Este documento resume o Romantismo na prosa brasileira no século XIX. Aproximadamente nessa época, buscou-se definir a identidade nacional brasileira através do projeto romântico de construir uma cultura autônoma. Isso deu origem ao romance brasileiro, com três principais tipos: indianista, retratando a vida primitiva; regional, retratando a vida rural; e urbano, retratando a vida citadina. Autores importantes desse período incluem José de Alencar e Manuel Ant
8. CONTEXTO HISTÓRICO
Romanço Romance.
Independência do Brasil (1822).
Procurou-se definir nação, povo,
língua e cultura brasileira.
Projeto romântico: construção de uma
cultura brasileira autônoma.
Nascimento do romance brasileiro.
Classe consumidora: burguesia.
9. TIPOS DE PROSA ROMÂNTICA
Romance indianista (a vida primitiva)
Romance regional (a vida rural)
Romance urbano (a vida citadina)
10. CARACTERÍSTICAS
A busca da identidade nacional (selva,
campo, cidade).
Inicialmente o romance foi publicado em
folhetins.
Sentimentalismo.
Impasse amoroso, com final feliz ou
trágico.
Oposição aos valores sociais.
Peripécia (artimanha narrativa).
11. Flash back narrativo
O amor como redenção
Idealização da mulher
Idealização do herói
Personagens planas
Linguagem metafórica.
12. ROMANCE INDIANISTA
Autêntica expressão da
nacionalidade.
Índio – o herói nacional.
Representantes:
José de Alencar - Obras: Iracema;
Ubirajara; O Guarani.
13. O Guarani
José de Alencar
Quando a cavalgata chegou à margem da clareira, ai se passava uma cena
curiosa.
Em pé, no meio do espaço que formava a grande abóbada de árvores,
encostado a um velho tronco decepado pelo raio, via -se um índio na flor da
idade.
Uma simples túnica de algodão, a que os indígenas chamavam aimará,
apertada à cintura por uma faixa de penas escarlates, caía-lhe dos ombros até
ao meio da perna, e desenhava o talhe delgado e esbelto como um junco
selvagem.
Sobre a alvura diáfana do algodão, a sua pele, cor do cobre, brilhava com
reflexos dourados; os cabelos pretos cortados rentes, a tez lis a, os olhos
grandes com os cantos exteriores erguidos para a fronte; a pupila negra,
móbil, cintilante; a boca forte mas bem modelada e guarnecida de dentes
alvos, davam ao rosto pouco oval a beleza inculta da graça, da força e da
inteligência.
14. ROMANCE URBANO
Retrato do dia-a-dia do leitor.
Discute os problemas e valores vividos pela burguesia
do século XIX.
1844 - A Moreninha de Joaquim Manoel de Macedo – 1º
romance romântico.
Temática: amores impossíveis, intrigas amorosas,
chantagens, dúvida entre o dever e o desejo.
Personagens planas: comportamento previsível.
Herói romântico: ser idealizado, forte, honrado, corajoso .
Figura feminina: frágil, sonhadora, submissa.
15. REPRESENTANTES:
José de Alencar:
Senhora : tematiza o casamento como forma de
ascensão social.
Diva
Lucíola
Manuel Antônio de Almeida:
Memórias de um sargento de milícias: difere dos
demais romances, pois o protagonista não é herói ou
vilão, não há idealização da mulher e do amor e a
linguagem aproxima-se da jornalística.
16. Senhora
José de Alencar
“Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela.
Desde o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o cetro; foi
proclamada a rainha dos salões.
Tornou-se deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolo dos noivos em
disponibilidade. Era rica e famosa.
Duas opulências, que se realçavam como a flor em vaso de alabastro; dois esplendores
que se refletem, como o raio de sol no prisma do diamante.
Quem não se recorda de Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da corte como
brilhante meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento que produzira
seu fulgor?
Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na socieda de. Não a
conheciam; e logo buscaram todos com avidez informações acerca da grande
novidade do dia.
Dizia-se muita coisa que não repetirei agora, pois a seu tempo saberemos a verdade,
sem os comentos malévolos de que usam vestí-la os noveleiros.
Aurélia era órfã; tinha em sua companhia uma velha parenta, viúva, D. Firmina
Mascarenhas, que sempre a acompanhava na sociedade.”
17. Romance regionalista
Buscou compreender e valorizar as características étnicas,
lingüísticas, sociais e culturais que marcam as regiões do país.
REPRESENTANTES:
Visconde de Taunay : Inocência ( centro-oeste )
José de Alencar : O Ga ucho ( sul )
Franklin Tá vora : O Cabeleira ( nordeste )
18. O gaúcho
José de Alencar
I- O PAMPA
Como são melancólicas e solenes, ao pino do sol, as vastas
campinas que cingem as margens do Uruguai e seus afluentes!
A savana se desfralda a perder de vista, ondulando pelas sangas
e coxilhas que figuram as flutuações das vagas nesse verde oceano.
Mais profunda parece aqui a solidão, e mais pavorosa, do que
na imensidade dos mares.
É o mesmo ermo, porém selado pela imobilidade, e como que estupefato
ante a majestade do firmamento.
Raro corta o espaço, cheio de luz, um pássaro erradio, demandando a sombra,
longe na restinga de mato que borda as orlas de algum arroio. A trecho passa
o poldro bravio, desgarrado do magote; ei-lo que se vai retouçando
alegremente babujar a grama do próximo banhado.
19. O cabeleira
Franklin Távora
A história de Pernambuco oferece-nos exemplos de heroísmo e grandeza
moral que podem figurar nos fastos dos maiores povos da antigüidade sem
desdourá-los. Não são estes os únicos exemplos que despertam nossa
atenção sempre que estudamos o passado desta ilustre província, berço
tradicional da liberdade brasileira. Merecem -nos particular meditação, ao lado
dos que aí se mostram dignos da gratidão da pátria pelos nobres feitos com
que a magnificaram, alguns vultos infelizes, em quem hoje veneraríamos
talve z modelos de altas e varonis virtudes, se certas circunstâncias de tempo
e lugar, que decidem dos destinos das nações e até da humanidad e, não
pudessem desnaturar os homens, tornando-os açoites das gerações coevas e
algozes de si mesmos.
(...)
Com a simplicidade irrepreensível que é o primeiro ornamento das concepções do
espírito popular, habilitam -nos esses trovadores a ajuizarmos do famoso valentão pela
seguinte letra:
Fecha a porta, gente,
Cab eleira aí vem,
Matando mulheres,
Meninos também.
20. Inocência
Visconde de Taunay
"O legítimo sertanejo, explorador dos de sertos, não tem, em gera l,
família. Enquanto moço, seu fim único é devassar terra s, pisar campos
onde ninguém antes pusera pé, vadear rios desconhecidos, de spontar
cabeceiras e furar matas, que descobridor algum até então haja
varado." (Cap. I).
"... Quanto às mulheres, não tenho as sua s opiniões, nem as acho
razoáveis nem de justi ça. Entretanto, é inútil discutirmos porque sei
que isso são prevençõe s vinda s de longe, e quem torto nasce, tarde
ou nunca se endireita... No meu parecer, as mulheres são tão boas
como nós, se não melhores: não há, pois, motivo para tanto desconfiar
delas e ter os homens em tão boa conta... Cuide cada qual de si, olhe
Deus para todos nós, e ninguém queira arvorar-se em palmatória do
mundo." (Cap. V).