ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
Importância da amamentação para o desenvolvimento infantil
1. AMAMENTAÇÃO DO PONTO DE VISTA DA EDUCAÇÃO E DA
PSICOLOGIA
Se as vantagens nutricionais sobre a amamentação são indiscutíveis, podemos afirmar
que as vantagens psicológicas são igualmente importantes. Costumo dizer que o leite
materno é amor puro, por isso faz bem ao corpo e a mente.
O seio da mãe faz o papel do cordão umbilical, ou seja, depois que o bebê nasce, o
canal de comunicação tão estreito entre mãe e feto, é cortado. Este corte representa o
rompimento da sua dependência física e da garantia de que a natureza se encarregava de
alimentá-lo. No lugar, aparece a alimentação através do seio materno acima de
tudo.
Este rompimento simboliza um começo de vida independente, que por ocorrer de uma
forma brusca, é amenizada pelo ato de amamentar. De repente, depois do parto, o bebê está
num ambiente em que sentirá tudo pela primeira vez: o ar, a temperatura, a visão, o tato. É
este contato, através do peito que devolverá a segurança e o calor, estes que estavam
praticamente garantidos quando estava no útero. Assim, o desligamento do corpo da mãe,
pode ser lento e progressivo, até que chegará o tempo em que o bebê não mais precisará
deste leite e nem desta segurança tão estreita. Isto explica também, porque o contato do
bebê com o corpo da mãe, o acalma e o conforta. Ele precisa muito disso e, garanto, não
ficará mal acostumado.
O desenvolvimento afetivo, então, inicia-se nesta relação que se estabelece entre
mãe e bebê e este começo poderá ser decisivo para criar um vínculo de amor e confiança, tão
necessários para a educação de nossos filhos.
Já, quando falamos em educação e amamentação, uma das primeiras coisas que
podemos perceber é que a amamentação precisa ser ensinada. Há muitas pessoas que não
amamentam por ignorar seus valiosos benefícios; por não saberem como amamentar, ou até
quando amamentar, ou por ter aprendido conceitos totalmente estereotipados ou até errados
sobre a amamentação. Por isso o investimento na mudança de hábitos, cujo caminho principal
é o da escola. A escola deveria desenvolver um senso crítico sobre a amamentação, de forma
que esta atitude ajude as pessoas, no futuro a fazerem escolhas mais conscientes e saberem
de seus direitos.
Através do ensino formal, os professores podem criar atividades que incentivem o
aleitamento materno. Isto, desde bem pequenino. Exemplo disso é um material pedagógico
que distribuímos nas escolas. Trata-se de uma cartilha em que as crianças interagem em jogos
que envolvem bichinhos amamentando. São pequenos atos que vão criando uma cultura da
amamentação. Estas crianças serão pais e mães no futuro. Na puberdade e adolescência,
embora os jovens, de longe, pensem na amamentação, a realidade têm mostrado que o índice
de gravidez nesta fase tem aumentado, daí, mais uma vez, a importância em se trabalhar
com este tema. Na universidade, temos conhecimento de disciplinas no currículo voltadas
exclusivamente para o aleitamento materno.
Sem contar que as pesquisas mais atuais sobre amamentação, estão mostrando a
sua relação com o desenvolvimento cognitivo. Assim, crianças que foram amamentadas até o
fim do segundo ano, mostraram melhor desempenho escolar do que as que não foram. Além
disso, outras conclusões que as pesquisas têm mostrado: a amamentação propicia o ótimo
desenvolvimento cerebral por meio dos nutrientes e da interação, o leite materno protege os
bebês de enfermidades que podem causar desnutrição e dificuldades de aprendizagem e
audição; assegura interação freqüente e expõe o bebê à linguagem, ao comportamento social
positivo e estímulos importantes e, finalmente, a de que a amamentação desenvolve maior
agudeza e enfoque visual levando à melhor disposição à aprendizagem e à leitura.
2. E claro também, que não aprendemos apenas dentro da sala de aula, o ensino
informal é outro meio pelo qual aprendemos as coisas. A conversa com a vizinha, a atenção às
atitudes dos pais, a consulta ao médico, ao dentista, a mensagem da propaganda, o
comportamento dos atores das novelas, os outdoors da cidade, o comportamento dos
políticos, etc, são alguns dos exemplos de formas pelas quais absorvemos a vida em
sociedade. Os meios de comunicação, também deveriam veicular mensagens positivas, sem
informações errôneas e preconceituosas.
Enfim, a Semana do Aleitamento Materno deste ano, nos dá a possibilidade de,
através do acesso ao conhecimento sobre a amamentação, pela educação, podermos criar
uma sociedade mais saudável, mais inteligente e mais feliz.
Profa. Dra. Silvia Marina Anaruma – Psicóloga e Docente do Depto de Educação Instituto de
Biociências - Unesp, Campus de Rio Claro