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I SIMPÓSIO DE PESQUISA EM ENSINO E HISTÓRIA DE CIÊNCIAS DA TERRA
III SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE ENSINO DE GEOLOGIA NO BRASIL
349
HISTÓRIA DA PEDOLOGIA: UM RESGATE BIBLIOGRÁFICO
THE HISTORY OF PEDOLOGY: A CRITICAL REVIEW
CARLOS ROBERTO ESPINDOLA
Professor do Curso de Pós-Graduação em Geografia – IG/UNICAMP
Rua Guiará, 183 - casa 5 – Pompeia – 05025-020, SP, SÃO PAULO
<carlosespindola@uol.com.br>
Abstract - This paper contains topics from a book on Pedology to be published by the author, concerning the history of Soil Science, where
some specific details of the humid tropical regions are treated. In 2007 the Brazilian Soil Science Society completes its 60th
anniversary.
Employing nearly 1300 references, the book brings a critical treatment of this science since its birth. In this article the Pedology
individualization from its mother science – Geology is focused, starting by the work of the Russian Dokuchaev, quickly diffused all over the
world. In Brazil, this diffusion started in the Agronomic Institute of Campinas, followed by the Ministry of Agriculture, through the Soils
Commission, known nowdays as Embrapa Soils, and also by the Radam Brazil Project. However, there are several actions yet to improve,
mainly on multidisciplinary and social participation, with special attention on soil science education at different levels.
Keywords - Pedology, earth sciences, soil teaching.
Resumo - O artigo encerra parte de um assunto tratado pelo autor na forma de um livro a ser publicado, sobre a história da Pedologia, aí
inserindo as especificidades dos solos nas zonas tropicais úmidas, notadamente o Brasil, num momento em que a Sociedade Brasileira de
Ciência do Solo está completando 60 anos de existência. A partir de mais de 1300 referências bibliográficas, o livro enseja uma abordagem
crítica desde os primórdios desta ciência, com a sua individualização a partir da ciência mãe – a Geologia. Para o caso presente, a análise está
centrada no seu nascedouro, na Rússia, com Dokuchaev, seguindo-se o processo de difusão desses conhecimentos no mundo todo. No Brasil,
o Instituto Agronômico de Campinas desempenhou papel pioneiro nessa difusão, seguido pelo Ministério da Agricultura, com a antiga
Comissão de Solos (que evoluiu para a atual Embrapa) e pelo Projeto Radam Brasil. Contudo, muito há ainda a ser feito em caráter
multidisciplinar, com participação da sociedade, notadamente no ensino das ciências da terra, para os diferentes níveis de escolaridade.
Palavras-chave: pedologia, ciências da terra, ensino de solos.
Linha Temática: História das Ciências da Terra
1. Registros iniciais sobre os solos agrícolas
O interesse pela natureza e propriedades dos solos
sempre fez parte da civilização humana, pelo
reconhecimento de sua ação de suporte às plantas e,
portanto, pelo sustento das populações. Segundo
Simonson (1968), os primeiros registros sobre os
prenúncios de uma distinção de diferentes categorias de
solos (classificação) datam de 4 a 5000 anos, na China.
Determinados estudiosos relacionavam a
produtividade dos solos às condições de declive
(Palladius, Caton, Varron, Pline), enquanto outros ao
padrão da vegetação (Columella), ou à coloração
(Virgílio), segundo relato de Plaisance & Cailleux
(1958). Registros da Era Cristã revelam a preocupação
na diferenciação dos solos com a finalidade de
tributação (Oliveira, 1999).
Hipócrates (400 a C) comparou o papel dos
solos para as plantas à função do estômago para os
animais; Varro (35 a C) chegou a particularizar “solos
ricos, intermediários e pobres”, e Columella avançou
conhecimentos ao escrever um livro enfocando uso e
manejo dos solos (Simonson, 1968).
2. Avanços no conhecimento sobre a natureza dos
solos
Com o avanço das ciências, em geral, já no limiar da
segunda metade do século XIX – mormente a Química
e a Geologia (Mineralogia e Petrologia) – a admissão
do solo como fornecedor de nutrientes passou a ganhar
maior fundamentação, a partir de Bernard de Palissy
(1499-1589), que ressaltava a importância dos “sais”
(constituintes minerais-nutrientes). Olivier de Serres
(1539-1619) apontava também qualidades físicas dos
solos; ambos chegaram a destacar 19 caracteres
requeridos para a descrição adequada de um solo
(Demolon, 1949).
A forte influência de Lavoisier, em seus
estudos sobre matéria orgânica, por volta de 1790,
levou Wallerius a postular que as plantas nutriam-se do
“húmus”, e não dos “sais” (minerais), aspecto esse que
foi reforçado diretamente por De Saussure (1767-
1845), o que é registrado na literatura como “teoria do
húmus”. Contudo, Justus von Liebig (1803-1873)
contestou essa escola, retomando posições adotadas por
Palissy e assentando, por vez, que a nutrição das
plantas dava-se pela assimilação de compostos
inorgânicos – os nutrientes minerais.
