SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 13
EDUARDO LUIS BECK – RA 910209539
AUTISMO BASEADO NAABORDAGEM PSICANALÍTICA
UNINOVE
São Paulo
2010
EDUARDO LUIS BECK – RA 910209539
AUTISMO BASEADO NAABORDAGEM PSICANALÍTICA
Relatório Final de Estágio Básico I
do Curso de Psicologia, sob
supervisão da Prof. Valéria
Lucarelli Mocelin
UNINOVE
São Paulo
2010
RESUMO
Este artigo apresenta uma leitura psicanalítica do autismo, acompanhada
cuidadosamente dos textos que tratavam do tema a partir da referida abordagem,
evidenciando a etiologia e o tratamento. No decorrer deste artigo, destacamos a terapia
psicanalítica que envolve não só as crianças com o transtorno, mas também os pais e
pessoas diretamente ligadas a elas. Por fim, ressaltamos a importância das brincadeiras e
dos jogos lúdicos para o tratamento do autismo, com o objetivo de destacar a influência do
terapeuta no desenvolvimento interativo da criança.
PALAVRAS-CHAVE: Transtorno Autista, função materna, tratamento psicanalítico,
conceito psicanalítico do autismo, jogos lúdicos.
SUMÁRIO
Introdução................................................................................................05
Objetivo....................................................................................................08
Justificativa..............................................................................................08
Método.....................................................................................................08
Discussão.................................................................................................09
Considerações Finais...............................................................................11
Referências Bibliográficas.......................................................................12
Anexos.....................................................................................................13
INTRODUÇÃO
“… Imagine chegar em um país onde você não entende a língua e não conhece os
costumes – e ninguém entende o que você quer ou precisa. Você, na tentativa de se
organizar e entender esse ambiente, provavelmente apresentará comportamentos que os
nativos acharão estranhos…” (Manual de Treinamento ABA – Help us learn – Ajude-nos a
aprender.)
O estudo do tema autismo é desafio para a comunidade científica, visto a
diversidade de sintomas e características, o que contribui certa dificuldade em se realizar o
diagnóstico diferencial.
O Transtorno autista é uma alteração cerebral que afeta a capacidade da pessoa se
comunicar, estabelecer relacionamentos e responder apropriadamente ao ambiente. Essas
crianças apresentam retardo mental, mutismo ou importantes atrasos no desenvolvimento
da linguagem. Em alguns casos, podem apresentar inteligência e linguagem intactas.
Alguns parecem distantes e pouco acessíveis ao contato externo, evidenciam tendência a
apresentar padrões de comportamentos restritos e rígidos.
Além disso, o indivíduo com o transtorno autista tem padrões restritos, repetitivos e
estereotipados de comportamentos. Geralmente o diagnóstico ocorre antes dos três anos de
idade. Outros sintomas e comportamentos podem ser encontrados no DSM IV-TR. ¹
Os pais são os primeiros a perceber alterações no bebê, este desde o nascimento
pode mostrar-se indiferente a estimulação por pessoas ou brinquedos, focando sua atenção
prolongadamente por determinados objetos. Por outro lado, certas crianças começam com
um desenvolvimento normal nos primeiros meses, e pode ser identificada uma regressão do
desenvolvimento.²
Contudo, os sinais do autismo podem passar desapercebidos pelos familiares, sendo
considerados como características próprias da criança em questão, como certamente
posterga o diagnóstico e as intervenções.
Segundo Perissinoto3
citando Leo Kanner, que foi o primeiro responsável por
apresentar um estudo com onze casos de autismo, a observação de Kanner determinou o
autismo como característica marcante; neste momento, teve origem a expressão “Distúrbio
Autístico do Contato Afetivo” para se referir a estas crianças .
Considerou que as crianças autistas nasciam assim, devido ao aparecimento da
síndrome em idade precoce. Seu contato com os pais foi alterando suas opiniões. Observou
que os pais destas crianças estabeleciam um contato afetivo distante com elas, e foi
Kanner, segundo Costa e Silva2
que criou o termo “mãe geladeira” para referir-se às mães
de autistas, onde estas mães estabeleciam um contato frio e distante, promovendo assim
neles uma hostilidade inconsciente a qual seria direcionada para situações de demanda
social.
O mesmo autor destaca que apesar do termo ter sido criado por Kanner foi Bruno
Bettelheim a popularidade do termo. Em seus artigos nos anos 50 e 60, enfatizou a idéia
que existiam uma falha básica na relação mãe-bebê.
O rótulo “mãe geladeira” culpabilizou por décadas as mães pela etiologia do
autismo. Com os avanços nos diagnósticos foi possível descaracterizar esta idéia,
ampliando as causas para o autismo, sendo multifatorial 4
.
Donald Woods Winnicott5
escreveu em seu livro, um capítulo sobre o autismo com a
intenção de contribuir para que os problemas pessoais associados ao assunto venha nos
ajudar a compreender o desenvolvimento infantil.
Winnicott discorda da terminologia de Leo Kanner de 1943. Ele diz que “depois de
este termo ter sido inventado e aplicado, estava montado o cenário para uma coisa um tanto
quanto falsa, a descoberta de uma doença”.
Para Winnicott, o autismo não é uma doença, e sim um problema de
desenvolvimento emocional, dizendo ainda que essa doença - o autismo - não existe.5
O TRATAMENTO PSICANALÍTICO
A primeira dúvida dos pais quando levam suas crianças autistas para algum centro
de tratamento é o motivo pelo qual seus filhos apresentam tais sintomas. Em seguida,
desejam saber o que podem fazer para mudar e curar seu filho. Após o diagnóstico, as
crianças são encaminhadas de acordo com o caso. Vale ressaltar que o diagnóstico nem
sempre é realizado facilmente, demanda tempo e muita dedicação do profissional que
atende.
A terapia não é um interrogatório, os psicanalistas não estão preocupados em
atribuir sentido a todos os comportamentos das crianças autistas. O processo terapêutico
não é somente realizado com as crianças, também envolve os pais. No tratamento
psicanalítico, não adiantaria realizar alguma atividade com os filhos, deixando os pais de
fora, por que o autismo é compreendido em relação à falhas na função materna e paterna.
Muitas vezes, os pais apresentam certa resistência pela dificuldade de mudar sua
relação com o filho autista, comprometendo assim o tratamento. 6
Uma forma de extrema importância para o desenvolvimento da interação da criança
autista são as brincadeiras lúdicas.
Através da atividade lúdica, a criança aprende a conviver, a ganhar e perder, a
esperar por sua vez, ela desenvolve a criatividade e a espontaneidade da criança, ajuda a
conhecer e explorar o mundo. Processa-se em torno do grupo, nas necessidades individuais,
facilita a convivência entre a criança e o professor, pois recrear é educar.
As atividades lúdicas têm como papel fundamental estruturar o psiquismo da
