2. ⮚ HABILIDADES
(EM13LP52) Analisar obras significativas das literaturas brasileiras e de outros países e povos,
em especial a portuguesa, a indígena, a africana e a latinoamericana, com base em ferramentas
da crítica literária (estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos) ou outros critérios
relacionados a diferentes matrizes culturais, considerando o contexto de produção (visões de
mundo, diálogos com outros textos, inserções em movimentos estéticos e culturais etc.) e o
modo como dialogam com o presente.
⮚ OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
(GO-EMLP52B) Observar a construção da identidade crítica da classe artística brasileira,
analisando textos literários diversos, as características do Modernismo e suas fases (poesia e
prosa) e do Pós-modernismo, e as diversas possibilidades de identidades sociais e individuais,
refletidas na produção artístico literária de uma época e sua influência na contemporaneidade
para engajar-se em práticas autorais e coletivas.
⮚ OBJETOS DE CONHECIMENTO
Linguagem figurada. Teoria da Literatura da Língua Portuguesa. Contextualização histórica.
Análise e interpretação do texto literário. Estética e estilística na literatura. Análise do discurso.
Comparação entre textos.
3.
4. REALISMO/NATURALISMO
origem na Europa,
início do século 19,
marcos iniciais: Realismo, Gustave Flaubert - “Madame Bovary”, 1857,
Naturalismo, Émile Zola - Thérèse Raquim, 1867.
Nesse ano, morria Auguste Comte, fundador da filosofia positivista, que teve
grande influência nas obras do realismo e no pensamento da época de modo
geral: tratava-se de uma concepção de mundo científica, que propunha que a
apreensão da realidade deveria ser objetiva, empírica, como nos
procedimentos de análise das ciências naturais. O progresso, ideal maior dos
positivistas, só viria por meio da ciência.
5. Segunda Revolução Industrial (urbanização massiva, jornadas de trabalho
extenuantes e crescimento desordenado das cidades, além da sujeira
proveniente dos resíduos da produção fabril).
Diversas descobertas e invenções que modificaram a maneira como os cidadãos
viviam, tais como a lâmpada elétrica, o rádio e o automóvel moderno movido à
gasolina.
6. Charles Darwin publicou A origem das espécies (1859): teoria evolucionista -
Seres vivos passam por um processo de seleção natural, que determina as
espécies que sobrevivem e as que são extintas - hierarquia as sociedades, com a
noção de “primitivo” e “civilizado” que já existia na mentalidade eurocêntrica há
muitos séculos. Assim como o determinismo científico, que entendia que o
comportamento humano é determinado pelas condições do meio.
Filhos de seu tempo, os realistas abraçaram a ciência como grande patrona do
século XIX, substituindo as idealizações e anseios de liberdade do romantismo
por uma postura analítico científica, dissecando a realidade que se via em
constante transformação.
7. REALISMO EM PORTUGAL
O Realismo em Portugal desenvolve-se nos últimos anos da década de 60 do
século XIX e tem como marco a Questão Coimbrã: o movimento reflete o
pensamento da elite intelectual do país insatisfeita com o clero e a monarquia. É
um período de agitação política, social e cultural que toma conta de grandes
centros educacionais, como em Coimbra.
A Escola Realista de Portugal estende-se até 1890, quando Eugênio de Castro
publica a obra "Oaristos", um livro de poesias que seguia o modelo simbolista
importado da França.
8. Principais Autores e Obras do Realismo Português
ANTERO DE QUENTAL (1842 - 1891)
A produção poética de Antero de Quental é apresentada em três
momentos, todos ligados à trajetória de vida do autor.
As primeiras poesias são anteriores à Questão Coimbrã e ainda refletem o
modelo romântico. Já os poemas "Odes Modernas" são denominados
como um marco em sua obra e apontam uma fase de poesia
revolucionária com forte influência do movimento em Coimbra.
O livro mais revelador de Antero de Quental é "Os Sonetos", definidos
pela crítica literária como tecnicamente perfeitos e lógicos.
9. EÇA DE QUEIRÓS
Eça de Queirós foi um dos mais importantes escritores do realismo português sendo considerado
o maior representante da prosa realista da língua portuguesa. Além de escritor, exerceu também
a profissão de jornalista e advogado.
