O documento descreve a vida e carreira do cantor e compositor brasileiro Belchior, que se afastou da indústria musical e passou seus últimos anos vagando de casa em casa de fãs, recusando-se a dar shows. O texto analisa como Belchior criticou a separação entre artista e obra imposta pela mercadoria através de sua vida à deriva e recusa em se apresentar.
Amado é peça escrita e dirigida por Rosane Almeida e com consultoria artística de Antonio Nobrega, inspirada na obra de Jorge Amado. O espetáculo não só traduz a obra do autor baiano para o teatro, mas a maneira como ele criou suas histórias e personagens.
Cia. Ói Nóiz Akí apresenta Os Saltimbancos, dias 13 e 14 de Outubro no Teatro das Bacabeiras. Sessões às 10h e 15h. Portfólio com informações para agendamento de escolas.
A Carroça dos Sonhos e os SaltimbancosJeffie Lopes
Projeto Carroça de Ouro percorreu 17 estados brasileiros em mais de 20 anos, levando o teatro para locais sem acesso à cultura. A organização é de Roberto Nogueira e a obra traz informações sobre experiência, fotos e depoimentos dos artistas.
Amado é peça escrita e dirigida por Rosane Almeida e com consultoria artística de Antonio Nobrega, inspirada na obra de Jorge Amado. O espetáculo não só traduz a obra do autor baiano para o teatro, mas a maneira como ele criou suas histórias e personagens.
Cia. Ói Nóiz Akí apresenta Os Saltimbancos, dias 13 e 14 de Outubro no Teatro das Bacabeiras. Sessões às 10h e 15h. Portfólio com informações para agendamento de escolas.
A Carroça dos Sonhos e os SaltimbancosJeffie Lopes
Projeto Carroça de Ouro percorreu 17 estados brasileiros em mais de 20 anos, levando o teatro para locais sem acesso à cultura. A organização é de Roberto Nogueira e a obra traz informações sobre experiência, fotos e depoimentos dos artistas.
Peça de teatro original de Constantuino Mendes Alves. "Um sem abrigo atravessa de noite a cidade de Lisboa, num solilóquio crítico sobre sociedade, ao mesmo tempo que tenta reabilitar-se do álcool e da sua miséria." (2009)
Revista do Coloquio de Literatura Popular - Ed. 2006Portal Iraraense
Autor: Casa da Cultura de Irará - CCI
Instituição: Casa da Cultura de Irará - CCI
Publicação: 2012-01-06
Categoria: 01/2012
Revista relata eventos da edição 2006 do Colóquio de Literatura Popular. O evento foi realizado pela Casa da Cultura de Irará, nesta mesma cidade.
Revista de literatura e arte!
para a versão de impressão, solicite por email o arquivo em pdf.
circulação livre e sem obrigação de tiragem definida (tiragem infinita).
Formato A5, 22 pgs
DIY!!
Trabalho desenvolvido pelo professor Joilton Lemos com o tema Cartola no CIEP 431 - Padre Nino Miraldi, destacando dentro desse grande universo musical, a figura de um compositor que nasceu Agenor de Oliveira, transformou-se por um erro em Angenor de Oliveira e imortalizou-se como Cartola.
Peça de teatro original de Constantuino Mendes Alves. "Um sem abrigo atravessa de noite a cidade de Lisboa, num solilóquio crítico sobre sociedade, ao mesmo tempo que tenta reabilitar-se do álcool e da sua miséria." (2009)
Revista do Coloquio de Literatura Popular - Ed. 2006Portal Iraraense
Autor: Casa da Cultura de Irará - CCI
Instituição: Casa da Cultura de Irará - CCI
Publicação: 2012-01-06
Categoria: 01/2012
Revista relata eventos da edição 2006 do Colóquio de Literatura Popular. O evento foi realizado pela Casa da Cultura de Irará, nesta mesma cidade.
Revista de literatura e arte!
para a versão de impressão, solicite por email o arquivo em pdf.
circulação livre e sem obrigação de tiragem definida (tiragem infinita).
Formato A5, 22 pgs
DIY!!