criança e a psicomotricidade, brincando a criança utiliza fantasia e realidade, começa saber
o que é real e imaginário, aprendendo a utilizar sua imaginação, seus afetos, seus conflitos e
suas ansiedades e assim assume múltiplos papeis e fecunda competência cognitiva e
interativas.
Conclui-se, segundo Nasser7
, que é através das atividades psicomotoras: jogos,
atividades lúdicas e brincadeiras que a criança explorara o mundo, elaborando seu espaço,
psíquico, ligações afetivas e domínio do seu próprio corpo. A criança adquire sua relação
com o lúdico, brincando desde bebê, através das interações sociais.
OBJETIVO
Refletir conceitos psicanalíticos sobre o autismo e sua interface com a conceituação
atual do transtorno autista.
JUSTIFICATIVA
O transtorno autista configura-se como desafio importante dentro da área de saúde
mental. As especificidades diagnósticas e a falta de informação acabam por dificultar a
caracterização e diagnóstico, postergando as intervenções apropriadas.
A psicanálise com técnica terapêutica constitui-se com sua probabilidade viável de
intervenção neste âmbito, que pode favorecer a minimização dos sintomas e propiciar na
melhora da interação social.
MÉTODO
Foi realizado um levantamento bibliográfico sobre o tema autismo, com
rastreamento de artigos e capítulos de livros, em acervos físicos e virtuais.
DISCUSSÃO
Como foi relatado neste artigo, o autismo visto em uma abordagem psicanalítica
destaca o transtorno afetivo como principal causador da síndrome.
Segundo Cullere-Crespin 8
citando Winnicott, o mesmo enfatiza a importância das
primeiras relações que a criança estabelece com o ambiente, sendo a mãe o protótipo dele.
“Preocupação materna primária” foi o termo denominado para demonstrar o estado
psicológico especial em que a mãe se encontra para desempenhar a função materna. Neste
estado de “preocupação materna primária”, a mulher esquece que antes de ser mãe, era
mulher e esposa, tinha tempo para dedicar-se a ela e ao seu marido. Com a vinda de um
filho, tende a dedicar-se ao filho de uma forma integral.
Com essa intensa relação, a mãe passa a interpretar suas necessidades através do
choro ou movimentos.
Quando a mãe vê o filho chorando e supõe que é fome, ela também está supondo a
existência de um sujeito. E quando a mãe não consegue supor nada? Quando ela toma seu
filho como prolongamento dela própria? Isso geralmente ocorre por uma falência
concomitante da função materna e paterna. 8
Na relação mãe-bebê, a presença do pai, ou alguém que represente a função paterna,
tem a responsabilidade na constituição psíquica da criança.
Segundo Rocha,9
a função paterna é uma quantidade de trabalho psíquico exigido do
pai no contato com o bebê. Este trabalho psíquico consiste não só no investimento pulsional
desse pai em relação a esse bebê, mas também na limitação da “loucura materna”,
sustentando assim uma distância entre a mãe e o bebê.
Durante a gravidez, a mãe permanece numa sintonia quase alucinatória com o bebê,
assim ela se oferece como objeto de investimento erótico para o filho, fomentando-lhe a
vida pulsional. Essa loucura é indispensável para a constituição do sujeito, mas é
contrabalançada por uma outra relação mãe-bebê, para que não tenha efeitos nefastos. Por
um lado a mãe exerce a função de seduzir o bebê, por outro, deveria funcionar como
espelho para ele, o que é só viável se a ela for possível conter sua própria vida pulsional.
Nesse sentido seria impensável o exercício da função materna sem a função paterna
representaria, desde sempre, uma limitação à loucura materna, à medida que sinaliza
permanentemente para uma inevitável separação. 10
Esse quadro clínico também pode ser decorrente de infecções gestacionais como
rubéola, toxoplasmose, citomegalia congênitas, neurofibromatose, traumatismos de parto,
meningoencefalites,traumatismos crânio-encefálicos. Portanto, sua determinação é
multifatorial e não psicológica, como se acreditou durante muitas décadas. 11
Hoje sabemos que o espectro autístico é composto por vários subgrupos: autismo
típico, síndrome de Asperger, síndromede Rett, e autismo atípico, com diagnóstico
diferencial parasíndrome do X frágil, síndrome de Landau-Kleffner, síndromede Williams.
Há consenso mundial atual de que esses pacientes têm uma dificuldade de apreender os
sentimentos do outro, mantendo um ponto de vista pessoal e único à respeito do mundo,
com visão concreta e estereotipada dos fenômenos mentais. Quanto ao seu grau de
compreensão, podemos dividir os pacientes autistas em 02 subgrupos: os de baixo
funcionamento, com deficiência mental associada e, os de alto funcionamento,com
inteligência e habilidades mentais superiores. Lembramos também que 1/3 desses pacientes
manifestam crises convulsivas até o período da adolescência, denotando um componente
cerebral importante na sua condição clínica.11
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O assunto abordado foi de extrema importância para a aquisição do conhecimento.
Através de pesquisas e discussões, foi possível discriminar idéias de diversos autores sobre
o autismo abordado em uma visão psicanalítica.
Durante a realização do artigo, assumimos o desafio de procurar transmitir de uma
forma clara, a relação afetiva e toda a complexidade que envolve o tratamento psicanalítico
do autismo. Também ficou evidente no decorrer das diversas fases do trabalho, a falta de
informação dos pais das crianças autistas, que dificulta a aceitação e o tratamento. Por
conta disso, a psicanálise atua não só na criança, mas também nos pais, pois eles são o
protótipo da criança.
Foi de fundamental importância a conclusão deste trabalho para que possamos
compreender o transtorno autista, mas será que o universo autista “perfeito e impenetrável”
poderá um dia ser decodificado?
REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. DSM IV-TR Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. American
Psychiatric Association. Porto Alegre: Artmed, 2002
2. Silva, A C Abordagem Comportamental do Autismo; Fortaleza CE; 2008
3. Perissinoto, J Autismo. Pulso. São Paulo, 2003
4. Laindler, J R The "Refrigerator Mother" Hypothesis of Autism; Portland, Oregon: USA;
2. Ed, 2004.
5. Winnicott, D W Pensando sobre Crianças. Porto Alegre RS: Artes Médicas; 1966.
6. Neda, G D ; Doria, M ; Marinho, S T ; Filho U P O Autismo no Enfoque Psicanalítico.
Salvador BA; 2006
7. NASSER, AA importância da Ludicidade, jogos e brincadeiras no desenvolvimento da
psicomotricidade. São Paulo SP, 2004.
8. Cullere-Crespin, G A Clínica Precoce: contribuição ao estudo da emergência do
psiquismo no bebê. In. A Clínica Precoce: O Nascimento do Humano. São Paulo SP: Casa
do Psicólogo, 2004, p. 13-45.
9. Rocha, P S A Função Paterna Revisitada. In Rocha, P (org) Autismos. São Paulo: Escuta
1997 p. 61-67.
10. Cavalcante A. E. O que a clínica do autismo pode nos fazer pensar sobre a constituição
das subjetividades na contemporaneidade. XV Jornada do Círculo Psicanalítico de PE,
“feminilidade e subjetividade”. Recife PE, 1998.
11. Domingues, M W O autismo e sua relação com a psicanálise. Prêmio Fato Literário
2008 Ano Cyro Martins, São Paulo SP, 2003.
Autismo e abordagem psicanalítica