Características das Obras
Eça de Queirós foi um inovador da prosa realista portuguesa ao criar novas formas de linguagens,
neologismos e mudanças na sintaxe. Recebeu grande influência literária do escritor francês Gustave
Flaubert (1821-1880), se afastando dos modelos clássicos. De maneira geral, suas obras abordam
temas simples e do cotidiano, as quais estão permeadas de ironia, humor e, de vez em quando, de
pessimismo e crítica social. Vale lembrar que o início do Realismo em Portugal esteve marcado pela
publicação do romance “O Crime do Padre Amaro”, em 1875. Ao se afastar do idealismo romântico,
Eça de Queirós faz uma dura crítica aos valores da burguesia portuguesa e da corrupção da Igreja.
Mais tarde, Eça escreveu diversos romances no qual enfatiza a questão da hipocrisia da burguesia
aliada à análise psicológica das personagens. Um exemplo notório está na sua obra mais conhecida
“O Primo Basílio”, publicada em 1878.
10. Destacam-se ainda no contexto do realismo europeu as obras
dos ingleses Charles Dickens, George Eliot (pseudônimo de
Mary A. Evans) e Henry James; do norueguês Henrik Ibsen; do
sueco August Strindberg; e dos russos Fiódor Dostoiévski, Liev
Tolstói e Anton Tchekhov.
11. Características do realismo
Valorização da objetividade e dos fatos;
Impessoalidade, apagamento das ideias do autor;
Descrições de tipos sociais ou situações típicas;
Fim das idealizações: retratos de adultério, miséria e fracasso social;
Prevalência das formas do romance e do conto;
Frequentes críticas às hipocrisias da moralidade da nova classe dominante, a burguesia;
Aceitação da realidade tal como ela é, em oposição aos anseios de liberdade dos românticos;
Esteticismo: linguagem culta e estilizada, escrita com proporção e elegância;
Tentativa de explicar o real, recorrendo muitas vezes à ciência ou ao determinismo;
Abordagem psicológica das personagens como composição da realidade que veem.
12. NATURALISMO EM PORTUGAL
O Naturalismo em Portugal tem início na década de 1875 com a publicação da
obra de “O Crime do Padre Amaro” (1875) de Eça de Queirós.
Embora ele seja mais citado como escritor realista, a obra de Eça abrange
diversas características do naturalismo.
O que é Naturalismo?
Além de ter sido um movimento literário, o
naturalismo teve grande influência nas artes
plásticas e no teatro.
É, portanto, uma tendência estética, que muitas
vezes está unida ao realismo, ou seja, pode ser
considerada uma ramificação deste.
Sendo assim, o naturalismo é um estilo artístico
posterior ao realismo e anterior ao
parnasianismo. Da mesma maneira que o
realismo, ele se posiciona contra os ideais da
escola romântica.
Grupo do Leão, do pintor português Columbano Bordalo Pinheiro
13. Realismo e Naturalismo
Uma das principais diferenças entre é as personagens que aparecem nas obras.
Enquanto no realismo as personagens fazem parte da classe burguesa, no
naturalismo, elas são pessoas simples ou mesmo marginalizadas pela
sociedade.
O naturalismo é entendido como uma corrente mais radical do realismo. O que
os diferencia é que o realismo privilegia mergulhos psicológicos nas
personagens, o naturalismo possui um olhar anatômico, ressaltando a doença
e o aspecto animalesco do ser humano. As personagens são abordadas de fora
para dentro, enfatizando as ações exteriores, sem preocupação com o
aprofundamento psicológico. O realismo retrata o homem psicológico,
enquanto o naturalismo propõe o homem biológico.
Se o realismo propõe retratar o homem em interação com seu meio, o
naturalismo vai ainda um pouco além: expõe o indivíduo como um produto
biológico, cujo comportamento é determinado a partir dessas relações com o
meio e de acordo com suas características hereditárias, surge com o intuito de
chocar o público e apresentar uma nova realidade “nua e crua”.
14. Contexto Histórico
O naturalismo surge numa época de extremo cientificismo e descobertas em diversos campos do
saber.
Destaca-se o positivismo de Comte, o Evolucionismo de Darwin, a Psicologia, as pesquisas
antropológicas e os avanços políticos: democracia, liberalismo e socialismo.
Tudo isso foi essencial para mostrar uma nova mudança na consciência humana, retratando da
forma mais verossímil possível a realidade.
Em Portugal, o momento é de modernização da Indústria, dos transportes e da comunicação,
impulsionados pela Revolução Industrial.
Além disso, a mecanização da agricultura bem como a inserção de novas técnicas de cultivo foi
essencial para o desenvolvendo na área.
Isso gerou mais produção e empregos. Assim, o atraso econômico e tecnológico pelo qual
passava o país anteriormente, foi gradualmente se transformando.
