A Trajetória do poder da mulher: do lar ao mercado de trabalho

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LIBERTAS CONSULTORIA E TREINAMENTO<br />CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE EQUIPES<br />A Trajetória do poder da mulher:<br />do lar ao mercado de trabalho<br />Autora: Gabriela Espíndola<br />Email: gabriela_espinola_@hotmail.com<br />Orientadora: Eliana Maria Cunha de Castro<br />Resumo<br />O artigo apresenta através de pesquisa bibliográfica a história da mulher através de sua inserção no mercado do trabalho, especificamente, no Brasil. Apresenta-se as principais lutas deflagradas pelas mulheres na busca de igualdade de direitos e pela liberdade de escolha. Entende-se que o papel social atribuído à mulher merece uma reflexão crítica a partir do pressuposto que a esta deve ser dado o poder da escolha assim como é atribuído ao gênero masculino. O poder que aqui se refere é o de ser independente emocionalmente e decidir como viver. <br />Palavras-chave: Mulheres. Evolução. Poder. <br />Abstract<br />The article presents a literature search through the history of women through insertion in the labor market, specifically in Brazil. It presents the main struggles unleashed by women in quest for equal rights and freedom of choice. It is understood that the social role assigned to woman deserves a critical reflection assume that this should be given the power of choice as well as is apportioned to the male gender. The power is here refers to be emotionally independent and decide how  she wants to live.<br />Keywords: Women. Evolution. Power.<br /> Primeiras Palavras<br />Até o final da década de 60, a sociedade vivia sob um modelo patriarcal, no qual o homem era o provedor do lar, aquele que sustentava e dava conforto a sua família. As mulheres, por sua vez, eram educadas com o objetivo de reprodução e cuidados domésticos com a casa. Não cabia à mulher trabalhar nem ganhar dinheiro; as poucas que trabalhavam eram de uma classe economicamente menos favorecida; que precisavam sustentar seus filhos e as ocupações a elas destinadas na sociedade eram de cunho doméstico, tais como, preparar alimentos e doces por encomendas, bordados e outros trabalhos manuais que eram pouco valorizados. A mulher de classe econômica mais favorecida não era educada para trabalhar fora de casa e nem visar ter prestígio ou sucesso profissional, e as que pensavam de forma contrária a esse modelo eram mal vistas pela sociedade.<br />A partir de eventos como a evolução industrial, em meados do século XVIII, que trouxe o desenvolvimento tecnológico e o crescimento da maquinaria, aliada às duas primeiras Guerras Mundiais e a revolução feminista na década de 70, as mulheres foram requisitadas pelo mercado de trabalho como mão de obra em decorrência da saída da população masculina para a guerra, este movimento favoreceu a conquista de um maior espaço na sociedade e, consequentemente, no mercado de trabalho. <br />Nos dias atuais, principalmente, nas sociedades ocidentais, algumas mulheres assumem a função de provedora do lar, enquanto os homens realizam tarefas domésticas e participam integralmente da criação dos seus filhos. O que houve de fato foi uma redefinição do papel da mulher na sociedade e uma troca nos valores que colocavam a mulher num segundo plano, em ocupações secundárias e inferiores aos homens. As mulheres já ocupam cargos superiores em empresas privadas ou públicas, nos setores judiciário ou executivo, com uma importante ressalva: postos antes ocupados apenas pela população masculina, como: mecânico, cobrador de ônibus, taxista e outras profissões que exijam uma maior força e resistência física, também são ocupados por mulheres. Porém, a igualdade de gêneros no mercado de trabalho ainda está em processo, pois mesmo com todas as evoluções e construções a favor da mulher, esta ainda se encontra em posição de desvantagem, principalmente no que se refere à desigualdade salarial e ao preconceito por ser considerado sexo frágil.<br />A partir dessa idéia introdutória, o presente artigo tem como objetivo fazer uma retrospectiva histórica da mulher no mercado de trabalho: as dificuldades enfrentadas, preconceitos e, ao mesmo tempo, promover a conscientização sobre as evoluções já conquistadas pela mulher no mercado de trabalho.<br />A Mulher e o Mercado de Trabalho <br />Ao descrever a história da mulher, deve-se levar em consideração que a sociedade humana é histórica, ou seja, transforma-se conforme os padrões de desenvolvimento da produção, dos valores e normais sociais. Desde que o homem começou a produzir seus alimentos nas sociedades agrícolas do período neolítico (entre 8.000 a 4.000 anos atrás), começaram as definições de papéis comportamentais e sociais entre os gêneros e, consequentemente, uma divisão sexual do trabalho. A mulher era marcada pela capacidade reprodutora e cuidadora, enquanto o homem representava um papel associado à ideia de autoridade, chefe da família e de mando.