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Artigo Original
Associação Brasileira de Física Médica®
205
Introdução
O ultrassom é um meio de diagnóstico por imagem muito
versátil com aplicação relativamente simples e acessível ao
utilizador. Ele apresenta características próprias como a não
utilização de radiação ionizante, ser um método não invasivo
ou minimamente invasivo, não apresentar efeitos nocivos
no uso para o diagnóstico na medicina e permitir a aquisi-
ção de imagens dinâmicas, em tempo real, possibilitando
estudo do movimento de algumas estruturas do corpo1
.
As aplicações diagnósticas do ultrassom se baseiam na
detecção e na demonstração da energia acústica que é refle-
tida das interfaces que o eco encontra no interior do corpo2
.
A interação do feixe acústico com o meio produz efeitos acús-
ticos como: reflexão, refração, difração, atenuação, interfe-
rência e espalhamento3
. Assim sendo, a imagem ecográfica é
composta pelos efeitos acústicos decorrentes da interação da
Reprodução e estudo de artefatos no ultrassom
Reproduction and study of artifacts in ultrasound
Joice L. S. Lima1
, Alexandra André2
e António C. Santos2
1
Universidade Federal de Uberlândia – Uberlândia (MG), Brasil.
2
Coimbra College of Heath Technology of Coimbra – Coimbra, Portugal.
Resumo
O ultrassom é uma das técnicas de diagnóstico por imagem mais versáteis na medicina. Pode servir como um auxílio para outras técnicas de
diagnóstico, como o exame de radiologia geral, mas também pode ser único no diagnóstico de alguma doença. Este trabalho teve como objetivo
principal obter diferentes tipos de reflexões e reproduzir diferentes artefatos que podem surgir nos exames de ecografia. Para isso foram selecionados
alguns materiais, cada um com uma determinada característica, que permitissem reproduzir artefatos. Foi utilizado um objeto metálico, um objeto
denso e uma luva cirúrgica com um objeto no seu interior. A reprodução das imagens foi realizada no Laboratório de Ecografia da Escola Superior de
Tecnologia da Saúde de Coimbra, utilizando uma sonda convexa de 5,5 MHz. Foi possível obter diferentes reflexões, e assim reproduzir quatro tipos de
artefatos. Foram simulados: artefato de sombra acústica, de reverberação, em espelho e reforço acústico.As imagens obtidas foram comparadas com
imagens de ecografia do corpo humano e constatou-se que os artefatos foram bem reproduzidos. A reprodução, o estudo e o conhecimento de como
os artefatos surgem na imagem é muito importante na medicina para o diagnóstico de determinadas doenças e para o treinamento dos profissionais.
Palavras-chave: ultrassonografia, artefatos, patologia.
Abstract
The ultrasound is one of the most versatile image diagnostic methods in medicine. It can assist in other diagnostic techniques, like the exam of general
radiology, but it can also be unique in the diagnostic of some diseases.The main objective of this work was to obtain different kinds of reflection and to
reproduce different artifacts that can happen in ultrasound exams. In this regard, some materials were selected, each one with a specific characteristic
that allowed to reproduce artifacts.A metallic object, a dense object and a surgical glove with an object inside were used.The images were reproduced
in the Ultrasound Laboratory of the Coimbra College of Heath Technology, using a convex sounder of 5.5 MHz. It was possible to obtain different
reflections reproducing four kinds of artifacts: acoustic shadow, reverberation, in mirror and posterior acoustic enhancement. The obtained images
were compared with ultrasound images of the human body and it was found that the artifacts were well reproduced. The reproduction, study and
knowledge of how the artifacts arise on the image are very important in medicine for the diagnostic of some diseases and in professional training.
Keywords: ultrasonography, artifacts, pathology.
onda sonora com o meio, em especial a capacidade de refle-
xão do som pelos tecidos com impedância acústica diferente3
.