Trabalho desenvolvido pelo professor Joilton Lemos com o tema Cartola no CIEP 431 - Padre Nino Miraldi, destacando dentro desse grande universo musical, a figura de um compositor que nasceu Agenor de Oliveira, transformou-se por um erro em Angenor de Oliveira e imortalizou-se como Cartola.
APRESENTAÇÃO
Esta antologia de poemas se originou de uma conversa entre
amigos no, como diria o Rosa, “famigeraldo” Facebook.
A ideia que moveu os poetas aqui presentes foi a de produzir
um livro que pudesse ser distribuído gratuitamente para o
maior número possível de pessoas (daí o formato PDF) e que
pudesse também, de alguma forma, estimular a leitura de
poesia.
Então, chega de conversa e vamos à leitura dos poemas que é o
que realmente interessa num livro de poesia.
Esperamos que todos curtam os textos e que compartilhem o
livro com seus amigos, familiares, parentes, vizinhos etc.
Vida longa à poesia!
Material de Português sobre Figuras de Linguagem, apresentado pela professora Isabel Oliveira aos alunos do 1º ano do Ensino Médio do colégio 7 de Setembro.
Revista Fanzine com artistas nacionais e internacionais, participantes em suas regiões do processo de expansão do conhecimento e do gosto pela arte.
Uma revista com cara de fanzine, um fanzine com cara de revista.
DIY - sempre!
Cia. Ói Nóiz Akí apresenta Bonequinha de Pano, dias 11 e 12 de Outubro no Teatro das Bacabeiras. Sessões às 10h e 15h. Portfólio com informações para agendamento de escolas.
Sequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental ILetras Mágicas
Sequência didática para trabalhar o gênero literário CORDEL, a sugestão traz o trabalho com verbos, mas pode ser adequado com base a sua realidade, retirar dos textos palavras que iniciam com R ou pintar as palavras dissílabas ...
regulamento de uniformes do colegio da policia militar do estado do tocantins regulamento de uniformes do colegio da policia militar do estado do tocantins regulamento de uniformes do colegio da policia militar do estado do tocantins regulamento de uniformes do colegio da policia militar do estado do tocantins regulamento de uniformes do colegio da policia militar do estado do tocantins regulamento de uniformes do colegio da policia militar do estado do tocantins regulamento de uniformes do colegio da policia militar do estado do tocantins
CIDADANIA E PROFISSIONALIDADE 4 - PROCESSOS IDENTITÁRIOS.pptxMariaSantos298247
O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à unidade de formação de curta duração – CP4 – Processos identitários, de acordo com o Catálogo Nacional de Qualificações.
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
Slideshare Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24, Pr Henrique, EBD NA TV, 2° TRIMESTRE DE 2024, ADULTOS, EDITORA BETEL, TEMA, ORDENANÇAS BÍBLICAS, Doutrina Fundamentais Imperativas aos Cristãos para uma vida bem-sucedida e de Comunhão com DEUS, estudantes, professores, Ervália, MG, Imperatriz, MA, Cajamar, SP, estudos bíblicos, gospel, DEUS, ESPÍRITO SANTO, JESUS CRISTO, Comentários, Bispo Abner Ferreira, Com. Extra Pr. Luiz Henrique, 99-99152-0454, Canal YouTube, Henriquelhas, @PrHenrique
proposta curricular para educação de jovens e adultos- Língua portuguesa- anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano). Planejamento de unidades letivas para professores da EJA da disciplina língua portuguesa- pode ser trabalhado nos dois segmentos - proposta para trabalhar com alunos da EJA com a disciplina língua portuguesa.Sugestão de proposta curricular da disciplina português para turmas de educação de jovens e adultos - ensino fundamental. A proposta curricular da EJa lingua portuguesa traz sugestões para professores dos anos finais (6º ao 9º ano), sabendo que essa modalidade deve ser trabalhada com metodologias diversificadas para que o aluno não desista de estudar.
