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SISTEMAS DE EMBALAGEM COM ATMOSFERA MODIFICADA PARA PRODUTOS
MINIMAMENTE PROCESSADOS
Maria Cecília de Arruda Palharini
Eng. Agr., Dra
., PqC do Polo Regional Centro Oeste/APTA
mcarruda@apta.sp.gov.br
Os produtos minimamente processados são comercializados em embalagens plásticas
rígidas ou flexíveis, as quais evitam possíveis contaminações, além de contribuir para a
preservação da qualidade do produto, desde que seja estabelecido dentro da embalagem
níveis gasosos que minimizem o metabolismo do vegetal.
A especificação de embalagem com atmosfera modificada para produtos minimamente
processados requer a otimização de vários parâmetros, dentre os quais podemos destacar:
1) Área superficial da embalagem em relação à massa do produto;
2) Volume do espaço-livre no interior da embalagem e suas características de
permeabilidade a gases e ao vapor d’água, boa termosselabilidade, boa
resistência mecânica, compatibilidade com envase automático, quando
necessário, e não transferir odor estranho ao produto;
3) A injeção de gases na embalagem ou a adição de absorvedores (a fim de
reduzir os conteúdos de etileno, CO2, O2 e vapor d’água);
4) Características do produto: atividade respiratória, cultivar, grau de maturação;
5) Temperatura, severidade do processamento mínimo e o stress mecânico,
decorrente do manuseio e do transporte.
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ISSN 2316-5146
Pesquisa & Tecnologia, vol. 14, n. 1, Jan-Jun 2017
A atmosfera modificada pode ser estabelecida de forma passiva ou ativa. A atmosfera
passiva se estabelece quando o produto acondicionado dentro de uma embalagem
permeável a gases modifica a atmosfera através da própria respiração, resultando na
redução de O2 pelo consumo deste gás e aumento de CO2, liberado pela respiração.
Durante o armazenamento uma atmosfera de equilíbrio tende a se estabelecer. Para manter
a composição dos gases estabelecida dentro da embalagem, a permeabilidade do filme
deve permitir a entrada de O2 a uma taxa compensada pela respiração do produto. Do
mesmo modo, a saída de CO2 deve permitir um equilíbrio com a quantidade de CO2
produzida pela respiração.
Na atmosfera modificada ativa, após colocar o produto na embalagem, é criado um vácuo
parcial seguido pela injeção da mistura gasosa desejada dentro da embalagem.
A atmosfera modificada ativa é indicada quando os produtos apresentam baixa atividade
respiratória, pois estes produtos modificam lentamente a atmosfera, o que levaria algum
tempo para atingir a atmosfera de equilíbrio se a modificação da atmosfera fosse de forma
passiva.
Os níveis gasosos da atmosfera de equilíbrio dependem da concentração inicial de gases no
espaço livre da embalagem; da relação área de permeação da embalagem/ massa do
vegetal; da permeabilidade da embalagem; da atividade respiratória do vegetal e da
temperatura de armazenamento. Dessa forma podemos inferir que no sistema de
modificação ativa da atmosfera nem sempre a composição da mistura gasosa injetada é
aquela obtida na atmosfera de equilíbrio.
Saber qual é a atmosfera modificada que resulta em menor atividade fisiológica, sem riscos
de danos ao vegetal, e obtê-la dentro da embalagem é um grande desafio da produção de
frutas e hortaliças minimamente processadas. De maneira geral atmosferas com 3 a 8% de
O2 e 5 a 15% de CO2 têm potencial para aumentar a vida útil dos produtos minimamente
processados, porém para cada vegetal existe uma atmosfera específica que maximiza sua
durabilidade.
Gorny (2003) e Cantwell (2000) apresentam algumas recomendações de níveis gasosos
para utilização em atmosfera modificada de vegetais minimamente processados. Tais
recomendações são limitadas em alguns materiais bibliográficos, mas são importantes para
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serem utilizadas como base. Gorny (2003) relata que a atmosfera ótima varia com a cultivar,
região de crescimento e tempo de armazenamento antes do processamento (Tabela 1).