Durante o exame de ultrassom, alguns artefatos podem
surgir na imagem. Esses se definem por qualquer alteração
da imagem ecográfica que não corresponde a uma verda-
deira representação da estrutura examinada4
. Muitos arte-
fatos na imagem são induzidos por erros na técnica de
escaneamento ou pelo uso impróprio do instrumento, sendo
que eles podem sugerir a presença de estruturas que de
fato não estão presentes, causando erros de diagnóstico,
ou podem fazer com que estruturas ou achados importan-
tes sejam obscurecidos2
. Os artefatos que ocorrem com
maior frequência e que permitem identificar alguns tipos
de lesões, caraterizam-se como sombra acústica, artefato
em espelho, de reverberação e reforço acústico posterior.
Durante a avaliação ecográfica são visualizados alguns
artefatos que podem comprometer a boa realização do
Autor correspondente: Joice Lara dos Santos Lima  – Universidade Federal de Uberlândia  – Avenida João Naves de Ávila, 2121  – Santa Mônica  –
CEP: 38408-100 – Uberlândia (MG), Brasil – E-mail: joicellara@gmail.com
Revista Brasileira de Física Médica.2013;7(3):205-8.
206 Revista Brasileira de Física Médica.2013;7(3):205-8.
Lima JLS, André A, Santos AC
exame, pois dificultam a distinção das estruturas e, con-
sequentemente, o diagnóstico. No entanto, alguns deles
(reverberação, sombras acústicas e reforço posterior) são
fontes de informações de valor diagnóstico4
.
Os artefatos adquirem determinadas características, o
que nos permite distinguí-los e caracterizá-los. O artefato de
sombra acústica é característico de lesões que apresentam
uma forte reflexão, permitindo, dessa forma, esclarecer deter-
minadas dúvidas que podem ocorrer. Esse artefato provoca
uma reflexão total, redução ou um bloqueio na transmissão do
feixe4
, causando uma sombra posterior à interface acústica.
O artefato em espelho, com características diferentes,
é originado por interfaces acústicas curvas, com grande
reflexão, na qual o feixe de ultrassom efetua o percurso
inverso, sendo assumida uma trajetória direta e a imagem em
espelho surge distalmente à interface acústica curva. Ele é
produzido quando os ecos são refletidos múltiplas vezes
entre duas estruturas refletoras. Esse tipo de artefato tam-
bém pode ocasionar uma má interpretação da localização
das estruturas e órgãos, pois devido à interação do feixe
com a interface refletora, ele pode ser redirecionado para
o transdutor, fazendo com que a estrutura representada na
imagem seja mais profunda do que a real5
.
O artefato de reverberação é a reprodução de falsos
ecos, na qual o sinal de ultrassom se reflete repetidamente
entre interfaces altamente reflexivas, porém nem sempre
próximas ao transdutor. Ocorre devido à grande impedância
acústica dos meios que constituem as interfaces refletoras.
Acontece com maior frequência na presença de objetos
estranhos, principalmente metálicos.
O artefato de reforço acústico (também chamado de
transmissão sem interrupção) representa um aumento locali-
zado da amplitude do eco que ocorre distal a uma estrutura
de baixa atenuação. Em uma avaliação ultrassonográfica, o
reforço aparece como uma área de claridade intensificada6
.
O presente trabalho pretende reproduzir diferentes
reflexões, provocadas pela utilização de materiais com
diferentes impedâncias acústicas, e assim reproduzir em
laboratório diferentes tipos de artefatos para estudar como
eles se formam, quais efeitos acústicos físicos acontecem
em cada um e como eles interferem na imagem ecográ-
fica e no diagnóstico de patologias.
Materiais e Métodos
O experimento foi realizado no Laboratório de Ecografia
da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra
(ESTEsC). Foi utilizado um equipamento de ultrassom modelo
Philips com uma sonda convexa de 5,5 MHz.
Foram escolhidos quatro materiais distintos, com deter-
minadas características para obter diferentes tipos de refle-
xões e reproduzir diferentes artefatos.
