FICHA RESUMO DO TEXTO
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência- UFPel
Área: Subprojeto das Ciências Sociais
Nome do Bolsista: Giliane de Oliveira
Referência Bibliográfica: POMBO, Olga. Práticas interdisciplinares, Porto alegre,
ano 8,n 15, janjun, 208-249, 2006.
Titulo do texto: Práticas interdisciplinares
A autora Olga Pombo, começa o texto descrevendo o crescimento e o
desenvolvido da ciência que teria como seu corolário a subdivisão infinita dos
campos de investigação. Pombo apresenta a perspectiva de Zan (1983), que
diz que as tendências mais características que se manifestou nas ciências
modernas é a sua progressiva fragmentação e especialização. Foi nesse
processo que se constituíram novas disciplinas que se emanciparam das
anteriores, constituindo sua própria autonomia e causando uma fragmentação
no universo teórico do saber (...). O olhar sociológico explica de forma diferente
o mecanismo de subdivisão infinita dos campos de investigação. O crescimento
da ciência não seria apenas o resultado inevitável de um movimento á verdade,
e sim o resultado do aumento da comunidade dos investigadores. O
crescimento do conhecimento científico resulta de um processo de
reordenamento interno das comunidades levado a cabo por um reordenamento
das disciplinas. A interdisciplinaridade se traduz na constante emergia de novas
disciplinas, na estabilização institucional e epistemológica de rotinas de
cruzamento de disciplinas.
Ciências de fronteira, Interdisciplinas e Interciências:
Entre essas três novas ciências, podemos distinguir três tipos fundamentais:
ciência de fronteira, interdisciplinas e interciências. As primeiras, ciência de
fronteira, são novas disciplinas constituídas nas interfaces de duas disciplinas
tradicionais. Também designadas por “disciplinas híbridas”. Por Interdisciplinas
entendem-se as novas disciplinas que apareceram com autonomia acadêmica a
partir de 1940/1950 e que surgiram do cruzamento de várias disciplinas
científicas com o industrial e organizacional. E por Interciências, que Boulding
(1956: 12) denominou por “interdisciplinas multi-sexuais”, designamos as novas
disciplinas constituídas na confluência de várias disciplinas de diferentes áreas
de conhecimento.
O exemplo das Ciências Cognitivas.
Um dos exemplos mais pregnantes das interciências é o das chamadas
ciências cognitivas. A autora afirma que o número plural dessa designação
exprime uma situação de fato, porém, por enquanto não parece possível
identificar o que seria uma ciência cognitiva ou a ciência da cognição. Cabe aos
progressos futuros legitimar a pluralidade futura. Entre diversas denominações
a autora traz diversos autores (Andler, Ganascia, Le Moine, Proust, Simon,
Michel Imbert...) que apresentam alguns conceitos sobre a Ciência cognitiva. A
hipótese mais forte é que as ciências cognitivas constituem uma nova disciplina
científica no sentido claro do termo. Diante de tantas determinações, fica um
questionamento. Estaremos perante a forma incipiente de uma nova disciplina –
a ciência cognitiva – Ou apenas perante a união pragmática, efémera e
circunstancial de disciplinas independentes? (...).
Novas estruturas institucionais da investigação interdisciplinar.
