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Januário
Dr. Mahomed Afzal
Tutor:
Apresentação de caso clínico
HOSPITAL CENTRAL DA BEIRA
Departamento de Cirurgia
Caso clínico
ID: A.C, 77 anos, M,N
QP: Dor de barriga e não defeca.
HDA: Paciente deu entrada no dia 27/04/23 via SUR vindo de casa com
história de inicio da sintomatologia há +/- 2 semanas com dor abdominal
difusa, de inicio insidioso, de carácter progressivo, de tipo pontada, de
intensidade 10/10 na escala de dor, que se irradiava para parte inferior
do abdômen, aliviada ao eliminar gases e sem factores agravantes e há
2 dias o quadro evoluiu com obstipação, náuseas e soluçõs intermitente.
Nega vômitos, enfartamento pos prandial e febre.
Cont.
EO: estado geral moderado, consciente, mucosas coradas, hidratado,
anictérico, acianótico.
SV: tª: 36,9°c, TA: 179/109mmHg, FC: 99bpm, FR: 24cpm, spO2: 100% AA
AP, CV: sem achados
Abdômen: distendido, sem cicatrizes, RHA presente , tenso com dor a
palpação superficial e profunda , sem visceromegalia.
Toque retal: com protrusão de uma massa de bordos e superfície irregular,
com ligeiro conteúdo purulento, indolor, aderido a planos profundos, com
paredes espessadas e esfíncter tenso.
SME: sem achados
Diagnóstico presuntivo?
Oclusão intestinal
HTA
Diagnóstico diferencial
Tumor retal
Vôlvulo sigmoide
Intussuscepção
Ascaris lumbricoides
Meios auxiliares de diagnósticos
Laboratório
Hemograma:
Leucocitos: 10,3000/ µL (Neutrofilos – 84,6%)
HGB: 13,1 g/dL
PLT: 352 000/ µL
Raio X de abdômen em pé AP
Conduta
Inserção de SNG e algalia
Latacto de ringer 1000ml EV
Pen. Cristalizada 3 milhões EV
Gentamicina 80mg EV
Metronidazol 500mg EV
Furosemida 20mg EV
Amilorido 10mg 1cp V.O
Lisinopril 20mg 1cp V.O
Evolução
Evoluiu estacionariamente
Submetido a cirurgia no dia 28/04/2023
Tinha colon viável com dilatação , sem sinais de metástase no colon,
intestino , e no fígado.
Ao toque retal apresentava tumor com consistência dura, indolor,
aderido aos planos profundos.
Laparatomia infra umbilical e exploração da cavidade abdominal,
colocação de colostomia em asa e biopsia rectal.
Alta no dia 01 de maio de 2023
Control nas consultas externas
Ainda em seguimento...
Câncer retal
Anatomia do recto
O reto se estende da junção retossigmoide, no nível da terceira vértebra
sacral, até a linha anorretal (pectínea). mede aproximadamente 12 a 15 cm.
Recto
O peritônio recobre sua porção
anterior e lateral apenas nos seus
primeiros um a dois centímetros;
sua parede posterior é quase toda
retroperitoneal, estando aderida a
tecidos moles pré-sacrais.
CANCRO DO RECTO
Resulta de um desenvolvimento anormal da parede interna do
recto.
Os cânceres retais podem invadir diretamente a vagina, a próstata,
a bexiga, os ureteres e os ossos da pelve, como também podem
produzir metástases para os pulmões e fígado.
São encontradas nos gânglios linfáticos vizinhos.
 O adenocarcinoma retal é mais incomum.
Principais factores de risco
 Idade: 65 anos
 História familiar de CCR - Pólipos colo-rectais
 Factores genéticos:
oPolipose adenomatosa cólica familiar (PACF)
oCarcinoma do cólon hereditário não associado a polipose (CCHNP) ou
Síndroma de Lynch
 História pessoal de cancro
 Doença de Crohn ou Colite Ulcerosa
 Dieta rica em gorduras, especialmente gordura animal, e pobre em cálcio,
folatos e fibras
 Excesso de peso e sedentarismo
 Tabagismo
 Localização geográfica
Manifestações clínicas
Predomina hematoquezia de pequena monta, persistente ou
intermitente.
Constipação, tenesmo,
Eliminação de muco e sintomas relacionados à invasão dos órgãos
adjacentes (uropatia obstrutiva, hematúria, fístulas vaginais) podem
dominar o curso da doença.
As principais complicações das metástases
Hepatomegalia dolorosa,
Ascite carcinomatosa,
Disfunção da bexiga,
Corrimento e sangramento vaginais e
Comprometimento pulmonar e ósseo.
Diagnóstico
Suspeitar de câncer retal em todo paciente (especialmente se for
idoso) que desenvolva sangramento retal, dor abdominal, modificação
dos hábitos intestinais, emagrecimento e anemia ferropriva.