Os materiais selecionados para a reprodução dos
referidos artefatos foram: um objeto metálico, devido ao
seu grande poder de reflexão, para simular uma estrutura
com grande capacidade de reflexão; um objeto denso,
que se assemelha a uma calcificação, isto é, o que mais
se assemelha com uma pedra, que permite a produção de
uma forte reflexão; um objeto que pudesse simular a som-
bra acústica, uma luva cirúrgica preenchida com água para
simular um cisto e reproduzir o artefato de reforço acústico;
uma luva com um objeto em seu interior, de forma a simu-
lar uma estrutura densa perto de uma superfície curva com
grande poder de reflexão pretendendo reproduzir outro arte-
fato, em espelho. A sonda foi colocada sob a luva, na dire-
ção que estava a plasticina, para obter uma boa imagem.
Em seguida foram realizadas as imagens, de forma a
simular os artefatos. Todos os objetos foram submersos
numa tina com 15 cm de gel, de forma a permitir a execu-
ção da ecografia.
Resultados
Com os diferentes materiais selecionados foram obtidas
diferentes reflexões, que nos permitiram reproduzir e carac-
terizar artefatos que se verificam com maior frequência nos
exames de rotina. Esses artefatos são os de reverberação,
sombra acústica, reforço acústico e em espelho.
Artefato de reverberação: para reproduzir esse artefato
foi utilizado um objeto metálico, que se caracteriza por pos-
suir grande capacidade de reflexão. O eco de ultrassom foi
emitido pela sonda e ao encontrar a agulha foi refletido nova-
mente para o transdutor. Esses ecos são de alta intensidade,
e ao retornarem ao transdutor ou a uma superfície refletora
mais proximal, são novamente refletidos e voltaram a se
propagar aos tecidos4
que, no caso desse experimento, é
a agulha. Isso foi acontecendo sucessivamente até a inten-
sidade do eco diminuir, e finalmente depois foram refletidos
em direção ao transdutor4
. Múltiplas reflexões ocorreram no
objeto metálico, e por isso várias informações foram trans-
mitidas ao transdutor, que leu cada uma como se fosse uma
estrutura diferente, resultando nas várias reverberações que
podem ser visualizadas na Figura 1.
Artefato de sombra acústica: esse artefato foi reproduzido
com uma pedra. O feixe de ultrassom é emitido pela sonda
Figura 1. Reprodução do artefato de reverberação.
207
Revista Brasileira de Física Médica.2013;7(3):205-8.
Reprodução e estudo de artefatos no ultrassom
e refletido totalmente quando encontra um material refletor.
A reflexão total do feixe de ultrassom ocorre em interfaces
com graus extremos de impedância como ar ou calcifica-
ções1
. Nesse caso a pedra simula uma calcificação. A sombra
surge devido à ausência de informação do que está poste-
rior ao material, conforme pode ser visualizado na Figura 2.
Artefato de reforço acústico: para reproduzir esse arte-
fato foi utilizada uma luva preenchida com água, porque o
líquido em geral oferece pouca resistência à passagem do
eco. O feixe de ultrassom é emitido, atravessa a luva e sofre
pouca atenuação ou reflexão, por isso sai com uma alta velo-
cidade. Quando o feixe de ultrassom encontra uma estrutura
que atenua pouco o eco, mais energia ultrassônica atinge
estruturas profundas e produz o reforço posterior, o que dá a
impressão de que essas estruturas mais profundas possuem
uma ecogenicidade maior7
. Essa hiperecogenicidade é devida
aos ultrassons de maior intensidade que atingem as zonas
distais após terem se propagado por meios de menor ate-
nuação do que os ultrassons propagados nos tecidos adja-
centes situados à mesma profundidade, os quais se tornam
menos intensos4
. A região hiperecogênica pode ser visualizada
na Figura 3, caracterizando o artefato de reforço acústico.
Artefato em espelho: para reproduzir esse artefato foi
utilizada a luva e a plasticina no seu interior para representar
uma estrutura curva e uma lesão, respectivamente. O eco
de ultrassom, ao ser emitido pela sonda, ao invés de atin-
gir primeiro a plasticina, depois a luva e voltar para o trans-
dutor, vai percorrer o inverso desse percurso, ou seja, ele
será refletido primeiramente pela luva, vai atingir a plasticina
e só depois voltará para o transdutor. Assim, o processa-
dor do sinal assume esses impulsos como uma trajetória
direta, e em virtude do aumento de tempo ocorrido devido
às múltiplas reflexões, a imagem em espelho surge distal-
mente à interface acústica curva e a uma distância igual à
existente entre essa e a estrutura alvo4
. Podemos visualizar
na Figura 4 a presença de duas estruturas densas, sendo
que na verdade existe apenas uma.
