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 O NOVO PERFIL DO REDENTORISTA: MUDANÇAS E DESAFIOS
                 - UM PROCESSO DE RESGATE E RENOVAÇÃO –


INTRODUÇÃO

     Nosso perfil ou jeito de ser Redentorista foi originalmente uma experiência de
vida pessoal e comunitária. Só mais tarde, atendendo às necessidades do grupo de
missionários e às exigências da sociedade civil e religiosa, foram surgindo os escri-
tos, que tentavam descrever e normatizar aquele novo tipo de consagrado e de
grupo missionário. Por isso, há um carisma de evangelização que foi posto em prá-
tica por um grupo de pessoas cheias de fé e de sonhos missionários, antes que se
debruçassem para elaborar regras de vida. É importante guardar os nomes da pri-
meira comunidade missionária, que junto com Afonso, desenhou o perfil inicial do
Missionário Redentorista: os padres Januário Maria Sarnelli, César Sportelli, Fran-
cisco Saverio Rossi, João Mazzini, André Villani, Benigno Giordano, Paulo Cáfaro,
e os irmãos Vitor Curzio, Januário Rendina, Joaquim Gaudiello e Francisco Tarta-
glione. Mais tarde, teremos que somar a esses também São Geraldo Majela, São
Clemente Hofbauer e todos os que se santificaram como Redentoristas. Eles nos
são o selo da legitimidade do nosso caminho de santificação.
     Contudo, conhecemos bem nossa história fundacional para lembrar que já no
começo, o fundador Santo Afonso teve imensas dificuldades em obter a aprovação
do perfil do Redentorista, tal como ele próprio desejava. Somente em 1743, após a
morte de Falcoia, Afonso, tendo sido eleito Reitor-mor da Congregação, assumiu
pra valer a responsabilidade sobre o novo Instituto. Vamos encontrar em documen-
tos como o Ristretto Alfonsiano e o Supplex Libellus a identidade própria que Afon-
so desejava para o seu grupo.
            O Ristretto Afonsiano: manifesta a verdadeira intenção de Santo
              Afonso em relação à nossa Congregação, superando a idéia falconia-
              na de imitação ou cópia de Jesus através das 12 virtudes. Supera o
              dualismo de finalidade da Congregação, imposta por Falcóia: santifi-
              cação dos membros e trabalho missionário. Santo Afonso unifica a fi-
              nalidade da Congregação, propondo-a como continuação do exemplo
              de Jesus na ação missionária em favor dos mais abandonados. As
              virtudes passam a ser regras (vol. 9, pg. 251).
            Em 1748, Afonso entrega ao Vaticano o Supplex Libellus, que final-
              mente fez com que Bento XIV aprovasse as Regras redentoristas em
              1749. Nele está o “intento”, ou a intenção original de Afonso. Ele está
              hoje na introdução das nossas Constituições.
     Santo Afonso viveu o bastante para perceber quão facilmente seus companhei-
ros traíam seus sonhos originais. E nós vamos herdar, por muitos anos, mais a vi-
são desses companheiros do que o “intento” original de Afonso. Por isso, o perfil do
Redentorista segundo Santo Afonso ainda está em processo de formatação e o
XXIV Capítulo geral propõe dar um impulso forte e qualitativo no resgate desse per-
fil.
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I.      O Perfil do Redentorista traçado por Santo Afonso
O REDENTORISTA DEVE:

      Libertar-se das comodidades: ser livre das comodidades é assumir um voto
       de pobreza que traz consigo a renúncia a todas as dignidades, cargos, be-
       nefícios e bens materiais pessoais. Além disso, é preciso acolher com ale-
       gria os incômodos de uma vida pobre. “Muitos querem ser pobres e seme-
       lhantes a Jesus Cristo, mas com a condição de não lhes faltar na-
       da!”...”Quem vai servir a Deus na casa religiosa deve pensar que lá não vai
       para ser bem tratado, mas tratará os outros bem por Deus”

      Libertar-se dos parentes: é preciso ser livre e desapegar-se dos parentes:
       “Quem quiser entrar na Congregação do Santíssimo Redentor e ser verda-
       deiro discípulo de Jesus Cristo, decida-se verdadeiramente a ser livre de
       seus pais”. Santo Afonso não quer que os confrades recorram aos parentes,
       nem mesmo em suas enfermidades: “Quem entra na Congregação o que
       mais deve desejar é: fazer a Vontade de Deus, morrer na Congregação, as-
       sistido por seus confrades”.

      Libertar-se da própria estima: é preciso ser realmente desapegado daquela
       estima própria que se manifesta na soberba e na ambição por cargos, pres-
       tígio e aplausos, incapaz de suportar qualquer desprezo ou desprestígio.
       “Seria, talvez, preferível a Congregação deixar de existir do que nela entrar
       a peste da ambição...Pela graça de Jesus Cristo, que não exista gente as-
       sim em nossa Congregação! E que jamais venha a existir!” É preciso ter se-
       renidade espiritual, quando se sentir desprezado e ignorado. “Na Congrega-
       ção todos devem ser livres, especialmente da própria estima. Caso contrá-
       rio, é melhor nela não entrar, ou sair, se já entrou”

      Libertar-se da própria vontade: “Esta é a atitude mais necessária”. Trata-se
       de “esvaziar-se espiritualmente e dar-se todo a Jesus Cristo”. É a doação do
       coração, consagrada na Obediência. Esse é o único caminho seguro para
       agradar a Deus em tudo o que faz, mesmo que seja o ato menos importante.
       “Deus permita que na Congregação jamais alguém diga: eu quero e eu que-
       ro, eu não quero e eu não quero!... O único desejo de todos seja somente
       fazer o que exige a obediência... Assim, quem quiser entrar na Congrega-
       ção, principalmente para ir às missões, só para pregar e aparecer, não en-
       tre, pois isto é contra o espírito do Instituto”.


     II. Um perfil não totalmente fiel: Capítulo geral de 1764

    É a data do Capítulo que retoma, dentro das Regras, o dualismo falconiano so-
bre a finalidade da Congregação. Esse dualismo estará presente em todos os tex-
tos posteriores, até chegarmos aos Capítulos de renovação do Concílio Vaticano II.
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    O Capítulo geral de 1855 oficializa para toda a Congregação as Regras de
1764. Pe. Nicolau Mauron, fiel discípulo do Pe. Passerat, que por mais de 3 déca-
das comandou com autoridade todos os Redentoristas, irá desenhar a figura do
verdadeiro Redentorista. A partir dessa data, a “observância regular” das Regras
tornou-se o critério último e prático de pertença à CSsR. Costumava-se dizer aos
formandos: “O cristão será julgado pelo crivo do Evangelho, nós redentoristas se-
remos julgados pelo crivo das Constituições”. A expansão rápida da Congregação
pela Europa e América do Norte e o início das fundações na América do Sul, Ásia e
África, tiveram na “observância regular”, na centralização do poder na pessoa do
Superior Geral e na língua latina, comum a todos os membros, os instrumentos da
sua unidade e de sua identidade.
    Assim, o perfil do genuíno Redentorista durante 2 séculos, ainda que fiel à pre-
ocupação missionária de Santo Afonso, espelhava muito menos as suas propostas
e muito mais as dos seus seguidores, que na maioria sequer tinha tido qualquer
contato com ele ou com seus escritos. Ainda bem que o Espírito Santo manteve
bem aceso o carisma missionário da Congregação.
    Essas Regras de 1764 e 1855 foram praticadas por nós até a renovação exigida
pelo Concílio Vaticano II. Elas conseguiram criar uma “verdadeira cultura” do modo
uniforme de ser redentorista em todo mundo.

   III. As atuais CCEE

    Por mandato do Concílio Vaticano II (1962-1965), todas as Ordens e Congrega-
ções religiosas foram obrigadas a buscar uma renovação profunda, a partir da re-
elaboração de suas regras. O Decreto “Pefectae Caritatis” sobre a conveniente
renovação da Vida Religiosa (28/10/1965), levou todos os institutos a celebrarem
Capítulos especiais, para que suas novas Constituições retomassem o espírito ori-
ginal do fundador, os princípios evangélicos, os documentos do Concílio e se adap-
tassem ao mundo atual.
    Nós tivemos o Capítulo geral especial de 1967-1969. Nosso Instituto foi um
dos pioneiros em elaborar novas Constituições e Estatutos segundo o espírito do
Vaticano II e recuperando as inspirações mais originais de Santo Afonso. A Santa
Sé havia dado amplos poderes aos Capitulares para, não só corrigirem, mas redi-
girem um novo texto Constitucional. Cinco grandes documentos, publicados pelo
Concílio, tiveram incidência direta no trabalho dos Capitulares, que criaram nossas
atuais Constituições e Estatutos, a saber: as Constituições Lumen Gentium, sobre
a Igreja, Dei Verbum, sobre a Revelação divina, Gaudium et Spes, sobre a Igreja
no mundo de hoje, e Sacrossanctum Concilium, sobre a sagrada Liturgia.

      Nossas atuais Constituições e Estatutos foram aprovadas definitivamente
        em 02/02/1982, no 250º. aniversário da fundação da CSsR. São 148 Consti-
        tuições, explicitadas em 212 Estatutos gerais. Elas estabelecem os dois pó-
        los fundamentais do Redentorista: Jesus missionário enviado para evangeli-
        zar os pobres e os destinatários da nossa missão: os pobres abandonados,
        como uma única finalidade: a Missão. Na fidelidade ao ser missionário,
        Deus nos levará pelo caminho da santificação.
    Estamos a quase 30 anos dessas novas CCEE. Ao olhar pelo retrovisor da his-
tória recente, vale a pena tomar em consideração o comentário do Pe. Francesco
Chiovaro, um dos capitulares dos Capítulos de renovação: “A história da Congre-
gação após 1969, prova mais uma vez que uma Regra não é suficiente. Naquele
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tempo eu fui um dos que acreditavam que uma nova regra, melhor adaptada à Igre-
ja e ao mundo moderno, seria o ponto de partida para o renascimento da Congre-
gação. Eu era jovem, e dei grande importância aos textos. Realmente, a crise que
tem afetado a Congregação (e muitos outros Institutos) provou que um texto não é
suficiente. Nós precisamos de pessoas dispostas a comprometer suas vidas incon-
dicionalmente à causa do pobre e do abandonado, pessoas como Afonso de Ligó-
rio, Clemente Hofbauer, João Neumann, Pedro Donders e muitos outros. Nós pre-
cisamos de santos.”
     De fato, após o Capítulo de renovação, iniciamos uma experiência de descen-
tralização, que deu autonomia quase total às Províncias, perdemos a língua co-
mum, o latim, que facilitava nossa comunicação, e a observância regular, que ga-
rantia a unidade das comunidades e da Congregação deixou de ser o critério práti-
co do bom Redentorista. Apesar de já termos caminhado muito, ainda não conse-
guimos criar um novo perfil do Redentorista, que espelhe o seu íntimo e o identifi-
que como fiel realizador dos sonhos de Santo Afonso, dando-nos uma unidade es-
piritual, que não dependa mais das características do nosso hábito tradicional. Eis
a razão do esforço feito pelos Capítulos gerais que seguiram a elaboração das
CCEE, e principalmente desse último Capítulo. Queremos buscar e encontrar um
novo perfil do Missionário Redentorista, que traduza com clareza o que pedem
nossas atuais CCEE.

   Quais as características do Perfil redentorista (como pessoa, como Comunidade
e como (Vice)Província e como Congregação) segundo o sonho de Santo Afonso e
qual é aquela que herdamos e conhecemos? Em que há correspondência e em
que há dissonância?

   IV. Os Capítulos Gerais posteriores às novas CCEE

   Os Capítulos gerais da CSsR., desde 1979, têm tido uma continuidade temáti-
ca, que procura transformar em prática nossas atuais Constituições e Estatutos. É
um processo de “constitucionalizar” as novas gerações e criar uma nova cultura
redentorista, assim como a Regra de 1764 conseguira fazer. É uma caminhada
longa, que envolverá gerações. Mas, o importante é não voltar mais atrás. Por isso,
nenhum Capítulo geral poderá trazer algo “novo”, no sentido de fazer propostas
que não estejam alicerçadas nas atuais CCEE. Eles devem explicitar e viabilizar a
prática concreta das CCEE, e não inventar nem retroceder. A coerência e a fideli-
dade às atuais CCEE é um critério da validade das decisões capitulares para todos
nós.

   1. XIX Capítulo geral de 1979:
   Propôs como tema para o sexênio de 1979-1985: “O Anúncio explícito do
Evangelho”. A partir desse tema, todas as unidades deveriam rever e refazer a
escolha de suas prioridades pastorais. Houve em toda a Congregação um esforço
para redimensionar as obras existentes e uma abertura para novas missões.
   O tema deixa claro que no Perfil do redentorista um traço importante é o com-
promisso de anunciar de forma explícita o Evangelho, por todas as formas de co-
municação possíveis. O anúncio implícito é válido como espera do momento opor-
tuno de proclamação explícita.
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    2. XX Capítulo geral de 1985:
    O tema que propôs à Congregação para o sexênio 1985-1991 aprofundou ainda
mais o tema do sexênio anterior: “Anúncio explícito, profético e libertador do
Evangelho aos pobres, deixando-se interpelar por eles (“Evangelizare paupe-
ribus et a pauperibus evangelizari”), conforme o carisma da nossa Congregação,
expresso nas Constituições 1,3,4,5 e nos Estatutos 09 e 021”.
   a) “Os pobres não são idéias e teorias, mas rostos, homens concretos”. Eles
       nos evangelizam, porque “nos questionam e nos comprometem a tornar-nos
       pobres e livres pelo Reino de Deus. Nossa opção pelos pobres nos chama,
       sem cessar, a uma conversão pessoal e comunitária.” (DF 05). O pobre dei-
       xa de ser apenas o destinatário e passa a ser respeitado também como pro-
       tagonista da Evangelização.

  b)   Como conseqüência desse tema, o Capítulo geral extraiu e sublinhou alguns
       pontos muito importantes a serem levados em consideração para por em
       prática as decisões capitulares: “o conhecimento do homem de hoje, a incul-
       turação do Evangelho, os problemas de Justiça e Paz, nossa colaboração
       com os Leigos, a pastoral da juventude, o ecumenismo e o diálogo com as
       outras religiões.” (DF 07).

  c)   Pede de todas as unidades uma nova revisão de suas obras, para examina-
       rem até que ponto estão a serviço dos pobres e abandonados de hoje e se
       nosso estilo de vida condiz com tal opção.

  d)   Pede também que “a formação dos estudantes esteja em ligação com as
       prioridades pastorais” da sua unidade, e “que organizem para nossos estu-
       dantes um estilo de vida e uma formação que levem em conta nossa opção
       pelos pobres” (DF 13).

  e)   “Incentiva também todos os confrades a manifestarem, mais clara e corajo-
       samente, sua solidariedade fraterna com todos os que sofrem as conse-
       quências da lógica evangélica.” (DF 14). Por isso, pede um reforço da Co-
       missão geral de “Justiça e Paz”, e que ela se regionalize.

  COMMUNICANDAS DO GOVERNO GERAL:

    COM. 4: EVANGELIZARE PAUPERIBUS ET A PAUPERIBUS EVANGELI-
     ZARI (30/03/1986): uma reflexão do Governo geral sobre o Tema do sexê-
     nio.
    COM. 10: SANTO AFONSO, MISSIONÁRIO DOS POBRES – REFLEXÃO
     A PROPÓSITO DO BICENTENÁRIO DA MORTE DE NOSSO FUNDADOR
     (01/07/1987): o exemplo vivo de Santo Afonso na prática do Tema do sexê-
     nio.
    COM. 11: A COMUNIDADE APOSTÓLICA REDENTORISTA: EM SI MES-
     MA PROCLAMAÇÃO PROFÉTICA E LIBERTADORA DO EVANGELHO
     (25/12/1988): as conseqüências do Tema do sexênio sobre a Vida comunitá-
     ria redentorista.
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    Esse tema traça outra característica fundamental no Perfil do redentorista: o
     Pobre, como protagonista determinante do nosso carisma fundacional. Um
     anúncio explícito de libertação integral e de esperança profética. Contudo, a
     própria existência do Pobre deve interpelar toda a Vida Apostólica do Re-
     dentorista, como uma mensagem evangelizadora que condiciona nossas
     opções pastorais, nosso estilo de vida comunitária, a vivência da nossa con-
     sagração, a nossa formação, etc.

    3. XXI Capítulo geral de 1991:
    Retoma o Tema do sexênio anterior, mas “aprofundando a nossa vida co-
munitária apostólica como uma força profética que abra novos caminhos pa-
ra uma missão encarnada; para alcançá-lo, sentimos a necessidade de acen-
tuar a coerência entre a nossa evangelização inculturada, a nossa vida co-
munitária e a nossa espiritualidade” (DF 11).
    Deste modo, o Capítulo propõe um Tripé de sustentação necessária para a
nossa Vida Apostólica: a Vida comunitária, a Evangelização inculturada e a Espiri-
tualidade. Pede um empenho particular pela Vida comunitária para que seja, por
si mesma, uma força profética da Evangelização, que se deixa evangelizar pelos
pobres. O Capítulo entende e propõe que só será possível cumprir com o Tema do
sexênio se houver uma articulação entre Vida comunitária, Evangelização incultu-
rada e Espiritualidade Redentorista. Se faltar um desses elementos (ou pés), não
seremos capazes de manter a nossa Missão e os temas anteriores, que nos unifi-
cam como uma só Congregação missionária em todo mundo.
  a) A Evangelização inculturada brota do mistério da Encarnação, a partir da
      perspectiva do abandonado e do pobre. Quem é missionário redentorista de-
      ve estar disposto a passar pelo processo da “kénosis”, fazendo-se tudo para
      todos. Além disso, é preciso preparar-se bem sobre o modo de pregar e sobre
      o conteúdo da pregação, para ir ao encontro das categorias culturais do ho-
      mem de hoje. É uma Evangelização com dupla vertente: ela se dá NA cultura
      e DA cultura, porque confronta a pessoa, a vida humana e a cultura com Je-
      sus ressuscitado. Nós nos vemos obrigados a tomar o partido por: “uma cultu-
      ra da vida, frente às múltiplas ameaças de morte; uma cultura da liberdade,
      perante os abusos de poder e as múltiplas solicitações à passividade; uma
      cultura da justiça, perante o egoísmo das nações, dos grupos e dos indiví-
      duos; uma cultura da solidariedade perante a ausência de responsabilidade
      coletiva e as atitudes corporativistas que se opõem ao bem comum.” (DF 19).
      Em tudo isso, é necessário “optar também claramente pela reflexão teológico-
      moral.” (DF 12).
  b) A Comunidade Redentorista: a Comunidade redentorista é o primeiro lugar
      onde está acontecendo a copiosa Redenção. É preciso deixar-se evangelizar
      sempre, a partir de fora, pelos Pobres, e a partir de dentro, pelos confrades. A
      partilha da fé, das alegrias, das preocupações, o sentimento de igualdade fra-
      terna entre todos, o respeito, o carinho com os idosos e doentes, um estilo de
      vida simples, etc. devem expressar na prática de que é Deus que nos reú-
      ne.(DF 24-26). O lugar geográfico e ambiental de nossas Comunidades deve
      corresponder à nossa opção missionária pelos pobres. É preciso buscar e cri-
      ar novos modelos de Comunidade, sempre aberta e acolhedora, em diálogo
      com todos os demais missionários da Igreja, levando em conta dois traços ca-
      racterísticos nossos: a proximidade ao povo e o testemunho de ser sinal do
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   Reino que anunciamos. É fundamental que a Comunidade seja “uma alterna-
   tiva aos mecanismos do “ter” e do “poder” (DF 31). Nenhuma expressão deve
   ser usada, como “padres redentoristas”, que discrimine a presença plena dos
   Irmãos. E cada vez mais, será importante acolher e integrar os Leigos em
   nossa Vida Apostólica, não apenas como suplência, mas como parte do nos-
   so carisma fundacional e das necessidades da Missão.
c) A Espiritualidade Redentorista: eis a alma da Comunidade e da Evangeli-
   zação. Constata-se um certo vazio de práticas espirituais na Congregação. É
   preciso um esforço para viver uma genuína espiritualidade redentorista, par-
   tindo de uma autocrítica dos restos de jansenismo, de individualismo, de for-
   malismo e de devoções desconexas.
   - Corremos o risco de um dualismo: ativismo sem densidade espiritual ou um
   espiritualismo sem dinamismo missionário. É preciso levar a sério a profissão
   religiosa, como vivência pessoal e comunitária. O centro da Espiritualidade
   Redentorista. é o Cristo Redentor, em sua Encarnação, Paixão e Ressurrei-
   ção, celebrado na Eucaristia: somos “viva memória” dessa realidade para
   continuar sua missão no mundo “O Redentorista “segue” a Cristo Redentor e
   “prossegue” a sua práxis libertadora”. (DF 35-36).
   - Maria é a primeira discípula e o ícone perfeito da copiosa Redenção. A Bí-
   blia deve ser para nós o primeiro e decisivo livro de espiritualidade. A prática
   da caridade apostólica, que é uma caridade comprometida com a libertação
   da pessoa e com a ecologia.
   - Pede um esforço especial de criatividade para retomar nossa Espiritualida-
   de: partilhar a oração com o povo; dar-lhe seiva bíblica e profundidade teoló-
   gica; dar espaço às novas gerações; vivê-la também no contexto ecumênico;
   abri-la às tradições não-cristãs válidas; buscando formas simples e familiares
   de orar.