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Manual Sobre autismo para médicos e terapeutas
Manual Sobre autismo para médicos e terapeutasManual Sobre autismo para médicos e terapeutas
Manual Sobre autismo para médicos e terapeutasMeri Sandra
 
HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA INFANTIL NA BAHIA
HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA INFANTIL NA BAHIAHISTÓRIA DA PSIQUIATRIA INFANTIL NA BAHIA
HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA INFANTIL NA BAHIASolangerubim111
 
O AUTISMO E A ESTIMULAÇÃO SENSORIAL: UM OLHAR PSICOMOTOR
O AUTISMO E A ESTIMULAÇÃO SENSORIAL: UM OLHAR PSICOMOTORO AUTISMO E A ESTIMULAÇÃO SENSORIAL: UM OLHAR PSICOMOTOR
O AUTISMO E A ESTIMULAÇÃO SENSORIAL: UM OLHAR PSICOMOTORRaphaela Marques
 
Estimulando todos os sentidos de 0 a 6 anos
Estimulando todos os sentidos de 0 a 6 anosEstimulando todos os sentidos de 0 a 6 anos
Estimulando todos os sentidos de 0 a 6 anosMeri Sandra
 
Autismo-Manual_para_as_Escolas
Autismo-Manual_para_as_EscolasAutismo-Manual_para_as_Escolas
Autismo-Manual_para_as_EscolasRosane Domingues
 
A PSICOMOTRICIDADE JUNTO AO AUTISMO INFANTIL: TRABALHANDO O CORPO ATRAVÉS DA ...
A PSICOMOTRICIDADE JUNTO AO AUTISMO INFANTIL: TRABALHANDO O CORPO ATRAVÉS DA ...A PSICOMOTRICIDADE JUNTO AO AUTISMO INFANTIL: TRABALHANDO O CORPO ATRAVÉS DA ...
A PSICOMOTRICIDADE JUNTO AO AUTISMO INFANTIL: TRABALHANDO O CORPO ATRAVÉS DA ...Raphaela Marques
 
As salas de recursos multifuncionais no atendimento dos autistas
As salas de recursos multifuncionais no atendimento dos autistasAs salas de recursos multifuncionais no atendimento dos autistas
As salas de recursos multifuncionais no atendimento dos autistasAna Claudia Nascimento Teixeira
 
O genesis do crescimento infanto juvenil é parceiro da cognição
O genesis do crescimento infanto juvenil é parceiro da cogniçãoO genesis do crescimento infanto juvenil é parceiro da cognição
O genesis do crescimento infanto juvenil é parceiro da cogniçãoVan Der Häägen Brazil
 
O GENESIS DO CRESCIMENTO INFANTO JUVENIL É PARCEIRO DA COGNIÇÃO
O GENESIS DO CRESCIMENTO INFANTO JUVENIL É PARCEIRO DA COGNIÇÃOO GENESIS DO CRESCIMENTO INFANTO JUVENIL É PARCEIRO DA COGNIÇÃO
O GENESIS DO CRESCIMENTO INFANTO JUVENIL É PARCEIRO DA COGNIÇÃOVan Der Häägen Brazil
 
Autismo: desafios da inclusão da criança autista na escola regular
Autismo: desafios da inclusão da criança autista na escola regularAutismo: desafios da inclusão da criança autista na escola regular
Autismo: desafios da inclusão da criança autista na escola regularJanderly Reis
 

Mais procurados (14)

Manual Sobre autismo para médicos e terapeutas
Manual Sobre autismo para médicos e terapeutasManual Sobre autismo para médicos e terapeutas
Manual Sobre autismo para médicos e terapeutas
 
HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA INFANTIL NA BAHIA
HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA INFANTIL NA BAHIAHISTÓRIA DA PSIQUIATRIA INFANTIL NA BAHIA
HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA INFANTIL NA BAHIA
 
Biografias
BiografiasBiografias
Biografias
 
O AUTISMO E A ESTIMULAÇÃO SENSORIAL: UM OLHAR PSICOMOTOR
O AUTISMO E A ESTIMULAÇÃO SENSORIAL: UM OLHAR PSICOMOTORO AUTISMO E A ESTIMULAÇÃO SENSORIAL: UM OLHAR PSICOMOTOR
O AUTISMO E A ESTIMULAÇÃO SENSORIAL: UM OLHAR PSICOMOTOR
 