Discussão e Conclusões
O ultrassom é um método de diagnóstico por imagem bas-
tante viável na medicina, pelo fato de utilizar radiação não
ionizante. Na maioria das vezes serve como auxílio para
outras técnicas de diagnóstico, como o exame de radio-
logia convencional, mas também pode ser único no diag-
nóstico de alguma doença.
As imagens obtidas no laboratório foram comparadas
às imagens ecográficas do corpo, e foi verificado que os
artefatos foram bem reproduzidos, fato que contribui para
uma correta interpretação dos sinais, que pode ajudar no
diagnóstico de determinadas doenças.
Os artefatos podem contribuir para detectar doenças,
e por isso a reprodução, o estudo e o conhecimento de
como os artefatos surgem nas imagens ecográficas é de
grande importância para a medicina, pois eles podem con-
tribuir para um bom diagnóstico de determinadas lesões.
Figura 2. Reprodução do artefato de sombra acústica.
Figura 3. Reprodução do artefato de reforço posterior.
Figura 4. Reprodução do artefato em espelho.
Quando nos referimos ao artefato de sombra acústica,
esse pode auxiliar na identificação de cálculos ou calcifica-
ções existentes, como cálculos renais ou vesiculares. Auxilia
também no diagnóstico de doenças como carcinoma na
vesícula biliar e litíase vesicular1
.
208 Revista Brasileira de Física Médica.2013;7(3):205-8.
Lima JLS, André A, Santos AC
O artefato de reverberação, como referido anteriormente,
se caracteriza por sucessivas reflexões e acontece em seg-
mentos intestinais localizados superficialmente e preenchi-
dos por gás e quando há corpos estranhos na região que
está sendo analisada.
O de reforço posterior auxilia na identificação de fluí-
dos no interior de uma estrutura, como nos casos de cis-
tos no ovário e cisto hepático1
.
O artefato em espelho surge na maioria das vezes
quando há lesões nos pulmões e nos segmentos intesti-
nais. Por exemplo, quando se tem uma “imagem espelho”
do fígado, isso limita esse órgão na cavidade torácica em
posição imediatamente cranial ao diafragma, podendo simu-
lar uma hérnia diafragmática ou uma alteração pulmonar6
.
É necessário que o operador do equipamento tenha
um grande conhecimento para obter e interpretar cor-
retamente as imagens, que entenda como os ecos de
ultrassom interagem com os diferentes tecidos. Para
isso é essencial interpretar alguns conceitos físicos que
podem ocorrer durante a realização do exame. Reflexão,
refração, atenuação e artefato em espelho são alguns
dos artefatos referidos durante todo o projeto, e sua cor-
reta interpretação é necessária nas imagens do exame
de ecografia.
Agradecimentos
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq), pois este projeto foi realizado durante
o programa Ciência sem Fronteias, e à Escola Superior de
Tecnologia da Saúde de Coimbra, por ter disponibilizado
orientadores e o laboratório de ecografia.
Referências
1.	 Chammas MC, Cerri GG. Ultra-sonografia abdominal. 2ª ed. Rio de Janeiro:
Revinter; 2009.
2.	 Rumack CM, Wilson SR, Charboneau W. Tratado de ultra-sonografia
diagnóstica. 3ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2006.
3.	 Pisco JM. Imagiologia Básica. 2ª ed. Lisboa: Lidel; 2009.
4.	 Simões J. Os princípios físicos, a imagem e os artefactos na ecografia em
modo B. Arq Bras Med Vet Zootec. 2008;1(1):e22.
5.	 Gustavson S, Olin JW. Images in vascular medicine: mirror image artifact.
Vasc Med. 2006;11(3):175-6.
6.	 Peixoto GCX, Lira RA, Alves ND, Silva AR. Bases físicas da formação da
imagem ultrassonográfica. Acta Vet Brasilica 2010;4(1):15-24.