Esse tripé básico da nossa Missão já deixa bem claro a exigência de começar um
   processo de Reestruturação da Congregação, tendo em vista o desequilíbrio
   de pessoal nas várias unidades e novas iniciativas pastorais.

         COMMUNICANDAS DO GOVERNO GERAL:

     COM. 1: FAZER VIVER E CRESCER O ESSENCIAL DE NOSSA “VIDA
     APOSTÓLICA” (01/08/1992): é um aprofundamento do Tema do sexênio,
     apresentado pelo Conselho geral.

     COM. 2: A UNIDADE NA DIVERSIDADE (14/01/1994): trata a questão do
     pluralismo e da unidade na Congregação, apontando para o dinamismo da
     missão como ponto de convergência unificadora. Essa será também o ponto
     de partida e o critério legitimador para a Reestruturação.

     COM. 3: LER OS SINAIS DOS TEMPOS (08/09/1994): a partir das estatísti-
     cas da Congregação no mundo, apresenta as questões que irão exigir uma
     resposta de todos os Redentoristas, como foi a proposta de Reestruturação.
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        COM. 4: A COLABORAÇÃO DA COMUNIDADE REDENTORISTA COM
        OS LEIGOS – DIRETIVAS E NORMAS (08/09/1995): explicita melhor a figu-
        ra do Missionário Leigo Redentorista e traça algumas normas para viabilizá-
        la.

      Esse Capítulo oferece mais alguns traços característicos do nosso Perfil: a
       dimensão comunitária da nossa vida e do nosso agir, como força em si
       mesma de Evangelização; a necessidade da Inculturação para que haja ver-
       dadeira Evangelização, o que para nós significa vivenciar a dimensão de ké-
       nosis da Encarnação do Santíssimo Redentor; e a apropriação de uma Espi-
       ritualidade Redentorista, que nos marca como missionários. Portando, no
       Perfil do redentorista, esse Capítulo aponta mais algumas linhas importan-
       tes: assumir a convivência missionária de cada dia, no ser e no agir, como
       experiência de comunhão evangélica, estar disponível para “encarnar-se”
       em qualquer cultura para levar-lhe a Boa Nova de Jesus e trazer no coração
       uma mística própria, bem ligada ao Redentor, que dá a razão de ser da nos-
       sa alegria e disponibilidade missionária.



           4. XXII Capítulo geral de 1997:

       Esse Capítulo retomou o Capítulo de 1993 e decidiu dar um destaque espe-
cial para a dimensão de Espiritualidade Redentorista.

        A Mensagem final do Capítulo é muito clara:

         “Decidimos que, para o próximo sexênio, a Espiritualidade
          deverá ser o prisma através do qual vejamos todas as di-
         mensões de nossa vida. A Espiritualidade é ao mesmo tem-
                       po, origem e fruto da missão”.
        “Qualquer ação missionária, que não brote de um profundo compromisso
          com Jesus, está destinada ao fracasso”.(nn. 5-6) “Seja qual for o contexto
          de vida, cremos que todos os redentoristas somos chamados hoje a cen-
          trar nossa atenção em um aspecto fundamental de nossa espiritualidade,
          isto é, na forma como nutrimos e manifestamos nossa relação com Je-
          sus.”( n. 3)

              Nas Orientações, o Capítulo geral reafirma o Tema do sexênio dos
     Capítulos anteriores, acrescentando, porém: “Parece-nos que a vivência desse
     tema exige uma mística de vida (compreensão contemplativa da vida). Não é
     fácil chegar a essa mística (compreensão), sendo necessária uma conversão,
     que é dom do Espírito. Pedimos, pois, que os redentoristas centrem sua aten-
     ção na espiritualidade como eixo fundamental, de tal maneira que a obra da
     Nova Evangelização seja edificada sobre rocha e não sobre areia”. E continua:
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        “O XXII Capítulo geral recomenda que a Congregação assuma a Espiritua-
        lidade como tema do próximo sexênio. Todas as dimensões de nossa vi-
        da – Missão, Comunidade, Consagração, Formação, Governo – devem ser
        compreendidas e vividas a partir do ponto de vista da espiritualidade”,
        recomendando ainda “que, atentos à fome espiritual de tantos em nossa socie-
        dade, busquemos formas novas e criativas para partilhar nossa herança espiri-
        tual com os outros.”(n. 1)1

                Insiste que se volte à fonte viva do espírito de Santo Afonso e de São
        Clemente para unir Espiritualidade e Missão. Ela nos levará a selecionar as
        obras que são missionárias e extraordinárias, estabelecer comunidades entre
        os abandonados e estar presentes nas situações de necessidade mais urgente,
        além de servir de critério para nosso estilo de vida.

                  Ao unir Espiritualidade e Vida comunitária é preciso fazer experiência
        de novas estruturas, que favoreçam a oração comunitária e pessoal, a eucaris-
        tia, as reuniões de partilha, a recreação, etc.

                 Os Leigos Missionários Redentoristas devem ser formados em nossa
        Espiritualidade e acolhidos para orarem conosco e nós com eles. E devemos
        ter comunidades abertas à participação dos jovens.

 A elaboração mais sistemática sobre o tema da Espiritualidade ficou por conta do
novo Governo Geral que, em 25/02/1998 apresentou a Communicanda 1: Espiri-
tualidade, nosso desafio mais importante; e em 14/01/2000 nos ofereceu a
Communicanda 2: “Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho!”(1Cor 9,16).

         Communicanda 1: Espiritualidade, nosso desafio mais importante: pro-
          cura esclarecer que o tema Espiritualidade “não significa intimismo nem fuga
          de nossas responsabilidades ou do necessário compromisso com nossa his-
          tória”(n. 5), nem “porque o exige a cultura em voga”(n. 6), mas porque “a es-
          piritualidade é fonte de unidade para toda a Congregação” (n. 7). Diante do
          nosso excessivo ativismo missionário, não podemos nos esquecer de que
          “na medida em que procuramos dar a Deus o centro de nossa vida, nós nos
          realizamos em plenitude”. (n. 9). O esfriamento no „zelo missionário‟, a ruptu-
          ra entre fé e vida, a falta de um programa de oração, o vazio espiritual, a fu-
          ga para outras espiritualidades, os egressos da Congregação, as dificulda-
          des nas relações inter-pessoais e na pastoral parecem diagnosticar que
          “nem sempre estamos dispostos a „dar resposta a todo aquele que nos pede
          a razão de nossa esperança‟(1Pd 3,15)”(nn. 12-17). “Temos necessidade,
          então, de um „ponto de apoio‟ que nos impeça de viver perenemente na su-
          perficialidade. Precisamos também de algo que nos ajude a fazer uma sínte-
          se interior, independente dos fatores externos, sempre em mudança, e este
          „algo‟ o Capítulo encontrou na espiritualidade.”(n. 11) É uma espiritualidade

1
    Cfr Atas do Capítulo Geral 1.997
10



   que se situa na teologia da Encarnação, tem como coração a misericórdia, é
   popular, sente compaixão pelo pobre, é fonte e fruto da missão, envolve-se
   com a pastoral, é comunitária e dá um espaço particular a Maria como Mãe
   do Perpétuo Socorro (nn. 24-26). A Espiritualidade é sempre uma experiên-
   cia primeiramente pessoal e insubstituível. A Congregação só poderá mani-
   festar a sua Espiritualidade como comunitária, na medida em que cada um
   entra e cresce no processo pessoal de iniciação espiritual: “Devemos redes-
   cobrir-nos pessoalmente como „redimidos‟, para podermos dar crédito ao
   nosso ser „redentoristas‟.”(n. 30). A validade e viabilidade de nossa missão
   está pendente da vivência de nossa Espiritualidade: “A espiritualidade ofere-
   ce-nos a ocasião de tornar mais confiável e incisivo nosso ministério... por-
   que Cristo (Mt 28,20) e os pobres (Mc 14,7) estão sempre conosco. Não nos
   faltará jamais a „matéria prima‟ para uma dedicação generosa!” (n. 36)

 Communicanda 2: “Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho!”(1Cor
  9,16): insiste na unidade entre espiritualidade-missão, de tal modo que ja-
  mais constituam 2 conceitos, mas que se fale sempre em espiritualidade
  missionária: “a origem e fonte de nossa espiritualidade se encontra justa-
  mente em nossa Missão, devendo ser definida, conseqüentemente, como
  uma espiritualidade autenticamente missionária” (n. 13). Ela “deveria ser pa-
  ra nós como que uma espécie de plasma vital no qual, de forma harmônica,
  todos os elementos de nossa vida se uniriam.”(n. 9). Se queremos dar um
  nome à nossa Espiritualidade, certamente será uma Espiritualidade da
  Copiosa Redenção. Por isso, “na medida em que nos abrimos à copiosa
  Redenção de Cristo Jesus, nessa mesma medida nos sentimos também
  obrigados a „partilhar nossa fé e nossa esperança com todos‟.”(n. 15)

 Communicanda 3: Descobrindo o melhor vinho, no final – Reflexões so-
  bre uma espiritualidade para os confrades da terceira Idade (08/12/2000)

 Communicanda 4: UM SÓ CORAÇÃO E UMA SÓ ALMA (AT 4,32) – UMA
  REFLEXÃO SOBRE A SOLIDARIEDADE NA CONGREGAÇÃO
  (31/03/2002): trata da solidariedade na Oração, na Missão, na posse dos
  bens, na formação, que está exigindo a descoberta de novas estruturas.

 O que esse Capítulo oferece como contribuição para o Perfil redentorista?
  Ele pede que nosso Perfil seja delineado de dentro para fora, a partir de
  marcas características em nossa alma, em nossa escala de valores, em
  nossa compreensão da vida, do mundo e da nossa própria Missão a partir
  de uma dimensão de fé como adesão-união de amor com Jesus Redentor. A
  consciência de fé de que somos os primeiros em processo de Redenção, is-
  to é, estamos sendo redimidos todos os dias pela misericórdia do Pai e pelo
  amor do Ssmo. Redentor. Por isso, toda a nossa dedicação missionária,
  com todos os seus „tabores e calvários‟, é uma resposta total a esse imenso
  amor. Eis o que faz o Redentorista não depender dos resultados positivos ou
11



      negativos da sua pastoral. Há algo mais dentro dele que sustenta sua moti-
      vação missionária e sua disponibilidade para os desafios pastorais.

   5. XXIII Capítulo geral de 2003:

   O tema escolhido foi um esforço para sintetizar num só lema toda a caminhada
dos Capítulos anteriores:

                  DAR A VIDA PELA COPIOSA REDENÇÃO

      “Fomos de tal modo seduzidos pelo chamado de Deus, que somente dando
       a nossa vida pela copiosa Redenção podemos responder ao amor de Deus
       por nós.” (DF 3). “Dar a vida pela copiosa Redenção exprime nossa imensa
     alegria de estarmos com Jesus enquanto comunidade e de sermos enviados
               como comunidade a pregar aos mais abandonados.” (DF 4)
    “Convidamos novamente todos os confrades e todas as comunidades a
     examinar novamente as conseqüências do „ato que define toda a nossa vida
     missionária de Redentoristas‟, ou seja, a nossa profissão religiosa”.(DF 4)
    Corremos o perigo de ser “seduzidos pelo consumismo e pelo individualismo
     sempre mais difusos. O nosso testemunho contra-cultural luta para sobrevi-
     ver diante de estilos de vida predominantes, alheios ao Evangelho. A nossa
     vida de comunidade e s nossas estruturas descentralizadas são profunda-
     mente afetadas pelo processo de globalização, desafiando-nos a repensar
     até que ponto elas servem à nossa missão.” (DF 8)
    “A Congregação deve enfrentar o desafio da reestruturação para o bem da
     nossa missão. A solidariedade pode suscitar muitas estruturas novas e cria-
     tivas em todos os níveis da vida da nossa Congregação, especialmente no
     campo da formação e das iniciativas pastorais.” (DF 11)
    O ícone evangélico são os Discípulos de Emaús, em seu caminho de volta
     para Jerusalém. “Não é surpreendente que aqueles que convidaram o Re-
     dentor Ressuscitado ao aconchego e segurança da sua casa porque já era
     tarde, não hesitaram em deixar de lado seus temores e tomar o caminho de
     volta para Jerusalém a fim de partilhar com os outros a notícia da esperança
     e da vida? Aquilo foi a copiosa Redenção em ação; sempre presente para
     nós e nunca para nós somente. Apressemo-nos juntos, porque amanhã po-
     de ser tarde demais.” (DF 16)

    Nas Orientações, o Capítulo toma decisões para encaminhar definitivamente
     a questão da Reestruturação, afirmando que “o objetivo geral dessa reestru-
     turação é orientar positivamente, num espírito de solidariedade, o dinamismo
     apostólico da Congregação no cumprimento da sua missão na Igreja. A
     Congregação existe para a missão e deve adaptar a ela as suas estruturas.”
     (DF 11.2) Para que isso aconteça, o Conselho geral deverá nomear “uma
     Comissão, que apresentará modelos e estratégias para melhorar e readap-
     tar as atuais estruturas da Congregação.” (DF 11.3). Todo esse trabalho de-
     verá estar pronto para o Capítulo geral de 2009.

    COMMUNICANDAS DO GOVERNO GERAL:
12



      COM. 1: CHAMADOS A DAR A VIDA PELA COPIOSA REDENÇÃO
      (08/04/2004):
      I.    DAR A VIDA HOJE: um tema corajoso – que missão justifica estrutu-
             ras novas? – Cristo Redentor, única resposta às nossas perguntas
      II.   DEIXAR-SE SEDUZIR PELO AMOR DE DEUS EM CRISTO: valorizar
             a nossa caminhada mais recente – nosso itinerário para a descoberta
             do rosto de Cristo
      III.  A REESTRUTURAÇÃO A SERVIÇO DA MISSÃO: chamados à con-
             versão – um impulso que vem de longe – o caminho proposto pelos
             últimos Capítulos Gerais – a necessidade de rever nossas estruturas
             atuais – o que entendemos por “reestruturação”? – alguns critérios
             para a reestruturação – uma mudança mais profunda – um processo
             que envolve a todos – como dar continuidade ao processo de reestru-
             turação?

       COM. 2: A REDENÇÃO (04/06/2006)
       A urgência sentida no XXIII Capítulo Geral – o papel essencial da metáfora
(“redenção”) –
       I.    BEBENDO DO PRÓPRIO POÇO
       II.   PENETRAR O MISTÉRIO HOJE: a busca de sentido e a fome de es-
             piritualidade – a realidade do pecado e do mal – sinais e testemunhas
             do Reino
       III.  “COLABORADORES, COMPANHEIROS E MINISTROS DE JESUS
             CRISTO NA GRANDE OBRA...”: centralidade de Jesus Cristo: com
             Ele há copiosa Redenção – a conversão para a compaixão: que se
             manifesta em kenosis – companheiros em nossa caminhada

    CARTA AOS CONFRADES: “CHAMADO A SER APÓSTOLO DE CRISTO
     JESUS PELA VONTADE DE DEUS” (1COR 1,1): longa carta-testamento
     do Pe. Tobin a todos os confrades de 08///09/2009, em que ele se expressa
     principalmente sobre a Consagração religiosa.

    O lema do Capítulo soa como uma convocação direta a cada Redentorista,
     para que, acolhendo tudo o que lhe foi proposto pelos Capítulos anteriores,
     disponha-se a dar a própria vida pela copiosa Redenção. Portanto, deixa
     bem claro que o Perfil do verdadeiro Redentorista exige uma radicalidade de
     decisão que envolve a própria vida. Se não estiver disposto da gastar a vida
     pelos redimidos (“dies impendere pro redemptis”), não vale a pena compro-
     meter-se com nossa Congregação. Redentorista não pode fazer poupança
     da vida, tem que gastá-la com gosto e com generosidade. Em tudo, ele esta-
     rá sempre e apenas tentando corresponder a um Redentor, que o amou pri-
     meiro. Faz da sua vida uma resposta de amor a um Amor muito maior.

      Ao rever os temas e lemas dos Capítulos gerais, quais são as características
      do Perfil redentorista que você colocaria em maior destaque? Que sentimen-
      tos lhe vêm diante dessas características? Esperança, receio, coragem, de-
      sencanto...?
13



     V. É TEMPO DE REESTRUTURAÇÃO, É TEMPO DE UM NOVO PERFIL
DO MISSIONÁRIO REDENTORISTA

O QUE NOS PEDE O XXIV CAPÍTULO GERAL 2009?

        “ANUNCIAR O EVANGELHO DE MODO SEMPRE NOVO”

       RENOVADA ESPERANÇA, CORAÇÕES RENOVADOS, ES-
            TRUTURAS RENOVADAS PARA A MISSÃO
     ANUNCIAR O EVANGELHO DE MODO SEMPRE NOVO É ANUNCIÁ-LO
     COMO ALGO NOVO! COMO UMA LINDA NOVIDADE! COMO BOA NOTÍ-
     CIA QUE SURPREENDE E CATIVA!

   Trata-se de uma proposta de Reestruturação, que não compreende apenas
    as estruturas de organização e de governo, mas também o Perfil interior e
    exterior do Missionário Redentorista. Para isso, é fundamental renovar a
    nossa esperança e confiança na Missão, é preciso reestruturar o coração,
    no sentido de uma conversão, que redirecione nossa disponibilidade e nossa
    solidariedade, e é imprescindível que acolhamos pra valer as novas estrutu-
    ras, com todas as mudanças que ela irá exigir.

   Temos a confiança de que estamos dando os primeiros passos para constru-
    ir uma nova “cultura redentorista”, dentro da qual possamos sentir-nos fiéis
    ao nosso Fundador e à sua Espiritualidade, felizes em nossa vida comunitá-
    ria e mais potencializados para cumprir nossa vocação de Missionários do
    povo, principalmente dos abandonados e pobres.

   COM RENOVADA ESPERANÇA PARA A MISSÃO : Prontos a dar teste-
    munho da esperança que existe em nós. (cfr. 1Pd 3,15; Const. 10)

     Toda a proposta de Reestruturação se insere num espírito de ESPERANÇA
     EVANGÉLICA. É um DOM do Espírito, que continua a confiar na validade da
     nossa Família missionária.

     É uma busca de novas formas de SOLIDARIEDADE MISSIONÁRIA ENTRE
     NÓS, para atender „de modo especial os pobres, os mais fracos e oprimi-
     dos.‟ (CC. 4)

     A ESPERANÇA é a virtude essencial para realizar a Reestruturação: olhar
     confiante para frente e não mera restauração do passado.

     A reestruturação é ao mesmo tempo dom e tarefa para a Congregação e
     não meramente uma nova instância burocrática.

     Há um novo Governo Geral, disposto a liderar este processo: Pe. Michael
     Brehl como Superior Geral. E foi significativo que, pela primeira vez em nos-
     sa história, está um Irmão, Jeffrey Rolle, junto com o Pe. Enrique López, vi-
14



    gário geral, Pe. Jacek Dembeck, Pe. Juventius Andrade, Pe. João Pedro e
    Pe. Alberto Eseverri.

   CORAÇÕES RENOVADOS PARA A MISSÃO: „Eu vos darei um coração
    novo e porei em vós um espírito novo.‟ (Ez 36,26) . „…Toda a sua vida
    cotidiana deve ser marcada pela conversão do coração e constante re-
    novação do espírito.‟ (Const. 41)

    O ponto de partida é a CONVERSÃO, a partir de um coração generoso e
    aberto à renovação. A conversão nos chama de volta ao nosso primeiro
    amor, (cfr. Ap 2,4) a „manter nosso olhar fixo em Jesus‟. (Hb 12,2) A conver-
    são é um dom que Deus está oferecendo para cada confrade, para nossas
    comunidades e para toda a Congregação. (Const. 12)

    Deve nos direcionar: a uma NOVA SOLIDARIEDADE em Cristo e a uma
    NOVA DISPONIBILIDADE para responder com generosidade ao chamado
    de Deus.

    A Conversão deve renovar em nós o zelo apaixonado pela missão da Con-
    gregação. Deve provocar o processo „pleno e contínuo‟ de renovação de to-
    dos os aspectos de nossas vidas. (Const. 11), para sermos fiéis à nossa tra-
    dição.

