.1
  • 12. 4 O risco de infecção pelo HIV é: 27 vezes maior entre homens que fazem sexo com homens;.23 vezes maior entre pessoas que usam drogas injetáveis;.13 vezes maior entre profissionais do sexo;.13 vezes maior entre mulheres transsexuais. HIV/Tuberculose (TB). A tuberculose continua a ser a principal causa de morte entre pessoas vivendo com HIV. A tuberculose é responsável por cerca de uma a cada três mortes por causas relacionadas à HIV.1,2 1.1.2.2.Em África Este e o sul da África (África Subsaariana) são as regiões mais afectadas pelo Vírus HIV ao nível do mundo, constituem também o local de habitação de cerca de 6,2% de toda a população mundial, mais da metade populacional vivendo com HIV no mundo, (mais de 19 bilhões de pessoas). Em 2016 foram detectados cerca de 790 000 casos novos de HIV, correspondentes a 43% dos dados globais.4,6 A África Subsaariana contou com 1/3 (270,000) da região, com infecções por HIV em 2016. Outros 50% foram preenchidos por: Moçambique, Quénia, Zâmbia, Tanzânia, Uganda, Zimbabwe, Malawi, e Etiópia. Na mesma região, perto da metade de um milhão (420,000) de pessoas perdeu a vida por doenças associadas ao SIDA em 2016, este número caiu significativamente em relação aos óbitos ocorridos em 2010 pela mesma causa, cujo foi de 760,000.4 Na África Subsaariana, três a cada quatro novas infecções são entre meninas com idade entre 15 e 19 anos. Mulheres jovens entre 15 e 24 anos têm o dobro de probabilidade de estarem vivendo com HIV do que homens. Mais de um terço (35%) das mulheres em todo o mundo sofreram violência física e/ou sexual em algum momento de suas vidas. Em algumas regiões, as mulheres que sofrem violência são 1,5 vez mais susceptíveis a se infectarem pelo HIV. Populações-chave. Populações-chave e seus parceiros sexuais representam: 47% das novas infecções pelo HIV em todo o mundo. 95% das novas infecções pelo HIV no Leste Europeu, Ásia Central, no Oriente Médio e Norte da África.16% das novas infecções pelo HIV na África Oriental e Austral. Tentativas de despiste da progressão da epidemia, têm sido feitos com apoio central da UNISIDA/UNAIDS (Programa Conjunto das Nações Unidas para o Combate ao HIV e SIDA), têm ajudado bastante mas não suficiente para minimizar de forma cabal este mal mundial.1 Entre 2010 e 2016, as novas infecções por HIV, reduziram para 56% em crianças de 0-14 anos de idade, para 77,000. Novas infecções por HIV em Adultos, baixaram no mesmo intervalo de
  • 13. 5 tempo para 29%, com variações significativas em distintos países, com maior evidencia em Moçambique, Uganda e Zimbabwe, no entanto, na Etiópia e Madagáscar, a media anual de infecções tende a aumentar. 56% das mulheres adultas vivem com HIV, na África Austral, e 26% de mulheres jovens (entre os 15–24 anos de idade) correspondem a percentagem de novas infecções por HIV em 2016, e o despiste só beneficiou 10% da população local.6 No Médio Oriente e Sul de África, a epidemia de HIV é transmitida essencialmente por relações sexuais não protegidas e é generalizado principalmente em populações pobres, em certos grupos como trabalhadores de sexo e em Homens que tem relações sexuais com outros Homens (HSH), sendo estes o marco de índice mantido de prevalência de HIV nesta região.1 Em 2014 a UNAIDS reportou que as mulheres jovens foram o grupo alvo de abuso sexual e violência física, também sexual que outras faixas etárias das mulheres. Contudo, o Este e Sul da África também possuem altos níveis de crianças menores de idade, de casamentos prematuros e forçados. Em 2015, os casamentos na infância eram estimados em 37% nesta região, o que é apontado também como um dos veículos para a aparição de indícios de casos novos de HIV. Na Etiópia por exemplo, 14% das Mulheres casaram-se antes dos 15 anos e 40% casam-se antes dos 18 anos, portanto, são apenas alguns pontos focais que direccionam-se no sentido de explicar a origem dos altos índices de HIV, que simultaneamente descrevem a 1ª experiência sexual como forçada.1,5,6 1.1.2.3.Em Moçambique Moçambique ocupa a 8ª posição de prevalência de HIV na África, depois de Malawi e Zambia e consequemente a mesma posição ao nível do mundo. 1 A prevalência do VIH/SIDA em Moçambique subiu de 11,5% para 13,2%, entre 2009 e 2015, como indica o Inquérito mais recente divulgado pelo Ministério da Saúde, no Relatório Anual de 2017 em Abril de 2018. Persistem no entanto, comportamentos de risco, como o não uso do preservativo e a existência de relações múltiplas.3 De acordo com o IMASIDA (Inquérito de Indicadores de Imunização, Malária e HIV/SIDA em Moçambique) esta epidemia incidiu sobre a população na faixa entre os 15 aos 49 anos, sendo maior nas zonas urbanas, com 16,8%, comparativamente às zonas rurais com 11%. As mulheres são o grupo mais atingido pelo VIH/SIDA, com uma taxa de prevalência de 28,0%, sendo 15,4%
  • 14. 6 entre as mulheres das zonas urbanas e 12,6% nas zonas rurais. Entre os homens, a prevalência é de 12,3% no total, com 10,1% nas cidades, e 8,6% nas áreas rurais.3,4 Em termos de províncias, Gaza, sul de Moçambique, apresenta o nível de prevalência mais elevado, com 24,4%, seguida da província de Maputo, sul, 22,9%, e da cidade de Maputo, 16,9%. A província de Tete, centro do país, apresenta a taxa mais baixa, com 5,2%, seguida da província de Nampula, 5,7%, e da província Niassa, 7,8% como indica a Tabela 1 abaixo.4 Tabela 1. Prevalência de HIV por província (IMASIDA 2015). Percentagem de mulheres e homens de 15-59 anos de idade HIV positivo PROVÍNCIA INSIDA-2009 IMASIDA-2015 Niassa 3.7 7.8 Cabo delgado 9.4 13.8 Nampula 4.6 5.7 Zambézia 12.6 15.1 Tete 7 5.2 Manica 15.3 13.5 Sofala 15.5 16.3 Inhambane 8.6 14.1 Gaza 25.1 24.4 Maputo provincia 19.8 22.9 Maputo cidade 16.8 16.9 Fonte: IMASIDA/Relatório Anual 2017 - Ministério de Saúde -República de Moçambique.3 A prevalência tem uma relação directa com a idade, sendo que atingiu o pico na faixa etária entre 35 e 39 anos de idade, com uma taxa entre 17,5% e 23,4%, respectivamente, e uma redução nos homens e mulheres de 15 a 19 anos de idade, com taxas de 1,5% e 6,5%, respectivamente. A faixa etária entre 50 e os 59 anos regista uma taxa de prevalência entre 11,2% e12,6%, respectivamente. De acordo com o IMASIDA, a maioria dos casais moçambicanos são concordantes seronegativos, 83,3%, uma redução de 3% em comparação com os resultados do inquérito realizado em 2009.O inquérito baseou-se em entrevistas a 5.283 homens e 7.749 mulheres, em 7.169 agregados familiares, de Junho a Dezembro de 2015.3,4,6
  • 15. 7 Em relação a cobertura de TARV, no ano de 2017, há que referir que foram registados 328.071 novos inícios em TARV, sendo um total de 23.594 novos inícios em TARV pediátrico e 304.477 novos inícios em TARV para adulto. A cobertura de TARV actual em relação aos PVHIV (prevalentes em HIV) está em 54% (1.156.101), com 51% das crianças HIV+ em TARV (86.508) e 55% dos adultos HIV+ em TARV (1.069.593). A Taxa de retenção aos 12 meses de TARV é calculada em 70% em 2017. As tabelas 2 e 3 ilustram a relação de cobertura TARV em adultos e crianças: Tabela 2. Cobertura TARV (da população HIV+) por Província, 2017 Fonte: IMASIDA/Relatório Anual 2017, - Ministério de Saúde -República de Moçambique.3
