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UM DISCURSO CONCERNENTE À RELIGIÃO COMPARATIVA
Teologia Prática, publicada na Língua Inglesa, em trinta volumes.
Primeiramente em 1750, em cinqüenta volumes, duodécimos.
Por John Wesley, Mestre em Ciências Humanas.
Membro do Conselho de Lincoln College, Oxford.
Um Discurso concernente à Religião Comparativa; ou os Alicerces Sólidos e
Verdadeiros da Teologia Pura e Pacífica:
Ao Leitor:
"A sabedoria que é do alto, é, primeiro, pura, então, pacífica". Até onde o
mundo cristão hoje exibe essas qualidades divinas, é também visível. Os homens têm
assim transformado a Doutrina Cristã, através de suas interpretações, de maneira que
ela dificilmente será encontrada hoje em sua verdade e simplicidade. A doutrina de
JESUS CRISTO, como ela é entregue a nós, através de seus Apóstolos, não deve
agora ser considerada padrão do Cristianismo, tanto quanto os menores e os maiores
Catecismos, da Confissão de Westminster, ou o Credo e Cânones de Trent; em cuja
defesa, os homens renunciam e rejeitam o espírito e a essência verdadeira do
Cristianismo, o amor a Deus, e ao seu próximo, e constroem, para si mesmos, tal
doutrina que exaltará sua natureza corrupta, e alimentará o orgulho e a inveja deles.
Em algumas nações, ela tem sido o grande ídolo da discordância de famílias e tribos,
em manter suas animosidades e inimizades, entre si mesmos, e persegui-los, até as
medidas extremas, na destruição uns dos outros. Tal disposição sangrenta e
irreconciliável, embora tenha sido justamente considerada bárbara neles, é ainda
assim, vista como graciosa, e um zelo santo em diversas tribos e facções de cristãos,
cada um contendendo, tão sinceramente, e discutindo, com tal calor e preocupação,
que eles podem manter sua própria seita e a série de opiniões em oposição a todos os
outros. E a generalidade dos respectivos Cabeças e Guias espirituais está tão longe
de fazer sua obrigação, no restringir essas barbáries, que não ouvirá quaisquer
princípios ou propostas que possam tender a este caminho; mas se alguma coisa for
oferecida, para que possa abrandar os homens em direção uns aos outros, eles fazem
disto sua ocupação –
tratar os proponentes como inimigos comuns, e dar tais características deles e de
seus sentimentos, de maneira a conduzirem as pessoas a abominá-los.
Os preconceitos que se erguem das representações falsas da religião em prol
do verdadeiro interesse dela, e das almas dos homens, são inumeráveis; e o quão
dolorosos para as sociedades e comunidades da era atual, assim como das
anteriores, eles fornecem evidência suficiente. As facções, no estado, não podem
encontrar ferramentas mais adequadas para conduzirem seus objetivos do que
aqueles da igreja; que estão prontos a sacrificarem as liberdades e saúde de seu país,
com a vida da própria religião, pelos pequenos interesses de suas facções: de modo
que estamos todos preocupados, como homens, e como cristãos, hoje, em conhecer
as coisas que pertencem à nossa paz, antes que elas sejam ocultas de nossos olhos.
O seguinte Discurso foi originalmente pretendido pelo Autor, para formar nas
mentes daqueles jovens, aos quais ele deveria treinar nos estudos teológicos, tais
noções exatas e adequadas da religião, em todas as suas partes, na medida em que
surge a preocupação deles por essas coisas, naquilo que é absolutamente necessário
e essencial, e os preserva do cego, ingovernável e furioso zelo pelas outras coisas,
que são tão meramente circunstanciais, ou, pelo menos, não necessárias, nem para a
essência dela, embora, tenham agora se tornado o pilar e alicerce da maioria, se não
de todas, nem para as contenções infelizes e incontáveis do mundo cristão. E quando
uma copia deste caiu nas mãos de algumas pessoas, por cujo juízo o Autor tem
grande estima, eles obtiveram sua permissão para torná-la pública: e, desde então,
algumas pessoas estão prontas, desde sua publicação, para fornecerem impressões
malévolas a todos aqueles que não conhecem o Latim, de maneira que se pensou
adequado publicá-lo na Língua Inglesa, para que tais pudessem lê-lo atentamente com
seus próprios olhos, e não com os olhos de outros homens.
Que este Discurso possa, pela bênção de Deus, contribuir para conduzir "os
homens ao verdadeiro conhecimento e amor a Deus, em Jesus Cristo, e a paz e
caridade mútuas, uns com os outros, é a oração sincera do Autor e Editor".
***
A Introdução. O Fundamento da Distinção da Teologia dentro do Absoluto e
Comparativo. Ambos estão descritos. Inconveniências surgem da Ignorância da
Teologia Comparativa. Os Assuntos do Discurso seguinte.
1. Embora todas as facções da Religião Cristã concordem que elas são
reveladas e ordenadas por Deus, e também, que são direcionadas para a glória de
Deus, e a salvação de homens, ainda assim, elas, afinal, não são do mesmo peso e
importância; mas sendo pesadas na balança de um julgamento justo, algumas delas
são de maior peso do que outras. Os profetas nos dizem que a Misericórdia, o
Conhecimento de Deus, e Obediência aos seus mandamentos são mais aceitáveis a
ele do que sacrifícios e oferendas. (I Samuel 15:22 "Porém Samuel disse: Tem
porventura o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se
obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o
atender melhor é do que a gordura de carneiros"). (Oséias 6:6"Porque eu quero a
misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os
holocaustos"), e nosso abençoado Senhor considera o Julgamento, Misericórdia e
Verdade, comparados com dízimos de hortelã, cominho e anis verde, "as coisas mais
importantes da lei"; (Mateus 23:23 "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que
dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo,
a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas").
Desta consideração, surge uma distinção ou divisão daquela habilidade,
conhecimento ou entendimento que está relacionada com a Religião, e que é
comumente chamada de Teologia, ou Doutrina das Coisas Divinas, no Absoluto, e no
Relativo ou Comparativo.
A Teologia Absoluta, ou aquele conhecimento da religião que eu chamo
absoluta, e considera seu objeto apenas quando revelado e ordenado, ou instituído
por Deus; sua tarefa é decifrar aquelas coisas que nos são propostas nas Escrituras,
para serem acreditadas e praticadas, e discernidas e distinguidas de todas as outras.
Novamente, a Teologia Comparativa, ou o respectivo conhecimento da
religião, pondera o peso ou importância, e observa a ordem, referência e relação das
coisas pertencentes à religião, se elas são pontos de doutrina, ou preceitos, ou ritos
sagrados, e ensina a distinguir entre os Acessórios da religião, e os pontos
Fundamentais, os Circunstanciais e os Substanciais, os Meios e suas Finalidades.
2. Em um discurso preliminar aos nossos Conferencistas - Teólogos, do ano
passado, falando das diferenças a respeito da Religião Cristã, e que existem na Igreja
Cristã, eu toquei sobre esta distinção, posteriormente; e dentre os medicamentos
apropriados para este mal, eu mencionei a Doutrina da Teologia Comparativa. E, de
fato, quanto mais freqüentemente eu reflito sobre este assunto, e quanto mais
estreitamente, eu o considero, mais estou convencido e confirmado em minha opinião
da grande utilidade e necessidade desta doutrina. Nem eu questiono muito, a não ser
que você seja facilmente persuadido a pensar, como eu, quando você perceber que o
estado corrupto e perigoso em que se encontra a Igreja Cristã no momento, é, devido,
em grande grau, à falta deste conhecimento Comparativo da Religião, ou ao devido
cuidado com ele.
Porque, em meio a todas as seitas e facções dos Cristãos, a verdadeira
Piedade é negligenciada, e a Caridade Divina, e Amor fraternal se tornaram frios; de
maneira que eles são apáticos ao arrancar a raiz da luxúria, e as afeições depravadas
da natureza corrupta, quando, neste meio tempo, eles se apresentam com zelo e
aplicação para a propagação de algumas opiniões que são tanto obscuras, quanto
incertas, mas, de modo algum, necessárias, e para a supressão de outras da mesma
natureza, que não são prejudiciais; que alguns ritos e cerimônias são pertinazmente
retidos por alguns cristãos, e tão obstinadamente rejeitados por outros; que eles estão
em paz com as depravações, e as pessoas malévolas; enquanto empreendem guerra
apenas com o erro e as pessoas erradas; -- essas coisas não devem ser tão
imputadas à falta de um Conhecimento Absoluto da Religião, como daquele que é
Comparativo.
Não mais se admite que isto seja atribuído ao fato de eles serem ignorantes de
algum preceito Cristão, ou de alguma verdade Divina absoluta, que seja de alguma
importância para a salvação; mas ao fato de que a generalidade dos Cristãos, tanto
não conhece, quanto não considera o quanto o arrependimento, abnegação,
mortificação da carne, amor, e humildade são de peso maior do que a mera ortodoxia,
ou uma crença confiável; e o pecado e imoralidade, mais prejudiciais do que o erro; -os princípios essenciais da religião, sendo excetuados, em ambos os casos.
Uma vez que o uso da Teologia Comparativa é de tão ampla extensão, tanto
para ordenar corretamente as vidas e as maneiras dos Cristãos individuais, e para
estabelecer os assuntos públicos que concernem à paz das igrejas, dentro de si
mesmas, e sua concordância mútua, uma com as outras; eu presumo que seja um
bom ofício feito, e nada desagradável aos meus ouvintes, se eu puder supri-lo com
uma chave, através da qual, se possa entrar no mais remoto e intrincado recôndito
desta Teologia.
3. Eu devo incluir o que eu tenho dito, sob três tópicos gerais: 1º. Eu farei um
traço rude e uma idéia geral desta Teologia. 2º. Eu devo descer para uma descrição
mais específica dela. E 3º. eu devo colocar algumas Conclusões, que naturalmente
fluem desta Doutrina.
Parágrafo 1.
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Com o que a Teologia Comparativa lida de uma maneira geral.
O estado em que o Homem foi criado.
A obrigação do homem neste estado.
A razão da proibição, concernente a Árvore do Conhecimento do Bem
e do Mal.
A queda do homem ocasionou a ampliação da religião.
A ideia geral desta Teologia.

Quanto ao primeiro, devemos considerar que a essência da religião, ou do
dever que o homem tem para com Deus, ou ao que Deus requer do homem, em
qualquer estado que seja, quer aquele da integridade e inocência, ou da restauração
depois da queda, ou da felicidade consumada, consiste somente no amor a Deus,
como nosso Salvador nos ensina. Mateus 22:37, onde ele diz que o primeiro e maior
mandamento da Lei é "amar o Senhor nosso Deus, com todo nosso coração, com toda
nossa alma, com toda a nossa mente, e com todas as nossas forças".Porque Deus,
sendo autossuficiente, e independente de outros seres, no mínimo, não se coloca na
necessidade das criaturas e dos serviços delas. Mas sendo determinado, através do
mais livre, natural, e desnecessário ato de sua boa vontade, a deleitar-se com alguma
coisa, fora de si mesmo, ele, para esta finalidade, depois da criação e queda dos
anjos, criou o homem à sua própria imagem (ou seja, de uma natureza como a sua
própria), com quem ele viveria em amizade, e teria todas as coisas em comum,
oferecendo a si mesmo, com todas as suas perfeições gloriosas e amáveis, a ser
desfrutado prazerosamente pelo homem e, através dele, receber o retorno gratificante
de um amor e afeição recíproca. E porque o homem é uma criatura feita de uma alma,
uma substância espiritual, e de um corpo, que é material; Deus criou este mundo
visível e corporal; -- guarnecido com inumeráveis objetos para o deleite dos sentidos
exteriores, e recriando aquelas faculdades que pertencem à alma, já que ela está
unida ao corpo, -- e fez o homem senhor sobre ele, e, para esta finalidade, assim
como a alma, Deus, o bem infinito, havia adequado e proporcionado a sua vasta
capacidade, assim o corpo também não estaria sem os objetos apropriados e
agradáveis. E, para este objetivo de Deus, na criação do mundo, a história dele
concorda excelentemente; onde lemos, que todo este mundo visível foi, a principio
criado e terminado, como um palácio magnífico, ricamente provido com todas as
espécies de mobiliários, e que, depois disto, o Homem, que estava designado a ser
seu senhor e mestre, foi criado e investido com o domínio dele.
2. Para tão grandes favores, tão generosamente concedidos, com ardor, Deus
requereu, ou, antes, esperou, nenhum outro testemunho da mente grata, a não ser o
amor: E para que seu amor pudesse ser nobre e livre, generoso e ilimitado, não
exigido, forçado, ou restrito, foi da vontade de Deus que, estivesse em sua própria
disposição; e, portanto, ele o dotou com um poder livre de determinar os atos e
exercícios de suas faculdades a esses ou a outros objetos, de devotar-se a Deus, por
amor, ou separar-se dele. E contanto que ele ainda continuasse a amar a Deus, e
tendo seu deleite nele somente, nada lhe era proibido; todas as coisas eram lícitas, e
ele era mestre do poder mais livre para dispor de todas as suas faculdades, e das
criaturas subjugadas a ele, a seu prazer, e isto, sem qualquer ofensa a Deus.
Quanto a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, concernente a qual, as
Escrituras nos informa que Deus ordenou Adão que não a comesse; isto não foi para
limpá-lo da inveja, como se Deus o tivesse invejado, por aquele fruto agradável (uma
vez que ele fora caluniado, através do diabo), ou com a intenção de, no mínimo,
diminuir ou infringir o completo e livre direito e poder que ele tinha concedido a ele, no
uso de suas faculdades, e todas as coisas sob seu comando, a seu prazer,
estabelecendo sempre que ele as usou, sem prejuízo do amor que ele devia ao seu
Mestre. Mas não é improvável, que Deus, através deste símbolo, designou manter o
homem atento ao fato de que ele possuía tudo o mais, a respeito do que, o livre uso
era permitido por ele, através do direito de submissão, e apenas com a dependência
de Deus, o Senhor Supremo de tudo, a quem, a este respeito, ele devia amor maior.
3. Depois que aquele homem abusou da liberdade concedida a ele, ao
transferir seu amor por Deus para as criaturas, e, por meio disto, ter violado a lei de
sua criação e a aliança da camaradagem que contraíra com Deus; e por também
perdido o amor de Deus, e com isto a presença abençoada e a companhia da
Divindade, que habitava em sua alma, e a preenchia com luz, e alegria, e paz, ao que
lhe sucederam trevas, angústia, e inquietação; -- depois que o homem se tornou um
apóstata de Deus, e Deus estava determinado a restaurá-lo, então, os limites da
religião começaram a ser ampliados; e além do amor a Deus que estava perdido, e
ainda mantinha o lugar principal em meio aos preceitos Divinos e obrigações da
religião, diversas outras coisas foram reveladas, prescritas, e instituídas para serem
observadas pelo homem, como sendo algumas delas úteis e outras, necessárias, para
a recuperação do amor a Deus que estava perdido, e para trazer o homem de volta,
que havia se desviado, para a estrada da sua obrigação.
