Discussão sobre o Uso racional de medicamentos e o seu histórico. A importância do desenvolvimento dos fármacos, diferença entre medicamento referência, genético e similar, dentro outros tópicos.
2. USO INADEQUADO DE MEDICAMENTOS
✓ Mais da metade de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou
vendidos de forma inadequada.
✓ Metade de todos os pacientes não usam os medicamentos corretamente.
✓ Mais de 50% de todos os países não implementam políticas básicas para
promover uso racional de medicamentos.
✓ 27,11% das intoxicações registradas no Brasil em 2017 foram por medicamentos
de acordo com o Sistema Nacional de Informações TóxicoFarmacológicas
Fonte: WHO, 2020; SINITOX, 2017.
Problema de Saúde Pública
= Desperdício de recursos escassos e riscos à saúde
3. • É a atitude que garante ao paciente receber medicamentos apropriados à sua condição
clínica, nas doses adequadas capazes de gerar efeitos farmacológicos eficazes, boa
tolerabilidade e segurança com mínimos efeitos tóxicos, pelo tempo necessário e ao
menor custo possível.
DEFINIÇÃO DO USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS
Fonte: WHO (Conferência Mundial sobre Uso Racional de Medicamentos, Quênia, 1985).
OBJETIVOS DO URM:
→ Maximizar a atividade terapêutica, minimizar os riscos para o paciente e evitar custos
desnecessários.
4. ✓ Criação da Política Nacional de Promoção da Saúde e da Política Nacional de Medicamentos
(1998):
✓ Criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (1999)
✓ Criação do Comitê Nacional para a Promoção do Uso Racional de Medicamentos (CNPURM)
(2007)
HISTÓRICO USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS NO BRASIL
Fonte: MS, 2020.
OBJETIVOS DO CNPURM:
Possui caráter consultivo e tem por finalidade orientar e propor ações, estratégias e atividades para a
promoção do URM visando ampliar e qualificar o acesso a medicamentos que atendam aos critérios de
qualidade, segurança e eficácia.
Adoção e revisão permanente da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)
5. ✓ PARA O USUÁRIO:
Maior garantia do benefício terapêutico (eficácia e segurança) a menor custo, contribuindo
para a integralidade do cuidado à saúde.
✓ INSTITUCIONALMENTE:
Melhoria do padrão de atendimento, maior resolubilidade e significativa redução de gastos.
BENEFÍCIOS DO URM
Condutas racionais acarretam consequências positivas sobre mortalidade,
morbidade e qualidade de vida da população.
Fonte: WHO, 2020.
6. PORQUE AINDA É TÃO DIFÍCIL PROMOVER O USO
RACIONAL DE MEDICAMENTOS?
Por meio de estratégias simples e de baixo custo, é
possível, sim, promover o uso racional de medicamentos
✓ Os incidentes com medicamento podem ocorrer em qualquer etapa do processo de medicação,
ou seja, na prescrição, transcrição e documentação, dispensação, preparo, administração, ou
durante a monitorização de reações adversas
✓ Aproximadamente três quartos dos incidentes estão relacionados à prescrição (49%) e à
administração (26%)
Fonte: OPAS/OMS, 2016
...35 anos depois..
7. ✓ Estabelecer um diagnóstico conclusivo
✓ Escolher a terapia medicamentosa adequada de acordo com as diretrizes clinicas (Cuidado com o “novo”)
✓ Determinar a posologia adequada de acordo com o paciente
✓ Confirmar a inexistência de contraindicação da medicação escolhida para o determinado paciente
✓ Minimizar as interações farmacológicas
✓ Minimizar a probabilidade de reações adversas de acordo com o paciente
✓ Informar corretamente toda a terapia medicamentosa
✓ Monitorar os efeitos desejados e de possíveis efeitos colaterais
✓ Divulgar o potencial risco ao paciente sobe o uso irracional do medicamento (automedicação)
✓ Interação com demais profissionais da saúde
CONJUNTO DE ESTRATÉGIAS QUE O PRESCRITOR PODE
PROMOVER O USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS
Fonte: WHO, 2020.