  • 16. 8 Tabela 3. Cobertura TARV de Crianças HIV+ por Província, 2017 Fonte: IMASIDA/Relatório Anual 2017, - Ministério de Saúde -República de Moçambique.3 No sector de Aconselhamento e Testagem em saúde (ATS), os testes feitos aumentaram de 4.674.739 (2013) para 7.866.465 (2017), o correspondente a um incremento de 68% de testes feitos ao nível de todo o país neste intervalo, como ilustra o gráfico 1 abaixo exposto, mas também denotou-se aumento nas metas traçadas entre 2016 e 2017, devido ao aumento das metas de novos inícios em TARV, mas que não chegaram de serem alcançadas na sua totalidade por razões diversas.3,4 Para o ano 2017 a meta prevista para testagem em HIV, foi de 9.429.296 mas em todo o País foram feitos 7.866.465 testes de HIV, corresponde a 83% de cumprimento da meta anual, o que leva a concluir que a testagem em saúde no país, pesa embora tende a assumir afluência, continua sendo problema no controle epidemiológico do HIV/SIDA em todo o país.3 A província de Maputo Cidade (38%) mostra o desempenho mais baixo no cumprimento da meta anual, sendo o melhor desempenho é conferido às províncias Cabo Delgado (126%), Manica (116%), Gaza (120%) e Maputo Província (103%) para o cumprimento da meta anual de 2017. 3,4
  • 17. 9 Tabele 4. Metas e Desempenho de ATS por Província, 2017 Fonte: Relatório Anual 2017, - Ministério de Saúde -República de Moçambique3 1.1.2.4.Em Nampula A província de Nampula para o HIV/SIDA tem dados comparados de Total de 55 678 casos, correspondentes a 5,7% distribuídos em 7 749 casos em menores de 15 anos e 47 929 em maiores de 15 anos.5 Quadro 1: Prevalência de HIV/SIDA em Nampula, ano de 2017 Distrito <15 Anos >15 Anos Total Distrito de Nampula 2 417 29 553 31 970 (57,4%) HCN* 298 124 422 Angoche 303 3 187 3 490 Erati 624 8 498 9 122 (16,4%) Ilha de Moçambique 151 1 533 1 684 Lalaua 55 482 537 Larde 45 544 589 Liupo 35 70 377 Malema 177 2 415 2 592 *HCN-Hospital Central de Nampula. Os dados referentes a esta instituição estão inclusos nos dados epidemiológicos do distrito de Nampula, sendo apenas repetidos, devido a importância desta instituição de referência como um Hospital do nível quaternário e abrangente a toda a região norte do país.
  • 18. 10 Meconta 417 5073 5 490 (9,9%) Mecuburi 171 2 225 2 396 Memba 143 2 047 2 190 Mogincual 35 316 351 Mogovolas 251 3 336 3 587 Moma 621 5 461 6 082 (10,9%) Monapo 330 3 731 4 061 Mossuril 99 1 524 1 623 Muecate 269 2 835 3 104 Murrupula 209 2 502 2 711 Nacala-porto 715 4259 4 974 (8,9%) Nacala-à-Velha 146 1 579 1 725 Nacaroa 204 779 983 Rapale 175 1 933 2 108 Ribaue 157 2 098 2 255 Total 7 749 47 929 55 678 Fonte: SIS-MA, 2017/ a partir da DPS (Direcção Provincial de Saúde) de Nampula.5 Os distritos destacados possuem maior índice de casos de HIV sendo o Distrito de Nampula a liderar o índice de prevalência com 31 970 casos de HIV, correspondentes a 57,4% seguido de, Erati com 9 122 casos (16,4%), o 3ª posição é ocupada por Moma com 6 082 casos (10,9%) , depois vem Meconta com 5 490 casos (9,9%) e, de seguida vem a cidade de Nacala-Porto com um total de 4 974 casos, equivalente a 8,9% de todos os casos. 1.1.3. Etiologia Agente etiológico da SIDA - É um vírus RNA, da família Retroviridae (Retrovírus), denominado Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), Vírus envelopados, com duas copias de genoma de RNA fita simples de polaridade positive, nucleocapsideo icosaedrico, com 80-120nm de diâmetro. A sua proteina principal encontra-se no Nucleocapsídeo e é designada por p24; possue também enzimas: a Transcriptase reversa (DNA-polimerase RNAdependente), a Integrase e a Protease.7,8
  • 19. 11 Tem 2 tipos conhecidos: o HIV-1 e o HIV-2. Tanto o HIV-1 como o HIV-2 causam AIDS; entretanto, HIV-1 é encontrado em escala mundial, enquanto HIV-2 é encontrado principalmente na África Ocidental. O Vírus da Imunodeficiência Humana tipo 2 (HIV-2) foi isolado de pacientes com AIDS na África Ocidental em 1986. As proteínas de HIV-2 são apenas cerca de 40% idênticas àquelas dos isolados originais de HIV. O HIV-2 permanece restrito principalmente à África Ocidental, sendo menos transmissível que o HIV-1.2,8 Existe também o Vírus da Imunodeficiência de Símios (SIV) foi isolado de macacos com uma doença similar a AIDS. Anticorpos de algumas mulheres africanas reagem de forma cruzada com o SIV. As proteínas que SIV exibem são mais semelhantes às de HIV-2 que àquelas dos isolados originais de HIV-1.8 Reservatório - O Homem. 1.1.4. Transmissão  Transmissão Sexual:  Heterossexual - modo mais comum de infecção no mundo (sobretudo nos países em desenvolvimento);  Homossexual (sobretudo nos países desenvolvidos e nas prisões).  Transmissão por sangue e Hemoderivados:  Hemotransfusões (Hemofílicos: menos de 1% dos casos);  Hemoderivados (+/- 1% dos casos);  Transplantes;  Compartilhar utensílios de injecção - Toxicodependentes (+/- 25% dos casos).  Transmissão Materno - Fetal/Infantil ou Vertical:  In utero - via transplacentária;  Durante o parto;  Ingestão de leite materno contaminado.2,8 Período de Incubação - É o período compreendido entre a infecção pelo HIV e a fase aguda ou aparecimento de anticorpos circulantes, podendo variar de poucas semanas até 3 meses. Período de Latência - É o período compreendido entre a infecção pelo HIV e os sintomas e sinais que caracterizam a doença causada pelo HIV (AIDS). As medianas desse período estão entre 3 a 10 anos, dependendo da via de infecção.2
  • 20. 12 1.1.5. Fisiopatologia O HIV é um de dois importantes retrovírus linfotrópicos de células T humanas (o outro é o vírus da leucemia de células T humanas). O HIV infecta e mata linfócitos T (CD4) auxiliares preferencialmente, resultando em perda da imunidade mediada por células e em uma alta probabilidade de o hospedeiro desenvolver infecções oportunistas. Outras células (p.ex., macrófagos e monócitos) que apresentam proteínas CD4 em sua superfície podem também ser infectadas.2 O HIV pertence ao subgrupo de lentivírus dos retrovírus, responsáveis por infecções “lentas” com longos períodos de incubação. O HIV possui um cerne em forma de barra (tipo D) envolto por um envelope contendo glicoproteínas vírus-específicas (gp120 e gp41). O genoma do HIV consiste em duas moléculas idênticas de RNA de fita simples de polaridade positiva, sendo referido como diploide. O genoma do HIV é o mais complexo dentre os retrovírus conhecidos. Além dos três genes retrovirais típicos, gag, pol e env, que codificam as proteínas estruturais, o RNA genômico possui seis genes regulatórios. Dois desses genes regulatórios, tat e rev, são necessários à replicação, enquanto os outros quatro, nef, vif, vpr e vpu, não são requeridos para a replicação, sendo denominados genes “acessórios”.2,7,8 O gene gag codifica as proteínas internas do “cerne”, das quais a mais importante é p24, um antígeno utilizado em testes sorológicos. O gene pol codifica diversas proteínas, incluindo a “transcriptase reversa” do vírion, que sintetiza DNA utilizando o RNA genômico como molde; uma integrase, que integra o DNA viral ao DNA celular; e uma protease que cliva as diversas proteínas precursoras virais. O gene env codifica a gp160, uma glicoproteína precursora que é clivada para formar as duas glicoproteínas do envelope (superfície): gp120 e gp41.8 Com base nas diferenças da sequência de bases do gene que codifica a gp120, o HIV foi classificado em subtipos (clados) de A a I. O clado B é o subtipo mais comum na América do Norte. O subtipo “B” infecta preferencialmente células mononucleares e parece ser transmitido prontamente durante o sexo anal, enquanto o subtipo “E” infecta preferencialmente células do trato genital feminino e parece ser transmitido durante o sexo vaginal.2,8 Três enzimas estão localizadas no interior do Nucleocapsídeo do vírion: transcriptase reversa, integrase e protease. A transcriptase reversa é a DNA polimerase RNA-dependente que originou a denominação da família dos retrovírus.7
