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1 Artigo de conclusão de curso apresentado ao Programa de Pós-graduação em Educação de Jovens e
Adultos, sob orientação da Prof.a
Beatriz Pazini pela Faculdade Eficaz de Maringá/PR.
2
Pós - graduação em Educação de Jovens e Adultos. Faculdade Eficaz de Maringá/ PR.2014 Contato:
Rafaeldebarros.tometeixeira@gmail.com
A PROBLEMATIZAÇÃO COMO METODOLOGIA NO ENSINO DE
FILSOFIA NA EJA.¹
BARROS, Rafael ²
RESUMO: A problemática acerca da questão metodológica no ensino de filosofia é
discutida a tempos por pesquisadores de várias áreas, não só da filosofia mas como
pedagogos de modo geral – a exemplo cito Demerval Saviani (1991) em sua obra
“Educação: do senso comum à consciência filosófica”, onde este analisa o papel da
educação de modo geral incluindo em suas reflexões o papel da filosofia na formação
de profissionais da educação, analisando o método a ser utilizado para tal ensino- deste
modo a reflexão aqui proposta se apresenta como relevante no sentido de que é
necessário se pensar o ensino em sua pratica, ou seja, a metodologia a ser utilizada
pelos docentes em sua atividade, quais suas etapas e de que modo estas contribuem
para a efetivação do ensino de modo satisfatório. Sendo assim a análise sobre o papel
da problematização como meio de efetivação deste ensino se faz necessária neste e
em qualquer momento, uma vez que esta é parte integrante do processo de ensino
aprendizagem contribuindo de modo decisivo na formação dos indivíduos de modo
integral fornecendo, pela educação, uma formação integral humana. Para a efetivação
da pesquisa foi utilizado o método bibliográfico tendo como foco a metodologia de
ensino de filosofia.
Palavra chave: Ensino, Metodologia, Problematização.
ABSTRACT: The problematic about the methodological issue in teaching philosophy
is discussed to time by researchers from various areas, not only of philosophy but as
educators in general - the example I cite Demerval Saviani (1991) in his book "Education:
the common sense to philosophical consciousness, "which examines the role of this in
general including his reflections on the role of philosophy in shaping education
professionals education, analyzing the method to be used for such teaching and thus the
reflection proposed here is presented as relevant in sense that it is necessary to think
about their teaching practice, ie, the methodology to be used by teachers in their activity,
including its stages and how these contribute to the effectiveness of teaching
satisfactorily. Therefore the analysis of the role of questioning as a means of effecting
this teaching is needed in this and any time, since this is an integral part of the teaching
learning process helping decisively in the training of individuals providing full mode, the
education an integral human formation. For implementation of the bibliographic research
method focusing on the methodology of teaching philosophy was used.
Keyword: Education, Methodology, Problematization.
2
1 INTRODUÇÃO
O trabalho terá como tema a análise do papel desempenhado pela
problematização, enquanto parte fundamental do processo de ensino da
disciplina de filosofia no âmbito da educação de jovens e adultos. Uma vez que
esta é parte fundamental na formação individual e politização dos indivíduos
integrados a EJA, assim como contribuinte significativa para a formação e
desenvolvimento da capacidade de abstração e pensamento crítico.
Ao longo de sua tradição inúmeras foram as tentativas de criação de uma
metodologia para o ensino de filosofia, seja no nível médio normal ou na
modalidade da EJA., desde sua retomada como disciplina obrigatória no
currículo da educação básica, a filosofia vem tentando, a meu ver, se enquadrar
e se encaixar em um modelo educacional onde atividades como a leitura atenta,
o exercício da crítica e o desenvolvimento da capacidade de abstração são
substituídas pelo imediatismo e pelo dogmatismo, assim como pela passividade
de aceitação de um conjunto de conhecimentos incutidos como verdades ou
formulas cuja critica seriam dispensáveis.
Os problemas metodológicos envolvendo não somente o ensino de
filosofia mas todas as disciplinas curriculares obrigatórias apresentam-se com
uma certa urgência, uma vez que é visível o crescente desinteresse dos alunos
com relação ao processo educativo, seja no nível médio normal seja na EJA.,
problemas como reprovação e evasão escolar se fazem presentes com certa
insistência, apresentando-se como obstáculos a serem superados.
A problemática acerca da questão metodológica no ensino de filosofia é
discutida a tempos por pesquisadores de várias áreas, não só da filosofia mas
como pedagogos de modo geral – a exemplo cito Demerval Saviani (1991) em
sua obra “Educação: do senso comum à consciência filosófica”, onde este
analisa o papel da educação de modo geral incluindo em suas reflexões o papel
da filosofia na formação de profissionais da educação, analisando o método a
ser utilizado para tal ensino- deste modo a reflexão aqui proposta se apresenta
como relevante no sentido de que é necessário se pensar o ensino em sua
pratica, ou seja, a metodologia a ser utilizada pelos docentes em sua atividade,
3
quais suas etapas e de que modo estas contribuem para a efetivação do ensino
de modo satisfatório. Sendo assim a análise sobre o papel da problematização
como meio de efetivação deste ensino se faz necessária neste e em qualquer
momento, uma vez que esta é parte integrante do processo de ensino
aprendizagem contribuindo de modo decisivo na formação dos indivíduos.
A pesquisa ocorrera utilizando-se uma metodologia de pesquisa de
caráter bibliográfico com ênfase nas obras e autores que tratam da questão da
metodologia de ensino de filosofia. Deste modo a literatura selecionada para a
elaboração do trabalho tem como foco a reflexão acerca da metodologia de
ensino para a disciplina de filosofia, podendo ser estendida a pesquisa e seus
resultados para demais disciplinas do currículo básico.