    A Conversão deve nos persuadir da necessidade de eliminar aquilo que nos
    impede ou nos limita na vivência de nosso carisma. Quanto mais radical for
    a nossa conversão, tanto mais radical e profética será nossa Vita apostolica.
    (Const. 1)

 ESTRUTURAS RENOVADAS PARA A MISSÃO: „Diga ao povo que se po-
  nha a caminho.‟ (cfr. Ex 14,15) „Anunciar o Evangelho de modo sempre
  novo.‟ (São Clemente)

    Precisamos de NOVAS ESTRUTURAS para anunciar hoje o Evangelho de
    modo novo e atender as novas áreas de urgência missionária, principalmen-
    te em favor dos pobres e abandonados. As Propostas decididas pelo Capítu-
    lo Geral: 7 Princípios que dinamizam as novas Estruturas: Conferências, a
    Rede Inter‐Conferências, a Solidariedade em termos de pessoal e em ques-
    tões financeiras

    É um apelo para um novo Êxodo, como Santo Afonso para os cabreiros de
    Scala: vai afetar todos os confrades e leigos associados. É preciso por-se a
    caminho logo. A estrada é longa. Todos, Redentoristas Consagrados e Lei-
    gos, estão convidados a partir juntos neste Êxodo missionário, a „descobri-
    rem com perspicácia, como pioneiros, novos caminhos, através dos quais o
    Evangelho seja pregado a toda criatura‟. (Const. 15)
15



     É essencial que a reestruturação de nossa Congregação, de nossas comu-
     nidades e de nossas vidas pessoais seja guiada pelo Espírito Santo, sem
     medo de assumir riscos por amor à missão. As novas Estruturas vão gerar
     maior liberdade quanto ao objetivo e aos métodos de nossas iniciativas mis-
     sionárias.

     A Mãe do Perpétuo Socorro, Santo Afonso e todos os Santos e Beatos de
     nossa Congregação irão nos acompanhar nessa caminhada de renovação.
     Temos renovada esperança, corações renovados e estruturas renovadas
     para a missão porque o próprio Redentor está no coração de nossa comuni-
     dade. (Const. 23) É Deus que renova todas as coisas. (cfr. Ap 21,5)



1. OS SETE PRINCÍPIOS

     O 1º. Princípio apresenta o por quê e o para que da Reestruturação. Não se
     trata de um conceito genérico de missão, mas daquela missão que está de-
     finida em nossas cinco primeiras Constituições. O acolhimento vocacional
     desse princípio é condição absoluta para tornar-se Missionário redentorista.
     Sem ela, jamais se esboça o Perfil de um seguidor de Santo Afonso. Isso
     implica uma revisão profunda de nossas prioridades apostólicas e assumir
     novas opções.

     O 2º. Princípio nos reintroduz na totalidade de nossas Constituições e Esta-
     tutos, intitulada Vida Apostólica, cujo ponto de partida é nossa dedicação a
     Cristo Redentor pelos 4 votos. Nossa consagração missionária visa dar-nos
     uma disponibilidade incondicional para a Missão. Disponibilidade para abra-
     çar outras culturas e para dar um testemunho contra-cultural. Por isso, a
     disponibilidade missionária é um elemento integrante do Perfil redentorista.

     O 3º. Princípio nos coloca em constante mobilidade, no acompanhamento
     contínuo dos mais abandonados. Não faz parte do nosso Perfil ser um re-
     dentorista estático. Pessoalmente ou em comunidade e equipe, fazemos
     parte de um grupo móvel dentro da Igreja. Nada jamais deve ser mantido
     que nos impeça de ir ao encontro do destinatário próprio do nosso carisma
     fundacional.

     O 4º. Princípio nos propõe uma atitude concreta de Solidariedade interna,
     entre nós e entre as Unidades, em vista da Missão. Uma Solidariedade que
     inclui pessoas, meios e recursos econômicos. Não podemos nos fechar em
     nossas Comunidades, Equipes e Unidades, quando há situações de fragili-
     dade e a Missão exige colaboração. A consciência de ser Redentorista den-
     tro de um horizonte mais amplo certamente integrará o Perfil dos novos re-
     dentoristas.
16



         O 5º. Princípio é o da Associação entre as Unidades, exigindo que nenhu-
         ma dela jamais se isole em sua ação missionária. Isso deverá provocar um
         maior conhecimento entre os confrades das várias Unidades, além de exigir
         certas condições de formação comum, em vista da mútua colaboração. No-
         vamente, no Perfil do redentorista, deve diminuir o peso de identificação com
         sua própria Unidade e a abertura para viver e atuar em colaboração com
         confrades de outras Unidades.

         O 6º. Princípio expressa a consciência de que somos missionários com um
         senso de responsabilidade teológica pelo que somos e fazemos. A reflexão
         teológica é parte vital da nossa Missão. Por isso, no Perfil do redentorista
         está também a sede de aprofundamento constante, para jamais cair na su-
         perficialidade ou no funcionalismo pastoral.

         O 7º. Princípio nos possibilita encarar toda a proposta de Reestruturação
         como um processo de conscientização, de participação e de corresponsabi-
         lidade de todos. O próprio Perfil do novo redentorista será como um elemen-
         to vivo, que irá crescendo e se definindo gradativamente. Não há perfis pron-
         tos. É preciso buscar, propor, testar, antes de confirmar algum novo perfil.
         Será um processo de criatividade pessoal e comunitária, que nossa geração
         tem o dever de começar.

      Os sete princípios estão perfeitamente propostos em nossas CCEE. Contu-
       do, eles selecionam e focalizam alguns aspectos imprescindíveis para o pro-
       cesso de Reestruturação. O acolhimento desses sete Princípios representa
       uma “conditio sine qua non” para entrarmos no caminho da Reestruturação.
       Em que eles incidem sobre o Perfil do redentorista atual, exigindo uma cor-
       reção de linhas? O que não tem sido tão relevante e deverá tornar-se daqui
       pra frente?



1.       O Perfil do Redentorista nas Conferências

    Há uma nova instância de autoridade em nossa Vida Apostólica: a CONFE-
RÊNCIA DOS REDENTORISTAS DA AMÉRICA LATINA E CARIBE. É uma ins-
tância em processo de formação, que se solidificará entre cada Unidade e o Go-
verno Geral. As demais Conferências: da Ásia-Oceania, da África e Madagascar,
da Europa e da América do Norte, começam a dar seus primeiros passos. Esta no-
va instância irá agir através de uma Assembléia representativa e de um Coordena-
dor, com autoridade delegada pelo Conselho Geral, para:

     o    estimular um novo despertar de nossa Vita apostolica, principalmente da
         nossa Missionariedade.
17



 o    provocar uma nova disponibilidade para a nossa missão entre todos os Re-
     dentoristas e leigos associados,

 o   “levados pelo espírito apostólico e imbuídos do zelo do Fundador”,

 o “como colaboradores, companheiros e ministros de Jesus Cristo na grande
   obra da Redenção” (Const. 2).

   A nossa Conferência é uma estrutura da Congregação que abrange todas as
    Províncias, Vice-Províncias, Regiões e Missões do México até a Patagônia.
    Já nasce com três Sub-Conferências:

   URNALC: União dos Redentoristas do Norte da América Latina e Caribe

   URSAL: União dos Redentoristas do Sul da América Latina

   URB: União dos Redentoristas do Brasil

 A Conferência é uma estrutura que facilitará um discernimento missionário
  mais amplo e a tomada de decisões com uma visão mais global, diante das
  urgências pastorais.

 Será um fórum amplo de discernimento e decisão, evitando assim a tendência
  ao provincialismo e ao mesmo tempo considerando seriamente as necessida-
  des locais.

 Assistir o Governo Geral na animação da Congregação.

 Será um espaço para a colaboração efetiva nas áreas das prioridades apostó-
  licas, das iniciativas missionárias, da formação, das finanças, de pessoal etc.,
  e para o estabelecimento de comunidades internacionais e interprovinciais.

 Irá proporcionar segurança às Unidades frágeis e também apreço e desenvol-
  vimento de igrejas particulares dentro da Congregação.

 Deverá oferecer um ambiente, na área da formação inicial e contínua, onde a
  atual geração dos Redentoristas e as futuras serão formadas numa visão glo-
  bal mais diversificada culturalmente.

   São impensáveis a existência e o funcionamento das Conferências com a
    mentalidade em que eram formados os redentoristas nos últimos 50 anos:
    identificados quase que exclusivamente com sua Província, com certos an-
    tagonismos e competições entre as Unidades, disponíveis quase que ape-
    nas dentro de sua Unidade, que decidia sozinha quais seriam suas novas
    fundações, sem levar em conta, normalmente, as urgências de outras Uni-
    dades e as urgências da Igreja, em outras áreas que não fosse a área da
    sua Unidade. Somente o Governo geral, após longas negociações, conse-
18



        guia criar algo novo, fora da jurisdição dos Governos e Capítulos (vice) pro-
        vinciais, mas não raro de forma precária.

      Portanto, o novo redentorista terá que ser preparado desde a primeira pro-
       posta vocacional que é feita ao jovem candidato. Ele será Missionário reden-
       torista da Congregação toda, com um horizonte imediato marcado pela área
       da Conferência e da sub-Conferência. A sua Unidade de origem será ape-
       nas o seu ponto de partida, não mais o seu único campo de Missão.



2.      Decisões da Reestruturação que irão marcar o Perfil do Redentorista

      As prioridades apostólicas que serão escolhas feitas pela Conferência exigi-
       rão uma disponibilidade anterior àquela que as Unidades normalmente pe-
       dem dos confrades.

      As Comunidades inter-provinciais e internacionais vão representar um novo
       desafio de convivência entre os confrades e com os leigos. Mais do que to-
       das as preparações e treinamentos que serão oferecidos, será fundamental
       a mística da Encarnação, tanto para viver com confrades de culturas distin-
       tas como para inserir-se em ambientes sociais e eclesiais diferentes daque-
       les em que fomos formados. A consciência de união no essencial ( a missão,
       a vida espiritual, etc.) e o espaço de liberdade no acidental (gostos culturais,
       desde o paladar até o canto) podem dar um colorido novo à vida comunitá-
       ria, ao invés de criar tensões e discórdias.

      A superação da cultura do “provincialismo” e até de comparações desele-
       gantes entre as unidades depende de uma reação consciente das atuais ge-
       rações de redentoristas e de uma postura ativa diante de atitudes viciadas
       do passado. A dedicação a Cristo Redentor deveria ser a referência comum
       de fraternidade e de igualdade entre todos os Redentoristas, anterior e mais
       forte do que a diferença de nacionalidade, regiões, de culturas próprias, de
       tendências eclesiais, etc.

      Uma nova DISPONIBILIDADE só é viável quando assumimos um “distacco”
       da necessidade vital de segurança, que normalmente tende a nos manter
       em ambientes conhecidos e seguros. Quem não tem algo de espírito de
       aventura, de risco, dificilmente será um bom missionário redentorista.

      O sentido de pertença à Congregação, desde o início da formação, deverá
       ser ampliado, formando a consciência de ser membro da Congregação toda
       e não somente de uma Unidade, tendo em vista uma disponibilidade pessoal
       além dos limites de origem.
19



          Cada vez mais, o estudo de línguas estrangeiras e de outras culturas, além
           da imersão concreta em outras Unidades, com culturas distintas, deverá en-
           trar no currículo da formação inicial.

          Novos projetos de Noviciados e Teologados deverão surgir, sob a coordena-
           ção da Conferência, tendo em vista as Comunidades interprovinciais e inter-
           nacionais.

          A Conferência estabelecerá programas para a formação contínua de todos
           os confrades. Dará especial atenção ao período de transição para o ministé-
           rio, i.e., o período dos cinco primeiros anos após os votos perpétuos ou a
           ordenação.



         3. Um novo tipo de Governo da Comunidade Apostólica

    a. O mandato quatrienal, isto é, de 4 anos, vai criar maior estabilidade dos con-
       frades em suas transferências e nomeações. Você acha que isto será um ga-
       nho em vista do compromisso com a Missão?

    b. A instância da Conferência e de uma autoridade intermédia entre a autoridade
       da Unidade e o Governo geral, com capacidade de decisão e de implementa-
       ção das decisões tomadas, irá provocar um novo desafio às nossas tradições e
       exigirá um novo acolhimento do voto de obediência. O novo Redentorista deve-
       rá estar aberto para acolher e colaborar com essa nova instância.

    c.    As decisões das Assembléias da Conferência terão prioridade sobre as deci-
          sões dos Capítulos e Assembléias provinciais, com a subseqüente implemen-
          tação. O novo Redentorista deverá acolher tranquilamente tais decisões, com
          disponibilidade para assumi-las e praticá-las prioritariamente a outras decisões.

    d. A representação nas Assembléias da Conferência será, em parte, por eleição
       de Vogais. É uma nova responsabilidade de escolha que se coloca diante dos
       confrades de cada Unidade.

    e. Os Leigos deverão ser integrados como participantes das Assembléias. Tam-
       bém aqui, no novo Perfil do Redentorista está o pleno acolhimento e a integra-
       ção dos Leigos, como corresponsáveis, em todas as etapas da nossa Missão e
       como participantes da nossa Espiritualidade.

         4.    O trabalho em Rede

         Para que as Conferências não corram o risco de ficarem fechadas em si mes-
          mas, como acontecia com algumas Unidades, o Capítulo propôs também o tra-
          balho em Rede, em determinadas áreas de atuação pastoral que estão presen-
          tes em toda a Congregação e em certas situações de carência mais graves,
          como: a mobilidade humana, com o fluxo constante de migrantes, principal-
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       mente em direção aos países ricos do hemisfério norte; os santuários; o desa-
       fio de continuar a tradição redentorista de reflexão teológica; os meios de co-
       municação social; as Missões populares; a pastoral da juventude; as paróquias
       missionárias; a justiça social; e o desafio de estruturar a Congregação na África
       e no Madagascar.
      Essa tarefa é confiada ao Governo geral, que deverá encontrar repercussão e
       apoio concreto nas diversas Conferências. Mais uma vez, essa nova dimensão
       deverá integrar a corresponsabilidade de todos os confrades e a consciência
       de que as Unidades não podem isolar-se em suas autonomias, mas procurar
       associar-se, estar abertas e colaborar constantemente.




    Para discernir um novo Perfil

    Para que o Redentorista tenha um Perfil capaz de assumir a proposta de Reestru-
    turação:

       1. Qual deveria ser o seu Perfil teológico, enquanto ideário sobre Deus, sobre
          Jesus, sobre Igreja e sobre Missão no mundo?

       2. Que tipo de Perfil psicológico estaria mais aberto a essas propostas? Tipo
          de temperamento, de tendências, de heranças culturais, etc.

       3. Quais as características mais importantes para o Perfil do Redentorista da
          Conferência da América Latina e Caribe?

       4. Quais as decisões práticas imediatas que deveriam ser tomadas nas ares da
          formação inicial, da convivência comunitária e da missão em vista desse no-
          vo Perfil?
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                            Perfil de uma Conferência

 No passado, as Unidades fizeram um trabalho corajoso, em alguns casos
  mediante acordos bilaterais ou multilaterais com outras Unidades, consul-
  tando o Conselho Geral. Porém, as urgências pastorais do nosso tempo pe-
  dem uma estrutura que facilite um discernimento missionário mais amplo e a
  tomada de decisões com uma visão mais global.

 A Conferência pode oferecer a oportunidade para uma revisão mais profun-
  da da vida e da obra dos Redentoristas dentro de suas fronteiras. É um fó-
  rum para o discernimento pastoral de um modo diferente daquele feito pelas
  Unidades isoladas ou multilateralmente; um fórum onde as necessidades lo-
  cais podem ser seriamente consideradas, mas contempladas num contexto
  mais amplo.

 Dentro da Conferência, o desafio para a vitalidade missionária vai além das
  fronteiras nacionais imediatas. Isto garante que podemos vencer o provincia-
  lismo e, ao invés, alargar nossa apreciação do chamado à evangelização no
  mundo atual.

 A Conferência tem mais capacidade de proporcionar um sentimento de se-
  gurança para as novas iniciativas apostólicas, mas também, o que é impor-
  tante, dar um sentimento de segurança às Unidades frágeis. (No passado,
  essa segurança vinha muitas vezes de poderosas Províncias mães.)

 Como estrutura, a Conferência oferece o ambiente para uma apreciação
  maior da conservação e do desenvolvimento dos vários ritos litúrgicos dentro
  da Congregação.

 Em termos de recursos econômicos, a Conferência teria sistemas apropria-
  dos que permitiriam maior equidade e solidariedade, e mais efetivo discer-
  nimento nos interesses da missão redentorista.

 A Conferência ajuda a discernir possibilidades e prioridades para iniciativas
  e convites para a missão.

 A Conferência oferece um horizonte mais amplo para a identidade da próxi-
  ma geração de Redentoristas.

 A Conferência ajuda a dar direção, visão e critérios orientadores (política) à
  formação inicial e contínua.

 A criação de comunidades internacionais e interprovinciais de missão reden-
  torista e o apoio a elas é primariamente uma responsabilidade da Conferên-
  cia.
22



 A Conferência assiste o Governo Geral na animação da Congregação como
  um todo.



   Perfil do confrade Redentorista formado dentro desta nova visão

 Os princípios da reestruturação asseguram a continuidade da nossa identi-
  dade fundamental e da nossa missão como Redentoristas na Igreja e no
  mundo. Ao mesmo tempo, eles requerem realidades e estruturas novas que
  dêem novo impulso a esta missão e a esta identidade.

 Em termos concretos, é este o perfil do confrade que faz parte desta Con-
  gregação recém‐estruturada:

 Ele participaria de um programa de noviciado comum a várias Unidades, ge-
  ralmente pertencentes à mesma Conferência. Entraria em contato com con-
  frades de outros países, de outras culturas e talvez também de outras lín-
  guas.

 Durante a sua formação inicial, ele ficaria conhecendo o carisma da Congre-
  gação e os dons e apostolados especiais de sua própria Unidade. Entende-
  ria a partir de nossa história que a renovação e a reestruturação constantes
  têm sido vitais para a continuidade da nossa missão.

 Ao fazer os votos, seu compromisso será com a Congregação inteira e não
  simplesmente com sua Unidade particular. Praticamente, este compromisso
  se expressará dentro do âmbito de sua Unidade e da Conferência à qual es-
  ta Unidade pertence. Com outras palavras, o confrade deverá ter uma idéia
  global das circunstâncias em mudança, das realidades humanas e das prio-
  ridades apostólicas não só da sua Unidade, mas de toda a Conferência à
  qual ele pertence.

 Ele vai ser informado, por exemplo, a respeito do fenômeno dos migrantes
  dentro da região geográfica que sua Conferência representa. Para dar outro
  exemplo, ele será capaz de participar do apostolado especial dos santuários
  redentoristas no interior de sua Conferência, apostolado este que vem cres-
  cendo em importância dentro do fenômeno moderno da religiosidade popu-
  lar.

 Acima de tudo, ele saberá que pertence a uma Congregação de âmbito
  mundial que leva a sério o desafio de estar atenta aos sinais dos tempos e
  de tomar decisões apostólicas vitais que respondam sempre de novo ao
  nosso chamado à missão.
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                     CREDO DO MISSIONÁRIO REDENTORISTA

Creio que Deus Pai de tal modo me amou que me deu seu Filho único como meu
Redentor (Jo 3,16)

Creio que Jesus me amou e se entregou totalmente por mim (Gl 2,20), a tal pon-
to que se aniquilou a si mesmo tornando-se semelhante a mim em tudo, exceto
no pecado (Fl 2,5-11).

Por meu amor, fez-se criança num Presépio.
Por meu amor, ofereceu-se à morte na Cruz.
Por meu amor, reduziu-se a um pedaço de pão na Eucaristia.
Por tudo isso, creio que a Redenção é abundante para mim e para todas as pes-
soas. (Sl 130)

Creio que somente amando Jesus Cristo acima de tudo e amando cada pessoa
como Jesus amou serei uma “Memória viva” de sua presença encarnada no mundo
(1Cor 13)

Creio que Ele me ungiu para continuar sua missão, pelo anúncio dessa Boa Notí-
cia aos pobres (Lc 4,18-19).

Creio que Maria é a Mãe da Esperança, que me ajudará a dar uma resposta de
amor a tão imenso amor. Amém.



                         ORAÇÃO DO REDENTORISTA
  Pai santo, fazei-me forte na fé, alegre na esperança, fervoroso na caridade,
               inflamado no zelo, humilde e sempre dado à oração.
Dai-me forças para que seja um homem apostólico e genuíno discípulo de Santo
                Afonso, seguindo contente a Cristo Salvador.
Concedei-me participar do seu Mistério e anunciá-lo com evangélica simplicidade
   de vida e de linguagem, pela abnegação de mim mesmo, pela disponibilidade
 constante para as coisas mais difíceis, a fim de levar a todos a copiosa Reden-
                                      ção.
 É o que vos peço pela intercessão de Maria Santíssima e de Santo Afonso, por
           meio de Jesus Cristo, Nosso Santíssimo Redentor. Amém.
                                    P. J. Ulysses da Silva, Curitiba, 12/07/2011
24



              DESAFIOS DA MISSÃO REDENTORISTA
                 NA AMÉRICA LATINA E CARIBE



Vivemos um momento ímpar na História da nossa Congregação. Esta-
mos sendo convocados a uma autêntica mudança cultural. Para isso, é
preciso acreditar que se trata de um apelo do próprio Espírito, é im-
prescindível alimentar esperanças e sonhos, e é necessário dar passos
conjuntos numa mesma direção. Toda mudança cultural é processual,
não é feita jamais por decretos e à força. Exige da geração atual uma
Conversão missionária, para que assuma com responsabilidade esta
evolução histórica, que deverá criar um novo perfil de Redentorista nas
próximas gerações.