1. UM ÍDOLO
À DERIVA
P
ara o francês Guy Debord,
cuja obra-prima, ‘‘A Socie-
dade do Espetáculo’’, com-
pleta 50 anos em novem-
bro, ‘‘deriva’’ era um conceito so-
ciológico. Colocar-se à deriva deve-
ria significar romper com o siste-
ma da mercadoria e tentar trans-
formar a própria vida numa obra
de arte. No pouco tempo que tive
para conversar com Belchior quan-
do ele me procurou, em 2013, em
Porto Alegre, senti diante de mim
um artista à deriva, um retirante
em busca de si e do nada, do subli-
me e do cotidiano na sua crueza
carnal. Tenho convicção de que
Belchior rompeu com a sociedade
mercadológica espetacular e deri-
vou até se apagar.
Esta é a história de um ídolo,
um gênio, que largou tudo e saiu
em busca de um fã que o adotas-
se. Encontrou muitos que o leva-
ram para casa por algum tempo:
um mês, 40 dias, três meses, qua-
tro anos. Tentou comigo. Decepcio-
nou-se. Sou fã. Mas não me via le-
vando para morar comigo um ca-
sal com seus problemas, ainda
mais que Edna, última mulher de
Belchior, me pareceu desde o pri-
meiro minuto uma pessoa compli-
cada. Belchior encontrou o fã ca-
paz de adotá-lo em Santa Cruz na
pessoa do radialista e escritor ma-
ranhense Dogival Duarte. Quem o
recebeu por algum tempo se orgu-
lha do que fez. Passado um perío-
do de deslumbramento a realida-
de se impunha: problemas de rela-
cionamento com Edna ou como
continuar bancando indetermina-
damente o custo do casal.
Dogival perseverou, abrigou
Belchior na sua casa, depois na de
amigos como o professor de filoso-
fia Ubiratan Trindade, e, por fim,
na casa emprestada onde o cantor
morreu. Houve altruísmo e curiosi-
dade de parte de muitos que aco-
lheram Belchior: quem não quer
ter em casa uma celebridade, um
gênio musical, um ídolo? Alguns
talvez tenham esperado que em al-
gum momento Belchior retribuísse
cantando. Não creio que isso te-
nha acontecido. Ubiratan conta
que, em Murta, no interior da cida-
de de Sobradinho, onde instalou a
dupla, Belchior teria composto e
cantado para surpresa do caseiro,
que o tinha por professor de filoso-
fia. Belchior, contudo, parece ter
guardado uma porção irredutível.
Não quis ser pássaro de gaiola.
Salvo revelação a vir.
Se cada fã queria o ídolo só pa-
ra si por algum tempo, Edna pare-
ce ter radicalizado esse ideal pos-
sessivo: retirava o companheiro de
cena e o mantinha escondido. Pro-
pus a Belchior que desse uma en-
trevista para o nosso Esfera
Púbica, da “Rádio Guaíba”. Ele es-
tava inclinado a conceder. Edna
não deixou. Ela o dominava estra-
nhamente. Salvo se fosse um escu-
do à disposição dele. Creio que nun-
ca decifraremos o que se quebrou
dentro de Belchior. Ele podia voltar
a cantar e a ganhar dinheiro, mas
não queria. Era um homem em fu-
ga. Depois que nos deixou, andou
à deriva por Porto Alegre até ser
resgatado por outro fã. E assim
foi derivando. Eu sabia que ele es-
tava em Santa Cruz, mas não veri-
ficava mais as informações. Para
quê? Para desalojá-lo? Para que
se assustasse como um rio, um bi-
cho, um bando de pardais? Ele só
queria ficar aninhado deixando o
tempo passar.
Já escrevi que Belchior foi o
melhor compositor brasileiro de to-
dos os tempos. Por quê? Ele tra-
duziu uma geração inteira, a mi-
nha, em poucos versos magistrais
de uma beleza simples e melancó-
lica: ‘‘Eu sou apenas um rapaz/La-
tino-Americano/Sem dinheiro no
banco/Sem parentes importan-
tes/E vindo do Interior’’. Biografia
de geração completada pelo de-
sencanto: ‘‘Minha dor é perceber/
Que apesar de termos/Feito tudo,
tudo, tudo/Tudo o que fizemos/
Ainda somos os mesmos/E vive-
mos/Ainda somos os mesmos/E vi-
vemos/Como os nossos pais’’.