<br />Segundo Stearn (2010) nas sociedades industriais no século XVIII e XIX, as mulheres passaram a ser introduzidas no trabalho fabril e, desta forma, tinham além do antigo trabalho doméstico, um trabalho remunerado e fora do lar. Isso ocorreu a partir do término das duas primeiras guerras mundiais quando os homens se lançaram a frente das batalhas enquanto suas esposas ficavam responsáveis pelos negócios da família. As guerras cessaram e muitos homens perderam suas vidas, os que sobreviveram ao conflito se encontravam impossibilitados de voltar a assumir seus antigos postos de trabalho. As mulheres se sentiram pressionadas para assumir antigos projetos assumidos por seus maridos ou procurar trabalhos fora do ambiente doméstico para sustento de sua família. <br />Com a consolidação do sistema capitalista no século XIX junto ao avanço do desenvolvimento tecnológico e o intenso crescimento da maquinaria, muitas mudanças ocorreram em relação ao trabalho feminino. Com a ampliação da produção as mulheres foram convocadas para substituir os trabalhadores do sexo masculino, com salários menores. A remuneração do trabalho exercido pelas mulheres era muito inferior ao dos homens o que fez com que surgissem no século XIX lutas femininas por melhores condições de trabalho, alguns movimentos reivindicando direitos trabalhistas, igualdade de jornadas de trabalho e direito ao voto.<br />No século XX, as mulheres começaram a entrar nas profissões que exigem formação intelectualizada. Elas, porém, ainda estão em desvantagem em diversos aspectos e não são representadas na proporção adequada de chefia e, embora seja crescente, ainda não é maioria em cargos políticos e militares. Segundo Bruschini (1998), as ocupações menos valorizadas e tradicionalmente femininas no mercado de trabalho continuam se reproduzindo, implicando a persistência de núcleos ocupacionais, como por exemplo, o emprego doméstico. <br />Deve-se salientar que o aumento de ocupações precárias tem ajudado também a absorver uma grande parcela de homens, acarretando uma redução da segmentação por gêneros. Assim, as diferenças entre trabalho masculino e feminino vão diminuindo, não só pela capacidade das mulheres de entrarem no mercado antes exclusivo para os homens, mas pela redução deste último e pela participação conjunta de ambos os sexos no mercado de trabalho. A inserção feminina no mercado de trabalho provocou alterações significativas e esse processo social adquiriu uma dimensão estrutural no mundo contemporâneo. (LEONE, 2003).<br />O Trabalho Feminino no Brasil<br />Ainda na Primeira República, as mulheres, principalmente aquelas oriundas das camadas populares, já exerciam atividades produtivas. A maioria delas residia em área rural − característica predominante da população brasileira num momento anterior ao processo de urbanização − e trabalhava em suas próprias casas, exercendo um importante papel no modelo de produção familiar. Apesar de sua inegável importância no processo produtivo, as mulheres eram reconhecidas apenas como as responsáveis pela manutenção do equilíbrio doméstico familiar (WEINSTEIN, 1995). <br />Na indústria, a participação das mulheres também era significativa, sobretudo nas regiões que sofriam maior influência do processo de modernização − como São Paulo, em 1920, onde elas representavam 29% do total de trabalhadores da indústria e, especificamente, no ramo têxtil, sua atuação era superior à masculina, perfazendo 58%. No Rio de Janeiro, a força de trabalho feminina representava 27% dos trabalhadores de todos os ramos industriais, 39% no ramo têxtil (BATALHA, 2000).<br />Segundo Pochmann (2002), a partir da revolução de 1930, a Era dos direitos trabalhistas começaria através do Presidente e ditador Getúlio Vargas. Este trouxe iniciativas determinantes para reestruturação do mercado de trabalho no Brasil, bem como, contribuições para ampliação de postos de trabalho formais e a redução do desemprego e da informalidade. Através de um estudo do trabalho feminino feito pelo ministro Lindolfo Collor, foi expedito o decreto nº 24.417- A de maio de 1930, a primeira lei que versava sobre a situação da mulher no trabalho. <br />Após a década de 1940 que trouxe consigo o inicio do processo de industrialização e expansão das indústrias siderúrgicas, petrolíferas, química, farmacêutica e automobilística; houve um crescimento da incorporação da força de trabalho feminino no mercado de trabalho, havendo uma diversificação do tipo de ocupações assumidas pelas mulheres. <br />Segundo Bessa (1996) foi na década de 1970 que a mulher passou a ingressar de forma mais acentuada no mercado de trabalho. A mulher ainda ocupava as atividades relacionadas aos serviços de cuidar (nos hospitais a maioria das mulheres são enfermeiras e atendentes, são professoras e educadoras em creches), serviços domésticos (ser doméstica), comerciárias e uma pequena parcela na indústria e na agricultura.