  • 21. 13 Essa enzima transcreve o genoma de RNA no DNA proviral. A transcriptase reversa é uma enzima bifuncional e também apresenta actividade de ribonuclease H. A ribonuclease H degrada o RNA quando o RNA se encontra na forma de uma molécula híbrida de RNA-DNA. A degradação do genoma de RNA viral é uma etapa essencial da síntese do DNA proviral de fita dupla. A integrase, outra importante enzima do vírion, medeia a integração do DNA proviral ao DNA da célula hospedeira. A protéase viral cliva as poliproteínas precursoras, originando polipeptídeos virais funcionais.2,7,8 Um dos genes regulatórios essenciais é o gene tat (transativação da transcrição) que codifica uma proteína que intensifica a transcrição de genes virais (e talvez celulares). A proteína Tat e outra proteína regulatória codificada pelo HIV, denominada Nef, reprimem a síntese de proteínas MHC de classe I, reduzindo, assim, a capacidade das células T citotóxicas matarem as células infectadas pelo HIV. O outro gene regulatório essencial, rev, controla a passagem do mRNA tardio do núcleo para o citoplasma.7 A proteína acessória Vif (do inglês, viralinfectivity, infectividade viral) intensifica a infectividade do HIV ao inibir a ação de APOBEC3G, enzima que causa hipermutações no DNA retroviral. APOBEC3G é a “enzima apolipoproteína B de edição do RNA” que desamina citosinas do mRNA e do DNA retroviral, inativando, assim, essas moléculas e reduzindo a infectividade. APOBEC3G é considerada um importante membro das defesas inatas do hospedeiro contra a infecção retroviral. O HIV defende-se contra essa defesa inata do hospedeiro produzindo Vif, que se contrapõe à APOBEC3G, impedindo, desse modo, a hipermutação.2 Existem vários antígenos importantes de HIV. são as glicoproteínas tipo-específicas do envelope. gp120 projeta-se a partir da superfície e interage com o receptor CD4 (e uma segunda proteína, um receptor de quimiocina) da superfície da célula. gp41 encontra-se embebida no envelope e medeia a fusão do envelope viral com a membrana celular no momento da infecção. O gene que codifica gp120 sofre mutação rapidamente, resultando em diversos variantes antigênicos. A região mais imunogênica de gp120 é denominada alça V3; essa região é um dos sítios que exibe grau significativo de variação antigénica. Anticorpos contra gp120 neutralizam a infectividade do HIV, mas o rápido surgimento de variantes de gp120 dificulta a produção de uma vacina efectiva. A elevada taxa de mutações pode ser decorrente da ausência de uma função de edição da transcriptase reversa. O antígeno grupo-específico, p24, está localizado no cerne, sendo
  • 22. 14 desconhecido se sofre variação ou não. Anticorpos contra p24 não neutralizam a infectividade de HIV, mas atuam como importantes marcadores sorológicos de infecção.8 A gama de hospedeiros naturais de HIV limita-se aos humanos, embora certos primatas possam ser infectados em laboratório. O HIV não é um vírus endógeno de humanos isto é, não são encontradas sequências de HIV no DNA da célula humana normal. A origem do HIV e o mecanismo pelo qual esse vírus foi introduzido na população humana permanecem incertos. Existem evidências de chimpanzés da África Ocidental serem a fonte de HIV-1.7 Em geral, a replicação de HIV segue o típico ciclo retroviral. A etapa inicial durante a entrada de HIV na célula consiste na ligação de gp120, a proteína do envelope do vírion, à proteína CD4 da superfície celular. A proteína gp120 do vírion então interage com uma segunda proteína da superfície celular, um dos receptores de quimiocinas. Em seguida, a proteína gp41 do vírion medeia a fusão do envelope viral com a membrana celular e o vírion penetra na célula.2 Receptores de quimiocinas, como as proteínas CXCR4 e CCR5, são requeridos para a entrada do HIV em células CD4-positivas. As linhagens de HIV com tropismo por células T ligam-se a CXCR4, enquanto as linhagens com tropismo por macrófagos ligam-se a CCR5. Mutações no gene que codifica CCR5 conferem ao indivíduo protecção contra a infecção por HIV. Indivíduos homozigotos são totalmente resistentes à infecção, e indivíduos heterozigotos progridem para a doença mais lentamente. Aproximadamente 1% dos indivíduos com ascendência da Europa Ocidental apresenta mutações homozigóticas nesse gene, e cerca de 10-15% são heterozigotos. Uma das mutações mais bem caracterizada é a mutação delta-32, em que 32 pares de bases foram deletados do gene CCR5.8 Após a desencapsidação, a DNA polimerase RNA-dependente do vírion transcreve o RNA genômico em um DNA de fita dupla, o qual é integrado ao DNA da célula hospedeira. O DNA viral pode integrar-se em diferentes sítios do DNA da célula hospedeira, bem como múltiplas cópias do DNA viral podem ser integradas. A integração é mediada por uma endonuclease (integrase) codificada pelo vírus. O mRNA viral é transcrito a partir do DNA proviral pela RNA polimerase celular, sendo traduzido em várias poliproteínas grandes. As poliproteínas Gag e Pol são clivadas pela protease codificada pelo vírus, enquanto a poliproteína Env é clivada por uma protease celular. A poliproteína Gag é clivada e origina a principal proteína do cerne (p24), a proteína de matriz (p17) e várias proteínas menores. A poliproteína Pol é clivada e origina a transcriptase reversa, a integrase e a protease. O vírion imaturo contendo as poliproteínas
  • 23. 15 precursoras é formado no citoplasma, e a clivagem pela protease viral ocorre à medida que o vírion imaturo brota através da membrana celular. Esse processo de clivagem resulta no vírion maduro e infeccioso.7,8 1.1.6. Sindromografia e Estadiamento segundo OMS Segundo a OMS a sindromografia (manifestações clinicas) referentes ao HIV é categorizada em estádios em função do grau de acometimento da doença ao paciente:  Estadio Ι  Assintomático ou Linfadenopatia generalizada persistente;  Estadio II  Perda de peso moderada e sem motivo aparente ( <10% do peso corporal).  Infecções recorrentes do trato respiratório (sinusite, bronquite, faringite, otite média, etc.).  Herpes zóster;  Queilite angular;  Ulcerações orais recorrentes;  Manifestações cutâneas pápulo-pruriginosas;  Dermatite seborreica;  Onicomicoses;  Leucoplasia oral venosa.2,8  Estadio Ι Ι Ι Condição em que o diagnóstico presuntivo pode ser feito com base em sinais clínicos ou investigações simples, neste estadio ocorre:  Perda de peso grave ( >10% do peso corporal ).  Diarreia crónica sem causa aparente há mais de um mês.  Febre sem causa aparente há mais de um mês.  Candidíase oral.  TB diagnosticada nos últimos 2 anos.  Infecções bacterianas graves (pneumonias, empiemas, infecções ósseas ou articulares, meningites, bacteremias, etc.).