Por mais triste que seja, Bel-
chior terminou sua vida em total
sintonia com suas canções: à deri-
va. Sem fazer concessões. Sem
cantar. Humilhou-se pedindo aju-
da, recebendo favores, vagando,
deixando contas para trás, entre-
gando-se com um animal em exi-
bição para poucos. Como um Rim-
baud, Debord ou um Jean Bau-
drillard, que defendia a existên-
cia de algo irredutível ao valor de
troca, não deu mais show. Negou
aos outros o que mais sabia fazer
e podia dar: suas interpretações.
Permaneceu, nesse sentido, autô-
nomo e inacessível até o fim.
Guy Debord atacou a separação
gerada pela mercadoria: separa-
ção entre o trabalhador e o pro-
duto do seu trabalho, separação
entre o artista e a sua obra pelo
valor de troca, separação entre
palco e plateia. Belchior fez do fi-
nal da sua vida uma crítica radi-
cal à separação. Entregou tudo,
entregou-se a todos, pôs-se à de-
riva, mas não deu show. Edna te-
ria dito a uma sobrinha de Bel-
chior que ele fez uma apresenta-
ção na noite anterior à da sua
morte. Prefiro não crer.
Como toda hipótese esta pode
ser desmentida pelos fatos, por
um vídeo, por um áudio, por um
depoimento, enfim. Ficarei com a
tese contra os fatos. As melhores
ideias nem sempre correspondem
à realidade. Belchior traduziu
uma geração que perdeu. Não po-
deria terminar como vencedor. A
utopia não veio. Belchior retirou-
se depois de responder com mui-
ta antecipação à própria pergun-
ta: ‘‘Se você vier me perguntar
por onde andei/No tempo em que
você sonhava/De olhos abertos,
lhe direi:/Amigo, eu me desespera-
va’’. Um desespero sereno.
Coordenador Editorial: Juremir Machado da Silva | juremir@correiodopovo.com.br
Editor: Luiz Gonzaga Lopes | lgferreira@correiodopovo.com.br
Diagramação: Jonathas Costa | jacosta@correiodopovo.com.br
POR JUREMIR MACHADO DA SILVA
CScaderno de sábado
CORREIO DO POVO SÁBADO,6 de maio de 2017
2. Sobre mulheres
Dois espetáculos do festival Palco Giratório Sesc tematizam as mulhe-
res. Às 18h, na Sala Alziro Azevedo (Salgado Filho, 312), “Women’s (SC),
Experiência Subterrânea”, de Daniel Veronese, mostra um momento na
vida de uma faxineira que trabalha em um necrotério e dialoga com um
corpo, que aguarda autópsia. Com Ana L. Fortes e Lara Matos. Ingressos
esgotados. Já “Antígona Recortada: Contos que cantam sobre pousos pás-
saros” (foto), do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos (SP), usa o universo
do tráfico de drogas para relatar a história de crianças e adolescentes
que vivem nos morros e pelas circunstâncias, levam uma vida adulta. A
peça está no Teatro Renascença (Erico Verissimo, 307), sábado, 21h.
A Vida Não Tá Nem Aí... — Stand up
comedy de Nando Viana retrata seu
momento, às voltas com tatuagens,
filhos e ursos pandas. No Teatro da
Amrigs (Ipiranga, 5311), sextas e sába-
dos, 21h e domingos, 20h. Até 14/5.
Prata-Paraíso — A decomposição de
família nobre. João de Ricardo. Sala
504/Usina do Gasômetro (João Gou-
lart, 551), de sextas a domingos, 19h.
Os Dois Gêmeos Venezianos — Trupe
Giramundo (RS) traz confusões decor-
rentes de encontro entre dois gêmeos
idênticos, criados em cidades diferen-
tes. Teatro Bruno Kiefer (Andradas,
736), sextas a domingos, 20h.
