O documento discute a importância de amar os inimigos e perdoar ao invés de nutrir sentimentos de ódio e vingança. Aponta que o ódio é prejudicial e que devemos analisar os conflitos pelo viés do sujeito, não do objeto. Também traz exemplos de como Plácido Domingo ajudou secretamente seu rival José Carreras durante sua luta contra a leucemia.
3. O ser humano é seu próprio inimigo.
Por instinto, ele enxerga no outro o que
desconhece ou nega em si mesmo.
Ele carrega em si mesmo a própria sombra.
4. O modo como considera ou julga os fatos
que ocorrem à sua volta, será determinante
para a constituição de seu sistema de
valores.
5. Capítulo XI: Amar ao próximo como a
si mesmo
o Mandamento maior
o Dar a César o que é de César
o A lei do amor, Egoísmo e Caridade
6. Capítulo XII: Amai os vossos inimigos
o Retribuir o mal com o mal
o Inimigos (desencarnados)
o Entendimento “Dar a outra face”
7. Amai os vossos inimigos – Parte II
o A Vingança
o O Ódio
o O Duelo
8.
9.
10. Constitui indício certo do estado de
atraso dos homens que a ela se dão e
dos Espíritos que ainda as inspirem.
11. "Tendes ouvido o que foi dito: olho por
olho, dente por dente. Eu, porém, vos
digo: não resistais ao que vos fizer mal.
Se alguém te ferir a face direita,
oferece-lhe também a outra; ao que
quer demandar contigo em juízo, para
tirar-te a túnica, larga-lhe a capa; e se
qualquer te obrigar a caminhar com ele
mil passos, vai com ele ainda mais
outros dois mil."
12.
13. Ação e reação
Divaldo Franco
Quando Jesus estava com Anás, o Sumo
Sacerdote lhe perguntou sobre a sua
Doutrina; ao que ele respondeu: ‘Nada falei
em oculto, pergunte aos que me ouviram’.
14. Um soldado que estava ao lado do
representante de César, agrediu-o,
esbofeteando-lhe a face.
Para mim este gesto é dos mais covardes:
bater na face de um homem atado.
15. Então Jesus não reagiu. Agiu com
absoluta serenidade.
Pacifista por excelência, voltou-se para
o agressor e lhe perguntou: ‘Soldado,
por que me bateste? Se errei, aponta-
me o erro, mas se eu disse a verdade,
por que me bateste?’
16. É uma lição viva, porque ele poderia
apelar ali para a justiça do
representante de César, poderia ter-se
encolerizado; ter tido um gesto de
reação, mas ele preferiu agir.
19. Contam as tradições populares da Índia
que existia uma serpente venenosa em
certo campo. Ninguém se aventurava a
passar por lá, receando-lhe o assalto.
Mas um santo homem, a serviço de
Deus, buscou a região, mais confiado
no Senhor que em si mesmo.
20. A serpente o atacou, desrespeitosa. Ele
dominou-a, porém, com o olhar sereno,
e falou: - Minha irmã, é da lei que não
façamos mal a ninguém.
A víbora recolheu-se, envergonhada.
Continuou o sábio o seu caminho e a
serpente modificou-se completamente.
21. Procurou os lugares habitados pelo
homem, como desejosa de reparar os
antigos crimes.
Mostrou-se integralmente pacífica,
mas, desde então, começaram a
abusar dela.
Quando lhe identificaram a submissão
absoluta, homens, mulheres e crianças
davam-lhe pedradas.
22. A infeliz recolheu-se à toca,
desalentada. Vivia aflita, medrosa,
desanimada.
Eis, porém, que o santo voltou pelo
mesmo caminho e deliberou visitá-la.
Espantou-se, observando tamanha
ruína.
23. A serpente contou-lhe, então, a história
amargurada. Desejava ser boa, afável e
carinhosa, mas as criaturas
perseguiam-na e apedrejavam-na.
O sábio pensou, pensou e respondeu
após ouvi-la:
24. - Mas, minha irmã, houve engano de
tua parte. Aconselhei-te a não morderes
ninguém, a não praticares o assassínio
e a perseguição, mas não te disse que
evitasses de assustar os maus.