Tabela 1 Recomendação de níveis gasosos para produtos minimamente processados.
Todos os produtos devem ser armazenados entre 0-5ºC.
Produtos
Atividade respiratória em
mL CO2 Kg-1
h-1
(TºC
armazenamento)
% O2 % CO2
Aspargos com lanças
aparadas
40 (5ºC) 10-20 10-15
Batata inteira
descascada ou fatiada
4-8 (5ºC) 1-3 6-9
Cebola fatiada ou em
cubos
8-12 (5ºC) 2-5 10-15
Cenoura ralada 12-15 (5ºC) 0,5-5 10
Floretes de brócolis 20-35 (5ºC) 3-10 5-10
Repolho picado 13-20 (5ºC) 3-7 5-15
Abacaxi em cubos 3-7 (5ºC) 3 10
Laranja em fatias 3 (5ºC) 14-21 7-10
Maçã em fatias 3-7 (2ºC) <1 4-12
Melancia em cubos 2-4 (5ºC) 3-5 5-15
Melão Cantaloupe em
cubos
5-8 (5ºC) 3-5 5-15
Morango em fatias 12 (5ºC) 1-2 5-10
Fonte: Cantwell (2000); Gorny (2003)
Caso seja utilizada uma embalagem com permeabilidade a gases muito alta para vegetais
com baixa atividade respiratória, ocorrerá pouca ou nenhuma modificação da atmosfera ao
redor do produto e a deterioração ocorrerá na mesma velocidade daquela que se dá em ar
(atmosfera normal), a qual contém 21% O2, 0,036% CO2, 78% N2 + gases nobres. Se tiver
sido injetada uma atmosfera modificada nesta embalagem, esta atmosfera será rapidamente
diluída pelas trocas gasosas com o ar, através da embalagem muito permeável.
Caso contrário, se especificada uma embalagem com permeabilidade muito baixa para
vegetais com elevada atividade respiratória, a concentração de O2 na embalagem cairá
muito rapidamente e o CO2 poderá se acumular, atingindo níveis que causem danos aos
vegetais, induzindo à respiração anaeróbia, acelerando a deterioração, comparativamente à
que ocorreria em ar.
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ISSN 2316-5146
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Contudo, se a permeabilidade do material de embalagem for corretamente especificada, a
atmosfera de equilíbrio desejada poderá ser atingida e mantida, desde que não ocorram
alterações na temperatura de armazenamento, uma vez que o aumento da atividade
respiratória do vegetal, com o aumento da temperatura, nem sempre é acompanhado
proporcionalmente pelo aumento da permeabilidade do filme.
Em pesquisas realizadas no Polo Regional Centro Oeste da Agência Paulista de Tecnologia
dos Agronegócios avaliaram-se diversos tipos de embalagens para acondicionar vagem
minimamente processada em pedaços de 1 cm e armazenada a 5 e 10ºC. O oxigênio no
interior das embalagens foi praticamente todo consumido após um dia de armazenamento a
10ºC, mesmo nas embalagens com maior permeabilidade, como PVC 20 µm e PEBD 33µm.
Durante o armazenamento a 5ºC os níveis gasosos no interior da embalagem de PVC 20
µm foram de 4% O2 e 7% CO2, o que contribuiu para retardar o escurecimento e a
proliferação microbiana quando comparado à embalagem em que os níveis gasosos foram
semelhantes ao do ar (21%O2 e 0,036% CO2).
A vagem minimamente processada apresenta elevada atividade respiratória, dessa forma,
em temperaturas elevadas, o oxigênio reduz drasticamente no interior da embalagem e
ocorre a fermentação do produto. Além disso, as condições de anaerobiose possibilitam o
desenvolvimento de microrganismos patogênicos, dentre eles o Clostridium botulinum. A
produção de toxina por este microrganismo pode ocorre em temperatura acima de 5ºC, em
condições de baixa concentração de O2 e pH acima de 4,6. No entanto, em geral, intensa
deterioração ocorre antes da produção da toxina.
