O documento discute os aspectos religiosos em torno da decisão de reanimar ou não pacientes terminais. A religião deve ajudar a conduzir o homem a Deus e nas relações entre as pessoas, respeitando a dignidade humana. A vida é um dom, mas tem fim, e não se deve prolongar artificialmente o processo de morrer por egoísmo.
1. Até Quando Reanimar ?
Aspectos Religiosos
“Tudo tem o seu tempo determinado, e há
tempo para todo propósito debaixo do céu,
há tempo de nascer e tempo de morrer”
(Sagradas Escrituras: Eclesiastes 3:1,2).
3. No Brasil, o crescimento religioso cresceu
muito a partir da década de 60. Surgiram no
inúmeras igrejas e seitas. A sistemática
religiosa com suas liturgias eclesiásticas,
caracteriza-se pelo subjetivismo místico e
requer uma leitura exegética de sua formação,
bem como um conhecimento do seu
organograma para que faça uma hermenêutica
crítica
4. A religião objetiva ligar a criatura ao Criador.
As igrejas como instituição tem o amparo da
Constituição sendo livre o exercício da fé.
Todavia, nem sempre seus líderes possuem
formação acadêmica e teológica para o
exercício do seu apostolado.
Desta forma, qual deveria ser a atitude da
Igreja, diante da temática:
Até quando reanimar ?
5. Consideremos ser de elevada importância que a
Igreja exerça sua fé, promulgue seus cultos,
fortaleça-se em seus doutrinas e dogmas,
limitando-se aos seus objetivos e gerindo
aquilo que lhe é peculiar:
Ajudar conduzir o homem a Deus,
Ajudar nas relações do homem ao homem
6. 1. A vida humana se constitui uma dádiva
outorgada pelo Criador. A morte, por sua vez, se
constitui uma realidade natural, conseqüente, e
insofismável para todos os homens. As
Escrituras Sagradas, em inúmeros textos, citam
a esperança de vida após a morte.
2. A crença num Ser superior sempre foi debate
de estudiosos do pensar, uns afirmavam ser Ele
a Causa não causada; o Primeiro motor; o
Pensamento que pensa a Si mesmo; o Motor
imóvel; Ato puro; Ser perfeito, Perfeição...
7. 3. A existência dos “céus” para aqueles que
acreditam em Deus, não se constitui uma
propriedade desta ou daquela religião. Deus não
está à venda. Ele se doou, na pessoa do seu
Filho, conforme apregoa as Escrituras
4. Ninguém tem o direito de julgar seu
próximo. A religião deve aproximar os homens
entre si, e os mesmos diante do Eterno. “Nas
coisas divergentes, respeitemos-nos, nas
convergentes, unamos-nos, e em todas o amor”.
disse um dos Pais da Igreja
8. Faz parte da fé religiosa acreditar no
poder operante da cura. No milagre, no
confiar e depositar a esperança no
Eterno. A religião deve proclamar que
a fé em Deus realiza milagres.
É senso comum religioso.
9. • A Teologia e a dor,
• A Teologia e a dor do justo,
• A Teologia das causas não
explicadas pela ciência.
10. A enfermidade, seja ela causada por um
acidente ou qualquer alteração física, tende a
provocar no homem surpresas desagradáveis.
A maior dor sentida num hospital nem sempre
é a dor física, mas, é a dor da solidão, é a dor
do abandono, é a dor da rejeição, é a dor de
sentir-se inválido é a dor de dependente de
pessoas desconhecidas.
É uma espécie particular de dor e solidão.
11. O suporte emocional e da dor são as maiores
necessidades para a criança que esteja em fase
terminal. Responder às questões feitas pela
criança, neste momento, é talvez a parte que
requer mais cuidado e a mais estressante.
Os desejos dos familiares devem ser
respeitados, principalmente, porque questões
religiosas e éticas sempre estão interligadas
nessas decisões
12. Se não levarmos devidamente em conta a família
do enfermo, não poderemos ajudar com eficácia.
No período da doença, os familiares
desempenham papel preponderante, e suas
reações muito contribuem para a própria reação
do paciente.
