2. NÓS E AMARRAÇÕES
Não há como falar em trabalhos em Altura sem pensar nas cordas.
Por consequência, não há como pensar nelas sem falar dos nós e amarrações.
Por “nó” entendemos todo e qualquer arranjo feito com cordas, fitas ou
similares e que se destina a um fim, ainda que apenas de decoração. Como
profissionais de salvamento, no entanto, interessam-nos apenas aqueles nós
que têm alguma utilidade prática, conhecidos como “nós de trabalho”. Os
“decorativos” não serão estudados e podem ser encontrados nos diversos livros
de “nós” à venda em livrarias
As principais características dos nós são: FÁCIL CONFECÇÃO,
CONFIABILIDADE e FÁCIL SOLTURA. Assim, quando da utilização dos
diversos modelos de nós, devemos nos preocupar, sempre, em fazer o mais fácil
e confiável não esquecendo que após os trabalhos teremos que recuperar a
corda, e, por isso, o nó deverá ser fácil de desfazer-se. Não podemos esquecer
que a “rapidez” também deve ser levada em consideração. Por isso não adianta
treinarmos nós muito complicados.
Nas próximas páginas apresentaremos então alguns dos principais nós, com o
respectivo método de confecção.
3. • 2.1 - NÓS DE EXTREMIDADES
São os nós confeccionados nas extremidades
das cordas, com
finalidades diversas, tais como arremate ou
preparação para outros nós.
Nessa categoria temos os seguintes nós:
SIMPLES, EM OITO e
FRADE.
4. Nó Simples
• É o mais simples de todos os nós, sendo mais
conhecido por “Nó Cego”.
Será utilizado como base para o Nó de Fita.
Pode ser usado também para melhorar a
pegada numa corda quando
esta é utilizada como apoio para a escalada a
determinado ponto (“LEPAR”).
Para tanto, um dos métodos de confecção dos
nós na corda é pelo processo de
“fradear a corda”.
5.
6. Nó em Oito
• Também conhecido por “Alemão”. Será usado
como base para a Aselha
em Oito pela Ponta ou para confecção
daAselha Dupla em Oito.
7.
8. Nó de Frade
• Utilizado basicamente para “falcaçar” as
pontas das cordas.
Também serve como base para
oAssentoAmericano quando passamos
o cabo solteiro em volta da cintura e damos as
duas voltas com a corda, que nada
mais é do que o nó em questão.
9.
10. NÓS DE JUNÇÃO OU EMENDA
• Nós utilizados para unir as pontas das cordas.
Nó Direito
Utilizado para unir cordas de mesmo
diâmetro. Deve obrigatoriamente
ser arrematado, pois quando “frouxo” desfaz-
se com relativa facilidade. Será
utilizado como finalização
doAssentoAmericano.
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12. Nó de Escota Simples
• Seu uso destina-se a união de cordas de
mesmo diâmetro ou de
diâmetros diferentes. Normalmente o
utilizamos quando precisamos içar uma
corda até determinado ponto através do uso
de uma retinida que é lançada até o
chão.
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14. Nó de Escota Dupla
• Tem a mesma finalidade do Nó de Escota Simples, com a única e
principal diferença de aumentar a segurança evitando-se que o nó
se desfaça.
Em cordas molhadas é o ideal.
Vale ressaltar que no MABOM o desenho do nó de Escota Dupla é
diferente de todas as outras bibliografias estudadas. Nele é previsto
que a corda
envolva duas vezes a alça da outra corda e o chicote posteriormente
sendo
introduzido entre as voltas de corda. O “correto”, segundo a maioria
dos autores,
é o nó da ilustração abaixo onde o chicote passa duas vezes dentro
da alça.
15.
16. Nó de Fita
• Também conhecido como “Nó Duplo”, é utilizado
na maioria das vezes
para unir as pontas de fitas tubulares e/ou
planas, formando anéis de fitas. Serve
também para unir cordas, mas é pouco utilizado
para esse fim.
Em nosso caso específico utilizaremos tal nó para
unir pedaços de fitas
formando anéis que serão utilizados como
“estropos” que poderão ser usados
nas ancoragens.
17.
18. Nó Pescador Simples
• É confeccionado basicamente fazendo-se um
nó simples sobre outra
corda e vice-versa.
Utilizado para unir cordas de mesmo diâmetro
e nos arremates quando
não for possível realizar o nó Pescador Duplo
devido ao comprimento
insuficiente do chicote.
19.
20. Pescador Duplo
• Nó de arremate. É o mais utilizado e confiável. Serve também para
unir
cordas de mesmo diâmetro. Será usado principalmente para unir as
pontas dos
cordins formando “cordeletes”.
Uma vez acochado fica difícil de descoxar. Recomenda-se então
que,
quando for unir duas cordas de mesma bitola, faça-se primeiro um
Nó Direito ou
Escota Dupla e, depois sim, o Pescador Duplo, como arremate.
Alguns autores sugerem a união das pontas do cordim através do
nó em Oito induzido, como se fosse o Nó de Fita, para facilitar a
soltura
após o uso.
21.