Esta postura reforçava a assertiva de que de
que a natureza do substrato (que mais tarde viria a ser
designado por “rocha mãe”) possuía forte influência na
“capacidade nutricional” do solo, conforme expresso
por Gasparin (1840), ao apontar diferenças na
“natureza petrográficas” das camadas verticais, que ele
designava “solo ativo” (zona de intensa atividade de
I SIMPÓSIO DE PESQUISA EM ENSINO E HISTÓRIA DE CIÊNCIAS DA TERRA
III SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE ENSINO DE GEOLOGIA NO BRASIL
350
raízes), para diferenciá-las do “solo inerte” (o substrato
geológico).
Há que ressaltar a acuidade de Fallou (1862),
ao estabelecer o estudo do solo como importante parte
da geologia, vindo já a empregar a designação
“pedologia” para esse campo de investigação. Porém,
Bunting (1971) menciona que muito antes (1838), J.
Norton chegara a atribuir a natureza e propriedade dos
solos a uma resposta à ação conjunta do clima, das
formações geológicas, da situação topográfica,
condições de drenagem e manejo das culturas, o que
encerra uma tentativa de se esboçar de influência dos
fatores do meio (mais adiante denominados “fatores de
formação do solo”).
Todavia, visões, de certa forma análogas, já
haviam sido assinaladas pela genialidade de Alexander
von Humboldt, em 1789, em suas pesquisas nos Andes,
ao comentar que as plantas viviam em conformidade
com os solos, o clima e as variações de altitude (Wilde,
1963).
O impacto da teoria evolucionista de Darwin,
em concomitância com os conhecimentos científicos de
outras áreas, como a Geologia (Cristalografia,
Mineralogia, Petrologia), assim como a Química, com
a classificação periódica dos elementos, causou uma
verdadeira revolução nas ciências, com forte
repercussão sobre o conhecimento dos solos,
especialmente a partir da segunda metade do século
XIX.
3. A individualização da pedologia como ciência
autônoma
Uma intensa e prolongada seca ocorrida no período
1873-1875, no sul da Rússia, provocou sérios prejuízos
à produção agrícola regional, com quebra substancial
na exportação de cereais pelo porto de Odessa, rumo à
Europa do Norte. Para equacionar um projeto de
reversão dessa condição negativa, a Sociedade
Econômica Livre Imperial de São Petersburgo instituiu
uma comissão de alto nível, integrada por especialistas
de diversas áreas afins.
A esta comissão integrou-se o físico e
matemático Vassili Vassilievitch Dokuchaev, formado
em 1871 pela Universidade de São Petersburgo,
constante freqüentador de conferências de eminentes
cientistas, dentre os quais Mendeleiv (da tabela
periódica de elementos). Em 1872 começou a trabalhar
no museu de sua universidade, chegando, em 1880, a
ser professor de Mineralogia e Cristalografia
(Boulaine, 1984).
Após 4 anos de investigações em campo, com
sua equipe, Dokuchaev percorreu cerca de 10.000 km,
ao longo da Criméia, Cáucaso do Norte, bordas do Mar
Negro, Ucrânia e Bessarábia, percebendo que, à
semelhança dos seres vivos, os solos também
mostravam uma evolução dependente da zona de suas
ocorrências. Daí surgiu um verdadeiro paradigma,
conhecido como “lei da zonalidade”, ensejando que em
função do clima desenvolver-se-ia determinado tipo de
solo.
Assim, a maneira de se conhecer e descrever
determinado solo era pelo seu “perfil” (corte vertical),
contendo camadas distintas, mais ou menos horizontais
e paralelas à superfície, por isso mesmo referidas por
“horizontes”. Dokuchaev já afirmava ser o solo um
corpo natural originário de uma rocha-mãe
(posteriormente material de origem), estabelecida numa
determinada posição do relevo, sofrendo a ação do
clima e dos organismos ao longo de um tempo.
Em 1874 surgiram as primeiras publicações
oriundas das pesquisas nas diferentes regiões, tratando
do Podzol – solo com marcadas diferenças entre os
horizontes A-B-C, conforme designação atribuída por
Dokuchaev (Israel Program Sci. Transl., 1966).
A “terra negra”, denominada Chernozém, foi
objeto de especial atenção, pela sua alta produtividade,
tendo sido registrada a observação de Dokuchaev, de
que... “na história da pedologia o Chernozém
desempenhou um papel tão importante como o sapo na
história da fisiologia, a calcita na Cristalografia e o
benzeno na Química Orgânica", de acordo com Pédro
(1984). Este pesquisador comenta que a “lei da
zonalidade” significou para a pedologia o que o
transformismo representou para a biologia, a mecânica
quântica para a Física Atômica, ou a tectônica das
placas para a Geologia.
Em 1892, Dokuchaev tornou-se Diretor do
Instituto Agronômico e Florestal da Nova Alexandria,
na Polônia, e criou a 1ª Cadeira de Pedologia do
mundo, entregando o encargo de sua implementação ao
seu discípulo Sibirtzev. Outro registro notável foi a
criação da revista Potchvovedenie (Pedologia, em
russo), em 1899. Veio a falecer e 26 de outubro de
1903.