Estimulando todos os sentidos de 0 a 6 anos
Estimulando todos os sentidos de 0 a 6 anosEstimulando todos os sentidos de 0 a 6 anos
Estimulando todos os sentidos de 0 a 6 anos
 
Autismo-Manual_para_as_Escolas
Autismo-Manual_para_as_EscolasAutismo-Manual_para_as_Escolas
Autismo-Manual_para_as_Escolas
 
A PSICOMOTRICIDADE JUNTO AO AUTISMO INFANTIL: TRABALHANDO O CORPO ATRAVÉS DA ...
A PSICOMOTRICIDADE JUNTO AO AUTISMO INFANTIL: TRABALHANDO O CORPO ATRAVÉS DA ...A PSICOMOTRICIDADE JUNTO AO AUTISMO INFANTIL: TRABALHANDO O CORPO ATRAVÉS DA ...
A PSICOMOTRICIDADE JUNTO AO AUTISMO INFANTIL: TRABALHANDO O CORPO ATRAVÉS DA ...
 
As salas de recursos multifuncionais no atendimento dos autistas
As salas de recursos multifuncionais no atendimento dos autistasAs salas de recursos multifuncionais no atendimento dos autistas
As salas de recursos multifuncionais no atendimento dos autistas
 
O genesis do crescimento infanto juvenil é parceiro da cognição
O genesis do crescimento infanto juvenil é parceiro da cogniçãoO genesis do crescimento infanto juvenil é parceiro da cognição
O genesis do crescimento infanto juvenil é parceiro da cognição
 
O GENESIS DO CRESCIMENTO INFANTO JUVENIL É PARCEIRO DA COGNIÇÃO
O GENESIS DO CRESCIMENTO INFANTO JUVENIL É PARCEIRO DA COGNIÇÃOO GENESIS DO CRESCIMENTO INFANTO JUVENIL É PARCEIRO DA COGNIÇÃO
O GENESIS DO CRESCIMENTO INFANTO JUVENIL É PARCEIRO DA COGNIÇÃO
 
Autismo e asperger
Autismo e aspergerAutismo e asperger
Autismo e asperger
 
Autismo artigo
Autismo artigoAutismo artigo
Autismo artigo
 
Autismo: desafios da inclusão da criança autista na escola regular
Autismo: desafios da inclusão da criança autista na escola regularAutismo: desafios da inclusão da criança autista na escola regular
Autismo: desafios da inclusão da criança autista na escola regular
 
Trastorno de atencion
Trastorno de atencionTrastorno de atencion
Trastorno de atencion
 

Destaque

Trabalho Interdiciplinar Dirigido ll - Transtorno do Espectro Autista
Trabalho Interdiciplinar Dirigido ll - Transtorno do Espectro Autista Trabalho Interdiciplinar Dirigido ll - Transtorno do Espectro Autista
Trabalho Interdiciplinar Dirigido ll - Transtorno do Espectro Autista Bia Oliveira
 
Identificando o autismo - Parte I
Identificando o autismo - Parte IIdentificando o autismo - Parte I
Identificando o autismo - Parte Iinstitutowalden4
 
Análise do Comportamento Aplicada: usando avaliação funcional para identifica...
Análise do Comportamento Aplicada: usando avaliação funcional para identifica...Análise do Comportamento Aplicada: usando avaliação funcional para identifica...
Análise do Comportamento Aplicada: usando avaliação funcional para identifica...Ana Arantes
 
Slide Autismo
Slide   AutismoSlide   Autismo
Slide AutismoUNIME
 
87 autismo e adaptação na educação infantil por simone helen drumond
87 autismo e adaptação na educação infantil por simone helen drumond87 autismo e adaptação na educação infantil por simone helen drumond
87 autismo e adaptação na educação infantil por simone helen drumondSimoneHelenDrumond
 
Pedagogia - Autismo
Pedagogia - AutismoPedagogia - Autismo
Pedagogia - AutismoAurivan
 
Jogos e atividades para Autista
Jogos e atividades para AutistaJogos e atividades para Autista
Jogos e atividades para AutistaPri Domingos
 
75 jogos e brincadeiras na aprendizagem do autista por simone helen drumond
75 jogos e brincadeiras na aprendizagem do  autista por simone helen drumond75 jogos e brincadeiras na aprendizagem do  autista por simone helen drumond
75 jogos e brincadeiras na aprendizagem do autista por simone helen drumondSimoneHelenDrumond
 

Destaque (13)

Trabalho Interdiciplinar Dirigido ll - Transtorno do Espectro Autista
Trabalho Interdiciplinar Dirigido ll - Transtorno do Espectro Autista Trabalho Interdiciplinar Dirigido ll - Transtorno do Espectro Autista
Trabalho Interdiciplinar Dirigido ll - Transtorno do Espectro Autista
 
A u t i s m o crbbm
A u t i s m o crbbmA u t i s m o crbbm
A u t i s m o crbbm
 
Identificando o autismo - Parte I
Identificando o autismo - Parte IIdentificando o autismo - Parte I
Identificando o autismo - Parte I
 
Bases NeurobiolóGicas Do Autismo 2010
Bases NeurobiolóGicas Do Autismo   2010Bases NeurobiolóGicas Do Autismo   2010
Bases NeurobiolóGicas Do Autismo 2010
 
PLANO DE TRATAMENTO DE UM AUTISTA
PLANO DE TRATAMENTO DE UM AUTISTAPLANO DE TRATAMENTO DE UM AUTISTA
PLANO DE TRATAMENTO DE UM AUTISTA
 
Análise do Comportamento Aplicada: usando avaliação funcional para identifica...
Análise do Comportamento Aplicada: usando avaliação funcional para identifica...Análise do Comportamento Aplicada: usando avaliação funcional para identifica...
Análise do Comportamento Aplicada: usando avaliação funcional para identifica...
 
