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RESENHA
Jamais Fomos Modernos – Bruno Latour
Por Marcelo Oliveira da Cruz
Bruno Latour defende o estudo antropológico da sociedade moderna. Chama a
atenção para o fato de que os antropólogos têm a capacidade de unir, em seus
estudos elementos diversos, tratando as naturezas-culturas como tecidos inteiriços.
Porém, argumenta sobre o pensar do antropólogo tradicional, em que não pode nem
deve haver antropologia do mundo moderno. E ainda prossegue, que é justamente a
incapacidade de “nos estudarmos dessa forma que nos faz capazes de estudar com
tamanha sutileza e distanciamento os outros”(Ob cit). Antropologizar este mundo
moderno, entretanto, implicaria em uma mudança de nossa própria concepção do
moderno. Posto isto, é o que ele busca “comprovar” em seu trabalho:
O termo moderno designa para ele dois conjuntos de práticas que encontram em sua
profunda distinção sua eficácia complementar:
* 1º - Práticas de “tradução” ou “mediação”, que permitem a mistura de seres de
gêneros totalmente diferentes, criando o que chama de “híbridos” de natureza e
cultura. Este conjunto seria realizado através do que chama de redes.
* 2º - Práticas de “purificação”, que engendram duas zonas radicalmente diferentes,
que geram uma separação crucial entre “humanos e não-humanos”. Esta prática é
realizada através do repertório crítico dos modernos.
Na ligação entre esses dois trabalhos estaria a chave para a análise do mundo
moderno: a purificação permitiria que mediação se proliferasse enormemente,
tornando seu trabalho invisível.
A antropologia simétrica de Bruno Latour em seu ensaio “Jamais fomos modernos”,
permite uma reflexão onde não se pretende esgotar o tema, porém, proporciona uma
revisão sobre o conceito já sedimentado na sociedade, e no mais, ainda sugestiona o
diálogo em várias direções por profissionais de várias áreas para além do ambiente
acadêmico, principalmente nas humanas.
Ele cunhou a expressão “antropologia simétrica”, eleita como antídoto aos grandes
divisores (ob. Cit.), pois não se restringe a proporcionar o diálogo somente entre áreas
do conhecimento, mas também entre mundos, como do “ameríndio e da ciência
moderna” (ob cit). Ainda nesta corrente tem-se Roy Wagner e Marilyn Strathern
sustentando que é possível aproximar os estudos sobre os “outros” e “nós mesmos”,
onde se enfatiza que o conhecimento antropológico não é de forma alguma reflexão
de um ponto de vista unitário ou mesmo totalizante, mas sua possibilidade de
construção é calcada na interlocução com os agentes aos quais são estudados (PS*
no caso do prosumer existe esta relação, ela já é uma possível reflexão deste
pensamento de forma não condicionada? Ou seja, é simplesmente natural?).
Quando se cria o conhecimento antropológico em rede, há portanto a diluição da idéia
de autoria, onde a multiplicidade autoral surge a partir da internet e do wiki. Têm-se aí,
uma configuração em que o autor deixa de ser fulano, beltrano ou até uma parceria;
então o autor passa a ser a própria proposta em si, como em nosso caso aqui do
CCVAP em que construímos o texto á partir de uma ideia de coletivo, porém, onde as
ideias se misturam junto às aulas internas, externas, reflexões, contribuições por meio
da rede social facebook e pelo blog.
Parafraseando os professores Goldman e Viveiros de Castro da UFRJ por meio do
agregador pensamento no site Abaeté, o CCVAP com a produção do texto coletivo “O
rompimento do paradigma emissor-receptor para a concepção de prosumer na era da
comunição em rede”, “ adquire o estatuto de um palimpsesto, pois ela é objeto de
discussão em situação de interpolação, enunciado por uma multiplicidade autoral
antes que por autores múltiplos”.
Ainda, tomo como contraposição cartas enviadas e respondidas, onde cada um têm
seu papel individualizante dentro do mesmo contexto discursivo e de ideias, ao
contrário, no mundo wiki e na internet que há uma simbiose das ideias, onde um e
outro interfere e contribui para construção e reconstrução do mótuo-perpétuo do
inacabado, porém, conhecido.
Na conclusão de seu trabalho, Latour faz um balanço de sua análise do que
deveríamos manter ou nos apropriar dentre as concepções modernas, pré-modernas,
pós-modernas e anti-modernas.
Dos modernos, acredita que deveríamos manter tudo, com exceção da confiança
exclusiva em sua constituição.
Dos pré-modernos, por sua vez, a capacidade em pensar os híbridos e sua concepção
de historicidade, bem como a possibilidade de multiplicação de outros tipos de não-
humanos que não o dos modernos.
Já dos pós-modernos, ele qualifica como sintoma do mundo moderno.
Dos anti-modernos, nada deveria ser mantido.
Seu trabalho, assim pode fornecer chaves significantes para pensarmos o mundo
moderno de uma perspectiva livre de falsas divisões e “zonas epistemológicas”. (Ob,
cit.)