Um primeiro esboço de classificação de solos,
por Dokuchaev e sua equipe, estabelecia 3 (três)
grandes categorias:
a) Solos normais (Normal soils) – de diversas
zonas bioclimáticas, desde a Boreal (solos
de Tundra) até a Sub-Tropical e Tropical
(Laterite soils) e Vermelhos (Red soils),
com diversas designações.
b) Solos transicionais – solos de regiões
secas, solos carbonáticos e solos alcalinos.
c) Solos anormais (Abnormal soils) – solos
“moor”, solos aluviais, solos eólicos.
Sibirtzev acabou estendendo esses termos aos
correspondentes: solos zonais, solos intermediários e
solos azonais, ficando assimilada a idéia de grau de
evolução para cada uma dessas categorias: os Zonais,
por refletirem uma ação mais equilibrada dos fatores
pedogênicos (rocha-mãe, clima, relevo, organismos e
tempo), abarcaria os solos bem desenvolvidos; na
condição oposta, os Azonais conteriam os solos pouco
desenvolvidos, com ação preponderante de um dos
fatores, com a rocha, por exemplo, propiciando solos
rasos; os demais seriam os solos moderadamente
desenvolvidos, a exemplo dos solos hidromórficos e
gleys (influência do lençol freático próximo à
superfície, retardando o desenvolvimento).
4. Expansão mundial da pedologia
I SIMPÓSIO DE PESQUISA EM ENSINO E HISTÓRIA DE CIÊNCIAS DA TERRA
III SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE ENSINO DE GEOLOGIA NO BRASIL
351
A Exposição Internacional de Paris, em 1889, exibiu
109 perfis de solos em monólitos, no Pavilhão Russo;
em 1893, em Chicago, foram expostos mapas, textos e
amostras de solos diversos. A expansão dos
conhecimentos de Dokuchaev foi amplamente
implantada pelo norteamericano Witney, em seu país,
que organizou o primeiro levantamento de solos nos
Estados Unidos em 1901.
O grande entrave representado pela extensa
documentação em língua russa foi aliviado,
sobremaneira, pela sua tradução para a língua alemã,
por Glinka (1914), Diretor do Instituto Agronômico de
Varoneje. No I Congresso Internacional de Ciência do
Solo, em Washington, no ano de 1927, divulgou-se o
esquema de classificação de solos estabelecido pelo
norteamericano Marbut (1927), em língua inglesa.
Pouco depois, inicialmente em língua alemã,
em 1930, posteriormente vertido para o inglês, veio a
lume o primeiro livro sobre solos tropicais, também de
um dos seguidores de Dokuchaev, Vageler (1933), que
mais tarde acabou vindo ao Brasil para pesquisar no
Instituto Agronômico de Campinas, trazido por
Theodureto de Camargo (1880-1950), que trabalhara
com Ramman (1851-1926) em Munique. Na antiga
Seção de Solos daquele Instituto, Camargo & Vageler
(1937) desenvolveram pesquisas sobre os solos
tropicais, numa época em que esse assunto ainda era,
de certa modo, de restrito conhecimento.
Alguns eventos técnico-científicos como as
exposições internacionais e as conferências de
Budapest (1908), Estocolmo (1910) e Praga (1922)
muito contribuíram para a expansão dos ensinamentos
legados por Dokuchaev (Kovda, 1984). Os Congressos
Internacionais de Solos sempre concorreram para a
ampliação mundial das escolas de pedologia, e os
norteamericanos ganharam crescente notoriedade com
Glinka, tendo produzido uma carta esquemática dos
solos do mundo, de acordo com Demolon (1949).
Ressalta-se que já na década de 1920, Marbut
(1923) publicara dados sobre os solos da África, assim
como da bacia Amazônica (Marbut & Manifold, 1926).
Contudo o grande acervo de pesquisas sobre solos
tropicais, de especial interesse para o Brasil, está
contido em trabalhos pioneiros desenvolvidos
principalmente por pedólogos franceses, belgas e
portugueses (Ségalen, 1974; D’Hoore, 1954; Botelho
da Costa, 1959) nas suas antigas colônias da África,
com organismos próprios criados para essa finalidade,
tais como a antiga Office de la Recherche Scientifique
et Technique Outre Mer (ORSTOM), da França, e a
Junta de Investigações de Ultramar, de Portugal, dentre
outros.
No Brasil, devem ser reverenciados os
trabalhos de mapeamento desenvolvidos pela antiga
Comissão de Solos, do Ministério da Agricultura,
iniciados no Estado do Rio de Janeiro (Brasil, 1958),
que acabou, bem mais tarde, a ser incorporado à
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária –
Embrapa, com sua unidade de estudos de solos mantida
no Rio de Janeiro, no Jardim Botânico – O Centro de
Pesquisas de Solos – a Embrapa Solos.