22. NÓS ALCEADOS
• São aqueles nós que formam uma ou mais
alças para empregos
diversos, como por exemplo, o uso em
estribos.
23. Nó Aselha Simples
• Nada mais é do que um Nó Simples realizado
com o seio de uma corda.
Destina-se a ancorar a corda em determinado
objeto pontiagudo ou na
confecção de estribos.
Seu inconveniente é o fato de que, após
submetido a tensão, fica difícil
de desfazer-se.
Pode ser feito pelo seio ou pela ponta
(“induzido”).
24.
25. Nó Aselha em Oito
• Confeccionado como o Nó em Oito (ouAlemão), só que
pelo seio de uma
corda.
Sua vantagem em relação ao Nó de Aselha Simples é
que possui fácil
soltura depois de submetido à tensão.
Pode ser feito pelo seio ou pela ponta (“induzido”).
É um dos nós mais utilizados nos “encordoamentos” às
cadeirinhas
(baudrier) por ser um dos mais seguros.
Alguns o citam como sendo Aselha Dupla, o que parece
incorreto, pois
após confecção tem-se apenas uma alça.
26.
27. Nó Aselha Dupla
• A doutrina de um modo geral não apresenta uma definição exata do que
seja uma Aselha Dupla. Assim sendo, iremos considerar tal nó como sendo
aquele que proporciona duas alças para serem empregadas em trabalhos
diversos e usaremos como bibliografia a Apostila do Estágio Básico do
Combatente de Montanha, 2ª edição, 2000, do 11º Batalhão de Infantaria
de Montanha do Exército Brasileiro.
Tal nó é feito tendo como base aAselha em Oito.
Sua principal vantagem é o fato de possuir duas alças, que podem ser
usadas em ancoragens onde haja dois pontos de fixação da corda ou para
termos uma ancoragem mais sólida quando formos rapelar com corda
dupla.
Também é denominado deAselha Dupla em Oito.
28.
29. Nó Aselha em Oito Direcional
• Trata-se de um nó deAselha que após
concluído deixa uma alça paralela
à corda, o que facilita o tracionamento da
corda através da técnica do Polipasto
em “Z” (sistema de redução de forças também
conhecido por “Nó Paulista” ou
“Nó de caminhoneiro” que proporciona um
vantagem mecânica de 3:1).
30.
31. Nó Lais de Guia Simples
• Trata-se de um dos nós mais antigos utilizados por escaladores os
quais, antes do invento das cadeirinhas, o atavam ao peito para se
“protegerem”
em caso de queda (ficavam pendurados pelo peito numa posição
bem incômoda
e que impunha um risco de vida caso não fossem resgatados
rapidamente).
Não sendo arrematado torna-se um nó perigoso sendo apontado
como o
“culpado” por alguns acidentes em altura.Aprova disso é que foi
substituído pelo
Nó Aselha em Oito pela ponta na fixação de corda na cadeirinha
(encordoamento).
Sua principal vantagem é possuir fácil soltura mesmo depois de
submetido a grandes tensões.
32.
33. Nó Lais de Guia Duplo
• Muito utilizado nos encordoamentos, pois
mesmo após ser submetido à
tensão possui fácil soltura. Por isso deve ser
obrigatoriamente arrematado,
preferencialmente com o Nó de Pescador
Duplo.
Quando feito pelo seio é conhecido entre os
bombeiros como Balso pelo
Seio de DuasAlças.
34.
35. Nó Borboleta
• Será utilizado no tracionamento de cordas
através do princípio do Nó
Paulista, por ser fácil de desfazer-se depois de
submetido à tensão.
Ver nó de reforço.
36. NÓS DE ARREMATE
• NÓS DE ARREMATE
Como o próprio nome indica, são aqueles nós utilizados para arrematar
outros nós evitando que se desfaçam e, portanto, aumentando a segurança.
Nó de Pescador Simples
Ver confecção e características na subunidade referente a nós de junção
ou emenda.
Nó de Pescador Duplo
Ver confecção e características na subunidade referente a nós de junção
ou emenda.
Uma observação a se fazer é que quando se utiliza apenas uma das
partes do nó como arremate, pode ser denominado de “Meio Pescador Duplo”.
Nó Cote
Nada mais é do que um Nó Fiel confeccionado com o chicote da corda
que sobra do nó principal feito na outra corda.
Detalhe: quando o desenho do nó assemelha-se ao Nó Boca de Lobo, o
nó não deve ser considerado como Cote.
37.
38. NÓS DE ANCORAGEM
• São os nós mais importantes a serem utilizados uma vez que é na
ancoragem que depositamos nossa vida.
Com treinamento e prática é possível confeccionar os nós aqui
apresentados tanto pelo seio quanto pela ponta (induzidos).
Nó Boca de Lobo
Quando feito pela ponta deve ser arrematado sob pena de desfazer-se
quando submetido à tensão.
Seu uso mais comum é pelo seio da corda ou fita.
É utilizado para fixação dos anéis de fita à cadeirinha.
Seu ponto negativo é que, ao ser submetido à tensão, realiza um “efeito
guilhotina” sobre si mesmo, reduzindo em muito a resistência da corda
(cerca de
55%).