Para discernir quais os desafios que deverão nos unir como um só
Conferência de Redentoristas na América Latina e Caribe, vejamos:

- alguns desafios propostos pelo Documento de Aparecida

- nossos desafios redentoristas constantes

- algumas pastorais missionárias válidas

- desafios para a Conferência Redentorista da América Latina e Caribe



              Desafios do Documento de Aparecida

1.               A Missão Evangelizadora Redentorista na América latina
     e Caribe necessariamente deve inserir-se no grande contexto da
     Missão Continental a que fomos todos convocados pelo V Celam.
     Após o Documento de Aparecida, a participação na vida e na mis-
     são da Igreja supõe assumir os desafios missionários propostos pe-
     lo V Celam.

2.              A Missão Continental continua sendo a proposta mais
     englobante de concretização do Documento de Aparecida. Não se
     trata de um ou mais projetos de ação missionária. Os aspectos
     mais importantes da Missão Continental são:

               Um novo espírito ou atitude missionária, capaz de
     impregnar toda a vida e ação da Igreja latino-americana e caribe-
     nha. Dentro da Missão Continental cabem todos os esforços missi-
25



    onários que já vem sendo realizados, mas é preciso algo mais, que
    responda à urgência de uma ação missionária conjunta.

              Uma nova criatividade evangelizadora, em termos
    de métodos, de espaço e tempo missionários, que prevaleçam so-
    bre a pastoral de manutenção.

              O envolvimento de todas as forças vivas da Igre-
    ja, para além das diferenças ideológicas e grupais que conhece-
    mos, como um grande mutirão que potencialize e abra espaço de
    atuação a todos os batizados de boa vontade. Para que isso acon-
    teça, é inevitável questionar o monopólio centralizador do clero,
    desde as estruturas diocesanas até as paroquiais e também os
    nossos esquemas de Missões populares.


               A partida em busca dos afastados da vida da Igreja.
    Não se poderá considerar ação de Missão Continental os projetos
    que se dirigem dos mesmos com os mesmos e para os mesmos,
    sem sair de si para entrar em contato e convocar os que estão dis-
    tantes, afastados, desmotivados, esquecidos e abandonados.


                Uma nova campanha para salvar a Vida do ser hu-
    mano e de toda a natureza. Vida abundante para todos é a expres-
    são atualizada da nossa “Copiosa Redenção”. A idéia da Vida passa
    a ser o núcleo do kerigma de Aparecida. Um kerigma que possibili-
    ta muitas formas de colaboração com muitos outros grupos sociais,
    de ecumenismo, de diálogo inter-religioso, etc., como também, de
    luta social, de opção preferencial pela libertação dos pobres excluí-
    dos da vida, de atitudes éticas diante da ciência e da tecnologia
    que ameaçam a vida.


               Uma pastoral missionária ou extraordinária. É ób-
    vio que o Documento de Aparecida não se tornará realidade se de-
    pender apenas de uma pastoral ordinária ou pastoral de manuten-
    ção. Deve necessariamente prevalecer sobre a pastoral ordinária.
    Eis o sentido da forte chamada que faz o Documento de Aparecida
    para uma conversão pastoral. Trata-se de uma mudança pastoral,
    que abra espaço para uma autêntica pastoral missionária. É um
    chamado forte de conversão para a Missão, como uma realidade
26



     que deve perpassartudo o que se faz na Igreja e, principalmente,
     tudo o que fazem os Redentoristas.




            Nossos desafios redentoristas constantes



3.             Nós, redentoristas, procuramos cuidar de todos os que
   acodem a nós. O Documento de Aparecida, com a meta de Jesus:
   “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância”
   (Jo 10,10), apresenta inúmeros rostos dos que, hoje, são excluídos
   dessa vida em abundância: os rostos das comunidades indígenas e
   afro-americanas; das mulheres discriminadas; dos jovens sem
   acesso à educação e ao trabalho; dos pobres desempregados, mi-
   grantes, deslocados, sem terra; das crianças prostituídas e dos be-
   bês abortados; das famílias famintas; dos dependentes de droga;
   dos deficientes físicos; dos portadores de doenças graves, como
   malária, tuberculose, HIV; dos seqüestrados e vítimas de violência,
   terrorismo, insegurança, etc.; dos anciãos, presos, enfim, os rostos
   de todos os que sofrem a exclusão social devido à globalização
   econômico-cultural.(DA 65)
4.              Contudo, temos, por carisma, os nossos DESTINATÁ-
   RIOS preferenciais. São os pobres e abandonados que represen-
   tam nosso desafio constitucional, nossa razão de ser como família
   missionária. Pobres-abandonados formam quase que um só con-
   ceito em nossa tradição. É preciso vincular bem esses dois termos,
   que expressam simultaneamente pobreza social-econômica e
   abandono eclesial, para criar o perfil específico daquele destinatá-
   rio, que tocou o coração de Santo Afonso. É uma carência, que
   provem não apenas de análises e estudos sociais, mas, principal-
   mente, da consciência das pessoas que estão dentro dessa situa-
   ção. São pessoas sequiosas e desejosas, mas impossibilitados de
   ter acesso aos bens espirituais e materiais. Ou seja, a inacessibi-
   lidade social e eclesial nos ajudam a especificar melhor nossos
   destinatários próprios. São aquelas pessoas ou grupos sociais que
   não têm acesso, ou que raramente o têm, aos bens da sociedade e
   da Igreja, apesar de o desejarem.
5.             O foco nos abandonados, a partir da ótica de Santo
   Afonso, converge para as pessoas que socialmente e eclesialmente
   estão fora, ao mesmo tempo, da estrutura ordinária de cuidado
27



   pastoral da Igreja e da atenção social dos governos. Portanto, é
   uma opção missionária ditada primeiramente pela percepção de
   abandono eclesial e social das populações, e não apenas pela ques-
   tão de maiorias ou de minorias. Tanto as pequenas populações
   do interior, como as grandes massas das megalópoles, que se en-
   quadrem dentro dessas características, são nossos Destinatários
   preferidos.
6.             Onde encontramos hoje em dia tais pessoas, com esse
   duplo abandono?
              Encontro primeiramente nas grandes e médias cidades,
      naquelas áreas ainda desestruturadas, em que, por mais que
      desejem, as pessoas e famílias não têm acesso ao cuidado pas-
      toral e aos bens necessários para uma vida social digna. São
      abandonados, porque são empobrecidos e vivem numa estrutu-
      ra de sobrevivência, que pouco rende para a sociedade de con-
      sumo. Mas, estão de coração aberto para acolher o anúncio, pa-
      ra se organizar em comunidade e levar uma vida de Igreja.
              Encontro nos campos, onde a densidade populacional,
      cada vez mais rarefeita, também provoca esse abandono eclesi-
      al e social. Há grupos de católicos quase que completamente
      desassistidos pela programação paroquial, pela presença dos
      sacerdotes, etc., devido às distâncias e a pouca importância so-
      cial e econômica.
              Certamente, tais destinatários, em geral, não estão nas
      áreas importantes das grandes médias cidades: essas não são
      pessoas abandonadas social e eclesialmente, são antes, pessoas
      inacessíveis ou inatingíveis por sua própria opção. As Igrejas es-
      tão ao seu redor, bem visíveis. São pessoas, famílias e grupos
      bem programados em seu estilo de vida, em que não há espaço
      para os compromissos de Igreja institucional.
              Nas próprias periferias pobres, podemos distinguir en-
      tre os abandonados e os que se abandonam, mesmo que sejam
      aproximados, por causa dos vícios (droga, bebida, indiferença
      religiosa, marginalidade). É um grupo desinteressado e, por ve-
      zes, até conflitante. Não creio que integrem de imediato o grupo
      dos nossos destinatários. Para alguns deles, a chance de apro-
      ximação e de interesse de participação só pode acontecer numa
      numa segunda etapa, quando uma pequena comunidade já esti-
      ver constituída. Ou então, deverão ser objeto de nossas obras
      sociais.
28



7.             Assim, nossas opções de atuação missionária, teria que
   levar em conta, em primeiro lugar, esse tipo de DESTINATÁRIO, o
   pobre+abandonado por inacessibilidade, levando a conjugar esfor-
   ços e preparar equipes missionárias para ir ao encontro da pastoral
   urbana dos grandes centros e da assistência às pessoas do campo,
   que inclui também, os habitantes do interior da Amazônia. E a me-
   ta imediata da opção e busca desse Destinatário é cooptá-lo para
   que seja conosco PROTAGONISTA da Evangelização.
8.             Outro ponto importante, lembrado pelo Documento de
   Aparecida, é o envolvimento de todas as forças vivas da Igreja,
   que nos impele, primeiramente, a assumir de forma definitiva e or-
   ganizada, a colaboração dos nossos Leigos Redentoristas. Não
   se trata de suplência pela falta de vocações, mas de potencializa-
   ção de nossa família missionária.
9.             A mesma lógica deve nos levar a convocar para a nossa
   ação missionária outros grupos de Consagrados e todos aqueles
   ministérios, pastorais e equipes já existentes nos lugares a serem
   missionados. De fato, se temos um mínimo de consciência dos de-
   safios da nossa sociedade moderna, que nos ultrapassam em ter-
   mos quantitativos e qualitativos, temos que trabalhar em mutirão,
   tanto com os nossos Leigos, como com todos aqueles que puder-
   mos cooptar e motivar com a nossa espiritualidade missionária. O
   Documento de Aparecida nos oferece uma rara oportunidade de
   convergência de tantos grupos dispersos pelas paróquias e nós
   somos capazes de motivá-los, para que deixem suas diferenças em
   segundo plano e se unam em um projeto missionário maior.




       Algumas pastorais missionárias sempre válidas



10.             OS SANTUÁRIOS: ACOLHER BEM É TAMBÉM EVAN-
   GELIZAR! Tal princípio nos desafia a assumir aqueles espaços ecle-
   siais, cujo ponto de partida é o Acolhimento aberto a todo ser hu-
   mano. Os Santuários são, até hoje, um espaço supra-paroquial,
   aberto a todo tipo de cristão e de ser humano, sempre capaz de in-
   jetar o dom da esperança no coração das pessoas. Todos os proje-
   tos evangelizadores dos Santuários e todo o seu programa de cele-
   brações dependem primeiramente do seu princípio de ACOLHIMEN-
   TO. Santuário é primeiramente lugar de postas abertas para prote-
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  ger a vida, sem identificar quem seja. Algum alimento, alguma
  resposta, alguma esperança sempre será oferecido a todos. Ser
  Santuário é ser o oposto de seleção ou de rejeição. Por isso, o San-
  tuário continua sendo, principalmente para um mundo urbano, um
  lugar eclesial mais moderno do que as próprias paróquias, ainda
  condicionadas pela sua origem rural. Por conseguinte, deveríamos
  sempre preferir um Santuário a uma paróquia. E a única forma de
  fazer com que uma paróquia ou uma igreja, a nós confiada, seja
  missionária é conferindo-lhe uma dinâmica de Santuário. Caso con-
  trário, será e permanecerá sempre e apenas uma paróquia, com
  toda a sua burocracia estática. É muito bom que os Santuários pre-
  sentes e futuros fiquem sob certa co-responsabilidade da Confe-
  rência, para que sejam potencializados do ponto de vista missioná-
  rio.
             Temos um número significativo de Santuários aos nos-
      sos cuidados. Seria muito bom que houvesse intercâmbio mais
      freqüente entre os responsáveis, para que revejam continua-
      mente as grandes linhas de sua atuação pastoral missionária.


11.             MISSÕES POPULARES: É verdade que as Missões
   convocam a todos, mas é sempre um espaço aberto principalmente
   aos simples e pobres, um autêntico santuário móvel. Continua
   sendo uma forma de pastoral mais do que nunca válido. Apenas
   deverá estar atenta para dar uma preferência no contato, na con-
   vocação e na participação dos afastados. Caso contrário, não pas-
   sará de um fervorinho paroquial para os mesmos. O único senão é
   o vício de não permitir que a vida cristã se organize em formas
   mais livres e mais modernas, fazendo com que a pós-missão seja
   sempre uma mera paroquialização, um leito de Procusto católico,
   que se reduz ainda mais conforme o clericalismo dos párocos.
              Nossas Missões deverão assumir com empenho o con-
      teúdo do Documento de Aparecida, para entrar em sintonia com
      o espírito da Missão Continental. O kerigma da Vida, a partir de
      Jesus, a experiência de Encontro com o Senhor, o convite para
      se tornar Discípulo-Missionário, a Comunhão eclesial, que se ini-
      cia na Família, com as conseqüências morais da sacralidade da
      vida, da dignidade de cada pessoa, da opção pelos pobres, do
      destino universal dos bens, da preservação do meio ambiente e
      da ética pública, científica e tecnológica, devem necessariamen-
      te integrar nosso anúncio missionário.
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               A Conferência precisa ativar uma colaboração mais es-
      treita entre todos os Redentoristas que se dedicam a esta ativi-
      dade. Conhecimento, troca de experiências, ações conjuntas,
      criatividade continental, etc. justificaria a existência de um Con-
      selho de Missões populares entre nós.
               É preciso tomar consciência, de forma definitiva, de que
      a estrutura paroquial é incapaz de manter a perseverança após
      as Missões. Fica uma pergunta ou um desafio: não seria viável
      criar e animar um novo Movimento Leigo Redentorista, coorde-
      nado por nós, que ajudasse a manter a vivência cristão-
      comunitária e o espírito missionário na vida das pessoas que
      participaram de nossas Missões? Assim como no passado, tí-
      nhamos a Arquiconfraria do Perpétuo Socorro e a Liga Jesus,
      Maria e José?


 12.             NOVENAS: Será que podemos afirmar que as Novenas
    representam um raro momento de pastoral extraordinária, capaz
    de convocar pessoas de outras paróquias e também as afastadas?
    Se isso é verdade, então é uma atividade bem redentorista. O risco
    que temos corrido é deixá-la arrastar-se como uma rotina quase
    automática. E o desafio é torná-la sempre uma atividade missioná-
    ria, com capacidade de anunciar constantemente o kerigma. Como
    as Novenas, toda a Piedade popular, impregnada pela Palavra de
    Deus, torna-se um lugar de experiência de encontro com Jesus,
    porque consegue integrar oração comunitária e emoção pessoal.
    São atividades que nós podemos promover, não somente em nos-
    sas igrejas, mas também em tantas outras comunidades, para ali-
    mentar o seu caminho de Discípulo-Missionário.


Desafios para a Conferência Redentorista da América Latina e do
                             Caribe



 13.            Há desafios que evidentemente não poderão ser en-
    frentados por unidades isoladas. E há outros que necessitarão da
    colaboração conjunta, para que possam adquirir importância evan-
    gelizadora. Aponto apenas algumas delas, como horizonte de desa-
    fios a médio e longo prazo:
 14.            A Amazônia: pelas distâncias, pelas carências, pela
    defesa do meio ambiente, primeiramente em favor do ser humano
31



  que lá vive, pela falta de disponibilidade clerical, pela pobreza do
  povo ribeirinho, pela influência negativa da mídia e por todos os
  riscos físicos, espirituais e morais que ameaçam aquelas popula-
  ções, a Amazônia continua sendo um território „redentorista‟, que
  não pode ser abandonado tão cedo. Pelo contrário, é preciso inves-
  tir muito mais.


15.            A Juventude: eis uma opção sempre repetida e sem-
   pre desafiadora. O Jovem é o melhor destinatário da globalização,
   em seus aspectos negativos de superficialidade consumista e de
   fragmentação da existência. É mais do que evidente que uma uni-
   dade sozinha não conseguirá responder a este desafio, até porque
   o jovem moderno não tem muita fronteira. É preciso acessá-lo por
   todos os lados. E a pastoral juvenil exige investimento de pessoal
   criativo e dedicado, e também de recursos econômicos. Como já
   acontece na Europa, necessitamos de uma equipe interprovincial
   para levar adiante algumas iniciativas.


16.            A Missão Redentorista nas cidades: mais de 70%
   da nossa população já está concentrada no mundo urbano das me-
   galópoles e das médias e pequenas cidades. As megalópoles repre-
   sentam um desafio quase invencível para a estrutura pastoral da
   Igreja, tal como continua sendo realizado. Há necessidade de um
   espírito missionário semelhante àquele dos missionários que foram
   para a Ásia, África e América, na primeira evangelização. Ou seja,
   com capacidade de começar do nada e construir uma Igreja com
   um novo rosto. Mesmo as nossas Comunidades missionárias inseri-
   das acabam caindo na pastoral de manutenção, deixando de fora
   mais de 90% da população ao seu redor. Como criar uma presença
   missionária de fato, com coragem de ir ao encontro dos afastados
   e de plantar o Reino de Deus nesses ambientes? A Conferência po-
   de provocar uma reflexão e experiências sobre esse desafio, princi-
   palmente das megalópoles, promovendo a criação de um Projeto
   próprio de atuação redentorista, bem consistente, a ponto de poder
   ser oferecido às igrejas locais, sem que tenhamos sempre de as-
   sumir paróquias temporárias.


17.             Os Meios de Comunicação: já temos muitas iniciati-
   vas, mas no contexto do mundo de comunicação atual, somos ain-
   da insignificantes e dispersos. Temos que apontar, quanto antes,
32



  na direção de grandes redes, de produção de qualidade, de objeti-
  vos mais amplos, de seleção de redentoristas qualificados para co-
  ordenar e para atuar. Há muito que aprender e aplicar das experi-
  ências das grandes empresas e das próprias seitas cristãs, em
  termos de redes de televisão e de rádio, de internet e de tantos
  outros meios, que não cessam jamais de se atualizar.


18.             O Continente africano: é prioridade da Congregação.
   A Conferência latino-americana e caribenha pode fazer muito mais
   do que já tem feito. Nossa velha geração de missionários não con-
   seguiu assimilar a idéia de sair para fora, porque estavam condici-
   onados a receber missionários de fora. Não lhes passava pela ca-
   beça a hipótese de serem enviados para outros países, até mesmo
   pelas carências do próprio país e pelas inúmeras iniciativas que
   tomavam. Nossos formandos e jovens congregados são demasia-
   damente „domésticos‟, tímidos diante de línguas e culturas diferen-
   tes, ligados afetivamente às suas famílias, muito inseguros para se
   apresentarem como disponíveis diante de missões estrangeiras. A
   Conferência deverá criar uma forma tal de comunicação, que am-
   plie o horizonte missionário das atuais e futuras gerações em curto
   espaço de tempo. Sem dúvida, a médio ou longo prazo, podería-
   mos assumir uma nova fundação na África como Conferência.


19.            A Pastoral dos Emigrantes para a Europa e a Améri-
   ca do Norte poderia ser uma das atribuições da Conferência, uma
   vez que muito dessa emigração parte da América Latina e do Cari-
   be. A partir de propostas da Assembléia, a coordenação da Confe-
   rência deveria discernir onde se faz urgente algum trabalho missi-
   onário, convocar e preparar as equipes, e acompanhá-las em sua
   atuação


20.             A velha Europa: há um sinal vermelho de morte da
   Congregação para várias unidades da Congregação, não raro de al-
   gumas daquelas que foram nossas mães fundadoras. E há novos
   desafios pastorais na Europa, causados pela forte imigração das úl-
   timas décadas. Vamos deixá-los morrer ou não seria possível re-
   fundar nossa presença na Europa, lado a lado com esses velhos
   confrades ou até mesmo com novas iniciativas missionárias? Não
   se trata de salvar antigas fundações, mas sim, a presença e a mis-
   são da nossa Congregação.
33




21.            Vivemos em um Continente tradicional e estrutural-
   mente injusto. Há muitos séculos, nossos países já experimentam
   a globalização da injustiça sócio-econômica-cultural. Por isso, a
   questão da Justiça e Paz é um imperativo dentro da nossa Confe-
   rência, com uma Comissão de confrades e leigos, que sejam capa-
   zes de promover a comunicação ágil, manter a nossa consciência
   das injustiças contra a vida e sugerir ações concretas.


            Condições para responder aos desafios



22.            Abrir-se fortemente para o intercâmbio entre os jovens
   confrades, já nas etapas de formação. Possibilitar ou exigir sempre
   um estágio em outra unidade outra sub-conferência.


23.            Torna-se urgente uma nova cultura de Solidariedade
   “ad intra”, que seja eficaz e provoque partilhas concretas de re-
   cursos humanos e econômicos dentro da Conferência. Sem dúvida,
   isso causará uma mudança cultural em nossas Unidades mais tra-
   dicionais, uma verdadeira conversão missionária, a que não esta-
   mos habituados.