Igualmente notável foi o Projeto Radam
Brasil, instituído em 1971, que produziu inúmeros
mapeamentos no território brasileiro, acabando por ser
incorporado à Fundação IBGE – Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística, na primeira metade da década
de 1980. No Instituto Agronômico de Campinas, a
antiga Seção de Pedologia e outras afins foram
reunidas no Centro de Estados e Recursos Ambientais,
da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo.
5. Considerações finais
Nas últimas décadas, a questão ambiental, intimamente
ligada à sustentabilidade, ganhou especial destaque, e
as pesquisas em solos ampliaram suas dimensões,
notadamente sobre a degradação e recuperação de áreas
agrícolas, incluindo ainda a problemática de seqüestro
de carbono.
O “Sistema de Plantio Direto” vem
alcançando crescente progresso, desde o trabalho
pioneiro desenvolvido pelo Instituto Agronômico do
Paraná, a partir das pesquisas de Muzilli (1983). De
acordo com Derpsh & Benitas (2004), esta foi a
tecnologia mais importante adota no MERCOSUL nos
últimos 50 anos.
Ao mesmo tempo, vem ganhando expressão a
“agricultura biológica” (Döbereiner & Baldani, 1982),
ou a “agro-ecologia”, procurando atender as três
dimensões da sustentabilidade: a ecológica, a
econômica e a social (Campanhola et al., 1996). Com
isso, também o pequeno produtor, ou a agricultura
familiar, passaram a ser valorizados, a exemplo de
projetos desenvolvidos pela Embrapa no Nordeste
brasileiro (Silva, 1988).
O cenário traçado permite vislumbrar que
ainda há muito a se empreender no ensino da ciência
do solo, ou das ciências agrárias, ou ambientais, para
acompanhar a evolução acelerada das pesquisas nas
últimas décadas, buscando uma crescente
multidisciplinaridade e mais forte inserção da
sociedade, como foi projetado no último Congresso
Internacional de Ciência do Solo, realizado na
Filadélfia, pela comunidade científica mundial
(Hartemink, 2006).
Referências Bibliográficas
Botelho da Costa, J. J. Ferrallitic, Tropical Ferrallitic
and Tropical Semi-Arid Soils. Definitions in the
classification of the soils of Angola. Conferência
Interamericana de Solos, 3, Dalaba, Guiné, 1959.
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Boulaine, J. L’héritage de Vassili Vassilievitch
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Sol, n. 2, p. 93-104, 1984.
Brasil. Ministério da Agricultura. Levantamento de
Reconhecimento de Solos do Estado do Rio de
Janeiro e Distrito Federal. Comissão de Solos do
Serviço Nacional de Pesquisas Agronômicas, Rio
de Janeiro, 1958. Boletim 11. 460 p.
I SIMPÓSIO DE PESQUISA EM ENSINO E HISTÓRIA DE CIÊNCIAS DA TERRA
III SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE ENSINO DE GEOLOGIA NO BRASIL
352
Bunting, B T. Geografia do Solo. Rio de Janeiro:
Zahar, 1971. 257 p. (Tradução de T. S. Newlands)
Camargo, T. & Vageler, P. Probleme der tropischen
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Scientif. Nº 62, Bruxelles, 1954. 231 p.
Döbereiner, J. & Baldani, J. I. Bases cinetíficas para
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Breve histórico da pedologia

  • 1. I SIMPÓSIO DE PESQUISA EM ENSINO E HISTÓRIA DE CIÊNCIAS DA TERRA III SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE ENSINO DE GEOLOGIA NO BRASIL 349 HISTÓRIA DA PEDOLOGIA: UM RESGATE BIBLIOGRÁFICO THE HISTORY OF PEDOLOGY: A CRITICAL REVIEW CARLOS ROBERTO ESPINDOLA Professor do Curso de Pós-Graduação em Geografia – IG/UNICAMP Rua Guiará, 183 - casa 5 – Pompeia – 05025-020, SP, SÃO PAULO <carlosespindola@uol.com.br> Abstract - This paper contains topics from a book on Pedology to be published by the author, concerning the history of Soil Science, where some specific details of the humid tropical regions are treated. In 2007 the Brazilian Soil Science Society completes its 60th anniversary. Employing nearly 1300 references, the book brings a critical treatment of this science since its birth. In this article the Pedology individualization from its mother science – Geology is focused, starting by the work of the Russian Dokuchaev, quickly diffused all over the world. In Brazil, this diffusion started in the Agronomic Institute of Campinas, followed by the Ministry of Agriculture, through the Soils Commission, known nowdays as Embrapa Soils, and also by the Radam Brazil Project. However, there are several actions yet to improve, mainly on multidisciplinary and social participation, with special attention on soil science education at different levels. Keywords - Pedology, earth sciences, soil teaching. Resumo - O artigo encerra parte de um assunto tratado pelo autor na forma de um livro a ser publicado, sobre a história da Pedologia, aí inserindo as especificidades dos solos nas zonas tropicais úmidas, notadamente o Brasil, num momento em que a Sociedade Brasileira de Ciência do Solo está completando 60 anos de existência. A partir de mais de 1300 