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Hilara Crestana

II Encontro de Neurociência da Música
no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo – SP -Brasil



 São Paulo – SP nov/12
A música é um fenômeno natural, de caráter intuitivo,
  próprio do ser humano. É uma linguagem universal,
  com capacidades para transcender as emoções,
  transcendendo qualquer barreira cultural e linguística.



Reconhecimento do profissional de MT (CBO) – Código
  2239-15: Terapeutas ocupacionais e afins.
“MUSICOTERAPIA é um processo sistemático de
  intervenção em que o terapeuta ajuda o paciente a
  promover a saúde, utilizando experiências musicais e
  as relações que se desenvolvem através delas como
  forças dinâmicas de mudança”. (Kenneth Bruscia,
  1998 in “Definindo Musicoterapia”).
Objetivos:    Buscar     alternativas     para   um
  desenvolvimento pleno do ser humano através da
  articulação dos conteúdos educativos (uso das
  pedagogias     focadas     no     autista    e  da
  psicomotricidade), culminando num processo
  terapêutico, melhorando e restaurando o
  funcionamento físico, cognitivo, emocional e social
  do indivíduo.
Sensibilização

   Conscientização

Sentimentos profundos
que projetam na música

   Transformações

      Soluções
Por tanto, a MT é preventiva
(no sentido de percepção da pessoa
e do outro) e experimental, onde o
Musicoterapeuta abre espaço para o
paciente no “fazer” musical e na
escuta sonora.
* Uso de biomúsica para relaxar (depende do
  ambiente)
* Música de “barzinho”
* Audição de uma música no carro
* Execução de uma peça no piano (a não ser que faça
  parte do tratamento, sendo indicada pelo
  Musicoterapeuta)
* Aula de música para crianças excepcionais
*Educação Musical em escolas
Nordof f-Robbins = MUSICOTERAPIA CRIATIVA
(Improvisação – recriação das canções –
   composições)

*Estatística: No ano de 1968, na Pensilvânia,
  começaram o trabalho com 25 crianças, sendo que
  15 eram autistas e as outras 10 tinham outras
  perturbações (síndromes) severas. Destas, todas as
  crianças responderam positivamente aos estímulos
  musicais, tendo a improvisação como trabalho
  principal.
Nordof f-Robbins = MUSICOTERAPIA CRIATIVA

Objetivo: “Onde se quer chegar, o que se quer
  alcançar, o que se pretende com a MT na vida
  destas crianças”?

* Método: Classifica o ritmo da criança em 5 tipos,
  de modo a se chegar numa:
Benenzon = MUSICOTERAPIA NÃO VERBAL (ISO, criado
 por Autshuler, em 1954).

* No ano de 1965, os médicos Rolando Benenzon e
  Bernaldo de Quirós, criaram a comissão de estudos
  da MT na República Argentina e como consequência
  da mesma criou-se a carreira de MT na faculdade de
  Medicina, na Universidade de Salvador, em Buenos
  Aires.
*Método: Classifica o ritmo da criança em 3 níveis:

- REGRESSIVO (sons do coração, de água, sons da
   respiração e cantigas de ninar).
- COMUNICATIVO (uso dos instrumentos musicais no
   setting, mas ainda uso da linguagem não verbal)
- INTEGRATIVO (imitação dos sons e movimentos do
   paciente, uso da linguagem).
     O diagnóstico do autismo já passou por várias
    mudanças. Na década de 60, o autismo esteve
    fortemente relacionado a uma desordem ambiental,
    fornecida pela mãe da criança (“mãe geladeira”). Na
    década de 80 o autismo esteve associado a causas
    cromossômicas, sendo considerado uma síndrome.
   Estudos posteriores revelaram que o autismo é uma
    desordem comportamental complexa, com etiologias
    múltiplas e diferentes níves de gravidade, sendo
    considerada hoje como um transtorno mental, social
    e de comportamento.
   Atualmente, no CID-10 e no DSM-IV, consideram que
    o autismo está dentro de um amplo espectro de
    patologias denominado transtornos do espectro
    autista (TEA), que inclui 3 categorias diagnósticas:
    transtorno autista ou atismo infantil, transtorno
    Asperger e transtorno global do desenvolvimento sem
    outra especificação (TGD-NOS).