Slide Autismo
Slide   AutismoSlide   Autismo
Slide Autismo
 
Manual ABA
Manual ABAManual ABA
Manual ABA
 
87 autismo e adaptação na educação infantil por simone helen drumond
87 autismo e adaptação na educação infantil por simone helen drumond87 autismo e adaptação na educação infantil por simone helen drumond
87 autismo e adaptação na educação infantil por simone helen drumond
 
Pedagogia - Autismo
Pedagogia - AutismoPedagogia - Autismo
Pedagogia - Autismo
 
A rotina de um autista
A rotina de um autistaA rotina de um autista
A rotina de um autista
 
Jogos e atividades para Autista
Jogos e atividades para AutistaJogos e atividades para Autista
Jogos e atividades para Autista
 
75 jogos e brincadeiras na aprendizagem do autista por simone helen drumond
75 jogos e brincadeiras na aprendizagem do  autista por simone helen drumond75 jogos e brincadeiras na aprendizagem do  autista por simone helen drumond
75 jogos e brincadeiras na aprendizagem do autista por simone helen drumond
 

Semelhante a Autismo e abordagem psicanalítica

Autismo orientação para os pais
Autismo   orientação para os paisAutismo   orientação para os pais
Autismo orientação para os paisRosane Domingues
 
Conselhos para Pais de Autistas
Conselhos para Pais de Autistas Conselhos para Pais de Autistas
Conselhos para Pais de Autistas Sarah Olliver
 
76. autismo infantil a importância do tratamento precoce
76. autismo infantil   a importância do tratamento precoce76. autismo infantil   a importância do tratamento precoce
76. autismo infantil a importância do tratamento precoceDebora Maria Stadler
 
Eugenio cunha autismo, aprendizagem e inclusão ppt
Eugenio cunha autismo, aprendizagem e inclusão pptEugenio cunha autismo, aprendizagem e inclusão ppt
Eugenio cunha autismo, aprendizagem e inclusão pptMarlene Campos
 
A perspectiva desenvolvimentista para a intervenção precoce no autismo
A perspectiva desenvolvimentista para a intervenção precoce no autismoA perspectiva desenvolvimentista para a intervenção precoce no autismo
A perspectiva desenvolvimentista para a intervenção precoce no autismoLeonardo Faria
 
Além do sentido e do significado
Além do sentido e do significadoAlém do sentido e do significado
Além do sentido e do significadoguestf01653
 
Aula9 25 maio-exercicio_resenha
Aula9 25 maio-exercicio_resenhaAula9 25 maio-exercicio_resenha
Aula9 25 maio-exercicio_resenhaBeatriz Sallet
 
Aula9 25 maio-exercicio_resenha
Aula9 25 maio-exercicio_resenhaAula9 25 maio-exercicio_resenha
Aula9 25 maio-exercicio_resenhaCybeli Moraes
 
Mediunidadee obsessaoemcriancas
Mediunidadee obsessaoemcriancasMediunidadee obsessaoemcriancas
Mediunidadee obsessaoemcriancasTatiana Lucas
 
Cartilha para fases da crianças 1
Cartilha para fases da crianças 1Cartilha para fases da crianças 1
Cartilha para fases da crianças 1Kátia Rumbelsperger
 

Semelhante a Autismo e abordagem psicanalítica (20)

Curso Teoria do Apego
Curso Teoria do ApegoCurso Teoria do Apego
Curso Teoria do Apego
 
Autismo orientação para os pais
Autismo   orientação para os paisAutismo   orientação para os pais
Autismo orientação para os pais
 
Cartilha autismo para pais
Cartilha autismo para paisCartilha autismo para pais
Cartilha autismo para pais
 
Conselhos para Pais de Autistas
Conselhos para Pais de Autistas Conselhos para Pais de Autistas
Conselhos para Pais de Autistas
 
Desenvolvimento Spitz
Desenvolvimento SpitzDesenvolvimento Spitz
Desenvolvimento Spitz
 
Relações precoces
Relações precocesRelações precoces
Relações precoces
 
Autsimo
AutsimoAutsimo
Autsimo
 
Slide para blog sobre Autismo
Slide para blog sobre AutismoSlide para blog sobre Autismo
Slide para blog sobre Autismo
 
76. autismo infantil a importância do tratamento precoce
76. autismo infantil   a importância do tratamento precoce76. autismo infantil   a importância do tratamento precoce
76. autismo infantil a importância do tratamento precoce
 
Eugenio cunha autismo, aprendizagem e inclusão ppt
Eugenio cunha autismo, aprendizagem e inclusão pptEugenio cunha autismo, aprendizagem e inclusão ppt
Eugenio cunha autismo, aprendizagem e inclusão ppt
 
Apresentacao claudia mascarenhas
Apresentacao claudia mascarenhasApresentacao claudia mascarenhas
Apresentacao claudia mascarenhas
 
Autismo aula power point
Autismo aula power pointAutismo aula power point
Autismo aula power point
 
A perspectiva desenvolvimentista para a intervenção precoce no autismo
A perspectiva desenvolvimentista para a intervenção precoce no autismoA perspectiva desenvolvimentista para a intervenção precoce no autismo
A perspectiva desenvolvimentista para a intervenção precoce no autismo
 
Além do sentido e do significado
Além do sentido e do significadoAlém do sentido e do significado
Além do sentido e do significado
 
Manual de atividades lúdicas
Manual de atividades lúdicasManual de atividades lúdicas
Manual de atividades lúdicas
 
Apostila autismo
Apostila autismoApostila autismo
Apostila autismo
 
Aula9 25 maio-exercicio_resenha
Aula9 25 maio-exercicio_resenhaAula9 25 maio-exercicio_resenha
Aula9 25 maio-exercicio_resenha
 
Aula9 25 maio-exercicio_resenha
Aula9 25 maio-exercicio_resenhaAula9 25 maio-exercicio_resenha
Aula9 25 maio-exercicio_resenha
 
Mediunidadee obsessaoemcriancas
Mediunidadee obsessaoemcriancasMediunidadee obsessaoemcriancas
Mediunidadee obsessaoemcriancas
 
Cartilha para fases da crianças 1
Cartilha para fases da crianças 1Cartilha para fases da crianças 1
Cartilha para fases da crianças 1
 

Último

Simulado Bernoulli Enem_2-Primeiro dia.pdf
Simulado Bernoulli Enem_2-Primeiro dia.pdfSimulado Bernoulli Enem_2-Primeiro dia.pdf
Simulado Bernoulli Enem_2-Primeiro dia.pdfAnnaCarolina242437
 
