1) Wesley começou seu ministério público pregando ao ar livre em 1739, seguindo o exemplo de Whitefield, apesar de ser repugnante às suas noções de ordem religiosa.
2) Suas primeiras pregações ao ar livre despertaram a Inglaterra de seu sono espiritual e ajudaram a espalhar o Metodismo pela região.
3) No início, as pregações de Wesley frequentemente causavam agitações físicas em seus ouvintes, embora isso tenha diminuído com o
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
A primeira pregação metodista
1. A PRIMEIRA PREGAÇÃO METODISTA
A convite de Whitefield, e seguindo o exemplo que ele estabeleceu, Wesley
começou seu ministério público, como um pregador ao ar livre, em 1739. Este foi
um curso totalmente repugnante às suas mais estimadas noções de ordem
religiosa, assim como a todo instinto de sua natureza; ainda assim, seria através
da pregação no campo, e de nenhum outro modo, que a Inglaterra seria
despertada de seu sono espiritual, ou o Metodismo se espalharia pela região, e se
enraizaria onde se propagasse. Os homens que começaram e concluíram este
árduo serviço, e eles foram sábios e cavalheiros, exibiram uma coragem muito
mais insuperável do que aquela que conduz o soldado através de chuva de pedra,
do campo de batalha. Milhares mais facilmente seriam encontrados, e que
confrontariam uma ofensa, do que os dois, que com sensibilidade de educação,
subiriam em uma mesa, à margem da estrada, e exporiam um salmo e reuniriam
uma turba.
No observar este campo de pregação, é fácil encontrar uma lista de motivos
insignificantes que poderiam sugerir tal curso, e embora isoladamente eles
devessem ser considerados totalmente inadequados para o propósito, ainda
assim, quando amontoados, e empilhados nas sentenças de um parágrafo
ampliado, podem parecer suficientes para resolverem a dificuldade apresentada
por tal linha de conduta, começada e perseverada nisto. Que aqueles que assim
raciocinam, e que assim escrevem, façam um experimento de efetuarem grandes
coisas, em um terreno difícil, no impulso de um acúmulo de motivos, isoladamente
insuficientes para o propósito. Tais que raciocinam desta forma devem conhecer
pouco da natureza humana; e serem ignorantes das leis que fazem efeito nela,
quando suas mais extremas energias são colocadas em movimento vigoroso. É
um engano imaginar que a somatória dos pequenos motivos pode sempre
constituir, ou ser equivalente a um grande motivo; ao contrário, tal acúmulo produz,
não concentração, mas distração, vacilação, e fraqueza de propósito. Façanhas
árduas demandam motivos poderosos: isto, de fato, é alguma coisa como um
truísmo; mas, que seja acrescentado que os motivos poderosos são simples em
sua estrutura, e eles amam ter o homem todo para si mesmos.
Como uma questão de filosofia, nada é ganho pela petulância fria de aterse aos nomes dos homens que têm realizado árduas conquistas, em um longo
percurso de atividade perseverante, na designação de - "Fanáticos" -- como esta
frase nos ajuda adiante? Em nada, afinal. A não ser que uma palavra aproveitável
perca sua significância, e, portanto, desprenda-se de seu lugar no dicionário, este
termo deve ser mantido para transmitir a idéia daquilo que é espúrio, irreal, e que,
quando comparado com a realidade que ele simula, é ineficiente, fútil e
inconstante. A palavra fanatismo, indubitavelmente, é de uma classe de termos
que não tem significado aparte de seu correlativo.
Quando, portanto, os homens cujo próprio aspecto, e cujo curso total da
vida, indicam que existe neles o mais alto nível de energia e coragem
constitucional, passam diante de nós, e nós os vemos realizando às grandes
2. coisas, e mantendo-se firmes, sem esmorecerem, em meio aos
desencorajamentos, perigos, e reprovações, quando (para condescender ao jargão
do estilo filosófico) todo o "fenômeno" mostra a presença de motivos que devem
ser verdadeiros na natureza humana, e verdadeiros através da natureza humana,
e em direção ao sistema moral; -- quando, com fatos tais como esses em vista,
nós consideramos a palavra, fanático, apropriada, quando aplicada aos atores
principais, nós também escrevemos miseravelmente em Inglês, ou pensamos
confusamente, ou nós mesmos, - e esta é a mais possível suposição, estamos
titubeantes diante dos fatos que nenhuma afinidade em nosso próprio peito nos
capacita a compreendermos.