24.            Duas línguas oficiais, no mínimo, bem aprendidas: es-
   panhol e português


25.            Promover um trabalho conjunto da Promoção Vocacio-
   nal, se possível, criando um logotipo que nos identifique como Re-
   dentoristas em todo o Continente.


26.            Devemos inserir necessariamente em nosso currículo
   de formação inicial a teoria e o treinamento para a Retórica, no
   sentido mais amplo do termo, de tal modo a preparar bons comu-
   nicadores através da pregação, das conferências, da mídia, etc. Há
   uma certa decadência ou não evolução dos tempos dos grandes
   velhos pregadores e as exigências da comunicação atual. É preciso
   estar atento, porque as seitas têm feito escola e têm tido sucesso.
34



   27.             Que tal abrir uma convocação de Redentoristas Vo-
      luntários, que se coloquem à disposição da Conferência para no-
      vas iniciativas missionárias? Tais voluntários teriam como priorida-
      de de serviço as iniciativas tomadas pela Conferência. Tenho certe-
      za de que haverá disponibilidade de vários confrades. É claro que
      não seriam os únicos a serem convocados, mas ao menos, não fi-
      caríamos sempre na situação atual, que o Governo geral conhece
      bem: ter que negociar e até esmolar para conseguir a liberação de
      algum membro para necessidades que vão além da Província.


   28.             Será importante que a Conferência tenha a sua “SCA-
      LA”, um lugar comum de reabastecimento teológico-espiritual para
      os Redentoristas da Conferência. Um lugar que possibilitasse a
      convivência comunitário-fraterna por um certo tempo, oferecesse
      uma reflexão teológico-pastoral direta sobre as atividades missio-
      nárias e alimentasse a espiritualidade redentorista. E desde o início
      de sua atuação, a Conferência deveria constituir uma Equipe de
      reflexão teológico-pastoral-espiritual, que pudesse prestar sua as-
      sessoria no processo de transformação da estrutura atual para a
      estrutura de Conferência.




É um caminho novo a ser trilhado. Como os discípulos de Emaús, preci-
samos estar atentos à Palavra e permitir que ela nos aqueça o coração.
E, principalmente, nosso amor à Maria Santíssima, como filhos de Santo
Afonso, deve ser nosso primeiro ponto de encontro e de união, que nos
identifica em todo o continente. Afinal, ser missionário redentorista é ser
missionário de Maria, para levar a todos a Vida de seu Filho Ressuscita-
do.



Pe. Ulysses.CSsR.