Alguns membros da família se sentem mais
ativos e com melhores condições de auxiliar se a
eles forem dadas as informações com clareza e
sensibilidade.
13. A vida humana, mesmo sem possibilidades de
cura, mesmo limitada por deficiências físicas ou
em pleno sofrimento, terá sempre um grande valor
e dignidade, devendo receber um tratamento
paliativo, o melhor possível.
O termo “paliativo”, vem do latim, palio, que é o
nome dado a uma espécie de cobertura ou toldo que,
antigamente, protegia os reis e autoridades e que
ainda hoje é utilizado na Igreja Católica para cobrir
o Santíssimo Sacramento durante procissões. Ou
seja, trata-se de algo que cobre, protege uma pessoa
considerada de grande valor e dignidade.
15. Muitas vezes estes princípios se
complementam, mas podem tornar-se
antagônicos em situações onde uma doença
não responde ao tratamento ou recai, tornando
o paciente inapto para novas medidas
terapêuticas, quer pela dificuldade em obter-se
a cura, quer pela incapacidade do doente em
suportar um novo tratamento
16. O médico pode ver o paciente terminal com
um misto de compaixão e desapontamento,
pois, aparentemente, “não há mais nada a
ser feito”. Esquece-se de que os limites do
cuidar são mais amplos que o do curar.
Sempre é possível cuidar de uma pessoa
doente, embora nem sempre se possa curar
a doença naquela pessoa
18. Ao lidar com o doente terminal, precisamos estar
atentos para defender a dignidade humana.
Consciência que a vida terrena é um dom de Deus,
e não podemos colocar nela toda a nossa
esperança, porque ela sempre terá um fim.
Portanto se não cabe a nós apressar a morte de
ninguém, também não temos o direito de
desrespeitar a vida na hora da morte, prolongando
artificialmente o processo de morrer, por um mero
egoísmo de ter a presença física de alguém que já
não vive. Entre uma e outra está o equilíbrio do
que vem a ser a morte certa, na hora certa.
19. O avanço da medicina prolonga por mais
tempo a dor de quem não tem condições
de recuperar a saúde. Os hospitais,
sobretudo as UTIs, afastam o paciente do
aconchego familiar e o obrigam a passar
momentos de angústia em meio à frieza
das máquinas e, muitas vezes, de
profissionais pouco preparados para o
apoio humanitário e solidário necessário.
20. A melhor ajuda é a solidariedade. Discursos
e palavras bonitas não valem a pena, só
satisfazem a quem fala. Comparar a dor do
enfermo com a sua ou com a de outrem é
desrespeito.
Cada pessoa é única e a sua dor também é
única. Se posso aliviar a dor física de
alguém, muito bem. Se não, posso apertar a
sua mão, passar-lhe um pouco de coragem e
de esperança.
21. A criança precisa ser ajudada a “morrer bem”.
E o que é morrer bem? Morrer sem dor,
morrer acompanhada das pessoas que ama,
morrer tendo dado um sentido à existência.
Dá-se um sentido positivo à condição terminal
quando a criança ou adolescente se sente
querido, especialmente nesta situação. A
equipe médica e de enfermagem, os amigos e
familiares não podem distanciar-se do
paciente, mas sim, devem acompanhá-lo até o
fim.
22. Quando a equipe médica, os amigos e familiares
não se distanciam do paciente nestas
circunstâncias. Não vamos “resolver” a doença,
no sentido de curá-la, pois já nos encontramos
em uma situação de morte certa.
Podemos resolver a dor, o sofrimento, as
necessidades básicas e o conforto do doente
terminal, ajudando-o, neste momento, a não
perder sua dignidade como pessoa, valorizando-
o como tal perspectiva de salvarmos uma vida.
23. Falando sobre o sentido de seu trabalho junto
aos mendigos jogados pelas ruas. Madre
Teresa de Calcutá dizia:
Eu os recebe em minhas mãos como “lixo”
mas morrem em meus braços com dignidade,
tranqüilos, como verdadeiros anjos.