Perplexidades deste tipo, que tanto confundem certa classe de escritores,
cuja afabilidade os impeliria a lidarem cordialmente com os "loucos" úteis, e que
gostariam de ser considerados mestres da equanimidade filosófica, são muito
acentuadas, pela ocorrência daqueles excessos, ou daquelas agitações
inexplicáveis que têm tão frequentemente seguido ao lado dos grandes
movimentos religiosos. "Nós não podemos", pergunta ele,"razoavelmente chamar
de fanáticos, aqueles que, não obstante quais possam ter sido suas virtudes,
permanecem diante de nós enredados nas desordens que são assustadoras
pensar a respeito?".
Assim pode parecer, mas permissão seja dada para aplicar uma análise
mais cuidadosa aos fatos. É uma circunstância merecedora de nota que embora a
oratória de Whitefield fosse de um tipo mais movimentado do que a de Wesley, as
agitações corpóreas e as agonias, exteriormente expressadas, foram menos
frequentemente estimuladas em suas audiências, do que naquelas de seu amigo.
De fato, isto foi raro; exceto quando Whitefield seguiu imediatamente junto à trilha
de Wesley, que algumas dessas perturbações tomaram lugar, além das tais que
poderiam surgir do copioso choro de uma larga proporção dos milhares de
congregados que ouviam a ele. Quando elas ocorriam em sua presença, Whitefield
permanecia em dúvida quanto ao que poderia ser atribuída a sua origem. Ele
poderia ver nelas, nenhuma indicação incontestável da mão de Deus. Ele buscou
por tais frutos de sua pregação, quando de um tipo menos duvidoso. Podemos
acreditar e, com alguma razão, que foi a pronta aceitação de Wesley destas
supostas provas da presença de Deus, que cuidou de produzir e exacerbá-las.
Mas esta explicação natural não é suficiente.
O tom e qualidade do discurso popular dos dois pregadores têm de ser
também tomados em consideração; porque, enquanto Wesley, em seus primeiros
anos, fez especialmente um veemente apelo às impressões instantâneas de seus
ouvintes, assim trazendo à imaginação e ao sistema nervoso, todo o montante de
emoção que ele fizera surgir; Whitefield trabalhou junto à mente humana, de uma
maneira que está mais em harmonia com suas leis; o que significa dizer que ele
trouxe os sentimentos genuínos a um pico elevado, por apresentar ativamente à
mente os objetos externos apropriados de tais sentimentos, e por apoiar a
tendência exterior desses sentimentos, concernentes aos seus objetos reais. Estes
paroxismos de sentimento que agitam o corpo tomam lugar, em consequência de
3. algumas ações e choques introvertidos, produzidos dentre eles. Existe, no entanto,
alguma coisa além, chamando para ser inquirida neste terreno, e o problema pode
ser observado, de uma maneira completamente destemida; já que o perigo, se
houver algum, esquiva-se em meio às apreensões equivocadas de risco. Não
existe coisa alguma que pudesse persuadir alguém a recontá-las, nas narrações
existentes daqueles cenários apavorantes que foram de frequente ocorrência,
quando Wesley pregava.
Elas se tornaram, no entanto, menos e menos frequentes, no progresso do
Metodismo, e, ele mesmo, menos inclinado a observá-las com permissão. Mas,
enquanto essas desordens estavam em seu auge, elas se assemelharam, em
alguns de seus aspectos, às possessões demoníacas mencionadas na história
Evangélica. As agitações corpóreas foram, talvez, tão extremadas, em uma classe
de exemplos, quanto em outra; ainda assim, não existe analogia real entre as
duas. Os demoníacos (claramente distinguidos dos lunáticos) eram encontrados
neste estado por Cristo, onde ele ia pregar: -- eles não se tornavam tais, enquanto
o ouviam.
Em nenhum exemplo, deve ser dito que o frenesi aprisionou alguns em
meio aos milhares que se pressionavam ao redor dele, ávidos por apreenderem
suas palavras. Em nenhum exemplo, registrado nos Evangelhos, ou Atos, a
possessão demoníaca, ou alguma agitação corpórea, semelhante a isto,
aconteceu como o estágio inicial da conversão.
Alguns, de fato, que tinham se libertado dos demônios, aceitaram tão
grande livramento com uma consciência devota, do por que vieram; e, mais tarde,
seguiram seu Divino Benfeitor; --e, assim, fez o hanseniano, o cego, o aleijado,
quando "curados". Mas não existiu dependência tão reconhecida; nenhuma
sequência de uma renovação espiritual, como resultado da possessão demoníaca;
-- muito longe disto: e, ainda assim, quando esta analogia aparente tem sido
rejeitada como irreal, não resta outra palavra nos escritos do Novo Testamento (ou
apenas uma, e esta não pertinente: I Cor. 14:25 "Portanto, os segredos do seu
coração ficarão manifestos, e assim, lançando-se sobre o seu rosto, adorará a
Deus, publicando que Deus está verdadeiramente entre vós"), que pudesse nos
induzir a prestar a menor consideração às agitações Wesleyanas, como se elas
implicassem, de alguma forma, o próprio Cristianismo: elas devem ser olhadas
como fatos separados de todo relacionamento real com aquelas verdades com as
quais elas se situam nesta justaposição temporária e acidental.