Quais etapas envolve o uso racional de medicamentos?
8. USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS
O uso racional de medicamentos, propriamente dito, envolve 5 etapas,
sendo todas passíveis de erros:
✓ Prescrição
✓ Verificação
✓ Preparação/dispensação
✓ Administração
✓ Monitoramento
Fonte: OPAS/OMS, 2016
9. ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO DE UM NOVO FÁRMACO
Fonte: Adaptado de RANG, 2016.
*Três componentes principais:
Teste de Toxicidade
11. PRESCRIÇÃO RACIONAL
Fonte: Katzung BG., 2017.
✓ DEFINIÇÃO = É uma ordem médica para preparar ou realizar um tratamento especifico para
determinado paciente
ETAPAS RACIONAIS NO MOMENTO DA PRESCRIÇÃO:
1) Estabelecer um diagnóstico especifico
2) Considerar a fisiopatologia do diagnóstico estabelecido
3) Selecionar um objetivo terapêutico
4) Selecionar um fármaco de escolha
5) Determinar o esquema posológico apropriado
6) Elaborar um plano para a monitorização da ação do fármaco e determinar um parâmetro de
avaliação final para a terapia
7) Planejar um programa de educação do paciente
*Artrite reumatoide: Alívio da dor X Impedir a evolução do processo patológico
*Equipe Multidisciplinar = Repetir, ampliar e reforçar a informação
12. ELEMENTOS DA PRESCRIÇÃO
Fonte: Katzung BG., 2017.
Identidade do
Médico
Data da prescrição
Identificação
do Paciente
Descrição do medicamento,
dosagem, e as orientações
completas para uso
Assinatura e CRM
14. MEDICAMENTOS REFERÊNCIA X GENÉRICOS X SIMILARES
XXII – Medicamento de Referência – produto inovador registrado no órgão federal responsável
pela vigilância sanitária e comercializado no País, cuja eficácia, segurança e qualidade foram
comprovadas cientificamente junto ao órgão federal competente, por ocasião do registro.
XXI – Medicamento Genérico – medicamento similar a um produto de referência ou inovador,
que se pretende ser com este intercambiável, geralmente produzido após a expiração ou
renúncia da proteção patentária ou de outros direitos de exclusividade, comprovada a sua
eficácia, segurança e qualidade, e designado pela DCB ou, na sua ausência, pela DCI;
Passam por testes de bioequivalência e biodisponibilidade e contêm a mesma substância ativa,
concentração de dose, esquema posológico, apresentação e efeito farmacológico.
"Art. 3º ..............
Lei nº 9.787, de 10 de fevereiro de 1999.
Denominação Comum Brasileira (DCB).
Denominação Comum Internacional (DCI).
15. BIODISPONIBILIDADE E BIOEQUIVALÊNCIA
XXIV – Bioequivalência – consiste na demonstração de equivalência farmacêutica entre
produtos apresentados sob a mesma forma farmacêutica, contendo idêntica composição
qualitativa e quantitativa de princípio(s) ativo(s), e que tenham comparável
biodisponibilidade, quando estudados sob um mesmo desenho experimental;
XXV – Biodisponibilidade – indica a velocidade e a extensão de absorção de um princípio
ativo em uma forma de dosagem, a partir de sua curva concentração/tempo na circulação
sistêmica ou sua excreção na urina."
"Art. 3º ..............
Lei nº 9.787, de 10 de fevereiro de 1999.
17. MEDICAMENTOS REFERÊNCIA X GENÉRICOS X SIMILARES
XX – Medicamento Similar – aquele que contém o mesmo ou os mesmos princípios ativos,
apresenta a mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e
indicação terapêutica, preventiva ou diagnóstica, do medicamento de referência registrado no
órgão federal responsável pela vigilância sanitária, podendo diferir somente em características
relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem,
excipientes e veículos, devendo sempre ser identificado por nome comercial ou marca.