<br />No final dos anos 1970 surgem movimentos sindicais e movimentos feministas no Brasil que trouxeram mudanças de valores culturais e sócias em relação à mulher e suas ocupações (BRUSCHINI, 1996). A desigualdade de classes uniu os dois sexos na luta por melhores condições de vida e o movimento sindical começou a assumir a luta pelos direitos da mulher.<br />A partir de 1980, nasce a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a bandeira das mulheres ganhou mais força e visibilidade dentro dos movimentos sindicais. Com isso ainda na mesma data, nasce a Comissão Nacional da Mulher Trabalhadora, que luta pela democratização das relações de gêneros e igualdade jurídica. O mercado de trabalho brasileiro passa a apresentar características distintas do padrão até então estabelecido após a década de 1930. Com as mudanças ocorridas no mundo do trabalho e na economia mundial e brasileira, a partir desse período, a dinâmica de crescimento do emprego formal é interrompida e o mercado de trabalho no Brasil passa a apresentar novas características. O homem deixou de ser o chefe da família e a mulher passou a ser considerada um ser tão capaz quanto o homem (BESSA, 1996).<br />Para as mulheres, a década de 90 foi marcada pelo fortalecimento de sua participação no mercado de trabalho e o aumento da responsabilidade no comando das famílias. A mulher, que representa a maior parcela da população, viu aumentar seu poder aquisitivo, o nível de escolaridade e conseguiu reduzir a defasagem salarial que ainda existe em relação aos homens (BESSA, 1996).<br />O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2011) divulgou dois estudos com o balanço dos ganhos e as dificuldades enfrentadas pelas brasileiras ao longo dos anos 90 no mercado de trabalho. A renda média das trabalhadoras passou de R$ 281,00 para R$ 410,00. As famílias comandadas por mulheres passaram de 18% do total para 25%. A média de escolaridade dessas “chefes de família” aumentou em um ano de 4,4 para 5,6 anos de estudos. A média salarial passou de R$ 365 para R$ 591 em 2000. <br />Atualmente, o perfil das mulheres é diferente do apresentado no começo do século, pois, além de trabalhar e ocupar cargos de responsabilidade assim como os homens, ela ainda realiza outros papéis tradicionais, como a de ser mãe, esposa e dona de casa. De acordo com Luca (2001), A mulher está cada vez mais assumindo cargos estratégicos nas organizações, além de atuar como administradora do lar e educadora dos seus filhos. É constante o crescimento da participação da mulher em altos cargos nas empresas, na política e outras ocupações consideradas “masculinas”, embora ainda existam barreiras resultantes do preconceito.<br />Um olhar atento sobre o comportamento da força de trabalho feminina no Brasil aponta para uma história de lutas e conquistas que ainda está em processo, são ganhos e perdas que se misturam a papéis tradicionais e modelos requisitados pelo mercado de trabalho que, muitas vezes, na prática,se mostram contraditórios e quase impossíveis de serem exercidos concomitantemente de forma saudável. <br />Mulheres: Lutas e Conquistas<br />Com as revoluções e lutas femininas (1960 – 1970), as mulheres buscavam mostrar que tinham competência não apenas para administrar o lar, mas para conquistar e construir novos valores sociais, morais e culturais. Essa fase da história de lutas e conquistas femininas no decorrer de quase dois séculos, leva a humanidade a acreditar numa nova força de trabalho contra o machismo e as discriminações, assegurando o direito a cidadania e a igualdade entre os sexos (PRIORE, 2000).<br />Ao analisar o comportamento da força de trabalho da mulher, depois de tantos anos lutando pela igualdade, vemos que elas estão assumindo uma nova postura na sociedade e, conseqüentemente, no mercado de trabalho. Segundo dados obtidos pelo IBGE (2011), a mulher está assumindo liderança no mercado de trabalho e a diferença da média salarial em relação aos homens vem diminuindo cada vez mais. A fonte ainda revela que 28% dos domicílios já são chefiados pelas mulheres.<br />Assim, vemos que é real e perceptível a persistência do crescimento da presença feminina não só numa proporção quantitativa, mas também qualitativa. Podemos também tomar como exemplos de emancipação feminina: a inserção no mercado de trabalho, direito ao voto, ao divórcio, a métodos anticonceptivos, a licença a maternidade, a capacidade de chegar a cargos executivos e políticos e ainda ser eleita para o Governo.