Segue
25. Não ataques as criaturas de Deus,
nossas irmãs no mesmo caminho da
vida, mas defende a tua cooperação na
obra do Senhor. Não mordas, nem firas,
mas é preciso manter o perverso a
distância, mostrando-lhe os teus dentes
e emitindo os teus silvos!...
26.
27. Fora, pois, com esses costumes
selvagens!
Fora com esses processos de outros
tempos!
28. Todo espírita que ainda hoje
pretendesse ter o direito de vingar-se
seria indigno de figurar por mais tempo
na falange que tem como divisa: Sem
caridade não há salvação!
29. Mas, não, não posso deter-me a pensar
que um membro da grande família
espírita ouse jamais, de futuro, ceder
ao impulso da vingança, senão para
perdoar.
34. O ódio é uma manifestação dos mais
primitivos sentimentos do homem
animal.
35. O ódio nos leva a cometer os atos mais
indignos de violência, de agressividade,
causando dissensões e até mortes,
contraindo muitas vezes as mais
penosas dívidas para o futuro junto, e
com o ódio fica o rancor.
36.
37. Dependendo da inflexão que damos às
nossas palavras, elas podem gerar um
destino que não desejamos.
38. Certa ocasião, fui procurado por uma
senhora que sofria de um mal na
coluna vertebral. Vez ou outra ficava
travada sem poder se movimentar.
39. Percebi que era vítima de uma
poderosa obsessão por parte de um
espírito desencarnado.
Aconselhei-a a participar das nossas
reuniões. Assim o fez.
Frequentou a nossa casa durante
muito tempo e depois sumiu.
40. Passados quase dez anos, eu a
encontrei num supermercado.
Quando me viu, veio em minha direção,
cumprimentou-me e travamos um
diálogo:
41. – Como vai a senhora? — perguntei.
– Estou bem! Eu mudei para o interior
e fiquei dez anos fora de São Paulo.
42. – A senhora melhorou do problema da
coluna?
– Estou ótima! Mas mesmo se eu não
tivesse sarado da coluna eu estaria
feliz do mesmo jeito. Graças ao senhor,
curei-me de uma doença muito pior!
43. Curioso, perguntei-lhe:
– E que doença era essa?
– A minha língua! Graças a Deus,
agora consigo controlar a minha língua
que muito me fez sofrer. Criei muitos
inimigos, os quais passaram a odiar-
me.
44. Depois que eu passei a assistir as
palestras do senhor, os ensinamentos
foram ficando gravados em minha
mente de tal forma que, toda vez que
eu era tentada a falar o que não devia,
eles surgiam na minha mente e eu
conseguia calar-me.
45. Orei muito, pedindo perdão às pessoas
que foram vítimas das minhas palavras
impensadas. Hoje vivo bem com toda a
minha família, com os vizinhos e com
todos com quem me relaciono.
Descobri, em mim, as verdades que o
senhor ensina; eu era vítima das
minhas próprias palavras.
46. Um motivo por que devemos amar os
nossos inimigos são as cicatrizes que o
ódio deixa nas almas e a deformação
que provoca na nossa personalidade.
47. O ódio é também prejudicial para a
pessoa que odeia.
É como um cancro incurável que corrói
a personalidade e lhe desfaz a unidade
vital.
48. Todos os nossos conflitos devem ser
analisados do ponto de vista do
sujeito, e não do objeto.
Isto é, eles não decorrem face ao que
está fora de mim (objeto), mas são
fruto de mim mesmo (sujeito).
49.
50.
51.
52.
53. Perdoando aos que nos ofendem,
Jesus deu a fórmula "não apenas
sete vezes, mas setenta vezes
sete”
54. O primeiro passo é segurá-lo de
todos os modos. Calemos a boca,
contamos até dez ou até cem, caso
seja preciso. Depois procurar um
local onde possamos nos recolher
e ir nos acalmando mentalmente,
para serenar nosso ânimo exaltado.
55. “Amai os vossos inimigos e orai
pelos que vos perseguem; para
que vos torneis filhos do vosso
Pai celeste.”
56.
57.
58. Em uma questão de segundos
podemos felicitar nossa vida ou
infelicitá-la.