   Nenhuma criança com TEA deve ser diagnosticada
    somente com base na sua avaliação psicológica ou
    educacional. Deve haver a avaliação médica de um
    especialista da área.
* Um grande número de crianças consideradas autistas,
  não possuem somente este transtorno e sim, outras
  síndromes como atraso mental, esquizofrenia, psicose,
  etc. Algumas pessoas parecem acreditar que a Síndrome
  de Down é uma garantia de que não haverá autismo. E,
  na verdade, todos os novos estudos mostram que 1 em
  10 crianças com Down têm autismo muito grave e é
  muito importante que este seja diagnosticado.

* O autismo não está associado à classe social. Costumava-
  se dizer que o autismo era a síndrome das classes
  superiores, formada somente por pais intelectuais
  (provavelmente se referindo aos “aspergers”).
   É caracterizado por uma “tríade” a ser tratada, tais
    como:
   - DESVIOS DE COMUNICAÇÃO
   - DESVIOS DE SOCIABILIZAÇÃO
   - DESVIOS DA IMAGINAÇÃO
O termo “funções musicais”, utilizado pela
 neurociência, é um conjunto de atividades
 cognitivas e motoras envolvidas no
 processamento da música. São mecanismos
 pelos quais o cérebro se organiza para
 coordenar todas as operações mentais
 envolvidas com a música. Atualmente já se
 pesquisa se a pessoa tem as habilidades
 musicais preservadas.
De um modo geral, o lado direito do cérebro é que controla a melodia, as
   notas, o padrão acústico, as sensações e a unidade da música. O lado
   esquerdo é quem controla o ritmo.
* Nas pessoas:
Córtex Orbito-frontal = sons consonantes
Cerebelo = ritmo e altura do som
Neurônio-espelho = imitação e memória musical
Órbito-frontal = relacionado a funções sócio-emocionais e de
  comunicação
* Nos autistas, estas áreas do cérebro ficam
  alteradas, principalmente quando ouvem música.
* Primeiramente, é necessário dizer que a utilização da
  música como uma ferramenta de trabalho, não preza pelo
  belo artístico e sim, por qualquer produção sonora vinda
  do paciente nas sessões. É uma forma de tratamento que
  utiliza toda e qualquer manifestação sonora para produzir
  efeitos terapêuticos.

