fanzine com poemas do Grande Marcelo Dolabela, poeta e inventor de letras e formatos poéticos de Belo Horizonte, MG. In Memorian

1. AMEOPOEMAEdição 63 - Fevereiro de 2020 - Ouro Preto - MG
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AMEOPO MAEfacebook.com/ameopoema
editora artesanal
‘‘não quero meus dias nos folhetins
levem os versos deixem-me o gesto
prefiro morrer a viver manias
uma década tem mais de cem séculos
dez bilhões de vozes num único eco
mil e uma noites num mero segundo
poucos trilhões de silêncio num ponto
quanto se conta os átomos é ótimo
a hora fica interminável num átimo
não se chega nunca a nenhum lugar
e apenas se volta ao mesmo volume
um só dia tem bem mais de dez décadas
num rústico eco a maior biblioteca
da luz do segundo nenhum consenso
até quanto nos faltará silêncio
BALANÇO DA DÉCADAsim mais um dia sem as tua tardes,
agora, sim, agora posso ver:
se sofro, se minha dor não tem cofre,
ao céu não serve a lágrima que choro.
talvez passarei antes de cessar
a sombra do sol, o ombro do sofrer;
se morro, se não sorvo mais os dias,
as noites me servirão por prêmio.
quando o jamais chegar na madrugada,
serei o irmão que não está por vir;
rir talvez o jamais não poderá;
e, na ausência de transitória ausência,
tua mão reconduzirá o ausente,
ao leito em que todos adormecemos.
(Amônia, 1997)
ADESEJADA

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BY ND
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Edição: Studio b2mr (facebook.com/studiob2mr)
Coordenação: Editora AMEOPOEMA.
Circulação: Rio de Janeiro, Ouro Preto, Mariana, Viçosa.
Exemplares na pRAÇA: vários exemplares. PIRATEIE!
Participantes dessa edição: in memorianEdição especial
de Marcelo Dolabela - Poeta e experimentador de coisas
com tipos de Belo Horizonte, MG.
publicação sem fins lucrativos, feita artesanalmente, com amor e
vontade de circular ideias e fomentar a produção literária em
Ouro Preto e região. PARTICIPE, ENVIE SEU MATERIAL
facebook.com/ameopoema
ameopoemaeditora@gmail.com
AMEOPO MAEE AMEOPO MAEE AMEOPO MAEE AMEOPO MAEE
trilha sonora dessa edição:
John Frusciante To Rec. Only Water for Ten Days
eis a memória do mundo
o tempo morre
a cada segundo
eis a história da raça
o tempo nasce
quando passa
eis a glória da arte
o tempo vive
quando parte
eu estou nas maravilhas do mundo
no Coliseu da cidade
no naufrágio dos poetas
ouvindo Scheherazade
é o zum-zum da matilha do mundo
da Muralha da China, o barulho,
a baunilha dos vagabundos
única geração que ouve
a triste balada dos mouros
o transplante das décadas
a arcádia sem fé e sem ouro.
• • •
o poeta não busca obra mas crise
vive para espalhar fome e problema
abre ao sol sua própria valise
e mostra que nem sempre traz poema
o poeta se anula na reprise
se nega quando canta o mesmo tema
por favor se chamar por um avise
para desde já desviar meu lema
quero trazer as gavetas vazias
nenhuma ideia para o próprio texto
que dos papéis se fartem os cupins
não quero meus dias nos folhetins
levem os versos deixem-me o gesto
prefiro morrer a viver manias
Na área editorial foi co-editor da revista
Fahrenheit 451 e da equipe de articulistas da
revista Fanzine Gass.
Tem pós-graduação em Letras pela UFMG, onde
defendeu uma tese sobre Dolores Duran.
Atuou também como artista plástico com
exposições no Brasil e no exterior.
Marcelo Dolabela nasceu em Lajinha-MG,
1957. Envolvido em diversas atividades
artísticas, como poeta participou ativamente do
movimento poético conhecido por "Geração
Mimeógrafo" na década de 1980 em Belo
Horizonte. Por essa época, publicou vários
livretos de poesias, entre eles "Adeus, América",
"Violência", "Gatilho", "Através das paredes",
"Arte, Suor, souvenir", "Coração malasarte",
"Lúdicos do inferno", "Alimento", "Gata
presença", "Mandarins sem fantasias",
"Radicais", "Grão", "Acre Ácido Azedo" e ainda
outros em co-autorias: "Árvore" (c/ Marlon
Dolabela e Marconi Dolabela), "Paixão" (c/
Emília Dorbolina), "A carne dos raios" (c/
Marconi Dolabela), "Pam, pan, pã, pão" (c/
Roberto S), "Desejo" (c/ Marcoantonio), "Um a
um" (c/ David R.), "Simples" (c/ Marconi
Dolabela) e "Leite de moça" (c/ MuriloA).
Em 1987, publicou "ABZ do rock", pela editora
paulista Estrela do Sul.
Foi também produtor e apresentador do
programa "Rock molotov", levado ao ar pela
Rádio Liberdade, de Belo Horizonte.
Foi também autor do texto do curta-metragem
"Uakti - oficina instrumental", premiado como
"Melhor Curta" e "Melhor Montagem", no
"Festival de Gramado de 1987".
Maletta Revisited #86
IN LE JUNGLE
DE JUNG
**todos os poemas e imagens dessa edição são de
autoria do Marcelo Dolabela
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SEMPRE QUE PUDER