Dog Day — Gênero e suicídio são temas
de 24h de encontros e desencontros.
De Fernanda Moreno. No Teatro Carlos
Carvalho (Andradas, 736), sábados e
domingos, às 20h. Em cartaz até 21/5.
A Gaiola — Musical sobre amizade e
liberdade fala da relação entre pássaro
e menina. Duda Maia (RJ). No Teatro
Sesc (Alberto Bins, 665), sábado, 15h.
A Arca de Noé — O que aconteceu aos
bichos após as águas do dilúvio terem
baixado. Direção de Zé Adão Barbosa.
Na Sala Álvaro Moreyra (Andradas,
736), neste sábado e domingo, 15h.
Dose dupla — “Chapeuzinho Vermelho”
(sábados, 16h) e “Miracolous...” (sába-
dos e domingos, 17h15min), no Teatro
Zé Rodrigues (Paulo Setúbal, 117).
Concerto de Outono — Coral Feevale
homenageia mulheres da MPB. No Salão
de Atos do Campus II da Feevale (ERS-239,
2755), N. Hamburgo, sábado, 16h30min e
19h30min. Ingressos esgotados.
Juntos — Show com Antonio Villeroy,
Bebeto Alves, Gelson Oliveira e Nelson
Coelho de Castro é apresentado a bor-
do do barco Cisne Branco. No Arma-
zém B3 do Cais do Porto, sábado, às
19h30min. Fone: 99712-5672.
Especial Belchior — Lico Silveira e Os
Latinoamericanos cantam sucessos do
cantor. No Paraphernália Bar (João
Alfredo, 425), às 20h.
O Maestro, o Malandro e o Poeta —
Músicos interpretam canções de Tom ,
Chico e Vinicius. Opinião (José do Pa-
trocínio, 834), sábado, 20h30min.
Ela Não é Seu - Gabriel Dalla Costa
lança EP, inspirado em pensadores e
budismo. Teatro Ciee (Dom Pedro II,
861), hoje, 21h30min.
O Rappa — Lançamento do CD e DVD
“Acústico Oficina Francisco Brennand”,
com hits e quatro canções inéditas.
Abertura da Be Livin. Pepsi On Stage
(Severo Dullius, 1995), hoje, 23h55min.
Sarau — Hoje, das 15h às 19h, os 68
anos da Casa do Artista Riograndense
(Anchieta, 280), será comemorada com
atrações artísticas. Entre as atrações,
Banda Pikardia, e Silfarnei Alves.
Tom Cavalcante — Em “Stomdup” humo-
rista faz imitações, críticas e mostra per-
sonagens. Teatro da Feevale (ERS 239,
2755), Novo Hamburgo, sábado, 21h.
Valsa n˚ 6 — Gisela Sparremberger inter-
preta seis personagens, em obra de Nel-
son Rodrigues sobre adolescente morta
pela rival. No Instituto Ling (João Caeta-
no, 440), neste sábado, 18h e 20h30min.
Belly Fusion — Cia. Al Farah em espetácu-
lo de dança árabe com diversas verten-
tes. No Complexo Joana Taborda (Paler-
mo, 226), em Viamão, sábado, 20h.
Auê — Cia. Barca dos Corações Partidos
(RJ) fala e canta o amor, em ritmos brasi-
leiros. Teatro São Pedro (Praça da Ma-
triz, s/n˚), sábado, 20h e domingo, 18h.
Brasileirada... — Grupo Andanças conta
história de casal de forrozeiros apaixona-
do pela dança e cultura brasileira. Teatro
da Santa Casa (Independência, 75), neste
sábado e domingo, a partir das 20h.
Enquanto as Coisas Não se Competam —
Espetáculo de dança de/com Michel Ca-
peletti. Na Sala Álvaro Moreyra (Erico
Verissimo, 307), sábado e domingo, 19h.
Atordoado — Juliano Passini vive ator
prestes a entrar em cena, com suas inse-
guranças, dramas e sucessos. Na Casa de
Teatro (Garibaldi, 853), sextas e sábados,
às 20h30min. Em cartaz até 13/5.