<br />Pesquisas do IBGE (2011) afirmam que as mulheres ocupam 12,7 dos assentos parlamentares no mundo e esse número já aumentou 5 % desde a conferência mundial realizada no ano de 1995 em Pequim.<br />Estas são algumas das conquistas já consolidadas pelas mulheres. Estas já lutaram e já cresceram muito perante a sociedade, mas ainda alguns degraus precisam ser galgados, como: eliminação da discriminação através da promoção e implementação de padrões de trabalho relacionados à igualdade de gênero para desta forma assegurar reformas trabalhistas e para que estruturas de gênero possam ser mais equilibradas.<br />É importante nos tornarmos conscientes da proporção dessa evolução. Isso porque a falta de consciência sobre o que representam os avanços sociais e jurídicos em relação à mulher desvaloriza estas conquistas (FREITAS, 2008). A Presidenta eleita Dilma Rousseff, primeira mulher a governar nosso país é mais um exemplo de evolução e poder feminino. Esta enfrentará um desafio importante e traz uma nova mensagem de superação: a da desigualdade de gênero: “Hoje, cada pai e cada mãe pode olhar nos olhos de sua filha e dizer: sim, você pode!” (DISCURSO, 2011).<br />Considerações finais<br />A situação da mulher no mercado de trabalho e os estudos referentes às mesmas exigem quase que indispensavelmente discursos relacionados ao preconceito e as desigualdades entre os gêneros.<br />As lutas pela igualdade entre os sexos só vieram a obter sucesso pelo fato de que a mulher mostrou sua capacidade de produção. Pois não haveria apenas protestos capazes de mudar a sociedade e seus paradigmas se as mulheres não provassem seu verdadeiro valor e competência. Esse novo olhar permitiu que a mulher saísse do lar e da tutela masculina (pais e/ou maridos) para conquistar sua liberdade.<br />Liberdade esta que veio com a capacidade de gerar renda com o fruto do seu próprio trabalho e a de competir no mercado de trabalho, antes exclusiva aos homens. Hoje por exemplo, muitas das famílias e grandes empresas são chefiadas por mulheres.<br />É importante que as mulheres da geração de hoje se deem conta do que significam estas lutas e conquistas, até porque a presente posição da mulher na sociedade é um reflexo decorrente do passado. As mulheres contemporâneas não querem homenagens e palavras bonitas, querem o fim da discriminação e da violência, querem o direito ao trabalho digno, à saúde e à educação.<br />Apesar dos problemas enfrentados, é fato que a sociedade evoluiu e a posição de submissão da mulher está ficando para trás. Saímos de uma extrema valorização da figura masculina na vida de uma mulher, dando lugar a uma nova forma de ser e viver. Hoje, a mulher tem esse poder de escolha, sem deixar de ter a consciência de seus direitos e deveres como cidadã.<br />Acredito que o triunfo em relação à mulher e seu poder (este que vai além da hierarquia), se refere ao “poder” de ser independente social e emocionalmente, de ter a liberdade de escolher como quer viver, trabalhar, estar e ser. Saindo das provações machistas e tendo a simples liberdade de ser quem é: ser mulher.<br />Referências<br />BATALHA, Cláudio. O movimento operário na primeira república. Jorge zahar, rio de janeiro, 2000.<br />BESSA, Karla Adriana Martins. Papel da mulher na sociedade ao longo da história. São Paulo: companhia das letras, 1996.<br />BRUSCHINI, C. trabalho das mulheres no Brasil: continuidades e mudanças no período 1985- 1950. São Paulo: fcc/dpe, 1998.<br />___________. O trabalho da mulher brasileira nos primeiros anos da década de 90: In: encontro nacional d estudos populacionais, 10, 1996, caxambu. Anais. Belo horizonte. ABEP, V1, 1996.<br />DISCURSO da ministra Miriam Belchior na reunião anual do BID em Calgary/Canadá. Disponível em: <http://www.planejamento.gov.br/noticia.asp?p=not<br />&cod=7144&cat=264&sec=29>. Acesso em jul 2011.<br />FREITAS, júnior, Antônio rodrigues de. O trabalho feminino no Brasil. Revista jurídica do trabalho, Salvador, v1, n 3, p 221- 225, 1988.<br />IBGE. www.ibge.com.br, 2011.<br />LEONE, E. O trabalho da mulher em regiões metropolitanas brasileiras. In: PRONI, M. W; HENRIQUE, W (Org.). Trabalho, mercado e sociedade: o Brasil nos anos 90. São Paulo: UNESP Campinas, 2003.<br />LUCA, T. Indústria e trabalho na história do Brasil. Contexto. São Paulo, 2001.<br />POCHMANN, Márcio. O trabalho no fogo cruzado. Contexto, São Paulo, 2002.<br />PRIORE, Del Mary. Histórias das mulheres no Brasil. Contexto. São Paulo, 2000<br />STEARN, P.N de. História da sexualidade. Contexto, São Paulo, 2010.<br />WEINSTEIN, Bárbara. As mulheres trabalhadoras em são Paulo. Cadernos Pague, vol. 4, Núcleo de Estudos de Gênero, UNICAMP, 1995.<br />