15. Características do naturalismo em Portugal
Objetividade e Materialismo
Cientificismo e Determinismo
Positivismo e Darwinismo
Linguagem simples e coloquial
Descrições minuciosas
Realidade e denúncia social
Temas polêmicos
Leis na natureza
Paisagens rurais
Instinto humano
Homem como produto biológico
Personagens marginalizados
Negação dos aspectos românticos
16. Autores e obras do naturalismo português
Eça de Queirós (1845-1900): O Mistério da Estrada de Sintra (1970), O Crime
do Padre Amaro (1875) e A Tragédia da Rua das Flores (1877).
Francisco Teixeira de Queirós (1848-1919): Os Meus Primeiros Contos
(1876), Amor Divino (1877) e Os Noivos (1879)
Júlio Lourenço Pinto (1842-1907): Margarida (1879), Vida Atribulada (1880)
e Esboços do Natural (1882).
Abel Botelho (1854-1917): Claudina (1890), O Barão De Lavos (1891), Os
Vencidos Da Vida (1892).
18. 1. (UNESP - 2012) Uma campanha alegre, IX
Há muitos anos que a política em Portugal apresenta este singular estado:
Doze ou quinze homens, sempre os mesmos, alternadamente possuem o Poder, perdem o Poder, reconquistam o Poder,
trocam o Poder... O Poder não sai duns certos grupos, como uma pela* que quatro crianças, aos quatro cantos de uma
sala, atiram umas às outras, pelo ar, num rumor de risos.
Quando quatro ou cinco daqueles homens estão no Poder, esses homens são, segundo a opinião, e os dizeres de todos os
outros que lá não estão — os corruptos, os esbanjadores da Fazenda, a ruína do País!
Os outros, os que não estão no Poder, são, segundo a sua própria opinião e os seus jornais — os verdadeiros liberais, os
salvadores da causa pública, os amigos do povo, e os interesses do País. Mas, coisa notável! — os cinco que estão no Poder
fazem tudo o que podem para continuar a ser os esbanjadores da Fazenda e a ruína do País, durante o maior tempo
possível! E os que não estão no Poder movem-se, conspiram, cansam-se, para deixar de ser o mais depressa que puderem
— os verdadeiros liberais, e os interesses do País!
Até que enfim caem os cinco do Poder, e os outros, os verdadeiros liberais, entram triunfantemente na designação
herdada de esbanjadores da Fazenda e ruína do País; em tanto que os que caíram do Poder se resignam, cheios de fel e de
tédio — a vir a ser os verdadeiros liberais e os interesses do País.
Ora como todos os ministros são tirados deste grupo de doze ou quinze indivíduos, não há nenhum deles que não tenha
sido por seu turno esbanjador da Fazenda e ruína do País...
Não há nenhum que não tenha sido demitido, ou obrigado a pedir a demissão, pelas acusações mais graves e pelas
votações mais hostis...
Não há nenhum que não tenha sido julgado incapaz de dirigir as coisas públicas — pela Imprensa, pela palavra dos
oradores, pelas incriminações da opinião, pela afirmativa constitucional do poder moderador...
E todavia serão estes doze ou quinze indivíduos os que continuarão dirigindo o País, neste caminho em que ele vai, feliz,
abundante, rico, forte, coroado de rosas, e num chouto** tão triunfante!
(*) Pela: bola.
(**) Chouto: trote miúdo. (Eça de Queirós. Obras. Porto: Lello & Irmão-Editores, [s.d.].)
19. Considere as frases com relação ao que se afirma na crônica de Eça de Queirós:
I. Os que estão no poder não querem sair e os que não estão querem entrar.
II. Quando um partido ético está no poder, tudo fica melhor.
III. Os governantes são bons e éticos, mas vivem a trocar acusações infundadas.
IV. Os políticos que estão fora do poder julgam-se os melhores eticamente para
governar.
As frases que representam a opinião do cronista estão contidas apenas em:
a) I e II. b) I e III. c) I e IV.
d) I, II e III. e) II, III e IV.
20. 2. (UFPR) Eça de Queirós afirmava: "O Realismo é a anatomia do caráter. É a
crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos – para nos
conhecermos, para que saibamos se somos verdadeiros ou falsos, para condenar
o que houver de mau na nossa sociedade.“
Para realizar essa proposta literária, quais os recursos utilizados no discurso
realista? Selecione-os na relação abaixo e depois assinale a alternativa que os
contém:
1. Preocupação revolucionária, atitude de crítica e de combate;
2. imaginação criadora;
3. personagens fruto da observação; tipos concretos e vivos;
4. linguagem natural, sem rebuscamentos;
5. preocupação com mensagem que revela concepção materialista do homem;
6. senso de mistério;
7. retorno ao passado;
8. determinismo biológico ou social.
a) 1, 2, 3, 5, 7, 8. b) 1, 3, 4, 5, 8. c) 2, 3, 4, 6, 7. d) 3, 4, 5, 6, 8. e) 2, 3, 4, 5, 8.