O uso correto da tecnologia de atmosfera modificada contribui para a preservação da
qualidade dos produtos minimamente processados, mas vale lembrar que os limites de
tolerância dos vegetais a níveis baixos de O2 e elevados de CO2 variam entre as espécies e
entre variedades de um mesmo produto. A exposição dos vegetais a atmosferas fora do seu
limite de tolerância pode provocar anaerobiose, aumento da biossíntese de etileno,
aceleração da deterioração, dentre outros efeitos adversos.
Desta forma, o sistema de atmosfera modificada deve ser ajustado para cada vegetal e em
cada situação, de forma a estabelecer uma atmosfera de equilíbrio que propicie o máximo
de benefícios, sem efeitos negativos. O sucesso da atmosfera modificada depende também
da manutenção da cadeia de frio, de modo a evitar condições de anaerobiose e de
condensação de gotículas d´água no interior das embalagens.
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ISSN 2316-5146
Pesquisa & Tecnologia, vol. 14, n. 1, Jan-Jun 2017
Referências Bibliográficas
ARRUDA, M. C. de.; JACOMINO, A. P., SARANTÓPOULOS, C.I.G.L. Embalagens para
produtos minimamente processados. In: LUENGO, R.F.A; CALBO, A.G. (Editores Técnicos).
Embalagens para comercialização de hortaliças e frutas no Brasil. Brasília: Embrapa
Hortaliças, 2009. cap. 11, p. 205-246.
CANTWELL, M. Preparation and quality of fresh produce: In: ENCONTRO NACIONAL
SOBRE PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS, 2., Viçosa. 2000.
Palestras. Viçosa, UFV, 2000. p.156-182.
GORNY, R.J. A Summary of CA and MA requeriments and recommendations for fresh-cut
(minimally processed) fruits and vegetables. Acta Horticulturae, The Hague, n.600, p.609-
614, 2003.

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Sistemas de embalagem com atmosfera modificada para produtos minimamente processados

  • 1. SISTEMAS DE EMBALAGEM COM ATMOSFERA MODIFICADA PARA PRODUTOS MINIMAMENTE PROCESSADOS Maria Cecília de Arruda Palharini Eng. Agr., Dra ., PqC do Polo Regional Centro Oeste/APTA mcarruda@apta.sp.gov.br Os produtos minimamente processados são comercializados em embalagens plásticas rígidas ou flexíveis, as quais evitam possíveis contaminações, além de contribuir para a preservação da qualidade do produto, desde que seja estabelecido dentro da embalagem níveis gasosos que minimizem o metabolismo do vegetal. A especificação de embalagem com atmosfera modificada para produtos minimamente processados requer a otimização de vários parâmetros, dentre os quais podemos destacar: 1) Área superficial da embalagem em relação à massa do produto; 2) Volume do espaço-livre no interior da embalagem e suas características de permeabilidade a gases e ao vapor d’água, boa termosselabilidade, boa resistência mecânica, compatibilidade com envase automático, quando necessário, e não transferir odor estranho ao produto; 3) A injeção de gases na embalagem ou a adição de absorvedores (a fim de reduzir os conteúdos de etileno, CO2, O2 e vapor d’água); 4) Características do produto: atividade respiratória, cultivar, grau de maturação; 5) Temperatura, severidade do processamento mínimo e o stress mecânico, decorrente do manuseio e do transporte.