4. Do que já foi dito, esta idéia sucinta e geral da doutrina da Teologia
Comparativa surge; ou seja; -- no estado da integridade e inocência da natureza, o
amor a Deus supriu o todo da Religião; nem havia alguma outra obrigação pesando
sobre o homem, mas "o amor ao Senhor seu Deus, com todo seu
coração". Novamente, no estado da natureza depravada, e que se entende deverá ser
reparada e renovada, o mesmo amor a Deus, ainda é a primeira parte, a parte
principal, e a parte essencial da religião, o que sozinho é desejado por si mesmo, e por
aqueles a quem todas as outras coisas pertencentes à religião são ordenadas: de
maneira que o Amor a Deus, comparado com as partes remanescentes da Religião, é
a Finalidade para a qual elas todas se referem e conduzem.
Parágrafo 2.
Em que esta teologia é mais distinta e especialmente explicada. Um Esquema
da Religião Cristã, colocando de lado a relevância e importância de todas as partes
dela. Duas particularidades nela, merecedoras de observação.
1. Para uma explicação mais específica desta doutrina da Teologia Comparativa,
assim sumariamente proposta, vamos, a seguir, considerar como, e em que ordem,
todos os Preceitos e Instituições da Religião, consideram a caridade ou o amor a
Deus, e servem para ascender novamente aquela pompa celestial nos corações dos
homens.
2. Em primeiro lugar, não obstante o homem tenha violado indignamente a
aliança de camaradagem, na qual Deus concebeu admiti-lo, e ao transferir às criaturas
aquele amor e afeição que eram devidos a Deus apenas, caiu sobre si mesmo, que o
desprezar a Deus, o expôs à morte eterna; era impossível que ele pudesse restaurar
seu estado anterior, sem a misericórdia de Deus, o perdão de suas ofensas, e
concedendo a ele um tempo competente, e todas as tais graças e outras ajudas,
quanyo eram necessárias, para sua recuperação para o amor e serviço de Deus.
3. Para obter esta misericórdia, a intercessão de um Mediador foi necessária;
alguém que procuraria isto, através de seus méritos e o favor com Deus. Eu não
deveria fazer disto minha tarefa aqui, inquirir a respeito das causas e razões, porque
Deus não seria reconciliado para o homem caído, sem a intervenção de um Mediador.
Que ele não seria é evidente, por isto, por falta de um Mediador, os anjos caídos foram
impedidos de algum acesso à graça e favor de Deus. A virtude e a eficácia de sua
encarnação. Junto com o que ele fez e sofreu na carne, começou a tomar lugar
imediatamente depois da queda do homem; motivo pelo que, nosso abençoado
Salvador é chamado. "O Cordeiro que foi morto, desde a fundação do
mundo", (Apocalipse 13:8).
4. A este meio de salvação, que é colocado, sem nós, e não depende de nós,
naquilo que nos diz respeito, são o amor e gratidão a Jesus Cristo, que se tornou
nossa fiança com Deus; e fé, por meio da qual nós atribuímos a ele aquelas
esperanças de salvação que ele adquiriu por nós, e confiamos em seus méritos e
intercessão, para o perdão de nossos pecados, e aceitação de nossos serviços com
Deus, e a obtenção de todas as coisas que são boas para nós.
5. Porque o perdão que Cristo buscou para o homem caído é apenas
condicional, e as condições que Deus requer de nós, com o objetivo de sermos
restaurados para seu favor (ou seja, que sendo penitentes sinceros pelos nossos
pecados, devemos retornar para Deus, através de Jesus Cristo, e buscar aquela
graça, através da qual, nós podemos restaurar, junto a ele, a completa possessão de
nossos corações, e o amarmos com toda nossa alma, continuamente) são tais que
não podem ser executadas direta, e imediatamente por nós, por causa das nuvens
densas da ignorância e afeições corruptas, com as quais a quantidade de pecado
preencheu nossas mentes; portanto, alguns meios necessariamente devem ser
prescritos, e usados para esta finalidade, através dos quais, passo a passo, nós
podemos gradualmente ascender para o amor perfeito de Deus, que está situado, por
assim dizer, no alto trono da religião. Tais significam passos que Deus prescreveu em
sua palavra, e por assim fazer, os tem adotado na família da religião.
6. É claro e evidente, em si mesmo, que no retorno do amor a Deus, nós
devemos tomar um curso completamente contrário daquele, através do qual, o homem
se afastou dele. Uma vez que aquele homem perdeu este amor a Deus, não por
desfrutar das criaturas, nem por se divertir com elas (o que ele legitimamente faz),
mas por unir seu coração a elas, através do amor, segue-se que, se nós quiséssemos
que este fogo Divino descesse para o altar de nossos corações, necessariamente,
deveríamos extinguir e eliminar o amor impuro e confuso do mundo, e das criaturas:
porque o amor a Deus, e tal amor às criaturas, não podem subsistir juntos, em um e
no mesmo objeto, mas mutuamente expulsar um ao outro do coração do homem;
porque "se algum homem ama o mundo, o amor do Pai não está nele", como João
afirmou em I João 2:15; porque Deus requer que o coração do homem seja oferecido
a ele, por completo e inteiro: "Meu filho" (diz ele), "dá-me teu coração", Provérbios
23:26. Nem ele pode permitir um rival no amor do homem; tão logo o homem admite
algum rival, Deus renuncia a ele como poluído e sujo. Mas tal é a boa vontade e a
misericórdia de Deus em Jesus Cristo, em direção ao homem desviado, para que tão
logo seu coração seja oferecido a ele completo e inteiro, então, ele está disposto a
reentrar e habitar nele, e preenchê-lo com a luz e alegria Divina. E todos aqueles
preceitos da religião pertencem a este meio de recuperação do amor de Deus, o que
proíbe amar, desejar ou buscar o mundo, suas riquezas, honras, prazeres, ou alguma
coisa criada.
7. Novamente, com o objetivo de recuperar o amor a Deus, o amor impuro das
criaturas deve ser colocado de lado; assim, igualmente, para que aquele homem
possa ser liberto deste amor às criaturas, é necessário que ele se abstenha, tanto
quanto puder, de conviver e usar das criaturas, e daquelas especialmente que são
gratificantes e prazerosas para a carne. Porque, além de parecer injusto e irracional
que os rebeldes e traidores possam ousar participar dos divertimentos que foram
providenciados pelos filhos zelosos e obedientes; tão inconstante e fraca é a natureza
humana, desde que ela foi depravada pelo pecado, que não pode visualizar nem
desfrutar daqueles deleites, sem ser seduzida em seu amor. E, portanto, convêm a
nós, em nosso alimento, roupa, e outros meios de vida, colocar as disputas nas coisas
necessárias, e diligentemente evitar tais que são meramente agradáveis.
8. O que torna esta parte de nossa obrigação mais fácil, é a blasfêmia da terra,
e a deformação, de pelo menos este mundo sublunar que, através da sábia e justa
providência de Deus houve. a consequência da queda de Adão; em razão do que, o
mundo, como ele é agora, difere, tanto de si mesmo, do que ele foi antes da queda,
quanto um vil calabouço de um palácio real e magnífico. Concernente a este mundo
corrupto o Apóstolo fala em Romanos 8:20-21, onde ele diz que "a criatura ficou
sujeita à vaidade, não por sua vontade", e que "por fim, a própria criatura deverá ser
liberta da escravidão da corrupção". Se os homens foram apaixonadamente no amor
por esta carcaça desprezível de um mundo, o que eles teriam feito, se eles o tivessem
visto e possuído, em sua perfeição primitiva de esplendor e beleza?
9. Além disto, porque o amor próprio não é menos inimigo do amor a Deus, do
que o amor a outras criaturas, e usualmente levanta troféus para si mesmo, da ruína
de outros, ele deve necessariamente ser descartado também; e para efetuar isto, nós
devemos manter uma guerra constante com nossa natureza corrupta, todos aqueles,
cujos pensamentos, conselhos e desejos, são, através do veredicto do próprio
Deus, "apenas e continuamente maus"(Gêneses 6:5). O que quer que ela deseje deve
ser negado; e as coisas pelas quais ela tem uma aversão devem ser forçadas nela.
Nós devemos fazer coisa alguma para gratificá-la, mas seus movimentos devem ainda
ser resistidos; para que sendo trazida à sujeição, ela nunca mais possa obstruir ou
retardar as operações do Espírito de Deus, renovando o homem no coração. E porque
todas essas coisas são difíceis e graves, e muito inaceitáveis para nossa natureza
corrupta, nós nunca estaremos totalmente inclinados a colocá-las em prática, até que
a mente, sendo devidamente afetada com a triste consciência do pecado, e de sua
própria miséria, primeiro gema, sob seu peso, e aspire livrar-se dele. E esses meios,
que servem para extinguir o amor pecaminoso para com as criaturas no coração dos
homens são os mesmos que Cristo e seus Apóstolos tão frequentemente apontam nas
Escrituras, quando eles prescrevem o arrependimento, abnegação, renúncia ao
mundo, crucificação da carne, tomar a cruz, e descartar-se do velho homem.
10. Além disto, como é apenas a graciosa e imediata presença da Divindade,
preenchendo a alma com luz e alegria, que pode produzir nele o verdadeiro amor a
Deus, que é a perfeição de toda a religião; então, os outros meios de salvação, que eu
já citei, brotam de um princípio mais sublime e muito mais nobre do que nossa
natureza. Uma vez que a natureza humana, depravada pelo pecado, é cega, e busca
suas próprias vantagens em todas as coisas, sempre, e em todo lugar; já que os
preceitos da religião, do qual estamos falando, são mais desagradáveis e odiosos
nela, é evidente que uma submissão a eles não pode ser esperada, sem a assistência
da Graça Divina; e esta assistência deve ser interna, o que age sobre a mente
imediatamente, instruindo, seduzindo, persuadindo, e a estimulando; e também
externa, a que opera através da mediação dos sentidos exteriores: de maneira que
não é sem fundamento que o Apóstolo diz: "É Deus que opera em nós, tanto o querer
quanto o fazer" (Filipenses 2:13). Uma vez que para obter deste meio, que existe
apenas no poder de Deus, requer, de nossa parte, oração contínua, e uma pronta
submissão às inspirações do Espírito Santo. "Peça", diz nosso Senhor, "e
receberás" (Mateus 7:7). "E não aflijas o Espírito Santo de Deus", diz o
Apóstolo. (Efésios 4:30).
11. Mas, visto que as manifestações interiores do Espírito Santo requerem
uma mente calma e equilibrada, e os leves sussurros, e a voz doce e gentil do Espírito
Santo, ensinando e admoestando no fundo do coração, elas não podem ser ouvidas e
observadas por homens não regenerados, devido ao estrondoso e contínuo som das
paixões tempestuosas e luxuriosas; portanto, torna-se necessário pedir a assistência
de um modo mais grosseiro e material de ensino, tal que faça seu caminho até a
mente, através dos sentidos externos.
Por esta razão, Deus enviou os Profetas (aos quais ele primeiro manifestou a si
mesmo; parcialmente, através das visões representadas nas fantasias deles; algumas
vezes, quando dormiam; e algumas vezes, quando estavam acordados; e,
parcialmente, pela voz e sinais exteriores), para que advertissem e admoestassem
outros homens em seu nome, concernente àquelas coisas que pertenciam à salvação
deles. E, enquanto da queda de Adão, a humanidade foi se tornando cada vez pior,
irrompendo em diversos tipos de pecados, e acrescentando novos aos seus velhos
maus hábitos, desviando-se ainda mais de Deus, tornou-se expediente que Ele os
advertisse do perigo deles, através de novos anúncios, de tempos em tempos, e que
Ele multiplicaria seus preceitos, de acordo com a diversidade de pecados, por meio
dos quais, os homens, de maneira ignorante e inconsideradamente desviaram-se do
caminho da salvação; até que, por fim, a maldade dos homens erguendo-se a uma
altura extraordinária, e as revelações dos Profetas não sendo capazes de colocar um
fim nisto, o unigênito Filho de Deus, em seu grande amor à humanidade, revestido de
nossa natureza mortal, com todas as suas enfermidades (ainda que sem pecado),
dignou-se a habitar dentre os homens, para que pudesse instruí-lo perfeitamente em
tudo que concernia à salvação deles, e que, em um corpo delicado e mortal, como
aquele que carregamos conosco, Ele conduziria tal vida, como ela é necessária ser
conduzida, por todos que deveriam ser salvos; para que assim, através de um
experimento consciente, Ele nos convencesse que a vida Cristã não e impossível à
nossa fragilidade, quando fortificada com os auxílios da graça divina; e, finalmente,
que Ele disporia sua vida para a expiação dos pecados dos homens.
12. Toda a doutrina da religião compreendendo os discursos e conduta de
Jesus Cristo, junto com as revelações dos Profetas e Apóstolos, está também
registrada nas Escrituras, como registros públicos, para que, através desses recursos,
ela possa ser aqui e ali difundida em todo o mundo. As Escrituras, portanto, são
necessárias para que os preceitos da religião, e os meios da salvação já citados,
possam ser conhecidos pelos homens.
13. Mas esses não são ainda todos os expedientes dos quais Deus fez uso,
para que o homem retornasse a seu favor, e seu caminho para a salvação fosse o
mais claro e mais fácil. Embora tudo com o que o homem esteja preocupado em
conhecer e praticar, com o objetivo da salvação, seja tão completa e plenamente
entregue nas Escrituras, e tudo que ele deseje aprender disto, ele possa, com a
devida aplicação, descobrir facilmente lá, ainda assim, existem muitos que não se
preocupam em lê-las; muitos, cegos pelo preconceito, são vagarosos no entender o
que lêem; outros são remissos e negligentes no executarem o que eles entendem: e,
mesmo aqueles que começaram a trilhar nos passos da vida, muitas vezes, através da
negligência trilham fora do caminho, ou através da violência das tentações, são
impelidos para o caminho do pecado, e, uma vez tendo caído, adormecem
seguramente nele.
Para remediar esses males, os seguintes expedientes foram providenciados.
Os pastores foram designados, cujo ofício é instruírem, admoestarem, reprovarem e
confortarem. As Sociedades Religiosas de Cristãos, ou Igrejas, foram instituídas, para
que os cristãos pudessem ser úteis uns aos outros, no promover o trabalho comum da
salvação deles, instruindo o ignorante, corrigindo tais, como erros da verdade,
levantando aqueles que estão caídos, avivando o indiferente, repreendendo aqueles
que cometem pecados, e evitando os obstinados. As Assembléias Religiosas,
Adoração Pública, e Sacramentos foram instituídos; e, embora eles contribuam
grandemente para a promoção da fé e santidade cristã, ainda assim, não obstante,
manifestamente supõem pastores e sociedades cristãs, e podem ser considerados por
nós, como sanções àquelas leis, por meio das quais, pastores e Igrejas estão
autorizados, e às quais devemos obedecer, ou sermos desprovidos do benefício da
Adoração Pública, e do conforto dos Sacramentos. E, por fim, para que a finalidade
daquelas obrigações públicas de cada igreja pudesse ser corretamente administrada,
ou seja, para que cada coisa pudesse ser feita decentemente e em ordem, e aquela
comunhão pudesse ser mantida, assim como a paz e concórdia entre as Igrejas, um
dirigente na igreja foi designado.
14. Desta forma, eu tenho, elo por elo, revolvido toda a cadeia de religião;
começando no mais alto degrau dela, ou seja, o amor a Deus, que sozinho é buscado,
e prescrito por si mesmo, e procedendo deste, para os meios imediatos, em que ele é
obtido, e deles, para tais que são mais remotos, até que, por fim, chegamos ao mais
remoto de todos. Este relato, que dei da religião, nos fornece uma chave, através da
qual, qualquer um que seja indiferentemente versado nos Estudos Teológicos pode
facilmente descobrir qual o lugar que cada parte mantém no conjunto da religião; como
uma parte permanece relacionada a tais outras partes, quando estão acima, como um
meio para o fim; e com tais, quando estão abaixo, como do fim para os meios; e em
que grau de necessidade, cada parte deve ser mantida. Mas por causa dos iniciantes,
eu devo propor uma ou mais dessas neste esquema, que merecem uma consideração
maior.