21. 3. Assinale a alternativa que contenha a associação correta:
a) Eça de Queiroz → Prosa essencialmente imaginativa e romântica.
b) Eça de Queiroz → Principal representante do Realismo em Portugal.
c) Eça de Queiroz → O fenômeno da heteronímia é uma constante em sua obra.
d) Eça de Queiroz → A temática abordada quase sempre é amorosa.
e) Eça de Queiroz → Sua obra tem temática militante e panfletária.
22. 4. São características da obra de Eça de Queiroz, exceto:
a) Com a preocupação de fazer uma vasta análise da sociedade portuguesa da
época e moralizá-la, Eça de Queiroz ficou conhecido por suas críticas às
instituições sociais, entre elas a família, a igreja, a escola e o Estado.
b) O livro O Crime do Padre Amaro inaugurou o Realismo português. A obra tem
como mote a denúncia contra a corrupção dos padres, que manipulavam a
população em favor da elite, e também a questão do celibato.
c) Eça de Queiroz reproduz acontecimentos, tipos e comportamentos humanos de
maneira fiel, conforme os preceitos da escola realista. É possível observar
também o abuso do recurso da descrição e o exagero no uso de adjetivos,
características do Realismo. A linguagem irônica também é uma de suas principais
características.
e) Um dos principais escritores da literatura contemporânea, a oralidade na
obra de Eça de Queiroz é uma de suas principais características. Os diálogos das
personagens confundem-se facilmente com o fluxo de consciência do narrador.
23. 5. O realismo foi um movimento de:
a) volta ao passado. b) exacerbação ultrarromântica.
c) maior preocupação com a objetividade. d) irracionalismo. e) moralismo.
6. O realismo, como escola literária, é caracterizado:
a) pelo exagero da imaginação. b) pelo culto da forma.
c) pela preocupação com o fundo. d) pelo subjetivismo.
e) pelo objetivismo.
7. Das características abaixo, assinale a que não pertence ao Realismo:
a) Preocupação crítica. b) Visão materialista da realidade.
c) Ênfase nos problemas morais e sociais. d) Valorização da Igreja.
e) Determinismo na atuação das personagens.
24. 8. (UniFEI) Leia atentamente:
I. "A segunda Revolução Industrial, o cientificismo, o progresso tecnológico, o
socialismo utópico, a filosofia positivista de Augusto Comte, o evolucionismo
formam o contexto sócio-político-econômico-filosófico-científico em que se
desenvolveu a estética realista“;
II. "O escritor realista acerca-se dos objetos e das pessoas de um modo pessoal,
apoiando-se na intuição e nos sentimentos“;
III. "Os maiores representantes da estética realista-naturalista no Brasil foram:
Machado de Assis, Aluísio de Azevedo e Raul Pompeia“;
IV. "Podemos citar como características da estética realista: o individualismo, a
linguagem erudita e a visão fantasiosa da sociedade“.
Verificamos que em relação ao Realismo-Naturalismo está(estão) correta(s):
a) Apenas a I e II. b) Apenas a I e III. c) Apenas a II e IV.
d) Apenas a II e III. e) Apenas a III e IV.
25. 9. (PUC-PR) Uma das características do Naturalismo é o determinismo. Assinale a
alternativa que contém o exemplo correto para essa característica.
a) Determinismo é apresentar a vida como ela é.
b) Determinismo é a tendência de imitar a realidade.
c) O destino das personagens está subordinado às condições de raça, meio e
momento histórico.
d) O narrador determina qual é o conflito que viverão as personagens.
e) A paisagem e as personagens obedecem a uma ordem científica.
26. 10. (UNIFAP) A respeito do período realista-naturalista, pode-se dizer que:
a) A noite e a solidão são elementos que norteiam a evasão da alma, ou seja,
propiciam o distanciamento do mundo real.
b) As ideias de cunho materialista estão ligadas intimamente a esse período
literário, contribuindo para o homem voltar-se para o não-eu.
c) A realidade exterior é sugerida vagamente, através de uma linguagem
simbólica com termos predominantemente abstratos.
d) A produção literária desse movimento literário alimenta-se do bucolismo
greco-latino; do cromatismo vocabular e do conflito.
e) A temática explorada durante esse estilo de época é marcada pela intensa
valorização das classes burguesa e clerical.