TEATRO
ROTEIRO
CADERNO DE SÁBADO
MÚSICA
ANDRÉ MURRER / DIVULGAÇÃO / CP
POR CARLOS GUIMARÃES
Jornalista da Rádio Guaíba
O recado de Belchior
que ninguém ouviu
‘Antígona Recortada’ é uma das atrações do Palco Giratório neste sábado
O
ano de 1976 foi emble-
mático para a música
mundial. Na Inglaterra e
nos Estados Unidos sur-
giam os punks, que seriam condu-
tores do principal movimento de
contracultura da época. A música
pop estava quebrada, cada vez
mais desconectada principalmen-
te dos jovens. Surgia a disco mu-
sic, preconizando a diversão pela
diversão, despreocupando-se das
durezas do cotidiano. O rock, mer-
gulhado em técnica progressiva e
ainda na ressaca de uma onda hi-
ppie que não levou a lugar ne-
nhum, direcionava-se para a me-
galomania, shows espetaculares,
muita histeria e pouco impacto.
Do underground, os punks reu-
niam-se para desestruturar esta
lógica, impulsionados pela crise fi-
nanceira dos trabalhadores no
Reino Unido e pelo tédio com o
american way of life. Havia mo-
tivos para uma revolta autêntica,
vinda do proletariado, dos jovens
entediados e de quem queria, à
sua maneira, mudar o mundo.
No Brasil, há de se entender,
sobretudo, de que forma a músi-
ca se apresentava no período.
Dando os primeiros passos para
a disco, a revigoração ensaiada
pela soul music no início da déca-
da se fragmentava entre o concei-
tual de Jorge Ben e o racional de
Tim Maia. Rita Lee pós-Mutantes
tentava com o brilhante “Fruto
Proibido”, mas, segundo a pró-
pria, rock ainda era coisa de ban-
dido. Os jovens roqueiros de plan-
tão estavam ocupados demais
tentando imitar o Yes ou o Pink
Floyd. O gosto popular entregava-
se aos bregas, ao Roberto Carlos,
às músicas de novela e aos enla-
tados tupiniquins, como Morris
Albert e Mark Davis. O país des-
cobria Cartola e os sambistas do
morro de forma tardia. Imediata-
mente, foram incorporados a
uma espécie de indústria cultural-
intelectual hegemônica que con-
templava as gravadoras, os me-
gaempresários e os artistas legiti-
mados muito mais por uma críti-
ca purista do que por um público
interessado. A ditadura militar
completava mais de uma década
e um dos principais focos de opo-
sição se dava pelos artistas, mas
de uma forma intelectualizada de-
mais para ser absorvida pelas
massas. Havia um domínio da
MPB tradicional e dos velhos
baianos tropicalistas, com resquí-
cios dos festivais, uma hegemo-
nia que já perdurava por uma dé-
cada ao menos.
A bifurcação da MPB condu-
zia a criação para diferentes
vias. Caetano estava cantando
para o corpo ficar Odara. Gil colo-
cava um pé na disco e uma men-
te no reggae. A música de protes-
to perdeu força, resumindo-se às
metáforas de Chico, voltando a
ganhar força somente no final da
década com a visceral “O Bêbado
e a Equilibrista”. Contudo, havia
caminhos alternativos para o sur-
gimento de novidades autênticas,
plenas e originais. Um destes era
aparecer em trilha de novela,
ocupado pelo alento do ano, cha-
mado Guilherme Arantes, que
emplacou “Meu Mundo e Nada
Mais” para o grande público, pos-
sivelmente o surgimento de uma
música pop autoral brasileira. A
outra brecha era exatamente
usar este sistema consolidado pa-
ra promover novos autores e for-
matos. Era utilizar o selo de qua-
lidade do super artista para apre-
sentar novos compositores. Este
foi o caminho seguido por Antô-
nio Carlos Gomes Belchior Fonte-
nelle Fernandes, ou simplesmen-
te Belchior. No caso do composi-
tor cearense, a brecha se chama-
va Elis Regina.