15. A primeira é a notável diferença entre Caridade, ou o Amor a Deus, e todas
as outras partes da religião; em meio às quais Ele tem proeminência, porque somente
Ele é desejado por si mesmo, e todo o restante é instituído por causa Dele, para que,
através dos meios e subserviência deles, a humanidade, que estava caída do puro e
inocente Amor a Deus, em um estranho e adúltero amor às criaturas, possa
novamente ser transformada para o amor que ela deve a Deus. E assim, o Amor
relaciona-se com as outras partes da religião, como o Fim é para os Meios;
concordante com a clara instrução do Apóstolo: "A finalidade do mandamento é o
Amor" (I Timóteo 1:5). Agora, assim como as estruturas de madeira e os andaimes
que são usados na construção, são tirados fora, quando a obra está terminada, não
sendo de mais uso; assim, quando o Amor a Deus for finalmente perfeito, no coração
daqueles que devem ser salvos, então, os Sacramentos, Pastores, Igrejas, as santas
Escrituras, Renúncia ao mundo, Mortificação da carne, Arrependimento, Fé, e todas as
outras partes da Religião que são distintas do Amor, cessarão, como o Apóstolo nos
ensina: (I Cor. 13:8) "O Amor", diz ele, "nunca falha; mas se houver Profecias, elas
falharão, se houver Línguas, elas cessarão; se houver Conhecimento, ele
desaparecerá, quando aquele que é perfeito vier, então, o que é em parte
desaparecerá: agora habita a Fé, a Esperança, e o Amor, mas o maior desses é o
Amor".
16. Outra coisa a ser diligentemente observada neste esquema, no que
concerne àquelas partes da religião que são distintas do Amor; é a diferença entre si,
quando se referem à sua Finalidade. E, neste aspecto, estão classificadas em uma
diferença tripla. Elas são todos os meios para recuperar o Amor: mas (1) alguns deles
são necessários, e, sobretudo, certos e infalíveis. (2) outros são, de fato, necessários,
nem certos, nem infalíveis; e (3)outros não são certos, nem infalíveis, nem absoluta,
indispensável, e universalmente necessários.
Na primeira série, estão a Fé em Jesus Cristo, o Mediador, o Arrependimento,
a mortificação da natureza corrupta, ou do Velho Homem, o renunciar ao mundo, com
todas as suas pompas e vaidades, e, finalmente, o desapegar o coração do amor
impuro ao mundo, e de todas as criaturas, que, uma vez, arrancado pela raiz, o amor a
Deus prospera, e é aceso, e se espalha no coração, através do Espírito Santo. Todos
esses são indispensavelmente necessários para a recuperação do amor a Deus; e
eles têm uma ligação certa e infalível, mediata e imediata, com ele.
Na segunda série, situam-se as Escrituras Santas, que, por razões já
expressas, são simplesmente necessárias, para que os homens possam obter o
conhecimento de tais coisas que concernem a eles saber e praticar, com o objetivo de
sua salvação. – Mas, embora as Escrituras sejam necessárias, ainda assim, elas não
são meios certos e infalíveis da salvação, uma vez que muitos deles que as têm, e as
lêem diariamente, não as alcançam; não por alguma falha nas Escrituras, mas nas
próprias pessoas, que não cuidam de ordenar suas vidas e maneiras de acordo com
os preceitos nelas entregues.
Na terceira série de meios da salvação que são, nem absoluta, indispensável, e
universalmente necessários, nem certos e infalíveis, estão incluídos Pastores,
Sociedades Religiosas, ou Igrejas, Sacramentos, Adoração Pública, e Política
Eclesiástica, ou Disciplina Religiosa, e o que quer mais que seja instituído por Deus,
para esta finalidade, para que os homens possam ser estimulados a aprender, ou
manter na mente, ou praticar, aquelas obrigações da religião, que estão completa e
claramente entregues nas Escrituras. Que essas não têm uma ligação certa e infalível
com a salvação dos homens é mais evidente do que a falta de prova ou ilustração; e,
embora os cristãos não devam negligenciá-las ou menosprezá-las, mas fazer uso
delas, quando eles puderem, até porque elas são prescritas por Deus, e no uso
correta delas, muitas vantagens excelentes podem ser colhidas, ainda assim, isto não
fará delas absoluta, indispensável e universalmente necessárias para a salvação;
porque é possível que tais, quando têm as Escrituras, se eles, cuidadosa e
diligentemente a examinarem, com oração, podem, tanto descobrir o caminho da
salvação assinalado nelas, e, tendo encontrado, podem começar a caminhar nele,
quanto, pela assistência da graça de Deus, podem constantemente perseverar nele,
até que, por fim, eles operem a salvação deles; embora vivam na esquina do mundo,
onde não têm oportunidades, de Pregadores que possam ouvir, ou de Igrejas, a qual
eles possam se reunir, (em consequência) ou dos Sacramentos dos quais eles
possam compartilhar.
Parágrafo 3.
No que as Diversas Proposições materiais e Inferências úteis são deduzidas
das descrições precedentes desta Teologia.
Como discernir entre os princípios fundamentais da religião, e tais que não
são fundamentais; e entre erros condenáveis, perigosos e danosos.
Depois de apresentada a idéia geral desta Teologia, juntamente com a mais
distinta e específica explicação dela, eu vou agora para as muitas e significativas
proposições, regras e conclusões que podem ser deduzidas desta doutrina. E, de fato,
tão variado e múltiplo é o uso desta Teologia, quer na vida privada, e também para a
ordem correta da Igreja, e ela aflui com tantas regras e instruções para cada tipo de
vida, que seria difícil calcular tudo que poderia ser deduzido dela, através de
meditação séria e atenta. Eu devo apenas exemplificar em poucas.
2. Em Primeiro Lugar, aparece plenamente, através desta doutrina da
Teologia Comparativa, que os preceitos da Religião Cristã não têm procedido, nem da
mera vontade arbitrária de Deus, nem de sua ira e desprazer, mas do seu amor, favor
e boa vontade em direção ao homem caído. E a razão porque Deus tem imposto as
leis difíceis do arrependimento, abnegação, e renúncia ao mundo, como necessárias
para serem observadas, através de todos que seriam salvos, não é para que ele
exercite sua autoridade sobre os homens, ou Ele seja vingativo, mas porque não
existe outro caminho de levá-los até a felicidade verdadeira e duradoura, além daquele
que os preceitos da religião prescrevem. Deus poderia, de fato, através da virtude de
sua onipresença, ter restaurado o homem, que estava caído no pecado e miséria, em
seu estado original, santo e feliz, sem a intervenção de uma penitência medicinal. Mas
recente experiência e o notável exemplo de instabilidade e inconstância que Adão deu,
evidentemente, revelam que nada deveria ser esperado desta maneira, a não ser que
Adão, depois de escapar ligeiramente de tão grande perigo, tivesse sido ainda mais
presunçoso para ofender novamente: Ou, se a experiência o tivesse tornado mais
cauteloso e prudente, ainda assim, seus filhos prontamente teriam reincidido em seu
pecado e miséria; de maneira que se este método tivesse sido usado para recuperar o
homem caído, é provável que Adão apenas teria sido salvo através dele. Por esta
razão, estava mais de acordo com a sabedoria e bondade de Deus, garantir ao
homem caído o regresso e retorno ao seu estado inicial de felicidade, através do
caminho da penitência apenas; o que, embora fosse o mais difícil, ainda assim, é o
mais seguro e infalível. Porque, uma vez que aqueles que chegam às grandes
fortunas, pela sucessão de seus pais, ou pela generosidade de seu príncipe, estão
mais inclinados a esbanjarem sua riqueza, do que outros, que adquiriram suas
riquezas, através de sua própria diligência e trabalho, depois que eles caíram nas
dificuldades intensas da necessidade e pobreza; então, não é de se duvidar que
aqueles homens que se esforçaram, com dificuldade, do abismo profundo do pecado e
miséria, e vieram para a felicidade, através do caminho severo, desconfortável e
estreito da penitência, provarão ser igualmente mais constantes no amor ao seu
Criador, e mais firmes e resolutos no sofrer e repelir os assaltos da tentação, do que
Adão, que foi criado em um estado de felicidade, foi, ou do que sua posteridade teria
sido, caso aquela felicidade tivesse sido transmitida por Adão, através de sucessão a
eles.
3. Se fosse inquirido aqui: Deus não poderia ter restaurado o homem
imediatamente depois de sua queda, e, depois de sua restauração, tê-lo confirmado
também na graça e santidade, e o colocado fora de todo perigo de queda novamente,
de maneira que ele seria mais tarde, não mais odioso junto ao pecado do que os
gloriosos anjos? Eu respondo que um estado confirmado de graça e santidade é
ambos o fruto e recompensa de uma constância e firmeza prévia e provada no amor a
Deus; -- de maneira que nenhuma outra condição foi concedida aos Anjos que
persistiram na obrigação e fidelidade deles; nem teria sido dado a Adão, supondo-se
que ele não pecasse, até depois de um tempo competente de experimento, fielmente
gasto no amor a Deus; -- e, finalmente, que não é possível que uma criatura razoável
possa alcançar um estado consumado de perfeição, através de qualquer outro meio,
sem infringir sua liberdade, e que Deus teria preservado salva e inviolável.
De fato, depois que os bons e maus hábitos receberam suas melhorias
apropriadas e adequadas de Deus, -- ou seja, depois que ele fortificou e estabeleceu o
bem, através de medidas e comunicações renovadas de sua graça, e de ter
importunado o mal com repetidos esforços, e tudo para nenhum propósito, a não ser
corrigi-los, -- quando Ele resolve que as graças de seu Espírito não devem mais se
desonrar no menosprezo e desdém daqueles que estão enraizados no pecado, e
quando Ele recompensa os devotos pelo bom uso que eles fazem de sua liberdade,
com mais medidas abundantes de graça, e toma o governo do livre-arbítrio deles
(depois de eles terem livremente se resignado a isto), em suas próprias mãos; -então, segue-se o final, imutável, e interminável, da obstinação do iníquo no pecado, e
o estabelecimento do devoto na graça e santidade. Mas as criaturas racionais e livres
não podem ser estabelecidas em um estado de graça, nem endurecidas em um
estado de pecado, sem infringir a liberdade deles, exceto se o livre uso e exercício
dela, no bem ou mal (o que no bem, pelo menos, deve ser habitual), for feito antes
disto.
4. Em Segundo Lugar, esta doutrina da Teologia Comparativa revela o
fundamento daquilo que o Apóstolo entrega em I Cor. 12; onde ele declara que
aquelas partes da religião que são mais comumente estimadas, tais como, muito
conhecimento nas coisas divinas, ortodoxia, fé, e o sofrimento de perseguição, por
causa da religião verdadeira, até mesmo, junto a morte, serão todos inaproveitáveis
para a salvação, sem o Amor; porque essas, e outras coisas pertinentes à religião, são
para esta finalidade, ordenadas e prescritas por Deus, para que, através delas, os
homens possam ser trazidos para a Caridade ou o Amor a Deus; de maneira que se
elas não alcançarem esta Finalidade, elas se tornam vãs e inaproveitáveis. A respeito
das quais, estão muito enganados, aqueles que concebem boas esperanças, e nutrem
uma boa opinião de si mesmos, e de sua própria condição espiritual, porque
pertencem a este ou a outra facção de cristãos, ou porque eles são diligentes e
assíduos no ouvirem, lerem, orarem e comungarem; todos esses sendo suportes
muito fracos, concernentes aos quais, constroem uma esperança sólida de salvação.
Porque, exceto se os homens denunciarem guerra contra sua natureza corrupta,
renunciarem ao mundo, e negarem a si mesmos, eles nunca recuperarão o amor
verdadeiro e sincero a Deus; e sem o amor genuíno a Deus, eles nunca virão para a
presença dele, nem habitarão no lugar do Abençoado.
5. Em Terceiro Lugar, esta Teologia nos ensina como distinguir entre os
Princípios essenciais ou fundamentais da Religião, e aqueles que não são
fundamentais. E aqui eu tomo a Essência da Religião, não estritamente, por tudo que
pertence à religião sempre, e em todos os estados (em que a consciência do amor a
Deus somente supre toda a essência da Religião), mas, mais largamente, por todas as
coisas que são necessárias para os homens, quando considerados em um estado de
natureza corrupta, para que eles possam ter condições, e serem trazidos para o
desfrute da felicidade eterna.
Agora, uma vez que algumas partes da religião são meios de salvação, ambos
necessários, e certos e infalíveis, -- outros, são necessários, mas não certos; e outros
são, de fato, meios de salvação, mas não são certos, nem absolutamente necessários;
-- é evidente que os preceitos e instituições da terceira classe, de modo algum,
pertencem aos fundamentos da religião, propriamente assim chamados. Um
Fundamento é quando o conhecimento é necessário para a salvação, e de si mesmo.
Agora todos os preceitos e instituições da primeira classe, e eles apenas, são neste
sentido, necessários. Disto aparece que toda a família dos Fundamentos da religião
está contida dentro dos limites da primeira classe. Mas, porque os homens podem,
através de nenhum outro meio, vir para o conhecimento certo da religião, a não ser
através das Escrituras, portanto, conhecer as Escrituras e reconhecê-las, como uma
regra de fé certa e infalível, pode ser chamado de Fundamento secundário dos
Principio da Religião.
6. Em Quarto Lugar, esta Teologia ensina também a diferença de Erros; que
alguns são condenáveis e perniciosos; alguns perigosos apenas, e alguns inofensivos.
– Todos esses erros, no tocante à fé e religião, que necessariamente subvertem algum
princípio fundamental da religião, e que, na opinião e julgamento de pessoas erradas,
ou daquelas que não podem subsistir, ao mesmo tempo, e na mesma mente, com a
crença de princípios fundamentais da religião, -- são para serem vistos (esses, e
apenas esses), como destrutivos e condenáveis, e como tais, devem, com grande
cuidado e diligência, ser banidos dos limites da Igreja. Porque a Igreja Cristã é como
uma ponte, através da qual somente os homens podem ir deste vale de misérias para
as regiões abençoadas de luz e paz; e os Princípios Fundamentais da Religião são
muitos arcos, que, unidos, constroem essa ponte: Portanto, aqueles erros que
aniquilam quaisquer dos princípios fundamentais da religião, por assim dizer, tiram um
arco da ponte, por meio do qual uma brecha é criada nele, e a passagem por meio
dela, até o céu, é assim excluída e obstruída.
7. Novamente; aqueles erros que devem ser evitados como perigosos, cuja
tendência é fazer com que os homens sejam remissos e negligentes na tarefa de sua
salvação. Deste tipo é aquele erro atribuído à Origem, concernente à punição de
Demônios e Condenados que, depois de um longo período de tempo, deverá chegar
ao fim, e o próprio Condenado deverá, finalmente, ser transportado para as habitações
do Abençoado. Através desta doutrina, é evidente, que o temor do Inferno, sua força
para impedir os homens de pecarem, é, em grande medida, enfraquecida e infringida.