Até ai, então, tudo está assegurado; o Cristianismo está, de modo algum,
envolvido em questões concernentes à causa oculta, ou causas do ainda
inexplicável fenômeno que atendeu a pregação Wesleyana. Mesmo o Metodismo
permanece isento desta dificuldade; porque ele se manteve em seu curso, e forjou
seus efeitos benéficos, depois que essas desordens haviam diminuído, ou onde
elas não ocorreram. Ainda assim, em algum grau, nossa opinião do próprio Wesley
toma um colorido destas informações, uma vez que ele falhou no desembaraçar-se
inteiramente das dificuldades que dela surgiram; e assim foi que deixou muito de
4. seus seguidores zelosos e mais sinceramente preocupados, lutando
dolorosamente com uma dúvida muito séria; -- com uma "tentação", como eles
chamariam, quando com essas agonias corpóreas, tomando lugar na presença
deles, eles não sabiam se deveriam atribuir o que eles viam, ao dedo de Deus, ou
caracterizariam isto, como uma obra de confusão junto ao "pai das mentiras". .
No presente estado que, por indulgência, pode ser chamado de ciência
intelectual ou filosófica (nenhuma tal ciência, na verdade, existindo), podem ser
encontrados alguns motivos para suposições que, alguns poucos anos atrás,
teriam sido consideradas como quiméricas; uma vez que existe agora, observável
em meio às pessoas inteligentes, uma relutância em acreditar tão pouco; quando
anos atrás, existia um receio exaltado de acreditar muito. O progresso das ciências
físicas está propenso a produzir esta mudança, através de suas freqüentes
descobertas periódicas e surpreendentes. "O que existe", estamos tentados a
perguntar, "que não pode ser verdade?".
Nesta mesma direção, as mentes, não dos crédulos apenas, mas dos
incrédulos, têm sido direcionadas para uma crença ampliada neste terreno, onde
os charlatões filosóficos têm se acampado; e onde eles esperam, até que uma
filosofia verdadeira os expulse, com seu cerco regular. Em uma palavra, agora é
sentido, mais do que anteriormente, que a natureza humana ocupa uma posição
limítrofe no mundo, ou uma região desconhecida e inexplorada, mas com a qual
tem incontestáveis relacionamentos obscuros, e que, até agora, tem sido pouco
considerada.
Este reconhecimento tácito e geral de um sistema contíguo desconhecido
pode ser mantido para apoiar, de certo modo, nosso presente tema. Aquilo que
necessitamos, em relação às ocorrências inexplicáveis, tais como as que estão
agora em vista, é, primeiro, sermos aliviados da necessidade, real ou imaginária,
de transgredir as leis estabelecidas da evidência, assim como de recorrer a um
leviano ceticismo, como os únicos meios de repudiarmos a narração incômoda dos
fatos alegados. A seguir, necessitamos de uma suposição alternativa, que sirva
para preservar as profundas realidades da religião espiritual, de toda implicação
com o que seja meramente físico ou incidental. Agora para assegurar ambas
essas finalidades, nada mais é requerido do que aquilo que mantemos como
certos princípios negativos, tais como esses: o de que as leis da vida sensitiva são,
no momento, quase totalmente desconhecidas; -- esta ignorância tem ultimamente
se evidenciado, de uma maneira não costumeira, - e que existe razão na modéstia
que fornece um ouvido às mais extraordinárias explicações, como a interrupção
da fé, a causa do que tem ocorrido.
Tais e tais demonstrações dos poderes ocultos na natureza humana devem
ser registradas, e devem ser pensadas a respeito, até que se reúnam materiais
mais abundantes para torná-las explicáveis. Outro princípio negativo
indubitavelmente se mantém, e seguramente podemos fazer uso dele, quando os
fatos que são assim inexplicáveis reclamam ser ouvidos. O de que nenhuma
analogia do universo visível contradiz a suposição que diversas analogias
5. sugerem, ou seja, a adjacência das ordens do ser, infringindo, em raras ocasiões,
ainda assim, com violência, quando fazem, o sistema humano, e que é repelida
dele, através de condições comuns de sua existência. Que seja assim; que
vivamos na mais povoada e ocupada vizinhança de que estamos acostumados a
supor, ou que saibamos como incluir em um censo: que nenhuma crença deste
tipo irá, de forma alguma, em uma mente sadia, perturbar suas noções de
princípios morais, ou criará outro relacionamento pleno nosso que seja com o
governo Divino. Considerar tal crença, ou rejeitá-la, como sem fundamento, é
questão de perfeita indiferença, religiosamente.