  • 24. 16  Leucoplasia pilosa oral.  Gengivite, periodontite ou estomatite necrotizante aguda.  Anemia (<8g/dL) e/ou neutropenia (<500/mm³) e/ou trombocitopenia (50.000/mm³) sem causa aparente há mais de um mês.2,7  Estadio Ι V Condições em que o diagnóstico presuntivo pode ser feito com base em sinais clínicos ou investigações simples, nesta fase ocorrem eventos definidores da SIDA:  Caquexia;  Pneumocistose pulmonar;  Pneumonia bacteriana grave recorrente;  Herpes simplex ( orolabial, genital ou anorrectal ) há mais de 1 mês;  Candidíase esofágica;  Tuberculose extra pulmonar;  Sarcoma de Kaposi;  Toxoplasmose cerebral;  Encefalopatia pelo HIV;  Criptococcose extra pulmonar incluindo meningite;  Micobacteriose não tuberculosa disseminada;  Leucoencefalopatia multifocal progressiva;  Candidíase da traqueia, bronquios ou pulmões;  Criptosporidíase;  Isosporíase;  Infecção visceral por herpes simplex;  Citomegalovirose (retinite ou outro órgão como fígado, baço ou linfonodo);  Qualquer micose disseminada (p.ex.: histoplasmose, coccidioidomicose, peniciliose);  Septicemia recorrente por salmonela não typhi;  Linfoma (cerebral ou Células B não Hodgkin);  Carcinoma cervical invasivo;  Leishmaniose visceral.2
  • 25. 17 1.1.7. Factores de Risco  Parceiros sexuais múltiplos (concomitantes): Em Moçambique, diversos estudos e relatórios visavam os parceiros múltiplos, e por vezes concomitantes (tendo dois ou mais parceiros sexuais simultaneamente). A frequência reportada foi de 2-26% nas mulheres sexualmente activas e 17-55% nos homens sexualmente activos. 1,2,3  Fraca utilização do preservativo: O uso consistente do preservativo é mais elevado nos parceiros não-regulares do que nos parceiros regulares. Os indicadores de actos sexuais não protegidos são mais altos entre os jovens. A situação da fraca disponibilidade do preservativo feminino coloca a mulher em maior desvantagem.3,4  Mobilidade e o trabalho migratório O emigrante, prevalentemente homem, normalmente não tem condições para levar consigo a sua família e, criar outras relações nos locais de passagem e ou trabalho. Entretanto, e por razões similares, a mulher do emigrante também tende a desenvolver novas relações.2 A prevalência mais elevada do HIV em mulheres grávidas foi encontrada nos corredores de alta mobilidade, nomeadamente Lichinga-Pemba, Corredor de Nacala, Quelimane-Milange, Corredor da Beira, Chokwe-Chicualacuala, Chokwe-Xai-Xai-Maputo e corredor de Maputo. Os níveis da prevalência do HIV nas diferentes regiões de Moçambique reflectem os níveis da epidemia nos países vizinhos. Um condutor importante são os parceiros múltiplos associados com a migração de longo e curto prazos.5  Factores sócio-culturais Factores sócio-culturais influenciam de formas diferentes o risco e a vulnerabilidade à infecção pelo HIV, em particular, para as mulheres: A forma como a sociedade constrói a identidade e sexualidade feminina e masculina, bem como o estatuto social da mulher contribuem para vulnerabilidade ao HIV/SIDA. Por exemplo:  Os rituais de purificação sexual da viúva,  Tratamentos nos curandeiros que envolvem o sexo desprotegido, entre outros.6
  • 26. 18  Relações sexuais entre pessoas de gerações diferentes e relações transaccionais: O sexo transaccional é a transferência de dinheiro, presentes ou favores por sexo. O relatório denominado “Milking the Cow” afirma que as jovens no centro de Maputo têm sexo transaccional com o seu amante muitas vezes mais velho, sendo também frequente a prática de sexo comercial sem uso do preservativo.4  Níveis baixos de circuncisão masculina No que concerne aos hábitos culturais, religiosos e a prática da circuncisão masculina, apesar dos elevados níveis de comportamentos de risco, a prevalência do HIV nas mulheres grávidas permanece mais baixa nas zonas com elevada circuncisão. Nas três províncias da região Norte: Cabo Delgado, Nampula e Niassa assim como na província de Inhambane no Sul do país, a proporção de pessoas submetidas à circuncisão está acima de três em cada quatro homens e nestas quatro províncias as taxas de seroprevalência são também mais baixas. 3,4,6 Por outro lado, as províncias de Gaza, Manica, Sofala, Tete e Zambézia têm baixos níveis de circuncisão (<50%) e todas, têm registado elevadas taxas de seroprevalência do HIV. Esta constatação corrobora com a e vidência internacional que sustenta que homens submetidos à circuncisão têm menos risco de contrair o HIV numa proporção de 60% quando comparados aos homens não submetidos a circuncisão.  Pobreza e desenvolvimento social Os jovens constituem parte considerável da população mais exposta ao risco de infecção, sendo a taxa de prevalência do HIV mais alta na faixa etária entre 20 e 24 anos (18.3%). Cerca de metade dos jovens moçambicanos são sexualmente activos antes de atingirem os 16 anos de idade. As mulheres em Moçambique constituem cerca de 52% da população total, 72.2% das quais vivem em zonas rurais, com indicadores de desenvolvimento humano extremamente baixos (tais como a taxa de analfabetismo de cerca de 68%).3  Insegurança alimentar A insegurança alimentar tem contribuído para o risco e vulnerabilidade dos indivíduos, especialmente crianças, adolescentes, em particular as do sexo feminino. A insegurança alimentar pode surgir da incapacidade dos indivíduos e agregados familiares (AFs) em produzir alimentos em quantidade suficiente, e da incapacidade dos mesmos em comprar alimentos. Na
  • 27. 19 falta deste e a procura de meios de sobrevivência implica comportamentos de risco como o envolvimento em sexo transaccional, aumento do sexo intergeracional ligados ao uso inconsistente de preservativos.3,4  Discriminação e estigma A marginalização e estigmatização das populações em maior risco. As populações que estão em maior risco de infecção incluem homens e mulheres reclusos, crianças de rua, trabalhadores de sexo, seus clientes e parceiros, usuários de drogas injectáveis e seus parceiros, parceiros de pessoas que vivem com o HIV (PVH) e homens que fazem sexo com homens. Alguns destes grupos populacionais têm dificuldades de ter acesso aos cuidados de saúde e a prevenção do HIV, que sejam orientados para responder às suas necessidades específicas, geralmente devido à negação e ao estigma.1  Disparidade de género A disparidade de género é um dos maiores desafios e uma barreira crítica para o acesso e utilização dos serviços de cuidados e tratamento, em contextos com normas sócio-culturais que reduzem o poder das mulheres para negociar o sexo seguro. Um recente inquérito indica que 55% dos homens e 52% das mulheres não reconhecem o direito das mulheres de recusar sexo aos seus maridos ou namorados.1,6  Acesso aos serviços Em Moçambique o acesso aos serviços públicos tem vindo a melhorar apesar de permanecerem importantes disparidades entre os grupos sociais baseadas nos níveis de rendimento, entre diferentes regiões, entre a área rural e urbana.3  Outros Factores de risco: Idade, Sexo, Grupo de risco, Estilo de vida, Tipo de prática sexual, Transfusões de sangue nos últimos cinco anos e Ser preso por mais de um mês em ambiente promíscuo ou se é profissional de saúde.7 1.1.8. Factores Protectores  Uso consistente do preservativo nas relações sexuais;