– Finalmente, aqueles erros podem ser tolerados como danosos, nos quais um
Cristão, que está no caminho da salvação, nem é obstruído, nem é atrasado em seu
curso; tal foi o erro de Cipriano, concernente ao Re-batismo dos Heréticos; e outro de
Irineus, que escreve que nosso Senhor tinha cinquenta anos quando sofreu.
8. Disto, Em Quinto Lugar, nós podemos traçar regras e princípios para
dirigirem, não apenas os cristãos individuais, até onde eles possam cogitar ou recusar
a comunhão externa com o diferente; sim, o adverso, seitas e sociedades de Cristãos,
nos quais a unidade da Igreja Cristã está miseravelmente dividida e lacerada, mas os
Dirigentes religiosos também, ao criarem e anularem as leis eclesiásticas. Para a
finalidade e objetivo daquelas Sociedades Cristãs, que nós chamamos de Igrejas, é
que, pela ajuda deles, cada Cristão individual pode se colocar no curso da devoção, e
ser assistido no operar sua salvação. Está claro, portanto, primeiro, que um cristão,
que coloca a obra de sua salvação no coração, deve (se suas circunstâncias
permitirem a ele) reunir-se, e se associar com aquelas igrejas, nas quais as melhores
ajudas para a devoção devem ser encontradas: -- A seguir, para que ele se abstenha
da comunhão com aquelas Igrejas, cuja camaradagem está apta a obstruir ou retardar
seu progresso na devoção verdadeira, -- tanto porque a pureza da Doutrina Cristã está
corrompida nela, por princípios diabólicos, e tais quando elogiam a natureza corrupta,
ou porque a força e eficácia da doutrina sã e benéfica estão prejudicadas e
debilitadas, através de exemplos perniciosos de uma vida mundana, -- ou, finalmente,
porque o privilégio da comunhão está ligado à alguma coisa que é ilegítima, como
condição necessária a ela: -- E, terceiro, que a comunhão daquela Igreja, onde ele já é
um membro [Comparativamente, pelo menos, tais erros podem ser inofensivos, se
mantidos sóbria e pacificamente, de maneira a não distraírem, indevidamente a
pessoa que os mantém, dos mais importantes objetos, e não causarem oportunidades
de inquietarem as mentes de outros, ou perturbarem a Igreja de Cristo], e cuja
camaradagem, embora seja pouco útil à devoção, ainda assim, não é prejudicial a ela,
poderia continuar nela, no caso de não poder ser abandonada, sem alguma grande
consequência.
9. Pela mesma razão também, torna-se a obrigação de todos aqueles que são
promovidos ao Governo das Igrejas, fazer uso da autoridade deles para a Edificação,
e não para a Destruição; não ordenando alguma coisa como condição necessária da
comunhão externa, mas aquilo que qualquer pessoa sensata em sua mente correta, e
que esteja impulsionada por um desejo sério e sincero em busca da santidade, possa
executar com uma boa consciência; a fim de que eles não façam disto uma
oportunidade para privar da comunhão externa da igreja deles, aqueles que Cristo se
sente honrado de ter a comunhão interior e espiritual consigo, e com os santos, ou
seja, com a igreja invisível; -- e, finalmente, sem constranger as pessoas, com relação
à suas mentes, e consciência, a uma comunhão externa com alguma igreja.
Nesta inferência, podemos observar, como em um vidro, o deplorável estado
do Mundo Cristão hoje, no qual, quase todas as seitas dos Cristãos, pelo menos, a
parte predominante dentre elas, requerem a crença e profissão de suas doutrinas
peculiares e distintas, em que algumas delas são obscuras; outras, duvidosas e
incertas; outras, falsas, como uma condição necessária de comunhão; semeando,
deste modo, as sementes de discórdia, e divisão, e ódio entre os cristãos, em vez
daquela unidade, e concórdia, que nosso Salvador, tão sinceramente, ordenou aos
seus discípulos. Nem isto é tudo; mas eles fazem o que lhes cabe, para forçarem
todos os outros, através de punições corporais, a adotarem todos os seus banimentos
e cumprirem as condições dele; e, através desse meio tão triste de tornar os homens
cristãos, eles apenas fazem de todos os pecadores os mais odiosos aos olhos de
Deus.
10. Por fim, deste esquema de Teologia Comparativa, aparece plenamente que
o Governo da Igreja é tal meio de recuperar o Amor a Deus, que não é nem
necessário, nem certo e infalível, e, consequentemente, já que não é um princípio
fundamental, não é uma parte essencial da Religião Cristã; e que, no corpo dela,
mantém o lugar, não do coração, ou outras partes vitais, mas da parte mais extrema.
Este é um assunto que deve ser bem considerado por todos os Cristãos, mas
especialmente por aqueles em meio aos quais as amargas cobiças e discussões e
contendas são mantidas, discórdias e tumultos surgem, e animosidades e ódio são
exercitados, a respeito das Formas específicas de Governo e Disciplina da Igreja, para
a grande reprovação do Cristianismo, o escândalo do fraco, e a triste deterioração, ou
(eu devo dizer), para a extrema ruína e subversão da verdadeira devoção. Quanto
melhor seria, e mais condutivo à honra da Religião Cristão, à devoção, e a paz, que os
Cristãos, antes exercitassem a mútua clemência, neste caso admitindo a cada um a
liberdade de pensar, falar, e agir como lhes agrade, nestes e em outros assuntos
parecidos, que estão distantes do centro da religião, concernente aos quais, os
amantes sinceros da verdade e santidade podem diferir em seus julgamentos, e isto
sem qualquer prejuízo ao amor mútuo e aos deveres da caridade, quer em meio às
pessoas comuns, ou em meio às sociedades de Cristãos e Igrejas.
Conclusão
Em que o Uso desta Teologia é mais especificamente declarado. A
inconveniência à qual estão expostos os que não estão familiarizado com ela. O
caráter de alguém que segue sua direção.
De tudo que foi dito, o notável uso e necessidade desta Teologia Comparativa
abundantemente aparece; porque ele não entende os vários e diferentes aspectos e
relações das diversas partes da Religião entre eles mesmos, o que esta Teologia
ensina, não pode deixar de frequentemente tropeçar e cair, ou vaguear em seu
caminho para a vida eterna. Porque, ele tanto, (1) considerará todas as partes da
Religião, como iguais e situando-se no mesmo nível, e, assim, se dirigirá a elas
indiferentemente, sem ordem ou escolha, praticando agora uma obrigação, e, então,
outra, como suas inclinações ou circunstâncias o inspirarem. Assim, ele não será
diferente de um marido inexperiente, que se esforçaria muito em semear, cavar, lavrar,
e remover com o rastelo seu solo, sem qualquer cuidado com a ordem ou estação que
deve ser observada nele; uma vez que este homem inevitavelmente fracassaria na
esperança da recompensa por seus trabalhos, eu quero dizer, em uma colheita farta;
então, o outro infalivelmente perderia o fruto e recompensa graciosos de uma vida
religiosa, ou seja, santidade e vida eterna.
Agora eu não tenho dúvida, que existam muitos como esses a serem
encontrados, em meios aos professores do Cristianismo, que considerando apenas o
que é comum a todas as partes e preceitos da religião deles, isto é, a marca da
Autoridade Divina, e não advertindo para os objetivos apropriados e peculiares de
cada uma delas, em especifico, estão pouco preocupados com respeito aos pequenos
propósitos da religião, e sem fazer qualquer progresso considerável nela; como os
homens de Sodoma, que "golpeados pela cegueira, se cansaram em vão", para
encontrar a porta da casa de Ló [Gênesis 19:11]. Tais pessoas parecem ser
apontadas pelo Apóstolo, sob a figura de "uma mulher tola que está sempre
aprendendo e nunca é capaz de chegar ao conhecimento (salvo e prático) da
verdade".
Ou, (2) ele preferirá os assuntos menos importantes e superficiais da religião, a
tais que são maiores ou mais importantes; com os quais nosso Salvador chamava a
atenção dos Escribas e Fariseus, que "dizimavam a hortelã, o endro, e o
cominho", mas "negligenciavam as coisas mais importantes da lei, o julgamento, a
misericórdia, e verdade".Desta falta, a maior parte dos Cristãos é culpada, ao colocar
um valor maior sobre a crença e persuasão corretas, no tocante às coisas menos
necessárias, como são quase todas as doutrinas distintas de cada seita de Cristãos, -junto com alguns ritos religiosos, e regras específicas e formas da Disciplina e
Governo religioso, muito controvertidos nestes tempos, concernente aos quais um
homem pode pensar e agir de um modo ou de outro (contanto que ele não aja contra
sua consciência), sem prejuízo para sua salvação, -- do que age, com respeito
a "santidade" do coração e vida, "sem o que nenhum homem verá o
Senhor" (Hebreus 12:14), sendo menos solicito para este do que para o outro. Já que,
na própria prática deles, eles estudam mais para serem ortodoxos do que serem
humildes, caridosos, mortos para o mundo, e abnegados; assim, eles abrem os braços
para todos que concordam com eles, na comunhão deles, com sua doutrina e
adoração, sejam suas vidas sempre tão sensuais e mundanas, mas excluem como
hostis e estranhos, tais que diferem deles nesses assuntos, sejam suas vidas, ao
contrário, sempre tão humildes e santas; buscando ganhar discípulos e seguidores,
preferivelmente à sua própria maneira e seita, do que para Cristo e a religião Dele; os
quais, se iguais os prosélitos dos Escribas e Fariseus, eles não se tornam piores,
ainda assim, certamente, conseguirão pouco mais, através da mudança, do que de
uma transferência de opiniões, e dos modos e circunstâncias da adoração externa.
Eles também se dividem nesta mesma rocha, ao negligenciarem as virtudes
capitais da Religião Cristã, seguindo o restante na forma subserviente dela, tal como,
as Escrituras, Sermões, Sacramentos, e afins, cujo uso é instruir os homens nas
obrigações essenciais da religião, e encorajá-los, e assisti-los na execução delas.
Nestes, nós podemos observar muitos envolvidos, por pensarem que, ao procederem
desta forma, eles têm cumprido toleravelmente bem a obrigação deles como Cristãos,
embora nunca aspirem pela busca da humildade, e a mortificação da carne, ao
renunciar ao mundo, e ao amor a Deus e ao seu próximo; em razão do que, todas
aquelas outras coisas, através e por meio delas eles estão assim envolvidos, foram
puramente pretendidas e designadas. Essas pessoas não são uma partícula sequer
mais sábia do que aquele que pretende uma viagem para alguma região ou cidade
remota, empregaria todo seu tempo e cuidado em providenciar e observar cavalos,
carruagens, servos, provisões, e outras coisas necessárias para a viagem, e neste
meio tempo, não movesse um passo de casa, para empreender a viagem.
Ou (3) ele dará pouca importância, e negligenciará as partes e obrigações
inferiores, ministeriais e subservientes da religião, e buscará aquelas de um nível e
grau mais alto, sem elas; com nenhum sucesso melhor, do que se um homem se
esforçasse para chegar ao topo de uma torre alta, sem a ajuda de escadas que o
conduzam a ela, levantando seus braços, esticando seu corpo, e na ponta dos pés. E
esta falta é também muito comum em meio aos Cristãos que imaginam que eles
podem obter as virtudes internas da contrição, humildade, desprezo ao mundo,
abnegação, e amor a Deus, através da meditação e pensamento apenas, sem praticar
as boas obras externas que dispõem e conduzem a ela, e sem evitar as seduções e
tentações às tendências condenáveis contrárias, tais como riquezas, honras, prazeres
e a familiaridade e camaradagem de homens mundanos; agindo nisto com tão pouca
aparência de raciocínio, como alguém que trancado em uma prisão escura, ou
mergulhado na neve até o queixo, esperaria que houvesse luz e calor, pela mera força
de sua imaginação, sem vir para a claridade e calor do sol. – A esses, nós podemos
acrescentar alguns outros que se vangloriam das manifestações interiores do Espírito,
comunhão com Deus, alegrias espirituais, e tais como recompensas e confortos de um
coração puro, embora eles ainda não tenham removido a velha influência das luxúrias
carnais e afeições terrenas; abraçando assim o vulto em vez do corpo.
Ao contrário, aquele que está familiarizado com a doutrina desta Teologia pura
e pacífica e escolhe seguir suas direções considera a Caridade, ou o Amor a Deus,
como a grande Finalidade, e as outras obrigações e virtudes pertencentes à Religião
Cristã, como os meios apontados para obter isto: e, assim sendo, ele faz do primeiro
seu grande objetivo e ocupação, e os demais ele considera e usa apenas em
consideração à subserviência deles a este primeiro. Ele lê as Escrituras, medita, ouve
os sermões, recebe os Sacramentos, e executa outras as obrigações subservientes da
Religião, não que ele possa descansar nelas, mas, através dos seus meios, ele possa
ser estimulado e auxiliado adiante no desprezo a si mesmo e ao mundo, e no amor a
Deus e ao seu próximo, por causa de Deus, sabendo que todo o trabalho que é
disposto neste caminho é perdido, se não contribui para esta finalidade.
Ele não é tão aficionado, nem tão temeroso de algum rito ou cerimônia
religiosa, ou costume eclesiástico, que seja inocente, e sendo indiferente em si
mesmo, possa ser usado para uma boa finalidade, mas que ele pode tanto usar
quanto se abster dele, quando a paz da igreja, ou a edificação de seu próximo possa
requerer; imitando o Apóstolo que, "para os judeus tornava-se judeu, para que ele
pudesse ganhar os judeus; para eles que estavam sob a lei, como sob a lei, para que
pudesse ganhá-los; para aqueles que estavam sem a lei, como sem a lei, para que
pudesse ganhar os que estavam sem a lei; para o fraco, ele se tornava como fraco,
para que ganhasse o fraco; finalmente, ele era feito todas as coisas junto aos homens,
para que pudesse, através de todos os meios, salvar alguns". (I Cor. 9:20 em diante).
As verdades necessárias e fundamentais da religião, ele acha que são poucas,
às quais ele adere firmemente, e as mantém cuidadosamente em seu coração, mas é
menos envolvido com o restante, concernente ao que, ele não ama discutir com
pessoa alguma; bem sabendo que, como as poucas controvérsias sempre terminaram
desta maneira, então, as mentes dos homens são, desta forma, desviadas do
propósito da santidade, e o ódio, animosidades, divisões e perseguições são criados e
fomentados; e que um progresso e avanço posterior no conhecimento salvador da
verdade são mais bem alcançados, através de uma vida santa, do que através de
muita discussão. Ele mantém uma comunhão espiritual interior de amor e afeição com
todos que verdadeiramente temem a Deus, e sinceramente o buscam, por mais que
eles possam diferir dele, e em meio deles, com respeito aos assuntos da religião que
são menos necessários; e está pronto a considerar uma comunhão externa, até onde
os termos e as condições da comunhão externa que eles requerem permitirão; e até
onde eles não obstruam o amor a Deus, e a mortificação de nossa natureza corrupta.
Mas ele cuidadosamente evita a companhia e familiaridade com todos os
pecaminosos e mundanos, como danosos e contagiosos, embora eles concordem com
ele na profissão da mesma doutrina e na adoração exterior.