É conveniente sublinhar a importância das novas estruturas institucionais que
têm vindo a ser “inventadas” na instauração da ideia mesma de
interdisciplinaridade. Podemos dizer que a interdisciplinaridade existe como
prática e se traduz em diferentes tipos de experiências interdisciplinares de
investigação pura e aplicada, em universidades, laboratórios, departamentos
técnicos. Um dos exemplos mais significativos é o Santa Fe Institute (SFI),
instituição referência das ciências das complexidades. O SFI é uma
organização independente de investigação, e se define como instituto “devotado
á criação de um novo tipo de comunidade de investigação, comunidade que
enfatiza a colaboração interdisciplinar na procura da compreensão dos temas
comuns que emergem nos sistemas naturais, artificiais e naturais”. O ponto de
partida é o reconhecimento interdisciplinar das ciências da complexidade, o
inédito cruzamento que aí se opera entre biologia, computação, imunologia,
economia, informação, ciências sociais, antropologia, vida artificial, teoria dos
jogos, teoria da aprendizagem. Temos a natureza também complexa com seu
objeto de estudo: mercados financeiros, sistema imunológico humano,
regulações climatéricas globais, as redes informáticas, os circuitos cerebrais
(...). O SFI assume como primeira missão criar um novo ambiente de
investigação que possa catalisar um novo tipo de ciência. Os quatro grandes
critérios definidos na “Mission Statement” do ISF para a escolha da investigação
são: primeiro lugar a transdisciplinaridade – tópicos de interesse que
transcendem qualquer disciplina e não podem ser adequadamente estudados
nos campos tradicionais. Em segundo lugar, sua excelência, definida como
capacidade de atrair pessoas de elevada criatividade e dedicação. Em terceiro
lugar, a sua novidade, o facto de o tópico de investigação não ser tratado por
outra qualquer outra instituição, o seu caráter catalítico, ou seja, a sua
capacidade de “influenciar a forma como a ciência vai ser feita no próximo
século”.
Para uma tipologia das práticas de investigação interdisciplinar.
Diante do aparecimento de novas disciplinas (Ciências cognitiva, exemplo
eloquente), e pela invenção de novas modalidades institucionais (Santa Fe
Institute) que dão ideia de interdisciplinaridade revelam condição de novidade e
atualidade. A interdisciplinaridade diz respeito a as atividades cognitivas
levadas a cabo, e ao mesmo tempo destacamos a inexistência de uma
teorização que legitimasse o termo, e a dificuldade de saber o que seria uma
investigação interdisciplinar. O que não impede a proliferação de praticas,
realização de experiências de diversos tipos, entre outros. Arriscamos apontar
algumas modalidades. Práticas de importação: práticas decorrentes de limites
sentidos no interior das disciplinas especializadas. O aprofundamento da
investigação numa disciplina leva ao reconhecimento de transcender as
fronteiras disciplinares (...). Práticas de cruzamento: práticas relativas a
problemas, tendo sua origem numa determinada disciplina, irradiam para
outras, invadem outros domínios, circulam, revelam-se enquanto “problemas
indisciplinados.” (...). Práticas de convergência: na analise de um terreno
comum, como é que diferentes disciplinas distintas, vizinhas aprendem um
mesmo objeto, que tipo de relações e respostas estabelece? Conhecido
também por “estudo por áreas”, a interdisciplinaridade passa, não tanto pela
concertação prévia de uma metodologia, mas pelo convite á convergência de
perspectivas em torno de um determinado objeto de analise. A delimitação
desse objeto pode provocar a situação de interdisciplinaridade (...). Práticas de
descentração: essas práticas tem na sua origem a irrupção de problemas
impossíveis de reduzir as disciplinas tradicionais. Esses problemas poder ser
novos como o ambiente (decorrentes de desenvolvimento cientifico e
capacidade tecnológica), e a interdisciplinaridade é estrutural, dando corpo de
leis novas que compõem a ossatura de uma disciplina original (exemplo:
ecologia), etc. Práticas de comprometimento: essas práticas visam questões
vastas e difíceis, sejam questões acerca do sentido da vida, da sociedade ou do
cosmos; questões acerca dos sentidos, da existência, do ser humanos, do
parentesco, ou dos símbolos; questões relativas á matéria ou á energia, ao
átomo, célula, família, ou nação – rapidamente vamos contras os limites das
estruturas disciplinares.
Análise crítica do texto:
A autora Olga Pombo apresenta uma abordagem detalhada sobre
interdisciplinaridade, onde analisa criticamente a dimensão do conhecimento no
campo cognitivo, nas novas estruturas institucionais, entre outros. Essas
complexidades de saberes busca romper o pensamento disciplinar e
fragmentado, para alcançar à unidade, a totalidade da ciência, a união do
conhecimento.