referências bibliográficas, o livro enseja uma abordagem crítica desde os primórdios desta ciência, com a sua individualização a partir da ciência mãe – a Geologia. Para o caso presente, a análise está centrada no seu nascedouro, na Rússia, com Dokuchaev, seguindo-se o processo de difusão desses conhecimentos no mundo todo. No Brasil, o Instituto Agronômico de Campinas desempenhou papel pioneiro nessa difusão, seguido pelo Ministério da Agricultura, com a antiga Comissão de Solos (que evoluiu para a atual Embrapa) e pelo Projeto Radam Brasil. Contudo, muito há ainda a ser feito em caráter multidisciplinar, com participação da sociedade, notadamente no ensino das ciências da terra, para os diferentes níveis de escolaridade. Palavras-chave: pedologia, ciências da terra, ensino de solos. Linha Temática: História das Ciências da Terra 1. Registros iniciais sobre os solos agrícolas O interesse pela natureza e propriedades dos solos sempre fez parte da civilização humana, pelo reconhecimento de sua ação de suporte às plantas e, portanto, pelo sustento das populações. Segundo Simonson (1968), os primeiros registros sobre os prenúncios de uma distinção de diferentes categorias de solos (classificação) datam de 4 a 5000 anos, na China. Determinados estudiosos relacionavam a produtividade dos solos às condições de declive (Palladius, Caton, Varron, Pline), enquanto outros ao padrão da vegetação (Columella), ou à coloração (Virgílio), segundo relato de Plaisance & Cailleux (1958). Registros da Era Cristã revelam a preocupação na diferenciação dos solos com a finalidade de tributação (Oliveira, 1999). Hipócrates (400 a C) comparou o papel dos solos para as plantas à função do estômago para os animais; Varro (35 a C) chegou a particularizar “solos ricos, intermediários e pobres”, e Columella avançou conhecimentos ao escrever um livro enfocando uso e manejo dos solos (Simonson, 1968). 2. Avanços no conhecimento sobre a natureza dos solos Com o avanço das ciências, em geral, já no limiar da segunda metade do século XIX – mormente a Química e a Geologia (Mineralogia e Petrologia) – a admissão do solo como fornecedor de nutrientes passou a ganhar maior fundamentação, a partir de Bernard de Palissy (1499-1589), que ressaltava a importância dos “sais” (constituintes minerais-nutrientes). Olivier de Serres (1539-1619) apontava também qualidades físicas dos solos; ambos chegaram a destacar 19 caracteres requeridos para a descrição adequada de um solo (Demolon, 1949). A forte influência de Lavoisier, em seus estudos sobre matéria orgânica, por volta de 1790, levou Wallerius a postular que as plantas nutriam-se do “húmus”, e não dos “sais” (minerais), aspecto esse que foi reforçado diretamente por De Saussure (1767- 1845), o que é registrado na literatura como “teoria do húmus”. Contudo, Justus von Liebig (1803-1873) contestou essa escola, retomando posições adotadas por Palissy e assentando, por vez, que a nutrição das plantas dava-se pela assimilação de compostos inorgânicos – os nutrientes minerais. Esta postura reforçava a assertiva de que de que a natureza do substrato (que mais tarde viria a ser designado por “rocha mãe”) possuía forte influência na “capacidade nutricional” do solo, conforme expresso por Gasparin (1840), ao apontar diferenças na “natureza petrográficas” das camadas verticais, que ele designava “solo ativo” (zona de intensa atividade de
  • 2. I SIMPÓSIO DE PESQUISA EM ENSINO E HISTÓRIA DE CIÊNCIAS DA TERRA III SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE ENSINO DE GEOLOGIA NO BRASIL 350 raízes), para diferenciá-las do “solo inerte” (o substrato geológico). Há que ressaltar a acuidade de Fallou (1862), ao estabelecer o estudo do solo como importante parte da geologia, vindo já a empregar a designação “pedologia” para esse campo de investigação. Porém, Bunting (1971) menciona que muito antes (1838), J. Norton chegara a atribuir a natureza e propriedade dos solos a uma resposta à ação conjunta do clima, das formações geológicas, da situação topográfica, condições de drenagem e manejo das culturas, o que encerra uma tentativa de se esboçar de influência dos fatores do meio (mais adiante denominados “fatores de formação do solo”). Todavia, visões, de certa forma análogas, já haviam sido assinaladas pela genialidade de Alexander von Humboldt, em 1789, em suas pesquisas nos Andes, ao comentar que as plantas viviam em conformidade com os solos, o clima e as variações de altitude (Wilde, 1963). O impacto da teoria evolucionista de Darwin, em concomitância com os conhecimentos científicos de outras áreas, como a Geologia (Cristalografia, Mineralogia, Petrologia), assim como a Química, com a classificação periódica dos elementos, causou uma verdadeira revolução nas ciências, com forte repercussão sobre o conhecimento dos solos, especialmente a partir da segunda metade do século XIX. 3. A individualização da pedologia como