Referências
Jamais fomos modernos: ensaio de antropologia simétrica / Latour, Bruno; tradução de
Carlos Irineu da Costa. – Rio de Janeiro: Ed. 34, 1994.
http://ppgas2004.br.tripod.com/latour.html - Loureiro, Thiago de Niemeyer Matheus
http://revistas.usp.br/cadernosdecampo/article/view/50105/54225 - Pequena
Introdução da Revista Carbono

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7.1 latour, bruno jamais fomos modernos - resenha

  • 1. RESENHA Jamais Fomos Modernos – Bruno Latour Por Marcelo Oliveira da Cruz Bruno Latour defende o estudo antropológico da sociedade moderna. Chama a atenção para o fato de que os antropólogos têm a capacidade de unir, em seus estudos elementos diversos, tratando as naturezas-culturas como tecidos inteiriços. Porém, argumenta sobre o pensar do antropólogo tradicional, em que não pode nem deve haver antropologia do mundo moderno. E ainda prossegue, que é justamente a incapacidade de “nos estudarmos dessa forma que nos faz capazes de estudar com tamanha sutileza e distanciamento os outros”(Ob cit). Antropologizar este mundo moderno, entretanto, implicaria em uma mudança de nossa própria concepção do moderno. Posto isto, é o que ele busca “comprovar” em seu trabalho: O termo moderno designa para ele dois conjuntos de práticas que encontram em sua profunda distinção sua eficácia complementar: * 1º - Práticas de “tradução” ou “mediação”, que permitem a mistura de seres de gêneros totalmente diferentes, criando o que chama de “híbridos” de natureza e cultura. Este conjunto seria realizado através do que chama de redes. * 2º - Práticas de “purificação”, que engendram duas zonas radicalmente diferentes, que geram uma separação crucial entre “humanos e não-humanos”. Esta prática é realizada através do repertório crítico dos modernos. Na ligação entre esses dois trabalhos estaria a chave para a análise do mundo moderno: a purificação permitiria que mediação se proliferasse enormemente, tornando seu trabalho invisível. A antropologia simétrica de Bruno Latour em seu ensaio “Jamais fomos modernos”, permite uma reflexão onde não se pretende esgotar o tema, porém, proporciona uma revisão sobre o conceito já sedimentado na sociedade, e no mais, ainda sugestiona o diálogo em várias direções por profissionais de várias áreas para além do ambiente acadêmico, principalmente nas humanas. Ele cunhou a expressão “antropologia simétrica”, eleita como antídoto aos grandes divisores (ob. Cit.), pois não se restringe a proporcionar o diálogo somente entre áreas do conhecimento, mas também entre mundos, como do “ameríndio e da ciência moderna” (ob cit). Ainda nesta corrente tem-se Roy Wagner e Marilyn Strathern sustentando que é possível aproximar os estudos sobre os “outros” e “nós mesmos”, onde se enfatiza que o conhecimento antropológico não é de forma alguma reflexão de um ponto de vista unitário ou mesmo totalizante, mas sua possibilidade de construção é calcada na interlocução com os agentes aos quais são estudados (PS* no caso do prosumer existe esta relação, ela já é uma possível reflexão deste pensamento de forma não condicionada? Ou seja, é simplesmente natural?). Quando se cria o conhecimento antropológico em rede, há portanto a diluição da idéia de autoria, onde a multiplicidade autoral surge a partir da internet e do wiki. Têm-se aí, uma configuração em que o autor deixa de ser fulano, beltrano ou até uma parceria; então o autor passa a ser a própria proposta em si, como em nosso caso aqui do CCVAP em que construímos o texto á partir de uma ideia de coletivo, porém, onde as
  • 2. ideias se misturam junto às aulas internas, externas, reflexões, contribuições por meio da rede social facebook e pelo blog. Parafraseando os professores Goldman e Viveiros de Castro da UFRJ por meio do agregador pensamento no site Abaeté, o CCVAP com a produção do texto coletivo “O rompimento do paradigma emissor-receptor para a concepção de prosumer na era da comunição em rede”, “ adquire o estatuto de um palimpsesto, pois ela é objeto de discussão em situação de interpolação, enunciado por uma multiplicidade autoral antes que por autores múltiplos”. Ainda, tomo como contraposição cartas enviadas e respondidas, onde cada um têm seu papel individualizante dentro do mesmo contexto discursivo e de ideias, ao contrário, no mundo wiki e na internet que há uma simbiose das ideias, onde um e outro interfere e contribui para construção e reconstrução do mótuo-perpétuo do inacabado, porém, conhecido. Na conclusão de seu trabalho, Latour faz um balanço de sua análise do que deveríamos manter ou nos apropriar dentre as concepções modernas, pré-modernas, pós-modernas e anti-modernas. Dos modernos, acredita que deveríamos manter tudo, com exceção da confiança exclusiva em sua constituição. Dos pré-modernos, por sua vez, a capacidade em pensar os híbridos e sua concepção de historicidade, bem como a possibilidade de multiplicação de outros tipos de não- humanos que não o dos modernos. Já dos pós-modernos, ele qualifica como sintoma do mundo moderno. Dos anti-modernos, nada deveria ser mantido. Seu trabalho, assim pode fornecer chaves significantes para pensarmos o mundo moderno de uma perspectiva livre de falsas divisões e “zonas epistemológicas”. (Ob, cit.) Referências Jamais fomos modernos: ensaio de antropologia simétrica / Latour, Bruno; tradução de Carlos Irineu da Costa. – Rio de Janeiro: Ed. 34, 1994. http://ppgas2004.br.tripod.com/latour.html - Loureiro, Thiago de Niemeyer Matheus http://revistas.usp.br/cadernosdecampo/article/view/50105/54225 - Pequena Introdução da Revista Carbono