2 A METODOLOGIA DE ENSINO COMO PROBLEMA FILOSÓFICO
A problemática acerca do ensino de filosofia se apresenta desde os mais
antigos escritos sobre a educação transpassando toda a tradição histórica da
disciplina, deste modo, a reflexão sobre a metodologia e a possibilidade de uma
formação propriamente filosófica se transformou devido sua complexidade e
importância sendo tratada como problema próprio da filosofia por filósofos como
Platão, Voltaire, Rousseau, Kant, e mais atualmente por filósofos da educação e
pedagogos como Luckesi, Lídia Maria Rodrigo, Silvio Gallo e outros autores de
semelhante importância.
O ensino de filosofia se apresenta atualmente como um dos mais
fundamentais problemas filosóficos a serem refletidos como cita Alejandro A.
Cerletti:
Nos últimos anos, o enfoque filosófico das condições e
possibilidades do ensino da filosofia adquiriu um grande
desenvolvimento. Nesse sentido, a questão de ensinar
filosofia começa a ser vista como um problema
propriamente filosófico – e também político -, e não
como uma questão exclusiva ou basicamente
pedagógica. (CERLETTI, 2008.p.19)
4
A reflexão sobre o ensino de filosofia implica diretamente na análise dos
meios pelos quais tal ensino é efetuado, deste modo, deve-se levar em
consideração os procedimentos ou metodologias de ensino, tendo como ponto
de partida a análise e a importância da problematização neste processo como
ferramenta de contextualização, que deve ter como objetivo o aprendizado,
como afirma Lídia Maria Rodrigo:
O objetivo central, para o qual deve convergir os
esforços e a metodologia a ser implementada, consiste
em introduzir o aluno à filosofia, quer dizer, levá-lo para
dentro ou inseri-lo numa forma especifica de saber, em
duplo aspecto: em relação a determinado conteúdo e a
certos procedimentos concernentes à aquisição desse
conteúdo. Ambos os aspectos – procedimento
metodológico e conteúdos filosóficos – são
indissociáveis. (RODRIGO, 2009.p.24)
Sob essa perspectiva apresentada por Rodrigo se faz necessário não
somente refletir sobre os conteúdos a serem ensinados mas principalmente
sobre os meios pelos quais estes conteúdos serão apresentados aos discentes,
de modo a promover uma formação satisfatória, no sentido de que tais conteúdos
mais que apreendidos pelos alunos lhes sirvam como meio de transformação
social, no sentido de uma educação voltada a práxis política.
O ensino de filosofia só é possível a partir de um conjunto de práticas
educacionais que promovam no aluno a capacidade de problematização da
realidade em que este está inserido. A capacidade de problematizar própria da
atividade filosófica deve ser, não colocada como fim do processo da educação,
mas como meio pelo qual os indivíduos são capazes de interiorizar os conteúdos
teóricos, os transformando em pratica.
Desde o surgimento da filosofia na antiga Grécia, a
capacidade de problematização tem sido considerada
um dos indicadores de uma postura filosófica diante do
real, na medida em que permite ir além do sentido
comum e aparente das coisas, assim como colocar em
5
questão a multiplicidade e variação das opiniões
humanas. (RODRIGO, 2009.p.54)
No entanto a capacidade de indagação e de problematizar só se faz
possível dentro dos limites da realidade vivenciada pelo aluno, de seu contexto
histórico, sua cultura, costumes e sua linguagem, é somente partindo da própria
realidade concreta em que o aluno se encontra que será possível produzir um
conhecimento filosófico significativo para este, de modo que, uma vez que os
conteúdos teóricos fazem sentido e apresentem algo de real o aluno se
apropriará destes, os utilizando como ferramenta para a reflexão de sua
realidade.
Para instaurar uma postura indagadora, introduzindo o
aluno a um conhecimento filosófico que, mais do que
erudição acadêmica, seja significativo para ele, é preciso
partir da sua realidade, dos seus modos de vivencia a
apreensão do real e de sua linguagem, de modo que se
explicite algo que ele não consegue perceber por conta
própria, isto é, os nexos entre determinados temas e
questões filosóficas e as indagações que podem suscitar
suas próprias vivencias e representações. (RODRIGO,
2009.p.55)
Deste modo a atividade indagadora, de problematização e reflexão da
realidade não se apresentam como fim no processo educacional mas como
principio e meio pelo qual a educação se efetiva. Portanto a problematização é
não uma etapa mas um método pelo qual os indivíduos são inseridos no
ambiente próprio da filosofia.
3 A PROBLEMATIZAÇÃO COMO SENSIBILIZAÇÃO
É evidente a preocupação não só de professores de filosofia mas também
de pesquisadores da área com a metodologia a ser utilizada para o ensino de
filosofia em todos os níveis. Uma das principais causas para tal preocupação
6
está em que os jovens de hoje, impulsionados por uma lógica social que
despreza os processos de formação a longo prazo prega o imediatismo e o
utilitarismo como valores superiores aos valores exigidos pela filosofia, como a
paciência e a leitura atenta e solitária.