"Art. 3º ..............
Lei nº 9.787, de 10 de fevereiro de 1999.
18. QUAIS AS VANTAGENS DOS
MEDICAMENTOS GENÉRICOS?
✓ Disponibilizar medicamentos de menor preço, uma vez que o medicamento
genérico deve ser, no mínimo, 35% mais barato que o medicamento de referência;
✓ Reduzir os preços dos medicamentos de referência, com a entrada de
medicamentos concorrentes (genéricos);
✓ Contribuir para aumento do acesso aos medicamentos de qualidade, seguros e
eficazes;
Fonte: http://portal.anvisa.gov.br/genericos
20. PRESCRIÇÃO PARA CONDIÇÕES ESPECIAIS
(GRAVIDEZ)
Fonte: Katzung BG., 2017, RANG, 2016.
✓ A concentração plasmática materna de albumina é reduzida + Aumento do Débito cardíaco →
Favorece a eliminação dos fármacos = Ajuste de dose
✓ A maioria dos fármacos administrados a mulheres grávidas tem a capacidade de atravessar a placenta:
Tamanho molécula: HEPARINA (Segura pois não atravessa) X VARFARINA (Teratogênica)
→ A placenta desempenha um local de metabolismo → Geração de metabólitos tóxicos
✓ Terapia fetal → Uso de corticosteroides (Estimulação da maturação do pulmão fetal)
✓Aleitamento → Tomar o fármaco 30-60 minutos após o aleitamento e três ou quatro horas antes da
próxima mamada (Programar o horário de administração da droga à mãe, evitando que o pico do
medicamento no sangue e no leite materno coincida com o horário das mamadas)
21. PRESCRIÇÃO PARA CONDIÇÕES ESPECIAIS
(PEDIÁTRICA)
Fonte: Katzung BG., 2017, OPAS/OMS, 2016, RANG, 2016.
✓ Alteração da composição corporal → Alteração da distribuição
✓ Metabolização diferenciada → Enzimas demoram 8 semanas ou mais para alcançar o nível de atividade
do adulto
✓ Taxa de filtração glomerular menor
✓ Utilizar a dose pediátrica descrita nas diretrizes clínicas – Cálculo pelo peso corpóreo
✓ Geralmente são avessas a formas farmacêuticas e posologias incômodas
✓ Recomendações e estratégias específicas para crianças
*% Água, Gordura
→ O prescritor deve sempre ter em mente que as crianças não são pequenos adultos
Fonte: OPAS/OMS, 2016
22. PRESCRIÇÃO PARA CONDIÇÕES ESPECIAIS
(IDOSOS)
• UMA EM CADA CINCO PRESCRIÇÕES EM IDOSOS ESTÁ INAPROPRIADA
• A INCIDÊNCIA DE REAÇÕES A MEDICAMETOS EM PACIENTES IDOSOS É PELO MENOS DUAS
VEZES MAIOR QUANDO COMPARADA A POPULAÇÃO MAIS JOVEM:
✓ Observa-se uma diminuição geral da capacidade metabólica
✓ Diminuição da função renal
✓ Múltiplas doenças → Interações medicamentosas → Planejar esquemas “integrados”
✓ Atenção ao consumo de medicamentos sem prescrição
✓ Custo da prescrição
Fonte: Katzung BG., 2017., OPAS/OMS, 2016.
23. PRESCRIÇÃO PARA CONDIÇÕES ESPECIAIS
(IDOSOS)
Fonte: Katzung BG., 2017.
* Possibilidade de acúmulo em níveis tóxicos,
se não for efetuado nenhum ajuste da dose
25. FORMAS DE ADMINISTRAÇÃO DO MEDICAMENTO
Biodisponibilidade é alterada de
acordo com a forma de administração
Fonte: Katzung BG., 2010.