Estudo de caso para o aplicativo SÓ FLÔ.
Estudo de caso para o aplicativo SÓ FLÔ.Estudo de caso para o aplicativo SÓ FLÔ.
Estudo de caso para o aplicativo SÓ FLÔ.Érica Pizzino
 
Exame De Suficiencia Para Obtencao Do Titulo De Especialista Em Medicina De F...
Exame De Suficiencia Para Obtencao Do Titulo De Especialista Em Medicina De F...Exame De Suficiencia Para Obtencao Do Titulo De Especialista Em Medicina De F...
Exame De Suficiencia Para Obtencao Do Titulo De Especialista Em Medicina De F...AnnaCarolina242437
 
AVALIA_CHUM_EFI_5 ANO_AV_2SEMESTRE_2023.pdf
AVALIA_CHUM_EFI_5 ANO_AV_2SEMESTRE_2023.pdfAVALIA_CHUM_EFI_5 ANO_AV_2SEMESTRE_2023.pdf
AVALIA_CHUM_EFI_5 ANO_AV_2SEMESTRE_2023.pdfAnnaCarolina242437
 
MARANATA - 19_04_2024.pptx | Maranata 2024
MARANATA - 19_04_2024.pptx | Maranata 2024MARANATA - 19_04_2024.pptx | Maranata 2024
MARANATA - 19_04_2024.pptx | Maranata 2024CarolTelles6
 
Antonio Pereira_Vale+comunidade_set a dez_2023.pdf
Antonio Pereira_Vale+comunidade_set a dez_2023.pdfAntonio Pereira_Vale+comunidade_set a dez_2023.pdf
Antonio Pereira_Vale+comunidade_set a dez_2023.pdfAnnaCarolina242437
 
Simulado Enem Bernoulli-Primeiro dia.pdf
Simulado Enem Bernoulli-Primeiro dia.pdfSimulado Enem Bernoulli-Primeiro dia.pdf
Simulado Enem Bernoulli-Primeiro dia.pdfAnnaCarolina242437
 
Design para o futuro 2024 - Leiautar.pdf
Design para o futuro 2024 - Leiautar.pdfDesign para o futuro 2024 - Leiautar.pdf
Design para o futuro 2024 - Leiautar.pdfCharlesFranklin13
 

Último (8)

Simulado Bernoulli Enem_2-Primeiro dia.pdf
Simulado Bernoulli Enem_2-Primeiro dia.pdfSimulado Bernoulli Enem_2-Primeiro dia.pdf
Simulado Bernoulli Enem_2-Primeiro dia.pdf
 
Estudo de caso para o aplicativo SÓ FLÔ.
Estudo de caso para o aplicativo SÓ FLÔ.Estudo de caso para o aplicativo SÓ FLÔ.
Estudo de caso para o aplicativo SÓ FLÔ.
 
Exame De Suficiencia Para Obtencao Do Titulo De Especialista Em Medicina De F...
Exame De Suficiencia Para Obtencao Do Titulo De Especialista Em Medicina De F...Exame De Suficiencia Para Obtencao Do Titulo De Especialista Em Medicina De F...
Exame De Suficiencia Para Obtencao Do Titulo De Especialista Em Medicina De F...
 
AVALIA_CHUM_EFI_5 ANO_AV_2SEMESTRE_2023.pdf
AVALIA_CHUM_EFI_5 ANO_AV_2SEMESTRE_2023.pdfAVALIA_CHUM_EFI_5 ANO_AV_2SEMESTRE_2023.pdf
AVALIA_CHUM_EFI_5 ANO_AV_2SEMESTRE_2023.pdf
 
MARANATA - 19_04_2024.pptx | Maranata 2024
MARANATA - 19_04_2024.pptx | Maranata 2024MARANATA - 19_04_2024.pptx | Maranata 2024
MARANATA - 19_04_2024.pptx | Maranata 2024
 
Antonio Pereira_Vale+comunidade_set a dez_2023.pdf
Antonio Pereira_Vale+comunidade_set a dez_2023.pdfAntonio Pereira_Vale+comunidade_set a dez_2023.pdf
Antonio Pereira_Vale+comunidade_set a dez_2023.pdf
 
Simulado Enem Bernoulli-Primeiro dia.pdf
Simulado Enem Bernoulli-Primeiro dia.pdfSimulado Enem Bernoulli-Primeiro dia.pdf
Simulado Enem Bernoulli-Primeiro dia.pdf
 
Design para o futuro 2024 - Leiautar.pdf
Design para o futuro 2024 - Leiautar.pdfDesign para o futuro 2024 - Leiautar.pdf
Design para o futuro 2024 - Leiautar.pdf
 