O exame físico: O toque retal
Os exames confirmatórios são:
Retossigmoidoscopia flexível;
Clister opaco (enema baritado), com duplo contraste;
Colonoscopia – o melhor e mais completo
Tratamento
 Via de acesso
− Convencional - via laparotômica (aberta)
− Laparoscópica
 Ressecção
− Excisão Local Transanal
− Excisão total do mesorreto
− Ressecção Anterior Baixa com Anastomose Colorretal ou Coloanal
− Ressecção Abdominoperineal somada à Colostomia Definitiva
 Reconstrução
− Técnicas de anastomose
− Reservatórios colônicos
Muito comum a indicação de:
 Terapia neoadjuvante
 Terapia adjuvante
Seguimento pós-operatório
• Nos pacientes que apresentam Ca retal em estágios II e III, taxas de recidiva
tumoral de até 40%.
• Os sítios mais comuns de recidiva incluem o fígado, os pulmões, o leito do tumor
primário, o peritônio e os linfonodos.
1. Consulta médica e dosagem do CEA a cada 3-6 meses por dois anos,
depois, a cada seis meses até completar cinco anos
2. Colonoscopia após um ano. Se negativa, repetir em três anos e, depois, a
cada cinco anos.
3. Retossigmoidoscopia flexível nos pacientes submetidos à ressecção
abdominal baixa para Ca de reto. O exame é realizado após um mês da
cirurgia e repetido a cada três meses nos dois primeiros anos.
4. Considerar tomografia de tórax, abdome e pelve anualmente nos pacientes
com alto risco de recorrência
Bibliografia
 SABISTON, Tratado de cirurgia, FUNDAMENTOS BIOLOGICOS de la PRÁCTICA
QUIRÚRGICA MODERNA, 20ª edição , 2017.
 SCHWARTZ. PRINCIPIOS DE CIRUGÍA, 9ª edição, McGRAW-HILL INTERAMERICANA
EDITORES, S. A. de C. V. 2011
 GOMEZ, G. Pardo & GUTIÉRREZ, A. García ; Temas de Cirugía, Tomo II, La Habana: Editorial
Ciencias Médicas; 2010.
 FERRAINA, Pedro y ORIA, Alejandro; Cirugía de Michans , 5ª edicao, Buenos Aires: Hl
.Ateneo, 2002
 DOHERTY, Gerald M. Diagnóstico y tratamento QUIRÚRGICOS; 13ª edição, McGRAW-HILL
INTERAMERICANA EDITORES, Mexico, 2011
 GRAY’S, ANATOMIA, A base anatômica da pratica clinica, 40ª edição, Rio de Janeiro, editor
Elsevier, 2010.
 MARTINEZ, E. Lobo; Manual de Urgencias Quirúrgicas, 4ª edição, Madrid, 2011.

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Oclusão intestinal e tumor retal: caso clínico

  • 1. Januário Dr. Mahomed Afzal Tutor: Apresentação de caso clínico HOSPITAL CENTRAL DA BEIRA Departamento de Cirurgia
  • 2. Caso clínico ID: A.C, 77 anos, M,N QP: Dor de barriga e não defeca. HDA: Paciente deu entrada no dia 27/04/23 via SUR vindo de casa com história de inicio da sintomatologia há +/- 2 semanas com dor abdominal difusa, de inicio insidioso, de carácter progressivo, de tipo pontada, de intensidade 10/10 na escala de dor, que se irradiava para parte inferior do abdômen, aliviada ao eliminar gases e sem factores agravantes e há 2 dias o quadro evoluiu com obstipação, náuseas e soluçõs intermitente. Nega vômitos, enfartamento pos prandial e febre.
  • 3. Cont. EO: estado geral moderado, consciente, mucosas coradas, hidratado, anictérico, acianótico. SV: tª: 36,9°c, TA: 179/109mmHg, FC: 99bpm, FR: 24cpm, spO2: 100% AA AP, CV: sem achados Abdômen: distendido, sem cicatrizes, RHA presente , tenso com dor a palpação superficial e profunda , sem visceromegalia. Toque retal: com protrusão de uma massa de bordos e superfície irregular, com ligeiro conteúdo purulento, indolor, aderido a planos profundos, com paredes espessadas e esfíncter tenso. SME: sem achados
  • 5. Diagnóstico diferencial Tumor retal Vôlvulo sigmoide Intussuscepção Ascaris lumbricoides
  • 6. Meios auxiliares de diagnósticos Laboratório Hemograma: Leucocitos: 10,3000/ µL (Neutrofilos – 84,6%) HGB: 13,1 g/dL PLT: 352 000/ µL
  • 7. Raio X de abdômen em pé AP
  • 8. Conduta Inserção de SNG e algalia Latacto de ringer 1000ml EV Pen. Cristalizada 3 milhões EV Gentamicina 80mg EV Metronidazol 500mg EV Furosemida 20mg EV Amilorido 10mg 1cp V.O Lisinopril 20mg 1cp V.O
  • 9. Evolução Evoluiu estacionariamente Submetido a cirurgia no dia 28/04/2023 Tinha colon viável com dilatação , sem sinais de metástase no colon, intestino , e no fígado. Ao toque retal apresentava tumor com consistência dura, indolor, aderido aos planos profundos. Laparatomia infra umbilical e exploração da cavidade abdominal, colocação de colostomia em asa e biopsia rectal. Alta no dia 01 de maio de 2023 Control nas consultas externas Ainda em seguimento...