Essas inferências devem ser tratadas com mais exatidão, e mais
extensamente; mas a brevidade do tempo concedido para este exercício tem me
obrigado a abreviá-las, e silenciosamente passar para outras de alguma
consequência. Além do que, eu estou temeroso que meus ouvintes já possam estar
cansados deste discurso que, devido à grande variedade de assunto, e, pela
necessidade, devam estar comprimidos em seus limites estreitos, tenham considerado
mais proveitoso do que agradável. E, portanto, eu coloco aqui um ponto final nele;
afetuosamente recomendando os tópicos dele a vocês, meus queridos alunos, para
serem mais tarde, digeridos, exemplificados e ampliados, através de vocês, em seus
pensamentos mais reservados e meditações privativas; e para o Pai das Luzes, para
que sejam, através Dele, plenamente abastecidos com as bênçãos dos céus.
Ao todo bom e todo sábio, e Altíssimo Senhor nosso Deus, Pai, Filho e Espírito
Santo, seja o louvor e a glória para sempre. Amém.
(http://diariodejohnwesley.blogspot.com.br/?view=classic) - 06.03.2014 - 9h10

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Um discurso concernente à religião comparativa john wesley

  • 1. UM DISCURSO CONCERNENTE À RELIGIÃO COMPARATIVA Teologia Prática, publicada na Língua Inglesa, em trinta volumes. Primeiramente em 1750, em cinqüenta volumes, duodécimos. Por John Wesley, Mestre em Ciências Humanas. Membro do Conselho de Lincoln College, Oxford. Um Discurso concernente à Religião Comparativa; ou os Alicerces Sólidos e Verdadeiros da Teologia Pura e Pacífica: Ao Leitor: "A sabedoria que é do alto, é, primeiro, pura, então, pacífica". Até onde o mundo cristão hoje exibe essas qualidades divinas, é também visível. Os homens têm assim transformado a Doutrina Cristã, através de suas interpretações, de maneira que ela dificilmente será encontrada hoje em sua verdade e simplicidade. A doutrina de JESUS CRISTO, como ela é entregue a nós, através de seus Apóstolos, não deve agora ser considerada padrão do Cristianismo, tanto quanto os menores e os maiores Catecismos, da Confissão de Westminster, ou o Credo e Cânones de Trent; em cuja defesa, os homens renunciam e rejeitam o espírito e a essência verdadeira do Cristianismo, o amor a Deus, e ao seu próximo, e constroem, para si mesmos, tal doutrina que exaltará sua natureza corrupta, e alimentará o orgulho e a inveja deles. Em algumas nações, ela tem sido o grande ídolo da discordância de famílias e tribos, em manter suas animosidades e inimizades, entre si mesmos, e persegui-los, até as medidas extremas, na destruição uns dos outros. Tal disposição sangrenta e irreconciliável, embora tenha sido justamente considerada bárbara neles, é ainda assim, vista como graciosa, e um zelo santo em diversas tribos e facções de cristãos, cada um contendendo, tão sinceramente, e discutindo, com tal calor e preocupação, que eles podem manter sua própria seita e a série de opiniões em oposição a todos os outros. E a generalidade dos respectivos Cabeças e Guias espirituais está tão longe de fazer sua obrigação, no restringir essas barbáries, que não ouvirá quaisquer princípios ou propostas que possam tender a este caminho; mas se alguma coisa for oferecida, para que possa abrandar os homens em direção uns aos outros, eles fazem disto sua ocupação – tratar os proponentes como inimigos comuns, e dar tais características deles e de seus sentimentos, de maneira a conduzirem as pessoas a abominá-los. Os preconceitos que se erguem das representações falsas da religião em prol do verdadeiro interesse dela, e das almas dos homens, são inumeráveis; e o quão dolorosos para as sociedades e comunidades da era atual, assim como das anteriores, eles fornecem evidência suficiente. As facções, no estado, não podem encontrar ferramentas mais adequadas para conduzirem seus objetivos do que aqueles da igreja; que estão prontos a sacrificarem as liberdades e saúde de seu país, com a vida da própria religião, pelos pequenos interesses de suas facções: de modo que estamos todos preocupados, como homens, e como cristãos, hoje, em conhecer as coisas que pertencem à nossa paz, antes que elas sejam ocultas de nossos olhos.
  • 2. O seguinte Discurso foi originalmente pretendido pelo Autor, para formar nas mentes daqueles jovens, aos quais ele deveria treinar nos estudos teológicos, tais noções exatas e adequadas da religião, em todas as suas partes, na medida em que surge a preocupação deles por essas coisas, naquilo que é absolutamente necessário e essencial, e os preserva do cego, ingovernável e furioso zelo pelas outras coisas, que são tão meramente circunstanciais, ou, pelo menos, não necessárias, nem para a essência dela, embora, tenham agora se tornado o pilar e alicerce da maioria, se não de todas, nem para as contenções infelizes e incontáveis do mundo cristão. E quando uma copia deste caiu nas mãos de algumas pessoas, por cujo juízo o Autor tem grande estima, eles obtiveram sua permissão para torná-la pública: e, desde então, algumas pessoas estão prontas, desde sua publicação, para fornecerem impressões malévolas a todos aqueles que não conhecem o Latim, de maneira que se pensou adequado publicá-lo na Língua Inglesa, para que tais pudessem lê-lo atentamente com seus próprios olhos, e não com os olhos de outros homens. Que este Discurso possa, pela bênção de Deus, contribuir para conduzir "os homens ao verdadeiro conhecimento e amor a Deus, em Jesus Cristo, e a paz e caridade mútuas, uns com os outros, é a oração sincera do Autor e Editor". *** A Introdução. O Fundamento da Distinção da Teologia dentro do Absoluto e Comparativo. Ambos estão descritos. Inconveniências surgem da Ignorância da Teologia Comparativa. Os Assuntos do Discurso seguinte. 1. Embora todas as facções da Religião Cristã concordem que elas são reveladas e ordenadas por Deus, e também, que são direcionadas para a glória de Deus, e a salvação de homens, ainda assim, elas, afinal, não são do mesmo peso e importância; mas sendo pesadas na balança de um julgamento justo, algumas delas são de maior peso do que outras. Os profetas nos dizem que a Misericórdia, o Conhecimento de Deus, e Obediência aos seus mandamentos são mais aceitáveis a ele do que sacrifícios e oferendas. (I Samuel 15:22 "Porém Samuel disse: Tem porventura o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros"). (Oséias 6:6"Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos"), e nosso abençoado Senhor considera o Julgamento, Misericórdia e Verdade, comparados com dízimos de hortelã, cominho e anis verde, "as coisas mais importantes da lei"; (Mateus 23:23 "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas"). Desta consideração, surge uma distinção ou divisão daquela habilidade, conhecimento ou entendimento que está relacionada com a Religião, e que é comumente chamada de Teologia, ou Doutrina das Coisas Divinas, no Absoluto, e no Relativo ou Comparativo.
  • 3. A Teologia Absoluta, ou aquele conhecimento da religião que eu chamo absoluta, e considera seu objeto apenas quando revelado e ordenado, ou instituído por Deus; sua tarefa é decifrar aquelas coisas que nos são propostas nas Escrituras, para serem acreditadas e praticadas, e discernidas e distinguidas de todas as outras. Novamente, a Teologia Comparativa, ou o respectivo conhecimento da religião, pondera o peso ou importância, e observa a ordem, referência e relação das coisas pertencentes à religião, se elas são pontos de doutrina, ou preceitos, ou ritos sagrados, e ensina a distinguir entre os Acessórios da religião, e os pontos Fundamentais, os Circunstanciais e os Substanciais, os Meios e suas Finalidades. 2. Em um discurso preliminar aos nossos Conferencistas - Teólogos, do ano passado, falando das diferenças a respeito da Religião Cristã, e que existem na Igreja Cristã, eu toquei sobre esta distinção, posteriormente; e dentre os medicamentos apropriados para este mal, eu mencionei a Doutrina da Teologia Comparativa. E, de fato, quanto mais freqüentemente eu reflito sobre este assunto, e quanto mais estreitamente, eu o considero, mais estou convencido e confirmado em minha opinião da grande utilidade e necessidade desta doutrina. Nem eu questiono muito, a não ser que você seja facilmente persuadido a pensar, como eu, quando você perceber que o estado corrupto e perigoso em que se encontra a Igreja Cristã no momento, é, devido, em grande grau, à falta deste conhecimento Comparativo da Religião, ou ao devido cuidado com ele. Porque, em meio a todas as seitas e facções dos Cristãos, a verdadeira Piedade é negligenciada, e a Caridade Divina, e Amor fraternal se tornaram frios; de maneira que eles são apáticos ao arrancar a raiz da luxúria, e as afeições depravadas da natureza corrupta, quando, neste meio tempo, eles se apresentam com zelo e aplicação para a propagação de algumas opiniões que são tanto obscuras, quanto incertas, mas, de modo algum, necessárias, e para a supressão de outras da mesma natureza, que não são prejudiciais; que alguns ritos e cerimônias são pertinazmente retidos por alguns cristãos, e tão obstinadamente rejeitados por outros; que eles estão em paz com as depravações, e as pessoas malévolas; enquanto empreendem guerra apenas com o erro e as pessoas erradas; -- essas coisas não devem ser tão imputadas à falta de um Conhecimento Absoluto da Religião, como daquele que é Comparativo. Não mais se admite que isto seja atribuído ao fato de eles serem ignorantes de algum preceito Cristão, ou de alguma verdade Divina absoluta, que seja de alguma importância para a salvação; mas ao fato de que a generalidade dos Cristãos, tanto não conhece, quanto não considera o quanto o arrependimento, abnegação, mortificação da carne, amor, e humildade são de peso maior do que a mera ortodoxia, ou uma crença confiável; e o pecado e imoralidade, mais prejudiciais do que o erro; -os princípios essenciais da religião, sendo excetuados, em ambos os casos. Uma vez que o uso da Teologia Comparativa é de tão ampla extensão, tanto para ordenar corretamente as vidas e as maneiras dos Cristãos individuais, e para
  • 4. estabelecer os assuntos públicos que concernem à paz das igrejas, dentro de si mesmas, e sua concordância mútua, uma com as outras; eu presumo que seja um bom ofício feito, e nada desagradável aos meus ouvintes, se eu puder supri-lo com uma chave, através da qual, se possa entrar no mais remoto e intrincado recôndito desta Teologia. 3. Eu devo incluir o que eu tenho dito, sob três tópicos gerais: 1º. Eu farei um traço rude e uma idéia geral desta Teologia. 2º. Eu devo descer para uma descrição mais específica dela. E 3º. eu devo colocar algumas Conclusões, que naturalmente fluem desta Doutrina. Parágrafo 1. · · · · · · Com o que a Teologia Comparativa lida de uma maneira geral. O estado em que o Homem foi criado. A obrigação do homem neste estado. A razão da proibição, concernente a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. A queda do homem ocasionou a ampliação da religião. A ideia geral desta Teologia. Quanto ao primeiro, devemos considerar que a essência da religião, ou do dever que o homem tem para com Deus, ou ao que Deus requer do homem, em qualquer estado que seja, quer aquele da integridade e inocência, ou da restauração depois da queda, ou da felicidade consumada, consiste somente no amor a Deus, como nosso Salvador nos ensina. Mateus 22:37, onde ele diz que o primeiro e maior mandamento da Lei é "amar o Senhor nosso Deus, com todo nosso coração, com toda nossa alma, com toda a nossa mente, e com todas as nossas forças".Porque Deus, sendo autossuficiente, e independente de outros seres, no mínimo, não se coloca na necessidade das criaturas e dos serviços delas. Mas sendo determinado, através do mais livre, natural, e desnecessário ato de sua boa vontade, a deleitar-se com alguma coisa, fora de si mesmo, ele, para esta finalidade, depois da criação e queda dos anjos, criou o homem à sua própria imagem (ou seja, de uma natureza como a sua própria), com quem ele viveria em amizade, e teria todas as coisas em comum, oferecendo a si mesmo, com todas as suas perfeições gloriosas e amáveis, a ser desfrutado prazerosamente pelo homem e, através dele, receber o retorno gratificante de um amor e afeição recíproca. E porque o homem é uma criatura feita de uma alma, uma substância espiritual, e de um corpo, que é material; Deus criou este mundo visível e corporal; -- guarnecido com inumeráveis objetos para o deleite dos sentidos exteriores, e recriando aquelas faculdades que pertencem à alma, já que ela está unida ao corpo, -- e fez o homem senhor sobre ele, e, para esta finalidade, assim como a alma, Deus, o bem infinito, havia adequado e proporcionado a sua vasta capacidade, assim o corpo também não estaria sem os objetos apropriados e agradáveis. E, para este objetivo de Deus, na criação do mundo, a história dele concorda excelentemente; onde lemos, que todo este mundo visível foi, a principio criado e terminado, como um palácio magnífico, ricamente provido com todas as
  • 5. espécies de mobiliários, e que, depois disto, o Homem, que estava designado a ser seu senhor e mestre, foi criado e investido com o domínio dele. 2. Para tão grandes favores, tão generosamente concedidos, com ardor, Deus requereu, ou, antes, esperou, nenhum outro testemunho da mente grata, a não ser o amor: E para que seu amor pudesse ser nobre e livre, generoso e ilimitado, não exigido, forçado, ou restrito, foi da vontade de Deus que, estivesse em sua própria disposição; e, portanto, ele o dotou com um poder livre de determinar os atos e exercícios de suas faculdades a esses ou a outros objetos, de devotar-se a Deus, por amor, ou separar-se dele. E contanto que ele ainda continuasse a amar a Deus, e tendo seu deleite nele somente, nada lhe era proibido; todas as coisas eram lícitas, e ele era mestre do poder mais livre para dispor de todas as suas faculdades, e das criaturas subjugadas a ele, a seu prazer, e isto, sem qualquer ofensa a Deus. Quanto a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, concernente a qual, as Escrituras nos informa que Deus ordenou Adão que não a comesse; isto não foi para limpá-lo da inveja, como se Deus o tivesse invejado, por aquele fruto agradável (uma vez que ele fora caluniado, através do diabo), ou com a intenção de, no mínimo, diminuir ou infringir o completo e livre direito e poder que ele tinha concedido a ele, no uso de suas faculdades, e todas as coisas sob seu comando, a seu prazer, estabelecendo sempre que ele as usou, sem prejuízo do amor que ele devia ao seu Mestre. Mas não é improvável, que Deus, através deste símbolo, designou manter o homem atento ao fato de que ele possuía tudo o mais, a respeito do que, o livre uso era permitido por ele, através do direito de submissão, e apenas com a dependência de Deus, o Senhor Supremo de tudo, a quem, a este respeito, ele devia amor maior. 3. Depois que aquele homem abusou da liberdade concedida a ele, ao transferir seu amor por Deus para as criaturas, e, por meio disto, ter violado a lei de sua criação e a aliança da camaradagem que contraíra com Deus; e por também perdido o amor de Deus, e com isto a presença abençoada e a companhia da Divindade, que habitava em sua alma, e a preenchia com luz, e alegria, e paz, ao que lhe sucederam trevas, angústia, e inquietação; -- depois que o homem se tornou um apóstata de Deus, e Deus estava determinado a restaurá-lo, então, os limites da religião começaram a ser ampliados; e além do amor a Deus que estava perdido, e ainda mantinha o lugar principal em meio aos preceitos Divinos e obrigações da religião, diversas outras coisas foram reveladas, prescritas, e instituídas para serem observadas pelo homem, como sendo algumas delas úteis e outras, necessárias, para a recuperação do amor a Deus que estava perdido, e para trazer o homem de volta, que havia se desviado, para a estrada da sua obrigação. 4. Do que já foi dito, esta idéia sucinta e geral da doutrina da Teologia Comparativa surge; ou seja; -- no estado da integridade e inocência da natureza, o amor a Deus supriu o todo da Religião; nem havia alguma outra obrigação pesando sobre o homem, mas "o amor ao Senhor seu Deus, com todo seu coração". Novamente, no estado da natureza depravada, e que se entende deverá ser reparada e renovada, o mesmo amor a Deus, ainda é a primeira parte, a parte principal, e a parte essencial da religião, o que sozinho é desejado por si mesmo, e por