Quando Elis gravou para o es-
petáculo “Falso Brilhante” as fai-
xas “Como Nossos Pais” e “Velha
Roupa Colorida”, Belchior lança-
va “Alucinação”, uma crônica do
cotidiano que serviria para, ao
menos, apresentar um retrato fiel
do verdadeiro Brasil dos anos
1970. Belchior não tinha a sutile-
za de Chico, o misticismo de Gil
ou o egocentrismo de Caetano. Bi-
godudo, nordestino e com um tim-
bre de voz que fugia dos maneiris-
mos recorrentes no período, era
uma espécie de bardo, um cantor
do cotidiano, um cronista da sel-
va de pedra. Fugia da aridez do
Nordeste, entregando-se à perso-
nagem do retirante apaixonado,
confuso e impactado com a metró-
pole. Lançava-se como um genuí-
no opositor do modelo hegemôni-
co de então, porém pouco levado
a sério, já que narcisos sempre
acharão feio o que não é espelho.
Em “Alucinação”, um dos
maiores discos já produzidos no
país, Belchior se situa como um
itinerante da contracultura. Ape-
nas um rapaz latino-americano,
escancarava que não tinha dinhei-
ro no banco. Cantava o concretis-
mo do drama das pessoas dessas
capitais com um canto, que era
torto, feito faca, para cortar a car-
ne de gente comum, do preto, do
pobre, do estudante, de uma mu-
lher sozinha. Niilista, contunden-
te e direto, contradizia o espiral
alegórico impetrado pelos tropica-
listas, a poesia lúdica dos minei-
ros, as brincadeiras semânticas
dos emepebistas e a megaloma-
nia habitual dos baianos. Era um
nordestino que escrevia sobre o
mundo, a partir do seu ponto de
vista, brutal, caótico e definitivo.
Belchior comportava-se, do
seu jeito, como um punk. Com o
cantar lancinante do indomado,
apresentava-se como uma espé-
cie de interlocutor da contracultu-
ra a um sistema que apartava
quem não seguia a tal receita de
bolo. Tinha a sinceridade de um
jovem, a lucidez de um observa-
dor e, ao mesmo tempo, o ponto
de vista de um imigrante. Quando
diante dos edifícios e das agruras
da cidade grande, alguma coisa
acontecia não em seu coração,
mas em suas vísceras, na trans-
formação de seu ponto de vista,
na urgência de retratar a simplici-
dade, a brutalidade, a crueza e o
cinza do seu novo entorno. Não
era tudo divino e maravilhoso,
era preto no branco, concreto e
real, palpável, tácito. Como os
punks faziam lá fora.
Belchior morreu no anonima-
to, aos 70 anos, numa despedida
até certo ponto previsível de
quem não fez muita concessão às
tentações do sucesso fácil. Nunca
foi midiático, nunca foi agradável
e nunca fez média para se tornar
mais ou menos bem-sucedido. No
final da vida, entre idas e vindas,
parecia um peixe fora d’água nes-
te mundo pós-moderno de osten-
tação, problematização, rela-
tivização e chatices et al. Perdido
em sua alucinação de suportar o
dia a dia, possivelmente não su-
portava mais um mundo onde im-
porta muito mais aparentar algo
do que ser algo. Belchior não con-
seguiu fazer um retrato deste coti-
diano, provavelmente por não se
importar muito com ele. Morreu
do mesmo jeito que surgiu para a
música: um itinerante, um andari-
lho trôpego entre paixões arreba-
tadoras, deslizes efêmeros e deva-
neios concretos. Morreu punk, co-
mo fora punk. Morreu com um re-
cado ao seu estilo, de que toda
sinceridade é possível nas tenta-
ções das relações fugazes, como,
de fato, pode se traduzir o mundo
atual. Morreu jovem, talvez em al-
guma curva no seu próprio cami-
nho, com todo som, toda fúria e
toda pressa de viver, gritando de-
sesperadamente em português,
mas sem ninguém ouvir.
2 | SÁBADO,6 de maio de 2017 CORREIO DO POVO