ciência autônoma Uma intensa e prolongada seca ocorrida no período 1873-1875, no sul da Rússia, provocou sérios prejuízos à produção agrícola regional, com quebra substancial na exportação de cereais pelo porto de Odessa, rumo à Europa do Norte. Para equacionar um projeto de reversão dessa condição negativa, a Sociedade Econômica Livre Imperial de São Petersburgo instituiu uma comissão de alto nível, integrada por especialistas de diversas áreas afins. A esta comissão integrou-se o físico e matemático Vassili Vassilievitch Dokuchaev, formado em 1871 pela Universidade de São Petersburgo, constante freqüentador de conferências de eminentes cientistas, dentre os quais Mendeleiv (da tabela periódica de elementos). Em 1872 começou a trabalhar no museu de sua universidade, chegando, em 1880, a ser professor de Mineralogia e Cristalografia (Boulaine, 1984). Após 4 anos de investigações em campo, com sua equipe, Dokuchaev percorreu cerca de 10.000 km, ao longo da Criméia, Cáucaso do Norte, bordas do Mar Negro, Ucrânia e Bessarábia, percebendo que, à semelhança dos seres vivos, os solos também mostravam uma evolução dependente da zona de suas ocorrências. Daí surgiu um verdadeiro paradigma, conhecido como “lei da zonalidade”, ensejando que em função do clima desenvolver-se-ia determinado tipo de solo. Assim, a maneira de se conhecer e descrever determinado solo era pelo seu “perfil” (corte vertical), contendo camadas distintas, mais ou menos horizontais e paralelas à superfície, por isso mesmo referidas por “horizontes”. Dokuchaev já afirmava ser o solo um corpo natural originário de uma rocha-mãe (posteriormente material de origem), estabelecida numa determinada posição do relevo, sofrendo a ação do clima e dos organismos ao longo de um tempo. Em 1874 surgiram as primeiras publicações oriundas das pesquisas nas diferentes regiões, tratando do Podzol – solo com marcadas diferenças entre os horizontes A-B-C, conforme designação atribuída por Dokuchaev (Israel Program Sci. Transl., 1966). A “terra negra”, denominada Chernozém, foi objeto de especial atenção, pela sua alta produtividade, tendo sido registrada a observação de Dokuchaev, de que... “na história da pedologia o Chernozém desempenhou um papel tão importante como o sapo na história da fisiologia, a calcita na Cristalografia e o benzeno na Química Orgânica", de acordo com Pédro (1984). Este pesquisador comenta que a “lei da zonalidade” significou para a pedologia o que o transformismo representou para a biologia, a mecânica quântica para a Física Atômica, ou a tectônica das placas para a Geologia. Em 1892, Dokuchaev tornou-se Diretor do Instituto Agronômico e Florestal da Nova Alexandria, na Polônia, e criou a 1ª Cadeira de Pedologia do mundo, entregando o encargo de sua implementação ao seu discípulo Sibirtzev. Outro registro notável foi a criação da revista Potchvovedenie (Pedologia, em russo), em 1899. Veio a falecer e 26 de outubro de 1903. Um primeiro esboço de classificação de solos, por Dokuchaev e sua equipe, estabelecia 3 (três) grandes categorias: a) Solos normais (Normal soils) – de diversas zonas bioclimáticas, desde a Boreal (solos de Tundra) até a Sub-Tropical e Tropical (Laterite soils) e Vermelhos (Red soils), com diversas designações. b) Solos transicionais – solos de regiões secas, solos carbonáticos e solos alcalinos. c) Solos anormais (Abnormal soils) – solos “moor”, solos aluviais, solos eólicos. Sibirtzev acabou estendendo esses termos aos correspondentes: solos zonais, solos intermediários e solos azonais, ficando assimilada a idéia de grau de evolução para cada uma dessas categorias: os Zonais, por refletirem uma ação mais equilibrada dos fatores pedogênicos (rocha-mãe, clima, relevo, organismos e tempo), abarcaria os solos bem desenvolvidos; na condição oposta, os Azonais conteriam os solos pouco desenvolvidos, com ação preponderante de um dos fatores, com a rocha, por exemplo, propiciando solos rasos; os demais seriam os solos moderadamente desenvolvidos, a exemplo dos solos hidromórficos e gleys (influência do lençol freático próximo à superfície, retardando o desenvolvimento). 4. Expansão mundial da pedologia
  • 3. I SIMPÓSIO DE PESQUISA EM ENSINO E HISTÓRIA DE CIÊNCIAS DA TERRA III SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE ENSINO DE GEOLOGIA NO BRASIL 351 A Exposição Internacional de Paris, em 1889, exibiu 109 perfis de solos em monólitos, no Pavilhão Russo; em 1893, em Chicago, foram expostos mapas, textos e amostras de solos diversos. A expansão dos conhecimentos de Dokuchaev foi amplamente implantada pelo norteamericano Witney, em seu país, que organizou o primeiro levantamento de solos nos Estados Unidos em 1901. O grande entrave representado pela extensa documentação em língua russa foi aliviado, sobremaneira, pela sua tradução para a língua alemã, por Glinka (1914), Diretor do Instituto Agronômico de Varoneje. No I Congresso