  • 28. 20  Biossegurança, principalmente para os profissionais de saúde e cuidados adequados na prática clínica;  Circuncisão Masculina.1,2,5,7,8 1.1.9. Prevenção A prevenção consiste na adopção de medidas para evitar a exposição ao vírus, por exemplo, uso de preservativos, não compartilhamento de agulhas e descarte do sangue doado contaminado por HIV. A profilaxia pós-exposição, como aquela administrada após um ferimento com agulha, consiste em Zidovudina, Lamivudina e um inibidor de Protease, como Indinavir. Dois procedimentos podem ser adoptados para reduzir o número de casos de infecção por HIV em crianças: ZDV ou Nevirapina devem ser administradas perinatalmente às mães infectadas por HIV e aos neonatos, e mães infectadas por HIV não devem amamentar. Além disso, o risco de infecção neonatal por HIV é reduzido quando o parto é realizado por cesariana, ao invés de parto vaginal. 2,8 A circuncisão reduz a infecção por HIV. Vários fármacos são habitualmente administrados a pacientes nos estágios avançados da AIDS para prevenir certas infecções oportunistas. Alguns exemplos são Trimetoprim-Sulfametoxazol para prevenir a pneumonia por Pneumocystis, Fluconazol para prevenir recorrências de meningite criptocóccica, Ganciclovir para prevenir recorrências de retinite causada por Citomegalovírus, e preparações orais de fármacos antifúngicos, como Clotrimazol, para prevenir aftas causadas por Cândida albicans.7  Abstinência;  Usar preservativos;  Higiene adequada após a prática sexual (lavagem com água e sabão …).  Evitar sexo anal, principalmente com grupos de risco.  Para viciados em drogas injectáveis, usar seringa descartável.  Nos bancos de sangue evitar o uso de sangues seropositivos para HIV/SIDA.  Os profissionais de saúde (médicos, dentistas, enfermeiros, técnicos de laboratório) devem adoptar medidas que evitem a contaminação.1,2,3,4,7,8
  • 29. 21 1.2.Problematização No mundo, o HIV/SIDA continua sendo uma das causas de morbimortalidade, dados da OMS, através da ONUSIDA, indicam que cerca de 940.000 pessoas morreram por causas relacionadas à SIDA em 2017, e cerca de 77,3 milhões de pessoas foram infectadas pelo HIV desde o início da epidemia e destas, 35,4 Milhões de pessoas obitaram por causas relacionadas à AIDS desde o início da epidemia. Pesa embora a incidência de infecções por HIV tenha caído na ordem de 47% desde o seu pico em 1996, no ano de 2017, houve 1,8 milhão de novas infecções por HIV, em comparação com 3,4 milhões.1 Na África, concretamente na região do médio oriente e na África Subsaariana, questões relativas ao género, pobreza entre outras continuam a perpetuar os índices mais elevados de HIV/SIDA, as mulheres jovens de idade compreendida entre os 15-24 anos de idade, constituem o grupo mais afecto pelo HIV desde 2016, cuja prevalência dobrou a dos jovens homens na região, sendo de 3.4% comparada à 1.6% dos jovens homens.1,4 Aqui, a epidemia de HIV é transmitida essencialmente por relações sexuais desprotegidas e é generalizado principalmente em populações pobres, em certos grupos como trabalhadores de sexo e em Homens que tem relações sexuais com outros Homens (HSH), sendo estes o marco de índice mantido de prevalência de HIV nesta região e em utentes de Drogas injectáveis por partilha de seringas e/ou agulhas.4 Em Moçambique, HIV/SIDA constitui a epidemia que afecta maior parte da população em quase todas as faixas etárias. Segundo o IMASIDA (Inquérito de Indicadores de Imunização, Malária e HIV/SIDA em Moçambique), através do Relatório Anual sobre o HIV em 2017 do MISAU (Ministério de Saúde) em Moçambique, a prevalência actual de HIV em crianças menores de 15 anos é de 86 508 casos, 1 069 593 em indivíduos com idade superior a 15 anos, totalizando assim 1 156 101 casos prevalentes de VIH/SIDA.3,4 A província de Nampula contribui para este número, com um total de 55 678 casos, correspondentes a 5,7% distribuídos em 7 749 casos em menores de 15 anos e 47 929 em maiores de 15 anos. Destes casos, o distrito ou cidade de Nampula, contribui com maior prevalência de 31 970 casos, equivalentes à 57,4%, sendo também inclusa a comunidade de Muatala nesta urbe, segundo dados do SIS-MA (Sistema de Informação em Saúde para Monitoria e Avaliação) através DPS (Direcção Provincial de Saúde) em Nampula, 2017/2018.5
  • 30. 22 Apesar dos dados acima exorbitantes, o governo no sentido de retardar o acometimento, desta epidemia de que todo o Moçambique teme, intervê através do PNC ITSHIV/SIDA (Programa Nacional de Combate as ITS e HIV/SIDA), na gestão dos serviços de saúde relacionados ao HIV. A sua missão é de coordenar, regulamentar e prestar cuidados e tratamento às pessoas vivendo com HIV para tal, entre outras acções, o PNC ITSHIV/SIDA tem agido ao nível das seguintes componentes sendo: 1) ATS (Aconselhamento e Testagem em Saúde; 2) ITS (Infecções de Transmissão Sexual); 3) Cuidados Clínicos e TARV Adulto; 4) Cuidados Clínicos e TARV Pediátrico; 5) APSS/PP (Apoio Psicossocial); 6) Tuberculose/HIV e outras infecções oportunistas; 7) Melhoria de Qualidade; 8) Monitoria e Avaliação; e 9) População Chave, bem como no traçamento de políticas com vista a reduzir ao máximo os indícios do HIV, através de diversos meios de comunicação.3,4 Contudo, a comunidade moçambicana, a de Nampula e a de Muatala em particular, tem de alguma forma beneficiado das acções e informações veiculadas por este programa, bem como por outros serviços do MISAU, no entanto, a prevalência dos casos de HIV/SIDA ao nível da cidade de Nampula ainda é superior que a dos outros distritos (5 vezes superior ao 2º distrito mais prevalente). Diante desta “desordem” toda coloca-se a seguinte pergunta de pesquisa. De que forma a comunidade de Muatala adere ao controlo epidemiológico do HIV/SIDA? 1.3.Justificativa e Relevância A SIDA é a maior causa de mortes na África subsaariana e é a quarta maior causa de morte no mundo todo. A expectativa média de vida na África subsaariana até 2010 era de 47 anos; poderia ser de 62 anos sem a SIDA. A expectativa de vida ao nascer Em Botsuana caiu para um nível jamais visto nesse país desde a década de 1950. Mesmo no Haiti, a expectativa de vida é perto de seis anos menor do que poderia na ausência da SIDA.1,2 Na Ásia, o Camboja apresentou uma redução de quatro anos na expectativa de vida. Os níveis actuais de prevalência do HIV indicam a grande probabilidade de ser infectado pela SIDA durante a vida. Em Lesoto, a estimativa é de que uma pessoa de 15 anos apresente 74% de chance de ser infectada com HIV até o seu quinquagésimo aniversário. De acordo com um relatório da OMS a quanto do HIV, espera-se que a AIDS seja responsável por um declínio na expectativa de vida em 51 países no decorrer dos próximos 20 anos. 2