Outros problemas têm sido observados por professores de todos os níveis
com relação ao ensino de filosofia como aponta Gallo (2009):
Considero bastante legitima esta preocupação no caso
dos professores de filosofia por diversos motivos
adicionais que esta disciplina encontra, como a atual
falta de tradição desse ensino nas escolas, levando a
uma desconfiança de sua importância por parte dos
jovens, a sua peculiaridade de ser um estudo bastante
abstrato e dissertativo, a imagem/preconceito que se
tem de que a filosofia é inútil. (GALLO, 2009. p. 75)
Desta forma para promover a desmistificação da filosofia como disciplina
meramente especulativa e inútil é necessário, por parte dos professores da área,
mais que a escolha dos conteúdos, mas de um conjunto de técnicas que sejam
capazes de ultrapassar as barreiras culturais impostas ao ensino de filosofia no
sentido de que este precisa criar meios para chegar ao educando trazendo-lhe
para o ambiente próprio da filosofia.
Uma metodologia possível para sanar os problemas gerados pela
desconfiança acima citada por Gallo (2009) é a aproximação do aluno aos
problemas filosóficos apresentados a ele de modo contextualizado e
significativo, como afirma Gallo 2009.p. 76 – Poderíamos dizer, falando
propriamente de procedimentos, que a primeira etapa é a de problematização.
A problematização, não dos conteúdos filosóficos mas, do cotidiano do
discente como forma lhe provocar para questões mais profundas e significativas
ao pensamento conceitual próprio da filosofia se apresenta como uma sugestão
bastante valida e um procedimento elementar do processo de ensino. A
problematização no sentido de entendimento crítico da realidade em que o aluno
está inserido até alcançar os níveis de conceituação dever ser mediados como
forma de questionamentos do real e da pratica cotidiana do aluno, deste modo.
7
É importante pensar que o que poderá, desde o início,
trazer o interesse dos alunos para as aulas é a
aproximação que se possa fazer das questões a serem
tratadas e nossas vidas, nossa realidade. (GALLO,
2009. p. 76)
O processo de problematização da realidade dos alunos nos ajuda a
superar um dos principais obstáculos de seu ensino. A falta de interesse gerado
pelo conjunto de fatores que provocam a distração desviando o foco do aluno,
que deveria ser sua aprendizagem, para um conjunto de conhecimentos práticos
e pouco significativos para sua formação enquanto ser social pode e deve ser
superada pela percepção, gerada pela problematização do real, de que os
problemas filosóficos estão diretamente ligados a questões fundamentais a vida
humana de modo geral, e que tais problemas não são percebidos pelos
discentes devido a correria de sua vida cotidiana como afirma Gallo.
Certamente se conseguirmos logo no começo mostrar
aos alunos que a filosofia trata das questões humanas
mais fundamentais e que estas são exatamente aquelas
com as quais nos debatemos quando não estamos por
demais tomados pelo corre-corre do cotidiano, isto
aumentará seu interesse. (GALLO, 2009. p. 76)
Deste modo, a problematização não se apresenta somente o meio pelo
qual o aluno, por meio do desenvolvimento da capacidade crítica, observa os
problemas relacionados a práxis, mas é capaz de problematizar a realidade a
que está inserido dando significado ao que antes lhe parecia inútil. A reflexão
filosófica partindo do princípio da problematização do real como forma de
sensibilização com relação aos conteúdos e conceitos próprios à disciplina dá
significados a esta, que uma vez percebida pelo aluno como pratica e não mera
abstração, possibilitando o interesse não somente com relação aos problemas
vivenciados pelo aluno mas por toda a problemática filosofia, como afirma
Rodrigo 2009.
O interesse pela reflexão filosófica, assim como por
qualquer outro assunto, só poderá ser despertado se os
conteúdos se revelarem significativos para o sujeito da
aprendizagem, quer dizer, além de serem objetivamente
significativos, eles devem sê-lo também subjetivamente,
8
inscrevendo-se num horizonte pessoal de experiências,
conhecimentos e valores. (RODRIGO, 2009.p.36)
Para que os conteúdos tornem-se significativos aos educandos o
professor dispõe de uma ferramenta poderosa, que usada corretamente, é capaz
não de provocar o aluno para a percepção dos problemas em seu meio social,
mas abrir seus horizontes para o despertar rumo a um imenso campo de
questões próprias à filosofia.
4 A PROBLEMATIZAÇÃO COMO METODOLOGIA
A problematização se insere no seio da filosofia como forma de expressão
e atividade que tem como objeto o real e deve por sua natureza estar voltada ao
real. O problema filosófico surge de um conflito na realidade, em outras palavras,
os problemas filosóficos aparecem não como forma de abstração, não são
criados ou inventados de modo arbitrário, mas correspondem a um campo
especifico da atividade filosófica, unida a criticidade própria da disciplina, que
desperta a visão para o real e suas contradições.
O problema filosófico para não se tornar mera abstração deve
necessariamente estar voltado ao mundo a pratica política. A atividade filosófica
só faz sentido enquanto pratica e pratica de transformação, que por meio da
crítica é capaz de promover uma mudança real no mundo.
Assumo como Cordi (1995,p.12) que o filosofar é uma
necessidade, pois “mexe com as estruturas sociais e
políticas vigentes e convida o cidadão a construir uma
nova sociedade”. Desse modo, o processo sistemático
da reflexão não é e não pode ser apenas um exercício
intelectual ou mera atividade cognitiva de caráter
psicológico, mas uma estrutura que só tem sentido como
pratica social, como ação política que intervém na
interpretação e na situação do mundo em que vivemos.
(GHEDIN,2009.p.52)
A questão que se coloca para nós professores de filosofia diz respeito a
forma pela qual a problematização, atrelada a uma visão de mundo já definida
por um conjunto de pré-conceitos pode e deve ser tomada como possibilidade
efetiva de mudança no sentido de práxis política transformadora, dito de outro
modo, como o aluno da EJA, possuidor de um conjunto de conhecimentos,
9
posicionamentos e visão de mundo, pode utilizar a atividade reflexiva da
problematização filosófica como meio de transformação?