Internacional de Ciência do Solo, em Washington, no ano de 1927, divulgou-se o esquema de classificação de solos estabelecido pelo norteamericano Marbut (1927), em língua inglesa. Pouco depois, inicialmente em língua alemã, em 1930, posteriormente vertido para o inglês, veio a lume o primeiro livro sobre solos tropicais, também de um dos seguidores de Dokuchaev, Vageler (1933), que mais tarde acabou vindo ao Brasil para pesquisar no Instituto Agronômico de Campinas, trazido por Theodureto de Camargo (1880-1950), que trabalhara com Ramman (1851-1926) em Munique. Na antiga Seção de Solos daquele Instituto, Camargo & Vageler (1937) desenvolveram pesquisas sobre os solos tropicais, numa época em que esse assunto ainda era, de certa modo, de restrito conhecimento. Alguns eventos técnico-científicos como as exposições internacionais e as conferências de Budapest (1908), Estocolmo (1910) e Praga (1922) muito contribuíram para a expansão dos ensinamentos legados por Dokuchaev (Kovda, 1984). Os Congressos Internacionais de Solos sempre concorreram para a ampliação mundial das escolas de pedologia, e os norteamericanos ganharam crescente notoriedade com Glinka, tendo produzido uma carta esquemática dos solos do mundo, de acordo com Demolon (1949). Ressalta-se que já na década de 1920, Marbut (1923) publicara dados sobre os solos da África, assim como da bacia Amazônica (Marbut & Manifold, 1926). Contudo o grande acervo de pesquisas sobre solos tropicais, de especial interesse para o Brasil, está contido em trabalhos pioneiros desenvolvidos principalmente por pedólogos franceses, belgas e portugueses (Ségalen, 1974; D’Hoore, 1954; Botelho da Costa, 1959) nas suas antigas colônias da África, com organismos próprios criados para essa finalidade, tais como a antiga Office de la Recherche Scientifique et Technique Outre Mer (ORSTOM), da França, e a Junta de Investigações de Ultramar, de Portugal, dentre outros. No Brasil, devem ser reverenciados os trabalhos de mapeamento desenvolvidos pela antiga Comissão de Solos, do Ministério da Agricultura, iniciados no Estado do Rio de Janeiro (Brasil, 1958), que acabou, bem mais tarde, a ser incorporado à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, com sua unidade de estudos de solos mantida no Rio de Janeiro, no Jardim Botânico – O Centro de Pesquisas de Solos – a Embrapa Solos. Igualmente notável foi o Projeto Radam Brasil, instituído em 1971, que produziu inúmeros mapeamentos no território brasileiro, acabando por ser incorporado à Fundação IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, na primeira metade da década de 1980. No Instituto Agronômico de Campinas, a antiga Seção de Pedologia e outras afins foram reunidas no Centro de Estados e Recursos Ambientais, da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. 5. Considerações finais Nas últimas décadas, a questão ambiental, intimamente ligada à sustentabilidade, ganhou especial destaque, e as pesquisas em solos ampliaram suas dimensões, notadamente sobre a degradação e recuperação de áreas agrícolas, incluindo ainda a problemática de seqüestro de carbono. O “Sistema de Plantio Direto” vem alcançando crescente progresso, desde o trabalho pioneiro desenvolvido pelo Instituto Agronômico do Paraná, a partir das pesquisas de Muzilli (1983). De acordo com Derpsh & Benitas (2004), esta foi a tecnologia mais importante adota no MERCOSUL nos últimos 50 anos. Ao mesmo tempo, vem ganhando expressão a “agricultura biológica” (Döbereiner & Baldani, 1982), ou a “agro-ecologia”, procurando atender as três dimensões da sustentabilidade: a ecológica, a econômica e a social (Campanhola et al., 1996). Com isso, também o pequeno produtor, ou a agricultura familiar, passaram a ser valorizados, a exemplo de projetos desenvolvidos pela Embrapa no Nordeste brasileiro (Silva, 1988). O cenário traçado permite vislumbrar que ainda há muito a se empreender no ensino da ciência do solo, ou das ciências agrárias, ou ambientais, para acompanhar a evolução acelerada das pesquisas nas últimas décadas, buscando uma crescente multidisciplinaridade e mais forte inserção da sociedade, como foi projetado no último Congresso Internacional de Ciência do Solo, realizado na Filadélfia, pela comunidade científica mundial (Hartemink, 2006). Referências Bibliográficas Botelho da Costa, J. J. Ferrallitic, Tropical Ferrallitic and Tropical Semi-Arid Soils. Definitions in the classification of the soils of Angola. Conferência Interamericana de Solos, 3, Dalaba, Guiné, 1959. CCTA, Publ. Nº 50, v. 1, p. 317-318. Boulaine, J. L’héritage de Vassili Vassilievitch Dokuchaev et sa conception de la pédologie. Sci. Sol, n. 2, p. 93-104, 1984. Brasil. Ministério da Agricultura. Levantamento de Reconhecimento de Solos do Estado do Rio de Janeiro e Distrito Federal. Comissão de Solos do Serviço Nacional de Pesquisas Agronômicas, Rio de Janeiro, 1958. Boletim 11. 460 p.