* A música é um canal de comunicação que reestabelece o
  vínculo. Tendo ela como ferramenta de trabalho na MT, o
  objetivo é de que aconteçam melhoras nas partes
  cognitiva, afetiva, psicomotora e social.
  FÍSICAS (através do relaxamento muscular, alivia a ansiedade e a
   depressão)
 MENTAIS E PSICOLÓGICAS (reforçando a identidade)
 SOCIAIS E EMOCIONAIS (trabalhos em grupo ou familiares focando nos
   aspectos do humor, etc)
* A MT favorece a diminuição das ecolalias e das estereotipias, favorece o
   contato visual e tátil, diminui a hiperatividade, ajuda na aceitação das
   mudanças de rotina, facilitando a entrada de outros profissionais na vida
   do paciente, o tornando mais receptivo e feliz.
* No caso dos autistas, a MT pode servir de estímulo à realização e controle
   dos movimentos (equilíbrio), sendo toda música uma conquista do
   paciente, uma comemoração a cada toque, a cada letra criada por ele.
* Anamnese (entrevista com os pais)
* Testificação Sonora (dependendo do caso, no setting
  não há instrumentos, somente trabalha-se sons
  primitivos como a respiração, o som do coração, de
  água, etc).
* Tratamento propriamente dito, onde a música vem de
  forma a ampliar os potenciais já existentes do
  paciente.
* Trabalho familiar
* Trabalho de histórias infantis correlacionadas à música, perguntas de como o
    paciente está se sentindo hoje, mesmo que seja em forma de canção.
* Quando o paciente já estiver “acostumado” com a MT, deixar ele guiar a sessão.
* Trabalho com material dourado e outros brinquedos pedagógicos.
* Criação de sons para os animais que não têm sons, como o bicho preguiça, a
    tartaruga, a formiga e depois criar músicas.
* Músicas cantadas olhando para o espelho e que nas letras, ajudem a trazer aquilo
    que é abstrato para a realidade.
* Trabalho com músicas que dêem noção do tempo, junto das técnicas do TEACCH
    (calendário) e da psicologia (linha do tempo, genograma)
* Som, silêncio e eco (é uma das formas de diminuir a ecolalia)
* Músicas que falem dos sentimentos como medo, tristeza, alegria, surpresa, etc.
* Gravação e audição da própria voz cantada e falada
* Construção de instrumentos que possam ser utilizados na sessão (junto do paciente)
* Músicas que auxiliam na coordenação motora e na alfabetização (mais ligada à
    educação musical, que caminha junto com a MT, uma vez sendo complementares).
  ”Logo que o Enrico iniciou a MT, percebi que ao sair das sessões estava mais
    sereno e falando com entonação de fala (e não cantando como é do seu
    costume) e mais baixo, mesmo que mais tarde voltasse a falar alto e cantado.
           Ele saía das terapias mais introspectivo, no sentido de se auto-perceber,
    parecia que “caía as fichas”. 
           Quando mudamos de uma para duas sessões semanais, a meu pedido,
    com a minha presença em uma das sessões, pude perceber e compreender
    como a MT trabalha com a criança de maneira lúdica e sutil.
           O Enrico conhecia apenas dois tipos de emoções: a alegria e o medo. Claro
    que as outras emoções fazem parte de sua vida, porém, ele não tinha
    percepção e a compreensão das mesmas em si mesmo e nos outros. Para ele,
    raiva, tristeza, ansiedade, alegria, medo, etc. era uma coisa só: alegria e medo.
    Apesar de ainda não conseguir denominar suas próprias emoções, bem como a
    emoção do outro, já tem a percepção de que existem diferentes tipos de
    emoções. Isso fica claro quando perguntamos o que o outro está sentindo em
    uma determinada situação. 
           A MT trabalha ritmo, melodia, etc, mas o mais importante é que ajuda a
    criança a compreender o mundo e a si mesmo”.
     Eliana (Mâe do paciente E.P.S. com 12 anos diagnosticado como
                                           autista)
Hilara Crestana
@hilaracrestana
www.hilararestana.com.br
contato@hilaracrestana.com.br
operaidja@ig.com.br

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A influência da musicoterapia em crianças com TEA