Pelo Seio
Pelo chicote
41. Nó Fiel
• Trata-se do nó mais conhecido no CBMMG e a prova de adestramento
no tocante a confecção de nós reside justamente no fato do bombeiro conseguir
confeccioná-lo em condições mais adversas possíveis, como de olhos
vendados, na perna, etc.
É um nó muito utilizado no montanhismo, porém alguns profissionais o
contra indicam sob a alegação de que depois de confeccionado e sob tensão, as
cordas se sobrepõem fazendo um “efeito guilhotina” (mordendo). Não obstante
isso é um nó extremamente confiável e de fácil confecção, podendo inclusive ser
feito num mosquetão com apenas uma das mãos, caso a outra esteja ocupada.
Sendo confeccionado e tencionado sobre uma superfície lisa e
cilíndrica, pode correr com carga aproximada de 400 kgf. Daí a importância do
arremate quando o nó for feito pela ponta.
Pelo seio
Pelo chicote
44. Nó Lais de Guia Duplo
• Ver nós alceados.
Seu principal inconveniente em ocorrências reais
é a demora na confecção.
Nos treinamentos, quando houver tempo para
preparar o local de instrução, é o nó mais
indicado para as ancoragens, pois é fácil de
desfazer-se após ser submetido à tensão.
É o preferido por escaladores por ser fácil de
desfazer-se depois de submetido à tensão, no
encordoamento da cadeirinha.
45. NÓS AUTOBLOCANTES
• Pertencem a esse grupo os nós que se
“travam” sozinhos
(automaticamente) quando submetidos à
tensão.
Tais nós são empregados quando é preciso
subir por determinada corda
e não se dispõem de blocantes mecânicos.
Serão utilizados também nas pseudo-
equalizações.
46. Nó Prusik
• Erroneamente chamado de Nó Prússico, é o nó
autoblocante mais
antigo que existe e seu nome foi emprestado de seu
inventor, um “músico”
chamado Karl Prusik. Trata-se de um nó muito utilizado em
“auto-resgates”.
Sua vantagem reside no fato de que pode ser
confeccionado até mesmo
com uma só mão e que se trava em qualquer direção que
for puxado.
Alguns autores recomendam apenas duas voltas em sua
confecção. Por
questões de segurança, padronizaremos, no mínimo, três
voltas.
47.
48. Nó Machard
• Também muito fácil de ser confeccionado,
substitui à altura o Nó Prusik.
Embora fique travado em ambas as direções, é
classificado como nó
unidirecional (deve ser tracionado no sentido
oposto à alça).
49.
50. Nó Blocante Clássico
• Também conhecido como French Prusik, Machard pelo Seio ou
Machard Bidirecional.
É um nó muito fácil de ser confeccionado e de ser afrouxado após
receber carga.
Sua característica principal é a de aumentar em 200% a carga de
ruptura
do cordelete, uma vez que este é utilizado de forma que fique
dobrado, ou seja, o
mosquetão é introduzido nas duas alças. Com isso, um cordelete
que tenha CR
de 750 kgf, p.ex., passa a suportar carga de 1500 kgf, desde que o
nó seja
confeccionado com um número de voltas suficiente.
51.
52. NÓ DE SEGURANÇA
• NÓ DE SEGURANÇA
Trata-se de um nó muito utilizado por escaladores para substituir o
aparelho de frenagem durante a segurança na escalada.
Para o bombeiro sua principal função é servir como uma opção de
fortuna para realização do rapel quando houver perda do aparelho de
frenagem e
se dispuser apenas de um mosquetão.
Nó UIAA
De tão confiável, recebeu o nome da União Internacional das
Associações deAlpinismo.
Também conhecido por Nó Dinâmico, serve como freio durante a
segurança na escalada ou durante um rapel de emergência.
Seu inconveniente é que o princípio de funcionamento baseia-se no
atrito gerado pela fricção de duas partes da mesma corda numa peça
metálica.
Com isso, num uso constante, a corda poderia vir a se romper (isso no
caso
específico do rapel). Lembre-se que ele e para uma emergência.
53.
54. NÓS DE REFORÇO
• Nó utilizado para reforçar uma corda que esteja com algum dano
provocado por atrito ou corte.
No CBMMG existe a cultura de se utilizar o Nó Catau, porém, é um
nó
não muito confiável.
Nó Borboleta
É um nó que forma uma alça isolando a parte danificada da corda e
permitindo seu uso sem risco algum.
Apresenta-se melhor do que o Nó Aselha pelo seu desenho que
permite
que as pontas da corda fiquem na mesma direção quando sob
tensão.
Também será utilizado como nó alceado, para tracionamento de
Cabos
Aéreos e Tirolesas.
55.
56. NÓ DE TRACIONAMENTO
• Utilizado quando há necessidade de se aplicar
tensão a uma corda
(cabo aéreo, tirolesa, etc.).
Nó Paulista
Nó bastante conhecido dos caminhoneiros por
facilitar o arranjo da
carga na carroceria do caminhão.
Como o atrito de corda com corda não é
recomendável, deve-se
confeccionar o nó utilizando mosquetão ou o
freio em oito.