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  • 1. LIBERTAS CONSULTORIA E TREINAMENTO<br />CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE EQUIPES<br />A Trajetória do poder da mulher:<br />do lar ao mercado de trabalho<br />Autora: Gabriela Espíndola<br />Email: gabriela_espinola_@hotmail.com<br />Orientadora: Eliana Maria Cunha de Castro<br />Resumo<br />O artigo apresenta através de pesquisa bibliográfica a história da mulher através de sua inserção no mercado do trabalho, especificamente, no Brasil. Apresenta-se as principais lutas deflagradas pelas mulheres na busca de igualdade de direitos e pela liberdade de escolha. Entende-se que o papel social atribuído à mulher merece uma reflexão crítica a partir do pressuposto que a esta deve ser dado o poder da escolha assim como é atribuído ao gênero masculino. O poder que aqui se refere é o de ser independente emocionalmente e decidir como viver. <br />Palavras-chave: Mulheres. Evolução. Poder. <br />Abstract<br />The article presents a literature search through the history of women through insertion in the labor market, specifically in Brazil. It presents the main struggles unleashed by women in quest for equal rights and freedom of choice. It is understood that the social role assigned to woman deserves a critical reflection assume that this should be given the power of choice as well as is apportioned to the male gender. The power is here refers to be emotionally independent and decide how she wants to live.<br />Keywords: Women. Evolution. Power.<br /> Primeiras Palavras<br />Até o final da década de 60, a sociedade vivia sob um modelo patriarcal, no qual o homem era o provedor do lar, aquele que sustentava e dava conforto a sua família. As mulheres, por sua vez, eram educadas com o objetivo de reprodução e cuidados domésticos com a casa. Não cabia à mulher trabalhar nem ganhar dinheiro; as poucas que trabalhavam eram de uma classe economicamente menos favorecida; que precisavam sustentar seus filhos e as ocupações a elas destinadas na sociedade eram de cunho doméstico, tais como, preparar alimentos e doces por encomendas, bordados e outros trabalhos manuais que eram pouco valorizados. A mulher de classe econômica mais favorecida não era educada para trabalhar fora de casa e nem visar ter prestígio ou sucesso profissional, e as que pensavam de forma contrária a esse modelo eram mal vistas pela sociedade.<br />A partir de eventos como a evolução industrial, em meados do século XVIII, que trouxe o desenvolvimento tecnológico e o crescimento da maquinaria, aliada às duas primeiras Guerras Mundiais e a revolução feminista na década de 70, as mulheres foram requisitadas pelo mercado de trabalho como mão de obra em decorrência da saída da população masculina para a guerra, este movimento favoreceu a conquista de um maior espaço na sociedade e, consequentemente, no mercado de trabalho. <br />Nos dias atuais, principalmente, nas sociedades ocidentais, algumas mulheres assumem a função de provedora do lar, enquanto os homens realizam tarefas domésticas e participam integralmente da criação dos seus filhos. O que houve de fato foi uma redefinição do papel da mulher na sociedade e uma troca nos valores que colocavam a mulher num segundo plano, em ocupações secundárias e inferiores aos homens. As mulheres já ocupam cargos superiores em empresas privadas ou públicas, nos setores judiciário ou executivo, com uma importante ressalva: postos antes ocupados apenas pela população masculina, como: mecânico, cobrador de ônibus, taxista e outras profissões que exijam uma maior força e resistência física, também são ocupados por mulheres. Porém, a igualdade de gêneros no mercado de trabalho ainda está em processo, pois mesmo com todas as evoluções e construções a favor da mulher, esta ainda se encontra em posição de desvantagem, principalmente no que se refere à desigualdade salarial e ao preconceito por ser considerado sexo frágil.<br />A partir dessa idéia introdutória, o presente artigo tem como objetivo fazer uma retrospectiva histórica da mulher no mercado de trabalho: as dificuldades enfrentadas, preconceitos e, ao mesmo tempo, promover a conscientização sobre as evoluções já conquistadas pela mulher no mercado de trabalho.<br />A Mulher e o Mercado de Trabalho <br />Ao descrever a história da mulher, deve-se levar em consideração que a sociedade humana é histórica, ou seja, transforma-se conforme os padrões de desenvolvimento da produção, dos valores e normais sociais. Desde que o homem começou a produzir seus alimentos nas sociedades agrícolas do período neolítico (entre 8.000 a 4.000 anos atrás), começaram as definições de papéis comportamentais e sociais entre os gêneros e, consequentemente, uma divisão sexual do trabalho. A mulher era marcada pela capacidade reprodutora e cuidadora, enquanto o homem representava um papel associado à ideia de autoridade, chefe da família e de mando.