A resposta a tal questão se apresenta de modo simples, uma vez que os
problemas são percebidos, estes se tornam por sua natureza, passiveis de
serem solucionados, ou seja, os problemas refletem o real, uma vez que deste
que os outros foram retirados, portanto refletem necessidades de mudança do
real, uma mudança pratica e política que expressa a necessidade real de
solução, como afirma GHEDIN (2009,p.55) – A filosofia é a atividade teórica de
reflexão e de crítica de problemas apresentados pela realidade, e esses
problemas refletem necessidades e exigências de uma época e de uma
realidade – desta forma a filosofia como problematização interiorizada pelos
educandos promove neles sua capacidade transformadora natural.
Sendo a problematização a ponte entre o conceito e o real, entre o
conteúdo filosófico a ser ensinado e a realidade concreta e histórica dos alunos,
esta deve ser tomada não tão somente como caminho a ser percorrido pelo
professor, mas como proposta metodológica capaz de, a partir da sensibilização
por ela gerada no momento de exposição das questões pelo professor, gerar
uma atitude crítica, reflexiva que tenha por objeto a solução e satisfação das
necessidades reais, transformando o discente em agente de transformação
social.
A problematização como metodologia serve como forma de observação
crítica do real com vistas a sua solução por meio da teorização histórica que tem
como base a consulta na história da filosofia, como forma de preparação para a
criação filosófica propriamente dita.
A metodologia da problematização inicia-se pela
observação da realidade e pela identificação de um
problema para estudo/investigação; segue-se pela
definição de pontos-chave, aqueles que serão
estudados sobre o problema na terceira fase, a da
teorização; após a realização do estudo/investigação, e
considerando os conhecimentos adquiridos, associados
e discutidos, passa-se para a elaboração de hipóteses
de solução, chegando, por fim, à etapa de aplicação à
realidade, quando se realiza uma transformação
concreta transformadora na parcela da realidade
estudada, com os subsídios e convicções gerados por
dado estudo. (BERBEL e GIANNASI,1999.p.ix-x. In
GHEDIN,2009.p.52)
10
Desta forma a metodologia da problematização se apresenta como forma
de transformação do real passando por cinco etapas bem definidas onde 1)
deve-se observar a realidade afim de coletar dela algo problemático passível de
solução e que se apresente como algo necessário de mudança como objeto de
estudo e fonte de reflexão, nesta etapa o aluno observa o real e observa suas
contradições identificando seu objeto de estudo/investigação, gerando 2) a
definição e delimitação das partes do todo, é a etapa em que o aluno deve definir
seu campo problemático afim de encontrar a fonte problematizadora do real, o
método não se esgota com a definição do problema observado, este necessita
de uma solução que é buscada na 3) teorização, ou seja, após ter observado o
real, encontrado o problema é necessário que se tenha em mão um conjunto de
materiais teóricos que constituem não as soluções do problema como formulas,
mas os pré-requisitos para sua formulação, na etapa 4) da criação de hipóteses
o investigador/aluno deve a partir de sua identificação do problema e teorização
criar formas de resolução do problema que satisfaçam as necessidades deste
como ser transformador do real, uma vez elaborada a hipótese faz-se necessário
sua aplicação prática, onde o indivíduo munido de sua capacidade
problematizadora e de sua hipótese 5) realizam a práxis transformadora do real,
promovendo a mudança na sociedade em que está inserido.
A metodologia da problematização para o ensino de filosofia na
modalidade da EJA se apresenta como forma de transformação do real, uma vez
que está mais que proporcionar aos alunos o contato e a visão crítica do real,
proporciona-lhes a possibilidade de criação reflexiva própria do filosofar capaz
de promover a mudança política pela práxis filosófica.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A problematização como forma de metodologia para a educação de
Jovens e Adultos se apresenta, mais que como uma forma de sensibilização pela
qual é necessário tomar os conhecimentos filosóficos de modo contextualizado
e significativo para os alunos, como meio pelo qual se resgata o interesse pela
disciplina de filosofia e seus conteúdos assim como pela atividade do filosofar
perdidos e abandonados pela lógica utilitária e imediatista vigente nos dias de
11
hoje que tanto prejudica não somente o ensino de filosofia mas a educação de
modo geral.
Enquanto meio pelo qual o aluno toma consciência do real em que está
inserido por meio da problematização e da atividade reflexiva e crítica própria da
atividade filosófica , este torna-se sujeito de transformação do real, possibilitando
a efetiva transformação social por meio da práxis filosófica.
A problematização mais que uma etapa do ensino de filosofia que deve
servir à sensibilização deve ser tomada como método de ensino, como
metodologia a ser seguida tendo como objetivo a tomada de consciência do real
por parte do aluno, transformando-o sem sujeito transformador. Para tanto, é
necessário que se sigam algumas etapas como 1) a observação da realidade e
a criação do problema de modo amplo; 2) a especificação do campo
problemático; 3) a teorização ou busca por respostas aos problemas; 4) a
formulação de hipóteses construídas a partir da teorização que tem como
objetivo a resolução do problema e por fim 5) a práxis política ou a ação
transformadora pela qual o aluno modifica o real.