7.	 Vargas A, Amescua-Guerra LM, Bernal MA, Pineda C. Principios físicos
básicos del ultrasonido, sonoanatomía del sistema musculoesquelético y
artefactos ecográficos. Acta Ortop Mex. 2008;22(6):361-73.

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274 texto do artigo-1051-1-10-20151124

  • 1. Artigo Original Associação Brasileira de Física Médica® 205 Introdução O ultrassom é um meio de diagnóstico por imagem muito versátil com aplicação relativamente simples e acessível ao utilizador. Ele apresenta características próprias como a não utilização de radiação ionizante, ser um método não invasivo ou minimamente invasivo, não apresentar efeitos nocivos no uso para o diagnóstico na medicina e permitir a aquisi- ção de imagens dinâmicas, em tempo real, possibilitando estudo do movimento de algumas estruturas do corpo1 . As aplicações diagnósticas do ultrassom se baseiam na detecção e na demonstração da energia acústica que é refle- tida das interfaces que o eco encontra no interior do corpo2 . A interação do feixe acústico com o meio produz efeitos acús- ticos como: reflexão, refração, difração, atenuação, interfe- rência e espalhamento3 . Assim sendo, a imagem ecográfica é composta pelos efeitos acústicos decorrentes da interação da Reprodução e estudo de artefatos no ultrassom Reproduction and study of artifacts in ultrasound Joice L. S. Lima1 , Alexandra André2 e António C. Santos2 1 Universidade Federal de Uberlândia – Uberlândia (MG), Brasil. 2 Coimbra College of Heath Technology of Coimbra – Coimbra, Portugal. Resumo O ultrassom é uma das técnicas de diagnóstico por imagem mais versáteis na medicina. Pode servir como um auxílio para outras técnicas de diagnóstico, como o exame de radiologia geral, mas também pode ser único no diagnóstico de alguma doença. Este trabalho teve como objetivo principal obter diferentes tipos de reflexões e reproduzir diferentes artefatos que podem surgir nos exames de ecografia. Para isso foram selecionados alguns materiais, cada um com uma determinada característica, que permitissem reproduzir artefatos. Foi utilizado um objeto metálico, um objeto denso e uma luva cirúrgica com um objeto no seu interior. A reprodução das imagens foi realizada no Laboratório de Ecografia da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra, utilizando uma sonda convexa de 5,5 MHz. Foi possível obter diferentes reflexões, e assim reproduzir quatro tipos de artefatos. Foram simulados: artefato de sombra acústica, de reverberação, em espelho e reforço acústico.As imagens obtidas foram comparadas com imagens de ecografia do corpo humano e constatou-se que os artefatos foram bem reproduzidos. A reprodução, o estudo e o conhecimento de como os artefatos surgem na imagem é muito importante na medicina para o diagnóstico de determinadas doenças e para o treinamento dos profissionais. Palavras-chave: ultrassonografia, artefatos, patologia. Abstract The ultrasound is one of the most versatile image diagnostic methods in medicine. It can assist in other diagnostic techniques, like the exam of general radiology, but it can also be unique in the diagnostic of some diseases.The main objective of this work was to obtain different kinds of reflection and to reproduce different artifacts that can happen in ultrasound exams. In this regard, some materials were selected, each one with a specific characteristic that allowed to reproduce artifacts.A metallic object, a dense object and a surgical glove with an object inside were used.The images were reproduced in the Ultrasound Laboratory of the Coimbra College of Heath Technology, using a convex sounder of 5.5 MHz. It was possible to obtain different reflections reproducing four kinds of artifacts: acoustic shadow, reverberation, in mirror and posterior acoustic enhancement. The obtained images were compared with ultrasound images of the human body and it was found that the artifacts were well reproduced. The reproduction, study and knowledge of how the artifacts arise on the image are very important in medicine for the diagnostic of some diseases and in professional training. Keywords: ultrasonography, artifacts, pathology. onda sonora com o meio, em especial a capacidade de refle- xão do som pelos tecidos com impedância acústica diferente3 . Durante o exame de ultrassom, alguns artefatos podem surgir na imagem. Esses se definem por qualquer alteração da imagem ecográfica que não corresponde a uma verda- deira representação da estrutura examinada4 . Muitos arte- fatos na imagem são induzidos por erros na técnica de escaneamento ou pelo uso impróprio do instrumento, sendo que eles podem sugerir a presença de estruturas que de fato não estão presentes, causando erros de diagnóstico, ou podem fazer com que estruturas ou achados importan- tes sejam obscurecidos2 . Os artefatos que ocorrem com maior frequência e que permitem identificar alguns tipos de lesões, caraterizam-se como sombra acústica, artefato em espelho, de reverberação e reforço acústico posterior. Durante a avaliação ecográfica são visualizados alguns artefatos que podem comprometer a boa realização do Autor correspondente: Joice Lara dos Santos Lima  – Universidade Federal de Uberlândia  – Avenida João Naves de Ávila, 2121  – Santa Mônica  – CEP: 38408-100 – Uberlândia (MG), Brasil – E-mail: joicellara@gmail.com Revista Brasileira de Física Médica.2013;7(3):205-8.
