2. Mulheres e feminismo
Ao falar sobre o feminismo no Brasil, devemos inicialmente
falar sobre a situação da mulher em nossa sociedade.
Durante vários séculos, as mulheres estiveram relegadas ao
ambiente doméstico e subalternas ao poder das figuras do
pai e do marido. Quando chegavam a se expor ao público, o
faziam acompanhadas e geralmente se dirigiam para o
interior das igrejas. A limitação do ir e do vir era a mais clara
manifestação do lugar ocupado pelo feminino.
3. A transformação desse papel recluso passou a
experimentar suas primeiras transformações no século
XIX, quando o governo imperial reconheceu a necessidade
de educação da população feminina. No final desse
mesmo período, algumas publicações abordavam essa
relação entre a mulher e a educação, mas sem pensar em
um projeto amplo a todas as mulheres. O conhecimento
não passava de instrumento de reconhecimento das
mulheres provenientes das classes mais abastadas.
4. Chegando até essa época, as aspirações pelo saber
existiam, mas não possuíam o interesse de subverter
ou questionar a ordem imposta pelo mundo dos
homens. No século XX, os papéis desempenhados
pela mulher se ampliaram quando algumas destas se
inseriram em uma sociedade industrial, onde
assumiram uma gama diversa de postos de trabalho.
Apesar disso, a esfera da mulher ligada ao lar
continuava a ter sua força hegemônica.
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7. A Dra. Nise foi a primeira mulher a se formar na
Faculdade de Medicina da Bahia em 1926. Ela era a
única em uma turma com 157 homens e concluiu o
curso aos 21 anos. Ela revolucionou a Medicina
Psiquiátrica ao prescrever tratamentos não violentos.
8. Entre as décadas de 1930 e 1960, as manifestações
feministas oscilavam mediante as mudanças
desenvolvidas no cenário político nacional. Em 1934,
o voto feminino fora reconhecido pelo governo de
Getúlio Vargas. Já em 1937, os ideais corporativistas
do Estado Novo impediram a expressão de
movimentos de luta e contestação de homens e
mulheres. Nos anos de 1950, a redemocratização
permitira a flexibilização da exigência que
condicionava o trabalho feminino à autorização
marital.
9. Aqui tínhamos uma diversificação dos feminismos
que iam da tendência bem comportada até o
feminismo mais incisivo. Nesse quadro, observamos
a mobilização de mulheres que exigiam o seu direito
à cidadania sem questionar os outros papéis
subalternos assumidos pelas mesmas. Na outra
extremidade, vemos mulheres que reivindicam sua
ampliação na vida pública, a defesa irrestrita do
movimento dos trabalhadores e a consolidação dos
princípios de lutas comunistas.
10. A revolução dos costumes engendrada na década de
1960 abriu caminho para que o feminismo se
tornasse um movimento de maior força e
combatividade. Mesmo sob o contexto da ditadura,
as mulheres passaram a se organizar para
questionarem mais profundamente seu papel
assumido na sociedade. A problemática dos padrões
de comportamento passou a andar de mãos dadas
com os ideias de esquerda que inspiravam várias
participantes desse momento.
12. As mulheres anuladas emergem como inteiras, múltiplas. Nova
versão da mulher brasileira.
O projeto de distensão lenta e gradual do presidente Geisel
veio acompanhado da proliferação de movimentos populares,
da consolidação da oposição, da remobilização da esquerda,
da reatualização de uma política, da expansão da ação pastoral
da Igreja Católica.
O movimento feminista que reapareceu no Brasil a partir de
meados dos anos 70 teve influência dos movimentos que
surgiram na Europa e nos Estados Unidos nos anos 60. No
entanto, as condições locais, não deram lugar à emergência de
um movimento de liberação radicalizado.
13. Uma das parcelas dos movimentos de mulheres nos anos 70 e
80, no Brasil, nasceu dos grupos de vizinhança nas periferias
dos grandes centros urbanos. Em fins dos anos 70 pelo menos
dois grandes movimentos sociais liderados por mulheres: o
movimento contra a alta do custo de vida e a luta por creches.