  • 11. Anatomia do recto O reto se estende da junção retossigmoide, no nível da terceira vértebra sacral, até a linha anorretal (pectínea). mede aproximadamente 12 a 15 cm. Recto O peritônio recobre sua porção anterior e lateral apenas nos seus primeiros um a dois centímetros; sua parede posterior é quase toda retroperitoneal, estando aderida a tecidos moles pré-sacrais.
  • 12. CANCRO DO RECTO Resulta de um desenvolvimento anormal da parede interna do recto. Os cânceres retais podem invadir diretamente a vagina, a próstata, a bexiga, os ureteres e os ossos da pelve, como também podem produzir metástases para os pulmões e fígado. São encontradas nos gânglios linfáticos vizinhos.  O adenocarcinoma retal é mais incomum.
  • 13. Principais factores de risco  Idade: 65 anos  História familiar de CCR - Pólipos colo-rectais  Factores genéticos: oPolipose adenomatosa cólica familiar (PACF) oCarcinoma do cólon hereditário não associado a polipose (CCHNP) ou Síndroma de Lynch  História pessoal de cancro  Doença de Crohn ou Colite Ulcerosa  Dieta rica em gorduras, especialmente gordura animal, e pobre em cálcio, folatos e fibras  Excesso de peso e sedentarismo  Tabagismo  Localização geográfica
  • 14. Manifestações clínicas Predomina hematoquezia de pequena monta, persistente ou intermitente. Constipação, tenesmo, Eliminação de muco e sintomas relacionados à invasão dos órgãos adjacentes (uropatia obstrutiva, hematúria, fístulas vaginais) podem dominar o curso da doença.
  • 15. As principais complicações das metástases Hepatomegalia dolorosa, Ascite carcinomatosa, Disfunção da bexiga, Corrimento e sangramento vaginais e Comprometimento pulmonar e ósseo.
  • 16. Diagnóstico Suspeitar de câncer retal em todo paciente (especialmente se for idoso) que desenvolva sangramento retal, dor abdominal, modificação dos hábitos intestinais, emagrecimento e anemia ferropriva. O exame físico: O toque retal Os exames confirmatórios são: Retossigmoidoscopia flexível; Clister opaco (enema baritado), com duplo contraste; Colonoscopia – o melhor e mais completo
  • 17.
  • 18. Tratamento  Via de acesso − Convencional - via laparotômica (aberta) − Laparoscópica  Ressecção − Excisão Local Transanal − Excisão total do mesorreto − Ressecção Anterior Baixa com Anastomose Colorretal ou Coloanal − Ressecção Abdominoperineal somada à Colostomia Definitiva  Reconstrução − Técnicas de anastomose − Reservatórios colônicos Muito comum a indicação de:  Terapia neoadjuvante  Terapia adjuvante
  • 19. Seguimento pós-operatório • Nos pacientes que apresentam Ca retal em estágios II e III, taxas de recidiva tumoral de até 40%. • Os sítios mais comuns de recidiva incluem o fígado, os pulmões, o leito do tumor primário, o peritônio e os linfonodos. 1. Consulta médica e dosagem do CEA a cada 3-6 meses por dois anos, depois, a cada seis meses até completar cinco anos 2. Colonoscopia após um ano. Se negativa, repetir em três anos e, depois, a cada cinco anos. 3. Retossigmoidoscopia flexível nos pacientes submetidos à ressecção abdominal baixa para Ca de reto. O exame é realizado após um mês da cirurgia e repetido a cada três meses nos dois primeiros anos. 4. Considerar tomografia de tórax, abdome e pelve anualmente nos pacientes com alto risco de recorrência
  • 20. Bibliografia  SABISTON, Tratado de cirurgia, FUNDAMENTOS BIOLOGICOS de la PRÁCTICA QUIRÚRGICA MODERNA, 20ª edição , 2017.  SCHWARTZ. PRINCIPIOS DE CIRUGÍA, 9ª edição, McGRAW-HILL INTERAMERICANA EDITORES, S. A. de C. V. 2011  GOMEZ, G. Pardo & GUTIÉRREZ, A. García ; Temas de Cirugía, Tomo II, La Habana: Editorial Ciencias Médicas; 2010.  FERRAINA, Pedro y ORIA, Alejandro; Cirugía de Michans , 5ª edicao, Buenos Aires: Hl .Ateneo, 2002  DOHERTY, Gerald M. Diagnóstico y tratamento QUIRÚRGICOS; 13ª edição, McGRAW-HILL INTERAMERICANA EDITORES, Mexico, 2011  GRAY’S, ANATOMIA, A base anatômica da pratica clinica, 40ª edição, Rio de Janeiro, editor Elsevier, 2010.  MARTINEZ, E. Lobo; Manual de Urgencias Quirúrgicas, 4ª edição, Madrid, 2011.

Notas do Editor

  1. muito comum a indicação de terapia neoadjuvante (pré-operatória) com o objetivo de reduzir o tamanho tumoral para que uma determinada ressecção cirúrgica obtenha sucesso sem sacrificar estruturas em torno do órgão.