  • 31. 23 Sete nações na África subsaariana possuem uma expectativa de vida menor que 40 anos, e esse número irá aumentar em 11 países no decorrer dos próximos sete anos. O declínio das expectativas de vida logo alcançou níveis jamais vistos desde o século XIX. No Zimbabué e na África do Sul, a taxa de mortalidade infantil é maior do que em 1990. Cinco nações africanas tiveram mais mortes que nascimentos em 20l0, com o resultante decréscimo de suas populações. A expectativa de vida poderá cair para apenas 27 anos em Botswana e Moçambique nos próximos oito anos, e na Suazilândia a expectativa de vida será estimada em 33 anos. No Zimbabué, Zâmbia e Namíbia a expectativa de vida será de 34 anos. Em contrapartida, a expectativa de vida geral na África, na ausência da AIDS, seria de 70 anos até 2010.1,2,4 Em Moçambique, no sentido de combater as consequências desastrosas deste mal criou-se em 2001, pelo MISAU, o PNC ITSHIV/SIDA (Programa Nacional de Controle das ITS e HIV/SIDA), que dentre os vários objectivos que o levaram a sua criação, destacam-se: a prevenção da transmissão vertical de HIV, o Aconselhamento e Testagem de HIV, a Circuncisão masculina, Aceleração da Resposta ao HIV SIDA, a redução da mortalidade em pacientes com co-infecção HIV, o aumento a taxa de detecção de crianças infectadas pelo HIV, aumento do acesso a serviços TARV para mulheres grávidas seropositivas entre outros objectivos, tendo sido implementadas diversas estratégias para alcançar os tais objectivos traçados, mas desde lá até então os indícios de seropositividade tendem a ainda a aumentar.3,4,5 Contudo, no sentido de aferir as possíveis razões que levam a esta não alteração dos factos, apesar dos aparentes esforços no sector de saúde do país, principalmente, destaca-se a importância da realização deste estudo de modo a averiguar até que ponto, as populações aderem às medidas preventivas e terapêuticas contra a aparição e/ou evolução em complicações concomitantes desta enfermidade, também designada de doença do Século, achegadas de diversos meios pelo MISAU em coordenação com o PNC ITSHIV/SIDA, de modo concreto na população da comunidade de Muatala abrangida pelo programa 1E1F. 1.4.Objectivos Objectivo geral:  Conhecer as medidas de controle, prevenção e a epidemiologia do HIV/SIDA na comunidade de Muatala. Objectivos específicos:
  • 32. 24  Avaliar o nível de conhecimento e concepção da comunidade em relação a doença;  Descrever os métodos preventivos adoptados pela comunidade no combate contra o HIV;  Aferir o conhecimento das famílias em relação ao seu estado serológicos. 2. Metódos 2.1.Unidade de Observação O estudo foi realizado nas famílias abrangidas pelo programa 1E1F dos estudantes que estevam no Semestre V do curso de licenciatura em ciências de saúde ministradas pela FCS da Universidade Lúrio no presente ano de 2019 fazendo a cadeira de Saúde da Comunidade V, na Comunidade de Muatala, sita nas periferias da cidade de Nampula. 2.2.Tipo de estudo a) Do ponto de vista da sua natureza No que concerne a sua natureza, o estudo é de natureza Básica pois visa gerar novos conhecimentos/factos relativos ao HIV/SIDA na comunidade em estudo, investigando os fenómenos e os factos já conhecidos (universais), sobre o assunto de modo a apurar aspectos científicos específicos consensuais e originais em relação a esta enfermidade na população que será estudada. b) Do ponto de vista de seus Objectivos. No referente aos objectivos do estudo, há que enfatizar que este é do tipo Observacional, Descritivo e Transversal. c) Do ponto de vista dos procedimentos técnicos O estudo é de campo, pois este envolveu a interrogação directa às famílias pertencentes ao programa 1E1F cujo comportamento ou concepção relativo ao HIV/SIDA desejou-se conhecer através de da aplicação dos meios e instrumentos de pesquisa diversificados de modo que tenhamos uma resposta da hipótese, que queremos comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenómenos ou as relações a cerca do mesmo assunto. Em geral, aqui procedeu-se solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas da comunidade referida acerca do problema já
  • 33. 25 enfatizado, para, em seguida, mediante análise quantitativa, obtermos as conclusões correspondentes aos dados colectados. d) Do ponto de vista da forma de abordagem do problema Será um estudo de abordagem mista quantitativa, pois os dados colectados foram mensurados e quantificados a partir de análises estatísticas, o que significa que irão se traduzir em números, as opiniões e informações dadas em relação ao HIV/SIDA para classificá-las e analisá-las, isso no concernente a componente quantitativa. 2.3.Universo do estudo, Amostra e Amostragem A população-alvo do estudo foi composta por pouco mais de 170 famílias com representatividade de um membro por família, pertencente ao programa 1E1F da FCS, dos 30 grupos de estudantes do semestre V da cadeira de Saúde da Comunidade V no ano de 2019, com uma representatividade de um individuo por família estudada. Portanto, a Amostra é igual ao universo/população em estudo, o que coere dizer que a técnica de amostragem aqui aplicada é Não-probabilística, não intencional, pelo facto de a eleição dos elementos não depender da probabilidade nem de fórmulas probabilísticas, se não das causas relacionadas com as características escolhidas pelo investigador que, portanto, neste caso são a pertença às famílias abrangidas pelo programa. 2.4.Variáveis 2.4.1. Qualitativas  Sexo;  Ocupação;  Estado civil;  Concepção subjectiva sobre o HIV;  Testagem de HIV;  Conhecimento sobre o próprio estado serológico;  Uso do Preservativo;  Abstinência;  Fidelidade;  Circuncisão Masculina;  Administração injectável de Drogas;  Ser ou ter sido prisioneiro;  Transfusão sanguínea.
  • 34. 32 2.4.2. Quantitativas  Idade;  Nível de escolaridade; 2.5.Critérios de participação 2.5.1. Critérios de Inclusão Foram inclusos no presente estudo, indivíduos maiores de 18 anos que fazem parte das famílias pertencentes ao programa, 1E1F da UniLúrio-FCS, dos estudantes do semestre V fazendo a cadeira Saúde da Comunidade V. 2.5.2. Critérios de Exclusão Foram excluídos do estudo, todos os indivíduos que não estiverem em condições de fornecer informações durante a colecta de dados tais como: apresentarem-se em Estado de embriagues, Dementes e os que manifestaram-se ausentes. 2.6.Técnicas e instrumentos para a recolha de dados 2.6.1. Técnicas  Questionário estruturado com perguntas fechadas. 2.6.2. Instrumentos  Lápis;  Caneta;  Borracha;  Bloco de Nota. 2.7.Processamento, Análise e Tratamento de Dados O processamento primário dos dados foi feito com auxílio do Microsoft Excel 2010, de modo a facilitar a introdução dos dados e respectiva elaboração de tabelas e gráficos de frequência, já a análise estatística foi feita com ajuda do programa SPSS 20.0 que ajudou no co-relacionamento dos dados em respectivas variáveis.