12
8 REFERÊNCIAS
CERLETTI, Alejandro A. Ensinar filosofia: da pergunta filosófica à proposta
metodológica. In. Filosofia: caminhos para seu ensino. Rio de Janeiro:
Lamparina, 2008;
GHEDIN, Evandro. Ensino de filosofia no ensino médio. 2ª Ed. São Paulo:
Cortez, 2009;
RODRIGO, Lidia Maria. Filosofia em sala de aula: teoria e prática para o
ensino médio. Campinas, SP: Autores Associados, 2009;

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Educação de Jovens e Adultos

  • 1. 1 Artigo de conclusão de curso apresentado ao Programa de Pós-graduação em Educação de Jovens e Adultos, sob orientação da Prof.a Beatriz Pazini pela Faculdade Eficaz de Maringá/PR. 2 Pós - graduação em Educação de Jovens e Adultos. Faculdade Eficaz de Maringá/ PR.2014 Contato: Rafaeldebarros.tometeixeira@gmail.com A PROBLEMATIZAÇÃO COMO METODOLOGIA NO ENSINO DE FILSOFIA NA EJA.¹ BARROS, Rafael ² RESUMO: A problemática acerca da questão metodológica no ensino de filosofia é discutida a tempos por pesquisadores de várias áreas, não só da filosofia mas como pedagogos de modo geral – a exemplo cito Demerval Saviani (1991) em sua obra “Educação: do senso comum à consciência filosófica”, onde este analisa o papel da educação de modo geral incluindo em suas reflexões o papel da filosofia na formação de profissionais da educação, analisando o método a ser utilizado para tal ensino- deste modo a reflexão aqui proposta se apresenta como relevante no sentido de que é necessário se pensar o ensino em sua pratica, ou seja, a metodologia a ser utilizada pelos docentes em sua atividade, quais suas etapas e de que modo estas contribuem para a efetivação do ensino de modo satisfatório. Sendo assim a análise sobre o papel da problematização como meio de efetivação deste ensino se faz necessária neste e em qualquer momento, uma vez que esta é parte integrante do processo de ensino aprendizagem contribuindo de modo decisivo na formação dos indivíduos de modo integral fornecendo, pela educação, uma formação integral humana. Para a efetivação da pesquisa foi utilizado o método bibliográfico tendo como foco a metodologia de ensino de filosofia. Palavra chave: Ensino, Metodologia, Problematização. ABSTRACT: The problematic about the methodological issue in teaching philosophy is discussed to time by researchers from various areas, not only of philosophy but as educators in general - the example I cite Demerval Saviani (1991) in his book "Education: the common sense to philosophical consciousness, "which examines the role of this in general including his reflections on the role of philosophy in shaping education professionals education, analyzing the method to be used for such teaching and thus the reflection proposed here is presented as relevant in sense that it is necessary to think about their teaching practice, ie, the methodology to be used by teachers in their activity, including its stages and how these contribute to the effectiveness of teaching satisfactorily. Therefore the analysis of the role of questioning as a means of effecting this teaching is needed in this and any time, since this is an integral part of the teaching learning process helping decisively in the training of individuals providing full mode, the education an integral human formation. For implementation of the bibliographic research method focusing on the methodology of teaching philosophy was used. Keyword: Education, Methodology, Problematization.
  • 2. 2 1 INTRODUÇÃO O trabalho terá como tema a análise do papel desempenhado pela problematização, enquanto parte fundamental do processo de ensino da disciplina de filosofia no âmbito da educação de jovens e adultos. Uma vez que esta é parte fundamental na formação individual e politização dos indivíduos integrados a EJA, assim como contribuinte significativa para a formação e desenvolvimento da capacidade de abstração e pensamento crítico. Ao longo de sua tradição inúmeras foram as tentativas de criação de uma metodologia para o ensino de filosofia, seja no nível médio normal ou na modalidade da EJA., desde sua retomada como disciplina obrigatória no currículo da educação básica, a filosofia vem tentando, a meu ver, se enquadrar e se encaixar em um modelo educacional onde atividades como a leitura atenta, o exercício da crítica e o desenvolvimento da capacidade de abstração são substituídas pelo imediatismo e pelo dogmatismo, assim como pela passividade de aceitação de um conjunto de conhecimentos incutidos como verdades ou formulas cuja critica seriam dispensáveis. Os problemas metodológicos envolvendo não somente o ensino de filosofia mas todas as disciplinas curriculares obrigatórias apresentam-se com uma certa urgência, uma vez que é visível o crescente desinteresse dos alunos com relação ao processo educativo, seja no nível médio normal seja na EJA., problemas como reprovação e evasão escolar se fazem presentes com certa insistência, apresentando-se como obstáculos a serem superados. A problemática acerca da questão metodológica no ensino de filosofia é discutida a tempos por pesquisadores de várias áreas, não só da filosofia mas como pedagogos de modo geral – a exemplo cito Demerval Saviani (1991) em sua obra “Educação: do senso comum à consciência filosófica”, onde este analisa o papel da educação de modo geral incluindo em suas reflexões o papel da filosofia na formação de profissionais da educação, analisando o método a ser utilizado para tal ensino- deste modo a reflexão aqui proposta se apresenta como relevante no sentido de que é necessário se pensar o ensino em sua pratica, ou seja, a metodologia a ser utilizada pelos docentes em sua atividade,
  • 3. 3 quais suas etapas e de que modo estas contribuem para a efetivação do ensino de modo satisfatório. Sendo assim a análise sobre o papel da problematização como meio de efetivação deste ensino se faz necessária neste e em qualquer momento, uma vez que esta é parte integrante do processo de ensino aprendizagem contribuindo de modo decisivo na formação dos indivíduos. A pesquisa ocorrera utilizando-se uma metodologia de pesquisa de caráter bibliográfico com ênfase nas obras e autores que tratam da questão da metodologia de ensino de filosofia. Deste modo a literatura selecionada para a elaboração do trabalho tem como foco a reflexão acerca da metodologia de ensino para a disciplina de filosofia, podendo ser estendida a pesquisa e seus resultados para demais disciplinas do currículo básico. 2 A METODOLOGIA DE ENSINO COMO PROBLEMA FILOSÓFICO A problemática acerca do ensino de filosofia se apresenta desde os mais antigos escritos sobre a educação transpassando toda a tradição histórica da disciplina, deste modo, a reflexão sobre a metodologia e a possibilidade de uma formação propriamente filosófica se transformou devido sua complexidade e importância sendo tratada como problema próprio da filosofia por filósofos como Platão, Voltaire, Rousseau, Kant, e mais atualmente por filósofos da educação e pedagogos como Luckesi, Lídia Maria Rodrigo, Silvio Gallo e outros autores de semelhante importância. O ensino de filosofia se apresenta atualmente como um dos mais fundamentais problemas filosóficos a serem refletidos como cita Alejandro A. Cerletti: Nos últimos anos, o enfoque filosófico das condições e possibilidades do ensino da filosofia adquiriu um grande desenvolvimento. Nesse sentido, a questão de ensinar filosofia começa a ser vista como um problema propriamente filosófico – e também político -, e não como uma questão exclusiva ou basicamente pedagógica. (CERLETTI, 2008.p.19)