A forte presença da Igreja Católica na vida das mulheres é
inseparável desses movimentos.
O crescimento da presença das mulheres no mercado de
trabalho foi simultâneo ao aumento de sua sindicalização e a
emergência do movimento de mulheres.
A participação das trabalhadoras rurais é derivada da
penetração do capital na agricultura, em que a luta pela reforma
agrária e pela terra, por melhores condições de produção,
preços agrícolas, salários e direitos sociais, se alia à luta
particular das camponesas por cidadania e visibilidade como
trabalhadoras.
14. Dessa forma, chegamos à atualidade vendo que a
ação feminista não mais se comporta apenas na
formação de movimentos organizados. Sendo assim,
a intenção de se pensar sobre as necessidades da
mulher não mais atravessa a dificuldade de se criar
um projeto amplo e universalista. Entre as grandes e
pequenas demandas, as mulheres observam que a
conquista de sua emancipação abre portas para a
compreensão e a resolução de outros novos
desafios.
15. O movimento feminista brasileiro
contemporâneo caracteriza-se pela sua
instituição em ONGs, criadas entre
1980 e 1999.
Críticas (menos ativismo e mais
profissionalismo): compromissos das
ONGs com órgãos financiadores,
estrutura funcional hierárquica.
17. ONG NO BRASIL
Católicas pelo Direito de Decidir
É uma organização de caráter ecumênico que busca
justiça social e mudança de padrões culturais e
religiosos vigentes em nossa sociedade, respeitando
a diversidade como necessária à realização da
liberdade e da justiça;
Foi criada no Brasil em 1993;
É um movimento internacional, que atua
principalmente no âmbito latino americano;
18. A ação de CDD desenvolve-se em articulação, no
plano internacional, com os demais grupos que
compõem a Rede latino americana de CDDs e com
Catholics for a Free Choice (CFFC), e no plano
nacional, com universidades, setores progressistas
da Igreja Católica e outras Ongs ligadas aos
movimentos sociais, especialmente no campo
feminista e do movimento de mulheres;
Luta pela igualdade nas relações de gênero e pela
cidadania das mulheres, tanto na sociedade como no
interior da Igreja Católica e de outras igrejas e
religiões, além de divulgar o pensamento religioso
progressista em favor da autonomia das mulheres,
reconhecendo sua autoridade moral e sua
capacidade ética de tomar decisões sobre todos os
campos de suas vidas;
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20. União Brasileira de Mulheres
Organização fundada em 1988 em Salvador Bahia
Objetivos:
Por um mundo de igualdade contra toda opressão
Somos brasileiras de muitos cantos desse país continente,
firmando um compromisso de unidade e de luta. Buscamos
um novo Brasil para nós e para os que virão depois.
Queremos um Brasil diferente, parte de um mundo de
igualdade, onde sua metade feminina não seja discriminada
por sua condição de cidadã e trabalhadora.
21. Importância da Mulher na Sociedade
Enfrentando diversas discriminações e adaptações em
relação aos “afazeres puramente femininos”, como cuidar
de casa e da família, a mulher conseguiu superar suas
dificuldades e ainda administrar seu tempo a favor de suas
atividades, para que as questões familiares não entrem em
conflito com questões profissionais e sociais. A mulher
ainda é alvo de grande discriminação por aqueles que
ainda acreditam que “lugar de mulher é no fogão” e por isso
enfrenta o grande desafio de mostrar que apesar de frágil é
ainda forte, ousada e firme na tomada de decisões, quando
necessário.
22. O avanço feminino frente à política e economia ainda
mostra a força da mulher em perceber e apontar os
problemas tendo sempre boas formas de resolvê-los assim
como os indivíduos do sexo masculino, o que evidencia o
erro de descriminar e diminuir o sexo feminino privando-o a
apenas poucas tarefas (domésticas).
A realidade do crescimento do espaço feminino tem sido
percebida pela participação da mulher em diferentes áreas
da sociedade que lhe conferem direitos sociais, políticos e
econômicos, assim como os indivíduos do sexo oposto.