Aparecida, 8 de março de 2011

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Novo perfil do redentorista

  • 1. 1 O NOVO PERFIL DO REDENTORISTA: MUDANÇAS E DESAFIOS - UM PROCESSO DE RESGATE E RENOVAÇÃO – INTRODUÇÃO Nosso perfil ou jeito de ser Redentorista foi originalmente uma experiência de vida pessoal e comunitária. Só mais tarde, atendendo às necessidades do grupo de missionários e às exigências da sociedade civil e religiosa, foram surgindo os escri- tos, que tentavam descrever e normatizar aquele novo tipo de consagrado e de grupo missionário. Por isso, há um carisma de evangelização que foi posto em prá- tica por um grupo de pessoas cheias de fé e de sonhos missionários, antes que se debruçassem para elaborar regras de vida. É importante guardar os nomes da pri- meira comunidade missionária, que junto com Afonso, desenhou o perfil inicial do Missionário Redentorista: os padres Januário Maria Sarnelli, César Sportelli, Fran- cisco Saverio Rossi, João Mazzini, André Villani, Benigno Giordano, Paulo Cáfaro, e os irmãos Vitor Curzio, Januário Rendina, Joaquim Gaudiello e Francisco Tarta- glione. Mais tarde, teremos que somar a esses também São Geraldo Majela, São Clemente Hofbauer e todos os que se santificaram como Redentoristas. Eles nos são o selo da legitimidade do nosso caminho de santificação. Contudo, conhecemos bem nossa história fundacional para lembrar que já no começo, o fundador Santo Afonso teve imensas dificuldades em obter a aprovação do perfil do Redentorista, tal como ele próprio desejava. Somente em 1743, após a morte de Falcoia, Afonso, tendo sido eleito Reitor-mor da Congregação, assumiu pra valer a responsabilidade sobre o novo Instituto. Vamos encontrar em documen- tos como o Ristretto Alfonsiano e o Supplex Libellus a identidade própria que Afon- so desejava para o seu grupo.  O Ristretto Afonsiano: manifesta a verdadeira intenção de Santo Afonso em relação à nossa Congregação, superando a idéia falconia- na de imitação ou cópia de Jesus através das 12 virtudes. Supera o dualismo de finalidade da Congregação, imposta por Falcóia: santifi- cação dos membros e trabalho missionário. Santo Afonso unifica a fi- nalidade da Congregação, propondo-a como continuação do exemplo de Jesus na ação missionária em favor dos mais abandonados. As virtudes passam a ser regras (vol. 9, pg. 251).  Em 1748, Afonso entrega ao Vaticano o Supplex Libellus, que final- mente fez com que Bento XIV aprovasse as Regras redentoristas em 1749. Nele está o “intento”, ou a intenção original de Afonso. Ele está hoje na introdução das nossas Constituições. Santo Afonso viveu o bastante para perceber quão facilmente seus companhei- ros traíam seus sonhos originais. E nós vamos herdar, por muitos anos, mais a vi- são desses companheiros do que o “intento” original de Afonso. Por isso, o perfil do Redentorista segundo Santo Afonso ainda está em processo de formatação e o XXIV Capítulo geral propõe dar um impulso forte e qualitativo no resgate desse per- fil.
  • 2. 2 I. O Perfil do Redentorista traçado por Santo Afonso O REDENTORISTA DEVE:  Libertar-se das comodidades: ser livre das comodidades é assumir um voto de pobreza que traz consigo a renúncia a todas as dignidades, cargos, be- nefícios e bens materiais pessoais. Além disso, é preciso acolher com ale- gria os incômodos de uma vida pobre. “Muitos querem ser pobres e seme- lhantes a Jesus Cristo, mas com a condição de não lhes faltar na- da!”...”Quem vai servir a Deus na casa religiosa deve pensar que lá não vai para ser bem tratado, mas tratará os outros bem por Deus”  Libertar-se dos parentes: é preciso ser livre e desapegar-se dos parentes: “Quem quiser entrar na Congregação do Santíssimo Redentor e ser verda- deiro discípulo de Jesus Cristo, decida-se verdadeiramente a ser livre de seus pais”. Santo Afonso não quer que os confrades recorram aos parentes, nem mesmo em suas enfermidades: “Quem entra na Congregação o que mais deve desejar é: fazer a Vontade de Deus, morrer na Congregação, as- sistido por seus confrades”.  Libertar-se da própria estima: é preciso ser realmente desapegado daquela estima própria que se manifesta na soberba e na ambição por cargos, pres- tígio e aplausos, incapaz de suportar qualquer desprezo ou desprestígio. “Seria, talvez, preferível a Congregação deixar de existir do que nela entrar a peste da ambição...Pela graça de Jesus Cristo, que não exista gente as- sim em nossa Congregação! E que jamais venha a existir!” É preciso ter se- renidade espiritual, quando se sentir desprezado e ignorado. “Na Congrega- ção todos devem ser livres, especialmente da própria estima. Caso contrá- rio, é melhor nela não entrar, ou sair, se já entrou”  Libertar-se da própria vontade: “Esta é a atitude mais necessária”. Trata-se de “esvaziar-se espiritualmente e dar-se todo a Jesus Cristo”. É a doação do coração, consagrada na Obediência. Esse é o único caminho seguro para agradar a Deus em tudo o que faz, mesmo que seja o ato menos importante. “Deus permita que na Congregação jamais alguém diga: eu quero e eu que- ro, eu não quero e eu não quero!... O único desejo de todos seja somente fazer o que exige a obediência... Assim, quem quiser entrar na Congrega- ção, principalmente para ir às missões, só para pregar e aparecer, não en- tre, pois isto é contra o espírito do Instituto”. II. Um perfil não totalmente fiel: Capítulo geral de 1764 É a data do Capítulo que retoma, dentro das Regras, o dualismo falconiano so- bre a finalidade da Congregação. Esse dualismo estará presente em todos os tex- tos posteriores, até chegarmos aos Capítulos de renovação do Concílio Vaticano II.
  • 3. 3 O Capítulo geral de 1855 oficializa para toda a Congregação as Regras de 1764. Pe. Nicolau Mauron, fiel discípulo do Pe. Passerat, que por mais de 3 déca- das comandou com autoridade todos os Redentoristas, irá desenhar a figura do verdadeiro Redentorista. A partir dessa data, a “observância regular” das Regras tornou-se o critério último e prático de pertença à CSsR. Costumava-se dizer aos formandos: “O cristão será julgado pelo crivo do Evangelho, nós redentoristas se- remos julgados pelo crivo das Constituições”. A expansão rápida da Congregação pela Europa e América do Norte e o início das fundações na América do Sul, Ásia e África, tiveram na “observância regular”, na centralização do poder na pessoa do Superior Geral e na língua latina, comum a todos os membros, os instrumentos da sua unidade e de sua identidade. Assim, o perfil do genuíno Redentorista durante 2 séculos, ainda que fiel à pre- ocupação missionária de Santo Afonso, espelhava muito menos as suas propostas e muito mais as dos seus seguidores, que na maioria sequer tinha tido qualquer contato com ele ou com seus escritos. Ainda bem que o Espírito Santo manteve bem aceso o carisma missionário da Congregação. Essas Regras de 1764 e 1855 foram praticadas por nós até a renovação exigida pelo Concílio Vaticano II. Elas conseguiram criar uma “verdadeira cultura” do modo uniforme de ser redentorista em todo mundo. III. As atuais CCEE Por mandato do Concílio Vaticano II (1962-1965), todas as Ordens e Congrega- ções religiosas foram obrigadas a buscar uma renovação profunda, a partir da re- elaboração de suas regras. O Decreto “Pefectae Caritatis” sobre a conveniente renovação da Vida Religiosa (28/10/1965), levou todos os institutos a celebrarem Capítulos especiais, para que suas novas Constituições retomassem o espírito ori- ginal do fundador, os princípios evangélicos, os documentos do Concílio e se adap- tassem ao mundo atual. Nós tivemos o Capítulo geral especial de 1967-1969. Nosso Instituto foi um dos pioneiros em elaborar novas Constituições e Estatutos segundo o espírito do Vaticano II e recuperando as inspirações mais originais de Santo Afonso. A Santa Sé havia dado amplos poderes aos Capitulares para, não só corrigirem, mas redi- girem um novo texto Constitucional. Cinco grandes documentos, publicados pelo Concílio, tiveram incidência direta no trabalho dos Capitulares, que criaram nossas atuais Constituições e Estatutos, a saber: as Constituições Lumen Gentium, sobre a Igreja, Dei Verbum, sobre a Revelação divina, Gaudium et Spes, sobre a Igreja no mundo de hoje, e Sacrossanctum Concilium, sobre a sagrada Liturgia.  Nossas atuais Constituições e Estatutos foram aprovadas definitivamente em 02/02/1982, no 250º. aniversário da fundação da CSsR. São 148 Consti- tuições, explicitadas em 212 Estatutos gerais. Elas estabelecem os dois pó- los fundamentais do Redentorista: Jesus missionário enviado para evangeli- zar os pobres e os destinatários da nossa missão: os pobres abandonados, como uma única finalidade: a Missão. Na fidelidade ao ser missionário, Deus nos levará pelo caminho da santificação. Estamos a quase 30 anos dessas novas CCEE. Ao olhar pelo retrovisor da his- tória recente, vale a pena tomar em consideração o comentário do Pe. Francesco Chiovaro, um dos capitulares dos Capítulos de renovação: “A história da Congre- gação após 1969, prova mais uma vez que uma Regra não é suficiente. Naquele
  • 4. 4 tempo eu fui um dos que acreditavam que uma nova regra, melhor adaptada à Igre- ja e ao mundo moderno, seria o ponto de partida para o renascimento da Congre- gação. Eu era jovem, e dei grande importância aos textos. Realmente, a crise que tem afetado a Congregação (e muitos outros Institutos) provou que um texto não é suficiente. Nós precisamos de pessoas dispostas a comprometer suas vidas incon- dicionalmente à causa do pobre e do abandonado, pessoas como Afonso de Ligó- rio, Clemente Hofbauer, João Neumann, Pedro Donders e muitos outros. Nós pre- cisamos de santos.” De fato, após o Capítulo de renovação, iniciamos uma experiência de descen- tralização, que deu autonomia quase total às Províncias, perdemos a língua co- mum, o latim, que facilitava nossa comunicação, e a observância regular, que ga- rantia a unidade das comunidades e da Congregação deixou de ser o critério práti- co do bom Redentorista. Apesar de já termos caminhado muito, ainda não conse- guimos criar um novo perfil do Redentorista, que espelhe o seu íntimo e o identifi- que como fiel realizador dos sonhos de Santo Afonso, dando-nos uma unidade es- piritual, que não dependa mais das características do nosso hábito tradicional. Eis a razão do esforço feito pelos Capítulos gerais que seguiram a elaboração das CCEE, e principalmente desse último Capítulo. Queremos buscar e encontrar um novo perfil do Missionário Redentorista, que traduza com clareza o que pedem nossas atuais CCEE. Quais as características do Perfil redentorista (como pessoa, como Comunidade e como (Vice)Província e como Congregação) segundo o sonho de Santo Afonso e qual é aquela que herdamos e conhecemos? Em que há correspondência e em que há dissonância? IV. Os Capítulos Gerais posteriores às novas CCEE Os Capítulos gerais da CSsR., desde 1979, têm tido uma continuidade temáti- ca, que procura transformar em prática nossas atuais Constituições e Estatutos. É um processo de “constitucionalizar” as novas gerações e criar uma nova cultura redentorista, assim como a Regra de 1764 conseguira fazer. É uma caminhada longa, que envolverá gerações. Mas, o importante é não voltar mais atrás. Por isso, nenhum Capítulo geral poderá trazer algo “novo”, no sentido de fazer propostas que não estejam alicerçadas nas atuais CCEE. Eles devem explicitar e viabilizar a prática concreta das CCEE, e não inventar nem retroceder. A coerência e a fideli- dade às atuais CCEE é um critério da validade das decisões capitulares para todos nós. 1. XIX Capítulo geral de 1979: Propôs como tema para o sexênio de 1979-1985: “O Anúncio explícito do Evangelho”. A partir desse tema, todas as unidades deveriam rever e refazer a escolha de suas prioridades pastorais. Houve em toda a Congregação um esforço para redimensionar as obras existentes e uma abertura para novas missões. O tema deixa claro que no Perfil do redentorista um traço importante é o com- promisso de anunciar de forma explícita o Evangelho, por todas as formas de co- municação possíveis. O anúncio implícito é válido como espera do momento opor- tuno de proclamação explícita.
  • 5. 5 2. XX Capítulo geral de 1985: O tema que propôs à Congregação para o sexênio 1985-1991 aprofundou ainda mais o tema do sexênio anterior: “Anúncio explícito, profético e libertador do Evangelho aos pobres, deixando-se interpelar por eles (“Evangelizare paupe- ribus et a pauperibus evangelizari”), conforme o carisma da nossa Congregação, expresso nas Constituições 1,3,4,5 e nos Estatutos 09 e 021”. a) “Os pobres não são idéias e teorias, mas rostos, homens concretos”. Eles nos evangelizam, porque “nos questionam e nos comprometem a tornar-nos pobres e livres pelo Reino de Deus. Nossa opção pelos pobres nos chama, sem cessar, a uma conversão pessoal e comunitária.” (DF 05). O pobre dei- xa de ser apenas o destinatário e passa a ser respeitado também como pro- tagonista da Evangelização. b) Como conseqüência desse tema, o Capítulo geral extraiu e sublinhou alguns pontos muito importantes a serem levados em consideração para por em prática as decisões capitulares: “o conhecimento do homem de hoje, a incul- turação do Evangelho, os problemas de Justiça e Paz, nossa colaboração com os Leigos, a pastoral da juventude, o ecumenismo e o diálogo com as outras religiões.” (DF 07). c) Pede de todas as unidades uma nova revisão de suas obras, para examina- rem até que ponto estão a serviço dos pobres e abandonados de hoje e se nosso estilo de vida condiz com tal opção. d) Pede também que “a formação dos estudantes esteja em ligação com as prioridades pastorais” da sua unidade, e “que organizem para nossos estu- dantes um estilo de vida e uma formação que levem em conta nossa opção pelos pobres” (DF 13). e) “Incentiva também todos os confrades a manifestarem, mais clara e corajo- samente, sua solidariedade fraterna com todos os que sofrem as conse- quências da lógica evangélica.” (DF 14). Por isso, pede um reforço da Co- missão geral de “Justiça e Paz”, e que ela se regionalize. COMMUNICANDAS DO GOVERNO GERAL:  COM. 4: EVANGELIZARE PAUPERIBUS ET A PAUPERIBUS EVANGELI- ZARI (30/03/1986): uma reflexão do Governo geral sobre o Tema do sexê- nio.  COM. 10: SANTO AFONSO, MISSIONÁRIO DOS POBRES – REFLEXÃO A PROPÓSITO DO BICENTENÁRIO DA MORTE DE NOSSO FUNDADOR (01/07/1987): o exemplo vivo de Santo Afonso na prática do Tema do sexê- nio.  COM. 11: A COMUNIDADE APOSTÓLICA REDENTORISTA: EM SI MES- MA PROCLAMAÇÃO PROFÉTICA E LIBERTADORA DO EVANGELHO (25/12/1988): as conseqüências do Tema do sexênio sobre a Vida comunitá- ria redentorista.
  • 6. 6  Esse tema traça outra característica fundamental no Perfil do redentorista: o Pobre, como protagonista determinante do nosso carisma fundacional. Um anúncio explícito de libertação integral e de esperança profética. Contudo, a própria existência do Pobre deve interpelar toda a Vida Apostólica do Re- dentorista, como uma mensagem evangelizadora que condiciona nossas opções pastorais, nosso estilo de vida comunitária, a vivência da nossa con- sagração, a nossa formação, etc. 3. XXI Capítulo geral de 1991: Retoma o Tema do sexênio anterior, mas “aprofundando a nossa vida co- munitária apostólica como uma força profética que abra novos caminhos pa- ra uma missão encarnada; para alcançá-lo, sentimos a necessidade de acen- tuar a coerência entre a nossa evangelização inculturada, a nossa vida co- munitária e a nossa espiritualidade” (DF 11). Deste modo, o Capítulo propõe um Tripé de sustentação necessária para a nossa Vida Apostólica: a Vida comunitária, a Evangelização inculturada e a Espiri- tualidade. Pede um empenho particular pela Vida comunitária para que seja, por si mesma, uma força profética da Evangelização, que se deixa evangelizar pelos pobres. O Capítulo entende e propõe que só será possível cumprir com o Tema do sexênio se houver uma articulação entre Vida comunitária, Evangelização incultu- rada e Espiritualidade Redentorista. Se faltar um desses elementos (ou pés), não seremos capazes de manter a nossa Missão e os temas anteriores, que nos unifi- cam como uma só Congregação missionária em todo mundo. a) A Evangelização inculturada brota do mistério da Encarnação, a partir da perspectiva do abandonado e do pobre. Quem é missionário redentorista de- ve estar disposto a passar pelo processo da “kénosis”, fazendo-se tudo para todos. Além disso, é preciso preparar-se bem sobre o modo de pregar e sobre o conteúdo da pregação, para ir ao encontro das categorias culturais do ho- mem de hoje. É uma Evangelização com dupla vertente: ela se dá NA cultura e DA cultura, porque confronta a pessoa, a vida humana e a cultura com Je- sus ressuscitado. Nós nos vemos obrigados a tomar o partido por: “uma cultu- ra da vida, frente às múltiplas ameaças de morte; uma cultura da liberdade, perante os abusos de poder e as múltiplas solicitações à passividade; uma cultura da justiça, perante o egoísmo das nações, dos grupos e dos indiví- duos; uma cultura da solidariedade perante a ausência de responsabilidade coletiva e as atitudes corporativistas que se opõem ao bem comum.” (DF 19). Em tudo isso, é necessário “optar também claramente pela reflexão teológico- moral.” (DF 12). b) A Comunidade Redentorista: a Comunidade redentorista é o primeiro lugar onde está acontecendo a copiosa Redenção. É preciso deixar-se evangelizar sempre, a partir de fora, pelos Pobres, e a partir de dentro, pelos confrades. A partilha da fé, das alegrias, das preocupações, o sentimento de igualdade fra- terna entre todos, o respeito, o carinho com os idosos e doentes, um estilo de vida simples, etc. devem expressar na prática de que é Deus que nos reú- ne.(DF 24-26). O lugar geográfico e ambiental de nossas Comunidades deve corresponder à nossa opção missionária pelos pobres. É preciso buscar e cri- ar novos modelos de Comunidade, sempre aberta e acolhedora, em diálogo com todos os demais missionários da Igreja, levando em conta dois traços ca- racterísticos nossos: a proximidade ao povo e o testemunho de ser sinal do
  • 7. 7 Reino que anunciamos. É fundamental que a Comunidade seja “uma alterna- tiva aos mecanismos do “ter” e do “poder” (DF 31). Nenhuma expressão deve ser usada, como “padres redentoristas”, que discrimine a presença plena dos Irmãos. E cada vez mais, será importante acolher e integrar os Leigos em nossa Vida Apostólica, não apenas como suplência, mas como parte do nos- so carisma fundacional e das necessidades da Missão. c) A Espiritualidade Redentorista: eis a alma da Comunidade e da Evangeli- zação. Constata-se um certo vazio de práticas espirituais na Congregação. É preciso um esforço para viver uma genuína espiritualidade redentorista, par- tindo de uma autocrítica dos restos de jansenismo, de individualismo, de for- malismo e de devoções desconexas. - Corremos o risco de um dualismo: ativismo sem densidade espiritual ou um espiritualismo sem dinamismo missionário. É preciso levar a sério a profissão religiosa, como vivência pessoal e comunitária. O centro da Espiritualidade Redentorista. é o Cristo Redentor, em sua Encarnação, Paixão e Ressurrei- ção, celebrado na Eucaristia: somos “viva memória” dessa realidade para continuar sua missão no mundo “O Redentorista “segue” a Cristo Redentor e “prossegue” a sua práxis libertadora”. (DF 35-36). - Maria é a primeira discípula e o ícone perfeito da copiosa Redenção. A Bí- blia deve ser para nós o primeiro e decisivo livro de espiritualidade. A prática da caridade apostólica, que é uma caridade comprometida com a libertação da pessoa e com a ecologia. - Pede um esforço especial de criatividade para retomar nossa Espiritualida- de: partilhar a oração com o povo; dar-lhe seiva bíblica e profundidade teoló- gica; dar espaço às novas gerações; vivê-la também no contexto ecumênico; abri-la às tradições não-cristãs válidas; buscando formas simples e familiares de orar. Esse tripé básico da nossa Missão já deixa bem claro a exigência de começar um processo de Reestruturação da Congregação, tendo em vista o desequilíbrio de pessoal nas várias unidades e novas iniciativas pastorais.  COMMUNICANDAS DO GOVERNO GERAL: COM. 1: FAZER VIVER E CRESCER O ESSENCIAL DE NOSSA “VIDA APOSTÓLICA” (01/08/1992): é um aprofundamento do Tema do sexênio, apresentado pelo Conselho geral. COM. 2: A UNIDADE NA DIVERSIDADE (14/01/1994): trata a questão do pluralismo e da unidade na Congregação, apontando para o dinamismo da missão como ponto de convergência unificadora. Essa será também o ponto de partida e o critério legitimador para a Reestruturação. COM. 3: LER OS SINAIS DOS TEMPOS (08/09/1994): a partir das estatísti- cas da Congregação no mundo, apresenta as questões que irão exigir uma resposta de todos os Redentoristas, como foi a proposta de Reestruturação.
  • 8. 8 COM. 4: A COLABORAÇÃO DA COMUNIDADE REDENTORISTA COM OS LEIGOS – DIRETIVAS E NORMAS (08/09/1995): explicita melhor a figu- ra do Missionário Leigo Redentorista e traça algumas normas para viabilizá- la.  Esse Capítulo oferece mais alguns traços característicos do nosso Perfil: a dimensão comunitária da nossa vida e do nosso agir, como força em si mesma de Evangelização; a necessidade da Inculturação para que haja ver- dadeira Evangelização, o que para nós significa vivenciar a dimensão de ké- nosis da Encarnação do Santíssimo Redentor; e a apropriação de uma Espi- ritualidade Redentorista, que nos marca como missionários. Portando, no Perfil do redentorista, esse Capítulo aponta mais algumas linhas importan- tes: assumir a convivência missionária de cada dia, no ser e no agir, como experiência de comunhão evangélica, estar disponível para “encarnar-se” em qualquer cultura para levar-lhe a Boa Nova de Jesus e trazer no coração uma mística própria, bem ligada ao Redentor, que dá a razão de ser da nos- sa alegria e disponibilidade missionária. 4. XXII Capítulo geral de 1997: Esse Capítulo retomou o Capítulo de 1993 e decidiu dar um destaque espe- cial para a dimensão de Espiritualidade Redentorista. A Mensagem final do Capítulo é muito clara: “Decidimos que, para o próximo sexênio, a Espiritualidade deverá ser o prisma através do qual vejamos todas as di- mensões de nossa vida. A Espiritualidade é ao mesmo tem- po, origem e fruto da missão”. “Qualquer ação missionária, que não brote de um profundo compromisso com Jesus, está destinada ao fracasso”.(nn. 5-6) “Seja qual for o contexto de vida, cremos que todos os redentoristas somos chamados hoje a cen- trar nossa atenção em um aspecto fundamental de nossa espiritualidade, isto é, na forma como nutrimos e manifestamos nossa relação com Je- sus.”( n. 3)  Nas Orientações, o Capítulo geral reafirma o Tema do sexênio dos Capítulos anteriores, acrescentando, porém: “Parece-nos que a vivência desse tema exige uma mística de vida (compreensão contemplativa da vida). Não é fácil chegar a essa mística (compreensão), sendo necessária uma conversão, que é dom do Espírito. Pedimos, pois, que os redentoristas centrem sua aten- ção na espiritualidade como eixo fundamental, de tal maneira que a obra da Nova Evangelização seja edificada sobre rocha e não sobre areia”. E continua:
  • 9. 9 “O XXII Capítulo geral recomenda que a Congregação assuma a Espiritua- lidade como tema do próximo sexênio. Todas as dimensões de nossa vi- da – Missão, Comunidade, Consagração, Formação, Governo – devem ser compreendidas e vividas a partir do ponto de vista da espiritualidade”, recomendando ainda “que, atentos à fome espiritual de tantos em nossa socie- dade, busquemos formas novas e criativas para partilhar nossa herança espiri- tual com os outros.”(n. 1)1  Insiste que se volte à fonte viva do espírito de Santo Afonso e de São Clemente para unir Espiritualidade e Missão. Ela nos levará a selecionar as obras que são missionárias e extraordinárias, estabelecer comunidades entre os abandonados e estar presentes nas situações de necessidade mais urgente, além de servir de critério para nosso estilo de vida.  Ao unir Espiritualidade e Vida comunitária é preciso fazer experiência de novas estruturas, que favoreçam a oração comunitária e pessoal, a eucaris- tia, as reuniões de partilha, a recreação, etc.  Os Leigos Missionários Redentoristas devem ser formados em nossa Espiritualidade e acolhidos para orarem conosco e nós com eles. E devemos ter comunidades abertas à participação dos jovens. A elaboração mais sistemática sobre o tema da Espiritualidade ficou por conta do novo Governo Geral que, em 25/02/1998 apresentou a Communicanda 1: Espiri- tualidade, nosso desafio mais importante; e em 14/01/2000 nos ofereceu a Communicanda 2: “Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho!”(1Cor 9,16).  Communicanda 1: Espiritualidade, nosso desafio mais importante: pro- cura esclarecer que o tema Espiritualidade “não significa intimismo nem fuga de nossas responsabilidades ou do necessário compromisso com nossa his- tória”(n. 5), nem “porque o exige a cultura em voga”(n. 6), mas porque “a es- piritualidade é fonte de unidade para toda a Congregação” (n. 7). Diante do nosso excessivo ativismo missionário, não podemos nos esquecer de que “na medida em que procuramos dar a Deus o centro de nossa vida, nós nos realizamos em plenitude”. (n. 9). O esfriamento no „zelo missionário‟, a ruptu- ra entre fé e vida, a falta de um programa de oração, o vazio espiritual, a fu- ga para outras espiritualidades, os egressos da Congregação, as dificulda- des nas relações inter-pessoais e na pastoral parecem diagnosticar que “nem sempre estamos dispostos a „dar resposta a todo aquele que nos pede a razão de nossa esperança‟(1Pd 3,15)”(nn. 12-17). “Temos necessidade, então, de um „ponto de apoio‟ que nos impeça de viver perenemente na su- perficialidade. Precisamos também de algo que nos ajude a fazer uma sínte- se interior, independente dos fatores externos, sempre em mudança, e este „algo‟ o Capítulo encontrou na espiritualidade.”(n. 11) É uma espiritualidade 1 Cfr Atas do Capítulo Geral 1.997