  • 2. 206 Revista Brasileira de Física Médica.2013;7(3):205-8. Lima JLS, André A, Santos AC exame, pois dificultam a distinção das estruturas e, con- sequentemente, o diagnóstico. No entanto, alguns deles (reverberação, sombras acústicas e reforço posterior) são fontes de informações de valor diagnóstico4 . Os artefatos adquirem determinadas características, o que nos permite distinguí-los e caracterizá-los. O artefato de sombra acústica é característico de lesões que apresentam uma forte reflexão, permitindo, dessa forma, esclarecer deter- minadas dúvidas que podem ocorrer. Esse artefato provoca uma reflexão total, redução ou um bloqueio na transmissão do feixe4 , causando uma sombra posterior à interface acústica. O artefato em espelho, com características diferentes, é originado por interfaces acústicas curvas, com grande reflexão, na qual o feixe de ultrassom efetua o percurso inverso, sendo assumida uma trajetória direta e a imagem em espelho surge distalmente à interface acústica curva. Ele é produzido quando os ecos são refletidos múltiplas vezes entre duas estruturas refletoras. Esse tipo de artefato tam- bém pode ocasionar uma má interpretação da localização das estruturas e órgãos, pois devido à interação do feixe com a interface refletora, ele pode ser redirecionado para o transdutor, fazendo com que a estrutura representada na imagem seja mais profunda do que a real5 . O artefato de reverberação é a reprodução de falsos ecos, na qual o sinal de ultrassom se reflete repetidamente entre interfaces altamente reflexivas, porém nem sempre próximas ao transdutor. Ocorre devido à grande impedância acústica dos meios que constituem as interfaces refletoras. Acontece com maior frequência na presença de objetos estranhos, principalmente metálicos. O artefato de reforço acústico (também chamado de transmissão sem interrupção) representa um aumento locali- zado da amplitude do eco que ocorre distal a uma estrutura de baixa atenuação. Em uma avaliação ultrassonográfica, o reforço aparece como uma área de claridade intensificada6 . O presente trabalho pretende reproduzir diferentes reflexões, provocadas pela utilização de materiais com diferentes impedâncias acústicas, e assim reproduzir em laboratório diferentes tipos de artefatos para estudar como eles se formam, quais efeitos acústicos físicos acontecem em cada um e como eles interferem na imagem ecográ- fica e no diagnóstico de patologias. Materiais e Métodos O experimento foi realizado no Laboratório de Ecografia da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (ESTEsC). Foi utilizado um equipamento de ultrassom modelo Philips com uma sonda convexa de 5,5 MHz. Foram escolhidos quatro materiais distintos, com deter- minadas características para obter diferentes tipos de refle- xões e reproduzir diferentes artefatos. Os materiais selecionados para a reprodução dos referidos artefatos foram: um objeto metálico, devido ao seu grande poder de reflexão, para simular uma estrutura com grande capacidade de reflexão; um objeto denso, que se assemelha a uma calcificação, isto é, o que mais se assemelha com uma pedra, que permite a produção de uma forte reflexão; um objeto que pudesse simular a som- bra acústica, uma luva cirúrgica preenchida com água para simular um cisto e reproduzir o artefato de reforço acústico; uma luva com um objeto em seu interior, de forma a simu- lar uma estrutura densa perto de uma superfície curva com grande poder de reflexão pretendendo reproduzir outro arte- fato, em espelho. A sonda foi colocada sob a luva, na dire- ção que estava a plasticina, para obter uma boa imagem. Em seguida foram realizadas as imagens, de forma a simular os artefatos. Todos os objetos foram