  • 1. Hilara Crestana II Encontro de Neurociência da Música no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo – SP -Brasil São Paulo – SP nov/12
  • 2. A música é um fenômeno natural, de caráter intuitivo, próprio do ser humano. É uma linguagem universal, com capacidades para transcender as emoções, transcendendo qualquer barreira cultural e linguística. Reconhecimento do profissional de MT (CBO) – Código 2239-15: Terapeutas ocupacionais e afins.
  • 3. “MUSICOTERAPIA é um processo sistemático de intervenção em que o terapeuta ajuda o paciente a promover a saúde, utilizando experiências musicais e as relações que se desenvolvem através delas como forças dinâmicas de mudança”. (Kenneth Bruscia, 1998 in “Definindo Musicoterapia”).
  • 4. Objetivos: Buscar alternativas para um desenvolvimento pleno do ser humano através da articulação dos conteúdos educativos (uso das pedagogias focadas no autista e da psicomotricidade), culminando num processo terapêutico, melhorando e restaurando o funcionamento físico, cognitivo, emocional e social do indivíduo.
  • 5. Sensibilização Conscientização Sentimentos profundos que projetam na música Transformações Soluções
  • 6. Por tanto, a MT é preventiva (no sentido de percepção da pessoa e do outro) e experimental, onde o Musicoterapeuta abre espaço para o paciente no “fazer” musical e na escuta sonora.
  • 7. * Uso de biomúsica para relaxar (depende do ambiente) * Música de “barzinho” * Audição de uma música no carro * Execução de uma peça no piano (a não ser que faça parte do tratamento, sendo indicada pelo Musicoterapeuta) * Aula de música para crianças excepcionais *Educação Musical em escolas
  • 8. Nordof f-Robbins = MUSICOTERAPIA CRIATIVA (Improvisação – recriação das canções – composições) *Estatística: No ano de 1968, na Pensilvânia, começaram o trabalho com 25 crianças, sendo que 15 eram autistas e as outras 10 tinham outras perturbações (síndromes) severas. Destas, todas as crianças responderam positivamente aos estímulos musicais, tendo a improvisação como trabalho principal.
  • 9. Nordof f-Robbins = MUSICOTERAPIA CRIATIVA Objetivo: “Onde se quer chegar, o que se quer alcançar, o que se pretende com a MT na vida destas crianças”? * Método: Classifica o ritmo da criança em 5 tipos, de modo a se chegar numa:
  • 10.
  • 11. Benenzon = MUSICOTERAPIA NÃO VERBAL (ISO, criado por Autshuler, em 1954). * No ano de 1965, os médicos Rolando Benenzon e Bernaldo de Quirós, criaram a comissão de estudos da MT na República Argentina e como consequência da mesma criou-se a carreira de MT na faculdade de Medicina, na Universidade de Salvador, em Buenos Aires.
  • 12. *Método: Classifica o ritmo da criança em 3 níveis: - REGRESSIVO (sons do coração, de água, sons da respiração e cantigas de ninar). - COMUNICATIVO (uso dos instrumentos musicais no setting, mas ainda uso da linguagem não verbal) - INTEGRATIVO (imitação dos sons e movimentos do paciente, uso da linguagem).
  • 13. O diagnóstico do autismo já passou por várias mudanças. Na década de 60, o autismo esteve fortemente relacionado a uma desordem ambiental, fornecida pela mãe da criança (“mãe geladeira”). Na década de 80 o autismo esteve associado a causas cromossômicas, sendo considerado uma síndrome.  Estudos posteriores revelaram que o autismo é uma desordem comportamental complexa, com etiologias múltiplas e diferentes níves de gravidade, sendo considerada hoje como um transtorno mental, social e de comportamento.
  • 14. Atualmente, no CID-10 e no DSM-IV, consideram que o autismo está dentro de um amplo espectro de patologias denominado transtornos do espectro autista (TEA), que inclui 3 categorias diagnósticas: transtorno autista ou atismo infantil, transtorno Asperger e transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação (TGD-NOS).  Nenhuma criança com TEA deve ser diagnosticada somente com base na sua avaliação psicológica ou educacional. Deve haver a avaliação médica de um especialista da área.
  • 15. * Um grande número de crianças consideradas autistas, não possuem somente este transtorno e sim, outras síndromes como atraso mental, esquizofrenia, psicose, etc. Algumas pessoas parecem acreditar que a Síndrome de Down é uma garantia de que não haverá autismo. E, na verdade, todos os novos estudos mostram que 1 em 10 crianças com Down têm autismo muito grave e é muito importante que este seja diagnosticado. * O autismo não está associado à classe social. Costumava- se dizer que o autismo era a síndrome das classes superiores, formada somente por pais intelectuais (provavelmente se referindo aos “aspergers”).
  • 16. É caracterizado por uma “tríade” a ser tratada, tais como:  - DESVIOS DE COMUNICAÇÃO  - DESVIOS DE SOCIABILIZAÇÃO  - DESVIOS DA IMAGINAÇÃO