  • 4. I SIMPÓSIO DE PESQUISA EM ENSINO E HISTÓRIA DE CIÊNCIAS DA TERRA III SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE ENSINO DE GEOLOGIA NO BRASIL 352 Bunting, B T. Geografia do Solo. Rio de Janeiro: Zahar, 1971. 257 p. (Tradução de T. S. Newlands) Camargo, T. & Vageler, P. Probleme der tropischen und subtropischen Bodenkunde. Bodenk. Pfl. Ernähr., v.4, p.137-161, 1937. Campanhola, C.; Luiz, A. J. B. & Luchiari Jr., A. O problema ambiental no Brasil: agricultura. In: Romeiro, A. R.; Reydon, B.P. & Leonardi, M. L. A. (Orgs.) – Economia do Meio Ambiente: teoria, política e a gestão de espaços regionais. Campinas, Inst. de Economia. UNICAMP, 1996, p. 265-281. Demolon, A. La Génétique des Sols et ses Applications. “Que Sais – Je”? Paris: Presses Univ. de France, 1949. 134 p. Derpsh, R. & Benitas, J. R. Agricultura conservacionista no mundo. Reunião Brasileira de Manejo e Conservação do Solo e da Água, 15, Santa Maria, 2004. Univ. Federal de Santa Maria e Soc. Bras. Ciência do Solo. CD Rom. D’Hoore, J. L’accumulation des sesquioxydes libres dans les sols tropicaux. Publ. INEAC, Sér. Scientif. Nº 62, Bruxelles, 1954. 231 p. Döbereiner, J. & Baldani, J. I. Bases cinetíficas para uma agricultura biológica. Ciência e Cultura, v. 34, p. 869-881, 1982. Fallou, F. A. Pedologia oder Allgemeine und besoudere Bodenkunde. Dresden: Schoenfeld, 1862. Gasparin, A. De. Traité d’Agriculture. Vol. I, Paris: La Maison Rustique, 1840. Glinka, K. D. Die Typen der Bodenbildung. Berlin: Geb Borntraeger, 1914. Hartemink, A. E. (Ed.). The Future of Soil Science. Wageningen: Intern. Union of Soil Science (IUSS), 2006. 165 p. Israel Program Sci. Transl. Treatise on Soil Science. Jerusalem, 1966 (Original russo em 1931, tradução por A.Gourevitch). Kovda, V. A. L’apport de V. V. Dokuchaev dans la science et l’agriculture. Sci. Sol, n. 2, p. 105- 112, 1984. Marbut, C. F. The Soils of Africa. In: Shantz, H. L. & Marbut, C. F. The vegetation and soils of Africa. New York: Nat. Res. Council & Am. Geogr. Soc., 1923. p. 115-221. Marbut, C. F. A scheme for soil classification. International Congress Of Soil Science, 1, Washington, 1927. Trans... p. 1-31. Marbut, C. F. & Manifold, C. B. The soils of Amazon valley. Geogr. Rev., v. 15, p. 414-442, 1926. Muzzili, O. Influência do sistema de plantio direto, comparado ao convencional, sobre a fertilidade da camada arável do solo Rev. Bras. Ci. Solo, v. 7, p. 95-102, 1983. Oliveira, V. A. O Brasil carece de novos pedólogos. Boletim Informativo, Soc. Bras. Ciência do Solo, v. 25, p.25-28, 1999. Pedro, G. La pédologie cent and après la parition de “Tchernozem russe” de B. B. Dokuchaev (1883- 1983). Sci. Sol, v. 2, p. 81-92, 1984. Plaisance, G. & Cailleux, A. Dicctionaire des Sols. Paris: La Maison Rustique, 1958. 604 p. Ségalen, P. Sols Ferrallitiques. Surfaces d’aplainissement et zones de tectonique et volcanismes récents. Pédologie, v. 24, p. 147-163, 1974. Silva, F. B. R. Avaliação de recursos naturais visando à implantação do sistema integrado da produção. In: Moniz, A. C.; Furlani, P. R. & Freitas S. S. (Coords.) – A Responsabilidade Social da Ciência do Solo. Publicações do XXI Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, Campinas 1987. Soc. Brasileira de Ciência do Solo, 1988, p. 249. Simonson, R. W. Concept of Soil. Adv. Agron., v. 20, p. 1-44, 1968. Vageler, P. An Introduction to Tropical Soils. London: Mac Millan, 1933. 240p. (Tradução de H. Greene). Wilde, S. A. Pioneers of soil science – A British view. Soil Sci., v. 97, p. 258-359, 1963.