Este documento apresenta um caso clínico de um paciente de 77 anos admitido no hospital com dor abdominal e obstipação há 2 semanas. Após exames, foi diagnosticado com oclusão intestinal e tumor retal. Foi submetido a cirurgia onde foi encontrado adenocarcinoma retal. O documento descreve detalhes do caso, anatomia, fatores de risco, sintomas, diagnóstico, tratamento e seguimento do câncer retal.
2. Caso clínico
ID: A.C, 77 anos, M,N
QP: Dor de barriga e não defeca.
HDA: Paciente deu entrada no dia 27/04/23 via SUR vindo de casa com
história de inicio da sintomatologia há +/- 2 semanas com dor abdominal
difusa, de inicio insidioso, de carácter progressivo, de tipo pontada, de
intensidade 10/10 na escala de dor, que se irradiava para parte inferior
do abdômen, aliviada ao eliminar gases e sem factores agravantes e há
2 dias o quadro evoluiu com obstipação, náuseas e soluçõs intermitente.
Nega vômitos, enfartamento pos prandial e febre.
3. Cont.
EO: estado geral moderado, consciente, mucosas coradas, hidratado,
anictérico, acianótico.
SV: tª: 36,9°c, TA: 179/109mmHg, FC: 99bpm, FR: 24cpm, spO2: 100% AA
AP, CV: sem achados
Abdômen: distendido, sem cicatrizes, RHA presente , tenso com dor a
palpação superficial e profunda , sem visceromegalia.
Toque retal: com protrusão de uma massa de bordos e superfície irregular,
com ligeiro conteúdo purulento, indolor, aderido a planos profundos, com
paredes espessadas e esfíncter tenso.
SME: sem achados
8. Conduta
Inserção de SNG e algalia
Latacto de ringer 1000ml EV
Pen. Cristalizada 3 milhões EV
Gentamicina 80mg EV
Metronidazol 500mg EV
Furosemida 20mg EV
Amilorido 10mg 1cp V.O
Lisinopril 20mg 1cp V.O
9. Evolução
Evoluiu estacionariamente
Submetido a cirurgia no dia 28/04/2023
Tinha colon viável com dilatação , sem sinais de metástase no colon,
intestino , e no fígado.
Ao toque retal apresentava tumor com consistência dura, indolor,
aderido aos planos profundos.
Laparatomia infra umbilical e exploração da cavidade abdominal,
colocação de colostomia em asa e biopsia rectal.
Alta no dia 01 de maio de 2023
Control nas consultas externas
Ainda em seguimento...
11. Anatomia do recto
O reto se estende da junção retossigmoide, no nível da terceira vértebra
sacral, até a linha anorretal (pectínea). mede aproximadamente 12 a 15 cm.
Recto
O peritônio recobre sua porção
anterior e lateral apenas nos seus
primeiros um a dois centímetros;
sua parede posterior é quase toda
retroperitoneal, estando aderida a
tecidos moles pré-sacrais.
12. CANCRO DO RECTO
Resulta de um desenvolvimento anormal da parede interna do
recto.
Os cânceres retais podem invadir diretamente a vagina, a próstata,
a bexiga, os ureteres e os ossos da pelve, como também podem
produzir metástases para os pulmões e fígado.
São encontradas nos gânglios linfáticos vizinhos.
O adenocarcinoma retal é mais incomum.
13. Principais factores de risco
Idade: 65 anos
História familiar de CCR - Pólipos colo-rectais
Factores genéticos:
oPolipose adenomatosa cólica familiar (PACF)
oCarcinoma do cólon hereditário não associado a polipose (CCHNP) ou
Síndroma de Lynch
História pessoal de cancro
Doença de Crohn ou Colite Ulcerosa
Dieta rica em gorduras, especialmente gordura animal, e pobre em cálcio,
folatos e fibras
Excesso de peso e sedentarismo
Tabagismo
Localização geográfica
14. Manifestações clínicas
Predomina hematoquezia de pequena monta, persistente ou
intermitente.
Constipação, tenesmo,
Eliminação de muco e sintomas relacionados à invasão dos órgãos
adjacentes (uropatia obstrutiva, hematúria, fístulas vaginais) podem
dominar o curso da doença.
15. As principais complicações das metástases
Hepatomegalia dolorosa,
Ascite carcinomatosa,
Disfunção da bexiga,
Corrimento e sangramento vaginais e
Comprometimento pulmonar e ósseo.
16. Diagnóstico
Suspeitar de câncer retal em todo paciente (especialmente se for
idoso) que desenvolva sangramento retal, dor abdominal, modificação
dos hábitos intestinais, emagrecimento e anemia ferropriva.
O exame físico: O toque retal
Os exames confirmatórios são:
Retossigmoidoscopia flexível;
Clister opaco (enema baritado), com duplo contraste;
Colonoscopia – o melhor e mais completo
17.
18. Tratamento
Via de acesso
− Convencional - via laparotômica (aberta)
− Laparoscópica
Ressecção
− Excisão Local Transanal
− Excisão total do mesorreto
− Ressecção Anterior Baixa com Anastomose Colorretal ou Coloanal
− Ressecção Abdominoperineal somada à Colostomia Definitiva
Reconstrução
− Técnicas de anastomose
− Reservatórios colônicos
Muito comum a indicação de:
Terapia neoadjuvante
Terapia adjuvante
19. Seguimento pós-operatório
• Nos pacientes que apresentam Ca retal em estágios II e III, taxas de recidiva
tumoral de até 40%.
• Os sítios mais comuns de recidiva incluem o fígado, os pulmões, o leito do tumor
primário, o peritônio e os linfonodos.
1. Consulta médica e dosagem do CEA a cada 3-6 meses por dois anos,
depois, a cada seis meses até completar cinco anos
2. Colonoscopia após um ano. Se negativa, repetir em três anos e, depois, a
cada cinco anos.
3. Retossigmoidoscopia flexível nos pacientes submetidos à ressecção
abdominal baixa para Ca de reto. O exame é realizado após um mês da
cirurgia e repetido a cada três meses nos dois primeiros anos.
4. Considerar tomografia de tórax, abdome e pelve anualmente nos pacientes
com alto risco de recorrência
20. Bibliografia
SABISTON, Tratado de cirurgia, FUNDAMENTOS BIOLOGICOS de la PRÁCTICA
QUIRÚRGICA MODERNA, 20ª edição , 2017.
SCHWARTZ. PRINCIPIOS DE CIRUGÍA, 9ª edição, McGRAW-HILL INTERAMERICANA
EDITORES, S. A. de C. V. 2011
GOMEZ, G. Pardo & GUTIÉRREZ, A. García ; Temas de Cirugía, Tomo II, La Habana: Editorial
Ciencias Médicas; 2010.
FERRAINA, Pedro y ORIA, Alejandro; Cirugía de Michans , 5ª edicao, Buenos Aires: Hl
.Ateneo, 2002
DOHERTY, Gerald M. Diagnóstico y tratamento QUIRÚRGICOS; 13ª edição, McGRAW-HILL
INTERAMERICANA EDITORES, Mexico, 2011
GRAY’S, ANATOMIA, A base anatômica da pratica clinica, 40ª edição, Rio de Janeiro, editor
Elsevier, 2010.
MARTINEZ, E. Lobo; Manual de Urgencias Quirúrgicas, 4ª edição, Madrid, 2011.
Notas do Editor
muito comum
a indicação de terapia neoadjuvante (pré-operatória)
com o objetivo de reduzir o tamanho
tumoral para que uma determinada ressecção
cirúrgica obtenha sucesso sem sacrificar estruturas
em torno do órgão.