  • 2. www.aptaregional.sp.gov.br ISSN 2316-5146 Pesquisa & Tecnologia, vol. 14, n. 1, Jan-Jun 2017 A atmosfera modificada pode ser estabelecida de forma passiva ou ativa. A atmosfera passiva se estabelece quando o produto acondicionado dentro de uma embalagem permeável a gases modifica a atmosfera através da própria respiração, resultando na redução de O2 pelo consumo deste gás e aumento de CO2, liberado pela respiração. Durante o armazenamento uma atmosfera de equilíbrio tende a se estabelecer. Para manter a composição dos gases estabelecida dentro da embalagem, a permeabilidade do filme deve permitir a entrada de O2 a uma taxa compensada pela respiração do produto. Do mesmo modo, a saída de CO2 deve permitir um equilíbrio com a quantidade de CO2 produzida pela respiração. Na atmosfera modificada ativa, após colocar o produto na embalagem, é criado um vácuo parcial seguido pela injeção da mistura gasosa desejada dentro da embalagem. A atmosfera modificada ativa é indicada quando os produtos apresentam baixa atividade respiratória, pois estes produtos modificam lentamente a atmosfera, o que levaria algum tempo para atingir a atmosfera de equilíbrio se a modificação da atmosfera fosse de forma passiva. Os níveis gasosos da atmosfera de equilíbrio dependem da concentração inicial de gases no espaço livre da embalagem; da relação área de permeação da embalagem/ massa do vegetal; da permeabilidade da embalagem; da atividade respiratória do vegetal e da temperatura de armazenamento. Dessa forma podemos inferir que no sistema de modificação ativa da atmosfera nem sempre a composição da mistura gasosa injetada é aquela obtida na atmosfera de equilíbrio. Saber qual é a atmosfera modificada que resulta em menor atividade fisiológica, sem riscos de danos ao vegetal, e obtê-la dentro da embalagem é um grande desafio da produção de frutas e hortaliças minimamente processadas. De maneira geral atmosferas com 3 a 8% de O2 e 5 a 15% de CO2 têm potencial para aumentar a vida útil dos produtos minimamente processados, porém para cada vegetal existe uma atmosfera específica que maximiza sua durabilidade. Gorny (2003) e Cantwell (2000) apresentam algumas recomendações de níveis gasosos para utilização em atmosfera modificada de vegetais minimamente processados. Tais recomendações são limitadas em alguns materiais bibliográficos, mas são importantes para
  • 3. www.aptaregional.sp.gov.br ISSN 2316-5146 Pesquisa & Tecnologia, vol. 14, n. 1, Jan-Jun 2017 serem utilizadas como base. Gorny (2003) relata que a atmosfera ótima varia com a cultivar, região de crescimento e tempo de armazenamento antes do processamento (Tabela 1). Tabela 1 Recomendação de níveis gasosos para produtos minimamente processados. Todos os produtos devem ser armazenados entre 0-5ºC. Produtos Atividade respiratória em mL CO2 Kg-1 h-1 (TºC armazenamento) % O2 % CO2 Aspargos com lanças aparadas 40 (5ºC) 10-20 10-15 Batata inteira descascada ou fatiada 4-8 (5ºC) 1-3 6-9 Cebola fatiada ou em cubos 8-12 (5ºC) 2-5 10-15 Cenoura ralada 12-15 (5ºC) 0,5-5 10 Floretes de brócolis 20-35 (5ºC) 3-10 5-10 Repolho picado 13-20 (5ºC) 3-7 5-15 Abacaxi em cubos 3-7 (5ºC) 3 10 Laranja em fatias 3 (5ºC) 14-21 7-10 Maçã em fatias 3-7 (2ºC) <1 4-12 Melancia em cubos 2-4 (5ºC) 3-5 5-15 Melão Cantaloupe em cubos 5-8 (5ºC) 3-5 5-15 Morango em fatias 12 (5ºC) 1-2 5-10 Fonte: Cantwell (2000); Gorny (2003) Caso seja utilizada uma embalagem com permeabilidade a gases muito alta para vegetais com baixa atividade respiratória, ocorrerá pouca ou nenhuma modificação da atmosfera ao redor do produto e a deterioração ocorrerá na mesma velocidade daquela que se dá em ar (atmosfera normal), a qual contém 21% O2, 0,036% CO2, 78% N2 + gases nobres. Se tiver sido injetada uma atmosfera modificada nesta embalagem, esta atmosfera será rapidamente diluída pelas trocas gasosas com o ar, através da embalagem muito permeável. Caso contrário, se especificada uma embalagem com permeabilidade muito baixa para vegetais com elevada atividade respiratória, a concentração de O2 na embalagem cairá muito rapidamente e o CO2 poderá se acumular, atingindo níveis que causem danos aos vegetais, induzindo à respiração anaeróbia, acelerando a deterioração, comparativamente à que ocorreria em ar.