  • 4. 4 A reflexão sobre o ensino de filosofia implica diretamente na análise dos meios pelos quais tal ensino é efetuado, deste modo, deve-se levar em consideração os procedimentos ou metodologias de ensino, tendo como ponto de partida a análise e a importância da problematização neste processo como ferramenta de contextualização, que deve ter como objetivo o aprendizado, como afirma Lídia Maria Rodrigo: O objetivo central, para o qual deve convergir os esforços e a metodologia a ser implementada, consiste em introduzir o aluno à filosofia, quer dizer, levá-lo para dentro ou inseri-lo numa forma especifica de saber, em duplo aspecto: em relação a determinado conteúdo e a certos procedimentos concernentes à aquisição desse conteúdo. Ambos os aspectos – procedimento metodológico e conteúdos filosóficos – são indissociáveis. (RODRIGO, 2009.p.24) Sob essa perspectiva apresentada por Rodrigo se faz necessário não somente refletir sobre os conteúdos a serem ensinados mas principalmente sobre os meios pelos quais estes conteúdos serão apresentados aos discentes, de modo a promover uma formação satisfatória, no sentido de que tais conteúdos mais que apreendidos pelos alunos lhes sirvam como meio de transformação social, no sentido de uma educação voltada a práxis política. O ensino de filosofia só é possível a partir de um conjunto de práticas educacionais que promovam no aluno a capacidade de problematização da realidade em que este está inserido. A capacidade de problematizar própria da atividade filosófica deve ser, não colocada como fim do processo da educação, mas como meio pelo qual os indivíduos são capazes de interiorizar os conteúdos teóricos, os transformando em pratica. Desde o surgimento da filosofia na antiga Grécia, a capacidade de problematização tem sido considerada um dos indicadores de uma postura filosófica diante do real, na medida em que permite ir além do sentido comum e aparente das coisas, assim como colocar em
  • 5. 5 questão a multiplicidade e variação das opiniões humanas. (RODRIGO, 2009.p.54) No entanto a capacidade de indagação e de problematizar só se faz possível dentro dos limites da realidade vivenciada pelo aluno, de seu contexto histórico, sua cultura, costumes e sua linguagem, é somente partindo da própria realidade concreta em que o aluno se encontra que será possível produzir um conhecimento filosófico significativo para este, de modo que, uma vez que os conteúdos teóricos fazem sentido e apresentem algo de real o aluno se apropriará destes, os utilizando como ferramenta para a reflexão de sua realidade. Para instaurar uma postura indagadora, introduzindo o aluno a um conhecimento filosófico que, mais do que erudição acadêmica, seja significativo para ele, é preciso partir da sua realidade, dos seus modos de vivencia a apreensão do real e de sua linguagem, de modo que se explicite algo que ele não consegue perceber por conta própria, isto é, os nexos entre determinados temas e questões filosóficas e as indagações que podem suscitar suas próprias vivencias e representações. (RODRIGO, 2009.p.55) Deste modo a atividade indagadora, de problematização e reflexão da realidade não se apresentam como fim no processo educacional mas como principio e meio pelo qual a educação se efetiva. Portanto a problematização é não uma etapa mas um método pelo qual os indivíduos são inseridos no ambiente próprio da filosofia. 3 A PROBLEMATIZAÇÃO COMO SENSIBILIZAÇÃO É evidente a preocupação não só de professores de filosofia mas também de pesquisadores da área com a metodologia a ser utilizada para o ensino de filosofia em todos os níveis. Uma das principais causas para tal preocupação
  • 6. 6 está em que os jovens de hoje, impulsionados por uma lógica social que despreza os processos de formação a longo prazo prega o imediatismo e o utilitarismo como valores superiores aos valores exigidos pela filosofia, como a paciência e a leitura atenta e solitária. Outros problemas têm sido observados por professores de todos os níveis com relação ao ensino de filosofia como aponta Gallo (2009): Considero bastante legitima esta preocupação no caso dos professores de filosofia por diversos motivos adicionais que esta disciplina encontra, como a atual falta de tradição desse ensino nas escolas, levando a uma desconfiança de sua importância por parte dos jovens, a sua peculiaridade de ser um estudo bastante abstrato e dissertativo, a imagem/preconceito que se tem de que a filosofia é inútil. (GALLO, 2009. p. 75) Desta forma para promover a desmistificação da filosofia como disciplina meramente especulativa e inútil é necessário, por parte dos professores da área, mais que a escolha dos conteúdos, mas de um conjunto de técnicas que sejam capazes de ultrapassar as barreiras culturais impostas ao ensino de filosofia no sentido de que este precisa criar meios para chegar ao educando trazendo-lhe para o ambiente próprio da filosofia. Uma metodologia possível para sanar os problemas gerados pela desconfiança acima citada por Gallo (2009) é a aproximação do aluno aos problemas filosóficos apresentados a ele de modo contextualizado e significativo, como afirma Gallo 2009.p. 76 – Poderíamos dizer, falando propriamente de procedimentos, que a primeira etapa é a de problematização. A problematização, não dos conteúdos filosóficos mas, do cotidiano do discente como forma lhe provocar para questões mais profundas e significativas ao pensamento conceitual próprio da filosofia se apresenta como uma sugestão bastante valida e um procedimento elementar do processo de ensino. A problematização no sentido de entendimento crítico da realidade em que o aluno está inserido até alcançar os níveis de conceituação dever ser mediados como forma de questionamentos do real e da pratica cotidiana do aluno, deste modo.