No livro “Palavras de Luz”, ensina
Divaldo P. Franco que é preciso
realizar um treinamento:
59. “Comecemos treinando-nos para as
pequenas coisas. Toda vez que vier
uma vontade de dar uma resposta
grosseira, tentemos sorrir e não a dar.
Se alguém nos dá uma indireta e
podemos rebatê-la com uma
alfinetada, tornemos a sorrir, achando
que o agressor não está bem.
60. Não disputemos o campeonato para
ver quem é o pior dos licitantes. De
treinamento em treinamento, quando
vier a agressão, estaremos tão
acostumados a não reagir, que
passaremos a agir”.
62. “Quando alguém te atirar lama, não
fiques teimosamente à frente, porque
ela te baterá na face e te sujará por
alguns minutos. Quando alguém o
fizer, sai do caminho. A lama passa e
quem a jogou ficará com as mãos
sujas. Nunca revides, para que não
fiques enlameado também”.
63.
64. Mesmo quem nunca visitou a
Espanha, conhece a rivalidade entre
Catalães e Madrilenos.
71. Devido a questões políticas, em 1984,
Carrera e Domingos, tornaram-se
inimigos.
Sempre muito solicitados em todo o
mundo, ambos faziam questão de
exigir nos seus contratos, que só
atuariam em determinado espetáculo,
se o adversário não fosse convidado.
72. Em 1987 apareceu em Carreras um
inimigo muito mais implacável que o seu
rival Plácido Domingo:
Foi surpreendido por um diagnostico
terrível – Leucemia.
73. A sua luta contra o câncer foi muito
difícil, tendo-se submetido a diversos
tratamentos, a um transplante de
medula óssea, além de uma mudança
de sangue, que o obrigava a viajar
mensalmente até aos Estados Unidos.
74. Nestas circunstâncias, não podia
trabalhar.
E apesar de ser dono de uma fortuna
razoável, os elevadíssimos custos das
viagens e dos tratamentos,
dilapidaram as suas finanças.
75. Quando não tinha mais condições
financeiras, teve conhecimento da
existência de uma fundação em Madri,
cuja finalidade era apoiar o tratamento
de doentes com leucemia.
76. Graças ao apoio da fundação
“Formosa”, Carreras venceu a doença
e voltou a cantar.
Voltou a receber os altos cachês que
merecia e resolveu associar-se a
fundação.
77. Foi ao ler os seus estatutos, que
descobriu que o seu fundador, maior
colaborador e presidente, era Plácido
Domingo.
78. Depressa soube que Domingo tinha
criado a fundação para ajuda-lo e que
se mantinha no anonimato para que
ele não se sentisse humilhado ao
aceitar o auxílio do seu “inimigo”.
80. Surpreendendo Plácido Domingo num
dos seus concertos em Madri,
Carreras interrompeu a atuação deste,
subindo ao palco e humildemente,
ajoelhou-se a seus pés, pediu-lhe
desculpas e agradeceu-lhe
publicamente.
81.
82. Plácido o ajudou a levantar-se e com
um forte abraço, selaram o início de
uma grande e bela amizade.
83.
84. Mais tarde, uma jornalista perguntou a
Plácido Domingos, porque criara a
fundação “Formosa”, num gesto que
além de ajudar um “inimigo”, ajudava
também o único artista que poderia
fazer-lhe concorrência.
85. A sua resposta foi curta e definitiva:
Porque uma voz tão bonita quanto
aquela jamais poderia se calar.
86.
87. Então Simão Pedro, que tinha uma
espada, desembainhou-a e feriu o
servo do sumo sacerdote, cortando-lhe
a orelha direita.
O nome do servo era Malco.
88. Disse, pois, Jesus a Pedro:
- Mete a tua espada na bainha;
porquanto aquele que matar com a
espada perecerá pela espada.
89. “Vejo e aprovo o que é melhor, mas
sigo o que é pior”
Poeta latino Ovídio
90. “A pessoa humana é como um
cocheiro que guia seus dois cavalos
possantes, e cada um deles puxasse
o carro em direções opostas.”
91. “Porque nem mesmo compreendo o
meu próprio modo de agir, pois não
faço o que prefiro, e sim o que
detesto... Porque não faço o bem que
prefiro, mas faço o mal que não
quero...” Paulo - Romanos
7:15-18