  • 6. aqueles a quem todas as outras coisas pertencentes à religião são ordenadas: de maneira que o Amor a Deus, comparado com as partes remanescentes da Religião, é a Finalidade para a qual elas todas se referem e conduzem. Parágrafo 2. Em que esta teologia é mais distinta e especialmente explicada. Um Esquema da Religião Cristã, colocando de lado a relevância e importância de todas as partes dela. Duas particularidades nela, merecedoras de observação. 1. Para uma explicação mais específica desta doutrina da Teologia Comparativa, assim sumariamente proposta, vamos, a seguir, considerar como, e em que ordem, todos os Preceitos e Instituições da Religião, consideram a caridade ou o amor a Deus, e servem para ascender novamente aquela pompa celestial nos corações dos homens. 2. Em primeiro lugar, não obstante o homem tenha violado indignamente a aliança de camaradagem, na qual Deus concebeu admiti-lo, e ao transferir às criaturas aquele amor e afeição que eram devidos a Deus apenas, caiu sobre si mesmo, que o desprezar a Deus, o expôs à morte eterna; era impossível que ele pudesse restaurar seu estado anterior, sem a misericórdia de Deus, o perdão de suas ofensas, e concedendo a ele um tempo competente, e todas as tais graças e outras ajudas, quanyo eram necessárias, para sua recuperação para o amor e serviço de Deus. 3. Para obter esta misericórdia, a intercessão de um Mediador foi necessária; alguém que procuraria isto, através de seus méritos e o favor com Deus. Eu não deveria fazer disto minha tarefa aqui, inquirir a respeito das causas e razões, porque Deus não seria reconciliado para o homem caído, sem a intervenção de um Mediador. Que ele não seria é evidente, por isto, por falta de um Mediador, os anjos caídos foram impedidos de algum acesso à graça e favor de Deus. A virtude e a eficácia de sua encarnação. Junto com o que ele fez e sofreu na carne, começou a tomar lugar imediatamente depois da queda do homem; motivo pelo que, nosso abençoado Salvador é chamado. "O Cordeiro que foi morto, desde a fundação do mundo", (Apocalipse 13:8). 4. A este meio de salvação, que é colocado, sem nós, e não depende de nós, naquilo que nos diz respeito, são o amor e gratidão a Jesus Cristo, que se tornou nossa fiança com Deus; e fé, por meio da qual nós atribuímos a ele aquelas esperanças de salvação que ele adquiriu por nós, e confiamos em seus méritos e intercessão, para o perdão de nossos pecados, e aceitação de nossos serviços com Deus, e a obtenção de todas as coisas que são boas para nós. 5. Porque o perdão que Cristo buscou para o homem caído é apenas condicional, e as condições que Deus requer de nós, com o objetivo de sermos restaurados para seu favor (ou seja, que sendo penitentes sinceros pelos nossos pecados, devemos retornar para Deus, através de Jesus Cristo, e buscar aquela graça, através da qual, nós podemos restaurar, junto a ele, a completa possessão de
  • 7. nossos corações, e o amarmos com toda nossa alma, continuamente) são tais que não podem ser executadas direta, e imediatamente por nós, por causa das nuvens densas da ignorância e afeições corruptas, com as quais a quantidade de pecado preencheu nossas mentes; portanto, alguns meios necessariamente devem ser prescritos, e usados para esta finalidade, através dos quais, passo a passo, nós podemos gradualmente ascender para o amor perfeito de Deus, que está situado, por assim dizer, no alto trono da religião. Tais significam passos que Deus prescreveu em sua palavra, e por assim fazer, os tem adotado na família da religião. 6. É claro e evidente, em si mesmo, que no retorno do amor a Deus, nós devemos tomar um curso completamente contrário daquele, através do qual, o homem se afastou dele. Uma vez que aquele homem perdeu este amor a Deus, não por desfrutar das criaturas, nem por se divertir com elas (o que ele legitimamente faz), mas por unir seu coração a elas, através do amor, segue-se que, se nós quiséssemos que este fogo Divino descesse para o altar de nossos corações, necessariamente, deveríamos extinguir e eliminar o amor impuro e confuso do mundo, e das criaturas: porque o amor a Deus, e tal amor às criaturas, não podem subsistir juntos, em um e no mesmo objeto, mas mutuamente expulsar um ao outro do coração do homem; porque "se algum homem ama o mundo, o amor do Pai não está nele", como João afirmou em I João 2:15; porque Deus requer que o coração do homem seja oferecido a ele, por completo e inteiro: "Meu filho" (diz ele), "dá-me teu coração", Provérbios 23:26. Nem ele pode permitir um rival no amor do homem; tão logo o homem admite algum rival, Deus renuncia a ele como poluído e sujo. Mas tal é a boa vontade e a misericórdia de Deus em Jesus Cristo, em direção ao homem desviado, para que tão logo seu coração seja oferecido a ele completo e inteiro, então, ele está disposto a reentrar e habitar nele, e preenchê-lo com a luz e alegria Divina. E todos aqueles preceitos da religião pertencem a este meio de recuperação do amor de Deus, o que proíbe amar, desejar ou buscar o mundo, suas riquezas, honras, prazeres, ou alguma coisa criada. 7. Novamente, com o objetivo de recuperar o amor a Deus, o amor impuro das criaturas deve ser colocado de lado; assim, igualmente, para que aquele homem possa ser liberto deste amor às criaturas, é necessário que ele se abstenha, tanto quanto puder, de conviver e usar das criaturas, e daquelas especialmente que são gratificantes e prazerosas para a carne. Porque, além de parecer injusto e irracional que os rebeldes e traidores possam ousar participar dos divertimentos que foram providenciados pelos filhos zelosos e obedientes; tão inconstante e fraca é a natureza humana, desde que ela foi depravada pelo pecado, que não pode visualizar nem desfrutar daqueles deleites, sem ser seduzida em seu amor. E, portanto, convêm a nós, em nosso alimento, roupa, e outros meios de vida, colocar as disputas nas coisas necessárias, e diligentemente evitar tais que são meramente agradáveis. 8. O que torna esta parte de nossa obrigação mais fácil, é a blasfêmia da terra, e a deformação, de pelo menos este mundo sublunar que, através da sábia e justa providência de Deus houve. a consequência da queda de Adão; em razão do que, o mundo, como ele é agora, difere, tanto de si mesmo, do que ele foi antes da queda, quanto um vil calabouço de um palácio real e magnífico. Concernente a este mundo
  • 8. corrupto o Apóstolo fala em Romanos 8:20-21, onde ele diz que "a criatura ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade", e que "por fim, a própria criatura deverá ser liberta da escravidão da corrupção". Se os homens foram apaixonadamente no amor por esta carcaça desprezível de um mundo, o que eles teriam feito, se eles o tivessem visto e possuído, em sua perfeição primitiva de esplendor e beleza? 9. Além disto, porque o amor próprio não é menos inimigo do amor a Deus, do que o amor a outras criaturas, e usualmente levanta troféus para si mesmo, da ruína de outros, ele deve necessariamente ser descartado também; e para efetuar isto, nós devemos manter uma guerra constante com nossa natureza corrupta, todos aqueles, cujos pensamentos, conselhos e desejos, são, através do veredicto do próprio Deus, "apenas e continuamente maus"(Gêneses 6:5). O que quer que ela deseje deve ser negado; e as coisas pelas quais ela tem uma aversão devem ser forçadas nela. Nós devemos fazer coisa alguma para gratificá-la, mas seus movimentos devem ainda ser resistidos; para que sendo trazida à sujeição, ela nunca mais possa obstruir ou retardar as operações do Espírito de Deus, renovando o homem no coração. E porque todas essas coisas são difíceis e graves, e muito inaceitáveis para nossa natureza corrupta, nós nunca estaremos totalmente inclinados a colocá-las em prática, até que a mente, sendo devidamente afetada com a triste consciência do pecado, e de sua própria miséria, primeiro gema, sob seu peso, e aspire livrar-se dele. E esses meios, que servem para extinguir o amor pecaminoso para com as criaturas no coração dos homens são os mesmos que Cristo e seus Apóstolos tão frequentemente apontam nas Escrituras, quando eles prescrevem o arrependimento, abnegação, renúncia ao mundo, crucificação da carne, tomar a cruz, e descartar-se do velho homem. 10. Além disto, como é apenas a graciosa e imediata presença da Divindade, preenchendo a alma com luz e alegria, que pode produzir nele o verdadeiro amor a Deus, que é a perfeição de toda a religião; então, os outros meios de salvação, que eu já citei, brotam de um princípio mais sublime e muito mais nobre do que nossa natureza. Uma vez que a natureza humana, depravada pelo pecado, é cega, e busca suas próprias vantagens em todas as coisas, sempre, e em todo lugar; já que os preceitos da religião, do qual estamos falando, são mais desagradáveis e odiosos nela, é evidente que uma submissão a eles não pode ser esperada, sem a assistência da Graça Divina; e esta assistência deve ser interna, o que age sobre a mente imediatamente, instruindo, seduzindo, persuadindo, e a estimulando; e também externa, a que opera através da mediação dos sentidos exteriores: de maneira que não é sem fundamento que o Apóstolo diz: "É Deus que opera em nós, tanto o querer quanto o fazer" (Filipenses 2:13). Uma vez que para obter deste meio, que existe apenas no poder de Deus, requer, de nossa parte, oração contínua, e uma pronta submissão às inspirações do Espírito Santo. "Peça", diz nosso Senhor, "e receberás" (Mateus 7:7). "E não aflijas o Espírito Santo de Deus", diz o Apóstolo. (Efésios 4:30). 11. Mas, visto que as manifestações interiores do Espírito Santo requerem uma mente calma e equilibrada, e os leves sussurros, e a voz doce e gentil do Espírito Santo, ensinando e admoestando no fundo do coração, elas não podem ser ouvidas e observadas por homens não regenerados, devido ao estrondoso e contínuo som das
  • 9. paixões tempestuosas e luxuriosas; portanto, torna-se necessário pedir a assistência de um modo mais grosseiro e material de ensino, tal que faça seu caminho até a mente, através dos sentidos externos. Por esta razão, Deus enviou os Profetas (aos quais ele primeiro manifestou a si mesmo; parcialmente, através das visões representadas nas fantasias deles; algumas vezes, quando dormiam; e algumas vezes, quando estavam acordados; e, parcialmente, pela voz e sinais exteriores), para que advertissem e admoestassem outros homens em seu nome, concernente àquelas coisas que pertenciam à salvação deles. E, enquanto da queda de Adão, a humanidade foi se tornando cada vez pior, irrompendo em diversos tipos de pecados, e acrescentando novos aos seus velhos maus hábitos, desviando-se ainda mais de Deus, tornou-se expediente que Ele os advertisse do perigo deles, através de novos anúncios, de tempos em tempos, e que Ele multiplicaria seus preceitos, de acordo com a diversidade de pecados, por meio dos quais, os homens, de maneira ignorante e inconsideradamente desviaram-se do caminho da salvação; até que, por fim, a maldade dos homens erguendo-se a uma altura extraordinária, e as revelações dos Profetas não sendo capazes de colocar um fim nisto, o unigênito Filho de Deus, em seu grande amor à humanidade, revestido de nossa natureza mortal, com todas as suas enfermidades (ainda que sem pecado), dignou-se a habitar dentre os homens, para que pudesse instruí-lo perfeitamente em tudo que concernia à salvação deles, e que, em um corpo delicado e mortal, como aquele que carregamos conosco, Ele conduziria tal vida, como ela é necessária ser conduzida, por todos que deveriam ser salvos; para que assim, através de um experimento consciente, Ele nos convencesse que a vida Cristã não e impossível à nossa fragilidade, quando fortificada com os auxílios da graça divina; e, finalmente, que Ele disporia sua vida para a expiação dos pecados dos homens. 12. Toda a doutrina da religião compreendendo os discursos e conduta de Jesus Cristo, junto com as revelações dos Profetas e Apóstolos, está também registrada nas Escrituras, como registros públicos, para que, através desses recursos, ela possa ser aqui e ali difundida em todo o mundo. As Escrituras, portanto, são necessárias para que os preceitos da religião, e os meios da salvação já citados, possam ser conhecidos pelos homens. 13. Mas esses não são ainda todos os expedientes dos quais Deus fez uso, para que o homem retornasse a seu favor, e seu caminho para a salvação fosse o mais claro e mais fácil. Embora tudo com o que o homem esteja preocupado em conhecer e praticar, com o objetivo da salvação, seja tão completa e plenamente entregue nas Escrituras, e tudo que ele deseje aprender disto, ele possa, com a devida aplicação, descobrir facilmente lá, ainda assim, existem muitos que não se preocupam em lê-las; muitos, cegos pelo preconceito, são vagarosos no entender o que lêem; outros são remissos e negligentes no executarem o que eles entendem: e, mesmo aqueles que começaram a trilhar nos passos da vida, muitas vezes, através da negligência trilham fora do caminho, ou através da violência das tentações, são impelidos para o caminho do pecado, e, uma vez tendo caído, adormecem seguramente nele.