  • 35. 32 2.8.Questões éticas Antes de qualquer intervenção por parte do corpo investigador (estudantes), realizou-se em cada uma a todas as famílias-alvo do estudo, uma explicação sumária a quanto do intento do estudo e a importância do mesmo, garantindo o posicionamento autónomo de disponibilidade e confidencialidade dos dados que serão obtidos. Foram respeitadas todas as normas bioéticas sugeridas pela declaração de Helsínquia para pesquisas envolvendo seres humanos. 3. Resultados Factores de contexto: Em termos de constrangimentos que podem ter cursado com o possível enviesamento do presente estudo, foi a perda e exclusão de 83 questionários devido a insuficiência dos dados preenchidos. Para o estudo em causa, foram inquiridos um total de 87 representantes das famílias abrangidas pelo programa IEIF, destes, perfizeram um total de 57 homens correspondente a 66% e 30 mulheres (34%). Destes 87 indivíduos inquiridos, 10 tem o nível superior feito, 27, nível secundário, 35 nível primário e 15 destes não tem grau de escolaridade algum, o que ilustra um evidente factor de risco para o HIV. O gráfico 1 abaixo, ilustra a distribuição do Nível de escolaridade Gráfico 1: Nível de escolaridade dos inquiridos Fonte: Estudantes de Medicina, 2019. Dos nossos inquiridos, cerca de 54 indivíduos, estão na faixa de 24 a 50 anos de idade, 21 no intervalo dos 18-25 anos e 12 com idade igual ou superior a 50 Anos de idade, o que vale 15 35 27 10 Nenhum Primário Secundário Superior NÍVEL DE ESCOLARIDADE
  • 36. 33 interpretar a existência maioritária de indivíduos de idade média ao nível das famílias pertencentes a este programa a este nível. Ilustra-se este facto, no gráfico 2. Gráfico 2: Idades dos inqueridos Fonte: Estudantes de Medicina, 2019. A comunidade de Muatala, onde fez-se o presente estudo, constatou-se que 55% dos inquiridos são solteiros, 5% são viúvos e 40% corresponde aos casados. O gráfico 3 abaixo destaca esta verdade: Gráfico 3: Estado civil dos inqueridos Fonte: Estudantes de Medicina, 2019. Em termos de ocupação diária dos inquiridos, 40 (correspondentes a 46%) referiram ser domésticos, o que vale dizer que apenas ocupam-se de actividades diárias caseiras e monitoração da família, na sua maioria mulheres, 10 (11,5%) são funcionários do sector público, 2 do sector privado (2,3%), 21 (24,1%) de conta própria, 7 (8,05%) são estudantes, 7 (8,05%) são desempregados. 21 54 12 0 10 20 30 40 50 60 [18;25[ ]25;50[ >=50 INQUERIDOS INTERVALOS DE IDADES IDADES DOS INQUERIDOS Solteiro 55% Casado 40% Viúvo 5% ESTADO CIVIL DOS INQUERIDOS
  • 37. 34 Gráfico 4: Ocupação dos inqueridos Fonte: Estudantes de Medicina, 2019. Destes inquiridos e entrevistados, 64 reconhecem HIV/SIDA como doença apenas sexualmente transmitida, 13 afirmam ser uma doença causada por vírus, 6 afirmam ser doença infecciosa, 3 como uma doença mortífera e apenas 1 inquirido desconhece a doença na sua totalidade. A Tabela 5 abaixo ilustra de forma detalhada o facto.1,2 Tabela 5: Conhecimento sobre VIH/SIDA Se sim, o que é? TOTAL Doença causado por vírus Doença transmitida por relações sexuais Doença infeccios a Doenç a que mata muito Já ouviu falar de VIH/SIDA? Sim 13 64 6 3 86 Não 0 0 0 0 1 TOTAL 13 64 6 3 87 Fonte: Estudantes de Medicina, 2019. Do total de 87 inquiridos e entrevistados no presente estudo, demostrou uma maior abrangência no tangente aos meios pelos quais estes tiveram a informação sobre o HIV/SIDA, a Rádio e outros meios como Agentes comunitários; por meio de palestras nos centros de saúde; pela internet, familiares e amigos, constituem maiores fontes de informação sobre esta doença na comunidade em estudo, seguido da Televisão e depois ao Jornal. Houve muita miscelânea de 40 10 2 7 21 7 0 10 20 30 40 50 Ocupação dos inqueridos
  • 38. 35 fontes de informação, 20 indivíduos tiveram informação a partir de Jornal, TV, tanto a de outros meios, 7 tiveram informação só a partir da Rádio, TV e Jornal, 23 (TV e Rádio), 25 (Rádio e TV), 11 (Rádio e Jornal), 9 (Jornal e TV) e apenas 3 só ouviram a partir da Rádio. O Gráfico 6 abaixo, ilustra a reunião de total de indivíduos em cada uma das fontes de informação: Gráfico 5: Meio de obtenção de informação sobre VIH/SIDA Fonte: Estudantes de Medicina, 2019. Das 87 famílias inquiridas, representadas por 1 indivíduo por família, 69 afirmaram ter feito o teste de VIH em algum momento da vida e 18 afirmaram nunca terem feito. Ao grupo de indivíduos com teste de VIH feito, houve maior divergência no concernente ao período de realização do último teste, 14 indivíduos afirmaram ter feito o teste a menos de 3 meses, 16 no período compreendido entre 3-6 meses e 37 a mais de um ano, o que revelou uma tendência fraca da testagem em saúde no período compreendido entre 3 em 3 meses, como ilustra a Tabela 2 seguinte: Tabela 6: Realização de teste de VIH Se sim, há quanto tempo? Menos de 3 meses Entre 3 a 6 meses Há 1 ano ou mais. TOTAL Alguma vez fez o teste de VIH? Sim 14 16 37 69 Não 0 0 0 18 49 41 23 62 0 10 20 30 40 50 60 70 Rádio Televisão Jornal Outros Meio de obtenção de informação
  • 39. 36 TOTAL 14 16 37 87 Fonte: Estudantes de Medicina, 2019. No concernente ao Conhecimento sobre as formas de transmissão de VIH/SIDA, Baumann, et al, 2017., e UNAIDS, 2017 referem que o conhecimento das vias de transmissão do HIV, é o 1º estágio para o controlo epidemiológico adequado do HIV/SIDA, não conhecendo, seria como “ter uma morte a partir de um tiro perdido”. No presente estudo, denotou-se que do total de 87 inquiridos, 15 (17%) negaram conhecer alguma via ou forma de transmissão do HIV e os restantes 72 (83%) afirmaram conhecer a via sexual como meio de transmissão do HIV, que constitui a partir deste estudo, a forma de transmissão mais conhecida pois, todos os que afirmaram conhecer forma alguma de transmissão, mencionaram o sexo desprotegido. Dos 72, 27 referiram conhecer também a transmissão por manuseio de objectos perfuro-cortantes somado a 20 outros que referem este meio e outros ainda (fazendo um total de 47 inquiridos conhecendo o manuseio de objectos cortantes como forma de transmissão de HIV), 16 refere a via materno- infantil mas, destes 10 conhece também outras vias e um total de 43 inquiridos mencionou outras vias de transmissão, como a transfusão sanguínea entre outras.1,2 A tabela 3 abaixo, ilustra esse facto. Tabela 7: Conhecimento sobre as formas de transmissão de VIH/SIDA Se sim, quais são? Via sexual Por manuseio de objectos perfuro- cortantes Via materno- infantil Outras Conhece as formas de transmissão de VIH/SIDA? Sim 72 47 16 43 Não 15 Fonte: Estudantes de Medicina, 2019. Dos 87, 17 inquiridos negam conhecer alguma forma de prevenção do vírus e os 70 restantes distribuíram-se mensurando algumas das medidas de prevenção da infecção pelo HIV. Uma forma de prevenção pode ser conhecida pela maioria ou todos que afirmaram conhecê-las, como é o caso da Abstinência referida por todos os inquiridos, a tabela 4 ilustra o facto.