  • 10. 10 que se situa na teologia da Encarnação, tem como coração a misericórdia, é popular, sente compaixão pelo pobre, é fonte e fruto da missão, envolve-se com a pastoral, é comunitária e dá um espaço particular a Maria como Mãe do Perpétuo Socorro (nn. 24-26). A Espiritualidade é sempre uma experiên- cia primeiramente pessoal e insubstituível. A Congregação só poderá mani- festar a sua Espiritualidade como comunitária, na medida em que cada um entra e cresce no processo pessoal de iniciação espiritual: “Devemos redes- cobrir-nos pessoalmente como „redimidos‟, para podermos dar crédito ao nosso ser „redentoristas‟.”(n. 30). A validade e viabilidade de nossa missão está pendente da vivência de nossa Espiritualidade: “A espiritualidade ofere- ce-nos a ocasião de tornar mais confiável e incisivo nosso ministério... por- que Cristo (Mt 28,20) e os pobres (Mc 14,7) estão sempre conosco. Não nos faltará jamais a „matéria prima‟ para uma dedicação generosa!” (n. 36)  Communicanda 2: “Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho!”(1Cor 9,16): insiste na unidade entre espiritualidade-missão, de tal modo que ja- mais constituam 2 conceitos, mas que se fale sempre em espiritualidade missionária: “a origem e fonte de nossa espiritualidade se encontra justa- mente em nossa Missão, devendo ser definida, conseqüentemente, como uma espiritualidade autenticamente missionária” (n. 13). Ela “deveria ser pa- ra nós como que uma espécie de plasma vital no qual, de forma harmônica, todos os elementos de nossa vida se uniriam.”(n. 9). Se queremos dar um nome à nossa Espiritualidade, certamente será uma Espiritualidade da Copiosa Redenção. Por isso, “na medida em que nos abrimos à copiosa Redenção de Cristo Jesus, nessa mesma medida nos sentimos também obrigados a „partilhar nossa fé e nossa esperança com todos‟.”(n. 15)  Communicanda 3: Descobrindo o melhor vinho, no final – Reflexões so- bre uma espiritualidade para os confrades da terceira Idade (08/12/2000)  Communicanda 4: UM SÓ CORAÇÃO E UMA SÓ ALMA (AT 4,32) – UMA REFLEXÃO SOBRE A SOLIDARIEDADE NA CONGREGAÇÃO (31/03/2002): trata da solidariedade na Oração, na Missão, na posse dos bens, na formação, que está exigindo a descoberta de novas estruturas.  O que esse Capítulo oferece como contribuição para o Perfil redentorista? Ele pede que nosso Perfil seja delineado de dentro para fora, a partir de marcas características em nossa alma, em nossa escala de valores, em nossa compreensão da vida, do mundo e da nossa própria Missão a partir de uma dimensão de fé como adesão-união de amor com Jesus Redentor. A consciência de fé de que somos os primeiros em processo de Redenção, is- to é, estamos sendo redimidos todos os dias pela misericórdia do Pai e pelo amor do Ssmo. Redentor. Por isso, toda a nossa dedicação missionária, com todos os seus „tabores e calvários‟, é uma resposta total a esse imenso amor. Eis o que faz o Redentorista não depender dos resultados positivos ou
  • 11. 11 negativos da sua pastoral. Há algo mais dentro dele que sustenta sua moti- vação missionária e sua disponibilidade para os desafios pastorais. 5. XXIII Capítulo geral de 2003: O tema escolhido foi um esforço para sintetizar num só lema toda a caminhada dos Capítulos anteriores: DAR A VIDA PELA COPIOSA REDENÇÃO “Fomos de tal modo seduzidos pelo chamado de Deus, que somente dando a nossa vida pela copiosa Redenção podemos responder ao amor de Deus por nós.” (DF 3). “Dar a vida pela copiosa Redenção exprime nossa imensa alegria de estarmos com Jesus enquanto comunidade e de sermos enviados como comunidade a pregar aos mais abandonados.” (DF 4)  “Convidamos novamente todos os confrades e todas as comunidades a examinar novamente as conseqüências do „ato que define toda a nossa vida missionária de Redentoristas‟, ou seja, a nossa profissão religiosa”.(DF 4)  Corremos o perigo de ser “seduzidos pelo consumismo e pelo individualismo sempre mais difusos. O nosso testemunho contra-cultural luta para sobrevi- ver diante de estilos de vida predominantes, alheios ao Evangelho. A nossa vida de comunidade e s nossas estruturas descentralizadas são profunda- mente afetadas pelo processo de globalização, desafiando-nos a repensar até que ponto elas servem à nossa missão.” (DF 8)  “A Congregação deve enfrentar o desafio da reestruturação para o bem da nossa missão. A solidariedade pode suscitar muitas estruturas novas e cria- tivas em todos os níveis da vida da nossa Congregação, especialmente no campo da formação e das iniciativas pastorais.” (DF 11)  O ícone evangélico são os Discípulos de Emaús, em seu caminho de volta para Jerusalém. “Não é surpreendente que aqueles que convidaram o Re- dentor Ressuscitado ao aconchego e segurança da sua casa porque já era tarde, não hesitaram em deixar de lado seus temores e tomar o caminho de volta para Jerusalém a fim de partilhar com os outros a notícia da esperança e da vida? Aquilo foi a copiosa Redenção em ação; sempre presente para nós e nunca para nós somente. Apressemo-nos juntos, porque amanhã po- de ser tarde demais.” (DF 16)  Nas Orientações, o Capítulo toma decisões para encaminhar definitivamente a questão da Reestruturação, afirmando que “o objetivo geral dessa reestru- turação é orientar positivamente, num espírito de solidariedade, o dinamismo apostólico da Congregação no cumprimento da sua missão na Igreja. A Congregação existe para a missão e deve adaptar a ela as suas estruturas.” (DF 11.2) Para que isso aconteça, o Conselho geral deverá nomear “uma Comissão, que apresentará modelos e estratégias para melhorar e readap- tar as atuais estruturas da Congregação.” (DF 11.3). Todo esse trabalho de- verá estar pronto para o Capítulo geral de 2009.  COMMUNICANDAS DO GOVERNO GERAL:
  • 12. 12 COM. 1: CHAMADOS A DAR A VIDA PELA COPIOSA REDENÇÃO (08/04/2004): I. DAR A VIDA HOJE: um tema corajoso – que missão justifica estrutu- ras novas? – Cristo Redentor, única resposta às nossas perguntas II. DEIXAR-SE SEDUZIR PELO AMOR DE DEUS EM CRISTO: valorizar a nossa caminhada mais recente – nosso itinerário para a descoberta do rosto de Cristo III. A REESTRUTURAÇÃO A SERVIÇO DA MISSÃO: chamados à con- versão – um impulso que vem de longe – o caminho proposto pelos últimos Capítulos Gerais – a necessidade de rever nossas estruturas atuais – o que entendemos por “reestruturação”? – alguns critérios para a reestruturação – uma mudança mais profunda – um processo que envolve a todos – como dar continuidade ao processo de reestru- turação? COM. 2: A REDENÇÃO (04/06/2006) A urgência sentida no XXIII Capítulo Geral – o papel essencial da metáfora (“redenção”) – I. BEBENDO DO PRÓPRIO POÇO II. PENETRAR O MISTÉRIO HOJE: a busca de sentido e a fome de es- piritualidade – a realidade do pecado e do mal – sinais e testemunhas do Reino III. “COLABORADORES, COMPANHEIROS E MINISTROS DE JESUS CRISTO NA GRANDE OBRA...”: centralidade de Jesus Cristo: com Ele há copiosa Redenção – a conversão para a compaixão: que se manifesta em kenosis – companheiros em nossa caminhada  CARTA AOS CONFRADES: “CHAMADO A SER APÓSTOLO DE CRISTO JESUS PELA VONTADE DE DEUS” (1COR 1,1): longa carta-testamento do Pe. Tobin a todos os confrades de 08///09/2009, em que ele se expressa principalmente sobre a Consagração religiosa.  O lema do Capítulo soa como uma convocação direta a cada Redentorista, para que, acolhendo tudo o que lhe foi proposto pelos Capítulos anteriores, disponha-se a dar a própria vida pela copiosa Redenção. Portanto, deixa bem claro que o Perfil do verdadeiro Redentorista exige uma radicalidade de decisão que envolve a própria vida. Se não estiver disposto da gastar a vida pelos redimidos (“dies impendere pro redemptis”), não vale a pena compro- meter-se com nossa Congregação. Redentorista não pode fazer poupança da vida, tem que gastá-la com gosto e com generosidade. Em tudo, ele esta- rá sempre e apenas tentando corresponder a um Redentor, que o amou pri- meiro. Faz da sua vida uma resposta de amor a um Amor muito maior. Ao rever os temas e lemas dos Capítulos gerais, quais são as características do Perfil redentorista que você colocaria em maior destaque? Que sentimen- tos lhe vêm diante dessas características? Esperança, receio, coragem, de- sencanto...?
  • 13. 13 V. É TEMPO DE REESTRUTURAÇÃO, É TEMPO DE UM NOVO PERFIL DO MISSIONÁRIO REDENTORISTA O QUE NOS PEDE O XXIV CAPÍTULO GERAL 2009? “ANUNCIAR O EVANGELHO DE MODO SEMPRE NOVO” RENOVADA ESPERANÇA, CORAÇÕES RENOVADOS, ES- TRUTURAS RENOVADAS PARA A MISSÃO ANUNCIAR O EVANGELHO DE MODO SEMPRE NOVO É ANUNCIÁ-LO COMO ALGO NOVO! COMO UMA LINDA NOVIDADE! COMO BOA NOTÍ- CIA QUE SURPREENDE E CATIVA!  Trata-se de uma proposta de Reestruturação, que não compreende apenas as estruturas de organização e de governo, mas também o Perfil interior e exterior do Missionário Redentorista. Para isso, é fundamental renovar a nossa esperança e confiança na Missão, é preciso reestruturar o coração, no sentido de uma conversão, que redirecione nossa disponibilidade e nossa solidariedade, e é imprescindível que acolhamos pra valer as novas estrutu- ras, com todas as mudanças que ela irá exigir.  Temos a confiança de que estamos dando os primeiros passos para constru- ir uma nova “cultura redentorista”, dentro da qual possamos sentir-nos fiéis ao nosso Fundador e à sua Espiritualidade, felizes em nossa vida comunitá- ria e mais potencializados para cumprir nossa vocação de Missionários do povo, principalmente dos abandonados e pobres.  COM RENOVADA ESPERANÇA PARA A MISSÃO : Prontos a dar teste- munho da esperança que existe em nós. (cfr. 1Pd 3,15; Const. 10) Toda a proposta de Reestruturação se insere num espírito de ESPERANÇA EVANGÉLICA. É um DOM do Espírito, que continua a confiar na validade da nossa Família missionária. É uma busca de novas formas de SOLIDARIEDADE MISSIONÁRIA ENTRE NÓS, para atender „de modo especial os pobres, os mais fracos e oprimi- dos.‟ (CC. 4) A ESPERANÇA é a virtude essencial para realizar a Reestruturação: olhar confiante para frente e não mera restauração do passado. A reestruturação é ao mesmo tempo dom e tarefa para a Congregação e não meramente uma nova instância burocrática. Há um novo Governo Geral, disposto a liderar este processo: Pe. Michael Brehl como Superior Geral. E foi significativo que, pela primeira vez em nos- sa história, está um Irmão, Jeffrey Rolle, junto com o Pe. Enrique López, vi-
  • 14. 14 gário geral, Pe. Jacek Dembeck, Pe. Juventius Andrade, Pe. João Pedro e Pe. Alberto Eseverri.  CORAÇÕES RENOVADOS PARA A MISSÃO: „Eu vos darei um coração novo e porei em vós um espírito novo.‟ (Ez 36,26) . „…Toda a sua vida cotidiana deve ser marcada pela conversão do coração e constante re- novação do espírito.‟ (Const. 41) O ponto de partida é a CONVERSÃO, a partir de um coração generoso e aberto à renovação. A conversão nos chama de volta ao nosso primeiro amor, (cfr. Ap 2,4) a „manter nosso olhar fixo em Jesus‟. (Hb 12,2) A conver- são é um dom que Deus está oferecendo para cada confrade, para nossas comunidades e para toda a Congregação. (Const. 12) Deve nos direcionar: a uma NOVA SOLIDARIEDADE em Cristo e a uma NOVA DISPONIBILIDADE para responder com generosidade ao chamado de Deus. A Conversão deve renovar em nós o zelo apaixonado pela missão da Con- gregação. Deve provocar o processo „pleno e contínuo‟ de renovação de to- dos os aspectos de nossas vidas. (Const. 11), para sermos fiéis à nossa tra- dição. A Conversão deve nos persuadir da necessidade de eliminar aquilo que nos impede ou nos limita na vivência de nosso carisma. Quanto mais radical for a nossa conversão, tanto mais radical e profética será nossa Vita apostolica. (Const. 1)  ESTRUTURAS RENOVADAS PARA A MISSÃO: „Diga ao povo que se po- nha a caminho.‟ (cfr. Ex 14,15) „Anunciar o Evangelho de modo sempre novo.‟ (São Clemente) Precisamos de NOVAS ESTRUTURAS para anunciar hoje o Evangelho de modo novo e atender as novas áreas de urgência missionária, principalmen- te em favor dos pobres e abandonados. As Propostas decididas pelo Capítu- lo Geral: 7 Princípios que dinamizam as novas Estruturas: Conferências, a Rede Inter‐Conferências, a Solidariedade em termos de pessoal e em ques- tões financeiras É um apelo para um novo Êxodo, como Santo Afonso para os cabreiros de Scala: vai afetar todos os confrades e leigos associados. É preciso por-se a caminho logo. A estrada é longa. Todos, Redentoristas Consagrados e Lei- gos, estão convidados a partir juntos neste Êxodo missionário, a „descobri- rem com perspicácia, como pioneiros, novos caminhos, através dos quais o Evangelho seja pregado a toda criatura‟. (Const. 15)
  • 15. 15 É essencial que a reestruturação de nossa Congregação, de nossas comu- nidades e de nossas vidas pessoais seja guiada pelo Espírito Santo, sem medo de assumir riscos por amor à missão. As novas Estruturas vão gerar maior liberdade quanto ao objetivo e aos métodos de nossas iniciativas mis- sionárias. A Mãe do Perpétuo Socorro, Santo Afonso e todos os Santos e Beatos de nossa Congregação irão nos acompanhar nessa caminhada de renovação. Temos renovada esperança, corações renovados e estruturas renovadas para a missão porque o próprio Redentor está no coração de nossa comuni- dade. (Const. 23) É Deus que renova todas as coisas. (cfr. Ap 21,5) 1. OS SETE PRINCÍPIOS O 1º. Princípio apresenta o por quê e o para que da Reestruturação. Não se trata de um conceito genérico de missão, mas daquela missão que está de- finida em nossas cinco primeiras Constituições. O acolhimento vocacional desse princípio é condição absoluta para tornar-se Missionário redentorista. Sem ela, jamais se esboça o Perfil de um seguidor de Santo Afonso. Isso implica uma revisão profunda de nossas prioridades apostólicas e assumir novas opções. O 2º. Princípio nos reintroduz na totalidade de nossas Constituições e Esta- tutos, intitulada Vida Apostólica, cujo ponto de partida é nossa dedicação a Cristo Redentor pelos 4 votos. Nossa consagração missionária visa dar-nos uma disponibilidade incondicional para a Missão. Disponibilidade para abra- çar outras culturas e para dar um testemunho contra-cultural. Por isso, a disponibilidade missionária é um elemento integrante do Perfil redentorista. O 3º. Princípio nos coloca em constante mobilidade, no acompanhamento contínuo dos mais abandonados. Não faz parte do nosso Perfil ser um re- dentorista estático. Pessoalmente ou em comunidade e equipe, fazemos parte de um grupo móvel dentro da Igreja. Nada jamais deve ser mantido que nos impeça de ir ao encontro do destinatário próprio do nosso carisma fundacional. O 4º. Princípio nos propõe uma atitude concreta de Solidariedade interna, entre nós e entre as Unidades, em vista da Missão. Uma Solidariedade que inclui pessoas, meios e recursos econômicos. Não podemos nos fechar em nossas Comunidades, Equipes e Unidades, quando há situações de fragili- dade e a Missão exige colaboração. A consciência de ser Redentorista den- tro de um horizonte mais amplo certamente integrará o Perfil dos novos re- dentoristas.
  • 16. 16 O 5º. Princípio é o da Associação entre as Unidades, exigindo que nenhu- ma dela jamais se isole em sua ação missionária. Isso deverá provocar um maior conhecimento entre os confrades das várias Unidades, além de exigir certas condições de formação comum, em vista da mútua colaboração. No- vamente, no Perfil do redentorista, deve diminuir o peso de identificação com sua própria Unidade e a abertura para viver e atuar em colaboração com confrades de outras Unidades. O 6º. Princípio expressa a consciência de que somos missionários com um senso de responsabilidade teológica pelo que somos e fazemos. A reflexão teológica é parte vital da nossa Missão. Por isso, no Perfil do redentorista está também a sede de aprofundamento constante, para jamais cair na su- perficialidade ou no funcionalismo pastoral. O 7º. Princípio nos possibilita encarar toda a proposta de Reestruturação como um processo de conscientização, de participação e de corresponsabi- lidade de todos. O próprio Perfil do novo redentorista será como um elemen- to vivo, que irá crescendo e se definindo gradativamente. Não há perfis pron- tos. É preciso buscar, propor, testar, antes de confirmar algum novo perfil. Será um processo de criatividade pessoal e comunitária, que nossa geração tem o dever de começar.  Os sete princípios estão perfeitamente propostos em nossas CCEE. Contu- do, eles selecionam e focalizam alguns aspectos imprescindíveis para o pro- cesso de Reestruturação. O acolhimento desses sete Princípios representa uma “conditio sine qua non” para entrarmos no caminho da Reestruturação. Em que eles incidem sobre o Perfil do redentorista atual, exigindo uma cor- reção de linhas? O que não tem sido tão relevante e deverá tornar-se daqui pra frente? 1. O Perfil do Redentorista nas Conferências Há uma nova instância de autoridade em nossa Vida Apostólica: a CONFE- RÊNCIA DOS REDENTORISTAS DA AMÉRICA LATINA E CARIBE. É uma ins- tância em processo de formação, que se solidificará entre cada Unidade e o Go- verno Geral. As demais Conferências: da Ásia-Oceania, da África e Madagascar, da Europa e da América do Norte, começam a dar seus primeiros passos. Esta no- va instância irá agir através de uma Assembléia representativa e de um Coordena- dor, com autoridade delegada pelo Conselho Geral, para: o estimular um novo despertar de nossa Vita apostolica, principalmente da nossa Missionariedade.
  • 17. 17 o provocar uma nova disponibilidade para a nossa missão entre todos os Re- dentoristas e leigos associados, o “levados pelo espírito apostólico e imbuídos do zelo do Fundador”, o “como colaboradores, companheiros e ministros de Jesus Cristo na grande obra da Redenção” (Const. 2).  A nossa Conferência é uma estrutura da Congregação que abrange todas as Províncias, Vice-Províncias, Regiões e Missões do México até a Patagônia. Já nasce com três Sub-Conferências:  URNALC: União dos Redentoristas do Norte da América Latina e Caribe  URSAL: União dos Redentoristas do Sul da América Latina  URB: União dos Redentoristas do Brasil  A Conferência é uma estrutura que facilitará um discernimento missionário mais amplo e a tomada de decisões com uma visão mais global, diante das urgências pastorais.  Será um fórum amplo de discernimento e decisão, evitando assim a tendência ao provincialismo e ao mesmo tempo considerando seriamente as necessida- des locais.  Assistir o Governo Geral na animação da Congregação.  Será um espaço para a colaboração efetiva nas áreas das prioridades apostó- licas, das iniciativas missionárias, da formação, das finanças, de pessoal etc., e para o estabelecimento de comunidades internacionais e interprovinciais.  Irá proporcionar segurança às Unidades frágeis e também apreço e desenvol- vimento de igrejas particulares dentro da Congregação.  Deverá oferecer um ambiente, na área da formação inicial e contínua, onde a atual geração dos Redentoristas e as futuras serão formadas numa visão glo- bal mais diversificada culturalmente.  São impensáveis a existência e o funcionamento das Conferências com a mentalidade em que eram formados os redentoristas nos últimos 50 anos: identificados quase que exclusivamente com sua Província, com certos an- tagonismos e competições entre as Unidades, disponíveis quase que ape- nas dentro de sua Unidade, que decidia sozinha quais seriam suas novas fundações, sem levar em conta, normalmente, as urgências de outras Uni- dades e as urgências da Igreja, em outras áreas que não fosse a área da sua Unidade. Somente o Governo geral, após longas negociações, conse-
  • 18. 18 guia criar algo novo, fora da jurisdição dos Governos e Capítulos (vice) pro- vinciais, mas não raro de forma precária.  Portanto, o novo redentorista terá que ser preparado desde a primeira pro- posta vocacional que é feita ao jovem candidato. Ele será Missionário reden- torista da Congregação toda, com um horizonte imediato marcado pela área da Conferência e da sub-Conferência. A sua Unidade de origem será ape- nas o seu ponto de partida, não mais o seu único campo de Missão. 2. Decisões da Reestruturação que irão marcar o Perfil do Redentorista  As prioridades apostólicas que serão escolhas feitas pela Conferência exigi- rão uma disponibilidade anterior àquela que as Unidades normalmente pe- dem dos confrades.  As Comunidades inter-provinciais e internacionais vão representar um novo desafio de convivência entre os confrades e com os leigos. Mais do que to- das as preparações e treinamentos que serão oferecidos, será fundamental a mística da Encarnação, tanto para viver com confrades de culturas distin- tas como para inserir-se em ambientes sociais e eclesiais diferentes daque- les em que fomos formados. A consciência de união no essencial ( a missão, a vida espiritual, etc.) e o espaço de liberdade no acidental (gostos culturais, desde o paladar até o canto) podem dar um colorido novo à vida comunitá- ria, ao invés de criar tensões e discórdias.  A superação da cultura do “provincialismo” e até de comparações desele- gantes entre as unidades depende de uma reação consciente das atuais ge- rações de redentoristas e de uma postura ativa diante de atitudes viciadas do passado. A dedicação a Cristo Redentor deveria ser a referência comum de fraternidade e de igualdade entre todos os Redentoristas, anterior e mais forte do que a diferença de nacionalidade, regiões, de culturas próprias, de tendências eclesiais, etc.  Uma nova DISPONIBILIDADE só é viável quando assumimos um “distacco” da necessidade vital de segurança, que normalmente tende a nos manter em ambientes conhecidos e seguros. Quem não tem algo de espírito de aventura, de risco, dificilmente será um bom missionário redentorista.  O sentido de pertença à Congregação, desde o início da formação, deverá ser ampliado, formando a consciência de ser membro da Congregação toda e não somente de uma Unidade, tendo em vista uma disponibilidade pessoal além dos limites de origem.
  • 19. 19  Cada vez mais, o estudo de línguas estrangeiras e de outras culturas, além da imersão concreta em outras Unidades, com culturas distintas, deverá en- trar no currículo da formação inicial.  Novos projetos de Noviciados e Teologados deverão surgir, sob a coordena- ção da Conferência, tendo em vista as Comunidades interprovinciais e inter- nacionais.  A Conferência estabelecerá programas para a formação contínua de todos os confrades. Dará especial atenção ao período de transição para o ministé- rio, i.e., o período dos cinco primeiros anos após os votos perpétuos ou a ordenação. 3. Um novo tipo de Governo da Comunidade Apostólica a. O mandato quatrienal, isto é, de 4 anos, vai criar maior estabilidade dos con- frades em suas transferências e nomeações. Você acha que isto será um ga- nho em vista do compromisso com a Missão? b. A instância da Conferência e de uma autoridade intermédia entre a autoridade da Unidade e o Governo geral, com capacidade de decisão e de implementa- ção das decisões tomadas, irá provocar um novo desafio às nossas tradições e exigirá um novo acolhimento do voto de obediência. O novo Redentorista deve- rá estar aberto para acolher e colaborar com essa nova instância. c. As decisões das Assembléias da Conferência terão prioridade sobre as deci- sões dos Capítulos e Assembléias provinciais, com a subseqüente implemen- tação. O novo Redentorista deverá acolher tranquilamente tais decisões, com disponibilidade para assumi-las e praticá-las prioritariamente a outras decisões. d. A representação nas Assembléias da Conferência será, em parte, por eleição de Vogais. É uma nova responsabilidade de escolha que se coloca diante dos confrades de cada Unidade. e. Os Leigos deverão ser integrados como participantes das Assembléias. Tam- bém aqui, no novo Perfil do Redentorista está o pleno acolhimento e a integra- ção dos Leigos, como corresponsáveis, em todas as etapas da nossa Missão e como participantes da nossa Espiritualidade. 4. O trabalho em Rede  Para que as Conferências não corram o risco de ficarem fechadas em si mes- mas, como acontecia com algumas Unidades, o Capítulo propôs também o tra- balho em Rede, em determinadas áreas de atuação pastoral que estão presen- tes em toda a Congregação e em certas situações de carência mais graves, como: a mobilidade humana, com o fluxo constante de migrantes, principal-
  • 20. 20 mente em direção aos países ricos do hemisfério norte; os santuários; o desa- fio de continuar a tradição redentorista de reflexão teológica; os meios de co- municação social; as Missões populares; a pastoral da juventude; as paróquias missionárias; a justiça social; e o desafio de estruturar a Congregação na África e no Madagascar.  Essa tarefa é confiada ao Governo geral, que deverá encontrar repercussão e apoio concreto nas diversas Conferências. Mais uma vez, essa nova dimensão deverá integrar a corresponsabilidade de todos os confrades e a consciência de que as Unidades não podem isolar-se em suas autonomias, mas procurar associar-se, estar abertas e colaborar constantemente. Para discernir um novo Perfil Para que o Redentorista tenha um Perfil capaz de assumir a proposta de Reestru- turação: 1. Qual deveria ser o seu Perfil teológico, enquanto ideário sobre Deus, sobre Jesus, sobre Igreja e sobre Missão no mundo? 2. Que tipo de Perfil psicológico estaria mais aberto a essas propostas? Tipo de temperamento, de tendências, de heranças culturais, etc. 3. Quais as características mais importantes para o Perfil do Redentorista da Conferência da América Latina e Caribe? 4. Quais as decisões práticas imediatas que deveriam ser tomadas nas ares da formação inicial, da convivência comunitária e da missão em vista desse no- vo Perfil?
  • 21. 21 Perfil de uma Conferência  No passado, as Unidades fizeram um trabalho corajoso, em alguns casos mediante acordos bilaterais ou multilaterais com outras Unidades, consul- tando o Conselho Geral. Porém, as urgências pastorais do nosso tempo pe- dem uma estrutura que facilite um discernimento missionário mais amplo e a tomada de decisões com uma visão mais global.  A Conferência pode oferecer a oportunidade para uma revisão mais profun- da da vida e da obra dos Redentoristas dentro de suas fronteiras. É um fó- rum para o discernimento pastoral de um modo diferente daquele feito pelas Unidades isoladas ou multilateralmente; um fórum onde as necessidades lo- cais podem ser seriamente consideradas, mas contempladas num contexto mais amplo.  Dentro da Conferência, o desafio para a vitalidade missionária vai além das fronteiras nacionais imediatas. Isto garante que podemos vencer o provincia- lismo e, ao invés, alargar nossa apreciação do chamado à evangelização no mundo atual.  A Conferência tem mais capacidade de proporcionar um sentimento de se- gurança para as novas iniciativas apostólicas, mas também, o que é impor- tante, dar um sentimento de segurança às Unidades frágeis. (No passado, essa segurança vinha muitas vezes de poderosas Províncias mães.)  Como estrutura, a Conferência oferece o ambiente para uma apreciação maior da conservação e do desenvolvimento dos vários ritos litúrgicos dentro da Congregação.  Em termos de recursos econômicos, a Conferência teria sistemas apropria- dos que permitiriam maior equidade e solidariedade, e mais efetivo discer- nimento nos interesses da missão redentorista.  A Conferência ajuda a discernir possibilidades e prioridades para iniciativas e convites para a missão.  A Conferência oferece um horizonte mais amplo para a identidade da próxi- ma geração de Redentoristas.  A Conferência ajuda a dar direção, visão e critérios orientadores (política) à formação inicial e contínua.  A criação de comunidades internacionais e interprovinciais de missão reden- torista e o apoio a elas é primariamente uma responsabilidade da Conferên- cia.