  • 7. 7 É importante pensar que o que poderá, desde o início, trazer o interesse dos alunos para as aulas é a aproximação que se possa fazer das questões a serem tratadas e nossas vidas, nossa realidade. (GALLO, 2009. p. 76) O processo de problematização da realidade dos alunos nos ajuda a superar um dos principais obstáculos de seu ensino. A falta de interesse gerado pelo conjunto de fatores que provocam a distração desviando o foco do aluno, que deveria ser sua aprendizagem, para um conjunto de conhecimentos práticos e pouco significativos para sua formação enquanto ser social pode e deve ser superada pela percepção, gerada pela problematização do real, de que os problemas filosóficos estão diretamente ligados a questões fundamentais a vida humana de modo geral, e que tais problemas não são percebidos pelos discentes devido a correria de sua vida cotidiana como afirma Gallo. Certamente se conseguirmos logo no começo mostrar aos alunos que a filosofia trata das questões humanas mais fundamentais e que estas são exatamente aquelas com as quais nos debatemos quando não estamos por demais tomados pelo corre-corre do cotidiano, isto aumentará seu interesse. (GALLO, 2009. p. 76) Deste modo, a problematização não se apresenta somente o meio pelo qual o aluno, por meio do desenvolvimento da capacidade crítica, observa os problemas relacionados a práxis, mas é capaz de problematizar a realidade a que está inserido dando significado ao que antes lhe parecia inútil. A reflexão filosófica partindo do princípio da problematização do real como forma de sensibilização com relação aos conteúdos e conceitos próprios à disciplina dá significados a esta, que uma vez percebida pelo aluno como pratica e não mera abstração, possibilitando o interesse não somente com relação aos problemas vivenciados pelo aluno mas por toda a problemática filosofia, como afirma Rodrigo 2009. O interesse pela reflexão filosófica, assim como por qualquer outro assunto, só poderá ser despertado se os conteúdos se revelarem significativos para o sujeito da aprendizagem, quer dizer, além de serem objetivamente significativos, eles devem sê-lo também subjetivamente,
  • 8. 8 inscrevendo-se num horizonte pessoal de experiências, conhecimentos e valores. (RODRIGO, 2009.p.36) Para que os conteúdos tornem-se significativos aos educandos o professor dispõe de uma ferramenta poderosa, que usada corretamente, é capaz não de provocar o aluno para a percepção dos problemas em seu meio social, mas abrir seus horizontes para o despertar rumo a um imenso campo de questões próprias à filosofia. 4 A PROBLEMATIZAÇÃO COMO METODOLOGIA A problematização se insere no seio da filosofia como forma de expressão e atividade que tem como objeto o real e deve por sua natureza estar voltada ao real. O problema filosófico surge de um conflito na realidade, em outras palavras, os problemas filosóficos aparecem não como forma de abstração, não são criados ou inventados de modo arbitrário, mas correspondem a um campo especifico da atividade filosófica, unida a criticidade própria da disciplina, que desperta a visão para o real e suas contradições. O problema filosófico para não se tornar mera abstração deve necessariamente estar voltado ao mundo a pratica política. A atividade filosófica só faz sentido enquanto pratica e pratica de transformação, que por meio da crítica é capaz de promover uma mudança real no mundo. Assumo como Cordi (1995,p.12) que o filosofar é uma necessidade, pois “mexe com as estruturas sociais e políticas vigentes e convida o cidadão a construir uma nova sociedade”. Desse modo, o processo sistemático da reflexão não é e não pode ser apenas um exercício intelectual ou mera atividade cognitiva de caráter psicológico, mas uma estrutura que só tem sentido como pratica social, como ação política que intervém na interpretação e na situação do mundo em que vivemos. (GHEDIN,2009.p.52) A questão que se coloca para nós professores de filosofia diz respeito a forma pela qual a problematização, atrelada a uma visão de mundo já definida por um conjunto de pré-conceitos pode e deve ser tomada como possibilidade efetiva de mudança no sentido de práxis política transformadora, dito de outro modo, como o aluno da EJA, possuidor de um conjunto de conhecimentos,
  • 9. 9 posicionamentos e visão de mundo, pode utilizar a atividade reflexiva da problematização filosófica como meio de transformação? A resposta a tal questão se apresenta de modo simples, uma vez que os problemas são percebidos, estes se tornam por sua natureza, passiveis de serem solucionados, ou seja, os problemas refletem o real, uma vez que deste que os outros foram retirados, portanto refletem necessidades de mudança do real, uma mudança pratica e política que expressa a necessidade real de solução, como afirma GHEDIN (2009,p.55) – A filosofia é a atividade teórica de reflexão e de crítica de problemas apresentados pela realidade, e esses problemas refletem necessidades e exigências de uma época e de uma realidade – desta forma a filosofia como problematização interiorizada pelos educandos promove neles sua capacidade transformadora natural. Sendo a problematização a ponte entre o conceito e o real, entre o