  • 4. www.aptaregional.sp.gov.br ISSN 2316-5146 Pesquisa & Tecnologia, vol. 14, n. 1, Jan-Jun 2017 Contudo, se a permeabilidade do material de embalagem for corretamente especificada, a atmosfera de equilíbrio desejada poderá ser atingida e mantida, desde que não ocorram alterações na temperatura de armazenamento, uma vez que o aumento da atividade respiratória do vegetal, com o aumento da temperatura, nem sempre é acompanhado proporcionalmente pelo aumento da permeabilidade do filme. Em pesquisas realizadas no Polo Regional Centro Oeste da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios avaliaram-se diversos tipos de embalagens para acondicionar vagem minimamente processada em pedaços de 1 cm e armazenada a 5 e 10ºC. O oxigênio no interior das embalagens foi praticamente todo consumido após um dia de armazenamento a 10ºC, mesmo nas embalagens com maior permeabilidade, como PVC 20 µm e PEBD 33µm. Durante o armazenamento a 5ºC os níveis gasosos no interior da embalagem de PVC 20 µm foram de 4% O2 e 7% CO2, o que contribuiu para retardar o escurecimento e a proliferação microbiana quando comparado à embalagem em que os níveis gasosos foram semelhantes ao do ar (21%O2 e 0,036% CO2). A vagem minimamente processada apresenta elevada atividade respiratória, dessa forma, em temperaturas elevadas, o oxigênio reduz drasticamente no interior da embalagem e ocorre a fermentação do produto. Além disso, as condições de anaerobiose possibilitam o desenvolvimento de microrganismos patogênicos, dentre eles o Clostridium botulinum. A produção de toxina por este microrganismo pode ocorre em temperatura acima de 5ºC, em condições de baixa concentração de O2 e pH acima de 4,6. No entanto, em geral, intensa deterioração ocorre antes da produção da toxina. O uso correto da tecnologia de atmosfera modificada contribui para a preservação da qualidade dos produtos minimamente processados, mas vale lembrar que os limites de tolerância dos vegetais a níveis baixos de O2 e elevados de CO2 variam entre as espécies e entre variedades de um mesmo produto. A exposição dos vegetais a atmosferas fora do seu limite de tolerância pode provocar anaerobiose, aumento da biossíntese de etileno, aceleração da deterioração, dentre outros efeitos adversos. Desta forma, o sistema de atmosfera modificada deve ser ajustado para cada vegetal e em cada situação, de forma a estabelecer uma atmosfera de equilíbrio que propicie o máximo de benefícios, sem efeitos negativos. O sucesso da atmosfera modificada depende também da manutenção da cadeia de frio, de modo a evitar condições de anaerobiose e de condensação de gotículas d´água no interior das embalagens.
  • 5. www.aptaregional.sp.gov.br ISSN 2316-5146 Pesquisa & Tecnologia, vol. 14, n. 1, Jan-Jun 2017 Referências Bibliográficas ARRUDA, M. C. de.; JACOMINO, A. P., SARANTÓPOULOS, C.I.G.L. Embalagens para produtos minimamente processados. In: LUENGO, R.F.A; CALBO, A.G. (Editores Técnicos). Embalagens para comercialização de hortaliças e frutas no Brasil. Brasília: Embrapa Hortaliças, 2009. cap. 11, p. 205-246. CANTWELL, M. Preparation and quality of fresh produce: In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS, 2., Viçosa. 2000. Palestras. Viçosa, UFV, 2000. p.156-182. GORNY, R.J. A Summary of CA and MA requeriments and recommendations for fresh-cut (minimally processed) fruits and vegetables. Acta Horticulturae, The Hague, n.600, p.609- 614, 2003.