  • 10. Para remediar esses males, os seguintes expedientes foram providenciados. Os pastores foram designados, cujo ofício é instruírem, admoestarem, reprovarem e confortarem. As Sociedades Religiosas de Cristãos, ou Igrejas, foram instituídas, para que os cristãos pudessem ser úteis uns aos outros, no promover o trabalho comum da salvação deles, instruindo o ignorante, corrigindo tais, como erros da verdade, levantando aqueles que estão caídos, avivando o indiferente, repreendendo aqueles que cometem pecados, e evitando os obstinados. As Assembléias Religiosas, Adoração Pública, e Sacramentos foram instituídos; e, embora eles contribuam grandemente para a promoção da fé e santidade cristã, ainda assim, não obstante, manifestamente supõem pastores e sociedades cristãs, e podem ser considerados por nós, como sanções àquelas leis, por meio das quais, pastores e Igrejas estão autorizados, e às quais devemos obedecer, ou sermos desprovidos do benefício da Adoração Pública, e do conforto dos Sacramentos. E, por fim, para que a finalidade daquelas obrigações públicas de cada igreja pudesse ser corretamente administrada, ou seja, para que cada coisa pudesse ser feita decentemente e em ordem, e aquela comunhão pudesse ser mantida, assim como a paz e concórdia entre as Igrejas, um dirigente na igreja foi designado. 14. Desta forma, eu tenho, elo por elo, revolvido toda a cadeia de religião; começando no mais alto degrau dela, ou seja, o amor a Deus, que sozinho é buscado, e prescrito por si mesmo, e procedendo deste, para os meios imediatos, em que ele é obtido, e deles, para tais que são mais remotos, até que, por fim, chegamos ao mais remoto de todos. Este relato, que dei da religião, nos fornece uma chave, através da qual, qualquer um que seja indiferentemente versado nos Estudos Teológicos pode facilmente descobrir qual o lugar que cada parte mantém no conjunto da religião; como uma parte permanece relacionada a tais outras partes, quando estão acima, como um meio para o fim; e com tais, quando estão abaixo, como do fim para os meios; e em que grau de necessidade, cada parte deve ser mantida. Mas por causa dos iniciantes, eu devo propor uma ou mais dessas neste esquema, que merecem uma consideração maior. 15. A primeira é a notável diferença entre Caridade, ou o Amor a Deus, e todas as outras partes da religião; em meio às quais Ele tem proeminência, porque somente Ele é desejado por si mesmo, e todo o restante é instituído por causa Dele, para que, através dos meios e subserviência deles, a humanidade, que estava caída do puro e inocente Amor a Deus, em um estranho e adúltero amor às criaturas, possa novamente ser transformada para o amor que ela deve a Deus. E assim, o Amor relaciona-se com as outras partes da religião, como o Fim é para os Meios; concordante com a clara instrução do Apóstolo: "A finalidade do mandamento é o Amor" (I Timóteo 1:5). Agora, assim como as estruturas de madeira e os andaimes que são usados na construção, são tirados fora, quando a obra está terminada, não sendo de mais uso; assim, quando o Amor a Deus for finalmente perfeito, no coração daqueles que devem ser salvos, então, os Sacramentos, Pastores, Igrejas, as santas Escrituras, Renúncia ao mundo, Mortificação da carne, Arrependimento, Fé, e todas as outras partes da Religião que são distintas do Amor, cessarão, como o Apóstolo nos ensina: (I Cor. 13:8) "O Amor", diz ele, "nunca falha; mas se houver Profecias, elas falharão, se houver Línguas, elas cessarão; se houver Conhecimento, ele
  • 11. desaparecerá, quando aquele que é perfeito vier, então, o que é em parte desaparecerá: agora habita a Fé, a Esperança, e o Amor, mas o maior desses é o Amor". 16. Outra coisa a ser diligentemente observada neste esquema, no que concerne àquelas partes da religião que são distintas do Amor; é a diferença entre si, quando se referem à sua Finalidade. E, neste aspecto, estão classificadas em uma diferença tripla. Elas são todos os meios para recuperar o Amor: mas (1) alguns deles são necessários, e, sobretudo, certos e infalíveis. (2) outros são, de fato, necessários, nem certos, nem infalíveis; e (3)outros não são certos, nem infalíveis, nem absoluta, indispensável, e universalmente necessários. Na primeira série, estão a Fé em Jesus Cristo, o Mediador, o Arrependimento, a mortificação da natureza corrupta, ou do Velho Homem, o renunciar ao mundo, com todas as suas pompas e vaidades, e, finalmente, o desapegar o coração do amor impuro ao mundo, e de todas as criaturas, que, uma vez, arrancado pela raiz, o amor a Deus prospera, e é aceso, e se espalha no coração, através do Espírito Santo. Todos esses são indispensavelmente necessários para a recuperação do amor a Deus; e eles têm uma ligação certa e infalível, mediata e imediata, com ele. Na segunda série, situam-se as Escrituras Santas, que, por razões já expressas, são simplesmente necessárias, para que os homens possam obter o conhecimento de tais coisas que concernem a eles saber e praticar, com o objetivo de sua salvação. – Mas, embora as Escrituras sejam necessárias, ainda assim, elas não são meios certos e infalíveis da salvação, uma vez que muitos deles que as têm, e as lêem diariamente, não as alcançam; não por alguma falha nas Escrituras, mas nas próprias pessoas, que não cuidam de ordenar suas vidas e maneiras de acordo com os preceitos nelas entregues. Na terceira série de meios da salvação que são, nem absoluta, indispensável, e universalmente necessários, nem certos e infalíveis, estão incluídos Pastores, Sociedades Religiosas, ou Igrejas, Sacramentos, Adoração Pública, e Política Eclesiástica, ou Disciplina Religiosa, e o que quer mais que seja instituído por Deus, para esta finalidade, para que os homens possam ser estimulados a aprender, ou manter na mente, ou praticar, aquelas obrigações da religião, que estão completa e claramente entregues nas Escrituras. Que essas não têm uma ligação certa e infalível com a salvação dos homens é mais evidente do que a falta de prova ou ilustração; e, embora os cristãos não devam negligenciá-las ou menosprezá-las, mas fazer uso delas, quando eles puderem, até porque elas são prescritas por Deus, e no uso correta delas, muitas vantagens excelentes podem ser colhidas, ainda assim, isto não fará delas absoluta, indispensável e universalmente necessárias para a salvação; porque é possível que tais, quando têm as Escrituras, se eles, cuidadosa e diligentemente a examinarem, com oração, podem, tanto descobrir o caminho da salvação assinalado nelas, e, tendo encontrado, podem começar a caminhar nele, quanto, pela assistência da graça de Deus, podem constantemente perseverar nele, até que, por fim, eles operem a salvação deles; embora vivam na esquina do mundo, onde não têm oportunidades, de Pregadores que possam ouvir, ou de Igrejas, a qual
  • 12. eles possam se reunir, (em consequência) ou dos Sacramentos dos quais eles possam compartilhar. Parágrafo 3. No que as Diversas Proposições materiais e Inferências úteis são deduzidas das descrições precedentes desta Teologia. Como discernir entre os princípios fundamentais da religião, e tais que não são fundamentais; e entre erros condenáveis, perigosos e danosos. Depois de apresentada a idéia geral desta Teologia, juntamente com a mais distinta e específica explicação dela, eu vou agora para as muitas e significativas proposições, regras e conclusões que podem ser deduzidas desta doutrina. E, de fato, tão variado e múltiplo é o uso desta Teologia, quer na vida privada, e também para a ordem correta da Igreja, e ela aflui com tantas regras e instruções para cada tipo de vida, que seria difícil calcular tudo que poderia ser deduzido dela, através de meditação séria e atenta. Eu devo apenas exemplificar em poucas. 2. Em Primeiro Lugar, aparece plenamente, através desta doutrina da Teologia Comparativa, que os preceitos da Religião Cristã não têm procedido, nem da mera vontade arbitrária de Deus, nem de sua ira e desprazer, mas do seu amor, favor e boa vontade em direção ao homem caído. E a razão porque Deus tem imposto as leis difíceis do arrependimento, abnegação, e renúncia ao mundo, como necessárias para serem observadas, através de todos que seriam salvos, não é para que ele exercite sua autoridade sobre os homens, ou Ele seja vingativo, mas porque não existe outro caminho de levá-los até a felicidade verdadeira e duradoura, além daquele que os preceitos da religião prescrevem. Deus poderia, de fato, através da virtude de sua onipresença, ter restaurado o homem, que estava caído no pecado e miséria, em seu estado original, santo e feliz, sem a intervenção de uma penitência medicinal. Mas recente experiência e o notável exemplo de instabilidade e inconstância que Adão deu, evidentemente, revelam que nada deveria ser esperado desta maneira, a não ser que Adão, depois de escapar ligeiramente de tão grande perigo, tivesse sido ainda mais presunçoso para ofender novamente: Ou, se a experiência o tivesse tornado mais cauteloso e prudente, ainda assim, seus filhos prontamente teriam reincidido em seu pecado e miséria; de maneira que se este método tivesse sido usado para recuperar o homem caído, é provável que Adão apenas teria sido salvo através dele. Por esta razão, estava mais de acordo com a sabedoria e bondade de Deus, garantir ao homem caído o regresso e retorno ao seu estado inicial de felicidade, através do caminho da penitência apenas; o que, embora fosse o mais difícil, ainda assim, é o mais seguro e infalível. Porque, uma vez que aqueles que chegam às grandes fortunas, pela sucessão de seus pais, ou pela generosidade de seu príncipe, estão mais inclinados a esbanjarem sua riqueza, do que outros, que adquiriram suas riquezas, através de sua própria diligência e trabalho, depois que eles caíram nas dificuldades intensas da necessidade e pobreza; então, não é de se duvidar que aqueles homens que se esforçaram, com dificuldade, do abismo profundo do pecado e miséria, e vieram para a felicidade, através do caminho severo, desconfortável e
  • 13. estreito da penitência, provarão ser igualmente mais constantes no amor ao seu Criador, e mais firmes e resolutos no sofrer e repelir os assaltos da tentação, do que Adão, que foi criado em um estado de felicidade, foi, ou do que sua posteridade teria sido, caso aquela felicidade tivesse sido transmitida por Adão, através de sucessão a eles. 3. Se fosse inquirido aqui: Deus não poderia ter restaurado o homem imediatamente depois de sua queda, e, depois de sua restauração, tê-lo confirmado também na graça e santidade, e o colocado fora de todo perigo de queda novamente, de maneira que ele seria mais tarde, não mais odioso junto ao pecado do que os gloriosos anjos? Eu respondo que um estado confirmado de graça e santidade é ambos o fruto e recompensa de uma constância e firmeza prévia e provada no amor a Deus; -- de maneira que nenhuma outra condição foi concedida aos Anjos que persistiram na obrigação e fidelidade deles; nem teria sido dado a Adão, supondo-se que ele não pecasse, até depois de um tempo competente de experimento, fielmente gasto no amor a Deus; -- e, finalmente, que não é possível que uma criatura razoável possa alcançar um estado consumado de perfeição, através de qualquer outro meio, sem infringir sua liberdade, e que Deus teria preservado salva e inviolável. De fato, depois que os bons e maus hábitos receberam suas melhorias apropriadas e adequadas de Deus, -- ou seja, depois que ele fortificou e estabeleceu o bem, através de medidas e comunicações renovadas de sua graça, e de ter importunado o mal com repetidos esforços, e tudo para nenhum propósito, a não ser corrigi-los, -- quando Ele resolve que as graças de seu Espírito não devem mais se desonrar no menosprezo e desdém daqueles que estão enraizados no pecado, e quando Ele recompensa os devotos pelo bom uso que eles fazem de sua liberdade, com mais medidas abundantes de graça, e toma o governo do livre-arbítrio deles (depois de eles terem livremente se resignado a isto), em suas próprias mãos; -então, segue-se o final, imutável, e interminável, da obstinação do iníquo no pecado, e o estabelecimento do devoto na graça e santidade. Mas as criaturas racionais e livres não podem ser estabelecidas em um estado de graça, nem endurecidas em um estado de pecado, sem infringir a liberdade deles, exceto se o livre uso e exercício dela, no bem ou mal (o que no bem, pelo menos, deve ser habitual), for feito antes disto. 4. Em Segundo Lugar, esta doutrina da Teologia Comparativa revela o fundamento daquilo que o Apóstolo entrega em I Cor. 12; onde ele declara que aquelas partes da religião que são mais comumente estimadas, tais como, muito conhecimento nas coisas divinas, ortodoxia, fé, e o sofrimento de perseguição, por causa da religião verdadeira, até mesmo, junto a morte, serão todos inaproveitáveis para a salvação, sem o Amor; porque essas, e outras coisas pertinentes à religião, são para esta finalidade, ordenadas e prescritas por Deus, para que, através delas, os homens possam ser trazidos para a Caridade ou o Amor a Deus; de maneira que se elas não alcançarem esta Finalidade, elas se tornam vãs e inaproveitáveis. A respeito das quais, estão muito enganados, aqueles que concebem boas esperanças, e nutrem uma boa opinião de si mesmos, e de sua própria condição espiritual, porque pertencem a este ou a outra facção de cristãos, ou porque eles são diligentes e
  • 14. assíduos no ouvirem, lerem, orarem e comungarem; todos esses sendo suportes muito fracos, concernentes aos quais, constroem uma esperança sólida de salvação. Porque, exceto se os homens denunciarem guerra contra sua natureza corrupta, renunciarem ao mundo, e negarem a si mesmos, eles nunca recuperarão o amor verdadeiro e sincero a Deus; e sem o amor genuíno a Deus, eles nunca virão para a presença dele, nem habitarão no lugar do Abençoado. 5. Em Terceiro Lugar, esta Teologia nos ensina como distinguir entre os Princípios essenciais ou fundamentais da Religião, e aqueles que não são fundamentais. E aqui eu tomo a Essência da Religião, não estritamente, por tudo que pertence à religião sempre, e em todos os estados (em que a consciência do amor a Deus somente supre toda a essência da Religião), mas, mais largamente, por todas as coisas que são necessárias para os homens, quando considerados em um estado de natureza corrupta, para que eles possam ter condições, e serem trazidos para o desfrute da felicidade eterna. Agora, uma vez que algumas partes da religião são meios de salvação, ambos necessários, e certos e infalíveis, -- outros, são necessários, mas não certos; e outros são, de fato, meios de salvação, mas não são certos, nem absolutamente necessários; -- é evidente que os preceitos e instituições da terceira classe, de modo algum, pertencem aos fundamentos da religião, propriamente assim chamados. Um Fundamento é quando o conhecimento é necessário para a salvação, e de si mesmo. Agora todos os preceitos e instituições da primeira classe, e eles apenas, são neste sentido, necessários. Disto aparece que toda a família dos Fundamentos da religião está contida dentro dos limites da primeira classe. Mas, porque os homens podem, através de nenhum outro meio, vir para o conhecimento certo da religião, a não ser através das Escrituras, portanto, conhecer as Escrituras e reconhecê-las, como uma regra de fé certa e infalível, pode ser chamado de Fundamento secundário dos Principio da Religião. 6. Em Quarto Lugar, esta Teologia ensina também a diferença de Erros; que alguns são condenáveis e perniciosos; alguns perigosos apenas, e alguns inofensivos. – Todos esses erros, no tocante à fé e religião, que necessariamente subvertem algum princípio fundamental da religião, e que, na opinião e julgamento de pessoas erradas, ou daquelas que não podem subsistir, ao mesmo tempo, e na mesma mente, com a crença de princípios fundamentais da religião, -- são para serem vistos (esses, e apenas esses), como destrutivos e condenáveis, e como tais, devem, com grande cuidado e diligência, ser banidos dos limites da Igreja. Porque a Igreja Cristã é como uma ponte, através da qual somente os homens podem ir deste vale de misérias para as regiões abençoadas de luz e paz; e os Princípios Fundamentais da Religião são muitos arcos, que, unidos, constroem essa ponte: Portanto, aqueles erros que aniquilam quaisquer dos princípios fundamentais da religião, por assim dizer, tiram um arco da ponte, por meio do qual uma brecha é criada nele, e a passagem por meio dela, até o céu, é assim excluída e obstruída. 7. Novamente; aqueles erros que devem ser evitados como perigosos, cuja tendência é fazer com que os homens sejam remissos e negligentes na tarefa de sua
  • 15. salvação. Deste tipo é aquele erro atribuído à Origem, concernente à punição de Demônios e Condenados que, depois de um longo período de tempo, deverá chegar ao fim, e o próprio Condenado deverá, finalmente, ser transportado para as habitações do Abençoado. Através desta doutrina, é evidente, que o temor do Inferno, sua força para impedir os homens de pecarem, é, em grande medida, enfraquecida e infringida. – Finalmente, aqueles erros podem ser tolerados como danosos, nos quais um Cristão, que está no caminho da salvação, nem é obstruído, nem é atrasado em seu curso; tal foi o erro de Cipriano, concernente ao Re-batismo dos Heréticos; e outro de Irineus, que escreve que nosso Senhor tinha cinquenta anos quando sofreu. 8. Disto, Em Quinto Lugar, nós podemos traçar regras e princípios para dirigirem, não apenas os cristãos individuais, até onde eles possam cogitar ou recusar a comunhão externa com o diferente; sim, o adverso, seitas e sociedades de Cristãos, nos quais a unidade da Igreja Cristã está miseravelmente dividida e lacerada, mas os Dirigentes religiosos também, ao criarem e anularem as leis eclesiásticas. Para a finalidade e objetivo daquelas Sociedades Cristãs, que nós chamamos de Igrejas, é que, pela ajuda deles, cada Cristão individual pode se colocar no curso da devoção, e ser assistido no operar sua salvação. Está claro, portanto, primeiro, que um cristão, que coloca a obra de sua salvação no coração, deve (se suas circunstâncias permitirem a ele) reunir-se, e se associar com aquelas igrejas, nas quais as melhores ajudas para a devoção devem ser encontradas: -- A seguir, para que ele se abstenha da comunhão com aquelas Igrejas, cuja camaradagem está apta a obstruir ou retardar seu progresso na devoção verdadeira, -- tanto porque a pureza da Doutrina Cristã está corrompida nela, por princípios diabólicos, e tais quando elogiam a natureza corrupta, ou porque a força e eficácia da doutrina sã e benéfica estão prejudicadas e debilitadas, através de exemplos perniciosos de uma vida mundana, -- ou, finalmente, porque o privilégio da comunhão está ligado à alguma coisa que é ilegítima, como condição necessária a ela: -- E, terceiro, que a comunhão daquela Igreja, onde ele já é um membro [Comparativamente, pelo menos, tais erros podem ser inofensivos, se mantidos sóbria e pacificamente, de maneira a não distraírem, indevidamente a pessoa que os mantém, dos mais importantes objetos, e não causarem oportunidades de inquietarem as mentes de outros, ou perturbarem a Igreja de Cristo], e cuja camaradagem, embora seja pouco útil à devoção, ainda assim, não é prejudicial a ela, poderia continuar nela, no caso de não poder ser abandonada, sem alguma grande consequência. 9. Pela mesma razão também, torna-se a obrigação de todos aqueles que são promovidos ao Governo das Igrejas, fazer uso da autoridade deles para a Edificação, e não para a Destruição; não ordenando alguma coisa como condição necessária da comunhão externa, mas aquilo que qualquer pessoa sensata em sua mente correta, e que esteja impulsionada por um desejo sério e sincero em busca da santidade, possa executar com uma boa consciência; a fim de que eles não façam disto uma oportunidade para privar da comunhão externa da igreja deles, aqueles que Cristo se sente honrado de ter a comunhão interior e espiritual consigo, e com os santos, ou seja, com a igreja invisível; -- e, finalmente, sem constranger as pessoas, com relação à suas mentes, e consciência, a uma comunhão externa com alguma igreja.