submersos numa tina com 15 cm de gel, de forma a permitir a execu- ção da ecografia. Resultados Com os diferentes materiais selecionados foram obtidas diferentes reflexões, que nos permitiram reproduzir e carac- terizar artefatos que se verificam com maior frequência nos exames de rotina. Esses artefatos são os de reverberação, sombra acústica, reforço acústico e em espelho. Artefato de reverberação: para reproduzir esse artefato foi utilizado um objeto metálico, que se caracteriza por pos- suir grande capacidade de reflexão. O eco de ultrassom foi emitido pela sonda e ao encontrar a agulha foi refletido nova- mente para o transdutor. Esses ecos são de alta intensidade, e ao retornarem ao transdutor ou a uma superfície refletora mais proximal, são novamente refletidos e voltaram a se propagar aos tecidos4 que, no caso desse experimento, é a agulha. Isso foi acontecendo sucessivamente até a inten- sidade do eco diminuir, e finalmente depois foram refletidos em direção ao transdutor4 . Múltiplas reflexões ocorreram no objeto metálico, e por isso várias informações foram trans- mitidas ao transdutor, que leu cada uma como se fosse uma estrutura diferente, resultando nas várias reverberações que podem ser visualizadas na Figura 1. Artefato de sombra acústica: esse artefato foi reproduzido com uma pedra. O feixe de ultrassom é emitido pela sonda Figura 1. Reprodução do artefato de reverberação.
  • 3. 207 Revista Brasileira de Física Médica.2013;7(3):205-8. Reprodução e estudo de artefatos no ultrassom e refletido totalmente quando encontra um material refletor. A reflexão total do feixe de ultrassom ocorre em interfaces com graus extremos de impedância como ar ou calcifica- ções1 . Nesse caso a pedra simula uma calcificação. A sombra surge devido à ausência de informação do que está poste- rior ao material, conforme pode ser visualizado na Figura 2. Artefato de reforço acústico: para reproduzir esse arte- fato foi utilizada uma luva preenchida com água, porque o líquido em geral oferece pouca resistência à passagem do eco. O feixe de ultrassom é emitido, atravessa a luva e sofre pouca atenuação ou reflexão, por isso sai com uma alta velo- cidade. Quando o feixe de ultrassom encontra uma estrutura que atenua pouco o eco, mais energia ultrassônica atinge estruturas profundas e produz o reforço posterior, o que dá a impressão de que essas estruturas mais profundas possuem uma ecogenicidade maior7 . Essa hiperecogenicidade é devida aos ultrassons de maior intensidade que atingem as zonas distais após terem se propagado por meios de menor ate- nuação do que os ultrassons propagados nos tecidos adja- centes situados à mesma profundidade, os quais se tornam menos intensos4 . A região hiperecogênica pode ser visualizada na Figura 3, caracterizando o artefato de reforço acústico. Artefato em espelho: para reproduzir esse artefato foi utilizada a luva e a plasticina no seu interior para representar uma estrutura curva e uma lesão, respectivamente. O eco de ultrassom, ao ser emitido pela sonda, ao invés de atin- gir primeiro a plasticina, depois a luva e voltar para o trans- dutor, vai percorrer o inverso desse percurso, ou seja, ele será refletido primeiramente pela luva, vai atingir a plasticina e só depois voltará para o transdutor. Assim, o processa- dor do sinal assume esses impulsos como uma trajetória direta, e em virtude do aumento de tempo ocorrido devido às múltiplas reflexões, a imagem em espelho surge distal- mente à interface acústica curva e a uma distância igual à existente entre essa e a estrutura alvo4 . Podemos visualizar na Figura 4 a presença de duas estruturas densas, sendo que na verdade existe apenas uma. Discussão e Conclusões O ultrassom