  • 40. 37 Tabela 8: Conhecimento sobre as formas de prevenção Se sim, quais são? Abstinência Fidelidade Uso de preservativo Outrasa Sabe como se prevenir de VIH/SIDA? Sim 70 47 16 43 Não 17 Fonte: Estudantes de Medicina, 2019. 4. Análise e Discussão dos Resultados O gráfico 1, ilustra o quão é baixa escolarização populacional naquela comunidade, o que de igual modo traduz o baixo nível de conhecimento sobre a doença, consequentemente um factor de risco para a prevenção da mesma, isto coere com UNAIDS, 20191 e Baumann, et al, 20172 sobre a influencia do nível de escolaridade no conhecimento de doenças como o HIV. A partir do gráfico 2 é possível apurar a existência maioritária de indivíduos de idade média ao nível das famílias pertencentes a este programa a este nível, o que é corroborativo com a afirmação concludente do Relatório Anual das Actividades Relacionadas ao HIV/SIDA 2017 3 e Relatório de Casos de HIV/SIDA 2017-2018. Nampula (2018) 5 , pois, ambos afirmam ser a idade jovem média a mais populosa no Moçambique e consequentemente, é a que possui um maior indice de HIV/SIDA em Moçambique. No que tange ao estado civil dos inquiridos, Baumann, 20172 , dos Santos, 20157 , Levison, 20168 ., concluem em trabalhos e obras diferentes que, o viver em estado solteiro é um factor de risco para a contracção do vírus HIV, aumento de incidência de casos e de igual modo da prevalência dos mesmos e curiosamente para a comunidade de Muatala, apresenta mais de metade da população (concretamente as famílias abrangidas pelo programa 1E1F) em estado civil solteiro. O que significa segundo os autores ora citados, a existência de risco elevado de contrair o HIV, ou mesmo, serem HIV positivos e de forma denegridora estarem a contribuir para a disseminação da doença em caso de positivos. Em termos de ocupação, ilustrada no gráfico 4, denota-se uma percentagem maioritária de desempregados. O Conselho Nacional de Combate ao SIDA em Moçambique, no seu Relatório
  • 41. 38 do Progresso, de 2016, no âmbito da Resposta Global ao SIDA, conclui de forma similar ao Inquérito do MISAU da Agência Lusa de 2017 e à UNAIDS, 2019 que, o desemprego e a pobreza é um factor de risco motivador para a prática de acções contundentes ao aumento da taxa de incidência, do HIV, e neste estudo, mais uma vez, denota-se uma margem de 47 inquiridos (48,05%) (somadas as percentagens dos domésticos e desempregados) pertencentes ao grupo de risco para a infecção do HIV como referem as epigrafadas fontes.1,4,6 Os inquiridos referiram-se de várias fontes de informação (gráfico 5) sobre a doença desde a Televisão, Rádio, Jornal e outros meios em proporções extremamente consideráveis. Este aspecto coere de forma inequívoca com o Conselho Nacional de Combate ao SIDA em Moçambique, no seu Relatório do Progresso, de 2016, no âmbito da Resposta Global ao SIDA, a quanto do impacto positivo que os diversos meios de comunicação em Saúde concretamente em matéria de HIV/SIDA tem na difusão de informação que de certo modo contribui no controlo epidemiológico da pandemia.6 No referente ao factor conhecimento da doença, o gráfico 6 somente ilustra a existência de apenas 1 individuo que desconhece a doença na sua plenitude, isto contradiz, a afirmação da UNAIDS, 20191 e Baumann, et al, 20172 sobre a influencia do nível de escolaridade no conhecimento de doenças como o HIV, pois, denota-se assim, que apesar do nível de escolaridade baixo na maioria populacional anteriormente referida, apenas 1 inquirido é desconhece o HIV na sua totalidade, pois há fontes varias de disseminação da Informação.1,2 Em termos de testagem em saúde, o estudo revelou uma baixa afluência na população em estudo, aos serviços de ATS em frequência e período, contrasta com o Relatório Anual das Actividades Relacionadas ao HIV/SIDA 2017 do MISAU levado a cabo pelo IMASIDA, cujo referiu ser a zona norte que maior aflui nos serviços de Aconselhamento e Testagem em Saúde e que contribui com maior percentagem na concretização das metas anuais de testagem ao nível nacional.3 Conhecendo as formas de transmissão é fácil prevenir-se do HIV, a tabela 4 acima ilustra a distribuição sobre o conhecimento das formas de prevenção da infecção pelo HIV, onde mais de 60% dos inquiridos, mensurou os diversificados meios de prevenção do vírus. Este resultado também contrasta com a UNAIDS, 2019 que afirmou já haver um aumento das medidas de prevenção do HIV e consequente controlo epidemiológico ao nível da região subsaariana de África1 .
  • 42. 39 2. Conclusão As medidas de controle, prevenção e a epidemiologia do HIV/SIDA na comunidade de Muatala, apesar de mínimas que sejam, centralizam-se primeiro, no conhecimento da doença em si, nas formas de prevenção e transmissão, pois uma percentagem superior a 60% das famílias inquiridas conhece a doença, e a comunidade tem ainda a vantagem de possuir meios de difusão de informação bem como, fontes orais entre outras que contribuem para o controlo epidemiológico das infecções por HIV. Portanto a comunidade possui um nível de conhecimento da doença bastante aceitável, a comunidade adopta a circuncisão masculina, como um dos métodos de prevenção essencialmente importante na prevenção do HIV e o não consumo de drogas (dados relevantes, mas que não demostraram pertinência de serem apresentados graficamente devido a absoluta positiva afirmação das famílias de Muatala neste âmbito). No entanto, a contribuição para o conhecimento e controlo epidemiológico do VIH/SIDA nesta comunidade, vê-se inabsoluta e comprometida pelo facto das famílias possuírem um fraco afluente no tangente aos serviços de testagem em saúde, que constitui o ponto número 1 para evitar uma maior incidência de casos e consequente mortalidade. Como referido nos dados, apenas 12% (14 inquiridos) da amostra estudada fez o teste de HIV nos últimos 3 meses da intervenção dos estudantes, como o é sob norma bibliográfica bem como da OMS, isto leva a concluir que, 88% das famílias, (uma maior parte das famílias) não está exercendo o controlo epidemiológico do VIH/SIDA adequadamente, devido a esta não aderência em matéria de testagem em saúde voluntária, o que vale dizer que não conhecem o seu estado serológico actual, associado a este facto está a condição de nível de escolaridade reduzido, e o desemprego assente nestas famílias. 3. Divulgação dos resultados Os resultados foram divulgados em forma de um relatório executado pelos estudantes do curso Medicina e entregue ao corpo docente da cadeira de Saúde da comunidade V/2019 da UniLurio- FCS, no mês de Maio passado. Serão ainda divulgados nas Jornadas Científicas da UniLúrio, em Setembro do ano em curso, e será entregue a Coordenação do curso de Medicina e ao departamento da Investigação da Faculdade de Ciências de Saúde da Universidade Lúrio, bem
  • 43. 40 como será publicado na Revista de Ciências de Saúde da Universidade Lúrio, enquanto as condições forem criadas.
  • 44. 41 4. Referências bibliográficas 1. UNAIDS-Brasil : Estatísticas globais sobre HIV. São Paulo 2019. Acedido em http://unaids.org.br/estatisticas/?_e_pi_=7%2CPAGE_ID10%2C8501080066 aos 1 de Abril de 2019. 2. Baumann, G. p., et al. Manual de Medicina Interna de Harrison. 19ª ed. São Paulo, 2017 3. República de Moçambique, Ministério de Saúde. Relatório Anual das Actividades Relacionadas ao HIV/SIDA 2017.Maputo: s.n., 2018. 4. Agência Lusa. Inquérito do Ministério de Saúde. Moçambique, Saúde e VIH/SIDA. 2017 5. Direção Provincial de Saúde-Nampula. Relatório de Casos de HIV/Sida 2017-2018. Nampula : s.n., 2018. 6. Conselho Nacional de Combate ao SIDA . Resposta Global à SIDA. Relatório do Progresso, 2016. MOÇAMBIQUE. Maputo: s.n., 2016. 7. Andréa Felice dos Santos. Manifestações Oral do paciente HIV positivo, Rio de Janeiro, 2015. 8. Levison, Warren. Microbiologia Médica e Imunologia. 13ª Ed. EUA.2016