conteúdo filosófico a ser ensinado e a realidade concreta e histórica dos alunos, esta deve ser tomada não tão somente como caminho a ser percorrido pelo professor, mas como proposta metodológica capaz de, a partir da sensibilização por ela gerada no momento de exposição das questões pelo professor, gerar uma atitude crítica, reflexiva que tenha por objeto a solução e satisfação das necessidades reais, transformando o discente em agente de transformação social. A problematização como metodologia serve como forma de observação crítica do real com vistas a sua solução por meio da teorização histórica que tem como base a consulta na história da filosofia, como forma de preparação para a criação filosófica propriamente dita. A metodologia da problematização inicia-se pela observação da realidade e pela identificação de um problema para estudo/investigação; segue-se pela definição de pontos-chave, aqueles que serão estudados sobre o problema na terceira fase, a da teorização; após a realização do estudo/investigação, e considerando os conhecimentos adquiridos, associados e discutidos, passa-se para a elaboração de hipóteses de solução, chegando, por fim, à etapa de aplicação à realidade, quando se realiza uma transformação concreta transformadora na parcela da realidade estudada, com os subsídios e convicções gerados por dado estudo. (BERBEL e GIANNASI,1999.p.ix-x. In GHEDIN,2009.p.52)
  • 10. 10 Desta forma a metodologia da problematização se apresenta como forma de transformação do real passando por cinco etapas bem definidas onde 1) deve-se observar a realidade afim de coletar dela algo problemático passível de solução e que se apresente como algo necessário de mudança como objeto de estudo e fonte de reflexão, nesta etapa o aluno observa o real e observa suas contradições identificando seu objeto de estudo/investigação, gerando 2) a definição e delimitação das partes do todo, é a etapa em que o aluno deve definir seu campo problemático afim de encontrar a fonte problematizadora do real, o método não se esgota com a definição do problema observado, este necessita de uma solução que é buscada na 3) teorização, ou seja, após ter observado o real, encontrado o problema é necessário que se tenha em mão um conjunto de materiais teóricos que constituem não as soluções do problema como formulas, mas os pré-requisitos para sua formulação, na etapa 4) da criação de hipóteses o investigador/aluno deve a partir de sua identificação do problema e teorização criar formas de resolução do problema que satisfaçam as necessidades deste como ser transformador do real, uma vez elaborada a hipótese faz-se necessário sua aplicação prática, onde o indivíduo munido de sua capacidade problematizadora e de sua hipótese 5) realizam a práxis transformadora do real, promovendo a mudança na sociedade em que está inserido. A metodologia da problematização para o ensino de filosofia na modalidade da EJA se apresenta como forma de transformação do real, uma vez que está mais que proporcionar aos alunos o contato e a visão crítica do real, proporciona-lhes a possibilidade de criação reflexiva própria do filosofar capaz de promover a mudança política pela práxis filosófica. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A problematização como forma de metodologia para a educação de Jovens e Adultos se apresenta, mais que como uma forma de sensibilização pela qual é necessário tomar os conhecimentos filosóficos de modo contextualizado e significativo para os alunos, como meio pelo qual se resgata o interesse pela disciplina de filosofia e seus conteúdos assim como pela atividade do filosofar perdidos e abandonados pela lógica utilitária e imediatista vigente nos dias de
  • 11. 11 hoje que tanto prejudica não somente o ensino de filosofia mas a educação de modo geral. Enquanto meio pelo qual o aluno toma consciência do real em que está inserido por meio da problematização e da atividade reflexiva e crítica própria da atividade filosófica , este torna-se sujeito de transformação do real, possibilitando a efetiva transformação social por meio da práxis filosófica. A problematização mais que uma etapa do ensino de filosofia que deve servir à sensibilização deve ser tomada como método de ensino, como metodologia a ser seguida tendo como objetivo a tomada de consciência do real por parte do aluno, transformando-o sem sujeito transformador. Para tanto, é necessário que se sigam algumas etapas como 1) a observação da realidade e a criação do problema de modo amplo; 2) a especificação do campo problemático; 3) a teorização ou busca por respostas aos problemas; 4) a formulação de hipóteses construídas a partir da teorização que tem como objetivo a resolução do problema e por fim 5) a práxis política ou a ação transformadora pela qual o aluno modifica o real.
  • 12. 12 8 REFERÊNCIAS CERLETTI, Alejandro A. Ensinar filosofia: da pergunta filosófica à proposta metodológica. In. Filosofia: caminhos para seu ensino. Rio de Janeiro: Lamparina, 2008; GHEDIN, Evandro. Ensino de filosofia no ensino médio. 2ª Ed. São Paulo: Cortez, 2009; RODRIGO, Lidia Maria. Filosofia em sala de aula: teoria e prática para o ensino médio. Campinas, SP: Autores Associados, 2009;