<br />Segundo Stearn (2010) nas sociedades industriais no século XVIII e XIX, as mulheres passaram a ser introduzidas no trabalho fabril e, desta forma, tinham além do antigo trabalho doméstico, um trabalho remunerado e fora do lar. Isso ocorreu a partir do término das duas primeiras guerras mundiais quando os homens se lançaram a frente das batalhas enquanto suas esposas ficavam responsáveis pelos negócios da família. As guerras cessaram e muitos homens perderam suas vidas, os que sobreviveram ao conflito se encontravam impossibilitados de voltar a assumir seus antigos postos de trabalho. As mulheres se sentiram pressionadas para assumir antigos projetos assumidos por seus maridos ou procurar trabalhos fora do ambiente doméstico para sustento de sua família. <br />Com a consolidação do sistema capitalista no século XIX junto ao avanço do desenvolvimento tecnológico e o intenso crescimento da maquinaria, muitas mudanças ocorreram em relação ao trabalho feminino. Com a ampliação da produção as mulheres foram convocadas para substituir os trabalhadores do sexo masculino, com salários menores. A remuneração do trabalho exercido pelas mulheres era muito inferior ao dos homens o que fez com que surgissem no século XIX lutas femininas por melhores condições de trabalho, alguns movimentos reivindicando direitos trabalhistas, igualdade de jornadas de trabalho e direito ao voto.<br />No século XX, as mulheres começaram a entrar nas profissões que exigem formação intelectualizada. Elas, porém, ainda estão em desvantagem em diversos aspectos e não são representadas na proporção adequada de chefia e, embora seja crescente, ainda não é maioria em cargos políticos e militares. Segundo Bruschini (1998), as ocupações menos valorizadas e tradicionalmente femininas no mercado de trabalho continuam se reproduzindo, implicando a persistência de núcleos ocupacionais, como por exemplo, o emprego doméstico. <br />Deve-se salientar que o aumento de ocupações precárias tem ajudado também a absorver uma grande parcela de homens, acarretando uma redução da segmentação por gêneros. Assim, as diferenças entre trabalho masculino e feminino vão diminuindo, não só pela capacidade das mulheres de entrarem no mercado antes exclusivo para os homens, mas pela redução deste último e pela participação conjunta de ambos os sexos no mercado de trabalho. A inserção feminina no mercado de trabalho provocou alterações significativas e esse processo social adquiriu uma dimensão estrutural no mundo contemporâneo. (LEONE, 2003).<br />O Trabalho Feminino no Brasil<br />Ainda na Primeira República, as mulheres, principalmente aquelas oriundas das camadas populares, já exerciam atividades produtivas. A maioria delas residia em área rural − característica predominante da população brasileira num momento anterior ao processo de urbanização − e trabalhava em suas próprias casas, exercendo um importante papel no modelo de produção familiar. Apesar de sua inegável importância no processo produtivo, as mulheres eram reconhecidas apenas como as responsáveis pela manutenção do equilíbrio doméstico familiar (WEINSTEIN, 1995). <br />Na indústria, a participação das mulheres também era significativa, sobretudo nas regiões que sofriam maior influência do processo de modernização − como São Paulo, em 1920, onde elas representavam 29% do total de trabalhadores da indústria e, especificamente, no ramo têxtil, sua atuação era superior à masculina, perfazendo 58%. No Rio de Janeiro, a força de trabalho feminina representava 27% dos trabalhadores de todos os ramos industriais, 39% no ramo têxtil (BATALHA, 2000).<br />Segundo Pochmann (2002), a partir da revolução de 1930, a Era dos direitos trabalhistas começaria através do Presidente e ditador Getúlio Vargas. Este trouxe iniciativas determinantes para reestruturação do mercado de trabalho no Brasil, bem como, contribuições para ampliação de postos de trabalho formais e a redução do desemprego e da informalidade. Através de um estudo do trabalho feminino feito pelo ministro Lindolfo Collor, foi expedito o decreto nº 24.417- A de maio de 1930, a primeira lei que versava sobre a situação da mulher no trabalho. <br />Após a década de 1940 que trouxe consigo o inicio do processo de industrialização e expansão das indústrias siderúrgicas, petrolíferas, química, farmacêutica e automobilística; houve um crescimento da incorporação da força de trabalho feminino no mercado de trabalho, havendo uma diversificação do tipo de ocupações assumidas pelas mulheres. <br />Segundo Bessa (1996) foi na década de 1970 que a mulher passou a ingressar de forma mais acentuada no mercado de trabalho. A mulher ainda ocupava as atividades relacionadas aos serviços de cuidar (nos hospitais a maioria das mulheres são enfermeiras e atendentes, são professoras e educadoras em creches), serviços domésticos (ser doméstica), comerciárias e uma pequena parcela na indústria e na agricultura.