  • 22. 22  A Conferência assiste o Governo Geral na animação da Congregação como um todo. Perfil do confrade Redentorista formado dentro desta nova visão  Os princípios da reestruturação asseguram a continuidade da nossa identi- dade fundamental e da nossa missão como Redentoristas na Igreja e no mundo. Ao mesmo tempo, eles requerem realidades e estruturas novas que dêem novo impulso a esta missão e a esta identidade.  Em termos concretos, é este o perfil do confrade que faz parte desta Con- gregação recém‐estruturada:  Ele participaria de um programa de noviciado comum a várias Unidades, ge- ralmente pertencentes à mesma Conferência. Entraria em contato com con- frades de outros países, de outras culturas e talvez também de outras lín- guas.  Durante a sua formação inicial, ele ficaria conhecendo o carisma da Congre- gação e os dons e apostolados especiais de sua própria Unidade. Entende- ria a partir de nossa história que a renovação e a reestruturação constantes têm sido vitais para a continuidade da nossa missão.  Ao fazer os votos, seu compromisso será com a Congregação inteira e não simplesmente com sua Unidade particular. Praticamente, este compromisso se expressará dentro do âmbito de sua Unidade e da Conferência à qual es- ta Unidade pertence. Com outras palavras, o confrade deverá ter uma idéia global das circunstâncias em mudança, das realidades humanas e das prio- ridades apostólicas não só da sua Unidade, mas de toda a Conferência à qual ele pertence.  Ele vai ser informado, por exemplo, a respeito do fenômeno dos migrantes dentro da região geográfica que sua Conferência representa. Para dar outro exemplo, ele será capaz de participar do apostolado especial dos santuários redentoristas no interior de sua Conferência, apostolado este que vem cres- cendo em importância dentro do fenômeno moderno da religiosidade popu- lar.  Acima de tudo, ele saberá que pertence a uma Congregação de âmbito mundial que leva a sério o desafio de estar atenta aos sinais dos tempos e de tomar decisões apostólicas vitais que respondam sempre de novo ao nosso chamado à missão.
  • 23. 23 CREDO DO MISSIONÁRIO REDENTORISTA Creio que Deus Pai de tal modo me amou que me deu seu Filho único como meu Redentor (Jo 3,16) Creio que Jesus me amou e se entregou totalmente por mim (Gl 2,20), a tal pon- to que se aniquilou a si mesmo tornando-se semelhante a mim em tudo, exceto no pecado (Fl 2,5-11). Por meu amor, fez-se criança num Presépio. Por meu amor, ofereceu-se à morte na Cruz. Por meu amor, reduziu-se a um pedaço de pão na Eucaristia. Por tudo isso, creio que a Redenção é abundante para mim e para todas as pes- soas. (Sl 130) Creio que somente amando Jesus Cristo acima de tudo e amando cada pessoa como Jesus amou serei uma “Memória viva” de sua presença encarnada no mundo (1Cor 13) Creio que Ele me ungiu para continuar sua missão, pelo anúncio dessa Boa Notí- cia aos pobres (Lc 4,18-19). Creio que Maria é a Mãe da Esperança, que me ajudará a dar uma resposta de amor a tão imenso amor. Amém. ORAÇÃO DO REDENTORISTA Pai santo, fazei-me forte na fé, alegre na esperança, fervoroso na caridade, inflamado no zelo, humilde e sempre dado à oração. Dai-me forças para que seja um homem apostólico e genuíno discípulo de Santo Afonso, seguindo contente a Cristo Salvador. Concedei-me participar do seu Mistério e anunciá-lo com evangélica simplicidade de vida e de linguagem, pela abnegação de mim mesmo, pela disponibilidade constante para as coisas mais difíceis, a fim de levar a todos a copiosa Reden- ção. É o que vos peço pela intercessão de Maria Santíssima e de Santo Afonso, por meio de Jesus Cristo, Nosso Santíssimo Redentor. Amém. P. J. Ulysses da Silva, Curitiba, 12/07/2011
  • 24. 24 DESAFIOS DA MISSÃO REDENTORISTA NA AMÉRICA LATINA E CARIBE Vivemos um momento ímpar na História da nossa Congregação. Esta- mos sendo convocados a uma autêntica mudança cultural. Para isso, é preciso acreditar que se trata de um apelo do próprio Espírito, é im- prescindível alimentar esperanças e sonhos, e é necessário dar passos conjuntos numa mesma direção. Toda mudança cultural é processual, não é feita jamais por decretos e à força. Exige da geração atual uma Conversão missionária, para que assuma com responsabilidade esta evolução histórica, que deverá criar um novo perfil de Redentorista nas próximas gerações. Para discernir quais os desafios que deverão nos unir como um só Conferência de Redentoristas na América Latina e Caribe, vejamos: - alguns desafios propostos pelo Documento de Aparecida - nossos desafios redentoristas constantes - algumas pastorais missionárias válidas - desafios para a Conferência Redentorista da América Latina e Caribe Desafios do Documento de Aparecida 1. A Missão Evangelizadora Redentorista na América latina e Caribe necessariamente deve inserir-se no grande contexto da Missão Continental a que fomos todos convocados pelo V Celam. Após o Documento de Aparecida, a participação na vida e na mis- são da Igreja supõe assumir os desafios missionários propostos pe- lo V Celam. 2. A Missão Continental continua sendo a proposta mais englobante de concretização do Documento de Aparecida. Não se trata de um ou mais projetos de ação missionária. Os aspectos mais importantes da Missão Continental são:  Um novo espírito ou atitude missionária, capaz de impregnar toda a vida e ação da Igreja latino-americana e caribe- nha. Dentro da Missão Continental cabem todos os esforços missi-
  • 25. 25 onários que já vem sendo realizados, mas é preciso algo mais, que responda à urgência de uma ação missionária conjunta.  Uma nova criatividade evangelizadora, em termos de métodos, de espaço e tempo missionários, que prevaleçam so- bre a pastoral de manutenção.  O envolvimento de todas as forças vivas da Igre- ja, para além das diferenças ideológicas e grupais que conhece- mos, como um grande mutirão que potencialize e abra espaço de atuação a todos os batizados de boa vontade. Para que isso acon- teça, é inevitável questionar o monopólio centralizador do clero, desde as estruturas diocesanas até as paroquiais e também os nossos esquemas de Missões populares.  A partida em busca dos afastados da vida da Igreja. Não se poderá considerar ação de Missão Continental os projetos que se dirigem dos mesmos com os mesmos e para os mesmos, sem sair de si para entrar em contato e convocar os que estão dis- tantes, afastados, desmotivados, esquecidos e abandonados.  Uma nova campanha para salvar a Vida do ser hu- mano e de toda a natureza. Vida abundante para todos é a expres- são atualizada da nossa “Copiosa Redenção”. A idéia da Vida passa a ser o núcleo do kerigma de Aparecida. Um kerigma que possibili- ta muitas formas de colaboração com muitos outros grupos sociais, de ecumenismo, de diálogo inter-religioso, etc., como também, de luta social, de opção preferencial pela libertação dos pobres excluí- dos da vida, de atitudes éticas diante da ciência e da tecnologia que ameaçam a vida.  Uma pastoral missionária ou extraordinária. É ób- vio que o Documento de Aparecida não se tornará realidade se de- pender apenas de uma pastoral ordinária ou pastoral de manuten- ção. Deve necessariamente prevalecer sobre a pastoral ordinária. Eis o sentido da forte chamada que faz o Documento de Aparecida para uma conversão pastoral. Trata-se de uma mudança pastoral, que abra espaço para uma autêntica pastoral missionária. É um chamado forte de conversão para a Missão, como uma realidade
  • 26. 26 que deve perpassartudo o que se faz na Igreja e, principalmente, tudo o que fazem os Redentoristas. Nossos desafios redentoristas constantes 3. Nós, redentoristas, procuramos cuidar de todos os que acodem a nós. O Documento de Aparecida, com a meta de Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10), apresenta inúmeros rostos dos que, hoje, são excluídos dessa vida em abundância: os rostos das comunidades indígenas e afro-americanas; das mulheres discriminadas; dos jovens sem acesso à educação e ao trabalho; dos pobres desempregados, mi- grantes, deslocados, sem terra; das crianças prostituídas e dos be- bês abortados; das famílias famintas; dos dependentes de droga; dos deficientes físicos; dos portadores de doenças graves, como malária, tuberculose, HIV; dos seqüestrados e vítimas de violência, terrorismo, insegurança, etc.; dos anciãos, presos, enfim, os rostos de todos os que sofrem a exclusão social devido à globalização econômico-cultural.(DA 65) 4. Contudo, temos, por carisma, os nossos DESTINATÁ- RIOS preferenciais. São os pobres e abandonados que represen- tam nosso desafio constitucional, nossa razão de ser como família missionária. Pobres-abandonados formam quase que um só con- ceito em nossa tradição. É preciso vincular bem esses dois termos, que expressam simultaneamente pobreza social-econômica e abandono eclesial, para criar o perfil específico daquele destinatá- rio, que tocou o coração de Santo Afonso. É uma carência, que provem não apenas de análises e estudos sociais, mas, principal- mente, da consciência das pessoas que estão dentro dessa situa- ção. São pessoas sequiosas e desejosas, mas impossibilitados de ter acesso aos bens espirituais e materiais. Ou seja, a inacessibi- lidade social e eclesial nos ajudam a especificar melhor nossos destinatários próprios. São aquelas pessoas ou grupos sociais que não têm acesso, ou que raramente o têm, aos bens da sociedade e da Igreja, apesar de o desejarem. 5. O foco nos abandonados, a partir da ótica de Santo Afonso, converge para as pessoas que socialmente e eclesialmente estão fora, ao mesmo tempo, da estrutura ordinária de cuidado
  • 27. 27 pastoral da Igreja e da atenção social dos governos. Portanto, é uma opção missionária ditada primeiramente pela percepção de abandono eclesial e social das populações, e não apenas pela ques- tão de maiorias ou de minorias. Tanto as pequenas populações do interior, como as grandes massas das megalópoles, que se en- quadrem dentro dessas características, são nossos Destinatários preferidos. 6. Onde encontramos hoje em dia tais pessoas, com esse duplo abandono?  Encontro primeiramente nas grandes e médias cidades, naquelas áreas ainda desestruturadas, em que, por mais que desejem, as pessoas e famílias não têm acesso ao cuidado pas- toral e aos bens necessários para uma vida social digna. São abandonados, porque são empobrecidos e vivem numa estrutu- ra de sobrevivência, que pouco rende para a sociedade de con- sumo. Mas, estão de coração aberto para acolher o anúncio, pa- ra se organizar em comunidade e levar uma vida de Igreja.  Encontro nos campos, onde a densidade populacional, cada vez mais rarefeita, também provoca esse abandono eclesi- al e social. Há grupos de católicos quase que completamente desassistidos pela programação paroquial, pela presença dos sacerdotes, etc., devido às distâncias e a pouca importância so- cial e econômica.  Certamente, tais destinatários, em geral, não estão nas áreas importantes das grandes médias cidades: essas não são pessoas abandonadas social e eclesialmente, são antes, pessoas inacessíveis ou inatingíveis por sua própria opção. As Igrejas es- tão ao seu redor, bem visíveis. São pessoas, famílias e grupos bem programados em seu estilo de vida, em que não há espaço para os compromissos de Igreja institucional.  Nas próprias periferias pobres, podemos distinguir en- tre os abandonados e os que se abandonam, mesmo que sejam aproximados, por causa dos vícios (droga, bebida, indiferença religiosa, marginalidade). É um grupo desinteressado e, por ve- zes, até conflitante. Não creio que integrem de imediato o grupo dos nossos destinatários. Para alguns deles, a chance de apro- ximação e de interesse de participação só pode acontecer numa numa segunda etapa, quando uma pequena comunidade já esti- ver constituída. Ou então, deverão ser objeto de nossas obras sociais.
  • 28. 28 7. Assim, nossas opções de atuação missionária, teria que levar em conta, em primeiro lugar, esse tipo de DESTINATÁRIO, o pobre+abandonado por inacessibilidade, levando a conjugar esfor- ços e preparar equipes missionárias para ir ao encontro da pastoral urbana dos grandes centros e da assistência às pessoas do campo, que inclui também, os habitantes do interior da Amazônia. E a me- ta imediata da opção e busca desse Destinatário é cooptá-lo para que seja conosco PROTAGONISTA da Evangelização. 8. Outro ponto importante, lembrado pelo Documento de Aparecida, é o envolvimento de todas as forças vivas da Igreja, que nos impele, primeiramente, a assumir de forma definitiva e or- ganizada, a colaboração dos nossos Leigos Redentoristas. Não se trata de suplência pela falta de vocações, mas de potencializa- ção de nossa família missionária. 9. A mesma lógica deve nos levar a convocar para a nossa ação missionária outros grupos de Consagrados e todos aqueles ministérios, pastorais e equipes já existentes nos lugares a serem missionados. De fato, se temos um mínimo de consciência dos de- safios da nossa sociedade moderna, que nos ultrapassam em ter- mos quantitativos e qualitativos, temos que trabalhar em mutirão, tanto com os nossos Leigos, como com todos aqueles que puder- mos cooptar e motivar com a nossa espiritualidade missionária. O Documento de Aparecida nos oferece uma rara oportunidade de convergência de tantos grupos dispersos pelas paróquias e nós somos capazes de motivá-los, para que deixem suas diferenças em segundo plano e se unam em um projeto missionário maior. Algumas pastorais missionárias sempre válidas 10. OS SANTUÁRIOS: ACOLHER BEM É TAMBÉM EVAN- GELIZAR! Tal princípio nos desafia a assumir aqueles espaços ecle- siais, cujo ponto de partida é o Acolhimento aberto a todo ser hu- mano. Os Santuários são, até hoje, um espaço supra-paroquial, aberto a todo tipo de cristão e de ser humano, sempre capaz de in- jetar o dom da esperança no coração das pessoas. Todos os proje- tos evangelizadores dos Santuários e todo o seu programa de cele- brações dependem primeiramente do seu princípio de ACOLHIMEN- TO. Santuário é primeiramente lugar de postas abertas para prote-
  • 29. 29 ger a vida, sem identificar quem seja. Algum alimento, alguma resposta, alguma esperança sempre será oferecido a todos. Ser Santuário é ser o oposto de seleção ou de rejeição. Por isso, o San- tuário continua sendo, principalmente para um mundo urbano, um lugar eclesial mais moderno do que as próprias paróquias, ainda condicionadas pela sua origem rural. Por conseguinte, deveríamos sempre preferir um Santuário a uma paróquia. E a única forma de fazer com que uma paróquia ou uma igreja, a nós confiada, seja missionária é conferindo-lhe uma dinâmica de Santuário. Caso con- trário, será e permanecerá sempre e apenas uma paróquia, com toda a sua burocracia estática. É muito bom que os Santuários pre- sentes e futuros fiquem sob certa co-responsabilidade da Confe- rência, para que sejam potencializados do ponto de vista missioná- rio.  Temos um número significativo de Santuários aos nos- sos cuidados. Seria muito bom que houvesse intercâmbio mais freqüente entre os responsáveis, para que revejam continua- mente as grandes linhas de sua atuação pastoral missionária. 11. MISSÕES POPULARES: É verdade que as Missões convocam a todos, mas é sempre um espaço aberto principalmente aos simples e pobres, um autêntico santuário móvel. Continua sendo uma forma de pastoral mais do que nunca válido. Apenas deverá estar atenta para dar uma preferência no contato, na con- vocação e na participação dos afastados. Caso contrário, não pas- sará de um fervorinho paroquial para os mesmos. O único senão é o vício de não permitir que a vida cristã se organize em formas mais livres e mais modernas, fazendo com que a pós-missão seja sempre uma mera paroquialização, um leito de Procusto católico, que se reduz ainda mais conforme o clericalismo dos párocos.  Nossas Missões deverão assumir com empenho o con- teúdo do Documento de Aparecida, para entrar em sintonia com o espírito da Missão Continental. O kerigma da Vida, a partir de Jesus, a experiência de Encontro com o Senhor, o convite para se tornar Discípulo-Missionário, a Comunhão eclesial, que se ini- cia na Família, com as conseqüências morais da sacralidade da vida, da dignidade de cada pessoa, da opção pelos pobres, do destino universal dos bens, da preservação do meio ambiente e da ética pública, científica e tecnológica, devem necessariamen- te integrar nosso anúncio missionário.
  • 30. 30  A Conferência precisa ativar uma colaboração mais es- treita entre todos os Redentoristas que se dedicam a esta ativi- dade. Conhecimento, troca de experiências, ações conjuntas, criatividade continental, etc. justificaria a existência de um Con- selho de Missões populares entre nós.  É preciso tomar consciência, de forma definitiva, de que a estrutura paroquial é incapaz de manter a perseverança após as Missões. Fica uma pergunta ou um desafio: não seria viável criar e animar um novo Movimento Leigo Redentorista, coorde- nado por nós, que ajudasse a manter a vivência cristão- comunitária e o espírito missionário na vida das pessoas que participaram de nossas Missões? Assim como no passado, tí- nhamos a Arquiconfraria do Perpétuo Socorro e a Liga Jesus, Maria e José? 12. NOVENAS: Será que podemos afirmar que as Novenas representam um raro momento de pastoral extraordinária, capaz de convocar pessoas de outras paróquias e também as afastadas? Se isso é verdade, então é uma atividade bem redentorista. O risco que temos corrido é deixá-la arrastar-se como uma rotina quase automática. E o desafio é torná-la sempre uma atividade missioná- ria, com capacidade de anunciar constantemente o kerigma. Como as Novenas, toda a Piedade popular, impregnada pela Palavra de Deus, torna-se um lugar de experiência de encontro com Jesus, porque consegue integrar oração comunitária e emoção pessoal. São atividades que nós podemos promover, não somente em nos- sas igrejas, mas também em tantas outras comunidades, para ali- mentar o seu caminho de Discípulo-Missionário. Desafios para a Conferência Redentorista da América Latina e do Caribe 13. Há desafios que evidentemente não poderão ser en- frentados por unidades isoladas. E há outros que necessitarão da colaboração conjunta, para que possam adquirir importância evan- gelizadora. Aponto apenas algumas delas, como horizonte de desa- fios a médio e longo prazo: 14. A Amazônia: pelas distâncias, pelas carências, pela defesa do meio ambiente, primeiramente em favor do ser humano
  • 31. 31 que lá vive, pela falta de disponibilidade clerical, pela pobreza do povo ribeirinho, pela influência negativa da mídia e por todos os riscos físicos, espirituais e morais que ameaçam aquelas popula- ções, a Amazônia continua sendo um território „redentorista‟, que não pode ser abandonado tão cedo. Pelo contrário, é preciso inves- tir muito mais. 15. A Juventude: eis uma opção sempre repetida e sem- pre desafiadora. O Jovem é o melhor destinatário da globalização, em seus aspectos negativos de superficialidade consumista e de fragmentação da existência. É mais do que evidente que uma uni- dade sozinha não conseguirá responder a este desafio, até porque o jovem moderno não tem muita fronteira. É preciso acessá-lo por todos os lados. E a pastoral juvenil exige investimento de pessoal criativo e dedicado, e também de recursos econômicos. Como já acontece na Europa, necessitamos de uma equipe interprovincial para levar adiante algumas iniciativas. 16. A Missão Redentorista nas cidades: mais de 70% da nossa população já está concentrada no mundo urbano das me- galópoles e das médias e pequenas cidades. As megalópoles repre- sentam um desafio quase invencível para a estrutura pastoral da Igreja, tal como continua sendo realizado. Há necessidade de um espírito missionário semelhante àquele dos missionários que foram para a Ásia, África e América, na primeira evangelização. Ou seja, com capacidade de começar do nada e construir uma Igreja com um novo rosto. Mesmo as nossas Comunidades missionárias inseri- das acabam caindo na pastoral de manutenção, deixando de fora mais de 90% da população ao seu redor. Como criar uma presença missionária de fato, com coragem de ir ao encontro dos afastados e de plantar o Reino de Deus nesses ambientes? A Conferência po- de provocar uma reflexão e experiências sobre esse desafio, princi- palmente das megalópoles, promovendo a criação de um Projeto próprio de atuação redentorista, bem consistente, a ponto de poder ser oferecido às igrejas locais, sem que tenhamos sempre de as- sumir paróquias temporárias. 17. Os Meios de Comunicação: já temos muitas iniciati- vas, mas no contexto do mundo de comunicação atual, somos ain- da insignificantes e dispersos. Temos que apontar, quanto antes,
  • 32. 32 na direção de grandes redes, de produção de qualidade, de objeti- vos mais amplos, de seleção de redentoristas qualificados para co- ordenar e para atuar. Há muito que aprender e aplicar das experi- ências das grandes empresas e das próprias seitas cristãs, em termos de redes de televisão e de rádio, de internet e de tantos outros meios, que não cessam jamais de se atualizar. 18. O Continente africano: é prioridade da Congregação. A Conferência latino-americana e caribenha pode fazer muito mais do que já tem feito. Nossa velha geração de missionários não con- seguiu assimilar a idéia de sair para fora, porque estavam condici- onados a receber missionários de fora. Não lhes passava pela ca- beça a hipótese de serem enviados para outros países, até mesmo pelas carências do próprio país e pelas inúmeras iniciativas que tomavam. Nossos formandos e jovens congregados são demasia- damente „domésticos‟, tímidos diante de línguas e culturas diferen- tes, ligados afetivamente às suas famílias, muito inseguros para se apresentarem como disponíveis diante de missões estrangeiras. A Conferência deverá criar uma forma tal de comunicação, que am- plie o horizonte missionário das atuais e futuras gerações em curto espaço de tempo. Sem dúvida, a médio ou longo prazo, podería- mos assumir uma nova fundação na África como Conferência. 19. A Pastoral dos Emigrantes para a Europa e a Améri- ca do Norte poderia ser uma das atribuições da Conferência, uma vez que muito dessa emigração parte da América Latina e do Cari- be. A partir de propostas da Assembléia, a coordenação da Confe- rência deveria discernir onde se faz urgente algum trabalho missi- onário, convocar e preparar as equipes, e acompanhá-las em sua atuação 20. A velha Europa: há um sinal vermelho de morte da Congregação para várias unidades da Congregação, não raro de al- gumas daquelas que foram nossas mães fundadoras. E há novos desafios pastorais na Europa, causados pela forte imigração das úl- timas décadas. Vamos deixá-los morrer ou não seria possível re- fundar nossa presença na Europa, lado a lado com esses velhos confrades ou até mesmo com novas iniciativas missionárias? Não se trata de salvar antigas fundações, mas sim, a presença e a mis- são da nossa Congregação.
  • 33. 33 21. Vivemos em um Continente tradicional e estrutural- mente injusto. Há muitos séculos, nossos países já experimentam a globalização da injustiça sócio-econômica-cultural. Por isso, a questão da Justiça e Paz é um imperativo dentro da nossa Confe- rência, com uma Comissão de confrades e leigos, que sejam capa- zes de promover a comunicação ágil, manter a nossa consciência das injustiças contra a vida e sugerir ações concretas. Condições para responder aos desafios 22. Abrir-se fortemente para o intercâmbio entre os jovens confrades, já nas etapas de formação. Possibilitar ou exigir sempre um estágio em outra unidade outra sub-conferência. 23. Torna-se urgente uma nova cultura de Solidariedade “ad intra”, que seja eficaz e provoque partilhas concretas de re- cursos humanos e econômicos dentro da Conferência. Sem dúvida, isso causará uma mudança cultural em nossas Unidades mais tra- dicionais, uma verdadeira conversão missionária, a que não esta- mos habituados. 24. Duas línguas oficiais, no mínimo, bem aprendidas: es- panhol e português 25. Promover um trabalho conjunto da Promoção Vocacio- nal, se possível, criando um logotipo que nos identifique como Re- dentoristas em todo o Continente. 26. Devemos inserir necessariamente em nosso currículo de formação inicial a teoria e o treinamento para a Retórica, no sentido mais amplo do termo, de tal modo a preparar bons comu- nicadores através da pregação, das conferências, da mídia, etc. Há uma certa decadência ou não evolução dos tempos dos grandes velhos pregadores e as exigências da comunicação atual. É preciso estar atento, porque as seitas têm feito escola e têm tido sucesso.
  • 34. 34 27. Que tal abrir uma convocação de Redentoristas Vo- luntários, que se coloquem à disposição da Conferência para no- vas iniciativas missionárias? Tais voluntários teriam como priorida- de de serviço as iniciativas tomadas pela Conferência. Tenho certe- za de que haverá disponibilidade de vários confrades. É claro que não seriam os únicos a serem convocados, mas ao menos, não fi- caríamos sempre na situação atual, que o Governo geral conhece bem: ter que negociar e até esmolar para conseguir a liberação de algum membro para necessidades que vão além da Província. 28. Será importante que a Conferência tenha a sua “SCA- LA”, um lugar comum de reabastecimento teológico-espiritual para os Redentoristas da Conferência. Um lugar que possibilitasse a convivência comunitário-fraterna por um certo tempo, oferecesse uma reflexão teológico-pastoral direta sobre as atividades missio- nárias e alimentasse a espiritualidade redentorista. E desde o início de sua atuação, a Conferência deveria constituir uma Equipe de reflexão teológico-pastoral-espiritual, que pudesse prestar sua as- sessoria no processo de transformação da estrutura atual para a estrutura de Conferência. É um caminho novo a ser trilhado. Como os discípulos de Emaús, preci- samos estar atentos à Palavra e permitir que ela nos aqueça o coração. E, principalmente, nosso amor à Maria Santíssima, como filhos de Santo Afonso, deve ser nosso primeiro ponto de encontro e de união, que nos identifica em todo o continente. Afinal, ser missionário redentorista é ser missionário de Maria, para levar a todos a Vida de seu Filho Ressuscita- do. Pe. Ulysses.CSsR. Aparecida, 8 de março de 2011