Nada, neste terreno, é profundamente importante, exceto nosso bem
observar sempre a distinção entre o que é físico e o que é moral e espiritual. No
presente exemplo, o escritor não gastaria metade de uma página, no esforço de
recomendar, como melhor do que uma mera conjectura, algumas hipóteses às
quais estaria inclinado a admitir na explicação dos paroxismos corpóreos
Metodistas. Abramos caminho até a Igreja de Berridge, em Everton. É quando os
mais jovens de uma colméia são levados adiante, em Junho, e se aglomeram em
torno de sua rainha junto a um ramo de salgueiro; assim, esta igreja fica lotada e
empilhada de seres humanos; -- bancos, naves, laterais, escadarias do púlpito,
parapeitos do púlpito, e a prancha acústica! O pároco acredita que será esmagado
e sufocado, quando arquejar para tomar fôlego no centro desta densa massa viva.
Desmaios e ataques, sem dúvida, ocorrerão; e quando o pregador, em tons
solenes, tocar alguns temas que são sentidos por todos, ou a maioria presente,
como real, e de incomensurável importância, é natural que os sentimentos de tal
multidão, assim forjados, através das afirmações e representações, admitidas
como verdadeiras, rompam os limites costumeiros; e que esse suspiro e choro
alto, especialmente depois que as primeiras reservas de difidência tiverem aberto
caminho - tornem-se gerais; e as compunções, a cada momento, alcançassem um
clímax cada vez mais alto. Até ai, nada se apresenta neste cenário que não seja
rapidamente explicável.
Esses objetos do pensamento, devidamente enfatizados, bem poderiam
estremecer o mais resistente coração, os quais, se ativamente apresentados, e
profundamente acreditados, estremeceriam a mais embotada congregação, estão
agora demonstrando sua força, ainda não diminuída; - não junto a uma
congregação, no sentido comum da palavra, mas junto às pessoas. Não podemos
dizer categoricamente dentro de quais limites, e se, sob tais circunstâncias, como
essas, as agitações corpóreas, que podem facilmente ser consideradas, seriam
confinadas; mas, em algumas situações, elas vão muito além de quaisquer limites
que poderiam parecer possíveis admitir como apropriados a elas. Homens fortes,
vigorosos e insensíveis, caem, de repente, como se atingidos por um raio, e rolam,
precipitam-se, debatem-se, chutam, e urram, como se metal derretido tivesse sido
derramado em seus estômagos! A face se torna inchada e lívida, ou se enrubesce!
Este ataque das agonias mortais dura, talvez, algumas horas, e, então, de
repente, é substituído por uma calma ou alegria extática. O resultado permanente
6. é, em alguns casos, bom e adequado; em outros, o contrário: esses exemplos,
além disto, são sempre misturados com casos de mera tolice e fraude. Agora, em
contemplar esta cena de confusão, depois de termos partido para o montante
maior daquilo que é regularmente atribuível às causas conhecidas, restará mais do
que um pouco daquilo, a que tais causas não proporcionam explicação admissível.
Como, então, nós deveremos dispô-las? Talvez, não, afinal, à nossa
satisfação; exceto, até aqui: que elas servem para exprimir a mais ambígua
distinção, entre si mesmas, e aquelas genuínas afeições que os escritores
apóstolos descrevem e exemplificam.
Em meio aos escritores inspirados, concorde que aqueles que foram
incultos sejam trazidos adiante como testemunhas em defesa desta conclusão -- a
de que as mais vívidas afeições, das quais nossa natureza é capaz, quando
direcionadas aos objetos puramente espirituais, podem se prender ao coração
humano, e podem preenchê-lo - à parte de algumas demonstrações ou agonias
corpóreas. O Cristianismo, quando proclamado em sua essência, serve-se
facilmente do que quer que não seja moral e espiritual nos seus resultados de
pregação, tal como aquela dos Metodistas. O Cristianismo resgata o que é seu,
dessas reuniões tumultuosas; e, então, contenta-se com seus triunfos
incontestáveis; ele deixa o resíduo ambíguo nas mãos dos escarnecedores, ou dos
filósofos, para lidarem com isto como lhes agradar, ou como puderem.
excerto Wesley o Evangelista, de Richard Green
(http://diariodejohnwesley.blogspot.com.br/?view=classic) - 06.03.2014 - 9h30