<br />No final dos anos 1970 surgem movimentos sindicais e movimentos feministas no Brasil que trouxeram mudanças de valores culturais e sócias em relação à mulher e suas ocupações (BRUSCHINI, 1996). A desigualdade de classes uniu os dois sexos na luta por melhores condições de vida e o movimento sindical começou a assumir a luta pelos direitos da mulher.<br />A partir de 1980, nasce a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a bandeira das mulheres ganhou mais força e visibilidade dentro dos movimentos sindicais. Com isso ainda na mesma data, nasce a Comissão Nacional da Mulher Trabalhadora, que luta pela democratização das relações de gêneros e igualdade jurídica. O mercado de trabalho brasileiro passa a apresentar características distintas do padrão até então estabelecido após a década de 1930. Com as mudanças ocorridas no mundo do trabalho e na economia mundial e brasileira, a partir desse período, a dinâmica de crescimento do emprego formal é interrompida e o mercado de trabalho no Brasil passa a apresentar novas características. O homem deixou de ser o chefe da família e a mulher passou a ser considerada um ser tão capaz quanto o homem (BESSA, 1996).<br />Para as mulheres, a década de 90 foi marcada pelo fortalecimento de sua participação no mercado de trabalho e o aumento da responsabilidade no comando das famílias. A mulher, que representa a maior parcela da população, viu aumentar seu poder aquisitivo, o nível de escolaridade e conseguiu reduzir a defasagem salarial que ainda existe em relação aos homens (BESSA, 1996).<br />O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2011) divulgou dois estudos com o balanço dos ganhos e as dificuldades enfrentadas pelas brasileiras ao longo dos anos 90 no mercado de trabalho. A renda média das trabalhadoras passou de R$ 281,00 para R$ 410,00. As famílias comandadas por mulheres passaram de 18% do total para 25%. A média de escolaridade dessas “chefes de família” aumentou em um ano de 4,4 para 5,6 anos de estudos. A média salarial passou de R$ 365 para R$ 591 em 2000. <br />Atualmente, o perfil das mulheres é diferente do apresentado no começo do século, pois, além de trabalhar e ocupar cargos de responsabilidade assim como os homens, ela ainda realiza outros papéis tradicionais, como a de ser mãe, esposa e dona de casa. De acordo com Luca (2001), A mulher está cada vez mais assumindo cargos estratégicos nas organizações, além de atuar como administradora do lar e educadora dos seus filhos. É constante o crescimento da participação da mulher em altos cargos nas empresas, na política e outras ocupações consideradas “masculinas”, embora ainda existam barreiras resultantes do preconceito.<br />Um olhar atento sobre o comportamento da força de trabalho feminina no Brasil aponta para uma história de lutas e conquistas que ainda está em processo, são ganhos e perdas que se misturam a papéis tradicionais e modelos requisitados pelo mercado de trabalho que, muitas vezes, na prática,se mostram contraditórios e quase impossíveis de serem exercidos concomitantemente de forma saudável. <br />Mulheres: Lutas e Conquistas<br />Com as revoluções e lutas femininas (1960 – 1970), as mulheres buscavam mostrar que tinham competência não apenas para administrar o lar, mas para conquistar e construir novos valores sociais, morais e culturais. Essa fase da história de lutas e conquistas femininas no decorrer de quase dois séculos, leva a humanidade a acreditar numa nova força de trabalho contra o machismo e as discriminações, assegurando o direito a cidadania e a igualdade entre os sexos (PRIORE, 2000).<br />Ao analisar o comportamento da força de trabalho da mulher, depois de tantos anos lutando pela igualdade, vemos que elas estão assumindo uma nova postura na sociedade e, conseqüentemente, no mercado de trabalho. Segundo dados obtidos pelo IBGE (2011), a mulher está assumindo liderança no mercado de trabalho e a diferença da média salarial em relação aos homens vem diminuindo cada vez mais. A fonte ainda revela que 28% dos domicílios já são chefiados pelas mulheres.<br />Assim, vemos que é real e perceptível a persistência do crescimento da presença feminina não só numa proporção quantitativa, mas também qualitativa. Podemos também tomar como exemplos de emancipação feminina: a inserção no mercado de trabalho, direito ao voto, ao divórcio, a métodos anticonceptivos, a licença a maternidade, a capacidade de chegar a cargos executivos e políticos e ainda ser eleita para o Governo.