é um método de diagnóstico por imagem bas- tante viável na medicina, pelo fato de utilizar radiação não ionizante. Na maioria das vezes serve como auxílio para outras técnicas de diagnóstico, como o exame de radio- logia convencional, mas também pode ser único no diag- nóstico de alguma doença. As imagens obtidas no laboratório foram comparadas às imagens ecográficas do corpo, e foi verificado que os artefatos foram bem reproduzidos, fato que contribui para uma correta interpretação dos sinais, que pode ajudar no diagnóstico de determinadas doenças. Os artefatos podem contribuir para detectar doenças, e por isso a reprodução, o estudo e o conhecimento de como os artefatos surgem nas imagens ecográficas é de grande importância para a medicina, pois eles podem con- tribuir para um bom diagnóstico de determinadas lesões. Figura 2. Reprodução do artefato de sombra acústica. Figura 3. Reprodução do artefato de reforço posterior. Figura 4. Reprodução do artefato em espelho. Quando nos referimos ao artefato de sombra acústica, esse pode auxiliar na identificação de cálculos ou calcifica- ções existentes, como cálculos renais ou vesiculares. Auxilia também no diagnóstico de doenças como carcinoma na vesícula biliar e litíase vesicular1 .
  • 4. 208 Revista Brasileira de Física Médica.2013;7(3):205-8. Lima JLS, André A, Santos AC O artefato de reverberação, como referido anteriormente, se caracteriza por sucessivas reflexões e acontece em seg- mentos intestinais localizados superficialmente e preenchi- dos por gás e quando há corpos estranhos na região que está sendo analisada. O de reforço posterior auxilia na identificação de fluí- dos no interior de uma estrutura, como nos casos de cis- tos no ovário e cisto hepático1 . O artefato em espelho surge na maioria das vezes quando há lesões nos pulmões e nos segmentos intesti- nais. Por exemplo, quando se tem uma “imagem espelho” do fígado, isso limita esse órgão na cavidade torácica em posição imediatamente cranial ao diafragma, podendo simu- lar uma hérnia diafragmática ou uma alteração pulmonar6 . É necessário que o operador do equipamento tenha um grande conhecimento para obter e interpretar cor- retamente as imagens, que entenda como os ecos de ultrassom interagem com os diferentes tecidos. Para isso é essencial interpretar alguns conceitos físicos que podem ocorrer durante a realização do exame. Reflexão, refração, atenuação e artefato em espelho são alguns dos artefatos referidos durante todo o projeto, e sua cor- reta interpretação é necessária nas imagens do exame de ecografia. Agradecimentos Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pois este projeto foi realizado durante o programa Ciência sem Fronteias, e à Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra, por ter disponibilizado orientadores e o laboratório de ecografia. Referências 1. Chammas MC, Cerri GG. Ultra-sonografia abdominal. 2ª ed. Rio de Janeiro: Revinter; 2009. 2. Rumack CM, Wilson SR, Charboneau W. Tratado de ultra-sonografia diagnóstica. 3ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2006. 3. Pisco JM. Imagiologia Básica. 2ª ed. Lisboa: Lidel; 2009. 4. Simões J. Os princípios físicos, a imagem e os artefactos na ecografia em modo B. Arq Bras Med Vet Zootec. 2008;1(1):e22. 5. Gustavson S, Olin JW. Images in vascular medicine: mirror image artifact. Vasc Med. 2006;11(3):175-6. 6. Peixoto GCX, Lira RA, Alves ND, Silva AR. Bases físicas da formação da imagem ultrassonográfica. Acta Vet Brasilica 2010;4(1):15-24. 7. Vargas A, Amescua-Guerra LM, Bernal MA, Pineda C. Principios físicos básicos del ultrasonido, sonoanatomía del sistema musculoesquelético y artefactos ecográficos. Acta Ortop Mex. 2008;22(6):361-73.