Autismo e abordagem psicanalítica

  • 1. EDUARDO LUIS BECK – RA 910209539 AUTISMO BASEADO NAABORDAGEM PSICANALÍTICA UNINOVE São Paulo 2010
  • 2. EDUARDO LUIS BECK – RA 910209539 AUTISMO BASEADO NAABORDAGEM PSICANALÍTICA Relatório Final de Estágio Básico I do Curso de Psicologia, sob supervisão da Prof. Valéria Lucarelli Mocelin UNINOVE São Paulo 2010
  • 3. RESUMO Este artigo apresenta uma leitura psicanalítica do autismo, acompanhada cuidadosamente dos textos que tratavam do tema a partir da referida abordagem, evidenciando a etiologia e o tratamento. No decorrer deste artigo, destacamos a terapia psicanalítica que envolve não só as crianças com o transtorno, mas também os pais e pessoas diretamente ligadas a elas. Por fim, ressaltamos a importância das brincadeiras e dos jogos lúdicos para o tratamento do autismo, com o objetivo de destacar a influência do terapeuta no desenvolvimento interativo da criança. PALAVRAS-CHAVE: Transtorno Autista, função materna, tratamento psicanalítico, conceito psicanalítico do autismo, jogos lúdicos.
  • 4. SUMÁRIO Introdução................................................................................................05 Objetivo....................................................................................................08 Justificativa..............................................................................................08 Método.....................................................................................................08 Discussão.................................................................................................09 Considerações Finais...............................................................................11 Referências Bibliográficas.......................................................................12 Anexos.....................................................................................................13
  • 5. INTRODUÇÃO “… Imagine chegar em um país onde você não entende a língua e não conhece os costumes – e ninguém entende o que você quer ou precisa. Você, na tentativa de se organizar e entender esse ambiente, provavelmente apresentará comportamentos que os nativos acharão estranhos…” (Manual de Treinamento ABA – Help us learn – Ajude-nos a aprender.) O estudo do tema autismo é desafio para a comunidade científica, visto a diversidade de sintomas e características, o que contribui certa dificuldade em se realizar o diagnóstico diferencial. O Transtorno autista é uma alteração cerebral que afeta a capacidade da pessoa se comunicar, estabelecer relacionamentos e responder apropriadamente ao ambiente. Essas crianças apresentam retardo mental, mutismo ou importantes atrasos no desenvolvimento da linguagem. Em alguns casos, podem apresentar inteligência e linguagem intactas. Alguns parecem distantes e pouco acessíveis ao contato externo, evidenciam tendência a apresentar padrões de comportamentos restritos e rígidos. Além disso, o indivíduo com o transtorno autista tem padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamentos. Geralmente o diagnóstico ocorre antes dos três anos de idade. Outros sintomas e comportamentos podem ser encontrados no DSM IV-TR. ¹ Os pais são os primeiros a perceber alterações no bebê, este desde o nascimento pode mostrar-se indiferente a estimulação por pessoas ou brinquedos, focando sua atenção prolongadamente por determinados objetos. Por outro lado, certas crianças começam com um desenvolvimento normal nos primeiros meses, e pode ser identificada uma regressão do desenvolvimento.² Contudo, os sinais do autismo podem passar desapercebidos pelos familiares, sendo considerados como características próprias da criança em questão, como certamente posterga o diagnóstico e as intervenções.
  • 6. Segundo Perissinoto3 citando Leo Kanner, que foi o primeiro responsável por apresentar um estudo com onze casos de autismo, a observação de Kanner determinou o autismo como característica marcante; neste momento, teve origem a expressão “Distúrbio Autístico do Contato Afetivo” para se referir a estas crianças . Considerou que as crianças autistas nasciam assim, devido ao aparecimento da síndrome em idade precoce. Seu contato com os pais foi alterando suas opiniões. Observou que os pais destas crianças estabeleciam um contato afetivo distante com elas, e foi Kanner, segundo Costa e Silva2 que criou o termo “mãe geladeira” para referir-se às mães de autistas, onde estas mães estabeleciam um contato frio e distante, promovendo assim neles uma hostilidade inconsciente a qual seria direcionada para situações de demanda social. O mesmo autor destaca que apesar do termo ter sido criado por Kanner foi Bruno Bettelheim a popularidade do termo. Em seus artigos nos anos 50 e 60, enfatizou a idéia que existiam uma falha básica na relação mãe-bebê. O rótulo “mãe geladeira” culpabilizou por décadas as mães pela etiologia do autismo. Com os avanços nos diagnósticos foi possível descaracterizar esta idéia, ampliando as causas para o autismo, sendo multifatorial 4 . Donald Woods Winnicott5 escreveu em seu livro, um capítulo sobre o autismo com a intenção de contribuir para que os problemas pessoais associados ao assunto venha nos ajudar a compreender o desenvolvimento infantil. Winnicott discorda da terminologia de Leo Kanner de 1943. Ele diz que “depois de este termo ter sido inventado e aplicado, estava montado o cenário para uma coisa um tanto quanto falsa, a descoberta de uma doença”. Para Winnicott, o autismo não é uma doença, e sim um problema de desenvolvimento emocional, dizendo ainda que essa doença - o autismo - não existe.5
  • 7. O TRATAMENTO PSICANALÍTICO A primeira dúvida dos pais quando levam suas crianças autistas para algum centro de tratamento é o motivo pelo qual seus filhos apresentam tais sintomas. Em seguida, desejam saber o que podem fazer para mudar e curar seu filho. Após o diagnóstico, as crianças são encaminhadas de acordo com o caso. Vale ressaltar que o diagnóstico nem sempre é realizado facilmente, demanda tempo e muita dedicação do profissional que atende. A terapia não é um interrogatório, os psicanalistas não estão preocupados em atribuir sentido a todos os comportamentos das crianças autistas. O processo terapêutico não é somente realizado com as crianças, também envolve os pais. No tratamento psicanalítico, não adiantaria realizar alguma atividade com os filhos, deixando os pais de fora, por que o autismo é compreendido em relação à falhas na função materna e paterna. Muitas vezes, os pais apresentam certa resistência pela dificuldade de mudar sua relação com o filho autista, comprometendo assim o tratamento. 6 Uma forma de extrema importância para o desenvolvimento da interação da criança autista são as brincadeiras lúdicas. Através da atividade lúdica, a criança aprende a conviver, a ganhar e perder, a esperar por sua vez, ela desenvolve a criatividade e a espontaneidade da criança, ajuda a conhecer e explorar o mundo. Processa-se em torno do grupo, nas necessidades individuais, facilita a convivência entre a criança e o professor, pois recrear é educar. As atividades lúdicas têm como papel fundamental estruturar o psiquismo da criança e a psicomotricidade, brincando a criança utiliza fantasia e realidade, começa saber o que é real e imaginário, aprendendo a utilizar sua imaginação, seus afetos, seus conflitos e suas ansiedades e assim assume múltiplos papeis e fecunda competência cognitiva e