  • 16. Nesta inferência, podemos observar, como em um vidro, o deplorável estado do Mundo Cristão hoje, no qual, quase todas as seitas dos Cristãos, pelo menos, a parte predominante dentre elas, requerem a crença e profissão de suas doutrinas peculiares e distintas, em que algumas delas são obscuras; outras, duvidosas e incertas; outras, falsas, como uma condição necessária de comunhão; semeando, deste modo, as sementes de discórdia, e divisão, e ódio entre os cristãos, em vez daquela unidade, e concórdia, que nosso Salvador, tão sinceramente, ordenou aos seus discípulos. Nem isto é tudo; mas eles fazem o que lhes cabe, para forçarem todos os outros, através de punições corporais, a adotarem todos os seus banimentos e cumprirem as condições dele; e, através desse meio tão triste de tornar os homens cristãos, eles apenas fazem de todos os pecadores os mais odiosos aos olhos de Deus. 10. Por fim, deste esquema de Teologia Comparativa, aparece plenamente que o Governo da Igreja é tal meio de recuperar o Amor a Deus, que não é nem necessário, nem certo e infalível, e, consequentemente, já que não é um princípio fundamental, não é uma parte essencial da Religião Cristã; e que, no corpo dela, mantém o lugar, não do coração, ou outras partes vitais, mas da parte mais extrema. Este é um assunto que deve ser bem considerado por todos os Cristãos, mas especialmente por aqueles em meio aos quais as amargas cobiças e discussões e contendas são mantidas, discórdias e tumultos surgem, e animosidades e ódio são exercitados, a respeito das Formas específicas de Governo e Disciplina da Igreja, para a grande reprovação do Cristianismo, o escândalo do fraco, e a triste deterioração, ou (eu devo dizer), para a extrema ruína e subversão da verdadeira devoção. Quanto melhor seria, e mais condutivo à honra da Religião Cristão, à devoção, e a paz, que os Cristãos, antes exercitassem a mútua clemência, neste caso admitindo a cada um a liberdade de pensar, falar, e agir como lhes agrade, nestes e em outros assuntos parecidos, que estão distantes do centro da religião, concernente aos quais, os amantes sinceros da verdade e santidade podem diferir em seus julgamentos, e isto sem qualquer prejuízo ao amor mútuo e aos deveres da caridade, quer em meio às pessoas comuns, ou em meio às sociedades de Cristãos e Igrejas. Conclusão Em que o Uso desta Teologia é mais especificamente declarado. A inconveniência à qual estão expostos os que não estão familiarizado com ela. O caráter de alguém que segue sua direção. De tudo que foi dito, o notável uso e necessidade desta Teologia Comparativa abundantemente aparece; porque ele não entende os vários e diferentes aspectos e relações das diversas partes da Religião entre eles mesmos, o que esta Teologia ensina, não pode deixar de frequentemente tropeçar e cair, ou vaguear em seu caminho para a vida eterna. Porque, ele tanto, (1) considerará todas as partes da Religião, como iguais e situando-se no mesmo nível, e, assim, se dirigirá a elas indiferentemente, sem ordem ou escolha, praticando agora uma obrigação, e, então, outra, como suas inclinações ou circunstâncias o inspirarem. Assim, ele não será diferente de um marido inexperiente, que se esforçaria muito em semear, cavar, lavrar,
  • 17. e remover com o rastelo seu solo, sem qualquer cuidado com a ordem ou estação que deve ser observada nele; uma vez que este homem inevitavelmente fracassaria na esperança da recompensa por seus trabalhos, eu quero dizer, em uma colheita farta; então, o outro infalivelmente perderia o fruto e recompensa graciosos de uma vida religiosa, ou seja, santidade e vida eterna. Agora eu não tenho dúvida, que existam muitos como esses a serem encontrados, em meios aos professores do Cristianismo, que considerando apenas o que é comum a todas as partes e preceitos da religião deles, isto é, a marca da Autoridade Divina, e não advertindo para os objetivos apropriados e peculiares de cada uma delas, em especifico, estão pouco preocupados com respeito aos pequenos propósitos da religião, e sem fazer qualquer progresso considerável nela; como os homens de Sodoma, que "golpeados pela cegueira, se cansaram em vão", para encontrar a porta da casa de Ló [Gênesis 19:11]. Tais pessoas parecem ser apontadas pelo Apóstolo, sob a figura de "uma mulher tola que está sempre aprendendo e nunca é capaz de chegar ao conhecimento (salvo e prático) da verdade". Ou, (2) ele preferirá os assuntos menos importantes e superficiais da religião, a tais que são maiores ou mais importantes; com os quais nosso Salvador chamava a atenção dos Escribas e Fariseus, que "dizimavam a hortelã, o endro, e o cominho", mas "negligenciavam as coisas mais importantes da lei, o julgamento, a misericórdia, e verdade".Desta falta, a maior parte dos Cristãos é culpada, ao colocar um valor maior sobre a crença e persuasão corretas, no tocante às coisas menos necessárias, como são quase todas as doutrinas distintas de cada seita de Cristãos, -junto com alguns ritos religiosos, e regras específicas e formas da Disciplina e Governo religioso, muito controvertidos nestes tempos, concernente aos quais um homem pode pensar e agir de um modo ou de outro (contanto que ele não aja contra sua consciência), sem prejuízo para sua salvação, -- do que age, com respeito a "santidade" do coração e vida, "sem o que nenhum homem verá o Senhor" (Hebreus 12:14), sendo menos solicito para este do que para o outro. Já que, na própria prática deles, eles estudam mais para serem ortodoxos do que serem humildes, caridosos, mortos para o mundo, e abnegados; assim, eles abrem os braços para todos que concordam com eles, na comunhão deles, com sua doutrina e adoração, sejam suas vidas sempre tão sensuais e mundanas, mas excluem como hostis e estranhos, tais que diferem deles nesses assuntos, sejam suas vidas, ao contrário, sempre tão humildes e santas; buscando ganhar discípulos e seguidores, preferivelmente à sua própria maneira e seita, do que para Cristo e a religião Dele; os quais, se iguais os prosélitos dos Escribas e Fariseus, eles não se tornam piores, ainda assim, certamente, conseguirão pouco mais, através da mudança, do que de uma transferência de opiniões, e dos modos e circunstâncias da adoração externa. Eles também se dividem nesta mesma rocha, ao negligenciarem as virtudes capitais da Religião Cristã, seguindo o restante na forma subserviente dela, tal como, as Escrituras, Sermões, Sacramentos, e afins, cujo uso é instruir os homens nas obrigações essenciais da religião, e encorajá-los, e assisti-los na execução delas. Nestes, nós podemos observar muitos envolvidos, por pensarem que, ao procederem
  • 18. desta forma, eles têm cumprido toleravelmente bem a obrigação deles como Cristãos, embora nunca aspirem pela busca da humildade, e a mortificação da carne, ao renunciar ao mundo, e ao amor a Deus e ao seu próximo; em razão do que, todas aquelas outras coisas, através e por meio delas eles estão assim envolvidos, foram puramente pretendidas e designadas. Essas pessoas não são uma partícula sequer mais sábia do que aquele que pretende uma viagem para alguma região ou cidade remota, empregaria todo seu tempo e cuidado em providenciar e observar cavalos, carruagens, servos, provisões, e outras coisas necessárias para a viagem, e neste meio tempo, não movesse um passo de casa, para empreender a viagem. Ou (3) ele dará pouca importância, e negligenciará as partes e obrigações inferiores, ministeriais e subservientes da religião, e buscará aquelas de um nível e grau mais alto, sem elas; com nenhum sucesso melhor, do que se um homem se esforçasse para chegar ao topo de uma torre alta, sem a ajuda de escadas que o conduzam a ela, levantando seus braços, esticando seu corpo, e na ponta dos pés. E esta falta é também muito comum em meio aos Cristãos que imaginam que eles podem obter as virtudes internas da contrição, humildade, desprezo ao mundo, abnegação, e amor a Deus, através da meditação e pensamento apenas, sem praticar as boas obras externas que dispõem e conduzem a ela, e sem evitar as seduções e tentações às tendências condenáveis contrárias, tais como riquezas, honras, prazeres e a familiaridade e camaradagem de homens mundanos; agindo nisto com tão pouca aparência de raciocínio, como alguém que trancado em uma prisão escura, ou mergulhado na neve até o queixo, esperaria que houvesse luz e calor, pela mera força de sua imaginação, sem vir para a claridade e calor do sol. – A esses, nós podemos acrescentar alguns outros que se vangloriam das manifestações interiores do Espírito, comunhão com Deus, alegrias espirituais, e tais como recompensas e confortos de um coração puro, embora eles ainda não tenham removido a velha influência das luxúrias carnais e afeições terrenas; abraçando assim o vulto em vez do corpo. Ao contrário, aquele que está familiarizado com a doutrina desta Teologia pura e pacífica e escolhe seguir suas direções considera a Caridade, ou o Amor a Deus, como a grande Finalidade, e as outras obrigações e virtudes pertencentes à Religião Cristã, como os meios apontados para obter isto: e, assim sendo, ele faz do primeiro seu grande objetivo e ocupação, e os demais ele considera e usa apenas em consideração à subserviência deles a este primeiro. Ele lê as Escrituras, medita, ouve os sermões, recebe os Sacramentos, e executa outras as obrigações subservientes da Religião, não que ele possa descansar nelas, mas, através dos seus meios, ele possa ser estimulado e auxiliado adiante no desprezo a si mesmo e ao mundo, e no amor a Deus e ao seu próximo, por causa de Deus, sabendo que todo o trabalho que é disposto neste caminho é perdido, se não contribui para esta finalidade. Ele não é tão aficionado, nem tão temeroso de algum rito ou cerimônia religiosa, ou costume eclesiástico, que seja inocente, e sendo indiferente em si mesmo, possa ser usado para uma boa finalidade, mas que ele pode tanto usar quanto se abster dele, quando a paz da igreja, ou a edificação de seu próximo possa requerer; imitando o Apóstolo que, "para os judeus tornava-se judeu, para que ele pudesse ganhar os judeus; para eles que estavam sob a lei, como sob a lei, para que
  • 19. pudesse ganhá-los; para aqueles que estavam sem a lei, como sem a lei, para que pudesse ganhar os que estavam sem a lei; para o fraco, ele se tornava como fraco, para que ganhasse o fraco; finalmente, ele era feito todas as coisas junto aos homens, para que pudesse, através de todos os meios, salvar alguns". (I Cor. 9:20 em diante). As verdades necessárias e fundamentais da religião, ele acha que são poucas, às quais ele adere firmemente, e as mantém cuidadosamente em seu coração, mas é menos envolvido com o restante, concernente ao que, ele não ama discutir com pessoa alguma; bem sabendo que, como as poucas controvérsias sempre terminaram desta maneira, então, as mentes dos homens são, desta forma, desviadas do propósito da santidade, e o ódio, animosidades, divisões e perseguições são criados e fomentados; e que um progresso e avanço posterior no conhecimento salvador da verdade são mais bem alcançados, através de uma vida santa, do que através de muita discussão. Ele mantém uma comunhão espiritual interior de amor e afeição com todos que verdadeiramente temem a Deus, e sinceramente o buscam, por mais que eles possam diferir dele, e em meio deles, com respeito aos assuntos da religião que são menos necessários; e está pronto a considerar uma comunhão externa, até onde os termos e as condições da comunhão externa que eles requerem permitirão; e até onde eles não obstruam o amor a Deus, e a mortificação de nossa natureza corrupta. Mas ele cuidadosamente evita a companhia e familiaridade com todos os pecaminosos e mundanos, como danosos e contagiosos, embora eles concordem com ele na profissão da mesma doutrina e na adoração exterior. Essas inferências devem ser tratadas com mais exatidão, e mais extensamente; mas a brevidade do tempo concedido para este exercício tem me obrigado a abreviá-las, e silenciosamente passar para outras de alguma consequência. Além do que, eu estou temeroso que meus ouvintes já possam estar cansados deste discurso que, devido à grande variedade de assunto, e, pela necessidade, devam estar comprimidos em seus limites estreitos, tenham considerado mais proveitoso do que agradável. E, portanto, eu coloco aqui um ponto final nele; afetuosamente recomendando os tópicos dele a vocês, meus queridos alunos, para serem mais tarde, digeridos, exemplificados e ampliados, através de vocês, em seus pensamentos mais reservados e meditações privativas; e para o Pai das Luzes, para que sejam, através Dele, plenamente abastecidos com as bênçãos dos céus. Ao todo bom e todo sábio, e Altíssimo Senhor nosso Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, seja o louvor e a glória para sempre. Amém. (http://diariodejohnwesley.blogspot.com.br/?view=classic) - 06.03.2014 - 9h10