  • 17. O termo “funções musicais”, utilizado pela neurociência, é um conjunto de atividades cognitivas e motoras envolvidas no processamento da música. São mecanismos pelos quais o cérebro se organiza para coordenar todas as operações mentais envolvidas com a música. Atualmente já se pesquisa se a pessoa tem as habilidades musicais preservadas.
  • 18. De um modo geral, o lado direito do cérebro é que controla a melodia, as notas, o padrão acústico, as sensações e a unidade da música. O lado esquerdo é quem controla o ritmo. * Nas pessoas: Córtex Orbito-frontal = sons consonantes Cerebelo = ritmo e altura do som Neurônio-espelho = imitação e memória musical Órbito-frontal = relacionado a funções sócio-emocionais e de comunicação * Nos autistas, estas áreas do cérebro ficam alteradas, principalmente quando ouvem música.
  • 19.
  • 20. * Primeiramente, é necessário dizer que a utilização da música como uma ferramenta de trabalho, não preza pelo belo artístico e sim, por qualquer produção sonora vinda do paciente nas sessões. É uma forma de tratamento que utiliza toda e qualquer manifestação sonora para produzir efeitos terapêuticos. * A música é um canal de comunicação que reestabelece o vínculo. Tendo ela como ferramenta de trabalho na MT, o objetivo é de que aconteçam melhoras nas partes cognitiva, afetiva, psicomotora e social.
  • 21.  FÍSICAS (através do relaxamento muscular, alivia a ansiedade e a depressão)  MENTAIS E PSICOLÓGICAS (reforçando a identidade)  SOCIAIS E EMOCIONAIS (trabalhos em grupo ou familiares focando nos aspectos do humor, etc) * A MT favorece a diminuição das ecolalias e das estereotipias, favorece o contato visual e tátil, diminui a hiperatividade, ajuda na aceitação das mudanças de rotina, facilitando a entrada de outros profissionais na vida do paciente, o tornando mais receptivo e feliz. * No caso dos autistas, a MT pode servir de estímulo à realização e controle dos movimentos (equilíbrio), sendo toda música uma conquista do paciente, uma comemoração a cada toque, a cada letra criada por ele.
  • 22. * Anamnese (entrevista com os pais) * Testificação Sonora (dependendo do caso, no setting não há instrumentos, somente trabalha-se sons primitivos como a respiração, o som do coração, de água, etc). * Tratamento propriamente dito, onde a música vem de forma a ampliar os potenciais já existentes do paciente. * Trabalho familiar
  • 23. * Trabalho de histórias infantis correlacionadas à música, perguntas de como o paciente está se sentindo hoje, mesmo que seja em forma de canção. * Quando o paciente já estiver “acostumado” com a MT, deixar ele guiar a sessão. * Trabalho com material dourado e outros brinquedos pedagógicos. * Criação de sons para os animais que não têm sons, como o bicho preguiça, a tartaruga, a formiga e depois criar músicas. * Músicas cantadas olhando para o espelho e que nas letras, ajudem a trazer aquilo que é abstrato para a realidade. * Trabalho com músicas que dêem noção do tempo, junto das técnicas do TEACCH (calendário) e da psicologia (linha do tempo, genograma) * Som, silêncio e eco (é uma das formas de diminuir a ecolalia) * Músicas que falem dos sentimentos como medo, tristeza, alegria, surpresa, etc. * Gravação e audição da própria voz cantada e falada * Construção de instrumentos que possam ser utilizados na sessão (junto do paciente) * Músicas que auxiliam na coordenação motora e na alfabetização (mais ligada à educação musical, que caminha junto com a MT, uma vez sendo complementares).
  • 24.   ”Logo que o Enrico iniciou a MT, percebi que ao sair das sessões estava mais sereno e falando com entonação de fala (e não cantando como é do seu costume) e mais baixo, mesmo que mais tarde voltasse a falar alto e cantado.        Ele saía das terapias mais introspectivo, no sentido de se auto-perceber, parecia que “caía as fichas”.         Quando mudamos de uma para duas sessões semanais, a meu pedido, com a minha presença em uma das sessões, pude perceber e compreender como a MT trabalha com a criança de maneira lúdica e sutil.        O Enrico conhecia apenas dois tipos de emoções: a alegria e o medo. Claro que as outras emoções fazem parte de sua vida, porém, ele não tinha percepção e a compreensão das mesmas em si mesmo e nos outros. Para ele, raiva, tristeza, ansiedade, alegria, medo, etc. era uma coisa só: alegria e medo. Apesar de ainda não conseguir denominar suas próprias emoções, bem como a emoção do outro, já tem a percepção de que existem diferentes tipos de emoções. Isso fica claro quando perguntamos o que o outro está sentindo em uma determinada situação.         A MT trabalha ritmo, melodia, etc, mas o mais importante é que ajuda a criança a compreender o mundo e a si mesmo”. Eliana (Mâe do paciente E.P.S. com 12 anos diagnosticado como autista)