  • 8. interativas. Conclui-se, segundo Nasser7 , que é através das atividades psicomotoras: jogos, atividades lúdicas e brincadeiras que a criança explorara o mundo, elaborando seu espaço, psíquico, ligações afetivas e domínio do seu próprio corpo. A criança adquire sua relação com o lúdico, brincando desde bebê, através das interações sociais. OBJETIVO Refletir conceitos psicanalíticos sobre o autismo e sua interface com a conceituação atual do transtorno autista. JUSTIFICATIVA O transtorno autista configura-se como desafio importante dentro da área de saúde mental. As especificidades diagnósticas e a falta de informação acabam por dificultar a caracterização e diagnóstico, postergando as intervenções apropriadas. A psicanálise com técnica terapêutica constitui-se com sua probabilidade viável de intervenção neste âmbito, que pode favorecer a minimização dos sintomas e propiciar na melhora da interação social. MÉTODO Foi realizado um levantamento bibliográfico sobre o tema autismo, com rastreamento de artigos e capítulos de livros, em acervos físicos e virtuais.
  • 9. DISCUSSÃO Como foi relatado neste artigo, o autismo visto em uma abordagem psicanalítica destaca o transtorno afetivo como principal causador da síndrome. Segundo Cullere-Crespin 8 citando Winnicott, o mesmo enfatiza a importância das primeiras relações que a criança estabelece com o ambiente, sendo a mãe o protótipo dele. “Preocupação materna primária” foi o termo denominado para demonstrar o estado psicológico especial em que a mãe se encontra para desempenhar a função materna. Neste estado de “preocupação materna primária”, a mulher esquece que antes de ser mãe, era mulher e esposa, tinha tempo para dedicar-se a ela e ao seu marido. Com a vinda de um filho, tende a dedicar-se ao filho de uma forma integral. Com essa intensa relação, a mãe passa a interpretar suas necessidades através do choro ou movimentos. Quando a mãe vê o filho chorando e supõe que é fome, ela também está supondo a existência de um sujeito. E quando a mãe não consegue supor nada? Quando ela toma seu filho como prolongamento dela própria? Isso geralmente ocorre por uma falência concomitante da função materna e paterna. 8 Na relação mãe-bebê, a presença do pai, ou alguém que represente a função paterna, tem a responsabilidade na constituição psíquica da criança. Segundo Rocha,9 a função paterna é uma quantidade de trabalho psíquico exigido do pai no contato com o bebê. Este trabalho psíquico consiste não só no investimento pulsional desse pai em relação a esse bebê, mas também na limitação da “loucura materna”, sustentando assim uma distância entre a mãe e o bebê. Durante a gravidez, a mãe permanece numa sintonia quase alucinatória com o bebê, assim ela se oferece como objeto de investimento erótico para o filho, fomentando-lhe a vida pulsional. Essa loucura é indispensável para a constituição do sujeito, mas é
  • 10. contrabalançada por uma outra relação mãe-bebê, para que não tenha efeitos nefastos. Por um lado a mãe exerce a função de seduzir o bebê, por outro, deveria funcionar como espelho para ele, o que é só viável se a ela for possível conter sua própria vida pulsional. Nesse sentido seria impensável o exercício da função materna sem a função paterna representaria, desde sempre, uma limitação à loucura materna, à medida que sinaliza permanentemente para uma inevitável separação. 10 Esse quadro clínico também pode ser decorrente de infecções gestacionais como rubéola, toxoplasmose, citomegalia congênitas, neurofibromatose, traumatismos de parto, meningoencefalites,traumatismos crânio-encefálicos. Portanto, sua determinação é multifatorial e não psicológica, como se acreditou durante muitas décadas. 11 Hoje sabemos que o espectro autístico é composto por vários subgrupos: autismo típico, síndrome de Asperger, síndromede Rett, e autismo atípico, com diagnóstico diferencial parasíndrome do X frágil, síndrome de Landau-Kleffner, síndromede Williams. Há consenso mundial atual de que esses pacientes têm uma dificuldade de apreender os sentimentos do outro, mantendo um ponto de vista pessoal e único à respeito do mundo, com visão concreta e estereotipada dos fenômenos mentais. Quanto ao seu grau de compreensão, podemos dividir os pacientes autistas em 02 subgrupos: os de baixo funcionamento, com deficiência mental associada e, os de alto funcionamento,com inteligência e habilidades mentais superiores. Lembramos também que 1/3 desses pacientes manifestam crises convulsivas até o período da adolescência, denotando um componente cerebral importante na sua condição clínica.11
  • 11. CONSIDERAÇÕES FINAIS O assunto abordado foi de extrema importância para a aquisição do conhecimento. Através de pesquisas e discussões, foi possível discriminar idéias de diversos autores sobre o autismo abordado em uma visão psicanalítica. Durante a realização do artigo, assumimos o desafio de procurar transmitir de uma forma clara, a relação afetiva e toda a complexidade que envolve o tratamento psicanalítico do autismo. Também ficou evidente no decorrer das diversas fases do trabalho, a falta de informação dos pais das crianças autistas, que dificulta a aceitação e o tratamento. Por conta disso, a psicanálise atua não só na criança, mas também nos pais, pois eles são o protótipo da criança. Foi de fundamental importância a conclusão deste trabalho para que possamos compreender o transtorno autista, mas será que o universo autista “perfeito e impenetrável” poderá um dia ser decodificado? REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. DSM IV-TR Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. American
  • 12. Psychiatric Association. Porto Alegre: Artmed, 2002 2. Silva, A C Abordagem Comportamental do Autismo; Fortaleza CE; 2008 3. Perissinoto, J Autismo. Pulso. São Paulo, 2003 4. Laindler, J R The "Refrigerator Mother" Hypothesis of Autism; Portland, Oregon: USA; 2. Ed, 2004. 5. Winnicott, D W Pensando sobre Crianças. Porto Alegre RS: Artes Médicas; 1966. 6. Neda, G D ; Doria, M ; Marinho, S T ; Filho U P O Autismo no Enfoque Psicanalítico. Salvador BA; 2006 7. NASSER, AA importância da Ludicidade, jogos e brincadeiras no desenvolvimento da psicomotricidade. São Paulo SP, 2004. 8. Cullere-Crespin, G A Clínica Precoce: contribuição ao estudo da emergência do psiquismo no bebê. In. A Clínica Precoce: O Nascimento do Humano. São Paulo SP: Casa do Psicólogo, 2004, p. 13-45. 9. Rocha, P S A Função Paterna Revisitada. In Rocha, P (org) Autismos. São Paulo: Escuta 1997 p. 61-67. 10. Cavalcante A. E. O que a clínica do autismo pode nos fazer pensar sobre a constituição das subjetividades na contemporaneidade. XV Jornada do Círculo Psicanalítico de PE, “feminilidade e subjetividade”. Recife PE, 1998. 11. Domingues, M W O autismo e sua relação com a psicanálise. Prêmio Fato Literário 2008 Ano Cyro Martins, São Paulo SP, 2003.