<br />Pesquisas do IBGE (2011) afirmam que as mulheres ocupam 12,7 dos assentos parlamentares no mundo e esse número já aumentou 5 % desde a conferência mundial realizada no ano de 1995 em Pequim.<br />Estas são algumas das conquistas já consolidadas pelas mulheres. Estas já lutaram e já cresceram muito perante a sociedade, mas ainda alguns degraus precisam ser galgados, como: eliminação da discriminação através da promoção e implementação de padrões de trabalho relacionados à igualdade de gênero para desta forma assegurar reformas trabalhistas e para que estruturas de gênero possam ser mais equilibradas.<br />É importante nos tornarmos conscientes da proporção dessa evolução. Isso porque a falta de consciência sobre o que representam os avanços sociais e jurídicos em relação à mulher desvaloriza estas conquistas (FREITAS, 2008). A Presidenta eleita Dilma Rousseff, primeira mulher a governar nosso país é mais um exemplo de evolução e poder feminino. Esta enfrentará um desafio importante e traz uma nova mensagem de superação: a da desigualdade de gênero: “Hoje, cada pai e cada mãe pode olhar nos olhos de sua filha e dizer: sim, você pode!” (DISCURSO, 2011).<br />Considerações finais<br />A situação da mulher no mercado de trabalho e os estudos referentes às mesmas exigem quase que indispensavelmente discursos relacionados ao preconceito e as desigualdades entre os gêneros.<br />As lutas pela igualdade entre os sexos só vieram a obter sucesso pelo fato de que a mulher mostrou sua capacidade de produção. Pois não haveria apenas protestos capazes de mudar a sociedade e seus paradigmas se as mulheres não provassem seu verdadeiro valor e competência. Esse novo olhar permitiu que a mulher saísse do lar e da tutela masculina (pais e/ou maridos) para conquistar sua liberdade.<br />Liberdade esta que veio com a capacidade de gerar renda com o fruto do seu próprio trabalho e a de competir no mercado de trabalho, antes exclusiva aos homens. Hoje por exemplo, muitas das famílias e grandes empresas são chefiadas por mulheres.<br />É importante que as mulheres da geração de hoje se deem conta do que significam estas lutas e conquistas, até porque a presente posição da mulher na sociedade é um reflexo decorrente do passado. As mulheres contemporâneas não querem homenagens e palavras bonitas, querem o fim da discriminação e da violência, querem o direito ao trabalho digno, à saúde e à educação.<br />Apesar dos problemas enfrentados, é fato que a sociedade evoluiu e a posição de submissão da mulher está ficando para trás. Saímos de uma extrema valorização da figura masculina na vida de uma mulher, dando lugar a uma nova forma de ser e viver. Hoje, a mulher tem esse poder de escolha, sem deixar de ter a consciência de seus direitos e deveres como cidadã.<br />Acredito que o triunfo em relação à mulher e seu poder (este que vai além da hierarquia), se refere ao “poder” de ser independente social e emocionalmente, de ter a liberdade de escolher como quer viver, trabalhar, estar e ser. Saindo das provações machistas e tendo a simples liberdade de ser quem é: ser mulher.<br />Referências<br />BATALHA, Cláudio. O movimento operário na primeira república. Jorge zahar, rio de janeiro, 2000.<br />BESSA, Karla Adriana Martins. Papel da mulher na sociedade ao longo da história. São Paulo: companhia das letras, 1996.<br />BRUSCHINI, C. trabalho das mulheres no Brasil: continuidades e mudanças no período 1985- 1950. São Paulo: fcc/dpe, 1998.<br />___________. O trabalho da mulher brasileira nos primeiros anos da década de 90: In: encontro nacional d estudos populacionais, 10, 1996, caxambu. Anais. Belo horizonte. ABEP, V1, 1996.<br />DISCURSO da ministra Miriam Belchior na reunião anual do BID em Calgary/Canadá. Disponível em: <http://www.planejamento.gov.br/noticia.asp?p=not<br />&cod=7144&cat=264&sec=29>. Acesso em jul 2011.<br />FREITAS, júnior, Antônio rodrigues de. O trabalho feminino no Brasil. Revista jurídica do trabalho, Salvador, v1, n 3, p 221- 225, 1988.<br />IBGE. www.ibge.com.br, 2011.<br />LEONE, E. O trabalho da mulher em regiões metropolitanas brasileiras. In: PRONI, M. W; HENRIQUE, W (Org.). Trabalho, mercado e sociedade: o Brasil nos anos 90. São Paulo: UNESP Campinas, 2003.<br />LUCA, T. Indústria e trabalho na história do Brasil. Contexto. São Paulo, 2001.<br />POCHMANN, Márcio. O trabalho no fogo cruzado. Contexto, São Paulo, 2002.<br />PRIORE, Del Mary. Histórias das mulheres no Brasil. Contexto. São Paulo, 2000<br />STEARN, P.N de. História da sexualidade. Contexto, São Paulo, 2010.<br />WEINSTEIN, Bárbara. As mulheres trabalhadoras em são Paulo. Cadernos Pague, vol. 4, Núcleo de Estudos de Gênero, UNICAMP, 1995.<br />