Fonte: GOLAN, David E. et al., 2018.
* A formulação oral de um fármaco
que sofre extenso metabolismo de
primeira passagem deve ser
administrada numa dose muito
maior do que a formulação IV
equivalente do mesmo fármaco.
26. ERROS NA ADMINISTRAÇÃO DO MEDICAMENTO
Fonte: OPAS/OMS, 2016
✓ Observa-se que uma em cada cinco doses é administrada incorretamente.
Tipo de Erro Exemplo
Erro de infusão Paciente deveria receber ciprofloxacino, solução injetável com 2 mg/ml, bolsa
de 100 ml, em 60 minutos. A solução foi infundida em 20 minutos.
Erro na técnica de preparo Utilizado 10 ml de soro fisiológico a 0,9% para reconstituir 40 mg de omeprazol
(apresentação frasco-ampola), ao invés de utilizar o diluente próprio
Erro na monitoração Administrado 0,25 mg de digoxina via oral, antes de verificar a frequência
cardíaca
Em relação aos erros de administração em domicílio, estudos brasileiros revelaram que os idosos
são mais vulneráveis devido à dificuldade em identificar os medicamentos (medicamentos
semelhantes entre si e letra pequena nas embalagens) e devido ao esquecimento
27. FONTES FIDEDIGNAS PARA OBTER
INFORMAÇÕES SOBRE MEDICAMENTOS
Fonte: WHO, 2019.
* OMS → Listas de medicamentos e diagnósticos essenciais
Fonte: Ministério da Saúde, 2019.- Lista de Medicamentos Essenciais para Crianças
E OS MEDICAMETOS SEM
PRESCRIÇÃO MÉDICA ?
→ Os prescritores devem se basear em fontes confiáveis e imparciais para embasar suas práticas de prescrição
Fonte: Goodman & Gilman, 2012.
28. TOXICIDADE RELACIONADA A MEDICAMETOS ADQUIRIDOS
SEM PRESCRIÇÃO MÉDICA
✓ Uso inadequado e crônico de alguns antiácidos (por exemplo, hidróxido de alumínio)
pode causar constipação e hipofosfatemia
✓ O abuso de laxativos pode resultar em cólicas abdominais e distúrbios
hidroeletrolíticos
✓ O uso de simpaticomiméticos ou de cafeína (ocultos em muitos produtos de venda
livre) podem provocar insônia, nervosismo e agitação
✓ A ingestão aguda de grandes quantidades de aspirina ou de acetaminofeno pode
provocar toxicidade grave
Fonte: Katzung BG., 2017.
Importância da Equipe Multidisciplinar
29. INTERAÇÃO COM DEMAIS PROFISSIONAIS DA SAÚDE
Fonte: Organização Mundial de Saúde, 2020.
Equipe Multidisciplinar Aumenta a adesão dos pacientes ao esquema terapêutico
30. REFERÊNCIAS
• Katzung BG, Trevor, AJ. Farmacologia Básica e Clínica. 13ª ed. Porto Alegre: Artmed/McGraw-Hill,
2017.
• William A. Catterall and Kenneth Mackie. Goodman & Gilman: As Bases Farmacológicas da
Terapêutica. 12ª ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2019.
• RANG, H. P. et al. Rang & Dale Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
• GOLAN, David E. et al. Princípios de farmacologia: a base fisiopatológica da farmacoterapia. 3. ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
• OPAS/OMS – Uso Racional de Medicamentos: fundamentação em condutas terapêuticas e nos
macroprocessos da Assistência Farmacêutica. 2016.
• Ministério da Saúde - Uso Racional de Medicamento. Disponível em: http://saude.gov.br/saude-de-
a-z/uso-racional-de-medicamentos. Acesso em: 01 de Fevereiro de 2020.